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UNICAMP
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Faculdade de Ciências Médicas
KARLA REICHERT
AÇÃO DA ATORVASTATINA NO REMODELAMENTO VENTRICULAR APÓS INFARTO DO MIOCÁRDIO: ESTUDO EXPERIMENTAL.
CAMPINAS 2017
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KARLA REICHERT
AÇÃO DA ATORVASTATINA NO REMODELAMENTO VENTRICULAR APÓS INFARTO DO MIOCÁRDIO: ESTUDO EXPERIMENTAL.
Tese apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da
Universidade Estadual de Campinas, como parte dos
requisitos exigidos para a obtenção do título de Doutora em
Ciências.
Orientador: Prof. Dr. Orlando Petrucci Junior
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO
FINAL DA TESE DEFENDIDA PELA ALUNA
KARLA REICHERT E ORIENTADA PELO
PROF. DR. ORLANDO PETRUCCI JUNIOR.
CAMPINAS 2017
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Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): CAPES, 01-P-1744/2016; CAPES,99999.006241/2014-00
Ficha catalográficaUniversidade Estadual de Campinas
Biblioteca da Faculdade de Ciências MédicasMaristella Soares dos Santos - CRB 8/8402
Reichert, Karla, 1986- R271a ReiAção da atorvastatina no remodelamento ventricular após infarto do
miocárdio : estudo experimental / Karla Reichert. – Campinas, SP : [s.n.], 2017.
ReiOrientador: Orlando Petrucci Júnior. ReiTese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de
Ciências Médicas.
Rei1. Atorvastatina cálcica. 2. Infarto do miocárdio. 3. Remodelação ventricular.
I. Petrucci Júnior, Orlando,1966-. II. Universidade Estadual de Campinas.Faculdade de Ciências Médicas. III. Título.
Informações para Biblioteca Digital
Título em outro idioma: Atorvastatin properties in ventricular remodeling after myocardialinfarction : an experimental studyPalavras-chave em inglês:Atorvastatin calciumMyocardial infarctionVentricular remodelingÁrea de concentração: Fisiopatologia CirúrgicaTitulação: Doutora em CiênciasBanca examinadora:Orlando Petrucci Júnior [Orientador]Nilson AntunesElaine Soraya Barbosa de Oliveira SeverinoLeonardo Antônio Mamede ZornoffJoão Carlos Ferreira LealData de defesa: 23-02-2017Programa de Pós-Graduação: Ciências da Cirurgia
Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)
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BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE DOUTORADO KARLA REICHERT
ORIENTADOR: ORLANDO PETRUCCI JUNIOR
MEMBROS:
1. PROF. DR. ORLANDO PETRUCCI JUNIOR
2. PROF. DR. NILSON ANTUNES
3. PROF. DRA. ELAINE SORAYA BARBOSA DE OLIVEIRA SEVERINO
4. PROF. DR. LEONARDO ANTÔNIO MAMEDE ZORNOFF
5. PROF. DR. JOÃO CARLOS FERREIRA LEAL
Programa de Pós-‐Graduação em Ciências da Cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas.
A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca examinadora encontra-‐se no processo de vida acadêmica do aluno.
Data: 23/02/2017
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DEDICATÓRIA
Aos meus queridos pais Carlos Reichert e Regina Reichert, pelo amor
incondicional, incentivo e apoio em todas as decisões da minha vida. A vocês que me
ensinam diariamente a importância da integridade e honestidade.
Ao meu esposo Isaac Kötz, pelo carinho, companheirismo e paciência
durante toda esta trajetória. A você que mostrou que a distância não existe na
presença da paciência, amor e confiança.
A todos meus familiares, amigos, colegas e professores que contribuíram e
acreditaram na realização deste trabalho.

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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por me dar forças para vencer os desafios,
e sempre me proporcionar novos caminhos e possibilidades.
Aos meus pais que são meus exemplos de vida, que foram meus
companheiros em todos os momentos, acreditando e motivando cada passo que eu
realizava. Obrigada pelos conselhos e por estarem sempre presentes.
Ao meu esposo Isaac pelo companheirismo, compreensão, paciência e
apoio em todas as decisões que foram tomadas durante esta trajetória.
A minha irmã Karina e meus sobrinhos Ingred e Dalton, pelo carinho e
incentivo.
Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Orlando Petrucci por toda orientação,
estímulo, além da sua importante participação na execução deste trabalho. Muito
obrigada pela confiança e pelas ajudas que já me proporcionou não somente como
professor e mentor, mas também como um grande amigo.
A equipe da técnica cirúrgica do Núcleo de Medicina e Cirurgia
Experimental, Willian, Ana Cristina, Miguel, e Waldemir pelo auxilio e assistência
durante a execução dos procedimentos cirúrgicos experimentais.
Ao meu colega, amigo e companheiro de laboratório Helison Rafael do
Carmo. Obrigada por todo apoio e colaboração durante este caminho.
Aos colegas de laboratório Fany Lima, Carolina Sacilotto e Vanessa
Baptista, pelos momentos de descontração e brincadeiras.
A farmacêutica Cristina Tanikawa pela ajuda, incentivo e amizade.
A biologista Daniela Diógenes pela amizade e o apoio científico durante a
execução dos experimentos laboratoriais. Obrigada por toda ajuda e por compartilhar
seus conhecimentos.

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Aos professores Nilson Antunes e Márcio Roberto do Carmo pelo
acolhimento e receptividade no início da minha jornada em Campinas.
As minhas grandes amigas Ana Paula Toniazzo, Carla Madeira e Mariana
Pina, pela amizade e companheirismo independente da distância.
A todos os meus familiares e amigos que me apoiaram e participaram das
minhas escolhas.

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RESUMO
Introdução: Estratégias terapêuticas que modulam o remodelamento
ventricular podem ser úteis após o infarto do miocárdio, e as estatinas podem exercer
efeitos nas vias envolvidas com o metabolismo do colágeno. O objetivo deste estudo
foi determinar se o tratamento com atorvastatina durante 4 semanas, exerce ações no
metabolismo do colágeno e na resposta inflamatória decorrentes do remodelamento
ventricular, utilizando modelo experimental de infarto do miocárdio em ratos.
Materiais e método: Foram utilizados ratos Wistar machos, submetidos à
ligadura permanente da artéria interventricular anterior. Os animais foram divididos
em: Grupo Sham – animais submetidos ao procedimento cirúrgico sem ligadura da
artéria interventricular anterior e que receberam solução salina por gavagem
diariamente (n= 14);; Grupo Controle – animais submetidos ao infarto do miocárdio e
que receberam solução salina por gavagem diariamente (n=27), e o grupo
Atorvastatina – Animais submetidos ao infarto do miocárdio e que receberam
10mg/kg/dia de atorvastatina por gavagem diariamente (n=24). Os animais foram
mantidos nessas condições por 4 semanas. Ao final deste período foram avaliados
por cateter de pressão-volume e eutanasiados para análise histológica e molecular do
miocárdio.
Resultados: Não encontramos diferenças no grupo controle e atorvastatina
em relação ao peso inicial e final, apesar de mostrarmos maiores pesos no início e no
fim do estudo nos animais do grupo sham. A partir dos dados hemodinâmicos, os
animais do grupo atorvastatina apresentaram menor volume diastólico final do
ventrículo esquerdo em relação aos animais do grupo controle (176,2 ± 27,51μL para
sham vs. 220,2 ± 31,67μL para controle vs. 172,8 ± 36,21μL para atorvastatina;;
P=0,04). Além disso, também verificamos que o tratamento com atorvastatina durante
4 semanas foi capaz de reduzir o conteúdo de fibrose quando comparamos com o
grupo controle (20,8 ± 7,6% vs. 15,0 ± 6,7%;; P=0,03). Não encontramos diferenças
em relação ao grupo controle e atorvastatina, quando avaliamos o conteúdo de
colágeno (9,5 ± 5,0% vs. 7,4 ± 4,5%;; P=0,24). O tratamento com atorvastatina foi
capaz de reduzir a área transversal de cardiomiócitos quando comparamos com os

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animais do grupo controle (446,8 ± 133,0μm2vs. 261,1 ± 79,35μm2;;P<0,01). As
expressões de proteínas envolvidas no metabolismo do colágeno foram moduladas
após o tratamento com a atorvastatina. MMP1 e TIMP1 apresentaram maiores
expressões, enquanto que PCPE, SPARC e COL I, apresentaram menores
expressões nos animais do grupo atorvastatina em relação aos animais do grupo
controle. Quando avaliamos a resposta inflamatória, mostramos que TLR4, IL1 e NF-
kBp50foram reduzidos após o tratamento com atorvastatina.
Conclusão: O tratamento com atorvastatina durante 4 semanas reduziu a
disfunção ventricular, fibrose e hipertrofia após infarto do miocárdio, além de
apresentar efeitos no metabolismo do colágeno e na resposta inflamatória. A
atorvastatina pode ser um tratamento de escolha para atenuar os efeitos deletérios
causados pelo remodelamento ventricular após eventos isquêmicos no tecido
cardíaco.
Palavras-chave: Atorvastatina cálcica, Infarto do miocárdio, Remodelação
ventricular.
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ABSTRACT
Introduction: Therapeutic strategies that modulate ventricular remodeling
can be useful after myocardial infarction and statins can exert effects on pathways
involved in collagen metabolism. The aim of this study was to determine whether
atorvastatin treatment for 4 weeks, exerts actions in collagen metabolism and
inflammatory response resulting from ventricular remodeling using myocardial
infarction in rats.
Methods: Male Wistar rats were used in this study. Myocardial infarction
was induced in rats by ligation of the left anterior descending coronary artery. Animals
were randomized into: Sham group - animals submitted to the surgical procedure
without ligation of the left anterior descending coronary artery and received saline by
gavage daily (n=14);; Control Group - animals submitted to myocardial infarction and
received saline by gavage daily (n=27), and the Atorvastatin group - animals submitted
to myocardial infarction and received 10mg/kg/day of atorvastatin daily by gavage
(n=24). The animals were kept under these conditions for 4 weeks. At the end of this
period were evaluated by pressure-volume catheter and euthanized for histologic and
molecular analysis.
Results: We did not found differences between control and atorvastatin
group in relation to the initial and final weight, but we showed greater weight in the
sham group. Furthermore, atorvastatin group had lower end-diastolic volume in
compared of the control group (176.2 ± 27.51μL to sham vs. 220.2 ± 31.67μL to control
vs. 172.8 ± 36.21μL to atorvastatin;; P=0.04). We also found that treatment with
atorvastatin for 4 weeks was able to reduce the fibrosis content when compared to the
control group (20.8 ± 7.6% vs. 15.0 ± 6.7%;; P=0.03). We did not found differences to
the control and atorvastatin group, when we assess the collagen content (9.5 ± 5.0%
vs. 7.4 ± 4.5%;; P=0.24). Atorvastatin was able to reduce the myocytes cross-sectional
area compared to the animals in control group (446.8 ± 133.0μm2 vs. 261.1 ±
79.35μm2;;P<0.01). The expression of proteins involved in collagen metabolism have
been modulated after treatment with atorvastatin. MMP1 and TIMP1 had higher
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expressions, while PCPE, SPARC and COL I, had lower expression in animals of the
atorvastatin group compared to control group. We evaluate the inflammatory response.
TLR4, IL1 and NF-kBp50 showed lower expression after treatment with atorvastatin.
Conclusion: Treatment with atorvastatin for 4 weeks reduced ventricular
dysfunction, fibrosis and hypertrophy after myocardial infarction, besides of the effects
on collagen metabolism and inflammatory response. Atorvastatin may be a treatment
of choice to attenuate the deleterious effects caused by ventricular remodeling.
Key words: Atorvastatin calcium, Myocardial infarction, Ventricular
remodeling.

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LISTA DE ABRAVIATURAS E SIGLAS
CAPES: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CEUA: Comissão de Ética no Uso de Animais
CNN: Fator de Crescimento do Tecido Conectivo
CNPQ: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
COL I: Colágeno 1
COL III: Colágeno 3
COX2: Cicloxigenase2
DC: Doença Coronariana
dP/dt: Derivada de Pressão/Derivada de Tempo
DP: Desvio padrão
eNOS: Óxido Nítrico Endotelial Sintase
ESPVR: Relação de Pressão e Volume no Final da Sístole
FAPESP: Fundação de Amparo a Pesquisa do Estados de São Paulo
HMG-CoAredutase:3-hidroxi- 3-metilglutaril coenzima A redutase
IAM: Infarto Agudo do Miocárdio
IκBα: I Kappa B alfa
IM: Infarto do Miocárdio
IFNγ: Interferon gama
IL1-α: Interleucina1 alfa
IL1-β: Interleucina1 beta
IL10: Interleucina 10
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IL 2: Interleucina 2
IL 12: Interleucina 12
IL6: Interleucina6
LDL: Lipoproteína de Baixa Densidade
MEC: Matriz Extracelular Cardíaca
MHC-Classe II: Complexo de Histocompatibilidade Classe 2
MMPs: Metaloproteinases
NF-kB: Fator Nuclear Kappa B
PCPE: Intensificador de Pró- colágeno C Proteinase
PCR: Reação em Cadeia da Polimerase
pIkBα: I Kappa B alfa fosforilada
PPARs: Receptor Ativado por Proliferador de Peroxissoma
PRSW: Trabalho de Pré-carga Recrutável
P: Probabilidade de Significância
ROS: Espécimes Reativos de Oxigênio
RII: Resposta Imune Inata
RV: Remodelamento Ventricular
SCA: Síndrome Coronariana Aguda
SPARC: Proteína Ácida Secretada e Rica em Cisteína
Tau: Constante de Relaxamento Isovolumétrico
TGF-β1: Fator de Crescimento Transformador beta 1
TIMPs: Inibidor Tecidual de Metaloproteinases
Tmax: Tempo de Concentração Plasmática Máxima
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TNF-α: Fator de Necrose Tumoral alfa
TLR2: Receptor do tipo Toll 2
TLR4: Receptor do tipo Toll4
TSP: Trombospondina
UNICAMP: Universidade Estadual de Campinas
VE: Ventrículo Esquerdo
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LISTA DE SÍMBOLOS
α: Alfa
β: Beta
γ: Gama
κ: Kappa
±: Mais ou menos
<: Menor
mmHg/s: Milímetro de mercúrio/segundos
ms: Milissegundo
uL: Microlitro
ug: Micrograma
μm: Micrômetro
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 17
1.1 Doenças Cardíacas – Conceitos .............................................................. 17
1.2 Remodelamento ventricular ...................................................................... 17
1.3 Composição estrutural do miocárdio ......................................................... 18
1.4 Sinalização após IAM ................................................................................ 19
1.5 Metaloproteinases de Matriz - MMPs ........................................................ 20
1.6 Estatinas - Atorvastatina ........................................................................... 22
2. OBJETIVOS .......................................................................................................... 25
2.1 Objetivo Principal ...................................................................................... 25
2.2 Objetivo Primário ....................................................................................... 25
2.3 Objetivo Secundário .................................................................................. 25
3. MATERIAIS E MÉTODO ....................................................................................... 26
3.1 Protocolo Experimental ............................................................................. 26
3.2 Procedimentos Cirúrgicos – Indução do IM .............................................. 26
3.3 Avaliações Hemodinâmicas ...................................................................... 27
3.4 Análises Histológicas ................................................................................ 28
3.5 Immunoblotting .......................................................................................... 30
3.6 PCR em tempo real ................................................................................... 31
3.7 Análises estatísticas .................................................................................. 32
4. RESULTADOS ...................................................................................................... 33
5. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 43
6. CONCLUSĀO ........................................................................................................ 49
7. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 50
8. ANEXOS ............................................................................................................... 61
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1- INTRODUÇÃO
1.1 Doenças Cardíacas - Conceitos
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, as doenças cardíacas
são consideradas uma desordem no tecido cardíaco e/ou nos vasos sanguíneos,
decorrentes de origem coronariana, cerebrovasculares, hipertensiva, congênita ou de insuficiência cardíaca.
A doença coronariana (DC) é a manifestação cardiovascular mais
prevalente, e será considerada a principal causa de morbidade e mortalidade no
mundo em 2020 (1, 2). A estimativa é de aproximadamente 23,6 milhões de mortes
decorrentes da DC em 2030 (3). A DC é mais prevalente em homens, sendo responsável por 46% das causas de óbitos e 37% em mulheres (3).
A síndrome coronariana aguda (SCA) é definida como um conjunto de
manifestações clínicas resultantes da presença de trombose coronariana aguda, que
surge devido à ruptura de uma placa aterosclerótica que bloqueia ou reduz o fluxo
sanguíneo no tecido cardíaco (1). Nestas condições, ocorrem sinais compatíveis com
a presença de isquemia miocárdica aguda, como angina instável, infarto do miocárdio
(IM) sem elevação do segmento ST, ou IM com elevação do segmento ST (4, 5). Em
situações mais raras, a SCA pode apresentar causas não ateroscleróticas como
ocorre nas arterites, traumas, dissecções, tromboembolismo, anormalidades
congênitas, uso abusivo de drogas como cocaína e ainda após cateterismos cardíacos (1).
1.2 Remodelamento Ventricular
Após eventos isquêmicos no tecido cardíaco, ocorrem alterações
moleculares, celulares e intersticiais. Essas alterações são capazes de levar a
mudanças no tamanho, massa, e geometria da cavidade ventricular, promovendo o
desenvolvimento de um processo conhecido como Remodelamento Ventricular (RV) (6).

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O RV pode ser classificado em duas fases: aguda e crônica. A fase aguda
ocorre nas primeiras 72 horas após o insulto isquêmico, e é caracterizada pelo
aumento da cavidade ventricular devido uma expansão do infarto. Já a fase crônica
surge após as 72 horas de isquemia, sendo caracterizada pela presença de processos
hipertróficos além de alterações da forma elíptica do ventrículo esquerdo para a forma
esférica (7).
O RV pode ser considerado um processo fisiológico, patológico e
adaptativo. É considerado fisiológico, quando ocorre durante o período de
crescimento normal de um adulto, uma vez que as alterações que surgem são normais
e compatíveis com o desenvolvimento corporal sem ter efeitos deletérios ao sistema
cardíaco (7). O processo patológico é decorrente da presença de algumas condições
clínicas como infarto agudo do miocárdio (IAM), cardiomiopatias, hipertensão arterial
sistêmica, doenças valvares, agentes infecciosos e cardiotóxicos, e dessa forma
torna-se prejudicial ao tecido cardíaco (7, 8). Contudo, é considerado em alguns casos
um processo adaptativo quando surge mesmo na presença de eventos patológicos,
estabilidade morfológica e funcional do ventrículo esquerdo, sem evoluir para
consequências deletérias (6). Por isso o RV não é considerado um evento
homogêneo. Quando associado a processos patológicos, o RV está atribuído a
condições que são desfavoráveis ao miocárdio devido a alterações progressivas na
cavidade ventricular a fim de normalizar os efeitos inicias provocado. Com o excessivo
estresse, o RV desencadeia deformações estruturais como dilatação, hipertrofia,
arritmias, aneurismas ventriculares, além de contribuir para o desenvolvimento de insuficiência cardíaca e reduzir o desempenho e a função cardíaca (9-13).
1.3 Composição Estrutural do Miocárdio
O tecido cardíaco é composto por um componente muscular constituído
por cardiomiócitos, e um componente intersticial formado por uma matriz extracelular (14).
O coração adulto humano pode apresentar de 4 a 5 bilhões de
cardiomiócitos, que são considerados os principais componentes da estrutura

19
miocárdica e em situações normais no tecido cardíaco, essas células correspondem
em torno de 70% do volume da parede ventricular (15).
A matriz extracelular cardíaca (MEC) consiste em uma estrutura altamente
dinâmica responsável pela manutenção e organização do tecido cardíaco, constituída
por uma rede de colágeno fibrilar, membrana basal, proteoglicanos,
glicosaminoglicanos e fibroblastos (16, 17). O colágeno é o maior componente da
matriz extracelular sendo sintetizado e secretado por fibroblastos cardíacos (16, 18,
19). O colágeno do tipo 1 (COL I) e colágeno do tipo 3 (COL III) são os mais
abundantes no miocárdio, pois correspondem a 95% do colágeno total, sendo o do tipo I presente em torno de 50-85% e o do tipo III de 10-45% (6, 20-22).
Além dessas proteínas envolvidas com função estrutural, também estão
presentes na MEC proteínas regulatórias que agem como mediadores biológicos,
modulando as interações entre células e matriz extracelular, e são conhecidas como
proteínas matricelulares (23, 24). As proteínas matricelulares não são expressas no
miocárdio adulto normal e são reguladas após uma injúria tecidual, como ocorre nos
eventos isquêmicos do tecido cardíaco, e dessa forma são capazes de induzir a
resposta inflamatória, além de processos reparativos e fibróticos durante o RV (23,
25). As principais proteínas matricelulares envolvidas com o IAM, hipertrofia, fibrose
e RV, incluem as trombospondinas (TSPs) do tipo 1, 2 e 4, Tenascin C e X, Proteína
Ácida Secretada e Rica em Cisteína (SPARC), Osteopontina, Periostina, e Fator de
Crescimento do Tecido Conectivo (CNN) 1 e 2 (26).
1.4 Sinalização após IAM
Após isquemia no tecido cardíaco, vários mediadores inflamatórios são
ativados e células inflamatórias são estimuladas a se deslocarem para o local da
injúria tecidual, promovendo a ativação de um sistema conhecido como Resposta
Imune Inata – RII (8). No miocárdio, macrófagos são ativados e neutrófilos assim como
monócitos se infiltram na região da injúria, secretando citocinas inflamatórias (27).
A necrose de cardiomiócitos decorrentes da isquemia cardíaca é o ponto
chave da ativação e exacerbação da resposta inflamatória. Isso ocorre por que a

20
ativação da RII decorrente da morte celular, promove a expressão e ativação de
Receptores do tipo Toll - TLRs, que em conjunto com a geração de radicais livres irão
estimular agentes pró-inflamatórios como Fator Nuclear kappa B – NF-kB em
cardiomiócitos residentes, e dessa forma induzir a expressão de citocinas, quimiocinas e moléculas de adesão (28, 29).
Além disso, após a isquemia inicial, fibroblastos passam a ser diferenciados
em miofibroblastos e este mecanismo de transformação é mediado pelo Fator de
Crescimento Transformador beta 1 – TGF-β1 (14). Os miofibrobastos são células que
não estão presentes no tecido cardíaco normal e são responsáveis pela produção e
secreção de uma série de citocinas, como IL1-α, IL1-β, IL 6, IL 10 e Fator de Necrose
Tumoral alfa (TNF-α), potencializando ainda mais o processo inflamatório
desencadeado no miocárdio já lesionado (30). Além de contribuir para este processo
inflamatório, os miofibroblastos estimulam a expressão de genes que irão codificar moléculas precursoras de COL I e III(14, 30).
A progressiva resposta inflamatória decorrente da injúria isquêmica
tecidual, inicia um importante papel na patogênese do RV, pois atua na modulação da
cicatrização e induz a mudanças na MEC (31).
1.5 Metaloproteinases de Matriz - MMPs
Além dos mecanismos inflamatórios desencadearem o processo de RV,
mecanismos enzimáticos também apresentam importante participação neste evento,
como a ação das metaloproteinases de matriz conhecidas como MMPs. As MMPs são
endopeptidases zinco-dependentes envolvidas com a regulação da estrutura e
funcionalidade da matriz extracelular (32).
As MMPs encontram-se no miocárdio na sua forma latente, e quando
ativadas são responsáveis pela degradação dos componentes presentes na matriz
extracelular, principalmente colágeno, e dessa forma contribuem para o
desenvolvimento do RV (33-36). Os mecanismos de ação mediados pelas MMPs
também estão presentes em outras patologias além das doenças cardiovasculares, como neoplasias e doenças inflamatórias (35, 37).

21
A partir do processo inflamatório inicial, macrófagos e monócitos estimulam
fibroblastos e miofibroblastos a sintetizarem novas moléculas de colágeno. Ao mesmo
tempo, as MMPs que iniciaram suas ações proteolíticas degradam fibras de colágenos
presentes na matriz extracelular e consequentemente desencadeiam alterações adversas como progressiva dilatação e disfunção ventricular (38).
O acúmulo de colágeno é decorrente de alterações entre sua síntese e
degradação, e a partir disso, ocorre o aparecimento de fibrose cardíaca (20, 39). O
colágeno é o modulador tanto da função sistólica como diastólica, e por isso a fibrose
é relacionada com a deterioração da função ventricular, devido alterações das funções contráteis e de relaxamento da câmara cardíaca (6, 8, 40).
As MMPs podem ser secretadas por células inflamatórias, cardiomiócitos,
fibroblastos, células endoteliais, sendo a sua principal fonte os macrófagos (27, 41-
43). Podem ser ativadas por diferentes mediadores, como tripsina, plasmina,
calicreínas, Interferon gama (IFN-γ), IL1-α e β, e TNF-α, mas a direta ativação dessas
enzimas é mediada principalmente por espécimes reativos de oxigênio - ROS (11, 41,
44). O mecanismo de ativação ocorre após a clivagem em regiões catalíticas
especificas presentes nas MMPs (43). A secreção dessas enzimas além de exercer
mecanismos proteolíticos sobre a matriz extracelular, também pode desencadear processos de apoptose nos cardiomiócitos (42).
As MMPs apresentam afinidades e especificidades a determinado
substrato, e por isso podem ser classificadas em colagenases que compreendem
MMP1, MMP8 e MMP13, estromelisinas correspondentes a MMP3 e MMP10,
gelatinases incluindo MMP2 e MMP9, e as do tipo membranas conhecidas como MT1
– MMP (45, 46). A MMP1 é responsável por degradar colágeno do tipo I, II, III, VII, VIII e X (47).
A regulação das MMPs pode ser mediada pelos seus inibidores teciduais
endógenos – TIMPs, ou quando presentes na circulação, a inibição ocorre pela α –
macroglobulina (48, 49). TIMPs são sintetizados por células do tecido conjuntivo, e fortemente se ligam nas MMPs em uma relação 1:1 (50, 51).
O balanço entre a ação das MMPs e seus inibidores TIMPs é de
fundamental importância para a manutenção do equilíbrio e homeostase da matriz

22
extracelular (49, 52). A MMP1 exibe como inibidor tecidual TIMP1, e esse quando
apresenta seus níveis elevados desfavorece a atividade proteolítica de MMP1 (48).
Estudos já têm demonstrado que elevados níveis de MMPs estão
diretamente envolvidos com a progressão do RV, e a sua inibição pode reduzir a
dilatação do ventrículo esquerdo e dessa forma preservar a sua funcionalidade (36, 38).
1.6 Estatinas – Atorvastatina
As estatinas são drogas que pertencem a uma classe de fármacos
indicados para o tratamento de dislipidemias, e contribuem para a redução de morbidade e mortalidade nas doenças cardiovasculares (53).
A principal ação das estatinas está voltada para inibição da 3-hidroxi-3-
metilglutaril coenzima A redutase (HMG-CoA redutase), uma enzima responsável pela ativação da via do mevalonato na biossíntese de colesterol (54-56).
As estatinas além de reduzir os níveis da Lipoproteína de Baixa Densidade
(LDL), é um potente agente farmacológico que protege contra o desenvolvimento de
doenças coronarianas, pois é capaz de controlar a formação de ateromas (57, 58).
As estatinas podem apresentar mecanismos cardioprotetores que vão além
das reduções dos níveis de colesterol, e esses mecanismos são conhecidos como
efeitos pleiotrópicos, pois estão envolvidos com ações anti-inflamatórias, antioxidantes, e anti-hipertróficas (57, 59, 60).
Devido suas ações anti-inflamatórias, essas drogas podem modular e
reduzir a atividade de transcrição de NF-kB, além de desencadear efeitos sobre a
redução de proteínas de fase aguda como proteína C reativa, e reduzirem níveis de
proteínas marcadoras de stress oxidativo (54, 61). Outro efeito pleiotrópico decorrente
do tratamento com estatinas é sua ação imunossupressora (58). Esse efeito
imunossupressor ocorre a partir da regulação de IFN-γ, que consequentemente
suprime a expressão do Complexo de Histocompatibilidade Classe 2 (MHC-Classe

23
II)(62). Com isso, as estatinas podem contribuir para a redução nas taxas de
mortalidade e de rejeição após transplantes cardíacos (63).
Além disso, as estatinas podem desencadear mecanismos protetores
sobre o endotélio vascular pois são capazes de proteger o tecido cardíaco após
eventos de isquemia e reperfusão, através do aumento dos níveis de óxido nítrico
sintase endotelial (eNOS) (60, 64, 65). Desta maneira, este agente farmacológico
pode atenuar os efeitos deletérios do RV por meio da inibição de mediadores
inflamatórios, aumento da síntese e biodisponibilidade de óxido nítrico, além de inibição de apoptose e hipertrofia nas células cardíacas (66, 67).
Atualmente existem sete tipos de estatinas comercialmente disponíveis,
como lovastatina, pravastatina, sinvastatina, fluvastatina, pitavastatina, rosuvastatina e atorvastatina (68).
A atorvastatina é uma estatina sintética com características lipofílicas, e por
isso é facilmente distribuída em diferentes tipos de tecidos, através de difusão passiva
(69). Por ser de caráter lipofílico, podem atravessar as membranas celulares, e desempenhar facilmente seus efeitos pleiotrópicos (70).
A atorvastatina assim como as outras estatinas, apresenta um pico de
concentração plasmática (Tmax) de quatro horas, com o tempo de meia vida de
aproximadamente 14 horas, porém seus metabólitos ativos permanecem com efeitos
inibitórios sobre a HMG-CoA redutase em até 20-30 horas(68).
Os efeitos benéficos da atorvastatina sobre o RV já têm sido demonstrados.
Martin et al., verificaram que o tratamento com atorvastatina é capaz de inibir a síntese
de colágeno após estímulos pró-fibrótico sem cultura de fibroblastos cardíacos
humanos (71). As estatinas podem exercer efeitos sobre as expressões de MMPs em
placas ateroscleróticas tanto em modelos experimentais bem como em estudos
clínicos, além de induzir a expressão de TIMP1 (32). Altas doses de atorvastatina em
cultura de células mononucleadas têm mostrado efeitos anti-inflamatórios,
principalmente sobre a redução da expressão de cicloxigenase2 (COX2), e sobre
atividade de transcrição de NF-Kb (72). Em modelos experimentais, o tratamento com
atorvastatina pode induzir a expressão de citocinas como IL10, além de suprimir os
níveis de IL2, IL12, TNF-α e IFN-γ (63). Além de apresentar seus efeitos sobre nos

24
mecanismos inflamatórios, a atorvastatina pode interferir nas expressões de VCAM1-
importante molécula de adesão de células endoteliais, que promovem a formação de ateromas, e assim, controla o desenvolvimento de arteriosclerose (73).
O tratamento terapêutico com atorvastatina pode atenuar os processos
envolvidos após eventos de IAM, e dessa forma influenciar positivamente sobre os efeitos deletérios do RV.
Apesar de desempenhar inúmeros efeitos benéficos sobre o sistema
cardiovascular, o tratamento clínico com a atorvastatina pode desenvolver alguns
efeitos adversos, como miopatias, e em casos mais raros podem evoluir para
rabdomiólise (68). Esses efeitos não são comuns, mas já é bem compreendido que
ocorrem devido ao caráter lipofílico da atorvastatina, e por isso facilmente penetra no
tecido muscular. A atorvastatina também pode apresentar mecanismos de ação
voltados para reduzir os níveis de Coenzima Q10. A Coenzima Q10 é um ácido graxo
solúvel essencial para a produção de energia celular no músculo esquelético, e
apresenta propriedades antioxidantes, responsáveis por preservar a integridade e
função celular (74). Dessa forma, a atorvastatina pode induzir a efeitos tóxicos no
músculo esquelético, e em casos mais graves, contribuir para o desenvolvimento de insuficiência renal.

25
2- OBJETIVOS
2.1 Objetivo Principal
O propósito deste estudo foi avaliar a ação da atorvastatina e seus efeitos
sobre o processo de cicatrização e remodelamento do ventrículo esquerdo.
2.2 Objetivo Primário
Determinar o efeito da atorvastatina sobre metabolismo do colágeno
através de mediadores específicos após o evento de IM.
2.3 Objetivo Secundário
Identificar a expressão de moléculas inflamatórias e sinalizadoras envolvidas com o RV, em resposta à ação terapêutica da atorvastatina.

26
3- MATERIAIS E MÉTODO
3.1 Protocolo Experimental
Este estudo foi realizado no laboratório de Isquemia e Reperfusão do
Miocárdio e no laboratório de Técnica Cirúrgica, ambos localizados no Núcleo de
Medicina e Cirurgia Experimental da Faculdade de Ciências Médicas-UNICAMP,
durante o período de 2013 – 2016. O projeto foi aprovado pela Comissão de Ética no
Uso de Animais- CEUA, sob o protocolo n° 2860-1 (Anexo I). O estudo recebeu
suporte financeiro CAPES (01-P-1744/2016), CNPQ (472930/2013-3) e Fapesp (2012/09494-3).
3.2 Procedimento Cirúrgico – Indução do IM
Foram utilizados 65 ratos da linhagem Wistar, machos e com 4 semanas
de vida. Para o procedimento cirúrgico de indução do IM, os animais foram conectados
a um sistema de anestesia inalatória com isoflurano a 2%, sem serem entubados.
Após realizarmos estímulos de reflexo para verificar a adequada indução do plano
anestésico, os animais foram submetidos à toracotomia. Para isso, uma pequena
incisão foi realizada na pele na região torácica à esquerda, e depois da dissecção da
musculatura, o tórax foi aberto na região intercostal, e “delicadamente” o coração foi
exposto através da incisão torácica. Um fio de polipropileno 6.0 foi passado ao redor
da artéria interventricular anterior e a mesma foi ocluída. O coração foi novamente
inserido no tórax e a incisão fechada. O procedimento tem duração de
aproximadamente dois minutos.
A técnica foi descrita por Gao et al., e Wu et al., (75, 76) e é rotineiramente
realizada no laboratório com uma mortalidade operatória em torno de 15% em virtude
do infarto.
Os animais após o procedimento cirúrgico, foram mantidos em gaiolas com
livre acesso a água e dieta padrão para ratos, e em temperatura de 21ºC com ciclo de luz clara e escura de 12 horas cada.

27
Após recuperados, os animais foram divididos em 3 grupos:
Grupo Sham: Foram utilizados 14 animais. Neste grupo os animais foram submetidos ao procedimento cirúrgico estabelecendo o mesmo protocolo acima
descrito, porém sem a ligadura da artéria interventricular anterior. Neste grupo, 2ml
de placebo (solução fisiológica) foi administrada por gavagem iniciando no primeiro dia após o procedimento cirúrgico, e mantido durante 4 semanas.
Grupo Atorvastatina: Foram utilizados 24animais. Neste grupo os animais foram submetidos ao procedimento cirúrgico com indução do IM, e 10mg/kg/dia de
atorvastatina (Lipitor® – Pfizer) diluída em 2ml de solução fisiológica, foi administrada
por gavagem iniciando no primeiro dia após o procedimento cirúrgico e mantido
durante 4 semanas. Os animais foram pesados semanalmente e a dose foi ajustada
conforme o ganho de peso. A dose da atorvastatina é considerada segura e é baseada
em estudos que avaliaram seu uso em modelos de ratos (53, 66, 77).
Grupo Controle: Foram utilizados 27 animais. Neste grupo os animais foram submetidos ao procedimento cirúrgico com indução do IM, e 2ml de placebo
(solução fisiológica) foi administrada por gavagem iniciando no primeiro dia após o procedimento cirúrgico, e mantido durante 4 semanas.
No estudo foram utilizados 86animais nos quais 65completaram todo o
período de 4 semanas. Além disso, 21 animais foram a óbito durante o procedimento
cirúrgico ou durante o período de recuperação (sham n=1;; atorvastatina n=10;; controle n=10).
3.3 Avaliações Hemodinâmicas
Após completar 4 semanas a partir do início do procedimento cirúrgico, foi
realizado o estudo hemodinâmico.
Para essas avaliações, os animais do grupo sham (n=8), atorvastatina
(n=5) e controle (n=7) foram anestesiados com xilazina (5mg/kg) e ketamina
(75mg/kg) através de injeção intraperitonial. Após atingirem adequado plano
anestésico, um cateter de pressão-volume (SPR-838, Millar Instruments, Houston,
USA), foi inserido na cavidade do ventrículo esquerdo através da artéria carótida

28
esquerda. Durante a inserção do cateter foi realizado o monitoramento contínuo de
pressão e volume para o correto posicionamento. O cateter foi acoplado em um
conversor Power Lab 8/30 A/D (AD Instruments;; Mountain View, CA, USA). Correções
de condutância foram determinadas pela injeção de 20-30μL de solução salina
hipertônica (NaCl 30%). No final da obtenção dos dados para a posterior análise
hemodinâmica, correções do volume do ventrículo esquerdo foram realizadas através
da calibração curvete. Dados como Volume Diastólico Final, Volume Sistólico Final,
Constante de Relaxamento Isovolumétrico (Tau), derivada de Pressão/derivada de
Tempo Máximo (dP/dT Máxima), derivada de Pressão/derivada de Tempo Mínimo
(dP/dT Mínima), Trabalho de Pré-carga Recrutável (PRSW) e Relação de Pressão e
Volume no Final da Sístole (ESPVR) foram analisados.
No final desse experimento, os animais foram induzidos a um plano
anestésico profundo, por meio de uma overdose de tiopental de sódio e eutanasiados.
O ventrículo esquerdo foi isolado e separado das demais estruturas cardíacas. Após
isso, o ventrículo esquerdo e os pulmões dos animais foram pesados, a fim de
identificar a presença de hipertrofia miocárdica através da relação com o peso final dos animais.
3.4 Análises Histológicas
As análises histológicas foram realizadas após o estudo hemodinâmico, e
destinadas para verificar o conteúdo de fibrose, colágeno, e área transversal dos
cardiomiócitos.
Para as análises de fibrose e colágeno, os animais foram divididos em
grupo sham(n=8), grupo atorvastatina (n=13), e grupo controle (n=14). Os cortes
histológicos apresentaram a espessura de 4μm e as imagens obtidas foram
correspondentes à altura do músculo papilar. Todas as análises foram realizadas a
partir deste segmento de escolha. Foi avaliado tanto o ventrículo esquerdo por inteiro,
como também a região correspondente a parede contralateral do ventrículo esquerdo
(região não infartada). Para estabelecer fibrose e colágeno da região não infartada,
identificamos a parede contralateral do VE considerando a região oposta do infarto.

29
Dessa forma, a região infartada foi excluída, e mantivemos apenas a região remota
para esta análise.
Foram analisadas lâminas coradas com colorações de Tricrômio de
Masson e de Picrusirius Red, para o estudo de fibrose e colágeno respectivamente.
Para a obtenção das imagens histológicas foi utilizado o microscópio de luz óptica e
luz polarizada (Imager A2 Axio Carl Zeiss, Germany), com lentes de aumento de 2,5X
e uma câmera acoplada no microscópio - AxioCam ICC 1 – Zeiss. A reconstrução dos
fragmentos foi realizada com o uso do programa PTGui (Rotterdam Netherlands,
version 9.1.3). Para a quantificação de fibrose e colágeno, foi utilizado um programa
de análise quantitativa – Image ProPlusversion6.0 – USA.
Além das análises do conteúdo de fibrose e colágeno, também foi realizado
a análise da área transversal de cardiomiócitos. Este protocolo foi utilizado para
identificar a presença de hipertrofia miocárdica. Nesta técnica foi realizada a medição
da área transversal de cardiomiócito, que é descrita por Stefanon et al (78). Para esta
avaliação, os animais foram divididos em grupo sham (n=5), grupo atorvastatina (n=5),
e grupo controle (n=5). Para isso, foi usado o mesmo microscópio de luz óptica
utilizado para a obtenção das imagens para fibrose e colágeno, com lentes de
aumento de 40X. As lâminas foram coradas com colorações de hematoxilina e eosina,
e as imagens foram correspondentes à região não infartada, com análise de 12-15
campos, o que totalizou uma contagem de 70 células por animal. A medição da área
dos cardiomiócitos é dada em micrômetros, e foi obtida através do contorno manual
das células. As células que foram analisadas foram aquelas que apresentavam
integridade estrutural em relação ao núcleo e citoplasma. O programa usado para esta
análise quantitativa foi o mesmo para fibrose e colágeno descrito acima (Image ProPlus: version6.0 – USA).

30
3.5 Immunoblotting
A expressão das proteínas estudadas foi realizada por immunoblotting.
Para esta avaliação os animais foram divididos em grupo sham (n=6), grupo
atorvastatina (n=6), e grupo controle (n=6).
Após a remoção de outras estruturas cardíacas, as amostras
correspondentes ao ventrículo esquerdo foram rapidamente congeladas em nitrogênio
líquido, e armazenadas em -80°C. Para este estudo, foi realizada a extração de
proteínas totais da região não infartada. A extração foi executada através do preparo
de um tampão Ripa contendo inibidores de proteases e fosfatases(79, 80). Após a
extração, foi realizada a dosagem de proteínas totais através do método BCA (23225/23227 – BCA Protein Assay Kit – Thermo Scientific – USA).
Foram preparados géis SDS-PAGE de 10-12%, e aplicado uma quantidade
de proteínas totais correspondente a 40μg.A eletroforese foi realizada em cuba de
minigel (Mini-PROTEAN® II Cell - BioRad), e após isso foi realizada a transferência
utilizando Trans-Blot®Turbo (BioRad), para membranas de nitrocelulose - 0,2µm
(BioRad). A membrana foi bloqueada por 2 horas, e incubada com anticorpos
primários durante 10-12 horas, sendo estes correspondentes a: MMP1/8 (sc30069),
TIMP1 (ab61224), COL I (sc8784), COL III (sc28888) e PCPE (sc730022), SPARC
(ab61383), IkB -α (sc371), p IkB -α (sc8404), TLR2 (ab108998), TLR4 (ab30667), e
Tenascin-C (ab108930). Os anticorpos secundários foram adicionados e incubados
com a membrana por 2 horas, e após lavagem, foi adicionada uma solução reveladora
contendo peroxidase (solução de quimiluminescência Super Signal West Pico
Chemiluminescent Substrate, Pierce). As imagens das bandas correspondentes às
proteínas de interesse foram obtidas através de uma foto documentadora (Gel Logic
Imaging System), sendo essas analisadas pelo método de densitometria. Além disso,
os sinais das bandas correspondentes às proteínas de interesse foram normalizados
pela coloração de Ponceau (80, 81).

31
3.6 PCR em tempo real
As expressões gênicas foram avaliadas por meio de PCR em tempo real,
e os animais foram divididos em grupo sham (n=4), grupo atorvastatina (n=4) e grupo controle (n=4).
A extração de RNA total foi correspondente a região não infartada,
utilizando o reagente de TRizol (Life Technologies), conforme as instruções fornecidas
pelo fabricante. Após a extração, foi verificada a integridade e a quantificação de RNA,
utilizando um leitor de ELISA (Epoch Micro-Volume Spectrophotometer System), nas
relações 260/280nm. A partir disso, a reação de transcrição reversa para a obtenção
de cDNA foi preparada com o uso do kit High Capacity cDNA (Applied Biosystems),
utilizando 1µg de RNA total. Os componentes do máster mix para a reação foram: Rt
buffer, dNTP, random primers, transcriptase reversa e inibidor de RNAse. A reação foi
realizada utilizando o protocolo de 25°Cdurante 10 minutos, seguido por 37°C durante 120 minutos, 85°C por 5minutes e 4°Caté o final da reação.
O PCR em tempo real foi realizado no equipamento StepOne Plus™
System (Life Technologies – Carlsbad CA, Estados Unidos). Foi utilizado sondas de
hidrólise TaqMan do kit Fast Advanced Master Mix (Applied Biosystems), contendo os
seguintes componentes: TaqMan Fast Advanced Mater Mix, TaqMan gene
expression, cDNA template e água livre de nuclease. As condições relacionadas à
amplificação das reações seguiram o protocolo de incubação inicial em 50°C durante
2 minutos, ativação da polimerase em 95°C por 20 minutos, e 40 ciclos de reação de
PCR com desnaturação dos primers em 95°C por 1 minuto e posterior anelamento em
60°C durante 20 minutos.
A expressão dos genes estudados foi normalizada usando actina como
gene de referência. Além disso, as análises foram realizadasatravés do programa
Data Assist (Thermo Fisher Scientific, Waltham MA, USA) utilizando 2ΔΔCT como método de detecção.
Os seguintes primers foram estudados, e são comercialmente disponíveis
(Life Technologies): IL1 (Rn00566700), IL6 (Rn01410330), NF-kBp50 (Rn01399583),
NF-kB p65 (Rn01502266), e actina (Rn00667869).

32
3.7 Análises Estatísticas
As análises estatísticas foram realizadas utilizando o programa GraphPad
Prism, version5, San Diego, CA, USA. As variáveis contínuas foram expressas em
média ± DP. Além disso, para testar se as amostras apresentavam distribuições
normais, realizamos testes de D´Agostino-Pearson. Comparação entre os três grupos
foi realizada através da análise de variância (ANOVA), seguido por Teste de
Bonferroni e de Kruskal-Wallis, quando apropriados. O valor de P<0,05 foi
considerado estatisticamente significante.

33
4- RESULTADOS
Os achados deste estudo em relação ao peso dos animais nos mostraram
que o grupo sham apresentou maior peso no início do estudo, quando comparado
com os animais do grupo controle e atorvastatina. O mesmo achado foi encontrado
em relação ao peso final. Os animais do grupo sham apresentaram maior peso final em relação ao grupo controle e atorvastatina (Tabela 1).
O peso do ventrículo esquerdo (VE) e do pulmão não demonstrou
diferenças quando comparamos todos os grupos do estudo. Quando avaliamos a
relação peso VE/peso animal, além do peso pulmão/peso animal, encontramos que
os animais do grupo sham foram significantemente menores em relação ao grupo
controle e atorvastatina, sem demonstrar diferenças nessas relações (peso VE/peso
animal e peso pulmão/peso animal), quando comparamos controle versus atorvastatina (Tabela 1).
Tabela 1: Pesos animais – grupos sham, controle e atorvastatina.
Tabela 1: Os dados acima são expressos em média ± desvio padrão. * P<0,05 – versus grupo Sham.
Pesos (mg)
Sham
Controle
Atorvastatina
Peso Inicial
164,5 ± 10,28
105,7 ± 23,77 *
100,6 ± 19,07 *
Peso Final
339,1 ± 19,13
259,1 ± 18,57*
255,8 ± 26,48*
Peso VE
0,6968 ± 0,1370
0,6274 ± 0,0702
0,6579 ± 0,0812
Peso Pulmão
1,561 ± 0,4297
1,686 ± 0,4384
1,976 ± 0,7392
Peso VE / Peso Animal
0,0020 ± 0,0004
0,0024 ± 0,0002 *
0,0025 ± 0,0003 *
Peso Pulmão / Peso Animal
0,0046 ± 0,0012
0,0067 ± 0,0020 *
0,0079 ± 0,0028 *

34
A partir dos dados hemodinâmicos, avaliamos os parâmetros de volumes,
índices de relaxamento e contractilidade do ventrículo esquerdo após 4 semanas de
indução do IM. Os achados nos revelaram que os animais do grupo atorvastatina
apresentaram menor volume diastólico final, quando comparados com o grupo
controle (Tabela2). Além disso, encontramos que os animais do grupo atorvastatina
apresentaram uma tendência para menor volume sistólico final, mas sem demonstrar
diferenças quando comparamos com os animais do grupo controle. A constante de
relaxamento isovolumétrico (Tau) mostrou ser menor nos animais do grupo sham,
quando comparado com os grupos controle e atorvastatina. Quando avaliamos dP/dt
máxima e mínima, encontramos maiores valores de dP/dt mínima no grupo sham, e
não demonstramos diferenças nos valores de dP/dt máxima em relação aos grupos
do estudo. Os índices de contractilidade PRSW e ESPVR não demonstraram
diferenças quando comparamos o grupo atorvastatina com o grupo controle, apesar
de mostrarem tendências de serem mais elevados após o tratamento com a atorvastatina.
Tabela 2: Avaliações hemodinâmicas dos animais do grupo sham, controle e atorvastatina.
Parâmetro
Sham
Controle
Atorvastatina
Valor de P
Volume Diastólico Final(uL)
176,2 ± 27,51
220,2 ± 31,67
172,8 ± 36,21 #
0,04
Volume Sistólico Final (uL)
165,3 ± 26,09
201,8 ± 27,70
167,1 ± 31,70 #
0,05
Tau (MS)
10,51 ± 1,74
20,43 ± 6,90 *
18,11 ± 3,56 *
<0,01
dP/dt Máxima, mmHg/s
7976 ± 1268
6926 ± 2828
5405 ± 1651
0,13
dP/dt Mínima, mmHg/s
-8462 ± 1902
-4719 ± 1836 *
-5059 ± 2122 *
<0,01
PRSW
35,34 ± 20,13
28,97 ± 16,68
40,79 ± 36,57
0,71
ESPVR
4,18 ± 1,54
0,55 ± 0,49 *
1,38 ± 1,62 *
<0,01

35
Tabela 2: Representa os dados hemodinâmicos obtidos após 4 semanas de indução ao IM. O valor de P<0,05 foi considerado estatisticamente significante.*P<0,05 – versus grupo Sham;; #P<0,05 – versus grupo Controle.
As avaliações histológicas nos revelaram que o conteúdo de fibrose
analisado no ventrículo esquerdo foi significantemente reduzido nos animais do grupo
sham quando comparado com os animais do grupo controle e atorvastatina (1,1 ±
0,3% para sham vs. 20,8 ± 7,6% para controle vs. 15,0 ± 6,7% para atorvastatina;; P<
0,01). Também encontramos que o tratamento com a atorvastatina foi capaz de
reduzir a fibrose quando comparamos com o grupo controle (20,8 ± 7,6% vs. 15,0 ±
6,7%;; P=0,03) (Figura1). O conteúdo de colágeno reduziu significantemente nos
animais do grupo sham em relação aos outros grupos estudados (0,8 ± 0,3% para
sham vs. 9,5 ± 5,0% para controle vs. 7,4 ± 4,5% para atorvastatina;; P<0,01), porém
não evidenciamos diferenças entre o grupo controle em relação ao grupo atorvastatina
(9,5 ± 5,0% vs. 7,4 ± 4,5%;; P=0,24)(Figura 1).
Além de avaliar o conteúdo de fibrose e colágeno no ventrículo esquerdo
por inteiro, também realizamos a mesma análise na parede contralateral do ventrículo
esquerdo. Com isso, verificamos uma redução no conteúdo de fibrose no grupo sham
quando comparamos com os grupos controle e atorvastatina (0,68 ± 0,48% para sham
vs. 3,56 ± 2,70% para controle vs. 2,61 ± 1,44% para atorvastatina;; P<0,01), porém
este mesmo achado não foi encontrado nos grupos estudados, quando avaliamos o
conteúdo de colágeno (0,70 ± 0,32% para sham vs. 1,17 ± 0,71% para controle vs.
0,91 ± 0,44% para atorvastatina;; P=0,14) (Figura 2).

36
Figura 1: Quantificação de fibrose e colágeno no ventrículo esquerdo.
Figura 1: Representa os achados histológicos correspondentes ao ventrículo esquerdo na porção do músculo papilar. As imagens A e D são representadas pelos animais do grupo sham, B e E ao
grupo controle, enquanto que C e F são dos animais do grupo atorvastatina. As imagens
superiores estão coradas com coloração de Tricrômio de Masson e usadas para avaliar fibrose, e
as imagens inferiores estão coradas com coloração de Picrusirius Red usadas para avaliar
colágeno. Escala de barras: 1000μm. Os gráficos de barras representam a porcentagem de fibrose
e colágeno nos três grupos estudados (Sham – cinza;; Controle – preto;; Atorvastatina – branco).
*P<0,05 vs. Sham, e #P<0,05 vs. Controle.
0
5
10
15
20
25 *
* #
Sham Controle Atorvastatina
% Fibrose
0
5
10
15
**
Sham Controle Atorvastatina
% Colágeno
BA
D E F
C

37
Figura 2: Quantificação de fibrose e colágeno na parede contralateral do ventrículo esquerdo.
Figura 2: Representa os achados histológicos das análises da parede contralateral do ventrículo esquerdo. Os gráficos de barras representam a porcentagem de fibrose e colágeno nos três grupos
estudados (Sham – cinza;; Controle – preto;; Atorvastatina – branco). *P<0,05 vs. Sham.
Nas análises histológicas também avaliamos os processos hipertróficos na
parede contralateral do ventrículo esquerdo, através da medição da área transversal
de cardiomiócitos. Os achados mostraram que os animais do grupo sham
apresentaram menor área de cardiomiócitos quando comparamos com os animais do
grupo controle e atorvastatina (209,6 ± 45,34μm2 para sham vs. 446,8 ± 133,0μm2
para controle vs. 261,1 ± 79,35μm2 para atorvastatina;; P<0,01). Além disso, o
tratamento com a atorvastatina após a indução do IM foi capaz de reduzir a área dos
cardiomiócitos quando comparamos com os animais do grupo controle (446,8 ± 133,0
μm2vs. 261,1 ± 79,35μm2;; P<0,01) (Figura 3).
0
1
2
3
4
5 *
*
Sham Controle Atorvastatina
% Fibrose - Contralateral
0.0
0.5
1.0
1.5
Sham Controle Atorvastatina
% Colágeno - Contralateral

38
Figura 3: Área Transversal de Cardiomiócitos.
Figura 3: Representa os achados histológicos correspondentes a Área Transversal de Cardiomiócitos. As imagens, A, B e C são representadas pelos animais do grupo sham, controle e atorvastatina
respectivamente. As imagens estão coradas com colorações de hematoxilina e eosina. Escala de
barras: 100μm.O gráfico de barras representa a área transversal das células cardíacas nos três grupos
estudados (Sham – cinza;; Controle – preto;; Atorvastatina – branco). *P<0,05 vs. Sham, e #P<0,05 vs.
Controle.
O estudo das expressões de proteínas foi realizado por meio de
immunobloting. A avaliação do metabolismo do colágeno após a indução do IM foi
estudada através das expressões de MMP1/8, TIMP1, COL I, COL III, PCPE e
SPARC. Expressões de MMP1/8 e TIMP1 foram maiores após o tratamento com
atorvastatina, quando compramos com o controle (Figura 4). Nossos resultados
também mostraram que os animais do grupo sham apresentaram menores níveis de
expressão de COL I, quando comparamos com o grupo atorvastatina e controle. O
tratamento com atorvastatina também foi eficaz para reduzir os níveis de COL I em
0
100
200
300
400
500
* #
*
Sham Controle Atorvastatina
µm2
A B CAB CA

39
relação ao grupo controle. Porém, quando avaliamos as expressões de COL III, não
evidenciamos quaisquer diferenças entre os grupos envolvidos no estudo (Figura 4).
Para o metabolismo do colágeno, também avaliamos a expressão de
proteínas envolvidas com a síntese de colágeno, como PCPE e SPARC. A partir disso,
demonstramos que o tratamento com atorvastatina durante 4 semanas levou a
menores expressões de PCPE e SPARC, quando comparamos com os animais do grupo controle (Figura 4).
Figura 4: Immunobloting das proteínas envolvidas no metabolismo do colágeno.
Figura 4: Representa níveis de expressão de MMP1/8, TIMP1, COL I, COL III, PCPE e SPARC da região não infartada do ventrículo esquerdo. As bandas superiores correspondem à expressão da
proteína estudada, enquanto que as bandas inferiores (coloração avermelhada) correspondem à
coloração de Ponceau. Os gráficos de barras mostram os níveis de expressões em unidades relativas,
a partir das análises realizadas por densitometria nos três grupos (Sham – cinza;; Controle – preto;;
Atorvastatina – branco). P<0,05 foi considerado estatisticamente significante.
Sham Controle Atorvastatina0
1
2
3
4
MMP1/8 52 kDa
P<0,01
P<0,01
Unidades Relativas
Sham Controle Atorvastatina0
1
2
3
4
TIMP1 23 kDa
P= 0,01
P= 0,05
Unidades Relativas
Sham Controle Atorvastatina0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
P= 0,01P< 0,01
P< 0,01
COL I 70 kDa
Unidades Relativas
Sham Controle Atorvastatina0
1
2
3
PCPE 36 kDa
P<0,01P= 0,02
Unidades Relativas
Sham Controle Atorvastatina0
1
2
3
4
SPARC 35 kDa
P<0,01P= 0,01
Unidades Relativas
Sham Controle Atorvastatina0.0
0.5
1.0
1.5
COL III 110 kDa
Unidades Relativas

40
Quando avaliamos a expressão de proteínas envolvidas com a resposta
inflamatória, estudamos as expressões de pIkBα/IkBα, TLR2, TLR4 e Tenascin-C.
Não encontramos diferenças entre os animais do estudo em relação as expressões
de pIkBα/IkBα, apesar de observarmos uma tendência de menor expressão após o
tratamento com atorvastatina (Figura 5). Tenascin-C apresentou menores expressões
nos animais do grupo sham em relação controle e atorvastatina. Esse resultado
também demonstra uma tendência de menor expressão após o tratamento com
atorvastatina, pois não encontrarmos diferenças em relação ao grupo controle.
Contudo, o tratamento com atorvastatina reduziu significantemente a expressão de
TLR4 quando comparamos com os animais que receberam solução salina, porém
TLR2 não mostrou diferenças entre os grupos estudados (Figura 5).

41
Figura 5: Expressão de proteínas envolvidas na resposta inflamatória.
Figura 5: Imagens das bandas referentes às proteínas envolvidas na reposta inflamatória. Sinais das bandas correspondentes a IkB-alfa fosforilada (pIkB-alfa) foram normalizados pela expressão de IkB-
alfa total. Sinais das bandas correspondentes a Tenascin-C, TLR2 e TLR4, foram normalizados pela
coloração de Ponceau demonstradas pelas bandas vermelhas. Os gráficos de barras mostram os níveis
de expressões em unidades relativas, a partir das análises realizadas por densitometria nos três grupos
(sham – cinza;; controle – preto;; atorvastatina – branco).P<0,05 foi considerado estatisticamente
significante.
A resposta inflamatória, também foi avaliada através de PCR em tempo
real. Expressões gênicas de IL1, IL6, NF-kBp50 e NF-kBp65 foram estudadas (Figura
6). Nossos resultados mostraram que os animais do grupo sham apresentaram
menores expressões gênicas de IL1, em relação aos animais do grupo controle e
atorvastatina. O tratamento com atorvastatina também mostrou menores níveis de IL1
Sham Controle Atorvastatina0
5
10
15
p IkB-α
IkB-α
41 kDa
36 kDa
Unidades Relativas
Sham Controle Atorvastatina0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
Tenascin-C 241 kDa
P= 0,04
P<0,01
Unidades Relativas
Sham Controle Atorvastatina0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
TLR2 90 kDa
Unidades Relativas
Sham Controle Atorvastatina0
1
2
3
4 P= 0,01P<0,01
TLR4 75 kDa
Unidades Relativas

42
quando comparamos com os animais do grupo controle. Os níveis IL6 foram menores
nos animais do grupo sham, porém não encontramos diferenças nos animais tratados
com atorvastatina em relação aos animais do grupo controle. Além disso, a expressão
de NF-kBp50 foi menor nos animais do grupo sham e nos que receberam
atorvastatina, em relação ao grupo controle. Contudo, NF-kBp65 mostrou ser menor
nos animais do grupo sham, sem mostrar diferenças entre os demais animais envolvidos no estudo.
Figura 6: Avaliação da resposta inflamatória – PCR em tempo real.
Figura 6: Gráficos correspondentes às expressões gênicas de IL1, IL6, NF-kBp50 e NF-kBp65. Os níveis de expressão foram normalizados usando actina como gene de referência. P<0,05 foi
considerado estatisticamente significante.
Sham Controle Atorvastatina 0.0000
0.0005
0.0010
0.0015
0.0020
IL 1
P= 0,01
P= 0,01
P< 0,01
Nível Relativo de RNAm
Sham Controle Atorvastatina0
1e-005
2e-005
3e-005
4e-005
IL 6
P< 0,01
P= 0,01
Nível Relativo de RNAm
Sham Controle Atorvastatina0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
NF-kB p50
P< 0,01
P< 0,01
P< 0,01
Nível Relativo de RNAm
Sham Controle Atorvastatina0.00
0.02
0.04
0.06
0.08
NF-kB p65
P< 0,01
P< 0,01
Nível Relativo de RNAm

43
5- DISCUSSÃO
No presente estudo, nós avaliamos os efeitos do tratamento com
atorvastatina sobre o metabolismo do colágeno e remodelamento ventricular, após
infarto do miocárdio em modelo experimental. Nossos principais achados nos
revelaram que a atorvastatina pode influenciar nos efeitos deletérios decorrentes da isquemia miocárdica.
Estudos anteriores em modelos experimentais demonstraram que as
funções sistólicas e diastólicas da bomba cardíaca podem ser preservadas após o
tratamento com estatinas (37, 82). No presente estudo, nós mostramos que o
tratamento durante 4 semanas com a atorvastatina possivelmente influencia na
manutenção da função diastólica demonstrada por menor volume diastólico final,
apesar de não avaliarmos a pressão diastólica final. O tratamento com atorvastatina
antes e após a indução do infarto tem sido reportado por atenuar e melhorar
disfunções ventriculares, através de melhores índices de dP/dt Máxima, pressão diastólica final e PRSW (53).
Após a injúria tecidual, a produção e deposição de colágeno estão
aumentadas na MEC levando para o desenvolvimento de fibrose e rigidez cardíaca
(40). O colágeno é o modulador tanto da função sistólica como diastólica, e por isso a
fibrose é relacionada com a deterioração da função ventricular devido alterações das
funções contráteis e de relaxamento da câmara cardíaca (6, 8, 40). Nós encontramos
através das análises histológicas, que a atorvastatina foi capaz de reduzir o conteúdo
de fibrose, mas não o de colágeno no ventrículo esquerdo. A partir disso, nós
buscamos encontrar possíveis fatores envolvidos com esses achados, e acreditamos
que exista uma provável influência das colorações utilizadas. Tricrômio de Masson
permite uma análise quantitativa de todos os tipos de colágenos e componentes
presentes na MEC, enquanto Picrusirius Red é uma coloração específica e que
facilmente se liga as moléculas de COL I e III. Utilizando Picrusirius Red para avaliar
colágeno, nós consideramos os dois tipos de colágeno presente nas amostras, uma
vez que para avaliar COL I e III separadamente realizamos immunoblotting. Nossos
resultados mostraram que a redução do conteúdo de fibrose foi atribuída à menor

44
expressão de COL I, mas não de COL III. Com isso, a terapia com atorvastatina
melhorou a função ventricular decorrente ao seu efeito antifibrótico, e consequentemente resultou em menor rigidez ventricular e disfunção diastólica.
Avaliamos a influência da atorvastatina sobre o metabolismo do colágeno.
As MMPs são endopeptidases zinco-dependentes, que após a sua ativação estão
envolvidas com a regulação na estrutura e funcionalidade da matriz extracelular (32).
Sua regulação ocorre pela degradação de componentes da MEC, principalmente o
colágeno, e assim contribuem para o desenvolvimento do RV (33, 34). As MMPs
apresentam reguladores endógenos – TIMPs, responsáveis pelo controle de sua ação
catalítica (83). TIMP1 apresenta ação inibitória para MMP1 (48). TIMPs apresentam
seus efeitos sobre o RV, através da regulação de processos inflamatórios, dilatação
e disfunção ventricular (84).A ausência de TIMP1 após o IM pode levar a piora na
função diastólica demonstrada por maiores índices de volume diastólico final, além de
promover o desenvolvimento de hipertrofia e rigidez ventricular (85). Por isso, é de
fundamental importância, que ocorra o balanço entre a ação das MMPs e seus
inibidores TIMPs a fim de manter o equilíbrio e a homeostase da MEC (49, 52).
Anteriormente foi reportado que o tratamento durante 4 semanas com
atorvastatina pode aumentar os níveis de MMP2/TIMP2, associados com menor
conteúdo de fibrose (77). Os autores neste estudo mostraram que essa sinalização
ocorre por que a taxa de degradação de colágeno na MEC é maior do que a taxa de
síntese, levando para redução da deposição de colágeno, e consequentemente para
menor fibrose cardíaca. No presente estudo, nós mostramos que os níveis de MMP1/8
e TIMP1 foram elevados após o tratamento com atorvastatina. O tratamento com a
atorvastatina também influenciou em dois marcadores de síntese de colágeno: PCPE
e SPARC. PCPE (Procollagen C-Proteinase Enhancer) é uma glicoproteína que tem
como função potencializar a atividade de PCPs (Procollagen C Proteinases),
importante enzima presente na síntese de novas moléculas de colágeno (86). SPARC
é uma proteína matricelular presente na MEC, que participa da formação de novas
moléculas de colágeno, através da sua ligação em moléculas de pró-colágeno (87).
Além disso, SPARC é expressa após infarto do miocárdio, processos fibróticos e
hipertróficos (26). Nós encontramos que a atorvastatina influencia negativamente nas
expressões de PCPE e SPARC, demonstrado por nossos resultados de menores

45
níveis de expressão. Além disso, animais do grupo atorvastatina apresentaram
menores expressões de COL I, porém sem apresentar os mesmos efeitos sobre COL
III. A partir desses achados, o aumento dos níveis de MMP1/8 e TIMP1, redução em
PCPE e SPARC, além de menor expressão de COLI, indicam que a atorvastatina
aumenta a degradação e reduz a síntese de colágeno, o que resultou em menor
deposição na MEC e menor fibrose ventricular.
A presença de hipertrofia ventricular após infarto do miocárdio está
diretamente associada com o desenvolvimento de insuficiência cardíaca, e surge com
uma consequência do RV (88). No nosso estudo, nós avaliamos a hipertrofia cardíaca
através da relação do ventrículo esquerdo ajustado pelo peso dos animais, e pela área
transversal de cardiomiócitos. Quando estudamos a hipertrofia através da relação dos
pesos dos animais, não encontramos diferenças em relação aos grupos controle e
atorvastatina. No modelo experimental de infarto em ratos, a interação de eventos
como reabsorção do tecido necrótico e a quantidade de colágeno no local da
cicatrização, pode interferir com o peso ventricular, e dessa forma não demonstrar o
“real” crescimento celular (89). O processo de cicatrização e remodelamento pode ter
interferido nos nossos resultados de hipertrofia avaliados pelo peso dos animais. Por
isso, nós também estudamos o grau hipertrófico através da área transversal de
cardiomiócitos. Com isso, nós encontramos que os animais tratados com atorvastatina
apresentaram significantemente menor área transversal das células cardíacas quando
comparamos com o grupo controle. As estatinas apresentam efeitos anti-hipertróficos,
e esses podem estar envolvidos com regulação da via PPARs (Peroxisome
Proliferator-Activated Receptor) (90). PPARs inibe a hipertrofia cardíaca por meio da
redução dos níveis de citocinas pró-inflamatórias (90, 91). Atorvastatina pode prevenir
à redução de PPARs, e dessa forma, limita o desenvolvimento de processos
hipertróficos (92, 93). Apesar de não avaliarmos a hipertrofia pela via PPARs, nós
mostramos que ocorreu uma redução no tamanho dos cardiomiócitos, e isso pode ter
sido atribuído às propriedades anti-inflamatórias da atorvastatina, e possivelmente PPARs pode ter influenciado nesses efeitos.
Após o insulto isquêmico no tecido cardíaco, vários mediadores
inflamatórios são ativados e células inflamatórias são estimuladas a se deslocarem
para o local da injúria tecidual (8). Essas células infiltram-se no local da injúria,

46
secretam citocinas que irão potencialmente aumentar a reposta inflamatória, e
contribuir para a expansão do infarto para região não infartada do ventrículo esquerdo
(27). Além disso, a necrose decorrente do evento isquêmico leva a ativação da RII.
Com isso, ocorre a expressão e ativação de TLRs, que em conjunto com a geração
de radicais livres, irão estimular agentes pró-inflamatórios como NF-kB, e assim
induzir a expressão de citocinas, quimiocinas e moléculas de adesão (28, 29). A
progressiva resposta inflamatória inicia um importante papel na patogênese do RV, pois atua na modulação da cicatrização e induz a mudanças na MEC (31).
As estatinas apresentam propriedades anti-inflamatórias e
cardioprotetoras, atribuídas aos seus efeitos pleiotrópicos (57, 59, 60). Nós avaliamos
as propriedades anti-inflamatórias da atorvastatina através do estudo da expressão
de algumas citocinas pró-inflamatórias na região remota do infarto. O tratamento com
atorvastatina significantemente reduziu os níveis de IL1, sem afetar os níveis de IL6.
Redução nas expressões gênicas de IL1 pode influenciar na fosforilação de IκBα,
apesar de não encontrarmos diferenças entre os grupos estudados. No citoplasma,
NF-kB é encontrada na forma de heterodímeros, principalmente p50/RelA (p65), e
está ligada em proteínas inibitórias conhecidas como IkBs (94). Alguns eventos como
anoxia, presença de espécimes reativos de oxigênio, e estímulos pró-inflamatórios
mediados por TNF-α e IL1, contribuem para a ativação de IkB quinases, também
conhecidas como complexo IKK (95, 96). As IkB quinases quando ativadas, são
responsáveis pela fosforilação das IkBs, principalmente a IkBα (97). Quando
fosforilada, IkBα desliga-se de NF-kB permitindo sua translocação a partir do
citoplasma para o núcleo (95, 97, 98). No núcleo NF-κBp50/RelA age como fator de
transcrição estimulando e liberando proteínas de fase aguda, moléculas de adesão,
TNF-α, IL1 e IL6 (99). NF-κB é uma importante moduladora de resposta imune, e está
ativa em várias doenças inflamatórias. Nas doenças cardiovasculares, está associada
com alto índice de mortalidade (97). Contudo, a IL1 é uma citocina pró-inflamatória
responsável por consequências deletérias após IM, pois induz a resposta inflamatória,
apoptose de cardiomiócitos, fibrose e hipertrofia cardíaca (31, 100). Os efeitos da
atorvastatina em relação as suas ações anti-inflamatórias, podem estar envolvidos
com redução dos níveis de IL1, que atenuaram as expressões de pIκBα, e resultou
em menores estímulos de NF-κB.

47
Os dímeros de NF-kB podem ser considerados ativadores ou repressores
da transcrição gênica, uma vez que p50 é considerado repressor e RelA (p65)
ativador. NF-kB p50/p50 é o heterodímero repressor mais comum, porém quando o
dímero p50 liga-se com um dímero ativador (RelA) – que apresenta domínio de
transativação (TAD), este apresentará função transcricional (101). Apesar disso, no
presente estudo nós não encontrarmos diferenças em NF-κBp65 após o tratamento
com a atorvastatina, e mostramos que a inibição de NF-κBp50 pode refletir em
melhora no RV em modelo experimental. Frantz et al., mostraram que a ausência de
NF-κBp50 após IM em modelo experimental, foi associada a redução na dilatação
ventricular, além de menor deposição de colágeno na MEC, atenuando dessa forma
as consequências do RV (102). Atorvastatina tem mostrado inibição dos efeitos
deletérios de NF-κB (103). Ortego et al., demonstraram que o tratamento com
atorvastatina em células lisas do músculo, inibe a ativação NF-κB, e isso ocorre
principalmente devido à redução nos estímulos de IκBα no citoplasma (104).
TLRs são receptores específicos que participam da RII, e são ativados por
leucócitos após injuria isquêmica no tecido cardíaco (29, 105, 106). TLRs
potencializam a resposta inflamatória, pois também contribuem para translocação de
NF-κB do citoplasma para o núcleo, além de estimularem a liberação de citocinas
como IL1, IL6 e TNF-α (106, 107). Esses receptores compreendem uma família de 11
tipos (TL1 – TLR11), sendo TLR2 e TLR4 os mais estudados no miocárdio (108, 109).
A partir dos nossos resultados, nós encontramos que os animais do grupo
atorvastatina apresentaram menor expressão de TLR4, sem apresentar efeitos sobre
as reduções dos níveis de TLR2. Com isso, esses achados nos mostram que a
redução em TLR4, possivelmente contribuiu para menor expressão de IL1, e, portanto,
refletiu em menores estímulos de pIκBα e NF-kBp50. Similar aos nossos achados, o
efeito cardioprotetor conferido ao tratamento com fluvastatina, tem sido decorrente a indução de menores níveis de TLR4 e o que levou a menor ativação de NF-kB (107).
As proteínas matricelulares agem como mediadoras biológicas expressas
no tecido cardíaco após injuria isquêmica, e contribuem para a resposta inflamatória
durante o RV (23, 25). A expressão dessas proteínas está elevada após condições
patofisiológicas como IM, hipertrofia ventricular, fibrose, miocardites e doenças
valvares (26). Tenascin-C é considerado importante marcador inflamatório, pois atua

48
como regulador da ativação de NF-kB, além de agir na formação de novas moléculas
de colágeno (23). Após o IM, a melhora na função diastólica e redução do conteúdo
de fibrose, podem ser conferidas a ausência das expressões de Tenascin-C (26, 110).
No presente estudo, apesar de não encontrarmos diferenças significantes entre os
grupos controle e atorvastatina, nós mostramos que o tratamento com atorvastatina
pode reduzir as expressões de Tenascin-C, e dessa maneira ter contribuído para
menor expressão de IL1, induzindo menores níveis de NF-kBp50, além de levar a menor síntese e deposição de colágeno na MEC.
Este estudo apresenta algumas limitações:
1. Diferentes doses de atorvastatina não foram investigadas para verificar
efeitos dependentes com a dose. Nós avaliamos os efeitos da atorvastatina em
modelo experimental de infarto do miocárdio em ratos, utilizando10mg/kg/dia. Estudos
anteriores têm mostrado que esta dose de atorvastatina é segura e apresenta efeitos cardioprotetores (53, 111-113).
2. O presente estudo refere-se a um estudo experimental e não estudo
clínico. Nós mostramos que o tratamento com atorvastatina influencia positivamente
no RV após o IM em modelo experimental em ratos. O processo de remodelamento
ventricular está também presente em algumas cardiopatias e condições clínicas, como
insuficiência aórtica crônica com o desenvolvimento de hipertrofia cardíaca, além de
insuficiência mitral associada com dilatação ventricular. Neste estudo, nós não
avaliamos os efeitos do tratamento com atorvastatina nessas condições, e por isso,
ensaios clínicos e futuras investigações são necessários para este propósito.
Contudo, este modelo experimental de IM em ratos tem sido extensivamente utilizado
e reportado na literatura, e assemelha-se com o mecanismo patofisiológico que ocorre após a oclusão coronariana em humanos (114).

49
6- CONCLUSÃO
A partir do presente estudo, encontramos que atorvastatina melhora a
funcionalidade ventricular, atenua formação de fibrose, reduzindo hipertrofia e
inflamação após infarto do miocárdio em ratos.
Os efeitos favoráveis encontrados após o tratamento com atorvastatina
foram decorrentes da modulação sobre marcadores específicos envolvidos no
metabolismo do colágeno como MMP1/8, TIMP1, PCPEe SPARC, além da regulação
na resposta inflamatória demonstrada por IL1, NF-kBp50, e TLR4. A atorvastatina
pode ser uma terapia de escolha a fim de controlar os efeitos adversos causados
durante e após o RV.
Portanto, concluímos que a administração da atorvastatina durante 4
semanas pode ser uma estratégica terapêutica utilizada para limitar os processos
reparativos que ocorrem após injúria isquêmica no miocárdio.

50
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8- ANEXOS
Anexo – I: Parecer do comitê de ética.

62
Anexo – II: Referência do artigo publicado da presente tese apresentada:
Reichert K, Pereira do Carmo HR, Torina AG, de Carvalho DD, Sposito
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