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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE GERENCIAMENTO DE RISCOS DE PRODUTOS MÉDICOS E ESTRATÉGIA EMPRESARIAL: GARANTINDO O SUCESSO DA ORGANIZAÇÃO ATRAVÉS DA SEGURANÇA E EFICÁCIA DOS PRODUTOS. Por: Claudia Carolina de Carvalho Mayer Orientador Prof. André Gustavo Guimarães da Cunha Rio de Janeiro 2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

GERENCIAMENTO DE RISCOS DE PRODUTOS MÉDICOS E

ESTRATÉGIA EMPRESARIAL: GARANTINDO O SUCESSO DA

ORGANIZAÇÃO ATRAVÉS DA SEGURANÇA E EFICÁCIA DOS

PRODUTOS.

Por: Claudia Carolina de Carvalho Mayer

Orientador

Prof. André Gustavo Guimarães da Cunha

Rio de Janeiro

2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

GERENCIAMENTO DE RISCOS DE PRODUTOS MÉDICOS E

ESTRATÉGIA EMPRESARIAL: GARANTINDO O SUCESSO DA

ORGANIZAÇÃO ATRAVÉS DA SEGURANÇA E EFICÁCIA DOS

PRODUTOS.

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como condição prévia para a conclusão do

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Gestão

Estratégica e Qualidade.

Por: Claudia Carolina de Carvalho Mayer

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. André, meu orientador, pelo

ensinamento e pela troca de idéias.

Aos mestres, principalmente Vinicius e

Marcelo, por abrirem meus olhos para a

“mágica lógica” que é a estratégia.

Aos meus colegas de turma, pela troca

de sonhos e pelo aprendizado mutuo,

tão válido quanto o dos queridos

mestres.

À Silimed, por involuntariamente mostrar

a minha verdadeira paixão profissional:

o gerenciamento de riscos de produtos

médicos.

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DEDICATÓRIA

Minha mãe, Ilza, pelo apoio, pelas

orações e pelo carinho. Mãe, você é

meu exemplo de mulher. É em você que

eu me espelho a fim de ser uma pessoa

melhor e tão guerreira quanto você.

Minhas irmãs, Nicia e Mariana, pela

grande amizade e confiança. Vocês são

mais que irmãs e confidentes. São

também meus exemplos de

persistência.

Arthur, meu sobrinho, pela “sorriso-

terapia” que faz comigo. Meu

amorzinho, basta seu sorriso e um beijo

para o meu dia ser o melhor de todos.

Carlos, meu noivo e o melhor

confidente, por sempre acreditar que

posso ser mais.

Meu tio Ailton, pelo eterno apoio.

Amo muito vocês.

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RESUMO

A globalização tem sido vista, de maneira muito simplificada, como a

simples abertura de fronteiras e geração de espaço mundial comum. Graças à ela,

o mundo “se encolheu” nas últimas décadas. Vivemos em um mundo onde a

maioria das informações está ao nosso alcance através do teclado do telefone, do

computador ou do controle remoto. Hoje, graças a este fenômeno, podemos dizer

que a humanidade passou por uma revolução tecnológica na qual 20 anos

trouxeram mais conhecimento à tona do que toda a história da humanidade. De

certa forma, podemos dizer que tal fenômeno causou o aumento da produtividade,

de um modo geral, devido aos avanços nas áreas de saúde, ciência, informação e

tantos outros. A velocidade da transmissão de conhecimento é grande a ponto de

fazer com que todas as informações sejam uniformizadas rapidamente. Isso faz

com que as pessoas se condicionem a essa uniformidade e sejam mais críticas

quando da presença de algo fora dos padrões pré-estabelecidos pelos padrões

globais.

Estamos na “Era da Qualidade e da Produtividade”. Cada vez mais, os

clientes buscam qualidade. Os fornecedores, a fim de atenderem aos requisitos de

sua clientela, e com a intenção de fazer cada vez melhor, sem que para isso a

produtividade de seu grupo venha a cair, buscam cada vez mais padronizar a

maneira com a qual seus produtos são manufaturados, ou seus serviços são

prestados. Esta busca pela excelência faz com que várias técnicas padronizadas

sejam incorporadas para assegurar a qualidade de seus produtos / serviços e,

conseqüentemente, a satisfação do cliente aumente, conferindo maior

credibilidade e poder à marca.

Quando falamos de indústria de dispositivos médicos, alvo deste trabalho,

fala-se de uma técnica pouco conhecida, chamada de Gerenciamento de Riscos

de Produtos. A principal função do Gerenciamento de Riscos de Produtos Médicos

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6é assegurar ao cliente a qualidade, através da análise dos riscos pertinentes ao

uso do produto, e da constante monitoração pós-mercado.

Pretende-se com este trabalho mostrar como funciona a interação entre o

Gerenciamento de Riscos de Produtos Médicos e Estratégia Corporativa, e a

conexão existente entre os componentes desta interação com o Sistema da

Qualidade.

.

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METODOLOGIA

Várias normas internacionais ditam regras para o procedimento correto do

Gerenciamento de Riscos. Para este trabalho, foram utilizadas as normas ISO

14971:2000 e sua emenda, de 2003; ISO 13485:2003, ISO 9001:2000 e a RDC

185 da ANVISA, além de diversos artigos retirados de periódicos, como fontes de

pesquisa bibliográfica.

A monografia foi feita a partir da análise crítica de cada uma das normas,

estabelecendo-se a conexão entre o Gerenciamento de Riscos de produtos

médicos e o Sistema da Qualidade para, então, criar estratégias empresariais a

partir da garantia da qualidade, segurança e eficácia dos dispositivos, aliada ao

marketing dos produtos.

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I - Dispositivos Médicos: Projeto e Qualidade 11

CAPÍTULO II - Gerenciamento de Riscos de Produtos Médicos 17

CAPÍTULO III – Requisitos Regulatórios para Gerenciamento de Riscos de

Produtos Médicos 39

CAPÍTULO IV – Estratégia Empresarial 37 CONCLUSÃO 48

BIBLIOGRAFIA 49

ÍNDICE 52

FOLHA DE AVALIAÇÃO 54

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INTRODUÇÃO

A análise de risco é uma das maneiras de gerenciar riscos

independentemente se são riscos financeiros, sistêmicos, operacionais ou

médicos, e um desses tipos de análise aplica-se a um tipo específico de produtos,

os dispositivos médicos. Usualmente, dispositivos médicos são regulados por

agências do governo (como, por exemplo, ANVISA, para o Brasil; FDA, para os

Estados Unidos e Porto Rico e ISO, para diversos países) que têm

responsabilidade pela sua segurança. O método clássico para a regulamentação

de produtos médicos consiste de três partes: (1) O fabricante deve obter a

aprovação antes de vender o produto; (2) O fabricante deve ter um sistema de

controle de qualidade que preencha requisitos específicos para dispositivos

médicos, e (3) O fabricante deve responder e se responsabilizar pela segurança

do uso do dispositivo após o seu lançamento (fiscalização pós-venda, ou pós-

produção).

Neste trabalho, veremos três sistemas de controle: do Brasil, dos Estados

Unidos e da União Européia. Esses sistemas são representativos na maioria de

todos os países que regulam os dispositivos médicos. Os três sistemas, no

entanto, não são os mesmos e empregam métodos diferentes, embora a

harmonização de tais métodos seja cada vez mais buscada pelos organismos

reguladores. Pode-se dizer, por exemplo, que a Resolução da Agência Nacional

de Vigilância Sanitária (ANVISA) consiste de uma coletânea de alguns itens das

normas do FDA e ISO.

Atualmente, as empresas vêm lutando para conquistar seu espaço no

mercado, cada vez mais concorrido e competitivo. Buscam-se novos métodos,

novos diferenciais para seus produtos e/ou serviços. Investe-se cada vez mais em

recursos humanos e tecnológicos. O campo estratégico também vem sendo cada

vez mais explorado, e muitos conceitos vêm sendo mudados. Atualmente,

acredita-se que para serem competitivas em ambientes dinâmicos, as corporações

estão tendo que se tornar menos burocráticas e mais flexíveis. Essa flexibilidade

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10refere-se ao caso de uma empresa que atua em um mercado altamente

competitivo, ter capacidade de mudar rapidamente sua estratégia dominante. A

corporação deve ter habilidade para criar, adquirir e transferir conhecimento e

modificar seu comportamento para refletir novos conhecimentos e idéias, evitando

o engessamento através da auto-avaliação e experimentação contínuas.

Desenvolve-se aí o conceito das learning organizations. Também de extrema valia

para a corporação é que todo o quadro de funcionários, e não somente a alta

direção e o conselho executivo, estejam envolvidos em gestão estratégica.

Obviamente, as empresas que investem em gestão estratégica têm melhor

desempenho que as que não adotam.

Segundo Hunger & Wheelen (2002), “gestão estratégica é o conjunto de

decisões e ações estratégicas que determinam o desempenho de uma corporação

ao longo prazo. Esse tipo de gestão inclui análise profunda dos ambientes interno

e externo, formulação da estratégia (planejamento estratégico ou de longo prazo),

implementação da estratégia, avaliação e controle”. Trata-se, então, de um

monitoramento e avaliação constante da interação entre análise dos ambientes

externo (pela avaliação de oportunidades e ameaças) e interno (pelo

acompanhamento das forças e fraquezas). Ao transferirmos esta afirmativa para a

indústria de dispositivos médicos, alvo deste estudo, podemos considerar que uma

das estratégias pode ser o gerenciamento de riscos de seus produtos, o que

confere segurança e comprova a eficácia dos mesmos. Ademais, este

procedimento, quando adotado, divulgado e comprovado pelos clientes da

empresa, pode se tornar uma potencial ferramenta estratégica para o sucesso da

empresa no ambiente o qual ela atua.

É possível, então, que uma corporação especializada na produção de

dispositivos médicos utilize o gerenciamento dos riscos de seus produtos, aliado a

um planejamento estratégico e de marketing, como diferencial para que a mesma

alcance melhores posições no mercado? Mostraremos neste trabalho que tal

combinação é possível e altamente recomendada como fator estratégico para a

ascensão e/ou manutenção do fabricante no mercado.

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CAPÍTULO I

DISPOSITIVOS MÉDICOS: PROJETO E QUALIDADE

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O CONCEITO Dispositivo médico, segundo a ISO 14971:2000, é “qualquer instrumento,

aparato, material ou outro artigo, usado sozinho ou combinado (incluindo o

software para aplicação), com pretensão de comercialização para uso humano”.

Podem ser considerados dispositivos médicos, por exemplo, scanner de

Ressonância Magnética por Imagem, seringas, máquinas de raios-X, escovas de

dente, implantes de silicone, depressores de língua, instrumentos cirúrgicos e

marcapasso cardíaco. Obviamente, os riscos inerentes a uma escova de dente

não são os mesmos inerentes a um marcapasso.

1.1. Pesquisa e Desenvolvimento: Criando um dispositivo

médico

No mercado amplamente globalizado, cresce a necessidade de minimizar

os riscos existentes no processo do desenvolvimento de produtos. É conhecido

que muitas empresas ainda ignoram a fase de concepção do produto, conhecida

como projeto. Um projeto é tecnicamente definido como um esforço temporário

(possui data de início e de término) que tem por finalidade produzir um bem

(produto ou serviço) com características próprias que o diferenciam de outros que,

eventualmente, já tenham sido produzidos. Mesmo as empresas que exercem

atividades consideradas essencialmente rotineiras podem, eventualmente, se ver

diante da necessidade de execução de projetos, pois a maioria dos produtos ou

serviços considerados rotineiros é o resultado de projetos bem sucedidos.

O anseio das empresas ao produzir algo, além de lança-lo no mercado, é

obter lucro do trabalho desenvolvido.

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13Segundo PMBOK, o que difere “projeto” de “operação” é o caráter de

cada um. Enquanto as operações têm caráter contínuo e repetitivo, projetos têm

caráter temporário (com início e fim determinados) e único (que nunca foi feito

antes ou sob as mesmas condições).O projeto de pesquisa e desenvolvimento é

caracterizado como a fase fundamental para a criação de um dispositivo médico.

É considerada uma etapa de fundamental importância para reconhecer quais as

características desejadas, se essas características irão refletir nas necessidades

do mercado, levando a um bom desempenho nas vendas, além de garantir que o

risco de ocorrência de erros seja reduzido ao máximo.

Cada vez mais, as indústrias vêm investindo em recursos tecnológicos e

humanos para os setores de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), para que seus

produtos sejam funcionais, eficazes e seguros, a fim de atender às expectativas

de seus clientes.

1.2. P&D x Qualidade x Marketing: Criando um produto de

sucesso

É um fato que os clientes buscam sempre produtos de melhor qualidade.

Foi-se o tempo em que as pessoas pagavam mais barato por um produto de

qualidade duvidosa, desde que o mesmo não afetasse a qualidade de vida do

cliente. Atualmente, a tendência é que os clientes encontrem-se plenamente

satisfeitos com produtos de qualidade, embora a questão do valor econômico

aplicado aos produtos ainda seja um fator preponderante na escolha dos mesmos.

Sendo assim, torna-se importante que o projeto de desenvolvimento de

um produto, dispositivos médicos para este trabalho, seja aliado a uma

consciência em qualidade, de forma que requisitos básicos sejam atendidos.

Dentre muitos, podemos citar:

- Satisfação das necessidades do cliente: partindo da premissa que, uma

empresa depende de seus consumidores para a sobrevivência no mercado,

é de vital importância que os anseios dos clientes sejam o primeiro ponto

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14na definição de um novo produto. É necessário que o setor de Pesquisa e

Desenvolvimento, além de conhecimento técnico sobre o tipo de produto

que está em projeto, tenha noção de que o produto que atende a uma

determinada população, provavelmente não atenderá a outra. Ademais, é

importante que tal setor, aliado ao setor de marketing (ou similar), esteja

atualizado quanto aos novos produtos, similares ou substitutos, e

tendências lançados pelo mercado, e a forma de abordagem de venda

deste produto ao cliente, tratado no próximo ponto.

- Abordagem ao cliente: No caso de dispositivos médicos, podemos

classificar como cliente os compradores diretos do produto, neste caso os

médicos; e consumidor o usuário do dispositivo. Para o consumidor de um

dispositivo médico, pouco importa saber quantas pessoas estiveram

envolvidas no desenvolvimento, ou quais técnicas foram usadas para que o

produto final fosse concebido, tampouco o tempo e o dinheiro empregado

para tal. O consumidor apenas adquire um produto, esperando que este

seja de ótima qualidade. Já para os clientes da indústria, ou seja, os

médicos, vale mostrar que a organização está integralmente comprometida

com o propósito principal, que é o bem-estar físico do paciente. Dessa

maneira, é importante que sejam criadas formas de mostrar ao cliente todas

as vantagens do produto, sejam elas técnicas ou não, para que então ele

possa repassar aos seus consumidores qual o propósito principal. Também

é de grande valia que, na etapa de projeto, seja acrescentado ao produto

um diferencial que o torne atraente uma vez que, se o cliente não enxerga

utilidade, ele não adquire o produto. Tampouco o consumidor final.

- Qualidade superior à da concorrência: Este julgamento deve ser feito pelos

olhos dos clientes e da equipe de desenvolvimento, cada uma analisando

sob óticas diferentes, para que se chegue a um denominador comum sobre

as duas óticas. É necessário que os responsáveis pelos projetos de novos

dispositivos conheçam a fundo os produtos de seus concorrentes. Deve

haver uma interação com o setor de marketing no tocante a pesquisas com

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … CAROLINA DE CARVALHO MAYER.pdf · na definição de um novo produto. É necessário que o setor de Pesquisa e Desenvolvimento, além

15clientes, para que além do aprofundamento na pesquisa e desenvolvimento

do novo produto, possa haver um maior conhecimento sobre as fraquezas,

limitações e habilidades do concorrente. O amplo domínio destes fatores

leva à produção de um dispositivo mais seguro e eficaz.

- Capacidade de ajuste aos requisitos do cliente/consumidor: É importante

que o produto seja concebido a fim de atender às necessidades de quem

vai utilizá-lo. Por exemplo, no tratamento de queimados, utilizam-se

expansores infláveis de silicone para reconstrução do tecido afetado. A

capacidade volumétrica do expansor varia dentro de uma faixa para que,

dependendo da necessidade de reconstituição de uma determinada

extensão do tecido queimado, o dispositivo seja inflado no volume que

garanta que “x” centímetros de tecido epitelial seja reconstruído. Essa

variação de capacidade volumétrica do expansor permite que a indústria

não gaste tanto produzindo vários tamanhos diferentes de dispositivos, já

que um único tamanho atende perfeitamente às necessidades do

consumidor. Além do mais, expansores de tecido se apresentam nas mais

variadas formas, para que possam ser aplicados a áreas específicas no

organismo. Esse grau de flexibilidade do produto permite que o usuário

possa customizá-lo a seu modo, o que torna um diferencial a mais quando

da escolha do melhor dispositivo para um determinado tipo de tratamento.

- Relação custo/benefício atraente: Do ponto de vista do cliente/consumidor,

nenhum atributo presente no produto, por mais revolucionário que seja,

justifica um preço exorbitante. É importante distinguir a diferença entre

atributo e benefício. O primeiro significa a característica que custou dinheiro

para ser inserida num determinado produto. Já o segundo significa aquilo

pelo que o consumidor paga. Ou seja, é o que o produto tem contra o que o

cliente/consumidor deseja. O produto perfeito, para a engenharia, é algo

admirável, mas apenas do ponto de vista técnico. Às vezes, custa muito

para ser produzido e excede em muito as reais necessidades do

cliente/consumidor.

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16- Porte de inovações tecnológicas: Apesar dessa característica não ser um

requisito para o sucesso no mercado, os estudos mostram que empresas

que lançam produtos inovadores conquistam um percentual elevado de

vendas. A empresa que detém a propriedade intelectual ou patente de um

produto têm também seu nome respeitado no ramo industrial.

Essas características apresentadas devem ser almejadas sempre que se

deseje introduzir com sucesso um novo produto. Como pode ser observado, a

chave para alcançar esse feito é o consumidor: saber o que ele pensa, deseja e

gosta é fundamental.

Ademais, é importante que a interação entre P&D, Marketing e Qualidade

delimite as características corretas do produto a ser projetado. Uma definição

confusa de um produto pode afetar prazos, performance e custo. A causa deste

elemento de risco pode ser a falta de requisitos claros de venda, falta de

representação de vendas, ou falha no esclarecimento completo de certos aspectos

críticos quanto à função do produto, que possa influenciar no seu

desenvolvimento.

Veremos adiante a interação entre Gerenciamento de Riscos e o projeto

de desenvolvimento do produto, mostrando que, além de assegurar a eficácia e a

segurança do dispositivo, o gerenciamento de riscos pode auxiliar no andamento

do projeto, fazendo-o mais curto, econômico, eficiente e com menos problemas no

pós-venda.

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CAPÍTULO II

GERENCIAMENTO DE RISCOS DE

PRODUTOS MÉDICOS

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O CONCEITO Entende-se por Gerenciamento de Riscos (GR) de produtos médicos o

conjunto de atividades capazes de antever e reduzir ou eliminar os riscos

inerentes a este tipo de produtos.

2.1. Gerenciamento de Riscos segundo a ISO 14971:2000

Os conceitos fundamentais de risco requerem o reconhecimento de que

há uma relação causal entre o dano, o perigo e a causa do perigo. A causa pode

ocorrer na ausência de falha ou como resultado de uma ou mais falhas.

Freqüentemente, o perigo é inerente à natureza do produto.

Durante a análise dos riscos, são avaliadas a severidade das

conseqüências e a probabilidade de ocorrência do perigo. Esses dois

componentes - a severidade e a probabilidade de ocorrência - formam o risco.

Freqüentemente, muitos dos riscos associados a um produto são

relacionados aos benefícios e uso pretendido derivados do próprio dispositivo; os

perigos e riscos devem ser comparados frente aos benefícios trazidos pelo

produto. Esta avaliação determina a aceitabilidade dos riscos: se o risco é

inaceitável, medidas de eliminação ou redução do risco devem ser

implementadas. Torna-se necessário atentar para que não haja alterações

negativas no produto, ou pior, que novos perigos sejam criados. Este processo de

avaliação e redução dos riscos através da comparação com os benefícios

proporcionados é a essência do GR.

A norma mais conhecida de GR é a ISO 14971:2000. Ela faz uma clara

distinção entre o gerenciamento e analise de riscos – nomenclatura dada ate

então para o processo-tema deste trabalho, segundo a ISO 14971-1: 1998 (versão

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19anterior da norma). Esta norma é aplicável a todos os tipos de dispositivos

médicos.

Atualmente, ficou convencionado que a analise de riscos é apenas um

elemento do processo de GR. A figura 1 (pagina seguinte) mostra o processo

global de gerenciamento de riscos. Este engloba cinco atividades-chave: o

planejamento, a analise dos riscos, a avaliação dos riscos, o controle dos riscos e

o controle pós-produção, ou pós-venda. O processo tem inicio com o

planejamento, e é imediatamente seguido pela analise de risco. Quando os riscos

são avaliados e as decisões são tomadas levando-se em conta a aceitabilidade

dos riscos, a avaliação é dita completa. O GR começa quando as medidas de

controle de risco são implementadas, sua efetividade é verificada, e a segurança

global do dispositivo em projeto é considerada aceitável.

O processo de GR é repetitivo; os fabricantes devem continuar a revisar

as informações de GR à medida que haja aquisição de experiência e as mudanças

sejam feitas na etapa pós-produção. Este processo continua enquanto o produto

estiver sendo comercializado, e volta sempre à etapa de avaliação de novos

perigos à medida que as mudanças no produto sejam implementadas durante o

período pós-produção, para que se avalie a necessidade de um novo projeto para

adaptar o design do produto, de forma a minimizar os riscos por ele

proporcionados, sem afetar o uso pretendido do mesmo e continuar atendendo às

reais necessidades do usuário final.

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Figura 1: Processo global de Gerenciamento de Riscos, segundo a ISO 14971:2000.

2.1.1. – Planejamento do Gerenciamento de Riscos.

O primeiro passo do processo limita-se ao planejamento de como

gerenciar os riscos para um dado projeto. O processo de GR deve incluir o

seguinte:

Planejamento Identificar do processo

Designar responsabilidades Definir os critérios de

aceitabilidade dos riscos

Analise de riscos Definir uso pretendido

Descrever o dispositivo Identificar os perigos

Estimar os riscos

Avaliação do risco Determinar/decidir a

aceitabilidade dos riscos

Controle do risco Analisar opções

Implementar medidas Avaliar riscos residuais

Decidir a aceitabilidade ou não dos riscos

Controle pós-produção Avaliar resultados da produção

Rever os resultados do GR Controlar as mudanças no

produto

Gerenciamento de Riscos

Avaliação dos riscos

Reavaliar os riscos residuais, mudanças no projeto ou novos perigos

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21• O escopo do projeto – que produtos e fases do projeto o plano

cobre

• Os critérios de aceitabilidade dos riscos

• Os requisitos de revisão dos riscos

• As atividades de gerenciamento e seus recursos

• Planos de verificação e validação.

O plano de GR deve seguir paralelamente ao plano de projeto e

desenvolvimento. No inicio do projeto, a natureza dos perigos e suas causas

geralmente são desconhecidos. Para tanto, o plano pode mudar à medida que o

dispositivo é conhecido. O plano pode ser específico por projeto, ou pode ser

especificado como parte de procedimentos operacionais padrão e políticas da

empresa. As atividades de GR podem ser incluídas como parte de outras revisões

de projeto ou executadas como revisões independentes. Ultimamente, os perigos

e sua eliminação devem ser ligados diretamente aos planos de verificação e

validação. É importante para o gerenciamento que as responsabilidades sejam

delegadas, que recursos qualificados, atividades de revisão de GR e seus

resultados sejam adequadamente estabelecidos, para assegurar que um processo

efetivo está em andamento.

Quando políticas de GR são estabelecidas, vários fatores devem ser

levados em conta. Enquanto o princípio geral preconiza que os riscos devem ser

comparados aos seus benefícios, as decisões usualmente podem ser justificadas

através de três itens: a primeira compreende comparar o produto em

desenvolvimento com outros dispositivos similares no mercado; a segunda é o

cumprimento de um guia apropriado; e a terceira, que consiste em utilizar normas

produto-específicas (normas adequadas a cada tipo de dispositivos).

Comparações com outros produtos devem levar em conta similaridades e

diferenças quanto ao uso pretendido, perigos riscos, características de segurança

e dados históricos. Normas produto-específicas geralmente especificam requisitos,

os quais, se implementados e testados, resultarão em um nível aceitável de risco.

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222.1.2. – Análise de riscos.

O processo de GR tem continuidade com a definição do uso pretendido

do dispositivo e uma descrição detalhada das características que afetam a

segurança do dispositivo. O Anexo A da norma ISO 14971 fornece questões que

guiam a determinação do uso pretendido e características do dispositivo. Neste

ponto do GR, os fatores humanos e interfaces com o usuário devem ser levados

em consideração.

Em seguida, os perigos associados ao dispositivo são identificados. O

“brainstorming” é uma técnica útil para a identificação de tais perigos. Documentos

requisitórios são boas fontes de perigos, uma vez que existem muitos perigos

associados ao não-preenchimento de um requisito. Por exemplo, um manual de

equipamento de diálise deve estabelecer requisitos para a remoção de fluidos e

perigos associados à remoção de fluidos inadequada ou excessiva.

A estimativa dos riscos associados a cada perigo completa a parte do

processo referente à análise de riscos. Conforme o vocabulário pertinente

mencionado no Anexo I deste trabalho, risco é a probabilidade de um perigo

causar dano e a severidade das conseqüências. A estimativa dos riscos pode ser

quantitativa ou qualitativa. Algumas ferramentas típicas para análise de risco estão

resumidas na Tabela 1, na pagina seguinte.

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23

Técnica Descrição Aplicação

Análise

preliminar dos

perigos ou riscos

Método indutivo para a identificação de perigos e estimativa de riscos,

baseada no uso pretendido e na descrição das características do

dispositivo. Identifica perigos e estima os riscos por verificação das taxas

de severidade das conseqüências dos perigos e suas causas. Pode ser

iniciada com informações conceituais e atualizada à medida que o projeto

caminha. Auxilia na identificação de medidas de redução de riscos em fase

inicial do projeto, para definir requisitos e planos de teste.

Identificação de perigos

Estimativa inicial de riscos

Pode ser adotada para

relatórios de GR

“Input” para o plano de projeto.

Fault Tree

Analysis (FTA)

Método quantitativo para a identificação das causas potenciais de um

perigo ou outro evento indesejável (“evento do topo”). Partindo do “evento

do topo”, causas ou modos de falha são deduzidos. Os eventos podem ser

relacionados a fontes de software, hardware, mecânicas ou humanas. O

resultado é uma árvore que mostra a relação lógica dos eventos de falha.

Este método auxilia na identificação de falhas pontuais que podem ser

“eventos de topo” ou falhas múltiplas onde dois ou mais eventos possam

estar no topo. A probabilidade de a falha ser definida como evento de topo

é predita utilizando taxas de estimativa da falha para eventos individuais.

Ajuda para determinar quais eventos são os maiores desencadeadores de

falhas.

Análise de riscos sistêmica

Análise de riscos de software

Avaliação da efetividade dos

planos de controle de processo

Avalia a confiabilidade de

equipamentos de processo.

Análise de

modos e efeitos

de falha (FMEA)

Técnica indutiva que analisa sistematicamente as funções do projeto ou do

processo e determina os modos de falha, suas causas e efeitos. O risco é

estimado pela taxa de severidade dos efeitos de falhas, a ocorrência das

causas e a ocorrência de detecção da causa da falha ou do modo de falha.

Pode ser usada para identificar medidas de redução de riscos potenciais e

estimar seus efeitos no risco. Tipicamente usada no inicio do projeto,

ocorre ao contrario da FTA. A FMEA parte das falhas pontuais para o

“evento de topo”. Identifica facilmente falha humana.

Análise de risco de

componentes do dispositivo

Analise de riscos de processos

Avaliação da

confiabilidade

humana

Avalia a influência do erro humano no funcionamento do dispositivo ou de

uma tarefa relacionada ao mesmo. O objetivo é determinar a ocorrência de

uma tarefa “x” ser executada corretamente. Ela foca os erros relacionados

ao operador ao não executar uma ação requerida, não executar uma ação

corretamente ou executar uma ação que não foi requerida. A técnica

também avalia a oportunidade de recuperação de um erro.

Análise de fatores humanos

Identificação de requisitos de

interface com o usuário e

instruções de uso.

Tabela 1: Ferramentas comuns para análise de riscos (adaptada e traduzida de Snow,

A. Integrating Risk Management into the Design and Development Process. Medical Device &

Diagnostic Industry. 99-111. March, 2001)

Os fabricantes devem desenvolver uma categorização qualitativa da

severidade, baseada em uma avaliação dos efeitos do perigo a longo e a curto

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24prazo. Tipicamente, vários níveis discretos são desenvolvidos, conforme a Tabela

2, a seguir:

Símbolo Descritor Descrição

S1 Negligenciável Pouco ou nenhum potencial de lesão

S2 Marginal Potencial de lesão

S3 Critico Potencial de morte ou lesão séria

S4 Catastrófico Mortes múltiplas ou lesão séria

Tabela 2: Categorias qualitativas de severidade. Adaptada da ISO 14971:2000

Caso dados suficientes sejam providenciados, probabilidades

quantitativas dos perigos podem ser estimadas. Freqüentemente não é o caso, e

descritores qualitativos (ex., catastrófico, improvável, remoto, ocasional, freqüente)

devem ser utilizadas ara definir a probabilidade. Na estimativa de probabilidades,

os fabricantes precisam considerar as causas iniciais do perigo, e decidir se o

mesmo ocorre na ausência de falha ou na presença de uma falha única ou

múltipla. Como auxilio para esta estimativa, dados históricos, técnicas analíticas

ou de simulação ou classificação por profissionais podem ser utilizadas.

2.1.3. Avaliação dos riscos

Uma vez determinados os componentes dos riscos, a avaliação dos

riscos associados a cada perigo, além da determinação de sua aceitabilidade,

completa a avaliação geral dos riscos. As Tabelas 3 e 4, retiradas da ISO 14971,

ilustra os critérios de decisão para tal. Veja:

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25

Severidade

Freqüente R3 R4 R4 R4

Provável R2 R3 R4 R4

Ocasional R2 R2 R3 R4

Remoto R1 R2 R2 R3

Improvável R1 R1 R2 R2

Impossível R1 R1 R1 R1 Pro

bab

ilid

ade

Descritores Negligenciável Marginal Crítico Catastrófico

Tabela 3: Categorização qualitativa dos riscos

Nível do

risco

Aceitabilidade

R1 Amplamente aceitável, sem necessidade de reduzir riscos

R2 Risco inaceitável. Deve ser reduzido ao menor nível aceitável.

Praticabilidade técnica e econômica balanceada contra riscos e

benefícios

R3 Risco inaceitável. Deve ser reduzido ao menor nível aceitável. A

praticabilidade técnica é balanceada contra os riscos e benefícios.

R4 Intolerável; risco inaceitável e deve ser reduzido

Tabela 4: Aceitabilidade dos riscos

Geralmente, os riscos que são reduzidos ao menor nível possível são

aceitos caso os benefícios justifiquem algum risco residual. Ao mesmo tempo, no

entanto, os riscos intoleráveis não são aceitos e devem ser reduzidos. Caso não

seja possível, o projeto deve ser cancelado.

O conceito de praticabilidade envolve conceitos técnicos e econômicos.

Técnico neste caso refere-se à disponibilidade e confiabilidade de soluções que

eliminem ou reduzam o risco; econômico refere-se à habilidade de reduzir os

riscos sem fazer uso e aplicação de um dispositivo financeiramente não confiável.

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26Se o risco não for totalmente aceito, deve-se proceder à redução dos

riscos. Existem três possíveis cenários possíveis neste caso: um, o risco é

reduzido a um nível totalmente aceitável e não há necessidade de considerá-lo.

Dois, a redução dos riscos é praticável, mas não pode ser reduzido a um nível

totalmente aceitável. Três, a redução dos riscos não é praticável. Nos dois últimos

cenários, os riscos residuais inaceitáveis são avaliados contra os benefícios do

dispositivo, a fim de determinar sua aceitabilidade. Se os benefícios não

justificarem os riscos, o risco então é considerado inaceitável.

A escolha de usar um produto médico envolve, antes de qualquer coisa,

balancear os benefícios a serem ganhos com os riscos potenciais da utilização. O

fabricante de dispositivos médicos deve desenvolver um sistema elaborado de

análise risco-benefício com o intuito de maximizar os benefícios e minimizar os

riscos da utilização de um determinado produto médico. Embora seja requerido

principalmente que os produtos médicos sejam seguros, segurança não significa

risco zero, uma vez que todos os produtos médicos têm riscos associados. Um

produto médico seguro é aquele que tem riscos razoáveis, dada à magnitude do

benefício esperado e das alternativas disponíveis.

2.1.4. – Controle dos riscos

Após haver a decisão por reduzir os riscos, iniciam-se as atividades de

controle de riscos. A redução dos riscos deve focar principalmente em reduzir a

severidade dos perigos, a probabilidade de ocorrência, ou ambos.

Uma maneira de avaliar as medidas de controle é estimando seu impacto

potencial na severidade e probabilidade de ocorrência dos perigos inerentes.

A implementação de medidas de redução de riscos consiste basicamente

da implementação dos requisitos do projeto, a verificação da efetividade, a

avaliação de novos perigos e riscos potenciais, e a avaliação de quaisquer riscos

residuais. Uma vez que as medidas de redução dos riscos foram completamente

avaliadas e implementadas, a aceitabilidade do dispositivo deve ser determinada.

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27Isto é feito através da utilização dos critérios estabelecidos no plano de GR

(baseado nos perigos individuais). A avaliação da aceitabilidade dos riscos deve

ser documentada no relatório final de GR. Este relatório deve conter o seguinte:

• O uso pretendido e a descrição do dispositivo;

• Os métodos usados

• Os critérios de aceitabilidade de riscos selecionados

• Todos os perigos identificados

• As estimativas de riscos

• Os controles de riscos

• Verificação da efetividade do controle ou eliminação dos riscos

• Avaliações de riscos residuais para a segurança individual ou global

do dispositivo.

• Disposições sobre o monitoramento pós-produção

O relatório de GR deve estabelecer uma extensa lista de itens, incluindo a

relação entre os perigos, estimativa de riscos, critério de avaliação dos riscos,

resultados de verificações e aceitabilidade dos riscos.

2.2. Integração entre o gerenciamento de riscos e o projeto de

desenvolvimento de produtos médicos

Por norma, o GR é definido como uma atividade cíclica que começa, no

mais tardar, quando o controle de projeto se inicia.

Segundo a ISO 13485 (que trata da aplicação da ISO 9001 aos

dispositivos médicos), o GR é requerido e deve ser indicado como parte dos

planos de projeto, além de levar em consideração cada estágio do processo de

desenvolvimento do produto.

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28Durante a condução do projeto, há uma grande variedade de dimensões

de riscos, definidos como “fatores”, para os quais há variações indesejáveis

podem ter uma influencia negativa no resultado do projeto. Utilizando as

dimensões dos riscos, um gerente de projetos pode, sistematicamente, determinar

elementos do projeto que podem mostrar riscos. Cada elemento detectado pode

ser analisado para determinar qual o seu impacto no projeto. Com uma definição

clara e estável, é possível analisar os riscos associados. Sem esta definição, pode

ocorrer o seguinte:

• O produto projetado ou desenhado não corresponder às necessidades e

expectativas do cliente/consumidor;

• O produto ser manufaturado sob características ou funções não requeridas.

Quando o GR está sendo efetuado, é necessário e importante, para cada

risco identificado, considerar o impacto que tal risco possa vir a causar no projeto,

já que os elementos de risco podem afetar a performance do produto. A

determinação de cada um desses impactos pode ser parte integrante da avaliação

de riscos. Os gerentes de projetos também podem avaliar o impacto dos riscos

através de índices de severidade e pela determinação da probabilidade de

ocorrência de tais riscos. Os índices de probabilidade e definições são maneiras

de estimar a probabilidade de ocorrência do elemento de risco. As escalas de

severidade e ocorrência podem ser feitas de acordo com o perfil da empresa ou

suas necessidades. As técnicas específicas para determinação de índices de

severidade e ocorrência serão analisadas adiante, neste capitulo.

A grande verdade é que gerentes com mais experiência em

desenvolvimento de produtos apresentam-se mais familiares às técnicas e aos

aspectos gerais do processo de GR.

Sendo assim, podemos dizer que o GR deve ser visto como um elo de

ligação entre todos os elementos do projeto, de uma maneira controlada.

Ademais, o GR serve como uma ferramenta útil ao gerente de projetos, para

checar se o curso global do projeto está correto e livre de maiores problemas.

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29O primeiro passo para integrar o GR ao processo de projeto e

desenvolvimento é notar que, enquanto o GR for um requisito regulatório, ele

também é um requisito do cliente/consumidor, onde o resultado esperado é um

dispositivo seguro. Pacientes que recebam o beneficio proporcionado por um

dispositivo médico esperam que tal dispositivo seja seguro e que os benefícios

sobreponham-se aos riscos. Caso o produto desenvolvido não atenda as metas de

projeto quanto à segurança, o usuário final freqüentemente experimenta custos

adicionais e/ou atrasos, que indiretamente volta para o fabricante.

A chave para integrar o GR ao processo de projeto é começa-lo durante o

planejamento do projeto. As atividades de integração de GR ao projeto neste

estágio recente clarifica os recursos e o tempo no qual estes serão requeridos.

Isto ajuda os fabricantes a evitarem conflitos adicionais durante o processo.

Podemos ver abaixo o modelo “cascata” de integração entre o controle de projeto

e o processo de GR. Este modelo é comumente usado para este fim:

Figura 2: Modelo “cascata” de integração

Processo Simplificado de Controle de Projeto

Atividades Integradas de Gerenciamento de Risco

Identificar as necessidades do cliente e estabelecer os requerimentos de

entrada de projeto

Projeto para Requerimentos

Verificar se os requerimentos são satisfatórios

Revisão dos Dispositivos

Necessidades do cliente validadas são satisfatórias

Identificar perigos e estabelecer requerimentos de segurança

Aplicar Análise de Risco ao projeto

Aplicar controles para os riscos inaceitáveis

Verificar medidas de controle

Revisar riscos inaceitáveis permanentes

Avaliar os riscos residuais e aplicar a análise de risco/benefício

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30

CAPÍTULO III

REQUISITOS REGULATÓRIOS PARA

GERENCIAMENTO DE RISCOS DE PRODUTOS MÉDICOS

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31

REGULAMENTAÇÃO DE DISPOSITIVOS MÉDICOS

É de extrema necessidade, quando um fabricante de dispositivos médicos

se propõe a projetar e comercializar um determinado produto, que ele obedeça

fielmente aos requisitos das agências reguladoras do(s) país(es) o(s) qual(is) tal

dispositivo pretenda ser comercializado. Geralmente, para a liberação de

comercialização, os países tomam por base os requisitos das normas ISO 9001,

13485 e 14971 que são consideradas as “normas-chave”.

Atualmente, busca-se a harmonização das normas. Chama-se

“harmonização” ao procedimento de equiparação das normas vindas de diferentes

órgãos, embora cada norma possa ter diferenças inerentes ao regulamento do

país de comercialização.

Estudaremos aqui os requisitos do FDA (Food and Drug Administration –

Estados Unidos da América), e da ISO (International Organisation for

Standardisation), quanto ao processo de GR. Não existem requisitos para

Gerenciamento de Riscos de Produtos Médicos na legislação brasileira (ANVISA).

É seguida a ISO 14971: 2000.

3.1. Os requisitos da Agência Nacional Norte-Americana

(FDA - Food and Drug Administration)

O FDA é o órgão responsável pela regulação de alimentos, drogas e

dispositivos médicos, dentro dos Estados Unidos da América. Dentro do FDA,

quem regula a comercialização de dispositivos médicos é o Center for Devices

and Radiological Health (CDRH).

Segundo o FDA, o que mais se leva em conta quando o assunto é o

gerenciamento de riscos de produtos médicos candidatos à comercialização nos

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32Estados Unidos são as possíveis conseqüências da exposição humana ao

dispositivo médico. Devido a essa preocupação, é essencial que o fabricante

analise minuciosamente a exposição do paciente aos riscos inerentes ao produto.

Para tal, o fabricante deve mencionar em seu relatório de GR os seguintes

tópicos, antes de submete-lo à aprovação do FDA:

• Como e onde o dispositivo é utilizado

• Qual é o grau de detectabilidade do risco e as ferramentas

utilizadas para tal (como, por exemplo, a FMEA e a FTA,

mencionadas anteriormente)

• Resultado da análise das conseqüências da exposição ao risco

provido pelo dispositivo. Isso inclui mencionar a quais condições

médicas os pacientes foram expostos e a probabilidade de

ocorrência de cada conseqüência.

Como requisito mandatório, o FDA determina que o relatório final de GR

de um determinado dispositivo candidato à comercialização nos Estados Unidos

contenham os seguintes itens:

• Perigos inerentes ao dispositivo

• Causas e efeitos dos perigos e riscos

• Severidade e probabilidade de ocorrência dos riscos

• Critérios de aceitação

• Medidas de redução/eliminação dos riscos

• Requisitos de segurança

• Dados de verificação e validação dos dados e do produto.

Concordando com o preconizado na ISO 14971:2000 no tocante à análise

risco/benefício, o FDA afirma que não há um método normatizado para a

condução desta análise. É sugerido que os benefícios do dispositivo sejam

estimados a partir de pesquisa clínica antecipada e da confiança nos resultados

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33esperados/obtidos nesta pesquisa. É recomendável que seja feita uma

comparação com métodos de tratamento já existentes e/ou publicados.

Quando se fala em associação das técnicas de GR ao projeto de

desenvolvimento de um dado dispositivo médico, o FDA exige que o GR seja

incorporado ao plano de projeto, e seja parte dos planos do Sistema de Qualidade,

com implementação de ações corretivas e preventivas sempre que necessário,

além da inspeção regular das mesmas. Ainda segundo o FDA, o fabricante tem a

flexibilidade para determinar quais serão os controles são necessários para os

riscos, desde que adotem métodos e procedimentos efetivos para cada dispositivo

e que os mesmos sejam fabricados de modo que tais métodos e procedimentos

sejam implementados e cumpridos. O FDA avalia, então, se o fabricante tem

estabelecido procedimentos apropriados ao projeto de cada dispositivo,

especificamente.

As perspectivas do FDA quanto ao monitoramento pós-produção, o

grande foco do GR atualmente, é que todos os dados referentes à fase pós-venda

de um determinado dispositivo médico sejam mencionados nos arquivos, uma vez

que o GR é um processo cíclico, ou seja, está freqüentemente em revisão. Esses

dados incluem relatórios de reclamação de mercado (que devem ser avaliadas e

investigadas, cabendo ações corretivas), resultados de estudos pós-aprovação

(quando necessários), além de dados referentes a qualquer mudança ocorrida no

produto.

3.2. Os requisitos da ISO 14971:2000

A ISO 14971:2000 é considerada a principal norma para condução do

gerenciamento de riscos de dispositivos médicos. Ela pretende ser uma norma

que abranja todo o ciclo de vida do dispositivo, isto é, ela tem como escopo instruir

os fabricantes quanto à aplicação dos princípios de GR para um determinado

dispositivo médico desde a sua concepção inicial até a fase de monitoramento

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34pós-produção. Devido ao fato de nem todos os países requererem um sistema de

qualidade para os fabricantes de dispositivos médicos, a ISO 14971:2000 não faz

associação a nenhum sistema de qualidade, embora seja de extrema importância

que o fabricante siga algum tipo de sistema. Ela foi montada para ser facilmente

incorporada a qualquer sistema de qualidade trazendo, dentre outras

características, um vocabulário que uniformiza termos e definições. Esse

vocabulário é reproduzido em anexo deste trabalho.

Conforme dito anteriormente, busca-se a harmonização entre os

diferentes órgãos regulatórios. A ISO 14971:2000 é aplicada mundialmente em

programas regulatórios, seja harmonizada com outras normas ou não. Para

comercialização na Europa, os fabricantes não necessitam ter um sistema da

qualidade certificado para que tenham marca CE de seus produtos (a marca CE

permite a comercialização de produtos na União Européia). Já nos Estados

Unidos, um sistema da qualidade é sempre pré-requisito essencial para a

comercialização um dispositivo (a menos que o dispositivo seja isento).

A ISO 14971:2000 preconiza que os fabricantes façam com que o GR

seja parte dos planos de projeto. Ela enfatiza, ainda, que o GR é um processo

cíclico, que não termina quando o projeto é finalizado e o produto é liberado para a

comercialização, continuando com a fase pós-produção. Ela ainda preconiza que,

quando o fabricante emprega um sistema da qualidade, o processo de GR deve

ser completamente integrado ao sistema.

Segundo esta norma, é essencial que o pessoal envolvido no processo de

GR seja devidamente qualificado para tal, conhecendo, além das técnicas de GR,

dados sobre o dispositivo, tais como: como o dispositivo é construído, seu

funcionamento, e seu uso pretendido.

É requisito essencial da norma a execução de um plano de GR. Ele é

requerido com a finalidade de prover o caminho correto para execução do GR.

A ISO 14971:2000 define um processo de gerenciamento de riscos a ser

seguido, já comentado no item 2.1 deste trabalho. Em suma, este processo pode

ser dividido em:

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35(a) Análise de risco, que compreende a identificação do uso pretendido

e das características de segurança do dispositivo em

desenvolvimento, a identificação de perigos (novos ou já conhecidos)

e a estimativa dos riscos para cada perigo;

(b) Avaliação dos riscos, onde decisões sobre a aceitabilidade de cada

um dos riscos identificados na fase anterior sãos tomadas. Nesta

etapa, os fabricantes podem listar todos os riscos e definir sua

aceitabilidade de acordo com os critérios previamente mencionados

no plano de GR. A partir daí, eles avaliam cada um dos riscos e

definem quais deles precisam ser reduzidos.

(c) Controle dos riscos, onde os riscos identificados na fase de

avaliação são reduzidos ou eliminados, através da implementação

de medidas de controle. Ainda nesta etapa, é feita a análise de

riscos residuais, ou seja, a redução a níveis aceitáveis de todos os

riscos; e a análise risco/beneficio, onde os benefícios proporcionados

pelo dispositivo são analisados contra os riscos.

Ao término da etapa de controle dos riscos, a norma requer a elaboração

de um relatório de gerenciamento de riscos para cada dispositivo projetado e em

desenvolvimento. Ela coloca o relatório como sendo parte crucial dos arquivos de

GR. Pretende-se que o relatório seja um resumo do que foi feito em todo o

processo de GR. Ele deve conter indicadores para cada atividade realizada e cuja

documentação esteja mantida nos arquivos de GR. É importante que cada

atividade realizada no processo de GR e arquivada seja completa; uma atividade

incompleta pode corresponder a um risco que não foi totalmente reduzido e que

pode trazer sérios danos ao paciente.

Finalmente, o monitoramento pós-produção corresponde à etapa que

enfatiza ao máximo que o GR não termina quando o dispositivo finalmente é

passado da fase de projeto à fase de produção. Novas estimativas de riscos

podem ser feitas após a utilização in vivo do produto. Esta é a fase onde todos os

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36riscos potenciais são reais. Devido a este principal motivo, os fabricantes devem

monitorar meticulosamente as informações pós-produção a fim de rastrear

informações pós-venda que possam vir a afetar suas estimativas de riscos e,

sobretudo, suas decisões a respeito do gerenciamento dos riscos.

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37

CAPÍTULO IV

ESTRATÉGIA EMPRESARIAL

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384.1. – Princípios Gerais do Planejamento

Existe certa dificuldade, quando da conceituação da função do

planejamento nas empresas, de estabelecer a sua real amplitude e abrangência.

Para tanto, Steiner (1969:12) estabelece as cinco dimensões do

planejamento.

A primeira dimensão do planejamento corresponde ao assunto

abordado, que pode ser produção, pesquisa, novos produtos, finanças, marketing,

instalações, recursos humanos etc.

Outra dimensão corresponde aos elementos do planejamento, entre

os quais podem ser citados propósitos, objetivos, estratégias, políticas,

programas, orçamentos, normas e procedimentos, entre outros.

Uma terceira dimensão corresponde às unidades organizacionais

onde o julgamento é elaborado, e nesse caso pode-se ter planejamento

corporativo, de subsidiárias, de grupos funcionais, de divisões, de departamentos,

de produtos etc.

Uma quinta dimensão corresponde às características do

planejamento que podem ser representadas por complexidade ou simplicidade,

qualidade ou quantidades, estratégicas ou táticas, confidenciais ou públicas,

formais ou informais, econômicas ou caro.

Steiner (1969:12) salienta que estes aspectos das dimensões não

são mutuamente exclusivos e nem apresentam linhas demarcatórias muito claras.

Entretanto, as cinco dimensões apresentadas permitem visualizar a

amplitude do assunto planejamento.

Como conseqüência, o planejamento pode ser conceituado como um

processo, considerando os aspectos abordados pelas dimensões anteriormente

apresentadas, desenvolvido para o alcance de uma situação desejada de um

modo mais eficiente, eficaz e efetivo, com a melhor concentração de esforços e

recursos pela empresa.

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39 O planejamento não deve ser confundido com previsão, projeção,

predição, resolução de problemas ou plano, pois:

Previsão: corresponde ao esforço para verificar quais serão os

eventos que poderão ocorrer, com base no registro de uma série de

probabilidades.

Projeção: corresponde à situação em que o futuro tende a ser igual

ao passado, em sua estrutura básica.

Predição: corresponde à situação em que o futuro tende a ser

diferente do passado, mas a empresa não tem nenhum controle sobre o seu

processo e desenvolvimento.

Resolução de problemas: corresponde a aspectos imediatos que

procuram tão somente a correção de certas descontinuidades e desajustes entre a

empresa e as forças externas que lhe sejam potencialmente relevantes.

Plano: corresponde a um documento formal que se constitui na

consolidação das informações e atividades desenvolvidas no processo de

planejamento; é o limite da formalização do planejamento; é uma visão estática do

planejamento; é uma decisão em que a relação custo-benefício deve ser

observada.

Além disso, o planejamento estratégico corresponde ao

estabelecimento de um conjunto de providências a serem tomadas pelo executivo

para a em que o futuro tende a ser diferente do passado; entretanto, a empresa

tem condições e meios de agir sobre as variáveis e fatores de modo que possa

exercer alguma influência; o planejamento é ainda um processo contínuo mental

que é executado pela empresa independentemente de vontade específica dos

seus executivos.

O planejamento pressupõe a necessidade de um processo decisório

que ocorrerá antes, durante e depois de sua elaboração e implementação na

empresa.

Este processo de tomada de decisões na empresa deve conter, ao

mesmo tempo, os componentes individuais e organizacionais, bem como a ação

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40nestes dois níveis deve ser orientada de tal maneira que garanta certa confluência

de interesses dos diversos fatores alocados no ambiente da empresa.

O processo de planejar envolve, portanto, um modo de pensar; e um

salutar modo de pensar envolve indagações; e indagações envolvem

questionamentos sobre o que fazer, como, quando, quanto, para quem, por que,

por quem e onde.

Toda a atividade de planejamento nas empresas, por sua natureza

deverá resultar de decisões presentes, tomadas a partir do exame do impacto das

mesmas no futuro, que lhe proporciona uma dimensão temporal de al significado.

O propósito do planejamento pode ser definido como o

desenvolvimento de processos, técnicas e atitudes administrativas, as quais

proporcionam uma situação viável de avaliar as implicações futuras de decisões

presentes em função dos objetivos empresariais que facilitarão a tomada de

decisão no futuro, de modo mais rápido, coerente, eficiente e eficaz. Dentro deste

raciocínio, pode-se afirmar que o exercício sistemático do planejamento tende a

reduzir a incerteza da probabilidade de alcance dos objetivos e desafios

estabelecidos para a empresa.

Além disso, o fato de o planejamento ser um processo de

estabelecimento de um estado futuro desejado e um delineamento dos meios

afetivos de torná-lo realidade justificada que ele anteceda à decisão e à ação.

Outro aspecto a destacar, inerente ao processo decisório, é o grande número de

condicionantes organizacionais que afetem a sua operacionalização, com a

interferência de inúmeras restrições de ordem prática, contribuindo para reforçar a

idéia de complexidade que lhe é característica.

A atividade de planejamento é complexa em decorrência de sua

própria natureza, qual seja, a de um processo contínuo de pensamento sobre o

futuro, desenvolvido mediante a determinação de estados futuros desejados e

avaliação de cursos de ação alternativos a serem seguidos para que tais estados

sejam alcançados. E tudo isso implica um processo decisório permanente,

acionado dentro de um contexto ambiental interdependente e mutável.

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41 Esses processos contínuos, compostos de várias etapas, funcionam

de forma não linear em decorrência de haver variabilidade nas empresas. Esta

variabilidade é devida às pressões ambientais que a empresa tem de suportar e

que são resultados de forças externas continuamente em alteração com diferentes

níveis de intensidade de influência, bem como das pressões internas, resultantes

dos vários fatores integrantes da empresa.

Sem a preocupação de estabelecer todas as características básicas

da função planejamento como um processo contínuo, apresentam-se a seguir

alguns dos principais aspectos:

O planejamento não diz respeito a decisões futuras, mas às

implicações futuras de decisões presentes (Drucker, 1962:131). Portanto, aparece

como um processo sistemático e constante de tomada de decisões, cujos efeitos e

conseqüências deverão ocorrer em futuros períodos de tempo.

O planejamento não é um ato isolado. Portanto, deve ser visualizado

como um processo composto de ações inter-relacionadas e interdependentes que

visam ao alcance de objetivos previamente estabelecidos. Deve-se também

considerar a necessidade de os objetivos serem viáveis com base na validade das

hipóteses em que se baseiam.

O processo de planejamento é muito mais importante que seu

produto final. O produto final do processo de planejamento, normalmente, é o

plano, sendo que deve ser desenvolvido pela empresa e não para a empresa. Se

não for respeitando este aspecto, têm-se planos inadequados para a empresa,

bem como uma resistência e descrédito efetivos para a sua implantação.

4.2. Conceito

Segundo Rebouças, planejamento estratégico é como um processo

gerencial que possibilita ao executivo estabelecer o rumo a ser seguido pela

empresa, com vista a obter um nível de otimização na relação da empresa com

seu ambiente.

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42 O planejamento estratégico é, normalmente, de responsabilidade dos

níveis mais altos da empresa e diz respeito tanto à formulação de objetivos quanto

à seleção dos cursos de ação a serem seguidos para a sua consecução, levando

em conta as condições externas e internas à empresa e sua evolução esperada.

Também considera as premissas básicas que a empresa, como um todo, deve

respeitar para que o processo estratégico tenha coerência e sustentação

decisória.

Segundo Paul Tiffany e Steven D. Peterson, plano estratégico é uma

visão específica do futuro de sua empresa, que contém as descrições como.

• Como será seu setor.

• Em que mercado você vai competir.

• Contra quem vai competir.

• Que produtos e serviços vão oferecer.

• Que valor vai oferecer aos clientes.

• Que vantagens em longo prazo terão.

• Quais serão o porte e a lucratividade de sua empresa.

Para ter uma perspectiva detalhada do futuro, tem que se fazer uma

série de precisões relacionadas ao que vai acontecer. Tendo que encontrar

premissas básicas sobre o futuro.

Basicamente, seu planejamento estratégico será tão eficaz quanto as

premissas que forem inclusas nele. Para ter certeza que as premissas sejam

realizadas, grande parte do plano deve ser dedicada a tentar compreender seu

ambiente hoje, o que está acontecendo agora em seu setor e em seu mercado. Ao

desenvolver essas premissas, pode-se prever melhor seu negócio e seu futuro.

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434.3. Definições de Estratégia

“Conjunto de decisões formuladas com o objetivo de orientar o

posicionamento da empresa no ambiente”;

“Diretrizes e regras formuladas com o objetivo de orientar o

posicionamento da empresa no ambiente”;

“Determinação de metas básicas em longo prazo e dos objetivos de

uma empresa e a adoção das linhas de ação e aplicação dos recursos

necessários para alcançar essas metas” (Chandler, 1962).

“Conjunto de objetivos da empresa e a forma de alcançá-los” (Buzzell

et alii, 1977).

“Conjunto de decisões que determinam o comportamento a ser

exigido em determinado período de tempo” (Simon, 1971)

“Conjunto de objetivos, finalidades, metas, diretrizes fundamentais e

os planos para atingir esses objetivos, postulados de forma a definir em que

atividades se encontram a empresa, que tipo de empresa ela é ou deseja ser”

(Andrews, 1971).

“Movimento ou uma série específica de movimentos feitos por uma

empresa” (Von Neumann e Morgenstern, 1947).

“Manutenção do sistema empresarial em funcionamento, de forma

vantajosa” (Rumelt, 1974).

“Futuridade das decisões correntes” (Steiner, 1969).

“Processo de selecionar oportunidades definidas em termos de

pedidos a serem atendidos e produtos a serem oferecidos” (Pascale e Athos,

1981).

“Forma de pensar no futuro, integrada no processo decisório, com

base em procedimento formalizado e articulador de resultados e em uma

programação” (Mintzberg, 1983).

“Modo pelo qual a empresa procura distinguir-se de maneira positiva

da concorrência, usando seus pontos fortes para atender melhor às necessidades

dos clientes” (Ohmae, 1985).

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44 “Caminho, ou maneira, ou ação formulada e adequada para alcançar

preferencialmente, de maneira diferenciada, os desafios e objetivos estabelecidos,

no melhor posicionamento da empresa perante seu ambiente” (Rebouças, 1999).

4.4 Estratégia Empresarial

Tem como finalidade estabelecer quais serão os caminhos, os

cursos, os programas de ação que devem ser seguidos para serem alcançados os

objetivos e desafios estabelecidos.

O conceito básico de estratégia está relacionado à ligação da

empresa e seu ambiente. E, nesta situação, a empresa procura definir e

operacionalizar estratégias que maximizam os resultados da interação

estabelecida.

A palavra estratégia significa, literalmente, “a arte do general”,

derivando-se da palavra grega strategos, que significa estritamente general.

Estratégia, na Grécia Antiga, significava aquilo que o general fez...Antes de

Napoleão, estratégia significava a arte da ciência de conduzir forças militares para

derrotar o inimigo ou abrandar os resultados da derrota. Na época de Napoleão, a

palavra estratégia estendeu-se aos movimentos políticos e econômicos visando a

melhores mudanças para a vitória militar (Steiner, 1969:237).

Em termos militares, segundo Von Bullow em Bethlem (1980:3), a

estratégia seria a ciência dos movimentos guerreiros fora do campo de visão do

general e a tática, a ciência dos movimentos guerreiros dentro de referido campo.

Outros autores mencionam que a estratégia cuida de como dispor os exércitos e a

tática, de como lutar. Entretanto, deve-se considerar que no contexto empresarial,

as batalhas e os inimigos não são sempre claramente identificáveis.

Numa empresa, a estratégia está relacionada à arte de utilizar

adequadamente os recursos físicos, financeiros e humanos, tendo em vista a

minimização dos problemas e a maximização das oportunidades.

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45 Quando se considera a estratégia empresarial, ou seja, a escolha de

um caminho de ação para a empresa como um todo, deve-se escolher um

caminho de ação.

Presente

Figura 3: Escolha de um caminho de ação pela empresa. Fonte: Livro – Planejamento Estratégico

– Autor – Rebouças

A figura mostra através de um caminho sinuoso, que pode ou não ser

planejado, que a empresa chegou no presente a determinada situação, que deve

ser avaliada como base para traçar um caminho futuro. A avaliação deste

processo é feita através do confronto entre os pontos fortes, fracos e neutros da

empresa, de um lado, e das suas oportunidades e ameaças perante o seu

ambiente, de outro lado.

Empresa

Ambiente

Pontos Neutros

Pontos Fracos

Futuro

Passado Pontos Fortes

Oportunidades Ameaças

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46 Dessa avaliação devem resultar a missão, os propósitos e a postura

estratégica, que é o ponto de partida para traçar o caminho voltado aos futuros

objetivos e desafios, escolhidos entre as opções estratégicos que a empresa

consegue identificar como preferências ou mais adequadas em determinado

momento.

A estratégia deverá ser sempre umas opções inteligentes,

econômicas e viáveis. E, sempre que possível, original e até ardilosa; dessa

forma, constitui-se na melhor arma de que pode dispor uma empresa para otimizar

o uso de seus recursos, torna-se altamente competitiva, superar a concorrência,

reduzir seus problemas e otimizar a exploração das possíveis oportunidades.

De acordo com Katz e Kahn (1973:338), os dispositivos podem ser:

Políticos, os quais são acionados tanto nas transações externas à empresa em

busca de insumo no ambiente e na alienação dos produtos ou serviços, como nas

transações internas com os membros da empresa. Portanto, são procedimentos

que orientam a empresa nos seus relacionamentos internos e com seu ambiente.

Técnico-econômico, os quais são empregados na transformação dos insumos em

produtos ou serviços.

Referindo-se a eficiência e à eficácia. Quanto aos dispositivos

apresentados, a eficiência refere-se aos meios técnico-econômicos. Para ocorrer

eficácia deve-se considerar também o dispositivo político.

A estes dispositivos apresentados podem-se acrescentar outros que

facilitarão a atuação do executivo no desenvolvimento da ação estratégica mais

apropriada para a empresa:

Dispositivo organizacional: está baseado na estruturação das

atividades internas da empresa, através da estrutura organizacional, bem como na

elaboração de normas, rotinas e procedimentos para facilitar a coordenação das

atividades. A situação procura manter a empresa como um foco catalisador, ativo

e integrado no processo estratégico.

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47 Disposição tecnológica: está baseado na evolução tecnológica

ambiental, bem como nas tecnologias mais adequadas para as operações da

empresa.

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48CONCLUSÃO

Para que qualquer organização alcance o sucesso dentro de seu

ramo, é necessário que ela lance mão de estratégias coerentes e que se aproveite

das suas forças e oportunidades que porventura surjam.

No caso das indústrias de dispositivos médicos, onde a eficácia e a

segurança do produto estão em jogo todo o tempo, o gerenciamento de riscos dos

produtos se faz uma ferramenta de extrema importância que, quando aplicada,

conforme as normas vigentes (principalmente a ISO 14971:2000), reduz

sensivelmente os perigos que possam vir a ser causados por este tipo de

dispositivos aos seres humanos.

A redução dos riscos dos dispositivos médicos, por conseguinte, leva

à maior confiabilidade por parte dos clientes (médicos) e usuários finais

(pacientes). Com a aplicação de técnicas de Marketing apropriadas para tal,

aliadas a outros fatores como preço, logística, etc., é possível que a empresa

consiga atrair mais clientes, aumentando a sua participação no mercado, cada vez

mais competitivo.

É possível, assim, que a indústria de dispositivos médicos consiga

indubitavelmente usar estrategicamente o processo de gerenciamento de riscos

de seus produtos como uma ferramenta poderosa para a sua colocação, aumento

da sua vantagem competitiva e ascensão dentro do seu nicho, desde que tal

processo seja cumprido de acordo com as normas internacionais e divulgado

apropriadamente entre a classe médica.

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BIBLIOGRAFIA

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29- ZACCARELLI, Sérgio B. Estratégias e Sucesso nas Empresas Rio de Janeiro:

Saraiva, 2003.

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52

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 7

SUMÁRIO 8

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I

DISPOSITIVOS MÉDICOS: PROJETO E QUALIDADE 11

O Conceito 12

1.1 – Pesquisa e Desenvolvimento: Criando um dispositivo médico 12

1.2 – P&D x Qualidade x Marketing: Criando um produto de sucesso 15

CAPÍTULO II

GERENCIAMENTO DE RISCOS DE PRODUTOS MÉDICOS 17

O Conceito 18

2.1 – Gerenciamento de Riscos segundo a ISO 14971:2000 18

2.1.1 – Planejamento do Gerenciamento de Riscos 20

2.1.2 – Análise de Riscos 22

2.1.3 – Avaliação dos Riscos 24

2.1.4 – Controle dos Riscos 26

CAPÍTULO III

REQUISITOS REGULATÓRIOS PARA O GERENCIAMENTO DE RISCOS DE

PRODUTOS MÉDICOS 30

Regulamentação de Dispositivos Médicos 31

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533.1 – Os requisitos da Agência Nacional Norte-Americana (FDA – Food And Drug

Administration 31

3.2 – Os requisitos da ISO 14971:2000 33

CAPÍTULO IV

ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 37

4.1 – Princípios gerais do planejamento 38

4.2 – Conceito 41

4.3 – Definições de Estratégia 43

4.4 – Estratégia Empresarial 44

CONCLUSÃO 48

BIBLIOGRAFIA 49

ÍNDICE 52

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes

Título da Monografia: Gerenciamento de Riscos de Produtos Médicos e

Estratégia Empresarial: Garantindo o Sucesso da Organização Através da

Segurança e Eficácia dos Produtos.

Autor: Claudia Carolina de Carvalho Mayer

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito:

Avaliado por: Conceito:

Avaliado por: Conceito:

Conceito Final: