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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Capital de Giro
Por: Ingrid Xavier dos Santos
Orientador:
Prof. Ana Claudia Morissy
Rio de Janeiro
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Capital de Giro
Apresentação de monografia à Universidade Cândido
Mendes como requisito parcial para obtenção do grau
de especialista em Finanças e Gestão Corporativa.
Por: Ingrid Xavier dos Santos
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, em primeiro lugar, minha mãe, meu
namorado e meus amigos por sempre me
incentivarem e estarem ao meu lado na realização
desta importante etapa da minha vida.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha mãe, ao meu namorado
e aos meus amigos pelo incentivo à conclusão deste
curso.
5
RESUMO
Capital de Giro ou Capital Circulante é composto pelas contas do ativo
circulante de alta liquidez. Ele representa os recursos demandados por uma
empresa para financiar suas necessidades operacionais identificadas desde a
aquisição de matérias-primas até o recebimento pela venda do produto acabado.
A administração do capital de giro diz respeito à administração das contas
dos ativos e passivos circulantes, e as inter-relações existentes entre elas. Sendo
assim, é fundamental identificar o nível adequado de estoques que a empresa
deve manter, seus investimentos em créditos a clientes, critérios de
gerenciamento do caixa e a estrutura dos passivos correntes, de forma
consistente com os objetivos da empresa, tendo por base a manutenção de
determinado nível de rentabilidade e liquidez.
Uma boa administração do capital de giro envolve imprimir alta rotação
(giro) ao circulante, tornando mais dinâmico seu fluxo de operações. Este
incremento de atividade no capital de giro, proporciona, de forma favorável à
empresa, menor necessidade de imobilização de capital no ativo circulante e
conseqüente incentivo ao aumento da rentabilidade.
A necessidade de capital de giro é função do nível de atividade de uma
empresa. Seu aumento tanto pode ocorrer em períodos de rápido crescimento
como também em períodos de queda nas vendas. O saldo de tesouraria se
tornará cada vez mais negativo com o crescimento das vendas, caso a empresa
não consiga que seu autofinanciamento cresça nas mesmas proporções do seu
6crescimento da necessidade de capital de giro. Esse crescimento negativo do
saldo de tesouraria é que denominado efeito tesoura.
METODOLOGIA
A Metodologia empregada para a realização deste trabalho foram
pesquisas em livros, reportagens e internet.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I 10
Natureza e Definições da Administração do Capital de Giro 10
CAPÍTULO II 16
Ciclo Operacional 16
CAPÍTULO III 20
Conflito Risco-Retorno na Administração do Capital de Giro 20
3.1 Equilíbrio Financeiro 22
3.2 Indicadores de Liquidez 23
CAPÍTULO IV 26
Análise de Capital de Giro 26
4.1 Análise Financeira Estática ou Tradicional 27
4.2 Análise Financeira Dinâmica ou Moderna 28
7 4.3 Capital de Giro 31
4.4 Necessidade de Capital de Giro 34
4.5 Saldo de Tesouraria 37
Conclusão 39
Bibliografia 41
8
INTRODUÇÃO
Capital de giro líquido, também chamado de capital circulante líquido,
corresponde à diferença corresponde à diferença aritmética entre o ativo circulante
e o passivo circulante e representa a medida da liquidez da empresa, refletindo
sua capacidade de gerenciar as relações com fornecedores e clientes.
O capital de giro tem participação relevante no desempenho operacional
das empresas, cobrindo geralmente mais da metade de seus ativos totais
investidos.
Uma administração inadequada do capital de giro resulta normalmente em
sérios problemas financeiros, contribuindo efetivamente para a formação de uma
situação de insolvência.
É importante ter em conta que a administração do capital de giro trata dos
ativos e passivos correntes como decisões interdependentes. Por exemplo, a
perda da liquidez pela maior participação de estoques no ativo circulante deve ser
compensada por um maior volume de caixa; a presença de passivos de prazos
mais curtos exige, por seu lado, ativos correntes mais líquidos, e assim por diante.
9A presença de ativos correntes na estrutura financeira da empresa é
importante para viabilizar financeiramente seus negócios e contribuir para a
formação do retorno econômico do investimento realizado.
Diante do seu contexto de mercado, as empresas formalizam estratégias
operacionais de atuação, principalmente em relação à administração do capital de
giro, avaliando seus investimentos correntes e selecionando os passivos mais
adequados. Por exemplo, uma possível alternativa de retomada das vendas pode
processar-se pelo incentivo das vendas à prazo, exigindo-se, neste caso, maior
volume de investimento em circulante.
A definição do montante do capital de giro é uma tarefa com sensíveis
repercussões sobre o sucesso dos negócios, exercendo evidentes influências
sobre a liquidez e a rentabilidade das empresas. Sob determinado enfoque, uma
empresa deve investir em capital de giro enquanto o retorno marginal dos ativos
correntes se mantiver acima do custo dos recursos alocados para seu
financiamento. Apesar de a quantificação destas medidas de custo e do retorno
nem sempre ser operacionalmente simples na prática, a proposição é relevante
principalmente como uma orientação teórica para as decisões que envolvem
investimentos em capital de giro.
10
Capítulo I
Conceito
Laurence Gitman - “a administração do capital de giro abrange a gestão das
contas circulantes da empresa, incluindo ativos e passivos circulantes.”
Masakasu Hoji - “o capital de giro é conhecido também como capital circulante e
corresponde aos recursos aplicados em ativos circulantes que transformam-se
constantemente dentro do ciclo operacional.”
Natureza e Definições da Administração do Capital de Giro
O capital de giro é composto pelos elementos do Ativo Circulante de alta
liquidez, ou seja, aqueles que são capazes de se transformar em dinheiro vivo
mais rapidamente. São eles: caixa, bancos, contas a receber a curto prazo e
estoques.
A importância e o volume do capital de giro para uma empresa são
determinados principalmente pelo volume de vendas, o qual é lastreado pelos
estoques, valores a receber e caixa; sazonalidades dos negócios, que determina
11variações nas necessidades de recursos ao longo do tempo; fatores cíclicos da
economia, como recessão, comportamento do mercado etc; tecnologia,
principalmente aplicada aos custos e tempo de produção; e políticas de negócios,
centradas em alterações nas condições de venda, de crédito, produção etc.
A administração do capital de giro é um dos fatores de decisão das finanças
de uma empresa, permitindo melhor entendimento de como as organizações
geram, aplicam e gerenciam seus recursos financeiros, tendo como objetivo a
preservação da saúde financeira da empresa.
O capital de giro ou capital circulante é representado pelo ativo circulante,
isto é, pelas aplicações correntes, identificadas geralmente pelas disponibilidades,
valores a receber e estoques. Num sentido mais amplo, o capital de giro
representa os recursos demandados por uma empresa para financiar suas
necessidades operacionais identificadas desde a aquisição de matérias-primas (ou
mercadorias) até o recebimento pela venda do produto acabado.
Os elementos que compõem o ativo circulante não costumam apresentar
sincronização temporal equilibrada em seus níveis de atividade. Evidentemente,
se as atividades de seus vários elementos ocorressem de forma perfeitamente
sincronizada, não haveria necessidade de se manterem recursos aplicados em
capital de giro. Por exemplo, se todas as vendas fossem realizadas à vista, não
existiriam investimentos em valores a receber. Da mesma forma, se fosse
verificado sincronização entre a produção e as vendas, isto é, se as atividades
ocorressem de maneira totalmente integrada, tornar-se-iam desnecessários
investimentos em estoques de produtos acabados.
12
Desta forma, pelo fato de as atividades de produção, venda e cobrança não
serem sincronizadas entre si, faz-se necessário o conhecimento integrado de suas
evoluções como forma de se dimensionar mais adequadamente o investimento
necessário em capital de giro e efetivar seu controle. O enfoque da área financeira
para a realização desta tarefa centra-se, basicamente, na procura da eficiência na
gestão de recursos, o que é feito através da maximização de seus custos.
O capital de giro pode ser segmentado em permanente e variável. O capital
de giro permanente refere-se ao volume mínimo de ativo circulante necessário
para manter a empresa em condições normais de funcionamento. O capital de giro
variável, por seu lado, é definido pelas necessidades adicionais e temporais de
recursos verificadas em determinados períodos e motivadas, principalmente, por
compras antecipadas de estoques, maior morosidade no recebimento de clientes,
recursos do disponível em trânsito, maiores vendas em certos meses do ano, etc.
Estas operações promovem variações temporais no circulante, e são, por isto,
denominadas de sazonais ou variáveis.
A administração do capital de giro diz respeito à administração das contas
dos ativos e passivos circulantes, e as inter-relações existentes entre elas. Sendo
assim, é fundamental identificar o nível adequado de estoques que a empresa
deve manter, seus investimentos em créditos a clientes, critérios de
gerenciamento do caixa e a estrutura dos passivos correntes, de forma
consistente com os objetivos da empresa, tendo por base a manutenção de
determinado nível de rentabilidade e liquidez.
13O Capital Circulante Líquido – CCL – é obtido pela diferença entre o Ativo
Circulante e o Passivo Circulante. Ele representa o volume de recursos de longo
prazo que se encontra financiando os ativos correntes.
Capital Circulante Líquido = Ativo Circulante – Passivo Circulante
Observe na ilustração que, do total de $35 aplicados no ativo circulante,
$20 são financiados por créditos de curto prazo (passivo circulante), e os $15
restantes, que representam o capital de giro líquido da empresa, são oriundos de
recursos de longo prazo (exigível a longo prazo e patrimônio líquido).
Em outras palavras, dos $80 captados a longo prazo, $65 estão aplicados
em ativos também de longo prazo (ativo permanente) e os $15 excedentes são
direcionados para financiar o capital de giro da empresa, denotando certa folga
financeira.
AC PC$35 $20 AC = Ativo Circulante
CCL { ELP AP = Ativo Permanente$30 PC = Passivo Circulante
ELP = Exigível a Longo PrazoAP PL = Patrimônio Líquido$65 PL
$50
14Uma empresa com CCL negativo, demonstra que os recursos de longo
prazo da empresa não são suficientes para cobrir suas aplicações de longo prazo,
devendo utilizar recursos do passivo circulante para tal fim. Ou seja, um CCL
negativo revela que a empresa está usando recursos passivos correntes para
financiar seus investimentos permanentes.
A folga financeira é negativa pela presença de exigibilidade de curto prazo
financiando aplicações com prazos de retornos maiores. Em outras palavras, parte
da dívida da empresa tem prazo de resgate menor que o retorno da aplicação
destes recursos.
Na figura acima, o CCL é de $40, indicando que $40 dos $130 aplicados em
ativo permanente são financiados por dívidas de curto prazo.
De outra maneira, observa-se que a empresa tem levantado $90 de
recursos de longo prazo (exigível e patrimônio líquido). No entanto, este montante
não é suficiente para cobrir suas aplicações permanentes de $130, sendo a
diferença de $40 coberta por obrigações correntes (passivo circulante).
PCAC $110$70
} CCL (negativo)ELP
AP $40$130 PL
$50
15
Esta situação de aperto de liquidez é, muitas vezes, uma decisão de
estrutura financeira da empresa, optando-se por uma preferência em relação ao
dilema risco-retorno. A posição de liquidez é decidida com base na estrutura que
melhor satisfaça às necessidades e aos objetivos da empresa. Por exemplo,
empresas com fluxos de caixa bastante previsíveis podem operar com capital
circulante líquido baixo ou, até mesmo, negativo, como costuma ser o caso de
companhias prestadoras de serviços públicos.
No entanto, para a maioria das empresas a presença de um CCL positivo é
básica a seus negócios, principalmente ao se constatar que as saídas de caixa
são eventos relativamente previsíveis, enquanto as entradas de caixa são
geralmente difíceis de se prever.
Também é adotado por algumas empresas o conceito de Capital de Giro
Próprio, que é apurado pela diferença entre o patrimônio líquido e o ativo
permanente mais o realizável a longo prazo. Esta medida de liquidez revela
basicamente os recursos próprios da empresa que estão financiando suas
atividades correntes. É um indicador limitado, notadamente por pretender
identificar a natureza dos recursos de longo prazo – próprios ou de terceiros – que
se encontram financiando as atividades circulantes.
Capital de Giro Próprio = Patrimônio Líquido – (Ativo Permanente + Realizável a
Longo Prazo)
16
As instituições financeiras e as empresas públicas prestadoras de serviços,
por exemplo, costumam operar com este indicador financeiro para avaliar sua
posição de liquidez. Admitem na apuração, implicitamente, que o patrimônio
líquido se encontra vinculado ao financiamento do ativo permanente, somente
ocorrendo capital de giro próprio positivo quando os recursos dos proprietários
excederem ao montante do investimento permanente. Com isso, a medida
financeira assume a identificação da origem dos recursos que sustentam o Capital
Circulante.
Capítulo II
Ciclo Operacional
Além da já comentada falta de sincronização temporal, o capital de giro
convive com duas outras importantes características: curta duração e rápida
conversão de seus elementos em outros do mesmo grupo, e a consequente
reconversão. É nítido nos ativos correntes a presença de um fluxo contínuo e
permanente de recursos entre seus vários elementos, estabelecendo forte inter-
relação no grupo e tornando seus valores bastante mutáveis. Por exemplo, o
disponível é reduzido por compras de estoques; os estoques por sua vez, são
transformados em vendas; se as vendas forem a vista, ocorre uma elevação do
disponível; se as vendas forem realizadas a prazo, a conta de valores a receber é
alterada, transformando-se em disponível quando do recebimento; e assim por
diante.
17
Uma boa administração do capital de giro envolve imprimir alta rotação
(giro) ao circulante, tornando mais dinâmico seu fluxo de operações. Este
incremento de atividade no capital de giro, proporciona, de forma favorável à
empresa, menor necessidade de imobilização de capital no ativo circulante e
conseqüente incentivo ao aumento da rentabilidade.
Na consecução de seus negócios, a empresa busca sistematicamente a
produção e venda de bens e serviços de maneira a produzir determinados
resultados para satisfazer às expectativas de retorno de suas várias fontes de
financiamento.
É no entendimento deste processo que se identifica, de forma natural e
repetitiva, o ciclo operacional da empresa, que se inicia na aquisição da matéria-
prima para a produção – caso de uma empresa industrial – e se finaliza no
recebimento pela venda do produto final. Em outras palavras, o ciclo operacional
incorpora seqüencialmente todas as fases operacionais presentes no processo
empresarial de produção-venda-recebimento.
Cada uma das fases operacionais retratadas apresenta determinada
duração. Assim, a compra de matérias-primas denota um prazo de estocagem; a
fabricação, o tempo que se despende para transformar os materiais em produtos
acabados; os produtos acabados, o prazo necessário à venda; e o recebimento, o
período de cobrança das vendas realizadas a prazo. Evidentemente, de acordo
com as características operacionais da empresa, uma ou mais dessas fases
18podem não existir. Por exemplo, se as vendas são realizadas somente a vista, o
prazo médio de cobrança é considerado nulo. Da mesma forma, empresas que
produzem somente sob encomenda não apresentam prazo de estocagem de
produtos acabados, e assim por diante.
A soma destes prazos operacionais indica o tempo médio decorrido desde
a compra de matéria-prima até o momento do recebimento do valor da venda.
Quanto mais longo se apresentar este período, maior será, evidentemente, a
necessidade de recursos para financiar o giro da empresa. Em verdade, o ciclo
operacional representa o intervalo de tempo em que não ocorrem ingressos de
recursos financeiros na empresa, demandando-se capital para financiá-lo.
O ciclo operacional varia em função do setor de atividade e das
características de atuação da empresa. Inúmeras empresas têm ciclo operacional
com prazo inferior a um ano; entende-se nestas situações, que o ciclo operacional
se repete várias vezes ao ano, evidenciando maior giro (rotação) para os
investimentos operacionais.
Outras empresas, como construtoras e determinadas atividades rurais,
costumam apresentar um ciclo operacional caracteristicamente mais longo,
exigindo a presença de volume maior de financiamento de capital de giro.
19Cada fase do ciclo operacional demanda, de forma crescente, certo
montante de recursos para financiar suas atividades, elevando-se estas
necessidades em consonância com a amplitude do ciclo operacional.
A estocagem de matérias-primas e as vendas a prazo são fases que podem
receber certa parcela de financiamento proveniente de créditos de compras a
prazo de fornecedores e de descontos de duplicatas. Para as demais fases
operacionais devem ser alocados recursos financeiros de outras origens.
As necessidades financeiras de cada fase operacional não são constantes
ao longo do tempo, apresentando incrementos em cada período pela absorção
dos dispêndios correspondentes. Por exemplo, se o investimento demandado no
período de estocagem das matérias-primas for menor que o verificado no período
de fabricação, em razão de serem agregados nesta fase os custos de produção.
Da mesma forma, a necessidade de financiamento cresce ainda mais durante os
prazos de vendas e cobrança pela presença de custos e despesas específicos.
Por outro lado, os financiamentos provenientes de fornecedores, por
exemplo, mantêm-se inalterados ao longo dos períodos, exigindo que a empresa
demande cada vez mais recursos à medida que avança em seu ciclo operacional.
Em verdade, os prazos de pagamentos em geral (assim como os descontos de
duplicatas) partem de determinado valor, não absorvendo nenhum dispêndio que
se foi verificando nas fases operacionais.
20É importante que se registre que a gestão de uma empresa é um processo
bastante dinâmico, requisitando um sistema de informações gerenciais objetivo e
intuitivo. Não é suficiente conhecer somente as durações das fases operacionais
da empresa para chegar-se a suas efetivas necessidades de financiamento e ao
montante ideal de capital de giro. A demanda por financiamento para capital de
giro precisa estar vinculada a algum parâmetro que a transforme, sempre que
necessário, em valores monetários.
Capítulo III
Conflito Risco-Retorno na Administração do Capital de Giro
Como regra geral, as decisões financeiras, incluindo aqui aquelas de capital
de giro, são baseadas na comparação entre o risco e o retorno.
Uma empresa pode decidir minimizar o montante de seus investimentos em
capital circulante como estratégia para reduzir seus custos.
Neste objetivo de cortar custos e promover maiores lucros, a unidade
decisória envolve-se com o dilema risco-retorno, cuja conciliação traz
normalmente conflitos ao processo decisório. É aceito que quanto maior o CCL
mantido por uma empresa, mais ampla é sua folga financeira e menor seu risco de
21insolvência, ou seja, apresenta-se bastante estreita a relação entre capital de giro,
folga financeira e insolvência.
É preciso não ignorar, por outro lado, que uma maior segurança mantida
por uma folga financeira crescente incorpora um custo de oportunidade mais
elevado para a empresa, pressionando negativamente seus resultados.
Para qualquer volume de atividade, quanto maior o montante de recursos
aplicados em ativos correntes menor tende a ser a rentabilidade oferecida pelo
investimento e, em contrapartida, menos arriscada se apresenta a política de
capital de giro adotada. Nesta situação, revela-se maior imobilização de capital em
giro (maior folga financeira), que promove retornos relativos inferiores àqueles
apurados ao optar-se por uma estrutura financeira de menor liquidez, com mais
reduzido volume de capital de giro.
De maneira inversa, um montante mais reduzido de CCL, ao mesmo tempo
em que sacrifica a margem de segurança da empresa elevando seu risco de
insolvência, contribui positivamente para a formação da rentabilidade do
investimento ao restringir o volume de fundos imobilizados em ativos de menor
rentabilidade.
Esta relação risco-retorno comporta-se de forma que nenhuma alteração na
liquidez ocorre sem que se promova, em sentido contrário, modificações na
rentabilidade. Assim, na definição do nível adequado de recursos a serem
22imobilizados em ativos correntes, a empresa deve levar em conta sua opção entre
risco e retorno.
A definição de nível ótimo de CCL passa necessariamente pelo dilema
risco-retorno, sendo avaliada pelas características de atuação da empresa, suas
expectativas futuras e grau de aversão ao risco.
Participações maiores de passivos circulantes costumam promover, ao
mesmo tempo, maior risco financeiro pela redução da liquidez e incremento no
retorno do investimento. Para uma situação de financiamento inversa, conflitam-se
uma liquidez crescente e uma rentabilidade decrescente.
Nesta posição de conflito, conclui-se que uma empresa não pode decidir
por uma posição de mais alta liquidez e rentabilidade simultaneamente, devendo
optar por um CCL que lhe proporcione um nível de segurança e rentabilidade
adequados aos padrões definidos pela relação risco/retorno.
3.1 Equilíbrio Financeiro
O entendimento de capital de giro insere-se no contexto das decisões
financeiras de curto prazo, envolvendo a administração de ativos e passivos
circulantes. Toda empresa precisa buscar um nível satisfatório de capital de giro
de maneira a garantir a sustentação de sua atividade operacional.
23
O conceito de equilíbrio financeiro de uma empresa é verificado quando
suas obrigações financeiras se encontram lastreadas em ativos com prazos de
conversão em caixas similares aos dos passivos. Em outras palavras, o equilíbrio
financeiro exige vinculação entre a liquidez dos ativos e os desembolsos
demandados pelos passivos.
Segundo este conceito, somente a presença de um CCL positivo não se
torna indicador, seguro de um equilíbrio financeiro. É necessário que se
identifiquem nos ativos circulantes as contas de longo prazo (permanentes) e as
variáveis (sazonais).
3.2 Indicadores de Liquidez
Um importante indicador de liquidez empresarial é o volume de CCL. Em
princípio, quanto maior for este valor, melhor será a posição de liquidez de curto
prazo da empresa, ou seja, maior se apresenta sua folga financeira.
É importante destacar que a avaliação da liquidez com base no valor do
CCL não é suficiente para conclusões mais definitivas, o que é explicado
principalmente por seu volume depender das características operacionais de
atuação da empresa (política de estocagem, prazo de produção e vendas, etc.),
das condições de seu setor de atividade e da sincronização entre pagamentos e
recebimentos.
24
Na prática é possível deparar com empresas que apresentam um CCL
baixo ou, eventualmente, negativo, mas que convivem com boa liquidez de caixa.
Ao contrário, também podem ser verificadas empresas com CCL mais elevado
mas que trabalham em situação de restrição de caixa (dificuldade financeira),
refletindo um nível desfavorável de sincronização entre os prazos de realização de
seus ativos e pagamentos de seus passivos circulantes.
Empresas de mesmo porte e setor de atividade podem ainda apresentar
volumes diferenciados do CCL em função de suas características operacionais
internas e de suas posturas perante o risco. Nestes casos, pode-se concluir, de
forma mais genérica e estritamente vinculada ao objetivo da liquidez, que aquela
empresa que apresentar maior CCL será a de maior folga financeira.
Deve ser acrescentado que o seu crescimento absoluto ou percentual do
CCL não fornece base totalmente adequada para conclusões a respeito de
liquidez de uma empresa. É importante que se trabalhe complementarmente com
índices financeiros de liquidez, que relacionam também valores correntes
compatíveis entre si.
A seguir, são identificados os principais índices de liquidez que medem,
através de relações entre valores afins, a folga financeira da empresa.
Liquidez imediata
25
Disponível / Passivo Circulante
Identifica a capacidade da empresa em saldar seus compromissos
correntes utilizando-se unicamente de seu saldo de disponível. Em outras
palavras, revela o percentual da dívidas correntes que podem ser liquidadas
imediatamente.
Liquidez Seca
Ativo Circulante – Estoques – Despesas Antecipadas / Passivo Circulante
Mede o percentual da dívidas de curto prazo em condições de serem
liquidadas mediante o uso de ativos monetários de maior liquidez (basicamente,
disponível e valores a receber).
Liquidez Corrente
Atico Circulante / Passivo Circulante
26Identifica para cada $1 de dívida de curto prazo, quanto a empresa mantém
em seu ativo circulante.
Por fim, é importante ratificar que o CCL por si só, não é um indicador
incontestável para se conhecer a situação de curto prazo de uma empresa, pois
engloba, sem qualquer ponderação, contas de giro com diferentes níveis de
liquidez.
Evidentemente, o nível de liquidez do caixa, é claramente diferente dos
estoques, das duplicatas a receber e das aplicações financeiras de curto prazo. E
é essa diferenciação de liquidez dentro do âmbito dos ativos correntes de uma
empresa que não se encontra devidamente tratada no cálculo da CCL.
Capítulo IV
Análise de Capital de Giro
Por meio da análise das demonstrações financeiras e do fluxo de caixa,
identificam-se a saúde, a capacidade de sobrevivência de uma empresa. São
várias as metodologias existentes para analisar a situação financeira da empresa.
Basicamente, pode-se dividi-las em análise estática e análise dinâmica.
27
4.1 Análise Financeira Estática ou Tradicional
Esse tipo de análise retrata a situação da empresa num determinado
instante, mostrando sua condição e capacidade de pagamentos. O instrumento
principal dessa forma de análise é o balanço patrimonial da empresa, donde se
extraem indicadores de liquidez e de estrutura patrimonial.
A análise fundamentalista tem por objetivo básico diminuir o risco nos
processos de tomada de decisão de investimentos em títulos das empresas.
Nessa análise podem-se focalizar o nível de risco da empresa e o valor econômico
que está vinculado à geração de caixa da empresa.
A análise financeira tradicional pode ser observada sob os seguintes
aspectos:
a) análise horizontal – correspondente ao estudo comparativo, em períodos
consecutivos, da evolução das contas que compõem as demonstrações
financeiras;
b) análise vertical – é feita sobre o passivo mais o patrimônio líquido e
corresponde ao estudo comparativo, ao longo do tempo, da composição
percentual dos principais conjuntos de contas;
28
c) análise de liquidez – corresponde à análise da capacidade da empresa de
pagar pontualmente seus compromissos de curto prazo mediante a realização de
seus ativos circulantes.
d) análise econômica – corresponde à verificação da saúde da empresa pelos
seguintes indicadores:
• rentabilidade do capital próprio: indica o retorno em períodos ou a
rentabilidade percentual dos recursos dos acionistas utilizados pela
empresa.
• Rentabilidade do ativo total: mede a rentabilidade de todos os recursos
utilizados pela empresa;
• margem operacional: mede a relação entre o lucro operacional e a receita
operacional líquida
Existem cinco forças competitivas no mercado que influenciam o desempenho
de uma empresa, são elas: bens substitutos; novos competidores; pressão dos
clientes; aumento da rivalidade competitiva; pressão dos fornecedores.
4.2 Análise Financeira Dinâmica ou Moderna
29A análise dinâmica deriva de uma crítica à análise financeira estática ou
tradicional, baseada em índices de rentabilidade e de liquidez, pois estes últimos
pressupõem que as obrigações de curto prazo serão sanadas com a realização de
todo o ativo circulante. Isso somente seria possível com o fechamento da
empresa. O que ocorre normalmente é a substituição de um ativo por outro, assim
que ele é baixado.
A análise financeira dinâmica considera a empresa funcionando
normalmente, sendo sua capacidade financeira função de diversos fatores de
ordem operacional e das decisões estratégicas tomadas pela administração. A
análise dinâmica aborda o risco financeiro das empresas. Trata-se de um modelo
integrado de análise que procura explicar as causas das modificações ocorridas
na situação financeira de uma companhia. Nessa análise trabalha-se três níveis:
a) nível operacional, relacionado com o negócio da empresa;
b) nível tático, relacionado com o curto prazo, geralmente contas de tesouraria;
c) nível estratégico, relacionado com a alta administração da empresa.
Por exemplo, na antiga classificação contábil, para efeito de análise,
considerava-se que algumas contas dos ativos eram realizáveis, como a conta de
30clientes e de estoques. Isto é correto na análise de solvência das empresas, mas
incorreto na análise de liquidez.
As datas de recebimento de direitos e de cumprimento das obrigações
podem estar descasadas, acarretando sérios problemas de liquidez. Além disso, a
liquidação do estoque, caso ele exista, provavelmente será efetuada por um valor
abaixo do preço do mercado.
Na verdade, a conta estoques não deve ser tida como passível de
liquidação total, pois subentende-se que o nível de estoque seja constantemente
reposto para dar continuidade aos negócios da empresa.
Por tratar-se de uma análise dinâmica, os principais indicadores são as
seguintes medidas de prazos médios: vendas, estoques, pagamento a
fornecedores e recolhimento de obrigações fiscais, discriminadas a seguir:
• Prazo médio de recebimento de vendas (PMRV): representa quanto tempo,
em média, a empresa leva para receber por suas vendas. Obtém-se essa
medida pela divisão do saldo da conta duplicatas a receber pelo volume
médio de vendas diárias. O giro de vendas é obtido pela divisão de vendas
brutas pelo saldo médio da conta duplicatas a receber (ou conta clientes)
• Prazo médio de estoques (PME): mostra quanto tempo, em média, o
estoque fica parado na empresa, aguardando até ser vendido. Quanto
maior o tempo, maior o gasto para sua manutenção, devido ao custo do
31espaço de armazenagem, ao custo de oportunidade de seu valor financeiro,
que deixa de ser aplicado, à possível deterioração e a diversos outros
fatores relacionados a cada tipo de material estocado.
• Prazo médio de pagamento a fornecedores (PMPF): representa quanto
tempo, em média, a empresa leva para pagar seus fornecedores e é
calculado pela relação entre o total das compras efetuadas, ou custo de
mercadorias vendidas (CMV), e o saldo médio de contas a pagar (ou conta
fornecedores).
• Prazo médio de recolhimento de obrigações fiscais (PMOF): mostra o
tempo médio que a empresa tem para pagar seus tributos referentes às
vendas efetuadas. É uma importante medida que auxilia na comparação
com prazo de recebimento das vendas e prazo de pagamento aos
fornecedores.
Além dos indicadores de prazos médios e giros, existem os indicadores
específicos de avaliação do capital de giro que são a base da análise dinâmica:
CDG = capital de giro; NCG = necessidade de capital de giro; e ST = saldo de
tesouraria.
4.3 Capital de Giro
Um indicador estático de verificação do capital de giro de uma empresa é a
diferença simples entre ativo circulante e passivo circulante. Indicador semelhante
ao ILC = AC/PC.
32A administração do capital de giro (ou capital circulante líquido) é uma
grandeza complexa e fundamental no julgamento da situação de equilíbrio ou
desequilíbrio financeiro de uma empresa.
Uma empresa está em equilíbrio financeiro quando seu gerenciamento
produz fluxos financeiros de entrada, dimensionados e distribuídos ao longo do
tempo, de tal forma que permitam saldar as necessidades financeiras dos fluxos
de saída.
Existem empresas que possuem equilíbrio econômico, ou seja, suas
receitas são superiores às despesas mas apresentam grave desequilíbrio
financeiro, correspondente a desequilíbrios nas datas de entrada e saída dos
fluxos financeiros, levando à contratação de empréstimos ou até à insolvência de
curto prazo.
A análise financeira dinâmica permite uma administração do capital de giro
através do gerenciamento de liquidez, dos créditos de clientes, dos estoques e
das diversas formas de passivo de curto prazo.
O capital de giro também pode ser medido pela diferença entre os passivos
e os ativos não-circulantes da empresa. Quando é positiva (CDG > 0), essa
diferença significa que os financiamentos tomados pela empresa atenderão o ativo
permanente (imobilizado) e ainda sobrarão recursos para financiar o giro da
empresa no curto prazo. Quando é negativa (CDG < 0), significa que a empresa
33financia parte de suas imobilizações com fundos de curto prazo, o que representa
um perigo, pois ela terá de pagar um empréstimo de curto prazo com recursos
provenientes no longo prazo.
A decisão do administrador na composição do ativo e do passivo circulante
influencia diretamente a relação (ou dela é decorrente) entre o risco a assumir e o
retorno esperado. Caso decida aplicar grande parte dos recursos em ativo de alta
liquidez, como caixa, bancos e títulos de liquidez imediata, a empresa terá optado
por menor risco e conseqüentemente menor rentabilidade.
A opção por maior rentabilidade leva o administrador a direcionar seus
recursos para ativos menos líquidos, investindo em estoques, duplicatas a receber
ou ativos permanentes, que proporcionarão maiores retornos em prazos mais
longos com contrapartida ao aumento do risco de liquidez.
Por lucratividade entenda-se a capacidade de gerar resultados líquidos
positivos por meio de aumento das receitas ou redução de custos, e por risco, a
probabilidade de a empresa tornar-se incapaz de pagar seus compromissos em
dia.
Os financiamentos dos ativos da empresa se faz por meio de dívidas de
curto prazo (passivo circulante) e fontes permanentes (exigível de curto e de longo
prazos). Dentro do passivo circulante existem os chamados créditos naturais:
34fornecedores, salários a pagar, encargos sociais e obrigações fiscais, que são
fontes não-dispendiosas.
No passivo circulante, apenas os empréstimos de curto prazo e as
duplicatas descontadas têm custos financeiros.
4.4 Necessidade de Capital de Giro
A necessidade de capital de giro (NCG), também conhecida como
investimento operacional em giro (IOG) ou working investment (WI), é função da
atividade da empresa e varia com as vendas e com o ciclo financeiro.
A NCG é a diferença entre os ativos e os passivos circulantes cíclicos, de
origem estritamente operacional, também chamados de ativos e passivos
circulantes operacionais. A NCG é muito sensível às modificações no ambiente
econômico em que a empresa opera.
Quando a necessidade de capital de giro é positiva (NCG>0), os ativos
circulantes operacionais são maiores que os passivos circulantes operacionais, ou
seja, a empresa necessitará de recursos de fonte extra para ajudar a financiar
suas operações por um determinado período.
35Um bom exemplo de empresas com necessidade de capital de giro
negativa (NCG<0) são os supermercados e as empresas de transporte coletivo,
que dispõem de recursos mediante a venda de seus produtos praticamente à
vista, ou seja, antes de terem que pagar aos fornecedores.
Para se calcular a NCG através do saldo das contas do Balanço Patrimonial
de uma empresa, faz-se o seguinte cálculo:
NCG = “valor” das contas a receber + “valor” em estoque - “valor” das contas a
pagar.
Assim, a NCG mostrará qual é o capital de giro mínimo que a empresa
precisa ter para, através da rotação do seu ativo circulante, poder gerar recursos
suficientes para pagar suas dívidas de curto prazo sem precisar recorrer a
empréstimos onerosos de curto prazo. Essa rotação é decorrente do ciclo
operacional de produção da empresa, em comparação com seu ciclo financeiro.
A política de administração do capital de giro da empresa passa pela gestão
de quatro fatores principais: vendas, política de estoques, prazos concedidos e
prazos recebidos. A equação desses fatores determina a necessidade de capital
de giro.
36A NCG aumenta quando as vendas aumentam e vice-versa, com variações
diretamente proporcionais. A NCG aumenta quando a empresa concede maiores
prazos a seus clientes e diminui quando ela recebe menores prazos de seus
fornecedores.
Quanto aos estoques, um acúmulo maior de estoques aumenta a NCG,
dada a imobilização temporária de recursos nesses estoques.
São exemplos de transações que aumentam o capital de giro:
• lucro líquido no exercício;
• tomada de empréstimo a longo prazo;
• integralização de capital pelos acionistas;
• transformação de realizável a longo prazo em ativo circulante;
• vendas de bens do ativo permanente (à vista ou a curto prazo).
São exemplos de transações que reduzem o capital de giro:
• prejuízo no exercício;
• aquisição de bens para o ativo permanente (à vista ou pagamento a curto
prazo);
• fornecimento de empréstimo a longo prazo;
• resgate de dívida a longo prazo;
37• pagamentos de dividendos;
• aplicação de recursos no ativo diferido.
São exemplos de transações que não alteram o capital de giro:
• compra de mercadorias à vista ou a prazo;
• conversão de uma dívida de longo prazo em outra de longo prazo;
• recebimento de duplicatas a receber a curto prazo;
• venda de bens do ativo permanente recebível a longo prazo;
• conversão de empréstimos de longo prazo em capital;
• integralização de capital em bens do ativo permanente;
• aquisição de bens do ativo permanente, pagáveis a longo prazo;
• venda de estoques de produtos acabados à vista ou a curto prazo.
4.5 Saldo de tesouraria
O saldo de tesouraria (ST) pode ser mensurado pela diferença entre os
ativos e os passivos circulantes de origem estritamente financeira, ou seja, contas
erráticas do ativo menos contas erráticas do passivo. Pode ser também calculado
pela diferença entre o capital de giro (CDG) e a necessidade de capital de giro
(NCG): ST = CDG – NCD
38Quando o saldo de tesouraria é positivo (ST>0), significa que a empresa
dispõe de fundos de curto prazo que podem ser aplicados quer no mercado
financeiro, ampliando a margem de segurança financeira, quer no próprio negócio,
expandindo sua atividade.
O fato de a empresa apresentar um saldo de tesouraria muito elevado por
um longo período não significa uma condição excelente; ao contrário, pode
significar que ela está deixando de fazer investimentos internos necessários ao
seu crescimento.
Tomando-se essas três variáveis, CDG, NCG e ST é possível definir o perfil
conjuntural e estrutural das empresas, observando a política financeira adotada e
o próprio negócio da empresa.
Um excelente indicador, que funciona como um termômetro da saúde
financeira da empresa, é a relação entre NCG e volume de vendas (NCG/vendas).
Se o resultado dessa relação está subindo com o passar do tempo, isso deve
servir de alerta ao administrador para que examine onde poderá efetuar mudanças
para evitar estrangulamentos futuros de caixa. Note que esse indicador pode ser
crescente mesmo com o aumento das vendas.
É importante fazer essa análise ao longo do tempo, identificando a
tendência da necessidade de capital de giro da empresa e também o chamado
efeito tesoura, situação na qual a necessidade de capital de giro aumenta
39proporcionalmente mais que a própria disponibilidade do capital de giro, sinal de
que é preciso interferir urgentemente no processo de gestão.
Conclusão
O acompanhamento das atividades gerenciais na área financeira das
empresas, tem se tornado estratégico para o desenvolvimento constante. A
administração do capital de giro é um componente vital para a saúde dos negócios
e, também, essenciais ao crescimento e a continuidade das operações.
O capital de giro está sujeito a exposições e riscos vindos de diversas
áreas, como, contas a receber, contas a pagar, gerenciamento de estoque, caixa,
etc. Em cada uma dessas áreas encontramos diferentes desafios no que tange ao
alcance da liquidez necessária, para arcar com seus compromissos e possibilitar o
seu crescimento.
Neste trabalho, podemos ver que o capital de giro pode ser segmentado em
fixo ou permanente e, variável ou sazonal.
São observados as possibilidades do capital circulante líquido ser positivo
ou negativo e suas respectivas conseqüências.
40Verificamos que cada empresa, em particular, tem o seu ciclo operacional,
variando em função do setor da atividade e das características de atuação da
empresa, de acordo com seu processo natural e repetitivo, desde a compra de
matéria-prima (no caso de uma empresa industrial) até o recebimento pela venda
do seu produto final.
Expomos o conflito risco-retorno, concluindo que uma empresa não pode
decidir por uma posição de mais alta liquidez e rentabilidade simultaneamente,
devendo optar por um CCL que lhe proporcione um nível de segurança e
rentabilidade adequados aos padrões definidos pela relação risco/retorno.
O equilíbrio financeiro exige vinculação entre a liquidez dos ativos e os
desembolsos demandados pelos passivos e somente a presença de um CCL
positivo não se torna indicador, seguro de um equilíbrio financeiro
São apresentados os indicadores de liquidez utilizados na análise de capital
de giro, que por sua vez entre várias metodologias existentes para analisar a
situação financeira de uma empresa, pode ser dividida em análise estática e
dinâmica.
A análise financeira tradicional pode ser observada pelo aspecto da análise
horizontal, análise vertical e análise de liquidez. E a análise financeira dinâmica ou
moderna trabalha-se nos níveis: operacional, tático e estratégico.
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Bibliografia
1. ASSAF NETO, Alexandre, SILVA, César Augusto Tibúrcio. Administração
do Capital de Giro. 2a. Edição. São Paulo: Atlas, 1997.
2. ABREU FILHO, José Carlos Franco, SOUZA, Cristóvão Pereira de ,
GONÇALVES, Danilo Amerio, CURY, Marcus Vinícius Quintela. FGV
Editora.
3. www.sebrae.com.br
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Instituto A Vez do Mestre
Título da Monografia: Administração do Capital de Giro
Autor: Ingrid Xavier dos Santos
Data da entrega: 23/02/2010
Avaliado por: Conceito: