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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
“EDUCAÇÃO INFANTIL E DESENVOLVIMENTO”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A MÚSICA COMO MEDIADOR DO DESENVOLVIMENTO DA
CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Por: Edméa Maria de Freitas Gomes
Orientador
Prof.
Niterói
2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
“EDUCAÇÃO INFANTIL E DESENVOLVIMENTO”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A MÚSICA COMO MEDIADOR DO DESENVOLVIMENTO DA
CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Apresentação de monografia à
Universidade Cândido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau
de especialista em Pós – Graduação
“Lato Sensu” em Educação Infantil e
Desenvolvimento.
Por: Edméa Maria de Freitas Gomes
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AGRADECIMENTOS
Agradeço ao mestre dos Mestres,
Jesus e a Deus nosso Pai Maior, pela
oportunidade de chegar ao final do
curso, dado-me força para superar as
dificuldades e seguir em frente.
Agradeço ao meu esposo, pela
compreensão e paciência em suportar
minha ausência em alguns momentos,
para que eu pudesse estudar. E que
me ajudou a não desistir no meio do
caminho.
Agradeço aos meus filhos pelo
estímulo e incentivo de continuar a
jornada até o fim e por acreditarem na
minha capacidade.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todos os
profissionais da área de Educação
Infantil, que acreditam na importância
do trabalho de “Educar” essas
criaturinhas tão maravilhosas e ao
mesmo tempo tão misteriosas que é o
“ser criança.”
E principalmente, que acreditam no
valor que a música possui em auxiliar o
desenvolvimento infantil.
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RESUMO
Este trabalho, tem como proposta mostrar a importância da
música como mediador no desenvolvimento da Aprendizagem na Educação
Infantil .
A música tem papel fundamental no desenvolvimento e na
formação do ser humano desde a sua gestação embrionária.
É preciso resgatar o trabalho de musicalização na Educação
Infantil, ainda bastante esquecido.
Através da música os educadores terão oportunidade de
desenvolver seus alunos de forma plena e global, de maneira agradável e
prazeirosa.
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METODOLOGIA
Os métodos utilizados para a realização deste projeto
foram leituras de livros, sites, artigos de revistas, textos e aulas acompanhadas
durante o período desta pós-graduação, buscando assim identificar, descrever
e analisar a utilização do Desenvolvimento da criança na Educação Infantil.
A fundamentação teórica está baseada em alguns autores,
experiências, pesquisas e estudos sobre a Música e a Educação Infantil.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I - A Música na Educação Infantil
CAPÍTULO II - A volta da Música na escola CAPÍTULO III- Os Brinquedos Sonoros como complemento no trabalho com canções CONCLUSÃO BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ÍNDICE
FOLHA DE AVALIAÇÃO
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INTRODUÇÃO
Este trabalho traz uma ampla visão da importância da música
como mediador do desenvolvimento infantil. A conscientização desta
importância cabe ao profissional, que se torna peça importante para a
realização deste trabalho.
A educação deve ser vista como um processo global, progressivo
e permanente, que necessita de diversas formas de estudo para seu
aperfeiçoamento, pois em qualquer meio terá sempre diferenças individuais,
diversidade das condições ambientais que são originárias dos alunos e que
necessitam de um tratamento diferenciado. Para isto deve-se desencadear
atividades que contribuam para o desenvolvimento da inteligência e
pensamento crítico do educando, pois a música torna-se uma fonte para a
transformar o ato de aprender em atitude prazerosa no cotidiano do professor
e do aluno.
A criança precisa ser sensibilizada para o mundo dos sons, pois,
é pelo órgão da audição que ela possui o contato com os fenômenos sonoros e
com o som. Quanto maior for a sensibilidade da criança para o som, mais ela
descobrirá as suas qualidades. Portanto é muito importante exercitá-la desde
muito pequena, pois esse treino irá desenvolver sua memória e atenção.
“A música é um importante fator na
aprendizagem, pois a criança desde
pequena já ouve música, a qual muitas
vezes é cantada pela mãe ao dormir,
conhecida como ‘cantiga de ninar.
Na aprendizagem a música é muito
importante, pois o aluno convive com
ela desde muito pequeno. A música
9
quando bem trabalhada desenvolve o
raciocínio, criatividade e outros dons e
aptidões, por isso, deve-se aproveitar
esta tão rica atividade educacional
dentro das salas de aula. A música e a
dança atuam no corpo e desperta
emoções, neste sentido ela equilibra o
metabolismo, interfere na receptividade
sensorial e minimiza os efeitos de
fadiga ou leva a excitação do aluno.”
FARIA (2001)
Para STABILE citado por ESTEVÃO (2002, p. 34) “a música e a
dança permitem a expressão pelo gesto e pelo movimento, que traz satisfação
e alegria. A criança aprende e se desenvolver através dela”.
A escola, enquanto espaço institucional para transmissão de
conhecimentos socialmente construídos, pode se ocupar em promover a
aproximação das crianças com outras propriedades da música que não
aquelas reconhecidas por elas na sua relação espontânea com a mesma.
Cabe aos professores criar situações de aprendizagem nas quais
as crianças possam estar em relação com um número variado de produções
musicais não apenas vinculadas ao seu ambiente sonoro, mas se possível
também de origens diversas, como, de outras famílias, de outras comunidades,
de outras culturas de diferentes qualidades: folclore, música popular, música
erudita e outros.
As atividades musicais nas escolas devem partir do que as
crianças já conhecem, desta forma, se desenvolve dentro das condições e
possibilidades de trabalho de cada professor.
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FARIA (2001, p. 4), “A música passa uma mensagem e revela a
forma de vida mais nobre, a qual, a humanidade almeja, ela demonstra
emoção, não ocorrendo apenas no inconsciente, mas toma conta das pessoas,
envolvendo-as trazendo lucidez à consciência”.
A criança aprende a gostar de um som e em seguida consegue
reproduzi-lo e a criar novos sons, quando ela desenvolve a apreciação
sensorial. Através da música o ser humano é capaz de equilibrar-se, fazendo
com que melhore seu padrão mental, harmonizando pensamentos,
sentimentos entre outros. A música também é capaz de interferir no corpo do
ser humano: diretamente, com o efeito do som sobre as células e os órgãos, e
indiretamente, influenciando as emoções, que atingem vários processos
corporais de tensão e relaxamento em diversas partes do corpo
“A música é um elemento de
fundamental importância, pois
movimenta, mobiliza e por isso
contribui para a transformação e o
desenvolvimento. A música não
substitui o restante da educação, ela
tem como função atingir o ser humano
em sua totalidade. A educação tem
como meta desenvolver em cada
indivíduo toda a perfeição de que é
capaz. Porém, sem a utilização da
música não é possível atingir a esta
meta, pois nenhuma outra atividade
consegue levar o indivíduo a agir. A
música atinge a motricidade e a
sensorialidade por meio do ritmo e do
som, e por meio da melodia, atinge a
afetividade.” GAINZA (1988)
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É necessário que os professores se reconheçam como sujeitos
mediadores de cultura dentro do processo educativo e que levem em conta a
importância do aprendizado das artes no desenvolvimento e formação das
crianças como indivíduos produtores e reprodutores de cultura.
Só assim poderão procurar e reconhecer todos os meios que têm
em mãos para criar, à sua maneira, situações de aprendizagem que dêem
condições às crianças de construir conhecimento sobre música e dança.
A música é um instrumento facilitador do processo de ensino
aprendizagem, portanto deve ser possibilitado e incentivado o seu uso em sala
de aula.
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CAPÍTULO I
A Música na Educação Infantil
“Aquilo que governa o coração, forma a arte.”
Wolfgang H. M. Stefani
A música faz parte de nossa vida desde que estamos no ventre
materno. Ouvimos e reagimos a ela.
A música está presente mas mais diversas situações da vida
diária, o que leva as crianças a entrar um contato com a cultura musical. Já
nos seus primeiros anos de vida. Por isso, desde muito cedo, um processo de
musicalização se desenvolve nas crianças, ainda que de maneira espontânea
e intuítiva. Antes mesmo da criança começar a falar, a criança já é capaz de
cantarolar e até entoar melodias simples.
“Os estímulos sonoros do ambiente
que nos cerca são intensos e criança,
desde seus primeiros anos de vida, já
reage a eles mediante a balbucios,
gritos e movimentos corporais: é o
modo de ela se manifestar diante dos
sons; ela houve, capta a sua direção e
identifica as vozes das pessoas. Ela
penetra progressivamente no mundo
dos sons e, quanto mais adequados
forem os estímulos, melhor ela captará
o ambiente que a rodeia.” NICOLAU
(1.987, p. 162)
13
O contato da criança com a música constitui portanto, o ponto de
partida para o desenvolvimento da musicalização escolar. Além disso, o
exercício da expressão musical cumpre um importante papel no
desenvolvimento infantil, pois contribui para o despertar do modo de perceber,
sentir, pensar e expressar, atuando tanto na esfera cognitiva quanto na esfera
afetiva e estética das crianças.
O trabalho com a musicalização deve se valer do imenso e rico
universo infantil, no qual se destacam jogos e brincadeiras musicais,
parlendas, cantigas de roda, cantigas de ninar, canções populares, etc.
“A música como sempre esteve
presente na vida dos seres humanos,
ela também sempre está presente na
escola para dar vida ao ambiente
escolar e favorecer a socialização dos
alunos, além de despertar neles o
senso de criação e recreação”. FARIA
(2001, p. 24), A música, fator
importante na aprendizagem. Assis
Chateaubriand – Pr, 2001. 40f.
Monografia (Especialização em
Psicopedagogia)
O importante durante esse processo é considerar toda a
possibilidade que a criança possui de experimentar, improvisar e criar. Assim,
a educação musical estará realmente cumprindo o seu devido papel que é o de
contribuir para a formação integral da criança.
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É importante ressaltar que o trabalho com a musicalização na
educação infantil não deve ficar restrito apenas à realização de atividades de
reprodução e imitação.
O mais importante desafio ao trabalhar com a musicalização é o
de promover atividades voltadas à elaboração musical, sobretudo por meio de
exercícios criativos da improvisação e da criação, aspectos tão marcantes
nessa idade.
Na escola, a música não deve ser imposta: é solicitação natural
da própria criança, que gosta de cantar, tocar e marcar o ritmo com as mãos,
com os pés, com os dedos, com os utensílios e outros objetos.
É a música que reúne a sensibilidade, o conhecimento e a ação.
A música na educação infantil é um meio de comunicação mais
fácil para conquistar, expressar e aproximar, além de ajudar na construção do
desenvolvimento, na desinibição e medo, abrindo possibilidades de exploração
e descoberta.
É também através da música que a criança pode expressar os
sentimentos e emoções, desenvolver o senso artístico e crítico, despertando
na criança, grande satisfação, uma vez que, está envolvida pelo aspecto lúdico
e desafiador.
A música pode contribuir bastante para que ela se relacione com
o mundo e seus semelhantes, expressando seus sentimentos e demonstrando
como percebe seu meio.
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“A música é uma linguagem expressiva
e as canções são vínculos de emoções
e sentimentos e podem fazer com que
a criança reconheça nelas seu próprio
sentir” (ROSA, 1990, p.19) ROSA,
Nereide S. Santana. Educação musical
para pré-escola. São Paulo: Ática,
1990.
O professor pode trabalhar a música em todas as áreas da
educação, favorecendo a linguagem motora, o raciocínio, a memorização e a
atenção. O simples ato de cantar propiciará esse desenvolvimento na criança.
A música tem papel fundamental no desenvolvimento e na
formação do ser humano.
Estudiosos como Piaget e Jean Jacques Rousseau, ressaltam a
importância da música na construção do conhecimento.
As crianças são atraídas pelo que lhes dá prazer, lhes causa
excitação, e a escola precisa, por meio desse eixo, atrair constantemente o
educando para o mundo escolar e criar métodos que causem neles esse
impacto para que a aprendizagem se concretize.
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1.1A contribuição da Música para o Desenvolvimento Infantil
Através da música a criança pode expressar idéias e sentimentos.
Desde muito cedo, a música adquire grande importância na vida de uma
criança.
Você com certeza deve lembrar-se de alguma música que tenha
marcado sua infância e, junto com essa lembrança, deve recordar as
sensações que acompanharam tal execução.
Além das sensações, através da experiência musical são
desenvolvidas capacidades importantes durante o crescimento infantil.
Em condições normais, os órgãos responsáveis pela audição
começam a se desenvolver no período de gestação e somente por volta dos
onze anos de idade é que o sistema funcional auditivo fica completamente
maduro, por isso a estimulação auditiva na infância tem papel fundamental.
Sabe-se que os bebês reagem a sons dentro do útero materno e que a música,
desde que aproximadamente escolhida, pode acalmar os recém-nascidos.
É importante ressaltar que não é apenas a música tocada através
de um aparelho, mas também o contato estabelecido entre a mãe e o bebê.
Assim, cantar, murmurar ou assobiar fornecem elementos sonoros e também
afetivos, através da intensidade do som, inflexão da vez, entonação, contato
visual e contato corporal, que serão importantes para evolução do bebê no
sentido auditivo, lingüístico, emocional e cognitivo.
Isso também ocorre durante o desenvolvimento infantil, pois através da
música e de suas características peculiares, tais como ritmos variados e
estrutura de texto diferenciado, muitas vezes com utilização de rimas, a criança
vai desenvolvendo aspectos de sua percepção auditiva, que serão importantes
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para a evolução geral de sua comunicação favorecendo também a sua
integração social.
Nicolau (1987, p 162), ressalta neste sentido que:
(...) cabe a Educação Musical, propor o
que fazer para desenvolver a
linguagem sonora musical. Para isso,
coloca à disposição das pessoas,
atividades apoiadas na expressão
corporal e na oralidade, atividade que
envolve o som e o ritmo, estimulando a
discriminação auditiva, o senso rítmico
e a expressão vocal.
A música na Educação Infantil é muito mais abrangente. O ser
humano possui um potencial que é determinado pelo genes de cada pessoa,
porém é necessário criar estímulo para que essa inteligência seja despertada,
e é justamente aí que entra a música. O estímulo sonoro aumenta as
conexões entre os neurônios e, de acordo com cientistas de todo o mundo,
quanto maior a conexão entre os neurônios, mais brilhante será o ser humano.
Quando os neurônios dos bebês são estimulados por sons ainda
no útero materno, são muitos, incluindo as conversas que a gestante mantém
com o filho, os cantos que ela entoa quando acaricia a barriga, além de outros,
incluindo a música propriamente dita.
A música na Educação Infantil é muito mais abrangente do que
se supõe. O ser humano possui um potencial que é determinado pelos genes
de cada pessoa, porém é necessário criar estímulos para que essa inteligência
seja despertada, e é nesse momento que contamos com a música.
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O estímulo sonoro aumenta as conexões entre os neurônios e,
cientistas afirmam que, quanto maior a conexão entre neurônios, mais
brilhante será o ser humano.
Os neurônios dos bebês são estimulados por sons da fala da
mãe, ainda dentro do útero materno. Incluímos também os cantos e carícias na
barriga durante a gestação.
Durante a concepção do bebê, ele experimenta vários estímulos
que contribuem no desenvolvimento do seu cérebro.
O psicopedagogo João Beauclair conclui dizendo:
“a linguagem musical é herança
cultural de toda a história da
humanidade e deve ser aproveitada,
cada vez mais, na escola de educação
infantil e na educação como um
todo.Além de auxiliar na melhoria de
nossas capacidades de memorização e
raciocínio, vários profissionais da área
de Psicopedagogia Clínica utilizam
recursos musicais para trabalharem
com crianças que estejam
apresentando dificuldades de
aprendizagem.”
É necessário que o educador conheça o contexto cultural e
musical em que a criança está inserida, para que ele possa apresentar
atividades relacionadas a novas descobertas e novas formas de expressão.
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Através do canto, as crianças desenvolvem a concentração
memorização, consciência corporal e coordenação motora, pois ao cantar,
quase sempre a criança desperta o desejo de mexer com o corpo para
acompanhar o ritmo, criando assim outras formas de expressão corporal.
O educador deve procurar oferecer atividades variadas de
experiência musical, para que a criança perceba os diferentes estilos musicais,
linguagens, velocidades e ritmos, proporcionando um trabalho de atenção e
discriminação auditiva, permitindo que ela faça escolhas e sugira repetições, o
que ocorre com freqüência com as crianças, como forma de aprendizagem.
Na linguagem percebemos a possibilidade de estimular a criança
a ampliar seu vocabulário, uma vez que, através da música, ela se sente
motivada a descobrir o significado de novas palavras que depois incorpora a
seu repertorio, não só à linguagem falada, mas também à escrita, na medida
em que boa percepção, bom vocabulário e conhecimento de estruturas de
texto são elementos importantes para ser bom leitor e bom escritor.
Por seu poder criador e libertador, a música torna-se um
poderoso recurso educativo a ser utilizado na Educação Infantil. É necessário
que a criança seja habituada a expressar-se musicalmente desde os primeiros
anos de sua vida, para que a música venha a se constituir em peça
fundamental de seu desenvolvimento.
A música representa uma importante fonte de estímulos,
equilíbrio e felicidade para a criança. Assim, na Educação Infantil os fatos
musicais devem induzir ações, comportamentos motores e gestuais,
inseparáveis da educação perceptiva.
Gainza (1988) afirma que as atividades musicais na escola
podem ter objetivos profiláticos. Nos seguintes aspectos:
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FÍSICOà oferecendo atividades capazes de promover o alívio de
tensões devidas à instabilidade emocional e fadiga;
PSÍQUICOà promovendo processos de expressão, comunicação
e descarga emocional através do estímulo musical e sonoro;
MENTALà proporcionando situações que possam contribuir para
estimular e desenvolver o sentido da ordem, harmonia, organização e
compreensão.
A música é concebida como um universo que conjuga expressão
de sentimentos, idéias, valores culturais, além de facilitar a comunicação do
indivíduo consigo mesmo e com o meio em que vive.
Com a música na educação infantil a criança irá também
desenvolver a percepção, a memória e a inteligência, relacionando-se ainda
com habilidades lingüísticas e lógico-matemático ao desenvolver
procedimentos que ajudam o educando a se reconhecer e a se orientar melhor
no mundo.
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1.2A música e o desenvolvimento da criança
Para Bréscia (2003) a musicalização é um processo de
conhecimento, que tem como objetivo despertar e desenvolver o gosto
musical, favorecendo o desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, senso
rítmico, do prazer de ouvir música, da imaginação, memória, concentração,
atenção, auto-disciplina, do respeito ao próximo, da socialização e afetividade,
também contribuindo para uma efetiva consciência corporal e de
movimentação.
As atividades de musicalização permitem que a criança conheça
melhor a si mesma, desenvolvendo sua noção de esquema corporal, e
também permitem a comunicação com o outro. Weigel (1988) e Barreto (
2000) afirmam que atividades podem contribuir de maneira indelével como
reforço no desenvolvimento cognitivo/lingüístico, psicomotor e sócio-afetivo da
criança, da seguinte forma:
Desenvolvimento cognitivo/lingüístico
à a fonte de conhecimento da criança são as situações que ela
tem oportunidade de experimentar em seu dia a dia. Dessa forma, quanto
maior a riqueza de estímulos que ela receber melhor será seu desenvolvimento
intelectual. Nesse sentido, as experiências rítmico musicais que permitem uma
participação ativa (vendo, ouvindo, tocando) favorecem o desenvolvimento dos
sentidos das crianças. Ao trabalhar com os sons ela desenvolve sua acuidade
auditiva; ao acompanhar gestos ou dançar ela está trabalhando a coordenação
motora e a atenção; ao cantar ou imitar sons ela está descobrindo suas
capacidades e estabelecendo relações com o ambiente em que vive.
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Desenvolvimento psicomotor
à as atividades musicais oferecem inúmeras oportunidades para
que a criança aprimore sua habilidade motora, aprenda a controlar seus
músculos e mova-se com desenvoltura. O ritmo tem um papel importante na
formação e equilíbrio do sistema nervoso. Isto porque toda expressão musical
ativa age sobre a mente, favorecendo a descarga emocional, a reação motora
e aliviando as tensões. Qualquer movimento adaptado a um ritmo é resultado
de um conjunto completo (e complexo) de atividades coordenadas. Por isso
atividades como cantar fazendo gestos, dançar, bater palmas, pés, são
experiências importantes para a criança, pois elas permitem que se desenvolva
o senso rítmico, a coordenação motora, fatores importantes também para o
processo de aquisição da leitura e da escrita.
Desenvolvimento sócio-afetivo
à a criança aos poucos vai formando sua identidade,
percebendo-se diferente dos outros e ao mesmo tempo buscando integrar-se
com os outros. Nesse processo a auto-estima e a auto-realização
desempenham um papel importante. Através do desenvolvimento da auto-
estima ela aprende a se aceitar como é, com suas capacidades e limitações.
As atividades musicais coletivas favorecem o desenvolvimento da
socialização, estimulando a compreensão, a participação e a cooperação.
Dessa forma a criança vai desenvolvendo o conceito de grupo. Além disso, ao
expressar-se musicalmente em atividades que lhe dêem prazer, ela demonstra
seus sentimentos, libera suas emoções, desenvolvendo um sentimento de
segurança e auto-realização.
É fundamental fazer uso de atividades de musicalização que
explorem o universo sonoro, levando as crianças a ouvir com atenção,
analisando comparando os sons e buscando identificar as diferentes fontes
sonoras. Isso fará desenvolver sua capacidade auditiva, exercitar a atenção,
concentração e a capacidade de análise e seleção de sons.
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CAPÍTULO II
A volta da Música na escola
A volta da educação musical nas escolas significará para milhões
de crianças e jovens a construção de valores pessoais e sociais, além de um
maior desenvolvimento cognitivo, psicomotor, emocional e afetivo.
O objetivo das aulas de educação musical para crianças na 1ª
infância é ajudar aos pais e profissionais da educação infantil a reconhecer a
importância da música nas primeiras fases da vida, a descobrir como as
crianças muito pequenas aprendem a compreender a música, a proporcionar
oportunidades para orientá-las na aprendizagem da música e a estabelecer a
forma de melhor lhes ensinar música. A intenção não é a de preparar as
crianças para serem músicos profissionais ou que os pais e professores
identifiquem e fomentem gênios musicais (Melo, 2009).
Para a autora com a volta da música na escola a classe de
musicalização passa colaborar grandemente para o desenvolvimento de várias
habilidades da criança.
No entanto, o direcionamento da música deverá ser para o
desenvolvimento de outros aspectos ligados à criança como a criatividade, a
coordenação motora, a lateralidade, a lógica, a estética, a lingüística e a
socialização entre outros, além de proporcionar momentos de prazer para a
criança.
Segundo Deckert (2005) e Rego (2008), além desses aspectos
podemos notar que a volta da música na escola está relacionada à Zona de
Desenvolvimento proximal, de Vygotsky.
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Para Vygotsky, o desenvolvimento não pode ser entendido sem
referência ao contexto social e cultural no qual ele ocorre. Ou seja, o
desenvolvimento cognitivo não ocorre independente do contexto social,
histórico e cultural. A construção do conhecimento é um processo de
internalização de estruturas culturais de modos de pensar e agir, iniciada nas
relações sociais, em que os adultos e as crianças mais velhas, por meio da
linguagem, do jogo, do “fazer junto”, compartilham com a criança em estágio
de desenvolvimento anterior ao daqueles, seus sistemas de pensamento e
ação.
Portanto, ao internalizar instruções, as crianças acabam por
modificar suas funções psicológicas, tais como a percepção, a atenção, a
memória e a capacidade de solucionar problemas.
O aprendizado e o desenvolvimento, segundo Vygotsky,
caminham juntos, quer dizer, tudo que a criança aprende com o adulto ou com
outras crianças vai incorporando e transformando seu modo de agir e pensar.
Assim, o autor formulou um conceito próprio de sua teoria, que é essencial
para a compreensão de suas idéias sobre a relação de desenvolvimento e
aprendizagem, que é o conceito de zona de desenvolvimento proximal.
A zona de desenvolvimento proximal abrange os conceitos de
zona de desenvolvimento real e zona de desenvolvimento potencial. Zona de
desenvolvimento real é a capacidade da criança de realizar tarefas de maneira
independente, sem ajuda de outras pessoas, de acordo com a sua maturidade.
Zona de desenvolvimento potencial é a capacidade de desenvolver tarefas
com a ajuda de outras crianças ou adultos (Deckert, 2005).
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Sendo assim, Vygotsky define a zona de desenvolvimento
proximal como a distância entre aquilo que ela é capaz de fazer de forma
autônoma (nível de desenvolvimento real), e aquilo que ela realiza em
colaboração com os outros elementos de seu grupo social (nível de
desenvolvimento potencial) caracteriza aquilo que Vygotsky chamou de “ zona
de desenvolvimento potencial ou proximal ( REGO,2008 p.73).
Para Vygotsky, é na zona de desenvolvimento proximal que a
interferência de outros indivíduos é mais transformadora. Nesse processo, é
importante a ação dos colegas da turma e dos professores. O objetivo dessa
intervenção, de outros, é trabalhar com a importância do meio cultural e das
relações entre os indivíduos na definição de um percurso de desenvolvimento
da pessoa humana, não devendo ser encarada como uma educação
tradicional.
A musicalização na educação infantil está relacionada a uma
motivação diferente do ensinar, em que é possível favorecer a auto-estima, a
socialização e o desenvolvimento do gosto e do senso musical das crianças
dessa fase. Cantando ou dançando, a música de boa qualidade proporciona
diversos benefícios para as crianças e é uma grande aliada no
desenvolvimento saudável da criançada (Melo, 2009).
Como citado anteriormente não é aconselhável que se inicie
nesta idade o aprendizado musical, que difere da musicalização pelo fato de
que, no primeiro, tratamos da aprendizagem de manuseio técnico de um
instrumento musical, que deverá aparecer em uma segunda etapa, com
aproveitamento da musicalização já trabalhada e com a criação do vínculo e do
gosto entre a música e a criança.
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Feres (1998), acrescenta dizendo que a musicalização infantil tem
como objetivo principal desenvolver na criança o prazer de ouvir e fazer
música. A autora descreve que, dentre os vários objetivos específicos
desenvolvidos com o trabalho de musicalização, pode se destacar os
seguintes.
à Estimular ligação afetiva entre a mãe ou adulto responsável
pela criança;
à Resgatar o nosso patrimônio cultural, utilizando também um
repertório folclórico e popular;
à Fornecer repertório para a mãe cantar com seu filho;
à Proporcionar meios no qual a criança tenha liberdade para
criar;
à Estimular o canto e a fala;
àOportunizar formas da criança se relacionar com outras
pessoas;
à Ensinar a criança a respeitar e conhecer limites;
àDesenvolver a musicalidade, a sociabilidade, os aspectos
psicomotores, o senso rítmico e a percepção auditiva, (FERES citada por
Martins,2004, p.26).
Ilari (2003) também acrescenta ainda que não é necessário
realizar nenhuma mágica para que o desenvolvimento cognitivo e a inteligência
musical ocorram, mas que o educador só precisa fazer e vivenciar “música” em
suas aulas. O importante é proporcionar para a criança momentos de prazer
com atividades que lhe tragam alegria e lhe possibilitem um melhor
desenvolvimento. Muitas brincadeiras e jogos musicais podem oferecer
momentos de prazer.
Tais brincadeiras e jogos se baseiam na exploração dos sons do
corpo, de objetos, na realização de esquemas rítmicos, na execução de
instrumentos, na apreciação, no canto e nas danças como destaca a seguir.
27
Os jogos musicais, quando utilizados de forma lúdica,
participativa e não-competitiva podem constituir uma fonte rica de aprendizado,
motivação e neuro- desenvolvimento. Em geral, os jogos acontecem em aulas
coletivas o que obviamente visa a estimulação dos sistemas de orientação
espacial e do pensamento social. Jogos de memória de timbres, notas e
instrumentos, dominós de células rítmicas e brincadeiras de solfejo podem
ativar os sistemas de controle de atenção, da memória, da linguagem, de
ordenação seqüencial e do pensamento superior. Já os jogos que utilizam o
corpo, tais como mímica de sons imaginários, brincadeira de cadeira, cantigas
de roda, encenações musicais e pequenas danças podem incentivar o sistema
da memória, de orientação espacial, motor e do pensamento social, entre
outras. Além de prazerosos, os jogos musicais de participação ativa podem
constituir exemplos típicos do aprendizado divertido (ILARI 2003, p. 9).
Vygotsky vê os jogos e as brincadeiras como de extrema
importância para a promoção do desenvolvimento, pois o objeto que a criança
usa nas suas brincadeiras serve como uma representação da realidade
ausente e ajuda a criança a separar objeto e significado constituindo, assim,
um passo importante no percurso que a levará a ser capaz de, como no
pensamento adulto, desvincular-se totalmente das situações concretas
(Deckert 2005 e Rego 2008). Sob o ponto de vista do desenvolvimento da
criança, a brincadeira traz vantagens sociais, cognitivas e afetivas. Sob o ponto
de vista psicológico, a brincadeira e o jogo preenchem uma atividade básica da
criança, ou seja, são o motivo para a ação.
Os jogos e as brincadeiras, na concepção de Vygotsky, têm um
importante papel, criando uma zona de desenvolvimento proximal na criança e
proporcionando influência no seu desenvolvimento.
A criança usa objetos concretos atribuindo-lhes outro papel. A
situação é, então, definida pelo significado da brincadeira e não pelos
elementos reais que aparecem.
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A criança se relaciona com o significado em questão e não com
os objetos concretos que tem nas mãos. Assim, no brinquedo, a criança
comporta-se de forma mais avançada do que nas atividades da vida real e
também aprende a separar objeto de significado (Deckert, 2005).
Portanto, ao brincar e ao jogar, quanto mais papéis a criança
representar, mais ampliará a sua expressividade, entendida como uma
totalidade. Ela também constrói os conhecimentos mediante os papéis que
representa, desenvolvendo-se nos aspectos lingüístico e psicomotor, além do
ajustamento afetivo emocional que atinge na representação desses papéis. No
contexto da educação musical, a criança participa ativamente da construção do
conhecimento através da ludicidade, do entendimento da linguagem musical e
do discurso que a música tem como atividade expressiva humana.
A musicalização pode beneficiar a alfabetização em virtude de ela
melhorar a atenção, o ritmo, a organização espaço-temporal, a discriminação
auditiva, reduzir a ansiedade. Assim quando o educador desenvolver trabalhos
em sala ele deve levar o aluno a expressar-se criativamente através dos
elementos sonoros, pois o domínio dos esquemas de expressão é fundamental
para se tornar um ser ativo, critico e criativo, recriando a própria música
(Penna, 1990).
Quanto à realização das aulas, segundo Beyer (1988), são
observadas ações e reações demonstradas através do interesse da criança e
do prazer provocados por estímulos e vivências com os sons musicais. Tais
ações e reações são manifestadas por meio de várias respostas como quando
as crianças movem pernas ou braços, fazem movimentos e batem palmas
acompanhando [ou quase] o pulso da música.
Em relatos vivenciados na sua prática de trabalho, Louro e
colaboradores (2006), mencionam que alguns de seus alunos além de
aprender conteúdos sobre a música e ter um ótimo rendimento musical,
29
passaram a ser mais comunicativos. Outros melhoraram consideravelmente
sua auto estima pelo simples domínio de uma atividade, e ainda outros alunos
com dificuldades de dicção, passaram a articular melhor as palavras, tornando-
se mais compreensíveis.
Para a autora o aluno tem a possibilidade de entrar em contato
consigo mesmo, no momento em que se depara com os obstáculos e
conquistas do fazer musical. E o aluno encontra-se desta maneira, diante da
possibilidade de trabalhar de forma objetiva suas dificuldades e limitações; a
descobrir nesse processo suas capacidades e talvez perceber que o seu limite
pode ser uma mola propulsora para sua realização pessoal, seja ela musical
ou de outra natureza.
30
2.1 Como se deu a volta da música na escola
Em 2006 um grupo de músicos formou o Núcleo Independente de
Músicos, e entre eles estavam, Ivan Lins, Francis Hime, Fernanda Abreu,
Cristina Saraiva, Dalmo Motta e Alexandre Negreiros e decidiram trabalhar
para buscar soluções para as questões da música do Brasil.
Esse grupo formou uma aliança com entidades como o Sindicato
dos Músicos Profissionais do Rio de Janeiro, o Fórum Permanente Paulista de
Música, a Rede Social da Música, a ABMI (Associação Brasileira da Música
Independente), e formaram o Grupo de Articulação Parlamentar Pró-Música.
O Grupo promoveu um seminário na Câmara dos Deputados
onde iniciou uma parceria com a Comissão de Educação, dando origem a
várias audiências públicas para originar projetos de lei com questões da
música. Foram vários temas, mas um deles, como principal, o que teve mais
desenvoltura durante esse processo foi o da volta da educação musical nas
escolas.
O grupo começou a trabalhar em um problema específico, que
estava na Lei, 9,394 da LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. A mesma estava redigida de uma forma ambígua, e o que estava
acontecendo era a interpretação da lei, como uma poli valência das artes.
O artigo 26 assim se apresenta.
§ 2º. O ensino da arte constituirá
componente curricular obrigatório, nos
diversos níveis da educação básica, de
forma a promover o desenvolvimento
cultural dos alunos.
31
A lei retoma a obrigatoriedade das artes, e não da música, o que
acabou deixando-a de fora do currículo escolar.
Diante dessa ambigüidade, em 22 de novembro de 2006 foi
proposto um projeto de lei que pudesse resolver o problema em uma audiência
pública. O processo foi inscrito pelo número 343/2006. No entanto quando
esse projeto de lei foi inscrito, descobriu-se que havia um outro, o de número
330/2206, da senadora Roseana Sarney, com exatamente a mesma redação.
Os processos tramitaram durante todo o ano de 2007 e no
momento da votação, o projeto de lei da senadora Roseana Sarney, como
tinha uma data anterior, teve a preferência de votação,sendo então aprovado
por unanimidade por 22 senadores presentes na Comissão de
Educação no dia 4 de dezembro de 2007. Essa foi a tramitação
desse projeto de lei, originado no Senado, dentro da Comissão de Educação.
Em 2008 o projeto de lei foi enviado para a Câmara dos
Deputados, Comissão de Constituição e Justiça e, em seguida, a Comissão de
Educação da Câmara e finalmente em 18 de agosto de 2008, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva sancionou a lei nº 11.769 que altera a LDB e dispõe sobre
a obrigatoriedade da música na educação básica. Como podemos atestar nos
artigos descritos abaixo.
§ 6o A música deverá ser conteúdo
obrigatório, mas não exclusivo, do
componente curricular de que trata o §
2o deste artigo.” (NR)
Art. 2o (VETADO)
32
Art. 3o Os sistemas de ensino terão 3
(três) anos letivos para se adaptarem
às exigências estabelecidas nos
artigos 1o e 2o desta Lei.
Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data
de sua publicação. Brasília, 18 de
agosto de 2008; 187o da
Independência e 120o da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
33
2.2 O Educador
Todos os educadores têm a obrigação em qualquer situação de:
- intermediar o conhecimento do aluno, construindo o
conhecimento, atitudes, comportamentos e habilidades;
- ser flexível, receptivo e crítico, inovando e pesquisando
conhecimentos e novos caminhos que favoreçam a aprendizagem;
- estabelecer com clareza os objetivos a atingir, identificando as
partes mais importantes;
- trabalhar em equipe junto à comunidade educativa, na formação
dos alunos;
- ter sensibilidade para auto avaliar-se tendo como base o
desempenho dos alunos;
- ser referencial de comportamentos ético e cívico;
- zelar pelo cumprimento do seu trabalho, visando a qualidade de
suas ações nas dimensões técnicas, humanas e políticas.
Para os educadores vários conteúdos podem ser explorados de
diferentes formas. Os conceitos musicais - andamento, intensidade, ritmo, som
o canto - as possíveis formas de trabalhar a sociabilização e os aspectos
relacionados à cultura assumem função importante no aprendizado musical.
O educador deve estar atento para o desenvolvimento de cada
criança, não como alguém que se limita a fazer um simples diagnóstico do
mesmo, mas visando contribuir para o desenvolvimento de sua inteligência
musical e construir seu conhecimento segundo Ilari (2003).
A autora, citando Antunes (2002) define a inteligência musical,
como a “capacidade de percepção, identificação, classificação de sons
diferentes de nuances de intensidades, direção, andamento, tons, melodias,
ritmo, freqüência, agrupamentos sonoros, timbre entre outros” (p.13).
34
Martins (1985) citado por Louro (2006), afirma que o professor
deve “ submeter-se ao critério da pesquisa, despojar-se dos ‘eu acho’ e
assumir um trabalho árduo” em busca do desenvolvimento do aluno.
Infelizmente não são todos os professores que assumem essa
postura. Costa (1998) menciona que o ensino da música no Brasil, tanto no
ensino fundamental quanto nos cursos livres e profissionalizantes, ainda é
realizado de forma mecânica, sem uma visão crítica e sem considerar sua
própria natureza questionadora. A “impressão que nos dá é que o ensino
oficial, vem rotulado de verdades absolutas e incontestáveis” (COSTA,1998,
citada por LOURO, 2006, p.31)
Baseada em suas pesquisas e experiências pessoais a autora
procura mostrar o que seria importante para a formação do professor de
música. O professor de música deve buscar uma boa formação musical; que
todos os professores de música, independentemente se lecionarão teoria,
instrumento ou musicalização, tenham conhecimentos básicos sobre assuntos
que permeiam o fazer musical como um todo, sobre os aspectos teóricos da
música,sobre questões históricas, estéticas,estilísticas e instrumentais;sobre
vários métodos de ensino de sua disciplina. A música não é um saber
dissociado e completa várias possibilidades de se relacionar com todos os
aspectos do conhecimento (LOURO,2006,p.32).
Gainza (1988) sustenta que o espírito pedagógico é positivo,
porque crê,tem fé na pessoa e em si mesmo, é entusiasta e progressivo;
almeja alcançar algo,é alerta e inconformista. A autora completa destacando
que:educar-se na música é crescer plenamente (citada por LOURO 2006)
Freire (1987) contribui destacando que:
35
“Não há diálogo,porém,se não há um
profundo amor ao mundo e aos
homens. Se não amo o mundo, se não
amo a vida, se não amo os homens,
não é possível o diálogo. Não há por
outro lado o diálogo se não há
humildade. Não há também o diálogo
se não há uma intensa fé nos homens.
Sem esta fé nos homens o diálogo é
uma farsa. Ao fundar-se no amor, na
humildade, na fé nos homens, o
diálogo se faz uma relação horizontal
em que a confiança de um pólo no
outro é consequência óbvia. (p. 44-45)”
Em seu planejamento o educador deve estipular objetivos gerais
e específicos da musicalização que visem favorecer o processo de
alfabetização. Quanto aos conteúdos, cada educador deverá procurar
desenvolvê-los de acordo com a sua realidade, levando em consideração a
interdisciplinaridade, a transdisciplinaridade e os temas transversais.
Para Louro 2006 (p.27) “A educação
musical, realizada por profissionais
informados e conscientes de seu
papel, educa e reabilita a todo o
momento, uma vez que afeta o
indivíduo em seus aspectos principais:
físico, mental, emocional e social.”
36
CAPÍTULO III
Os Brinquedos Sonoros Como Complemento no Trabalho com Canções
Dentre as melhores lembranças que se guardam da infância
certamente estão as brincadeiras: pique- esconde, pular corda, amarelinha, e
os amigos que fizeram parte de uma época especial. Quem teve uma infância
feliz, pode se lembrar com saudades de jogos e brincadeiras característicos
dessa fase. Da mesma forma, os problemas que a ausência do brincar provoca
são sentidos pelas pessoas que não tiveram esta oportunidade.
Além do prazer e da satisfação que proporciona às crianças,os
jogos e brincadeiras estimulam o desenvolvimento de uma imaginação mais
criativa, possibilitando um novo olhar do indivíduo sobre a realidade. Por
tamanha importância que o ato de brincar desempenha na vida das pessoas é
que Piaget (1976) diz que “a atividade lúdica é o berço obrigatório das
atividades intelectuais da criança40. Também segundo a Dra. Sandra Kraft do
Nascimento:
“A atividade lúdica produz entusiasmo.
A criança fica alegre, vence
obstáculos, desafia seus limites,
despende energia, desenvolve a
coordenação motora e o raciocínio
lógico, adquirindo mais confiança em si
e aprimorando seus conhecimentos
37
(...) Brincando, a criança desenvolve
potencialidades; ela compara, analisa,
nomeia, mede, associa, calcula,
classifica, compõe, conceitua, cria,
deduz etc. (...) Sua sociabilidade se
desenvolve; ela faz amigos, aprende a
compartilhar e a respeitar o direito dos
outros e as normas estabelecidas pelo
grupo, e a envolver-se nas atividades
apenas pelo prazer de participar, sem
visar recompensas nem temer
castigos. Brincando, a criança estará
buscando sentido para sua vida. Sua
saúde física, emocional e intelectual
depende, em grande parte, dessa
atividade lúdica41.”
Os jogos e brinquedos musicais são a junção de elementos
musicais com brincadeiras.
Algo que, indiscutivelmente, atrai as crianças, pois, como disse
Brito (2003, p.35) “a criança é um ser “brincante”, e, brincando faz música.”
O RCNEI (BRASIL/MEC/SEF, 1998, p.70,71) se refere aos
brinquedos musicais como legítimas expressões da infância, que envolvem o
gesto, o movimento, o canto, a dança e o faz-de-conta.
38
São brincadeiras que atravessam gerações, e que ainda
encantam as crianças, que ao combinarem brincadeiras com o corpo e a voz,
descobrem infinitas possibilidades de se relacionarem com a música.
Por já apresentarem um fator motivador que é a brincadeira, o
jogo, e por apresentarem elementos musicais (seja melodia, pequenos
intervalos ou apenas ritmo, como no caso das parlendas), quando combinadas
com as canções podem enriquecê-las, facilitando o aprendizado musical.
Em se tratando de um assunto tão importante, não só pela
riqueza musical que proporciona às crianças, mas como forma de perpetuar
nossa cultura e conhecer a de outros povos é que se deve buscar nestas
manifestações um respaldo que contribua no processo de ensino-
aprendizagem.
De acordo com o RCNEI (BRASIL/MEC/SEF 1998, p.71) “os
jogos e brinquedos musicais da cultura infantil incluem os acalantos (cantigas
de ninar); as parlendas (os brincos, as mnemônicas e as parlendas
propriamente ditas); as rondas (canções de roda); as advinhas; os contos; os
romances etc.” Este estudo procurará se ater principalmente nos acalantos,
brincos, parlendas e rondas.
39
3.1 Canções de ninar
Nas canções de ninar o elemento principal é a melodia, usada
principalmente para acalmar bebês e crianças e fazê-las dormir, porém, o que
muitos não sabem é que essas canções são também uma forma de
sensibilizar e estimular as crianças. Nessa fase, ainda bebês, já se arriscam a
produzir algum som, seja imitando ou criando, em resposta aos sons que
ouvem. Nesse período de descobertas, quando tudo desperta sua atenção, a
música pode ser usada como exercício sonoro, provocando e estimulando
reações.
Em virtude do corre-corre dos dias atuais, muitos bebês
permanecem mais tempo nos berçários do que em casa. Seja em companhia
dos pais ou dos professores é muito importante que os adultos cantem para as
crianças.
Mársico (2003, apud Oliveira et al.
2006, p.740) relata que “crianças
habituadas a espaços ricos auditiva e
musicalmente ‘desenvolvem-se mais
rapidamente do que aquelas que não
tem um ambiente favorável nesse
particular’.”
Foram selecionadas algumas canções que podem ajudar pais e
educadores no exercício de ninar e estimular seus filhos e alunos: Brito (2003,
98-100), traz cinco exemplos. São elas: “Dorme, Nenê”, “Nana Nenê”, “Boi da
cara preta”, “Tutu-marambá” e “Senhora Santana.”
40
3.2 Brincos ou acalantos
Os brincos são brincadeiras com poucos sons que contam com a
participação dos adultos. Segundo Veríssimo de Melo, “as parlendas são
brincadeiras de iniciativa da própria criança. Diferem dos brincos porque, neste
caso, a iniciativa é dos pais ou outros adultos responsáveis”. (apud Brito,
p.106).
BROUGÉRE (1998) afirma: “Brincar
não é uma dinâmica interna do
indivíduo, mas uma atividade dotada
de uma significação social precisa que,
como outras, necessita de
aprendizagem.” (apud Nogueira, 2000,
p.1).
Daí a importância do estímulo dos adultos para a descoberta da
brincadeira. O RCNEI (BRASIL/MEC/SEF, 1998, p.30,31) traz dois exemplos
de brincos tradicionalmente usados nos quais alguns aspectos são
evidenciados.
O primeiro aspecto é o contato corporal que caracteriza essas
brincadeiras. Segundo o Referencial, “essas brincadeiras, ao propiciar o
contato corporal da criança com o adulto, auxiliam o desenvolvimento de suas
capacidades expressivas”.
O segundo aspecto é a comunicação que este tipo de brincadeira
propicia por meio de gestos, mímicas e expressões faciais, permitindo à
criança observar os outros e ampliar sua capacidade expressiva, melhorando
sua comunicação.
41
Os exemplos de brincos usados no RCNEI são:
“Conheço um jacaré
que gosta de comer.
Esconda a sua perna,
Senão o jacaré
Come sua perna
E o seu dedão do pé”.
Ao cantar, o adulto toca outras partes do corpo da criança,
falando o nome, em substituição da palavra perna aqui exemplificada.
A canção “Serra, serra, serrador” é muito querida pelas crianças e
bebês, pelo movimento de balanço que o adulto faz enquanto canta,
permitindo também conhecer os números de 1 a 10.
“Serra, serra, serrador
Serra o papo do vovô.
Serra um, serra dois,
Serra três, serra quatro
Serra cinco, serra seis,
Serra sete, serra oito,
Serra nove, serra dez”.
42
3.3 Parlendas
Em uma consulta ao dicionário Aurélio lê-se que as “parlendas
são rimas infantis, em versos de cinco ou seis sílabas, para divertir, ajudar a
memorizar ou escolher quem fará tal ou qual brinquedo.” Sendo assim,
dependendo do objetivo, podem ser classificadas em trava-línguas, fórmulas
de escolha e mnemônicas.
“As trava-línguas são uma espécie de jogo verbal que consiste
em dizer, com clareza e rapidez, versos ou frases com grande concentração de
sílabas difíceis de pronunciar, ou de sílabas formadas com os mesmos sons,
mas em ordem diferente. Trata-se de uma brincadeira onde se pede que a
pessoa repita uma dada seqüência, de forma rápida, várias vezes, para testar
a "agilidade" da língua.
Como isso costuma provocar dificuldade de dicção ou paralisia da
língua ( = "trava- língua"), diverte e provoca disputa lúdica para saber quem se
sai melhor nessa brincadeira. Às vezes é quase impossível pronunciá-las sem
tropeço. O que motiva pessoas a repetir os trava-línguas, principalmente
crianças, é o desafio de reproduzi-los sem errar, o que requer atenção, ritmo e
agilidade orais.
São usados também de forma técnica por atores, cantores e
professores como exercícios de foniatria e impostação de voz42.
Abaixo estão relacionadas quatro parlendas bastante conhecidas
e brincadas entre as crianças:
"Três pratos de trigo para três tigres tristes."
"Pedro pregou um prego na porta preta."
“O pinto pia, a pia pinga. Quanto mais
o pinto pia, mais a pia pinga”.
43
"Atrás da pia tem um prato, um pinto e um gato.
Pinga a pia, apara o prato, pia o pinto e mia o gato"
O RCNEI (BRASIL/MEC/SEF, 1998, p.71) também nos apresenta
duas:
“Num ninho de mafagafos
Seis mafagafinhos há
Quem os desmafagafizar
Bom desmafagafizador será”.
“Nem a aranha arranha o jarro
Nem o jarro arranha a aranha”.
Se a intenção é fazer com que as crianças memorizem números,
dias da semana, cores, e etc. as parlendas mnemônicas podem ajudar. Brito
(2003, p.106-107) apresenta algumas, das quais duas foram selecionadas.
Para aprender a contar:
“Um, dois, feijão com arroz
Três, quatro, feijão no prato
Cinco, seis, feijão inglês,
Sete, oito, comer biscoito,
Nove, dez, comer pastéis”.
Com função de memorização:
“Hoje é domingo
Do pé de cachimbo
Cachimbo é de barro
Que bate no jarro
O jarro é de ouro
44
Que bate no touro
O touro é valente
Que bate na gente
A gente é fraca
E cai no buraco
O buraco é fundo
Acabou-se o mundo”.
Como as parlendas são transmitidas oralmente, apresenta muitas
variantes. Nesta,por exemplo, em alguns lugares, a palavra hoje é substituída
por amanhã.
Se a parlenda é usada para saber quem será o escolhido para
começar, sair da brincadeira ou qualquer outro tipo de escolha a ser feita,
serão usadas as fórmulas de escolha. Brito (2003, p.108, 110) registrou três
delas, das quais destacam-se duas.
“Lá em cima do piano
tem um copo de veneno
Quem bebeu morreu
O azar foi seu”.
A pessoa apontada, que coincidir com a última sílaba, sai da
brincadeira. Outra também muito conhecida e cantada entre as crianças:
“Adoleta
Le peti tole tolá
Le café com chocolá
Adoleta
Puxa o rabo do tatu
Quem saiu foi tu”.
45
Segundo Brito (2003, p.110), nesta parlenda as crianças brincam
em círculo, com a palma da mão virada para cima. A mão direita fica em cima
da mão esquerda do amigo do lado direito. Enquanto cantam, vão passando a
palma adiante, conforme o pulso. A criança que irá receber a palma na última
sílaba, deverá ser ágil e tirar a mão, caso contrário, sai da brincadeira.
Além de divertir, as parlendas podem ser muito úteis à educação
musical das crianças. Com a ajuda das parlendas pode ser feito um trabalho
rítmico (isolando trechos com diferentes figuras rítmicas para serem ensinadas)
antecedendo ao desenvolvimento da leitura musical.
Os trechos mais difíceis ou longos de algumas canções podem
ser fragmentados e trabalhados separadamente como se fossem parlendas,
em parceria com jogos de mãos, copos, ou qualquer outro acompanhamento
que permita à criança o uso do corpo e do movimento, podendo ser usadas
canções de vários gêneros, como também infantis ou da MPB.
Um exemplo é a canção “Refazenda”, de Gilberto Gil, que pode
ser dividida de quatro em quatro versos. Segue abaixo a transcrição dos quatro
primeiros versos:
“Abacateiro
Acataremos teu ato
Nós também somos do mato
Como o pato e o leão...”
46
3.4 Rondas ou cantigas de roda
As cantigas de roda são basicamente canções folclóricas de
regiões brasileiras ou estrangeiras. São expressões de grande valor e
significado para as crianças. As experiências de interação social,
expressividade, desenvolvimento cognitivo e transmissão de valores podem ser
vivenciadas através destas brincadeiras. No entanto, por motivos diversos,
como falta de segurança, que impede às crianças saírem às ruas
(especialmente as dos grandes centros urbanos), o uso dos brinquedos
industrializados, os playgrounds, os jogos eletrônicos, a televisão, os
shoppings e o pior: o total desconhecimento das cantigas de roda são fatores
que tem levado à ausência desta prática.
RCNEI (BRASIL/MEC, 1998,
p.31) “participar de brincadeiras
de roda ou de danças circulares,
(...) favorecem desenvolvimento
da noção de ritmo individual e
coletivo (...).”
Ao inserir as cantigas de roda no convívio das crianças, aspectos
como musicalidade e ritmo estarão sendo trabalhados, pois como disse Brito
(2003, p.45) “principalmente o ritmo se aprende por meio do corpo e do
movimento.” A canção “A Linda Rosa Juvenil”, conta uma história, e cada
estrofe apresenta novos personagens, possibilitando as crianças cantarem,
além de dançar e dramatizar, confirmando o que o RCNEI (1998, p.61) diz: “o
corpo traduz em movimento os diferentes sons que percebe.”
47
A canção “Bambu” é um brinquedo de roda que destaca cada
criança, falando seus nomes. Quanto a forma de brincar, Lydia Hortélio orienta
que as crianças girem no sentido horário e ao ouvir seu nome, vira-se para fora
da roda, cruzando os braços na frente do corpo, continuando a girar. Quando
todos estiverem virados, a brincadeira prossegue até trazer todos de volta para
o centro (apud Brito, 2003, p.120). Estas duas canções podem ser encontradas
no livro “Música na Educação Infantil” (Brito, 2003, p.120-122). Algumas
canções que se brincam em roda podem ter outros atrativos. É o caso de
“Escravos de Jó” e “Canção de Ghana”. “Escravos de Jó” é uma brincadeira
onde se passam pedras, sementes, copos, caixas de fósforo e etc. brincado
em todo o Brasil por adultos e crianças.
O segundo brinquedo é proveniente de Ghana, África, e sua
tradução diz: “Nós somos crianças e estamos brincando com pedras” e é muito
semelhante com o primeiro.
Ambos os exemplos e a forma de brincar podem ser encontrados
no livro “Música na Educação Infantil” (Brito, 2003, p.125-126).
Um cuidado que se deve ter no uso dos brinquedos sonoros é
evitar que ele se transforme em apenas um recurso didático. A prática deste
trabalho sistematizado na Educação Infantil não deve tirar a liberdade da
brincadeira.
Ao envolver as crianças em jogos e brincadeiras sonoras o
trabalho estimula a criatividade e expressividade e proporciona momentos
onde o lúdico favorece a aprendizagem . Para tanto, é necessário que o
professor saiba se colocar numa posição secundária. Deixar que seus alunos
descubram outras possibilidades para um mesmo exercício e intervir em algum
momento de dúvida.
48
CONCLUSÃO
A música na Educação Infantil é uma forma de energia que
movimenta todo o ser – emoções, mente, corpo – e por sua vez, provoca todo
o tipo de reações. Estas reações ou respostas, são distintas em cada indivíduo
despertando grande satisfação num caráter lúdico e desafiador tanto para o
educador, quanto para o educando.
Ao término desta pesquisa foi possível constatar que a
musicalização é realmente um instrumento pedagógico e que a maior parte
dos educadores consultados utilizam a musicalização sim, como instrumento
pedagógico. A utilização da música como um elemento que motiva a
aprendizagem é um exemplo de ferramenta que desmistifica a maneira, muitas
vezes, estática e monótona do cotidiano escolar e que pode facilitar e
enriquecer o processo de ensino e de aprendizagem, em um mundo de
incertezas.
Trabalhar a partir do cotidiano e oportunizar a cada criança viver,
construir e aprimorar-se do conhecimento de maneira lúdica através das
canções pelas interações constantes, vai além das expectativas e dos
objetivos propostos, pois possibilita aos alunos que passem pelas diversas
áreas de conhecimento, relacionando-se sempre com seu exterior, resultando
assim na participação das crianças com entusiasmo em todas as atividades.
“(...) ao cantar, utiliza a linguagem
verbal e representa modos próprios de
preencher e assimilar o ambiente ao
redor. A educação musical proporciona
a vivencia da linguagem musical como
um dos meios de representação do
49
saber construído pela interação
intelectual e afetiva da criança com o
meio ambiente.” Rosa (1990, p. 17)
Qualquer trabalho que possibilite o incentivo à criatividade da
criança exige esforço e, mais ainda competência. A musicalização é uma
estratégia de intervenção, que pode facilitar a formação integral do ser
humano. A observação da espontaneidade da criança frente a música pode
proporcionar excelente material de estudo de seu desenvolvimento cognitivo,
afetivo e motor, assim como a indiferença a uma estimulação musical pode ser
uma reação concreta e significativa a uma situação insatisfatória.
Portanto, é de bom alvitre, que se proporcione experiências
musicais criativamente desde os primeiros anos de vida, para que tenhamos
futuramente um adulto que viva de forma saudável e prazerosa, principalmente
em uma região com um acentuado número de pessoas diagnosticadas com
depressão.A alegria vivida e incorporada na infância, ao que tudo indica, se
ascenderá como mágica na fase adulta, facilitando o equilíbrio psicossomático.
A musicalização provoca movimentação (interna ou externa) e
portanto, ao ser trabalhada de forma criativa, estimula maiores respostas por
parte das crianças, que se tornam agentes neste processo, ao invés de meros
consumidores, na medida em que despertar o prazer na criança em criar
soluções originais é fazer nascer o homem mais preparado e feliz em construir
um hoje e um amanhã melhor, mais inclusivo e solidário.
50
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO página:2 AGRADECIMENTO página:3 DEDICATÓRIA página:4 RESUMO página:5 METODOLOGIA página:6 SUMÁRIO página:7 INTRODUÇÃO página:8 CAPÍTULO I - A Música na Educação Infantil página:12 1.1- A Contribuição da Música para o Desenvolvimento Infantil página:16 1.2- A Música e o Desenvolvimento da Criança página:21 CAPÍTULO II - A volta da Música na escola página:23 2.1- Como se deu a volta da música na escola página:30 2.2- O Educador página:33 CAPÍTULO III- Os Brinquedos Sonoros como complemento no trabalho com canções página:36 3.1- Canções de Ninar página:39 3.2- Brincos ou Acalantos página:40 3.3- Parlendas página:42 3.4- Rondas ou Cantigas de Roda página:46 CONCLUSÃO página:48 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA página:50 ÍNDICE página:53
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
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