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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A importância do brincar na educação infantil.
Por: Adriana Cristina de Almeida Rocha
Orientador
Prof.ª Carly Machado
Rio de Janeiro
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A importância do brincar na educação infantil
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em
psicopedagogia.
Por: Adriana Cristina de Almeida Rocha.
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AGRADECIMENTOS
... Aos meus pais Maria Lúcia e José
Mendes; ao meu esposo Luís Cláudio;
aos meus irmãos Ana Maria e José
Antonio pela torcida e incentivo que
fizeram com que eu conquistasse mais
essa vitória.
Às queridas: Beatriz Ferreira, Marta
Mesquita, Maura Costa, Vasthi e todas
as minhas companheiras de trabalho
que contribuíram de alguma forma para
a conclusão dessa proposta.
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DEDICATÓRIA
... Dedico aos meus pais, irmãos, esposo,
e a minha querida sobrinha Maria
Eduarda, que faz parte da história do meu
brincar.
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RESUMO
Esta pesquisa teve como base a necessidade de realizar-se um estudo sobre a importância do brincar na educação infantil. Observou-se a dificuldade que os educadores têm em valorizar e inserir a brincadeira, o jogo e o brinquedo nos seus planejamentos diários como parte dos conteúdos. Dessa forma, entende-se o ato de brincar na educação infantil como parte essencial para o desenvolvimento e para a aprendizagem, além de ser um direito que a criança tem que deve ser respeitado. Teve-se como objetivo principal auxiliar professores da Educação Infantil a utilizarem brinquedos, jogos e brincadeiras na sala de aula, transmitindo conteúdos a partir dessa excelente estratégia. Com base na literatura pesquisada em Maluf (2009), Piaget (1990), Meyer (2003) e demais autores que apontam a importância do brincar fazer parte das propostas da educação infantil, salienta-se a necessidade do seu reconhecimento por parte dos professores que atuam diretamente com as crianças. O problema da pesquisa é nítido, quando se pergunta: como ajudar o professor da Educação Infantil a utilizar o brincar no seu planejamento, de forma a enriquecer o conteúdo e tornar a aprendizagem ainda mais prazerosa para as crianças? Os resultados alcançados mostram o valor do lúdico como parte do ato de aprender, oferecendo a criança um progresso concreto no seu desenvolvimento, tornando-a um ser social e ativo. Viu-se ainda a necessidade de o professor reconhecer o brincar como um recurso que proporciona prazer no ato de aprender.
Palavras-chave: educação infantil – brincar – brinquedo – jogos – brincadeira –
aprendizagem
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METODOLOGIA
Os métodos de pesquisa utilizados como base foram: pesquisas
bibliográficas, leitura de artigos e observações em sala de aula.
Essa pesquisa teve como suporte fontes bibliográficas como: Aberastury
(1992), Wajskop (1992), Kishimoto (1997), Winnicott (1978) e outros autores
que apontam a relevância do brincar.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - O que é brincar, brinquedo, jogo e brincadeira? 09
CAPÍTULO II - Currículo da educação infantil. 19
CAPÍTULO III – A psicopedagogia e o jogo. 26
CONCLUSÃO 31
BIBLIOGRAFIA 33
INDICE 35
FOLHA DE AVALIAÇÃO 36
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INTRODUÇÃO
A realização desta pesquisa vem ao encontro de questões vivenciadas
ao longo de quinze anos de trabalho, observando a dificuldade que o professor
tem de inserir o brincar no seu planejamento, como um recurso didático-
pedagógico na educação infantil.
O professor ainda não percebe o brincar como sendo parte fundamental
para o desenvolvimento infantil da criança de zero a seis anos, como também
da atividade pedagógica na escola. Por isso, os jogos, brinquedos e as
brincadeiras só são permitidos, quando o professor está cansado ou precisa
ocupar o tempo das crianças, deixando-os correr ou brincar livremente.
Este estudo pautou-se em primeiro lugar na LDB – Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional 9304/96, que dispõe na seção II da Educação
Infantil em seu art. 29: “A educação infantil, primeira etapa da educação
básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis
anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social,
complementando a ação da família e da comunidade” (BRASIL, 1996).
A pesquisa de caráter exploratório foi realizada com base na leitura de
livros, textos e revistas que abordam o tema em questão: “A importância do
brincar na educação infantil”, tendo como base alguns teóricos e autores como
Jean Piaget, que muito contribuiu para a educação.
Este estudo está organizado em capítulos cujos títulos são: O que é
brincar, brinquedo, jogo e brincadeira? Currículo da educação infantil; A
psicopedagogia e o jogo;
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CAPÍTULO I
O que é brincar, brinquedo, jogo e brincadeira?
“Através do brincar a criança experimenta, organiza-se, regula-
se, constrói normas para si e para o outro. Ela cria e recria, a cada
nova brincadeira, o mundo que a cerca. O brincar é uma forma de
linguagem que a criança usa para compreender e interagir consigo,
com o outro com o mundo”.
(Dornelles, apud Ivanise Meyer, 2003, p. 43)
Brincar é uma atividade livre, espontânea e prazerosa para pessoas de
qualquer idade, classe social ou condição financeira.
Brinquedo é um objeto que apoia a brincadeira, diverte e desperta a
imaginação da criança.
Jogo é uma atividade lúdica, caracterizado pela transformação. Ele se
modifica de acordo com o contexto e com o grupo, variando também, suas
regras.
Brincadeira é uma atividade prática, onde a criança observa diferentes
condutas, apropria-se de valores e significados, criando diferentes regras.
1.1 – Brincar
“... Brincar sempre foi e sempre será uma atividade espontânea e muito
prazerosa, acessível a todo ser humano, de qualquer faixa etária, classe social
ou condição econômica.” (Maluf, 2009, p. 17)
No brincar estão presentes a verbalização, o pensamento e o
movimento. Nele as crianças se expressam, ampliam a comunicação
desenvolvem os músculos, a mente, a sociabilidade, a coordenação motora e
ainda se tornam felizes.
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O brincar deve ser considerado uma liberdade de criação, que ajuda as
crianças no desenvolvimento físico, mental, emocional e social. É um meio de
elas aprenderem a viver, embora ainda seja considerado um passatempo, na
visão dos adultos. Quando a criança brinca coloca para fora todos os seus
medos, angústias e problemas internos controlando-os através de seus atos.
Segundo Ângela Maluf (2009), ao brincar a criança exercita suas
potencialidades, provoca o funcionamento do pensamento, adquire
conhecimento sem medo e cultiva a sensibilidade.
Devemos analisar quatro aspectos importantes para que a criança
desenvolva suas habilidades físicas durante as brincadeiras:
• o espaço que ela tem para brincar;
• o tipo de objeto oferecido;
• se ela está preparada para dividir seus brinquedos e brincadeiras
com outras crianças;
• e não obrigá-la a fazer o que não gosta.
Esses aspectos são fundamentais para que o momento de brincar seja
prazeroso para a criança. Ela só começa a estar disposta a compartilhar seus
brinquedos a partir dos três anos de idade, pois é um processo longo e muito
lento. Por esse motivo é que os adultos devem estar atentos ao espaço que a
criança tem para brincar, seja na escola, parques, em casa ou em qualquer
outro lugar.
1.2 – Brinquedo
O brinquedo é muito mais do que um objeto do mundo infantil, um eco
dos padrões culturais de diferentes contextos socioeconômicos, que faz com
que as crianças conheçam funções mentais, como o desenvolvimento abstrato
e a linguagem.
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Para interpretar o significado do brinquedo, é preciso pensar no
contexto que está inserido, pois o mesmo brinquedo pode ser usado de
diferentes formas e em diferentes situações. Ele estimula a representação, a
manifestação de imagens que retratam a realidade.
Kishimoto (1997) diz que o brinquedo é um recurso que ensina,
desenvolve e educa de forma prazerosa. A criança designa uma relação de
intimidade com o brinquedo e uma indeterminação quanto ao seu uso,
consequentemente sem regras fixas. É através do brinquedo que a criança
desenvolve a imaginação socialização, conhece o mundo e supera desafios.
O brinquedo demonstra a criação e emoção da criança, onde pensa e
age diferente do adulto, que muitas vezes aprecia-o pelo valor financeiro e não
pelo prazer que este proporciona .
O brinquedo tem muitas das características dos objetos reais e de
acordo com seu tamanho, permite que a criança tenha domínio sobre ele.
Além disso, o adulto concede a ela a qualidade de que o brinquedo é um
objeto próprio e permitido.
É necessário que o brinquedo seja escolhido para a criança,
respeitando seus interesses, necessidades e as capacidades de
desenvolvimento que ela se encontra.
Para Ângela Maluf (2009) as funções do brinquedo são:
• aumentar a integração com outras crianças;
• exercitar a imaginação e a criatividade;
• estimular a sensibilidade visual e auditiva;
• desenvolver a coordenação motora;
• aumentar a independência;
• diminuir a agressividade;
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• ajudar a resgatar a cultura.
Para a criança o brinquedo representa uma parte do mundo que ela já
conhece e o restante ela ainda irá explorar e conhecer. É muito importante que
o adulto observe uma criança brincando, para assim saber o nível de
desenvolvimento que se encontra, conhecê-la melhor e entender o seu
pensamento.
1.3 – Jogo
Kishimoto (1993) afirma que por ser elemento folclórico, o jogo
tradicional infantil assume características de anonimato, tradicionalidade,
transmissão oral, conservação, mudança e universalidade.
A pipa é um grande exemplo da tradição milenar do folclore, transmitida
pela oralidade de personagens anônimos. Originada há muito tempo, ela foi
usada pelos adultos, em estratégias militares e com o passar dos tempos se
transformou em um brinquedo infantil.
O jogo é uma necessidade para a criança e acontece em diferentes
momentos do seu dia a dia. Ele fornece informações indispensáveis sobre ela,
como: suas emoções, a interação com os colegas, seu desempenho físico e
motor, o estágio de desenvolvimento, o nível linguístico e sua formação moral.
Para a criança o jogo é muito mais do que o simples ato de brincar,
através dele ela se expressa e se comunica com o mundo. Já para o adulto ele
serve como um espelho, que possibilita conhecer melhor a criança e
compreender o desenvolvimento infantil.
Atualmente o tempo de brincar tem se tornado cada vez mais escasso,
tanto em casa como nas escolas. É muito comum escutarmos os educadores
dizerem que na escola não dá tempo de brincar, porque precisam cumprir um
programa de ensino. O jogo pode e deve ser levado para a sala de aula como
parte de um conteúdo a ser lançado ou fixado. Necessita fazer parte do
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planejamento diário, de forma a tornar a aprendizagem mais prazerosa e
significante, contribuindo ainda mais para o desenvolvimento infantil.
O jogo não deve acontecer para preencher o tempo vazio ou para
passar tempo, ele precisa ser utilizado para enriquecer o currículo escolar e
para isso pode ser realizado dentro da sala de aula.
Algumas vezes as crianças realizam jogos individuais, onde os objetos
(brinquedos) tomam vida, se tornam seus parceiros e brincam até mesmo com
suas palavras, seu corpo e o espaço. Já nos jogos compartilhados com outras
pessoas (crianças ou adultos), ela se comunica oralmente ou com gestos,
realizando interações sociais, que são extremamente importantes no jogo.
O jogo não é uma atividade que vai preparar a criança para o mundo,
mas é uma atividade real para quem brinca. O papel do jogo se transforma,
dependendo do contexto histórico cultural de cada sociedade.
Segundo Kishimoto (1997) o jogo pode ser observado como:
• resultado de um sistema linguístico que funciona dentro de um
contexto social - depende da linguagem utilizada enquanto se
joga e da visão que cada jogador tem do jogo;
• sistema de regras - ao mesmo tempo em que a criança
desenvolve uma atividade lúdica, cumpre regras;
• objeto – o jogo como objeto.
Kishimoto (1997) diz ainda que o jogo infantil abrange as seguintes
características: simbolismo (representa a realidade); significação (expressa
vivências); atividade (a criança age); voluntário (agrupa interesses); regrado
(tem regras) e episódico (desenvolve metas espontâneas).
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1.4– Brincadeira
A brincadeira exige que a criança respeite regras, por estar
interagindo com outras pessoas e com a realidade social como um todo. Nela
a criança observa comportamentos, apropria-se de valores e significados,
criando assim um repertório de regras.
Na brincadeira a criança faz relação com seu cotidiano, construindo
sua identidade, a imagem de si mesma e do mundo que a cerca. É muito
comum observarmos a criança repetir uma mesma brincadeira várias vezes. A
repetição é fundamental para ela, pois causa um grande prazer, tornando-a
“dona” de suas experiências.
O professor da Educação Infantil tem que ter consciência de que nas
brincadeiras livres as crianças criam e estabilizam aquilo que conhecem sobre
o mundo. Essas brincadeiras não podem em momento algum ser confundidas
com aquelas propostas onde o brincar e os jogos estão intencionalmente
relacionados à aprendizagem de conceitos, porque nesse caso o professor
deverá direcionar as atividades, a fim de ensinar um conteúdo programático,
para que assim as crianças atinjam os objetivos esperados.
A imaginação e a fantasia das crianças estão sempre presentes em
suas brincadeiras. É comum vê-las transformando lápis em espada, tampinha
de garrafa em bola, palito de picolé em pai ou mãe para brincar de casinha e
até as cadeiras da sala de aula arrumadas em fileira passam a ser um trem.
Em alguns momentos as crianças querem fazer suas brincadeiras
sozinhas, sem querer compartilhá-las com um adulto ou com outra criança,
mas às vezes, elas buscam o pai, a mãe ou alguma criança para brincar junto
e trocar experiências.
Segundo Ângela Maluf (2009) podemos observar diferentes tipos de
brincadeiras, mediante o ponto de vista da participação social que são:
• brincadeiras solitárias (a criança quer explorar o mundo e não tem
interesse na presença de outro indivíduo);
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• brincadeiras em paralelo (brincar na presença do outra criança, sem
estabelecer contato);
• observar brincadeiras (a criança demonstra interesse nas atividades
do outro e passa um bom tempo observando outra criança brincar);
• juntar-se à brincadeira (unir-se às brincadeiras de um determinado
grupo);
• brincadeiras cooperativas (o interesse do grupo é voltado para a
brincadeira e cada criança tem um lugar definido)
• cooperação complexa (as crianças assumem papéis e a brincadeira
depende mais do desempenho conjunto do grupo).
A criança que tem uma infância feliz com bastantes brincadeiras,
quando cresce, torna-se um adulto mais equilibrado emocionalmente e
fisicamente, além de conseguir superar os problemas do seu dia-a-dia com
mais facilidade.
1.5 – A visão de Piaget em relação aos jogos infantis.
Jean Piaget nasceu no dia 9 de agosto de 1896, em Neuchâtel, na
Suíça e faleceu no dia 17 de setembro de 1980. Estudou a evolução do
pensamento, buscando compreender os mecanismos mentais que o individuo
utiliza para captar o mundo. Como epistemológico, investigou o processo de
construção do conhecimento, centrando seus estudos no pensamento lógico-
matemático.
Ele diz que o conhecimento não pode ser imaginado como uma coisa
predeterminada desde o nascimento, nem como resultados de percepções e
informações. O conhecimento é construído desde a infância e é resultado da
ação e interação do sujeito com o lugar em que vive. Para Piaget (1990) o jogo
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é essencial na vida de uma criança, pois jogando ela se apropria daquilo que
entende da realidade.
Piaget (1990) afirma ainda que o desenvolvimento da inteligência
acontece através da assimilação e acomodação. Então para compreender a
sua concepção sobre o jogo, é necessário conhecer o conceito desses dois
mecanismos:
• Assimilação – consiste em incorporar objetos do mundo exterior a
esquemas mentais preexistentes.
• Acomodação – se refere a mudanças dos sistemas de assimilação por
influência do mundo externo.
Segundo Piaget (apud, RIZZI; HAYDT, 2001), o que diferencia a
atividade lúdica da não lúdica é a variação de grau nas relações de equilíbrio
entre o eu e o real, ou seja, entre a assimilação (aplicação de esquemas que já
tem a uma nova situação, incorporando-a) e a acomodação (modificação dos
esquemas que já tem , adequando à nova situação). Então o jogo inicia
quando a assimilação prevalece sobre a acomodação.
Ele analisou de forma detalhada o processo de desenvolvimento do
jogo na criança e classificou-o em seis fases:
1ª fase – fase das adaptações somente reflexas, onde a criança age
conforme seus instintos essenciais. Ex: quando encosta-se algo em sua boca
ela suga.
2ª fase – fase das reações circulares primárias. Nessa fase, as reações
não apresentam aspectos lúdicos, em relação à repetição feita pela criança
nos movimentos do seu próprio. Ela repete por prazer da ação, sem esperar
resultados.
3ª fase – fase das reações circulares secundárias. A criança repete
movimentos que tenham causado efeitos inesperados no ambiente, com
intenção de mantê-los.
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4ª fase – fase de coordenação de esquemas secundários. Nessa fase
ao deparar-se com novas situações a criança utiliza esquemas já conhecidos,
possibilitando a formação de combinações lúdicas.
5ª fase – fase das reações circulares terciárias. A criança não só repete
uma ação interessante, como também faz variações no momento que a
reproduz, combinando gestos que não têm relação entre si.
6ª fase – fase do processo da representação mental. Devido ao
surgimento do símbolo lúdico que se transformou em esquema simbólico se
inicia o faz-de-conta. A inteligência experimental se torna combinação mental.
Em relação à evolução, Piaget classificou os jogos, em: Jogos de
exercícios, simbólicos e de regras.
Jogos de exercícios
Acontecem no estágio sensório-motor, de 0 a 2 anos.
Nesses jogos a criança compreende o mundo através de esquemas
perceptivos e de esquemas motores, ou seja, o contato com o meio físico é
imediato e direto, sem uso de representação ou pensamento. É por meio da
ação que a criança atende suas necessidades motoras.
O prazer da criança nesse jogo é funcional, pois sua finalidade é o
prazer do funcionamento. O jogo neste período pode trazer satisfação, quando
já tem o processo de acomodação do conhecimento.
Nos jogos de exercícios o bebê “suga” tudo que é colocado em sua
boca, “pega” o que está em suas mãos e “vê” o que está a sua frente. Quando
vai aprimorando esses esquemas que já possui, é capaz de ver um objeto,
pegá-lo e levá-lo até a boca.
Jogos simbólicos
Acontecem no estágio pré-operatório, de 2 a 6 anos.
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Nos jogos simbólicos o prazer continua, não têm “regras” externas,
apenas as que as próprias crianças criam. O jogo neste período não tem
objetivo, a criança brinca por brincar, pelo simples prazer que o ato transmite.
Nesse estágio, a tendência lúdica aparece predominantemente como
jogo de imaginação ou imitação, onde é comum observar uma criança
transformar um cabo de vassoura em cavalo e desempenhar papéis como:
mãe e filha, professora e aluno, médico.
Os jogos simbólicos têm como função transportar o real para o mundo
do faz de conta, permitindo que a criança realize seus sonhos e fantasias,
expondo seus medos, angústias, prazeres e conflitos. Nesses jogos a criança é
capaz de reproduzir as atitudes, as relações e o tratamento que recebe das
pessoas de seu convívio.
Jogos de regras
São jogos que acontecem no estágio operatório concreto, de 6/7 a 11
anos.
Os jogos de regras aparecem aos 6/7 anos, pois é quando a criança
abandona o jogo egocêntrico, possibilitando desenvolver as relações afetivo-
sociais. Esses jogos de regras precisam de um conjunto de obrigações (regras)
e de parceiros, por isso atribui-se a eles um caráter social.
Os jogos de regras são classificados em: jogo sensório-motor (corrida,
futebol, bolinha de gude) e jogo intelectual (xadrez, baralho). O que caracteriza
os jogos de regras é a competição entre os participantes e a existência de leis
(regras) impostas pelo grupo que devem ser cumpridas e quando
descumpridas causam penalidade, pois é considerada uma falta.
Nos jogos de regras, a criança aprende a arrumar estratégias para agir,
a tomar decisões, analisar seus erros, lidar com perdas e ganhos, pensar em
jogadas de acordo com a movimentação do outro jogador e esperar sua vez.
Essas ações contribuem para o desenvolvimento das estruturas cognitivas do
indivíduo, enriquecendo seu pensamento e sua vida social.
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CAPÍTULO II
Currículo da Educação Infantil.
“Pode-se afirmar que o brincar, enquanto promotor da
capacidade e potencialidade da criança, deve ocupar um
lugar especial na prática pedagógica, tendo como espaço
privilegiado a sala de aula. A brincadeira e o jogo precisam vir
à escola”.
(Maluf, 2009, p.30)
O currículo da educação infantil deve ser elaborado respeitando as
características das crianças, os momentos em que vivem e do meio que estão
inseridas. É necessário contribuir para a inserção crítica e criativa das crianças
nas sociedades em que vivem, propondo atividades que ofereçam condições
para que elas tenham um desenvolvimento amplo e dinâmico.
Segundo o PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais), os objetivos
principais da educação infantil são: desenvolver uma imagem positiva de si;
descobrir e conhecer seu corpo, valorizando hábitos de higiene e bem-estar;
estabelecer vínculo afetivo entre as crianças e os adultos, de forma a
possibilitar a interação e comunicação; observar, conhecer, transformar e
interagir com o meio ambiente de forma consciente; brincar, expressando
sentimentos, desejos, pensamentos e necessidades; utilizar as diferentes
linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita) enriquecendo a
capacidade expressiva das crianças.
No currículo da educação infantil, as atividades lúdicas (jogo, história,
brincadeira etc.) devem ser o centro das propostas, pois elas favorecem o
desenvolvimento infantil, estimulando a criatividade, a ação e a expressão de
sentimentos.
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(...) “A garantia do espaço da brincadeira na pré-escola é a garantia de
uma possibilidade de educação da criança em uma perspectiva criadora,
voluntária e inconsciente.” (Wajskop, 1999, p.28)
É muito importante que os professores utilizem jogos e brincadeiras em
suas atividades pedagógicas, visando o processo educativo. Mas é
fundamental que tenham consciência de que as crianças também precisam de
momentos onde brinquem por brincar. Nesse momento da “brincadeira livre” o
professor exerce o papel de observador/mediador, que procura intervir
somente quando necessário. A interferência se dá, por exemplo, na hora de
ensinar as regras de uma brincadeira, a partir da troca do grupo com o que
cada um sabe, formulando assim as regras da turma para a mesma atividade
(brincadeira).
Os momentos das “brincadeiras livres” devem ser planejados, para que
se possa garantir o espaço e o tempo, fazendo com que elas aconteçam como
períodos de prazer e não como preenchimento de tempo.
A sala de aula deve estar sempre arrumada e preparada para receber
os alunos com materiais didáticos adequados a faixa etária. É fundamental a
forma que se disponibiliza os jogos e brinquedos. Eles devem estar sempre
organizados em estantes ao alcance das crianças, para que possam usá-los e
renová-los com facilidade.
A educação infantil fundamentada na teoria de Jean Piaget, ou seja,
com tendência construtivista, deve seguir alguns princípios:
• Tudo começa pela ação, no qual as crianças conhecem e agem sobre
os objetos;
• Toda a atividade deve ser representada, permitindo o simbolismo;
• É preciso promover atividades em grupo, pois a criança se desenvolve
através do contato e interação;
• É realizando atividades que a criança se organiza;
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• O espaço (sala de aula) deve ser criativo, permitindo a diversificação e
ampliação das experiências infantis, valorizando a iniciativa, a
curiosidade e desenvolvendo a autonomia da criança;
• O professor desafia os alunos, criando “dificuldades” e “problemas”;
• É essencial fazer com que a criança tenha confiança em si,
encorajando-a a experimentar, descobrir, se expressar, vencer seus
medos e ter iniciativa;
• No currículo da educação infantil baseado na teoria de Piaget, as áreas
do conhecimento (linguagem, matemática, ciências naturais e sociais),
são integradas e o eixo central são as atividades.
A educação infantil auxilia as crianças na organização de informações e
estratégias, além de oferecer condições para a aquisição de novos
conhecimentos matemáticos. Sempre que se pensar em matemática na
educação infantil, é fundamental pensar nos jogos, pois através deles as
crianças desenvolvem habilidades operatórias e o raciocínio lógico-
matemático.
Segundo Kramer (2001), na educação infantil os conteúdos estão
sempre interligados, mesmo quando aparecem especificamente em uma área
do conhecimento. As noções de tempo e espaço, por exemplo, são
trabalhadas em propostas que ligam as áreas do conhecimento, especialmente
o movimento (psicomotricidade). Mas a partir desse trabalho com o corpo, a
criança faz comparações e constrói conceitos que serão bases para as outras
áreas.
Kramer (2001) diz ainda, que o currículo da educação infantil deve
construir na prática pedagógica, uma metodologia apropriada às necessidades,
condições existentes e aos objetivos estabelecidos, partindo dos seguintes
princípios metodológicos:
1. Ter a realidade das crianças como ponto de partida;
2. Observar e valorizar as ações e interações infantis;
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3. Confiar nas possibilidades que todas as crianças têm de se
desenvolver e aprender, construindo a auto-imagem positiva;
4. Propor atividades significativas, prazerosas, reais e desafiadoras,
incentivando sempre a descoberta e a criatividade;
5. Favorecer a ampliação do processo de construção dos
conhecimentos;
6. Enfatizar a participação e a ajuda mútua, possibilitando a construção
da autonomia e a cooperação.
O eixo condutor do currículo da educação infantil é dado pelos temas
geradores das atividades pedagógicas. Temas geradores são temas que
articulam o trabalho pedagógico com: a realidade sociocultural das crianças, o
desenvolvimento infantil e o interesse específico que os alunos manifestam.
Esses temas expressam também um “ar” de trabalho conjunto e de
cooperação, a partir do momento que o conhecimento vai sendo construído em
grupo, respeitando os interesses pessoais e o tempo de cada indivíduo.
Os temas geradores podem ser propostos pelo professor, sugerido por
alguma criança ou até mesmo percebido no grupo. Os temas devem ser
apresentados a partir do lúdico, como por exemplo: história, fantoche, jogo,
brincadeira ou até mesmo de um objeto. O importante é que a abordagem do
tema aguce a curiosidade e o interesse da turma, favorecendo o crescimento
infantil e a construção de novos conhecimentos.
Para Wajskop (1999) a educação infantil deve cumprir sua função
pedagógica, ampliando o repertório de vivências e de conhecimentos da
criança, para que ela alcance com sucesso a autonomia e a cooperação.
A escola deve ser um lugar de construção do saber coletivo organizado,
onde professores e alunos criam, modificam, aprendem e interagem a partir de
suas próprias experiências.
O professor da educação infantil precisa criar espaços para que os
jogos e as brincadeiras ocorram na sala de aula, oferecendo materiais
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pedagógicos que contribuam para o desenvolvimento de seus alunos e
também participando das propostas junto a eles. Dessa forma o profissional
possibilitará que as crianças assimilem a cultura e o modo de vida dos adultos
de uma maneira mais criativa, prazerosa e participativa.
A participação dos adultos (professores, pais, tios, avós etc.) nas
brincadeiras das crianças, aumenta o interesse pelas atividades e ainda faz
elas se sentirem prestigiadas e desafiadas.
3.1_ Currículo e a dimensão lúdica na educação infantil.
As atividades lúdicas têm uma função muito importante na vida da
criança. O jogo é fundamental, não só para distensão e descarga de energia
como também para a assimilação da realidade e expressão dos ideais da
comunidade em que as crianças vivem.
O ato de jogar é tão antigo quanto o homem. O ser humano sempre
apresentou uma tendência lúdica, demonstrando interesse por brinquedos,
jogos e brincadeiras de diversos tipos.
Na educação infantil é muito difícil estabelecer um tempo certo para a
brincadeira e outro para a aprendizagem, pois a criança aprende brincando. A
criança aprende nos jogos e brincadeiras, eles servem como uma preparação
para a vida adulta. Quando a criança perde no jogo, por exemplo, aprende a
lidar com a frustração e com a perda.
A importância do brincar na educação infantil se dá através da interação
da criança com o meio em que vive, na qual o indivíduo se mantém ativo e
constrói sua identidade.
Maluf (2009) afirma que utilizar o brincar para auxiliar na construção do
aprendizado da criança enriquece as propostas, desenvolve a motricidade, a
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imaginação e a atenção. O lúdico deve ser parceiro do professor de educação
infantil.
Quando o educador utiliza a ludicidade para desenvolver atividades e
conteúdos que estão dentro do seu programa de ensino, faz com que a criança
sinta prazer em aprender, desenvolvendo as propostas com alegria e
entusiasmo.
O brincar deve levar a criança a experimentar. Através do ato de
experimentar diferentes brincadeiras, ela será capaz de escolher a que mais
aprecie e desenvolvê-la sem precisar se preocupar com o corpo e o espaço,
tornando assim desnecessário experimentar.
O brincar no ambiente escolar deve ser feito de forma consciente,
respeitando os limites da criança e aceitando o desempenho dela. È
importante que a criança seja motivada a participar das propostas lúdicas e
que o professor seja mediador e incentivador das relações dela com o
brinquedo.
A atividade lúdica supõe uma ordenação da realidade, seja ela
subjetiva e intuitiva (como nos jogos simbólicos) ou objetiva e consciente
(como nos jogos de regras).
O jogo é capaz de integrar várias dimensões da personalidade: afetiva,
motora e cognitiva. Ele é uma atividade física e mental que mobiliza as funções
e operações, ativando a capacidade motora, cognitiva e ainda afetiva quando
gera envolvimento emocional.
Froebel (apud, RIZZI; HAYDT, 2001) acreditava na pedagogia da ação,
particularmente do jogo, dizia que para se desenvolver o indivíduo não devia
apenas olhar e ouvir, mas sim agir e produzir. Essa necessidade de produzir
deveria se expandir através da educação, levando em consideração o
interesse e atividade espontânea da criança. Ele considerava que o trabalho
manual, jogos e brinquedos tinham uma função educativa básica.
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Através dos jogos e brincadeiras é que a criança adquire a primeira
representação do mundo e é por meio deles que ela entra no mundo das
relações sociais.
O jogo auxilia na formação das atitudes sociais do indivíduo: respeito
mútuo, solidariedade, cooperação, obediência as regras, senso de
responsabilidade, iniciativa pessoal e grupal. É através da atividade lúdica que
as crianças adquirem o valor do grupo como a força integradora, o sentido da
competição saudável e da colaboração consciente e espontânea.
Vygotsky (apud, MALUF, 2009) compreende a brincadeira como zona
de desenvolvimento proximal, porque nela a criança ultrapassa a sua condição
no presente, aproximando do futuro, desafiando e superando sua própria
realidade.
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CAPÍTULO III
A psicopedagogia e o jogo.
“Psicopedagogia é um ato de amor... permitir-se
mergulhar no desconhecido e aprofundar... aprofundar...
perder o medo e receber o belo e transcender. A palavra
psicopedagogia traz a tona questionamentos, sentimentos e
fantasias”.
(Laurenti, 2004, p. 15)
Psicopedagogia é uma área do saber, que estuda o processo ensino-
aprendizagem, do ponto de vista de quem ensina e de quem aprende.
Compreender os processos de aprendizagem da criança e do ensino escolar
ajuda a descobrir as possíveis dificuldades e soluções no processo do fracasso
escolar.
A ação do psicopedagogo visa melhor compreensão do processo de
aprendizagem e suas repercussões no desenvolvimento da criança,
identificando sua apropriação do conhecimento, evolução e fatores que
interferem na aprendizagem.
A vida das crianças é muito mais frágil e complicada do que a dos
adultos. Exige delas um grande esforço de adaptação, uma necessidade vital,
onde a sociedade espera que elas aprendam para sobreviver. O jogo e a
brincadeira são utilizados pela criança durante esse processo de
aprendizagem, sendo considerado um descanso no esforço adaptativo. Esse
descanso é fundamental na perspectiva social, cultural e antropológica do ser
humano, é um momento de prazer, onde a criança aprende se divertindo.
O jogo é revelador, estimula a exploração e solução de problemas. Por
ser uma atividade livre de pressão e avaliação, proporciona um ambiente
adequado para a investigação e a busca de soluções.
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O jogo é uma atividade séria, onde há esforço e uma tarefa para
conseguir cumprir a prova. Através do jogo a criança compreende o que é
tarefa, aprende a se organizar e aceitar um código lúdico com regras sociais.
Ela se interessa pelo jogo, superando de forma passiva e livre as dificuldades
e desafios que nele encontra.
O jogo no campo da psicopedagogia tem um grande valor. Ele é um
meio de intervenção muito importante e funciona como uma atividade criativa e
curativa, que permite à criança reviver situações dolorosas, modificando e
ensaiando o que espera da realidade.
No contexto psicopedagógico os jogos simbólicos, de exercício, de
regras e de construção permitem investigar, diagnosticar e remediar as
dificuldades afetivas, cognitivas ou motoras.
Segundo Macedo (1992) o jogo é fundamental para a psicopedagogia.
Quando alguém joga Damas, por exemplo, estabelece inúmeras relações e
combinações, propiciando uma evidência no aspecto da estrutura, da relação e
da forma sobre o conteúdo.
O jogo faz com que a criança construa relações espaciais e lógicas,
articulando as jogadas e construindo estratégias. Além disso, o jogo facilita o
contato da criança com a matemática, onde ela junta, separa, associa e faz
relações abstratas.
As atividades lúdicas estabelecem também relações psicológicas como:
perder e ganhar, competir, admirar o adversário e aprender com ele,
solidariedade e cooperação, relação de respeito com o outro.
O jogo auxilia o psicopedagogo no “trabalho” com a criança, reduzindo a
dificuldade de aprendizagem, possibilitando o autocontrole, ampliando a
capacidade de memória, atenção e concentração, além de aprender a
respeitar limites.
O psicopedagogo precisa assumir uma postura observadora, durante a
atuação da criança, para que possa interferir no momento certo e além de
28
observá-la, ajudá-la com seu diagnóstico. O erro no jogo, ou seja, uma má
jogada, por exemplo, é um ótimo momento para a intervenção
psicopedagógica.
A intervenção psicopedagógica é uma interferência que o
psicopedagogo realiza sobre o processo de desenvolvimento ou aprendizagem
da criança, que pode estar apresentando dificuldades de aprendizagem. O
procedimento adotado na intervenção psicopedagógica interfere no processo,
tentando compreende-lo, explicitá-lo ou corrigi-lo.
O psicopedagogo é capaz de transferir as estratégias do contexto do
jogo para outras situações do cotidiano da criança, possibilitando assim
entender e conhecer melhor o desenvolvimento e dificuldade de
aprendizagem.
Winnicott (1978) diz que o psicopedagogo durante o jogo
psicopedagógico, precisa observar alguns aspectos que irão auxiliar na
determinação de patologias no aprender. Os aspectos a serem observados
são:
• a atitude da criança frente a aprendizagem;
• a modalidade da aprendizagem;
• o grau de prazer da criança pelo jogo;
• o modo que a criança utiliza suas possibilidades, a partir de
recursos presentes;
• a disponibilidade corporal da criança;
• a relação da criança entre o discurso verbal e corporal;
• a relação da criança com o objeto de conhecimento (jogo).
A psicopedagogia que tem o jogo como instrumento de seu trabalho,
deve ser considerada uma forma de tratamento que resgata, aprofunda e
29
prepara para o trabalho escolar no presente e promove competências
fundamentais para seu trabalho profissional no futuro.
O brinquedo, o jogo e os materiais pedagógicos desempenham um
papel muito importante no trabalho do psicopedagogo. É muito comum a
vivência de situações do cotidiano, a construção do conhecimento e do saber
da criança, através dessas atividades lúdicas, facilitando assim a intervenção
psicopedagógica.
Muitas vezes os professores atribuem a dificuldade de aprendizagem do
aluno à separação dos pais, ao nascimento de um irmão ou a qualquer outra
causa (situação) familiar. Através da intervenção psicopedagógica, o
psicopedagogo, busca uma maior contribuição no enfoque pedagógico. O
processo de aprendizagem do indivíduo é compreendido como um processo
pluricausal, abrangente, que implica vários eixos de estruturação, como:
afetivos, sociais, cognitivos, motores políticos e econômicos. A causa e a
dificuldade do processo de aprendizagem deixam de estar centradas somente
no aluno e no professor, passando assim a ser um processo maior, com
diferentes variáveis.
Os jogos abrem espaço para a imaginação, a fantasia, a projeção da
afetividade e também para a organização lógica. Numa intervenção
psicopedagógica que se procura integrar os fatores cognitivos e afetivos dos
níveis conscientes e inconscientes, o jogo é uma atividade simbólica muito
importante, que age com sua força integradora e terapêutica.
O jogo faz com que a criança aprenda de forma prazerosa, num
contexto diferente da aprendizagem formal. Nele a criança demonstra sua
aprendizagem, o domínio das habilidades, o raciocínio utilizado e como ela
aceita as regras e respeita os limites.
É importante lembrar que o psicopedagogo não atua sozinho, ele
precisa manter uma parceria com outros profissionais como: professor,
neurologista, psiquiatra, fonoaudiólogo e psicólogo, que muito têm a contribuir
com o processo.
30
O jogo psicopedagógico é uma experiência fundamental para a criança,
pois nele ela constrói respostas através de um trabalho que integra o lúdico e o
simbólico, onde aprende: que pode ganhar ou perder; ter esperanças; sofrer e
respeitar o outro.
31
CONCLUSÃO
O motivo de desenvolver esta pesquisa tem uma relação íntima com os
motivos que dificultam ao professor levar o brincar, o brinquedo, a brincadeira
e os jogos para dentro da sala de aula, fazendo dessas atividades lúdicas o
ponto de partida para o desenvolvimento da criança. O brincar e a brincadeira
na escola, ainda são vistos como um passatempo para a criança e não como
um recurso do professor, que desenvolve e estabelece a relação infantil com o
mundo.
Através dessa pesquisa pretende-se mostrar aos educadores que eles
precisam ficar atentos e fazer uma reflexão sobre a ação do brincar da criança.
O modo de como as crianças lidam com os fatos e dificuldades do dia a dia
são refletidas nas brincadeiras e nas experiências vividas na infância.
O professor deve aproveitar a oportunidade que tiver em sala de aula ou
em momentos livres, para observar seus alunos jogando ou brincando, para
interagir com eles e conhecê-los melhor, pois através dessas atividades lúdicas
é que a criança aprende a lidar com suas próprias emoções e com o mundo
em que vive.
O espaço de educação infantil deve enriquecer as experiências infantis,
através de uma exploração ativa e compartilhada entre adultos e crianças. É
extremamente importante a interação entre professor / aluno e aluno / aluno
com jogos e brincadeiras na sala de aula.
A escola deve designar uma política para a questão do brincar,
valorizando o desenvolvimento infantil, criando e recriando espaços para que a
brincadeira aconteça constantemente no espaço pedagógico, pensando assim
em formar indivíduos críticos, que criam sua conduta a partir da brincadeira. O
brincar estimula a criatividade, a curiosidade, iniciativa e autoconfiança,
desenvolvendo a linguagem, o pensamento, a construção do conhecimento e a
atenção.
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O brincar, o brinquedo, o jogo, e a brincadeira proporcionam um
ambiente lúdico, onde a criança será envolvida pela ação, pensamento,
relação social, passando por todas as áreas do conhecimento, sendo assim,
um privilegiado meio do desenvolvimento sócio - afetivo - cognitivo do
indivíduo.
A criança através do brincar e da imitação assimila o mundo adulto,
internalizando-o e interagindo com os valores existentes na comunidade em
que vive. Com o brinquedo a criança modifica o mundo e cria possibilidades de
lidar com ele. Por meio do jogo a criança aprende a perder e ganhar, competir,
admirar o adversário, aprender com ele e respeitá-lo.
O brincar é um procedimento que leva a criança a desenvolver relações
com o outro e com os objetos do conhecimento. Através do brincar e do jogo a
criança desenvolve a imaginação, a criatividade e começa a entender e
respeitar as regras da sociedade em que vive.
33
BIBLIOGRAFIA
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BRASIL. Ministério da educação e do desporto. Secretaria de educação
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MEC/SEF, 1998. Vols 1 e 2.
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34
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imaginar, construir e narrar. 1ª edição. São Paulo: Vetor, 1996.
WAJSKOP, Gisela. Brincar na pré-escola. São Paulo: Cortez, 1999.
WINNICOTT, D.W. A criança e seu mundo. Rio de Janeiro: LTC, 1978.
35
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
O que é brincar, brinquedo, jogo e brincadeira? 9
1.1– Brincar 9
1.2 – Brinquedo 10
1.3 – Jogo 12
1.4 – Brincadeira 14
1.5 – A visão de Piaget em relação aos jogos infantis. 15
CAPÍTULO II
Currículo da Educação Infantil. 19
3.1_ Currículo e a dimensão lúdica na educação infantil. 23
CAPÍTULO III
A psicopedagogia e o jogo. 26
CONCLUSÃO 31
BIBLIOGRAFIA 33
ÍNDICE 35