preconceito linguístico

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Linguagens- Língua Portuguesa Ensino Médio – 1º Ano Variação Linguística e Preconceito linguístico

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Linguagens- Língua PortuguesaEnsino Médio – 1º Ano

Variação Linguística e Preconceito linguístico

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Quando "oiei" a terra ardendoQual a fogueira de São JoãoEu perguntei a Deus do céu, aiPor que tamanha judiação

Eu perguntei a Deus do céu, aiPor que tamanha judiação

Que braseiro, que fornaiaNem um pé de "prantação“Por farta d'água, perdi meu gadoMorreu de sede meu alazão

Por farta d'água, perdi meu gadoMorreu de sede meu alazão

Inté mesmo a asa brancaBateu asas do sertão"Intonce" eu disse, adeus RosinhaGuarda contigo meu coração

"Intonce" eu disse, adeus Rosinha

Guarda contigo meu coração

Hoje longe, muitas légua

Numa triste solidão

Espero a chuva cair de novo

Pra mim vortar pro meu sertão

Espero a chuva cair de novo

Pra mim vortar pro meu sertão

Quando o verde dos teus "óio“

Se "espaiar" na prantação

Eu te asseguro não chore não, viu

Que eu vortarei, viu

Meu coração

Eu te asseguro não chore não, viu

Que eu vortarei, viu

Meu coração

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1-Como o cenário do sertão é descrito na música?

2-Qual o tema tratado na música?

3- Poderíamos afirmar que o conteúdo expresso pelo compositor em décadas passadas se faz “novo” nos dias atuais? Justifique.

4-Na sua opinião, qual o grau de escolaridade do eu-lírico? Explique.

5-Qual sua possível profissão?

 

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Cada um de nós, quando nasce, começa a aprender a língua em casa, com os familiares. Ao ouvir as pessoas falando, nós também vamos, aos poucos, apropriando-nos do vocabulário e das leis combinatórias da língua.

Também treinamos nossa boca e nossas cordas vocais para produzirem sons, que se transformam em palavras, em frases e em textos inteiros.

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Regional Conforme aregião do falante, o uso dalíngua varia, pois este temvocabulário e pronúnciapróprios de sua região. O quenão significa dizer que região

Xfala “melhor” ou mais “bonito”do que região Y. Quem assim

pensa comete preconceito linguístico.

Exemplo: Um falante nordestino, ao chegar numa feira livre no Rio de Janeiro, diz ao vendedor:

-Quero um quilo de macaxeira.

E o vendedor responde:-Caramba, não tenho. Tenho

mandioca, serve?O falante nordestino examina

o produto e diz: - Vou levar, é a mesma coisa!

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É comum as pessoas de diferentes épocas utilizarem um vocabulário diferente, e, na maioria das vezes, também escreverem de modo diferenciado devido às variações da língua no tempo, as quais atingem a faixa etária dos falantes. Um exemplo vivo para nós é a reforma ortográfica, a qual muda o jeito de escrever algumas palavras.

Exemplo: Num consultório entram o avô (65

anos) e o neto (10 anos). O avô olha para o médico e fala:

-Doutor, quero que o senhor me receite um remédio para meu neto que está com difruço.

O médico, meio que aturdido, porém compreende a fala do senhor e começa a prescrever a medicação. Eis que o neto interrompe:

-Vovô, eu não tenho essa doença aí não, tenho apenas um leve resfriado.

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Pessoas que têm maior acesso a leituras variadas, escolas, filmes, internet etc apresentam uma variedade da língua, digamos, mais próxima do falar exigido pela sociedade letrada. Não se trata de mais pobres ou menos pobres, trata-se apenas das oportunidades de leitura desses falantes.

Exemplo: Conversa entre três jovens de diferentes classes sociais

Jovem da classe alta: - Li ontem vários artigos sobre variação linguística na biblioteca virtual e tive aulas com meu pai.

Jovem da classe média: -Foi mesmo, cara? Eu tenho internet, livros, Tv a cabo, mas não li nada. Convidei um antigo colega para ir lá em casa, ele também utilizou minhas mídias e fez essa leitura que você aí fala.

Jovem da classe baixa: - O convidado fui eu! Não tenho esses recursos, apenas as xérox das aulas, por isso aproveitei a oportunidade dada pelo colega, a fim de também me sentir incluído e li tudo que pude. Resultado: Hoje entendo as variações e sei me defender diante do preconceito linguístico!

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O nível de instrução do falante também faz com que a língua sofra variações. Isso quer dizer que falantes com maior escolarização tendem a usar a língua de modo mais formal que os falantes de menor

escolaridade. Fato que, em muitos casos, provoca o surgimento do preconceito linguístico.

Exemplo: Conversa entre um agricultor (analfabeto) e um metereologista:

Agricultor:- Sinhô, hoje chove de todo jeito!Metereologista: -Não, as previsões só

anunciam chuvas para o final do mês.Agricultor: -Num concordo, não sinhô e até

pruque o mei miô, o mei findô e hoje já é 15. Assim, tá no miado e vai chuver.

Metereologista: - Mas e as previsões? O senhor não entende de nada, nem falar sabe...

Agricultor: - Me disculpe, falá bunito como o sinhô eu possa num sabê, mas se o sinhô tem istudo num parece pruque num sabe nem arrespeitar or mai véi. E se eu num sei falá como dixe, como é que eu tenho 65 ano e nunca deixei de falá com o povo daqui e nunca errei um paipite de chuva?!

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Conforme a situação comunicativa em que se encontra o falante, ele faz a língua variar. Isso quer dizer que, em ambientes mais formais, a opção pelo uso formal da língua é mais conveniente. Já com os familiares e colegas, o uso da informalidade é mais usual. O interessante é saber fazer essas trocas.

Exemplo: A mãe com o filho, em casa, e na escola, na qualidade de sua educadora.

Maria (mãe): -Filho, vá estudar variação linguística. A avaliação é hoje, te dou uma bola se tirar 80. Não vai me envergonhar, hein?

José (filho): - Mamãe, eu já sei que a língua varia conforme a região, o tempo, o grau de instrução e um bocado de coisas mais. Me dê, mamãe, a bola.

Maria (na escola): - José, estude variação linguística que a avaliação será hoje e eu darei à turma um livro a quem tirar 80.

José (na escola)- Professora, sei de todas as variações, inclusive como banir o preconceito linguístico existente na nossa sociedade. E agora, mereço o 80 e o livro?!

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Língua oral e língua escritaA língua oral,(falada) também é diferente da língua escrita. Assim, quando escrevemos, temos condições de escrever bem as palavras, de corrigir o texto e melhorá-lo até transmitir exatamente o que desejamos. Na fala isso não é possível, ela normalmente apresenta repetições, quebras de sequência lógica, problemas de concordância e várias

expressões de apoio, como né?, tá?, entendem?, etc.

Em outras palavras, poderíamos resumir que a

escrita é planejada, enquanto a fala não, é espontânea. Aquilo que

escrevemos podemos rever, revisar, ao passo

que aquilo que falamos, não temos mais como

voltar atrás. Nesse caso, sendo uma ofensa ao

outro, somente um pedido de desculpa poderá

“sanar”o dito. Aproveitem essa aula e, a partir de agora, não menosprezem seus colegas se estes falarem arrastado, com gírias, ou mesmo se usarem palavras desconhecidas para vocês. Saibam que todo falante nativo conhece muito bem a sua língua materna.

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Formal: também chamada de culta ou padrão. Ao falarmos em público ou ao conversarmos com pessoas mais instruídas do que nós, ou ainda com pessoas que ocupam cargo ou posição elevada, passamos a empregar a língua formal, isto é, falamos de modo mais cuidadoso. Evitamos tanto as gírias e expressões grosseiras quanto aquelas que demonstrem muita intimidade (caramba, fofinha, bicho etc). (1)

A língua culta ou padrão é veiculada nos dicionários, nas gramáticas, nos textos literários, técnico-científicos e jornalísticos e nas redações oficiais do país.

Informal: ao contrário, se a conversa for com pessoas conhecidas, com as quais temos intimidade ou mesmo familiaridade, podemos falar de modo informal, mais popular e menos policiado, pois nosso interlocutor não se chocará com a nossa linguagem.

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Gíria e jargão: são os códigos linguísticos próprios de um grupo sociocultural com vocabulário especial, incompreensível para quem dele não fizer parte. Os médicos usam uma linguagem típica da medicina, por exemplo, para explicar um procedimento cirúrgico (jargão); já os surfistas empregam gírias entre eles.

Calão (ou baixo calão): é uma realização linguística caracterizada pelo uso de termos baixos, grosseiros ou obscenos, que, dependendo do contexto, muitas vezes chocam pela falta de decoro e desvalorizam socialmente aqueles que os empregam.

Vale ressaltar que, no ato comunicativo, o falante deverá primar por ser bem compreendido linguisticamente, suas escolhas deverão estar adequadas à situação comunicativa vivenciada por ele, bem como a seu interlocutor imediato.

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Vocês lembram de gírias antigas?

Deem alguns exemplos de gírias usadas na nossa região.

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Ninguém deve menosprezar os usos da língua escolhidos pelo falante. Este, por sua vez, deve fazer uso adequado dela, para evitar situações de incompreensões e para participar ativamente da sociedade da qual faz parte, por exemplo:

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Quando se afirma que alguém não sabe falar corretamente porque não utiliza a variedade de maior prestígio social, ou seja, a culta, ou mesmo quando não se aceita uma diferença na pronúncia e no léxico de uma pessoa, comete-se o preconceito linguístico. Ele também se mascara em afirmações como: “o certo é falar assim, porque se escreve assim”; “brasileiro não sabe português”; “nordestino fala tudo errado“ ;“pessoas sem instrução falam tudo errado” etc.

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