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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DR. HEITOR VIEIRA DOURADO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL MESTRADO EM DOENÇAS TROPICAIS E INFECCIOSAS DESEMPENHO DOS EXAMES PARASITOLÓGICOS UTILIZADOS NO DIAGNÓSTICO DA DOENÇA DE CHAGAS EM UM SERVIÇO DE SAÚDE TERCIÁRIO DO ESTADO DO AMAZONAS IGOR CASTRO TAVARES MANAUS 2017

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Page 1: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · Doenças Tropicais e Infecciosas, ... este trabalho ainda gera frutos como o recente capítulo de livro. ... diagnostico sorológico

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DR. HEITOR VIEIRA DOURADO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL MESTRADO EM DOENÇAS TROPICAIS E INFECCIOSAS

DESEMPENHO DOS EXAMES PARASITOLÓGICOS UTILIZADOS NO

DIAGNÓSTICO DA DOENÇA DE CHAGAS EM UM SERVIÇO DE SAÚDE

TERCIÁRIO DO ESTADO DO AMAZONAS

IGOR CASTRO TAVARES

MANAUS

2017

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IGOR CASTRO TAVARES

DESEMPENHO DOS EXAMES PARASITOLÓGICOS UTILIZADOS NO

DIAGNÓSTICO DA DOENÇA DE CHAGAS EM UM SERVIÇO DE SAÚDE

TERCIÁRIO DO ESTADO DO AMAZONAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas em Convênio com a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, para obtenção grau de Mestre em Doenças Tropicais e Infecciosas.

Orientador (a): Prof.ª Drª. Maria das Graças Vale Barbosa Guerra

Co-orientador: Prof.: Dr. Jorge Augusto de Oliveira Guerra

MANAUS

2017

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FICHA CATALOGRÁFICA Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Sistema Integrado de Bibliotecas da Universidade do Estado do Amazonas.

I24d Tavares, Igor Castro Desempenho dos exames parasitológicos utilizados no diagnóstico da Doença de Chagas em um serviço de saúde

terciário do Estado do Amazonas / Igor Castro Tavares. Manaus : [s.n], 2017. 88 f.: color.; 8 cm.

Dissertação - Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical - Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, 2017. Inclui bibliografia Orientador: Maria das Graças Vale Barbosa Guerra Coorientador: Jorge Augusto de Oliveira Guerra

1. Doença de Chagas. 2. Forma clínica. 3. Trypanosoma cruzi. 4. Biologia molecular. 5. Exame parasitológico. I. Maria das Graças Vale Barbosa Guerra (Orient.). II. Jorge Augusto de Oliveira Guerra (Coorient.). III. Universidade do Estado do Amazonas. IV. Desempenho dos exames parasitológicos utilizados no diagnóstico da Doença de Chagas em um serviço de saúde terciário do Estado do Amazonas

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FOLHA DE JULGAMENTO

DESEMPENHO DOS EXAMES PARASITOLÓGICOS UTILIZADOS NO

DIAGNÓSTICO DA DOENÇA DE CHAGAS EM UM SERVIÇO DE SAÚDE

TERCIÁRIO DO ESTADO DO AMAZONAS

IGOR CASTRO TAVARES

“Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em

Doenças Tropicais e Infecciosas, aprovada em sua forma final pelo Programa de

Pós-Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas

em convênio com a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado”.

Banca Julgadora:

______________________________________

Prof.ª Drª. Maria das Graças Vale Barbosa Presidente

______________________________________ Prof. Dr. Wuelton Marcelo Monteiro

Membro

_____________________________________

Prof.ª. Drª. Alda Maria da Cruz

Membro

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DEDICATÓRIA

Dedico a minha amada mãe Antônia Vieira de Castro, nordestina guerreira que

sempre está ao meu lado, lutando pela unidade familiar, deixando de viver sua vida

para educar seus filhos. Muito obrigado por sempre indicar a direção em que deveria

caminhar.

Dedico também a memória do meu amado tio Raimundo Apoliano dos Santos

Tavares, carinhosamente chamado de “tio Apolino”. Minha referência paterna,

ensinou-me com seu exemplo de vida que estudar é preciso e o trabalho duro e

honesto dignifica o homem e traz felicidade ao lar, saudades existe, porém, seu

exemplo de vida nos afaga diariamente, Deus o abençoe tio Apolino;

Dedico as minhas irmãs, Adriana Timóteo Tavares e Iarla Priscila Castro

Tavares, que sempre estão apoiando-me incondicionalmente;

A minha noiva, amiga e companheira Tatina Castro, que esteve ao meu lado

do início ao fim, apoiando-me e esforçando-se para compreender minhas ausências

no relacionamento em função das atividades do mestrado. Obrigado por estar aqui!

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AGRADECIMENTOS

Ao bom Deus criador e a Virgem Maria.

Agradeço a minha orientadora Dra. Maria das Graças do Vale Barbosa Guerra,

pela oportunidade de viver esse momento tão almejado e importante na minha vida

pessoal e profissional. Com sua ética profissional e método, ensinou-me a ser um

professor melhor e dar os primeiros passos ao universo fascinante da pesquisa

científica. Muito obrigado por acreditar em mim, que mesmo sem precedentes, aceitou

orientar-me, certamente o sentimento mais sincero que possa ter é gratidão. Que

DEUS abençoe sua vida e familiares;

Agradeço ao meu Co-orientador Dr. Jorge Augusto de Oliveira Guerra, pelos

ensinamentos e paciência. Sempre mediando os ensinamentos e disponibilizando-se

a ensinar. Obrigado por fazer parte deste momento da minha vida;

Agradeço ao amigo Darlisom Ferreira que em tempos de graduação sempre

prestou-se incentivar-me a trilhar um caminho sólido dentro da enfermagem, meu

muito obrigado meu amigo;

Agradeço minha querida amiga e eterna orientadora Elizabeth Teixeira, que

oportunizou ser bolsista de iniciação científica, que mesmo após 5 anos de formado,

este trabalho ainda gera frutos como o recente capítulo de livro. Com você entendi a

importância da produção acadêmica para trilharmos novos caminhos acadêmicos;

Agradeço aos amigos Frank Teixeira, Eliane Alves e Ilza Cinara, pela amizade

e pelos diversos momentos de felicidades vividos em Manaus;

Ao casal de amigos e padrinhos, Rodrigo Martins e Led Daiana, obrigado pela

amizade sincera e carinho sempre demonstrado;

Agradeço aos amigos Sheila Souza e Carlos Alexandre, que estão ao meu lado

há 10 anos, demostrando quão é importante ter amigos;

Agradeço a Prof. Fabiana Momberg que ao longo de dois anos foi

extremamente paciente e compreensiva, permitindo na execução do mestrado.

Obrigado por ajudar-me a realizar um sonho pessoal e profissional, o sentimento é de

gratidão;

Agradeço ao meu grande amigo Romulo Freire Morais, por dividir os momentos

de aflição, felicidade, tristeza, frustrações e conquistas, obrigado por sua amizade e

apoio mútuo. Que a nossa amizade permaneça pela vida, faremos grandes parcerias

se DEUS permitir meu amigo;

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Agradeço aos amigos Ederson Campos, Wendel Gomes, Luan Dyemison,

Pablo Nemer, Idaelson Campos e Ramon Sampaio, pela amizade de longa data e

apoio de sempre;

Agradeço aos amigos Aderlaine Sabino, que oportunizou uma nova experiência

profissional; e aos amigos Wagner e Bianca Vilhena pelo apoio nesta jornada em reta

final do mestrado, minha gratidão;

Agradeço a Debora Raissa, outrora aluna de PAIC e hoje mestrando, minha

amiga obrigado por sua colaboração para execução deste estudo, sem você seria

mais difícil;

Agradecer também a Rosa Santana que em meio aos seus experimentos

ajudou/ensinou-me a compreender sobre biologia molecular e como reagir com as

frustações dos mesmos;

Agradeço as colaboradoras da secretária do PPGMT: Conceição, Altariza e

Socorro, por todo apoio, paciência e dedicação a nós alunos;

Agradeço ao Prof. Henrique Silveira por sua colaboração neste estudo.

Obrigado pelos ensinamentos;

Agradeço ao amigo George Silva que sempre disposto, realizou todo o

sequenciamento das minhas amostras e com dedicação explicou cada passo deste

processo fascinante. Tornando-se um grande amigo para a vida;

Quero agradecer ao Centro de Entomologia Médica da FMTHDV que me

acolheu da melhor forma possível, muito obrigado a todos. Em especial, quero

agradecer ao Sr. Nelson Ferreira Fé, possuidor de conhecimentos valiosos sobre a

entomologia. Sempre disposto ajudar-me com dúvidas pertinentes, gratidão pelo

apoio e disponibilidade.

Agradeço a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

(CAPES), pela concessão da bolsa de estudos por 2 anos.

Agradeço a Fundação Medicina Tropical e a Universidade do Estado do

Amazonas pelo programa Programa de Pós-Graduação.

A todos, meu muito obrigado!

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DECLARAÇÃO DAS AGÊNCIAS FINANCIADORAS

Os dados dessa pesquisa tiveram o apoio financeiro do Conselho Nacional de

Pesquisa – CNPq; Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas –

FAPEAM e do Ministério da Saúde através de repasse de verbas para vários projetos

e atendimento na rotina respectivamente. Esse projeto faz parte de um projeto maior

sob título “Seguimento dos casos de pacientes chagásicos atendidos em um centro

de referência em Manaus, Amazonas, Brasil: Série Histórica”, (número do parecer:

279.874 Data da Relatoria: 10/05/2013), coordenado pela Prof. Dr. Jorge Augusto de

Oliveira Guerra,

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Não quero dizer, porém, que porquê esperançoso, atribuo a minha esperança o poder de transformar a realidade e, assim convencido, parto para o embate sem levar em consideração os dados concretos, materiais, afirmando que minha esperança basta. Minha esperança é necessária, mas não é suficiente. Ela, só, não ganha a luta, mas sem ela a luta titubeia. Precisamos da esperança crítica como o peixe necessita da água despoluída. Paulo Freire, Pedagogia da Esperança, 1992

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RESUMO

No Amazonas o atendimento, diagnóstico e tratamento dos pacientes com a doença de Chagas aguda (DCA) ou crônica (DCC) é realizado pela Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado FMT-HVD, desde 1983. Nos últimos anos tem-se incluído a biologia molecular para a identificação do T. cruzi circulante. O objetivo deste estudo foi realizar um levantamento sobre os dados de exames parasitológicos realizados em pacientes com Infecção Chagásica atendidos na FMT-HVD. Estudo descritivo onde se realizou consulta ao acervo registrado em livros e prontuários da FMT-HVD sobre os exames parasitológicos realizados em pacientes com suspeita ou diagnostico sorológico para DC entre 1983 a 2016. Foram levantadas ainda, informações sobre a forma clínica de DC, espécies de triatomíneos utilizadas no xenodiagnóstico – XD, isolados e linhagens de T. cruzi, utilizando a biologia molecular. Foram encontrados 907 registros de exames parasitológicos referentes ao atendimento de 399 pacientes dos quais190/399 (47%) são pacientes chagásicos; 170/190 (89%) são procedentes de 22 dos 62 Municípios do estado do Amazonas; 20/190 (11%) de 7 estados brasileiros; 119/190 (63%) são pacientes chagásicos agudos e 71/190 (37%) pacientes chagásicos crônicos. Observou-se aumento no número de registros nas duas formas clinicas da DC a partir de 2004; com maior registro em pacientes do sexo masculino nas duas formas clinicas. Na DCA registrou-se casos em crianças com menos de 1 ano até adultos acima de 60 anos; na DCC houve registro em crianças a partir de 11 anos até acima de 60; de maneira geral predominou no sexo masculino. DCA registrou-se um total de 388/536 (72%) exames realizados, o exame que apresentou maior positividade nesta forma clínica foi a PCR 61/62 (98%), seguida da HC com 71/75 (95%); GE 90/101 (89%); XD com 73/93 (78%); XC 17/57 (30%). Nos casos de DCC encontrou-se 148/536 (28%) exames realizados; destes, o que apresentou maior positividade foi a PCR com 13/38 (34%), seguido do XD 11/71 (15%); e HC 2/18 (11%); 371/399(93%) pacientes realizaram XD, destes 330/371 (89%) pacientes realizaram uma única vez; Dos 447 XD realizados, a espécie Triatoma infestans apresentou uma positividade de 50/92 (54%) para os casos de DCA; 6/71 (8%) para os casos de DCC. Encontrou-se 75 amostras de HC provenientes de pacientes chagásicos agudos; 70/75 (93%) já haviam sido sequenciadas, onde, 36/70(52%) são identificadas como DTU TcIV; e 3/70(4%) identificadas como TcI; 23/70(33%) identificados como Z3 (TcIII/IV); e 8/70(11%) como TcI. Os dados desse estudo mostram a importância da FMT-HDV, no atendimento e cuidado aos pacientes com DC na Amazônia, evidenciada pelos registrados das atividades desenvolvidas desde 1983. Observou-se que a partir de 2004 houve aumento no registro de casos principalmente agudos detectados por exame parasitológico. Isso foi possível após o treinamento de pessoal que atuam no serviço de malária, que passaram a detectar os casos agudos através da GE. Até esse estudo foi registrado que as DTU’s TcI e TcIV do T. cruzi são as linhagens detectadas e que tem causado DC em populações do Amazonas. Isso reafirma o que se conhece na literatura, ou seja, nessa região até momento o parasito circula no seu ciclo silvestre. Com esse trabalho registra-se dados de um importante acervo com informações sobre os pacientes chagásicos atendidos ao longo dos anos na FMT-HVD.

Palavras Chave: Trypanosoma cruzi, Infecção chagásica na Amazônia, Biologia molecular, Hemocultura, Xenodiagnóstico, Gota espessa.

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ABSTRACT

In the Amazonas State, the Fundação de Medicina Tropical - FMT-HVD, carries out the care, diagnosis and treatment of patients with acute Chagas disease (DCA) or chronic disease (DCC) since 1983. In recent years, molecular biology has been included for the identification of T. cruzi circulation. The objective of this study was to conduct a survey on the results of parasitological tests in patients with Chagas disease in FMT-HVD. This is a descriptive study on collection of parasitologic performed in patients with suspected or serological diagnosis for CD, between 1983 to 2016, recorded in books and records of the FMT-HVD. Information were raised on the clinical form of DC, Triatominae species used in xenodiagnóstico-XD, and isolates of T. cruzi strains using molecular biology. A total of 912 parasitological examination records were found on 399 patients; 190/399 (47%) were chagasic patients; 170/190 (89%) come from 22 of the 62 Municipalities of the state of Amazonas; 20/190 (11%) from 7 Brazilian states. 119/190 (63%) are patients with ACD and 71/190 (37%) patients with CCD. There were an increase in the number of records in the two clinical forms of CD after 2004. The ACD registered cases in children under 1 year to adults above 60 years; in CCD there was record in children from 11 years to over 60; generally prevailed in males. ACD a total of 388/536 (72%) exams were performed, the test that presented the highest positivity in the clinical form for a 61/62 (98%) PCR, of HC with 71/75 (95%); GE 90/101 (89%); XD with 73/93 (78%); XC 17/57 (30%). In the cases of CCD, 148/536 (28%) were performed; of these, the most positive was PCR with 13/38 (34%), followed by XD 11/71 (15%); and HC 2/18 (11%); 371/399 (93%) patients performed XD, of these 330/371 (89%) patients performed only once; Of the 447 XD performed, the species Triatoma infestans presented a positivity of 50/92 (54%) for the cases of ACD; 6/71 (8%) for cases of CCD. We found 75 HC samples from acute chagasic patients; 70/75 (93%) had already been sequenced, where, 36/70 (52%) are identified as DTU TcIV; and 3/70 (4%) identified as TcI; 23/70 (33%) identified as Z3 (TcIII / IV); and 8/70 (11%) as TcI.This study shows that among the parasitological methods performed over the years for the diagnosis of CD in the state of Amazonas, thick drip was the most sensitive for ACD, with a positive rate of 80%. With the inclusion of new isolates of T. cruzi the distribution of DTUs in the state of Amazonas was expanded, including 5 new municipalities. This work presents an important collection of information on the chagasic patients treated over the years, and it is evident the importance of the FMT-HDV, in the support to the diagnosis of CD in Amazonas. Keywords: Trypanosoma cruzi, Chagasic infection in the Amazon, Molecular biology, Hemoculture, Xenodiagnosis, Thick drop.

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RESUMO LEIGO

A Doença de Chagas (DC) é causada por um microorganismo de nome Trypanosoma cruzi que é transmitido pelas fezes de um inseto conhecido popularmente como barbeiro, no momento em que ele chupa o sangue de pessoas ou de animais, com a doença. Alem do contato com as fezes do barbeiro o homem pode adquirir a doença atraves da doação de sangue, na gestação da mãe para o filho e pelo leite materno, em transplante de órgãos; de forma acidental em laboratórios e por alimentos contaminados com o T. cruzi como por exemplo o açaí. A doença pode apresentar sintomas como febre, dor de cabeça, dores nas articulações, e as vezes inchaço, principalmente nas pernas, entretanto, na maioria das vezes, não apresenta sinais aparentes. Se durante os sintomas a DC não for identificada e tratada rapidamente, pode ocorrer uma segunda fase da doença que pode levar a pessoa à morte em alguns casos, por causar problemas no coração chamada de doença cardíaca, ou complicações no intestino. Essa fase é chamada de doença de chagas crônica que muitas vezes não apresenta sintomas pessoa fica com a doença sem saber, descobrindo na maioria das vezes quando doa sangue. No tratamento apenas um remédio é utilizado no Brasil, chamado de Rochagan. Acredita-se que existe mais de um milhão de pessoas estejam infectadas em todo Brasil. Nos últimos anos, pessoas com a doença de Chagas a tem sido encontradas na região da Amazônia principalmente, pelo consumo de açaí. Neste estudo fez um levantamento dos pacientes atendidos na FMT-HVD e encontrou-se 104 pacientes que apresetnaram os sintomas principais e 84 com a doença crônica onde muitos não sabiam que estavam com a doença.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Imagem representando o ciclo biológico do Trypanosoma cruzi em

triatomíneos e seres humanos. ................................................................................... 8

Figura 2: Imagem demonstrando o ciclo biológico de Triatoma brasiliensis. .............. 9

Figura 3: Demonstrando a distribuição das principais espécies de triatomíneos

capturadas, segundo município. Brasil, 2007 a 2011. ............................................... 10

Figura 4: Imagem demonstrativa da expansão da DC entre 2002 e 2011 (vermelho -

áreas endêmicas transmissão vetorial; amarelo áreas endêmicas transmissão

ocasional, através de vetores; azul não-endêmica transmissão transfusão por

hemoderivados. ......................................................................................................... 21

Figura 5: Mapa com a distribuição dos surtos de doença de Chagas aguda ocorridos

no Brasil, em destaque para Região Amazônica Legal, 2005 a 2013. Fonte: MS.

Atualizado em maio/2014 .......................................................................................... 23

Figura 6: Mapa do Estado do Amazonas com a distribuição dos casos humanos de

DC registrados no Amazonas. ................................................................................... 27

Figura 7: Quantitativo de exames parasitológicos realizados no a partir de 1983 até

2016 na Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado. ........................ 33

Figura 9: Distribuição dos pacientes chagásicos atendidos na MTHDV de acordo com

as formas clínicas e período...................................................................................... 35

Figura 10: Distribuição dos pacientes por sexo/faixa etária e forma clínica (DCAF –

Doença de Chagas aguda feminino; DCAM – Doença de Chagas Aguda Masculino).

.................................................................................................................................. 35

Figura 11: Distribuição dos pacientes por sexo/faixa etária e forma clínica (DCCF –

Doença de Chagas Crônica/Feminino; DCCM – Doença de Chagas Crônica Masculino

....................................................................................................................................80

Figura 12: Figura Distribuição dos exames parasitológicos realizados em pacientes

com DCA. .................................................................................................................. 81

Figura 13: Figura Distribuição dos exames parasitológicos realizados em pacientes

com DCC. .................................................................................................................. 81

Figura 14: Lista de espécies de triatomíneos que positivaram para formas flageladas

de T. cruzi no XD realizado em pacientes com DCA. ................................................ 83

Figura 15: Lista de espécies de triatomíneos que positivaram para formas flageladas

de T. cruzi no nos XD realizados em pacientes com DCC. ....................................... 83

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Figura 16: Distribuição dos pacientes por número de XD realizado entre 1983-2016....

.................................................................................................................................. 84

Figura 17: Árvore filogenética mostrando a distribuição de isolados de T. cruzi do surto

de DCA no município de Carauari-AM e de outros municípios de casos isolados, com

base no sequenciamento do gene que codifica a subunidade II da citocromo oxidase.

.................................................................................................................................. 86

Figura 18: Distribuição geográfica das DTU’s de T. cruzi no estado do Amazonas que

determinaram a DCA. .............................................................................................. 437

Figura 19: Representação de Haplótipos de T. cruzi identificados como DTU TcI e

TcIII, identificados por sequenciamento da citocromo oxidase Subunidade II. ......... 88

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Lista de espécies de triatomíneos por estagio evolutivo utilizadas no XD de pacientes com suspeita ou diagnostico positivo para DC entre 1983-2016.............. 81

Tabela 2: Lista de DTU`s provenientes de isoladas de T. cruzi de seres humanos sequenciado em 2012...............................................................................................101 Tabela 3: Lista de DTU`s provenientes de isoladas de T. cruzi de seres humanos sequenciado em 2016. .............................................................................................102

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

AM Amazonas;

CEP Comitê de Ética em Pesquisa;

CONEP Comissão Nacional de Ética em Pesquisa;

DATA/SUS Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde;

DC Doença de Chagas;

DCA Doença de Chagas Aguda;

DCC Doença de Chagas Crônica;

DNA Ácido desoxirribonucleico;

DTU Unidade de tipagem distinta;

ELISA Ensaio imunoenzimático de fase sólida

FHEMOAM Fundação de Hemoterapia do Amazonas;

FMTHVD Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado;

GE Gota espessa;

HE Hemocultura;

IFI Imunofluorescência indireta;

LIT Meio de cultura com infusão de fígado e triptose

MS Ministério da Saúde;

OMS Organização Mundial de Saúde;

PCR Reação da Cadeia de Polimerase;

rDNA Ácido desoxirribonucleico ribossômico

T. cruzi Trypanosoma cruzi;

TCLE Termo de Consentimento Livre Esclarecido;

XD Xenodiagnóstico;

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1

1.1 Aspectos históricos da Doença de Chagas ......................................................... 1

1.2 Morfologia e Classificação do Trypanossoma cruzi ............................................ 4

1.3 Ciclo de vida do T. cruzi ...................................................................................... 7

1.4 Vetores ................................................................................................................ 8

1.5 Reservatórios .................................................................................................... 11

1.6 Aspectos clínicos da DC ................................................................................... 13

1.7 Diagnóstico da DC ............................................................................................ 14

1.7.1 Diagnóstico parasitológico da DC: ................................................................. 15

1.7.1.1 Hemocultura ................................................................................................ 15

1.7.1.2 Gota espessa (GE). ..................................................................................... 16

1.7.1.3 Xenodiagnóstico (XD) ................................................................................. 17

1.7.1.3.1 Espécie de Triatomíneo empregada ........................................................ 18

1.7.1.3.1 Estadio das ninfas .................................................................................... 18

1.7.1.3.2 Leitura do xenodiagnóstico....................................................................... 18

1.7.2 Xenocultura .................................................................................................... 19

1.7.3 Reação em cadeia da polimerase (PCR) ....................................................... 19

1.8 Tratamento ........................................................................................................ 20

1.9 Epidemiologia .................................................................................................... 20

1.10 Vigilância epidemiológica ................................................................................ 21

1.11 Notificação obrigatória ..................................................................................... 22

1.12 Medidas de prevenção e controle ................................................................... 23

1.13 Doença de Chagas na Amazônia .................................................................... 25

1.13.1 Doença de Chagas no estado do Amazonas ............................................... 26

2 OBJETIVOS ......................................................................................................... 29

2.1 Geral ................................................................................................................. 29

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xxi

2.2 Específicos ........................................................................................................ 29

3 MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 30

3.1 Aspectos Éticos ................................................................................................. 30

3.2 Tipo de estudo................................................................................................... 30

3.3 Amostra ............................................................................................................. 30

3.4 Critério de inclusão ............................................................................................ 31

3.5 Diagnóstico molecular ....................................................................................... 31

3.6 Análise do polimorfismo do gene que codifica a subunidade II do citocromo

oxidase (CoII). ......................................................................................................... 31

3.7 Sequenciamento ............................................................................................... 32

3.8 Analises dos dados ........................................................................................... 32

4. RESULTADOS .................................................................................................... 33

4.1 Caracterização da população quanto à procedência, forma clínica, método

parasitológico realizado dos pacientes atendidos na FMTHDV. ............................. 33

4.1.1 Distribuição dos casos de DC quanto à forma clínica, período e sexo ........... 34

4.1.2 Métodos parasitológicos utilizados e a positividade para T. cruzi entre os

pacientes chagásicos .............................................................................................. 37

4.2 Espécies de triatomíneos utilizadas no XD e seus estádios. ............................ 37

4.3 Análise do gene mitocondrial COII .................................................................... 40

4.3.2 Resultado das linhagens de amostras dos pacientes com DC mantidas em

cultura. .................................................................................................................... 40

4.3.3 Haplótipos ...................................................................................................... 41

4.3.4 Atualização da distribuição geográfica das DTU’s de T. cruzi no estado do

Amazonas que determinaram a DCA. ..................................................................... 41

................................................................................................................................ 44

5. Discussão ............................................................................................................ 45

5.1 Aspectos gerais da DC no Estado do Amazonas de 1983 a 2016 .................... 45

5.2 Diversidade genética dos isolados de T. cruz na Amazônia Brasileira ............. 47

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xxii

5.3 Considerações finais ......................................................................................... 48

6. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 50

7. REFERENCIAS ................................................................................................... 51

ANEXO A – Tabela com DTU’s identificadas em 2012 ........................................... 58

ANEXO B – Tabela com DTU’s identificadas em 2016 ........................................... 59

ANEXO C – PROJETO ........................................................................................... 60

APÊNDICE A – FICHA CLÍNICA: Projeto Chagas – FMTHVD ............................... 61

APÊNDICE B –T ermo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE .................. 65

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .................................. 65

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1

1 INTRODUÇÃO

A doença de Chagas - DC é uma parasitose causada pelo Trypanosoma cruzi,

um protozoário kinetoplastida, que pode infectar o homem de diversas formas sendo

a vetorial a mais registrada nas áreas endemicas onde o vetor é domiciliado. Outros

mecanismos de transmissão podem contribuir para a produção de novos casos,

especialmente através de transfusões de sangue, transmissão vertical e oral (1, 2).

Nos ultimos anos a transmissão oral tem evidenciado uma nova forma de

transmissão particularmente na região Amazônica demanadando ações de vigilância

diferentes daquelas praticadas nas áreas endemica (2-4), onde as medidas de

controle adotadas até o momento vêm apresentando um bom impacto no controle da

doença, na prevalência da infecção, no adoecimento e, na mortalidade por DC no país

(5).

1.1 Aspectos históricos da Doença de Chagas

Historicamente o T. cruzi é um parasito muito antigo, cujas evidênciadas foram

comprovadas pela deteção do seu DNA em uma múmia Chinchorro de 9000 anos de

idade, através da Reação em cadeia da polimerase (PCR). Os Chinchorros foram os

primeiros povos a povoar o deserto do Atacama (norte do Chile e sul do Peru) (6, 7) .

Também foi detectado em restos humanos de outros locais de escavação

arqueológica na América (8). No Brasil o DNA do T. cruzi foi detectado em restos

humanos do sítio arqueológico, Abrigo do Malhador, Vale Peruaçu, Minas Gerais (9),

confirmando sua antiguidade nas terras baixas da América do Sul (10).

Relatos dos séculos XVI-XIX, descrevem pacientes com sintomas compativeis

com a patologia da DC. O primeiro relatório clínico sugestivo relativo a eventuais

sintomas intestinais da doença, surgiu de um livro publicado em 1707 pelo médico

Português Miguel Diaz Pimenta (1661-1715) (6). Alguns relatos indicam que a

ocorrencia da DC na América Latina desde o início do século XVI, afetando os povos

indígenas, bem como os conquistadores (6).

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2

A ocorrencia de triatomíneos tambem é descrita, mesmo antes de se conhecer

o seu papel como vetor para o T. cruzi. Charles Darwin (1809-1882), relatou em seu

livro/diario a Viagem do Beagle (11) o seguinte:"À noite, eu experimentei um ataque

do Benchuca o grande dos Pampas. É mais repugnante sentir insetos sem asas

macias, cerca de uma polegada de comprimento, rastejando sobre seu corpo. Antes

de sugar eles são bastante finos, mas depois tornam-se redondo e inchado com

sangue sugado, e neste estado eles são facilmente esmagados. Embora cercado por

pessoas, quando colocado sobre a mesa e, um dedo foi oferecido, o inseto

imediatamentetirar foi sugar o sangue. Lesão provocada sem dor” (12).

O papel dos triatomíneos na transmissão da DC permaneceu desconhecida até

1909 (6). Somente no século XX no ano de 1908, durante uma campanha anti-malária

em apoio a construção de uma linha férrea no Norte do Estado de Minas Gerais, o

higienista brasileiro e bacteriologista Carlos Justiniano Chagas (1879-1934), tomou

conhecimento por um engenheiro de estrada de ferro de grandes insetos sugadores

de sangue que habitavam em massa nas casas e picavam as pessoas enquanto

dormiam, preferencialmente na face (13). Carlos Chagas, dissecou alguns insetos

para verificar se eles abrigavam potenciais agentes patogénicos, assim, ele encontrou

tripanossomas em seu intestino grosso (13).

Alguns insetos infectados foram enviados para o Instituto Oswaldo Cruz-RJ, e

alimentados em saguis (primatas da família Cebidae do gênero Leontopithecus)

criados em laboratorio. Dentro de 20-30 dias, detectaram no sangue dos macacos o

Trypanosoma. Logo depois, Chagas descobriu que o parasita seria infeccioso para

vários outros animais do laboratório (13). Gradativamente foram descobertos outras

especies de animais silvestres servindo com reservatório do parasita, fornecendo

evidências de um ciclo enzoótico de T. cruzi (6).

Em 1909 Chagas descobriu a doença ao examinar uma menina de dois anos

chamada Berenice que estava febril, com aumento do baço, fígado e gânglios

linfáticos. No primeiro exame, não foram encontrados parasitas, mas quatro dias

depois, em 14 de Abril de 1909, encontro-se inúmeros tripanossomas no sangue com

morfologia semelhante aos previamente detectado em saguis infectados (13). Assim,

Chagas descreveu detalhadamene a clinica da fase aguda da doença e descobriu

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3

uma nova doença humana que posteriormene levou seu nome (14). Carlos Chagas

nomeou o parasito de Trypanosoma cruzi em homenagem ao seu mentor, o médico

brasileiro e bacteriologista Oswaldo Cruz.

Curiosamente, seu primeiro paciente Berenice permaneceu infectada com T.

cruzi por toda a sua vida, confirmado pelo isolamento do parasita, entretanto, nunca

desenvolveu a doença de Chagas crônica. Morreu aos 73 anos sem causas

relacionadas com DC (15).

As evidencias históricas/científicas determinam que a descoberta da DC está

indissociavelmente ligada a Carlos Chagas, porém, outros pesquisadores/instituições

contribuíram para este feito. Instituto Oswaldo Cruz fundado em 1900 pelo governo

brasileiro para combater doenças endémicas desempenhou um papel importante na

descoberta da DC (16). A identificação e caracterização de T. cruzi foi o resultado da

colaboração com o zoólogo e parasitologista Checo, Stanislaus von Prowazek (1875-

1915), que foi convidado por Osvaldo Cruz para passar seis meses no Instituto

Soroterápico Federal para realizar pesquisas (17).

O estágio do ciclo de vida intracelular de T. cruzi, a forma amastigota, foi

descrito pelo patologista brasileiro Gaspar de Oliveira Vianna (1885-1914), tanto em

tecido cardiaco quanto em células musculares esqueléticas (18). O modo de

transmissão do T. cruzi foi estabelecido pelo parasitologista francês Alexandre Joseph

Émile Brumpt (1877-1951) que forneceu em 1912 clara evidência de que a infecção

não resultaria por inoculação através da picada, mas por contaminação da ferida com

fezes deixadas do inseto contendo o parasita (19).

Com essa descoberta Carlos Chagas obteve reconhceimento mundial, bem

como sentimentos de inveja e animozidades, que pode te-lo custado o Prêmio Nobel,

pelo qual foi indicado duas vezes em 1913 e 1922 (20). Em função disso, houve um

hiato de 20 anos sem realizar pesquisas sobre a DC, foram retomadas em 1930,

quando o médico epidemiologista Salvador Mazza descreveu mais de mil casos na

província de Chaco argentino (21, 22). Ele, foi o primeiro a levantar a possibilidade de

que a DC pode ser transmitida por transfusão de sangue (16).

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4

Os esforços para obtenção do tratamento para DC, iniciou-se logo após a

descoberta da infecção, porém, demorou mais de 50 anos para introdução de

compostos quimioterapicos eficazes (23). Assim, em 1953 o composto violeta de

genciana, foi identificado como eficiente tripanossomicida, sendo utilizado

profilaticamente em bancos de sangue (24). E os compostos Benzonidazol (1966) e

Nifurtimox (1970), foram introduzidas como drogas quimioterapicas para DC sendo

nos dias atuais as unicas drogas ainda utilizadas (23). Até o momento ainda não existe

vacina disponível (25). O controle de vetores teve inicio no ano de e 1940 quando os

primeiros inseticidas organoclorados (DDT- diclorodifeniltricloroetano) foram

desenvolvidos (26).

1.2 Morfologia e Classificação do Trypanossoma cruzi

O Trypanosoma cruzi é um protozoário flagelado da Ordem Kinetoplastida,

Família Trypanosomatidae, caracterizado pela existência de um único flagelo e de

cinetoplasto, organela que se localiza próximo ao núcleo e contém o DNA

mitocondrial. O flagelo do T. cruzi é similar àqueles encontrados em outros

tripanossomatídeos e se exterioriza através do reservatório ou bolsa flagelar, uma

peculiar invaginação por meio da qual o parasita ingere nutrientes do meio externo

(27).

A singular heterogeneidade biológica dos isolados do T. cruzi, quanto à sua

morfologia, conteúdo de DNA, virulência, patogenicidade, suscetibilidade a drogas, e

outros parâmetros, está amplamente documentada na literatura. Desde a década de

70, estas observações estimularam a busca de marcadores moleculares que

pudessem correlacionar o genótipo do parasita com as manifestações clínicas da DC.

Desta forma, o T. cruzi tornou-se um modelo favorito para estudos de epidemiologia

molecular e genética de população, sendo, possivelmente, o patógeno cuja evolução

e estrutura populacional sejam mais conhecidas.

Neste sentido, ao longo dos anos, têm sido utilizadas várias abordagens para

caracterização molecular da população de T. cruzi, visando definir o número de

subgrupos relevantes, tem recebido diferentes classificações como (28), biodemas

(29), zimodemas (30, 31), clones (32), linhagens I e II (33) posteriormente

denominadas grupos T. cruzi I e T. cruzi II (34). Mais recentemente, um terceiro grupo

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ancestral denominado T. cruzi III, foi proposto a partir da análise de microssatélites e

DNA mitocondrial (35).

De acordo com Zingales et al. (36) os subgrupos de T. cruzi receberam ao

longo dos anos diferentes classificações, biodemas (Andrade, 1974), zimodemas (30,

31), clones (32), linhagens I e II (33) posteriormente denominadas ‘grupos’ T. cruzi I

e T. cruzi II (34). Mais recentemente, um terceiro grupo ancestral denominado T. cruzi

III, foi proposto a partir da análise de microssatélites e DNA mitocondrial (37).

Assim, visando o entendimento (38) de questões de biologia básica, de

características eco-epidemiológicas e de patogenicidade dos grupos foi acordado que

o T. cruzi fosse dividido em seis grupos (T. cruzi I - VI), cada grupo passou a

denominar-se DTU (unidades discretas de tipagem) definida como conjunto de

isolados que é geneticamente semelhante e que pode ser identificado por marcadores

moleculares e imunológicos comuns (28). Em 2012 Zingales e colaboradores (39)

propuseram nova nomenclatura sub-específica de T. cruzi de relevância

epidemiológica conforme abaixo:

T. cruzi I - (Tc I, Z1, DTU I): é a mais abundante e amplamente dispersada de

todas as DTUs nas Américas, sendo encontrada nas áreas de distribuição dos vetores

triatomíneos e podendo estar associada com os ciclos silvestre e doméstico. A infeção

humana pelo TcI é concentrada ao norte da América Central e América do Sul, e é

associada com a cardiomiopatia chagásica. Há relatos de casos da infecção e da

doença ao sul da bacia Amazônica.

T. cruzi II - (TcII, Z2, DTU IIb): é encontrado predominantemente nas regiões

sul e central da América do Sul, porém sua extensão não esta clara. Dentro de suas

distribuições geográficas, TcII encontra-se associado com manifestações cardíacas,

síndromes do megacólon e megaesôfago. No Brasil, os hospedeiros e vetores

naturais de TcII tem sido indescritíveis e a maioria dos isolados são provenientes de

primatas e esporadicamente de outras espécies de mamíferos; ocorrendo

principalmente no ciclo doméstico.

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6

T. cruzi III - (Z3, Z1 ASATd, Z3-A, DTU IIc): é principalmente associada com

o ciclo silvestre no Brasil e em países adjacentes, relatos de infecção humana são

raros sendo encontrados principalmente em animais e vetores do ciclo silvestre com

nicho terrestre e ocasionalmente em cães domésticos.

T. cruzi IV - (Z3, Z3-B, DTU IIa): apresenta padrões similares ao TcIII em sua

distribuição na América do Sul. No entanto, ao contrário de TcIII, o TcIV ocorre

frequentemente em humanos sendo causa secundária da DC na Venezuela. Há

registros de isolados de TcIV em primatas e espécies de Rhodnius brethesi

provenientes da bacia Amazônica. Recentemente TcIV foi identificado como causa

primária de DC aguda em dois surtos que ocorreram no estado do Amazonas (40).

TcV e TcVI são duas DTUs híbridas semelhantes associadas com a DC as no

América do Sul. Mais ainda que TcII, TcV e TcVI são praticamente desconhecidos

como isolados genéticos-silvestres. Por meio de genética molecular, existem provas

de que TcV e TcVI sejam híbridos de TcII e TcIII. Contudo, os marcadores genéticos

recentes, não determinam se TcV e TcVI são produtos de hibridização

independentes, ou um único evento de hibridização seguido de uma divergência

clonal, e se esses eventos são evolutivamente antigos ou recentes.

T. cruzi V (Cepa Boliviana Z2, rDNA ½, clonet 39, DTU IId): subpopulação

associada a ciclos de transmissão doméstica, talvez com uma origem na hibridação

de subpopulações domésticas e silvestres. Presente em casos humanos e em

triatomíneos de maior abundância no cone Sul.

T. cruzi VI (Cepa Paraguaya Z2, Zymodema B, DTU IIe): Subpopulações

associadas a casos humanos e como TcV, em triatomíneos domiciliados

frequentemente associado com o Cone Sul. Recentemente a ocorrência de morcegos

brasileiros infectados por T. cruzi tem sido reportados da floresta Amazônica até áreas

urbanas do centro-oeste, nordeste e sudeste do Brasil (41). Esse grupo de isolados

foi provisoriamente denominado por “Tcbat” e aguarda mais caracterizações para

atribuição de uma DTU definitiva, potencialmente como uma sétima DTU, TcVII (39).

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7

1.3 Ciclo de vida do T. cruzi

O ciclo evolutivo do T. cruzi acontece em hospedeiro invertebrado e

vertebrados distintamente, sendo (42):

No invertebrado: forma tripomastigotas sanguineas do parasita desenvolve-

se no corpo do inseto vetor após alimentar-se de sangue de um hospedeiro infectado.

Assim, ao ser ingerido pelo vetor, o T.cruzi passa por uma sequência irreversível de

transformações ao longo do tubo digestivo do inseto. Desse modo, as formas

tripomastigotas sanguíneas ingeridas transformam-se em epimastigotas; passando ao

intestino médio, processa-se a multiplicação dos epimastigotas, que em geral se

perpetua por toda a vida do vetor; finalmente, os epimastigotas atingem o reto, onde

diferenciam-se em tripomastigotas metacíclicos, que são eliminados com as dejeções

do inseto (Figura 2) (42).

No hospedeiro vertebrado: independente do mecanismo de transmissão do

T. cruzi a forma tripomastigotas metacíclicas deve penetrar uma célula a fim de

cumprir o seu ciclo evolutivo. Neste estágio infectante o T. cruzi, invade células e

tecidos (musculatura lisa, estriada, macrófagos, células epiteliais, fibroblastos). Após

a penetração na célula hospedeira, o tripomastigotas se diferencia em amastigota, e

passa por um período de latência de 20 a 30 horas; a seguir inicia o seu processo de

divisão binária intracelular, o qual ocorre a cada 12 horas. O número de amastigotas

intracelulares varia entre limites de 50 a 500, dependendo do tamanho da célula

hospedeira, das características da cepa do T. cruzi e do número de tripomastigotas

que concomitantemente se interioriza na célula, e posteriormente as amastigotas

transformam-se em tripomastigotas sanguíneas (Figura 2) (38).

Assim, a célula parasitada rompe-se e libera os tripomastigotas que infectam

células vizinhas ou caem na corrente circulatória, disseminando-se para penetrar em

células de diferentes órgãos e tecidos, repetindo-se nelas o ciclo acima descrito. Esse

aumento exponencial do número de tripomastigotas circulantes e de células

parasitadas pode levar à morte do hospedeiro ou, como ocorre na grande maioria dos

pacientes, instala-se uma resposta imune que controla gradativamente a proliferação

parasitária (Figura 2) (43).

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8

Figura 1: Imagem representando o ciclo biológico do Trypanosoma cruzi em triatomíneos e seres humanos. Fonte: Adaptada de Centers for Disease Control and Prevention - CDC, 2013.

1.4 Vetores

Os vetores são insetos da ordem Hemíptera: Reduviidae, hematófagos que,

dependendo da espécie, podem viver em meio silvestre, no peridomicílio ou no

intradomicílio. São também conhecidos como “barbeiros” ou “chupões”(44).

Os aspectos bionômicos dos triatomíneos têm sido estudados desde a

descoberta da DC em 1909, quando Neiva em 1910 publicou as primeiras informações

sobre P. megistus, ainda situado no gênero Conorhinus. O ciclo de vida dos

triatomíneos, assim como outros parâmetros biológicos, varia de acordo com as

condições ambientais, onde vivem e é fortemente influenciado pela disponibilidade de

fontes sanguíneas adequadas (45).

Classificados como insetos hemimetabolos, durante seu ciclo passam pelas

fases de ovo-ninfa-adulto. Os ovos variam de espécie para espécie, com o exocório

apresentando diferentes características morfológicas, e, por isso, são úteis para a

diferenciação de espécies. A fase de ninfa apresenta cinco estádios e os jovens são

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semelhantes aos adultos, com exceção da presença de asas e genitália, que não se

apresentam totalmente desenvolvidas (Figura 3).

Fonte: Fiocruz, 2014 (46).

Os triatomíneos são amplamente distribuídos nas Américas (44), sendo o

Triatoma infestans, a principal espécie domiciliada em algumas regiões brasileiras,

apesar de recentemente está virtualmente eliminada do Brasil. Entretanto, espécies

como T. brasiliensis, Panstrongylus megistus, T. pseudomaculata, T. sórdida também

se constituem em importantes vetores do T. cruzi (47).

No período de 2007 a 2011, foram registrados mais de 770.000 triatomíneos

capturados por meio da vigilância entomológica passiva ou ativa dos Estados, as 62

espécies distribuídas entre o intradomicílio e peridomicílio em todo território brasileiro

destacam-se as seguintes espécies de importância epidemiológica: Panstrongylus

Figura 2: Imagem demonstrando o ciclo biológico de Triatoma brasiliensis.

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geniculatus, Panstrongylus lutzi, Panstrongylus megistus, Rhodnius nasutus,

Rhodnius neglectus, Rhodnius robustus, Rhodnius pictipes, Triatoma infestans,

Triatoma brasiliensis, Triatoma maculata, Triatoma pseudomaculata, Triatoma

rubrovaria, Triatoma rubrofasciata, Triatoma sordida e Triatoma vitticeps (Figura 4)

(48).

Apesar do Brasil ter sido certificado desde 2006, pela Organização Pan-

Americana da Saúde como virtualmente livre da transmissão pelo Triatoma infestans,

o principal vetor (domiciliado) no país (1), restaram alguns focos de importância (no

nordeste do Estado de Goiás e sul de Tocantins, na região do Além São Francisco,

na Bahia, no norte do estado Rio Grande do Sul e no sudeste do Piauí) (5), e T.

Figura 3: Demonstrando a distribuição das principais espécies de triatomíneos capturadas, segundo município. Brasil, 2007 a 2011. Fonte: SVS/MS, 2014.

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brasiliensis classificado como potencial vetor nas regiões, inclusive no Nordeste do

Brasil, pois, apresentam hábitos peridomésticos (1).

Para além dos esforços realizados pelos órgãos de saúde, nas áreas

endêmicas com eliminação de T. infestans existe a possibilidade de reinfestação, com

a substituição da espécie eliminada por outras. As áreas de infestação se concentram

hoje principalmente na região do semiárido brasileiro, onde duas espécies são ainda

capturadas com muita frequência: Triatoma brasiliensis e Triatoma pseudomaculata

(49).

1.5 Reservatórios

Além do homem, diversos mamíferos domésticos e silvestres têm sido

encontrados naturalmente infectados pelo T. cruzi. Os de maior importância

epidemiológica são aqueles que coabitam ou estão próximos do homem (gatos, cães,

porcos, ratos). No entanto, também são relevantes os tatus, gambas, primatas não

humanos, morcegos, entre outros animais silvestres. Destaca-se que as aves, repteis

e anfíbios são refratários a infecção pelo T. cruzi (47). Entre os principais reservatórios

do T. cruzi estão:

Ordem Marsupialia: apenas uma família é reconhecida nas Américas,

Didelmorphidae, sendo seus ancestrais mais antigos hospedeiros do T. cruzi. O

gênero Didelphis é aquele com maior dispersão no continente, ocorrendo do sudeste

do Canadá ao sul da Argentina, sendo o mamífero mais importante reservatório do

parasito (50).

A sua ampla distribuição se deve adaptabilidade a diferentes nichos ecológicos,

esses animais podem colonizar forros das casas e outros abrigos do domicílio e

peridomicílio, e sobrevivem alimentando-se de restos alimentares do ser humano.

Estas características fazem com que as espécies de Didelphis sejam atualmente

reconhecidas como sinantrópicas e sua presença é forte indicador de ação antrópica

(51).

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12

As espécies de Didelphis possuem a capacidade de atuar como hospedeiros e

vetores ao mesmo tempo, quando infectados, os parasitas alcançam a glândula de

cheiro desses animais e atingem seu lúmen. Na luz da glândula, as formas

tripomastigotas sanguíneas se diferenciam em formas epimastigotas e multiplicam-se

através de divisão binária, antes de se diferenciarem em formas tripomastigotas

metacíclicas que são as formas infectantes eliminadas juntamente à secreção dessa

glândula (52).

Ordem Xenarthra: Tatus, preguiças e tamanduás são os principais

representantes dessa ordem que é autóctone das Américas e compreende, ao lado

dos marsupiais, os mais antigos hospedeiros do T. cruzi. A importância epidemiológica

desses mamíferos é ainda maior se considerarmos que preguiças, tamanduás e tatus

são caçados e consumidos em algumas áreas do país, como na região Amazônica, e

que a manipulação da carcaça ou a ingestão da carne malcozida de animais

infectados podem constituir fontes de infecção para o ser humano (45).

Ordem Rodentia: Na natureza, os roedores formam a maior biomassa de

mamíferos em qualquer ecótopo silvestre. Seus mais diversos micro hábitats são

muitas vezes divididos com triatomíneos, como os Triatoma spp., geralmente

associados a refúgios rochosos terrestres e os Panstrongylus spp., associados a

buracos no solo. Aspecto importante, dentre os mamíferos, roedores são os principais

alvos de predação, o que possibilita a transmissão oral de T. cruzi. Sua importância

epidemiológica fica evidente se considerarmos que muitas espécies, embora

silvestres, frequentemente se aproximam e podem colonizar o ambiente peridomiciliar

(45).

Ordem Primata: diferentes espécies de primatas neotropicais incluídas nas

famílias Cebidae (micos) e Callitrichidae (saguis) são comumente encontradas

naturalmente infectadas por T. cruzi. Nas Américas, esses primatas ocupam distintos

estratos arbóreos e apresentam hábitos alimentares variados, incluindo espécies que

se alimentam de invertebrados e pequenos mamíferos, o que favorece a transmissão

de T. cruzi pela via oral. Seu refúgio noturno em ocos de árvores, muitas vezes

compartilhado com triatomíneos, possibilita a infecção vetorial desses animais (45).

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13

1.6 Aspectos clínicos da DC

A DC apresenta curso clínico dividido basicamente em duas formas: a forma

aguda e a forma crônica , sendo esta última com uma evolução variável (53).

A Doença de Chagas Aguda - (DCA) - têm múltiplas manifestações clínicas, o

mais comum dos são especificas como febre, mal-estar, cefaleia, mialgias, astenia,

edema de face ou membros inferiores, rash cutâneo, hepatomegalia, esplenomegalia

e ascite e linfadenopatia. Por esta razão, muitos indivíduos infectados não são

identificados, já que muitas vezes não procuram cuidados médicos (54).

Os aspéctos clínicos em casos de transmissão vetorial, podem ocorrer sinais

de porta de entrada: sinal de Romaña (edema bipalpebral unilateral) ou chagoma de

inoculação. A meningoencefalite, que é rara, tende a ser letal, e ocorre geralmente em

casos de reativação (imunodeprimidos) ou em lactentes (47). Relatos em surtos de

transmissão por via oral demonstraram a ocorrência de edema de face, icterícia,

lesões em mucosa gástrica, inclusive hemorragias digestivas (47).

Após a fase aguda, geralmente benigna e inaparente, segue-se uma fase

clínica conhecida como “indeterminada” ou “inaparente”, na qual associam-se

ausência de sintomatologia clínica com sorologia positiva. Após vinte a trinta anos,

cerca de 20% dos indivíduos infectados desenvolvem a fase crônica, sintomática, com

diferentes formas clínicas: cardíaca, digestiva ou neurológica (55), confrome descrito

abaixo:

a. Indeterminada: Forma crônica mais frequente. O indivíduo apresenta exame

sorológico positivo sem nenhuma outra alteração identificável por exames

específicos (cardiológicos, digestivos, etc). Esta fase pode durar toda a vida ou,

após cerca de 10 anos, pode evoluir para outras formas (ex: cardíaca,

digestiva);

b. Cardíaca: Importante causa de limitação do chagásico crônico e a principal

causa de morte. Pode apresentar-se sem sintomatologia, apenas com

alterações eletrocardiográficas, ou com insuficiência cardíaca de diversos

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graus, progressiva ou fulminante, arritmias graves, acidentes tromboembólicos,

aneurisma de ponta do coração e morte súbita. A radiografia de tórax pode

revelar cardiomegalia;

c. Digestiva: alterações ao longo do trato digestivo, ocasionadas por lesões dos

plexos nervosos (destruição neuronal simpática), com consequentes

alterações da motilidade e morfologia, sendo o megaesôfago e o megacólon as

formas mais comuns;

d. Formas mistas: apresentação de manidestações clinicas de ambas as formas

– Cardiacas e digestivas;

e. Formas congênitas: ocorre em crianças nascidas de mães com exame

positivo para T. cruzi. Pode passar despercebida em mais de 60% dos casos;

em sintomáticos, pode ocorrer prematuridade, baixo peso,

hepatoesplenomegalia e febre; há relatos de icterícia, equimoses e convulsões

devidas à hipoglicemia. A meningoencefalite costuma ser letal.

1.7 Diagnóstico da DC

As estimativas em 2015 apontaram que mais de 80% das pessoas atingidas

pela DC no mundo, estão sem acesso ao diagnóstico e tratamento sistemáticos, o que

sustenta o elevado impacto de morbimortalidade e o custo social da enfermidade (2).

Além do diagnostico clinico a infecção pelo T. cruzi é identificada através de

exames parasitológicos, sorológicos, cardiológicos e digestivos. O MS determina os

seguintes métodos para o diagnóstico tanto na fase aguda quanto crônica, bem como

o diagnóstico diferencial para DC na fase aguda e formas congênitas (47):

a) Fase aguda: Determinada pela presença de parasitos circulantes no sangue e

indica-se nos exames parasitológicos diretos de sangue periférico como:

exame à fresco, esfregaço, e gota espessa. Além desses realiza-se testes de

xenodiagnóstico, hemocultivo ou PCR; nos exames sorológico a presença de

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anticorpos IgM anti-T. cruzi no sangue indica doença aguda quando associada

a fatores clínicos e epidemiológicos compatíveis;

b) Fase crônica: Individuo que apresenta anticorpos IgG anti-T. cruzi detectados

por pelo menos dois testes sorológicos de princípios distintos, sendo a

Imunofluorescencia Indireta (IFI), a Hemoaglutinacao (HE) e o ELISA os

métodos recomendados. Nesta fase, os métodos parasitológicos são

desnecessários para o manejo clinico dos pacientes, por terem baixa

sensibilidade; no entanto, testes de xenodiagnóstico, hemocultivo ou PCR

positivos podem indicar a doença crônica;

c) O diagnóstico diferencial na fase aguda: leishmaniose visceral, hantavirose,

toxoplasmose, febre tifoide, mononucleose infecciosa, esquistossomose

mansônica aguda, leptospirose, miocardites virais;

d) As formas congênitas: devem ser diferenciadas daquelas causadas pelas

infecções STORCH (sifilis, Toxoplasmose, citomegalovirose, Rubéola, herpes,

outras). A meningoencefalite chagasica diferencia-se da toxoplasmica pela sua

localização fora do núcleo da base e pela abundancia do T. cruzi no liquor. A

miocardite crônica e os megas devem ser diferenciados de formas causadas

por outras etiologias.

1.7.1 Diagnóstico parasitológico da DC:

1.7.1.1 Hemocultura

Durante muitos anos, a hemocultura não era utilizada para o diagnóstico

parasitológico da doença da DC na fase crônica, porque autores como Pedreira de

Freitas (1952) e Pifano (1954) obtiveram distintamente resultados negativos ou

positividade muito baixa, mantendo a técnica como dúbia para DC (56, 57).

Um importante trabalho nesse campo foi desenvolvido por Mourão & Mello

(1975), introduzindo a técnica que removia o plasma e lavagem das células para

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remoção de anticorpos e outros fatores que poderiam aparentemente inibir o

crescimento do T.cruzi, assim, implementando a técnica (58).

As culturas constituem ainda um campo adequado para pesquisa, sendo a

hemocultura a transferência de amostra de sangue para um meio adequado que

promova a multiplicação dos parasitas (59). No Brasil, a hemocultura permanece útil

para diagnosticar a DC crônica, por esta fase caracterizar-se por baixos níveis de

parasitemia (60).

A cultura de T. cruzi, é objeto de frequentes investigações, porém sua

sensibilidade não está bem definida. Seus resultados não foram suficientemente

analisados; a sensibilidade pode variar amplamente (0% e 94%), quando usadas

diferentes técnicas. Entretanto, estudos afirmam que alguns aspectos como: o uso do

meio Liver Infusion Tryptose (LIT); e sempre que possível inoculo de 30 mL; se

necessário, repetir o exame; reduzir do intervalo de tempo entre a colheita e a

inoculação; manter as culturas à temperatura de 28º C, bem como aumentar o tempo

de observação, ajudará no sucesso da técnica (59, 61, 62).

Assim, a hemocultura possuí grande valor diagnóstico para DC quando

positivas, particularmente quando as provas sorológicas são inconclusivas, em

pacientes imunodeprimidos e no controle pós-terapêutico, mesmo com os avanços e

limitações (tempo prolongado para o resultado do exame) desta técnica. (63), situação

válida para o Xenodiagnóstico, descrito a seguir.

1.7.1.2 Gota espessa (GE).

A GE constitui-se na identificação dos parasitos no sangue periférico, por meio

de microscopia óptica. O aperfeiçoamento da microscopia e a introdução de corantes

biológicos que permitem identificar a espécie, estádio de desenvolvimento, viabilidade

e quantificação dos parasitos, tornaram o método simples, rápido e satisfatório quanto

à sua sensibilidade e especificidade (64).

É o método oficialmente adotado no Brasil para o diagnóstico da malária.

Mesmo após o avanço de técnicas diagnósticas, este exame continua sendo um

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método simples, eficaz, de baixo custo e de fácil realização. Quando executado

adequadamente, é considerado padrão-ouro pela Organização Mundial da Saúde.

Sua técnica baseia-se na visualização do parasito por meio de microscopia óptica,

após coloração com corante vital (azul de metileno e Giemsa), permitindo a

diferenciação específica dos parasitos, a partir da análise da sua morfologia, e dos

seus estágios de desenvolvimento encontrados no sangue periférico. A determinação

da densidade parasitária, útil para a avaliação prognóstica, deve ser realizada em todo

paciente com malária, especialmente nos portadores de P. falciparum. Por meio desta

técnica é possível detectar outros hemoparasitos, tais como Trypanosoma sp. e

microfilárias (65).

1.7.1.3 Xenodiagnóstico (XD)

O XD é um método parasitológico indireto usado na DC, sobretudo na fase

crônica, quando os parasitos circulantes são escassos no sangue de indivíduos

sorologicamente positivos. Na triagem de pacientes chagásicos, também pode ser

empregado no controle ou acompanhamento da eficácia do tratamento específico e

para o isolamento de cepas do T. cruzi. A padronização parcial ou mínima desse

método mostra-se viável, no sentido de avaliar os conhecimentos obtidos e permitir a

preconização de novos modelos, comparando-se os resultados obtidos em estudos

clínicos e experimentais da DC. Esse método, por ser de procedimento biológico

complexo, sofre influência de vários fatores, apresentando uma série de variações

conforme o objetivo que se pretende (66). É muito empregado em humanos e animais

sob suspeita de atuarem como reservatórios (67).

Proposto pela primeira vez por Emile Brumpt em 1914, como um meio de

confirmar um diagnóstico clínico, e aplicável para a DC, tornando-se padrão ouro em

muitos países da América Latina (66). Forneceu elementos de prova definitiva para a

etiologia de diversas infecções transmitidas por vetores, tais como: malária (Ross,

1897 com mosquitos alimentados em pacientes com malária); identificação do

Rickettsia prowazekii como agente etiológico do tifo epidémico (Grassi, 1900 com

piolhos); Doença Zinsser’s Brill Zinsse (Murray. 1953); estudos que evidenciaram os

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esforços de investigação no contexto clínico de determinar a etiologia ou descrevendo

os ciclos de vida dos agentes de doenças (68).

De acordo com Dias (69) em experimentos sobre a importância do XD no

estudo da DC, o XD indireto é o mais recomendável. Ele descreveu a técnica do XD

aplicada a DC, onde relata que a primeira condição para o emprego rigoroso do XD é

a garantia da pureza dos insetos utilizados, estes deveriam vir de laboratórios isentos

de qualquer tipo de infecção por flagelos. Na realização do XD são aspectos de

relevância (67):

1.7.1.3.1 Espécie de Triatomíneo empregada

Não existe um consenso sobre qual ou quais espécie (s) vetor (s) devam ser

empregadas no XD. Estudos tem demonstrado bons resultados na utilização da

espécie Panstrongylus megistus, como também a importância na aplicação de uma

segunda espécie, devido à diferença de susceptibilidade ao parasita entre os

diferentes vetores, bem como ao aumento da sensibilidade;

1.7.1.3.1 Estadio das ninfas

Separa-se quarenta ninfas de III ou IV estágio, deixando as mesmas em jejum

de duas a três semanas, e acondicioná-las em quatro ou dois recipientes cobertos

com malha na parte superior (70), e colocar sobre a face interna do antebraço de cada

indivíduo durante 30 min (70, 71);

1.7.1.3.2 Leitura do xenodiagnóstico

O exame das ninfas deve ser realizado aos 30 e 60 dias ou apenas uma leitura

aos 45 dias após a aplicação dos exemplares (71). E a obtenção das fezes dos

triatomíneos por compressão abdominal. Observar inicialmente o pool de fezes

obtidas de duas a três espécimes e, em caso positivo, verificar através de um novo

exame individual, o número de exemplares positivos (67);

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As ninfas do pool de fezes em que não se detectar formas de T. cruzi devem

ser reexaminadas individualmente, dessa vez por dissecção total de seu trato

digestivo. O procedimento de dissecção consiste na retirada de todo o trato digestivo,

com auxílio de duas pinças e uma tesoura, e no seu maceramento, empregando-se

um bastão de vidro (67).

O conteúdo biológico (fezes e trato digestivo) obtido é depositado sobre uma

lâmina, à qual acrescenta-se 5 μl de salina tamponada, pH 7,2, e cobre-se com

lamínula 22 x 22 mm (67). Desta forma, a leitura em duas fases permite que se

preserve para estudos posteriores os triatomíneos que apresentem de início o

conteúdo fecal positivo e, por sua vez, a dissecção torna possível detectar formas de

T. cruzi que não estejam sendo eliminadas nas fezes (71).

Em áreas endêmicas onde ocorra concomitantemente a espécie T. rangeli

recomenda-se o exame da hemolinfa para diagnóstico diferencial. Proceder a leitura

ao microscópio óptico binocular com um aumento de 400x, percorrendo todos os

campos em busca de formas evolutivas do T. cruzi (67).

Atualmente, discute-se a manutenção do XD para a DC, devido as dificuldades na

manutenção de uma colónia laboratorial, de erros em alimentá-los em pacientes e a

disponibilidade da PCR ou métodos de detecção de antigênico (72).

1.7.2 Xenocultura

É um método empregado semeando-se o material do XD em meio Liver

Infusion Tryptose (LIT), (73, 74). Essa técnica facilita o isolamento de cepas de T.cruzi

e controla a qualidade dos XD realizados (75).

1.7.3 Reação em cadeia da polimerase (PCR)

Embora tenham ocorrido aprimoramentos no diagnóstico parasitológico da DC

crônica, a baixa sensibilidade dos exames indiretos é uma limitação para sua

aplicação ao diagnóstico e controle pós-terapêutico, bem como os falsos positivos (63,

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76). Assim, a PCR vem demonstrando elevada sensibilidade na detecção de DNA de

T. cruzi em amostras de pacientes com DC crônica, apesar do seu uso restrito na

rotina diagnóstica pela necessidade de infraestrutura adequada, facilidade de

contaminação e custo elevado (77, 78).

1.8 Tratamento

O tratamento sintomático depende das manifestações clinicas, tanto na fase

aguda como na crônica. O tratamento específico deve ser realizado o mais

precocemente possível quando forem identificadas as formas agudas ou congênitas

da doença, ou as formas crônicas recentes (crianças menores de 12 anos).

Para alterações cardiológicas são recomendadas as mesmas drogas que para

outras cardiopatias (cardiotônicos, diuréticos, antiarrítmicos, vasodilatadores, etc).

Nas formas digestivas, pode ser indicado tratamento conservador (dietas, laxativos,

lavagens) ou cirúrgico, dependendo do estágio da doença (47).

A única droga disponível no Brasil é o Benznidazol (Rochagam®) (comp.

100mg), que deve ser utilizado na dose de 5mg/kg/dia (adultos) e 5-10mg/kg/dia

(crianças), divididos em 2 ou 3 tomadas diárias, durante 60 dias. É contraindicado em

gestantes (47) e apresenta entre os efeitos colaterais neuropatia periférica e

dermopatia alérgica. Além do Benznidazol há o com nifurtimox cujos efeitos colaterais

causam inapetência, perda de peso, náuseas e neuropatia periférica (79).

1.9 Epidemiologia

Considerada endêmica em 21 países latino-americanos, constitui-se em uma

doença tropical negligenciada, sendo um importante problema de saúde na América

Latina (80). Dados geoespaciais, de 2002 a 2011, demonstraram que DC tem sido

dispersada para outros continentes principalmente europeu e asiatico (Figura 1), por

migrantes de paises sul americanos que levam suas cargas parasitárias e as

repassam à outros hospedeiros, atraves de transfusoes de sangue e doação de

órgãos, não sendo registradas nessas areas a transmissão vetorial. No entanto devido

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a ocorrencia de triatomíneos na Ásia por exemplo, preocupação para a possibilidade

de transmissao vetorial (81-84).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima que

aproximadamente 120 milhões de pessoas estão em risco de contrair a doença (2,

80), e que aproximadamente 6 a 7 milhões de pessoas estejam infectadas em todo o

mundo; a maior prevalência da DC foi relatada na Bolívia (6,75-15,4%), Paraguai

(0,69-9,3%) e Panamá (0,01-9,02%), e o número total de casos no Brasil (0,8-1,30%),

México (0,5-6,8%) e Argentina (4,13-8,2%), juntos, respondem por quase 60% de

todas as pessoas infectadas com pelo T. cruzi na América Latina (85).

Figura 4: Imagem demonstrativa da expansão da DC entre 2002 e 2011 (vermelho - áreas endêmicas transmissão vetorial; amarelo áreas endêmicas transmissão ocasional, através de vetores; azul não-endêmica transmissão transfusão por hemoderivados. Fonte: Liu Q, Zhou X-N, 2015 (82).

1.10 Vigilância epidemiológica

Segundo o Departamento de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde,

a vigilância da DC é desenvolvida de formas diferentes de acordo com a área (47):

Área endêmica - áreas onde há risco de transmissão vetorial domiciliar, está

centrada na vigilância entomológica, com o objetivo de detectar a presença e prevenir

a formação de colônias domiciliares do vetor, evitando a ocorrência de casos. Quando

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identificados casos agudos, deve-se realizar investigação epidemiológica e

entomológica na busca de novos casos;

Amazônia Legal e áreas indenes - como ainda não foram identificados vetores

colonizando o domicilio, deve-se concentrar esforços na vigilância de casos e surtos.

Na Amazônia Legal, a vigilância tem base na realização de exames

hemoscópicos para Malária em pessoas febris. A partir de informações obtidas com

os casos, deve-se buscar evidencias de domiciliação de vetores, a identificação e

mapeamento de marcadores ambientais, a partir do reconhecimento dos ecotópos

preferenciais das diferentes espécies de vetores prevalentes na região.

1.11 Notificação obrigatória

Todos os casos de DCA devem ser imediatamente notificados ao sistema de

saúde pública para que seja realizada investigação epidemiológica oportuna. Não

devem ser notificados casos de reativação ou casos crônicos (47). Nas últimas

décadas tem sido registrado aumento no número de casos principalmente oriundos

de surtos da DCA na região Norte (Figura 5).

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Figura 5: Mapa com a distribuição dos surtos de doença de Chagas aguda ocorridos no Brasil, em destaque para Região Amazônica Legal, 2005 a 2013. Fonte: MS. Atualizado em maio/2014

1.12 Medidas de prevenção e controle

A prevenção da enfermidade nas áreas endêmicas, está intimamente

relacionada à forma de transmissão. Para transmissão vetorial, é imprescindível

instituir práticas de manejo sustentável do ambiente, higiene e medidas corretivas em

locais com infestação e melhoria nas condições de moradia (86), abaixo medidas

preventivas/controle da DC:

a) Higiene e medidas corretivas

Manter quintais limpos, evitando acúmulo de materiais e manter criações de

animais afastadas da residência;

Não confeccionar coberturas para as casas com folhas de palmeira;

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Vedar frestas e rachaduras nas paredes e usar telas em portas e janelas;

Adotar medidas de proteção individual, como uso de repelentes e roupas de

mangas longas durante a realização de atividades noturnas, bem como o uso

de mosquiteiros ao dormir.

b) Quando o morador encontrar triatomíneos no domicílio:

Não esmagar, apertar, bater ou danificar o inseto;

Proteger a mão com luva ou saco plástico;

Os insetos deverão ser acondicionados em recipientes plásticos, com

tampa de rosca para evitar a fuga, preferencialmente vivos;

Amostras coletadas em diferentes ambientes (quarto, sala, cozinha, anexo

ou silvestre) deverão ser acondicionadas, separadamente, em frascos

rotulados, com as seguintes informações: data e nome do responsável pela

coleta, local de captura e endereço.

c) Em relação à transmissão oral, as principais medidas estão listadas a

seguir:

Intensificar ações de vigilância sanitária e inspeção, em todas as etapas

da cadeia de produção de alimentos suscetíveis à contaminação, com

especial atenção ao local de manipulação de alimentos;

Instalar a fonte de iluminação distante dos equipamentos de

processamento do alimento para evitar a contaminação acidental por

vetores atraídos pela luz.

Realizar ações de capacitação para manipuladores de alimentos e de

profissionais de informação, educação e comunicação.

Em relação a transmissão transfusional: ocorre com a manutenção do controle

rigoroso da qualidade dos hemoderivados; Transfusional Vertical: Identificação de

gestantes chagásicas durante a assistência pré-natal ou por meio de exames de

triagem neonatal de recém-nascidos para tratamento precoce; Transmissão oral:

cuidados de higiene na produção e manipulação artesanal de alimentos de origem

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vegetal; Transmissão acidental: utilização rigorosa de equipamentos de

biossegurança (47).

1.13 Doença de Chagas na Amazônia

Embora Carlos Chagas, tenha registrado na região Amazônica, a existência de

T. cruzi entre os macacos da espécie Saimiri sciureus, em 1924, no estado do Pará

(87), por muito tempo a DC que foi considerada uma enzoótia de animais selvagens

ou uma antropozoonose, ocorrendo em humanos de forma acidental, principalmente

quando estes se inserem no ciclo silvestre do T. cruzi ou quando triatomíneos

silvestres invadem habitações humanas atraídos pela luz ou por necessidade de

realização da hematofagia nos ultimos anos, tem sido registrada com frequencia (88).

Nessa região os primeiros casos humanos foram diagnosticados a partir de

1941 por Floch e Tasque na Guiana Francesa (89); e na Amazônia brasileira, Shaw

et al. (1969), descreveram os primeiros casos agudos (quatro casos) da infecção

humana pelo T. cruzi em Belém-PA, sem esclarecimentos sobre a provavel forma de

trasmissão (88, 90).

Nas ultimas decadas tem-se registrado aumento no numeros de casos da

doença na forma aguda, principalmente em surtos com suspeita de transmissão oral

ou em casos isolados, (88, 91, 92).

A detecção desses casos tem sido feita atraves do serviço de diagnostico da

malária, onde os técnico foram treinados para esse fim, seguindo a recomendação do

consenso sobre a DC nessa região (93). Já os casos crônicos da DC na região

Amazônica, tem sido detectados principalmente pelo serviço de banco de sangue (94),

inqueritos (95, 96) ou serviços de cardiologia (97).

Nessa região o risco de endemia DC pode estar associado ao as seguinte

possibilidades (2, 88, 94):

1) desmatamento extensivo bem como ao deslocamento de mamíferos silvestres,

que são as fontes normais de sangue para triatomíneos;

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2) possibilidade adaptação de triatomíneos silvestres para habitações humanas,

devido à necessidade de uma nova fonte de sangue para alimentação;

3) Migração de populações humanas e animais domésticos infectados com o T.

cruzi de áreas endêmicas para a Região Amazônica.

1.13.1 Doença de Chagas no estado do Amazonas

No estado do Amazonas, a primeira infecção pelo T. cruzi foi relatada em 1977,

em Barcelos interior do estado. Em 1979, registrou-se o primeiro caso agudo

autóctone no municipio São Paulo de Olivença (98). Boia et al. (1999) examinaram

os soros de 346 pacientes, encontrando 16 (4,6%) positivos dez dos quais

“reconheceram” o triatomíneo e três indivíduos (0,7%) referiram já terem sido picados

pelo “piolho da piaçaba”, nome popular para os triatomíneos encontrados nos locais

de extração de piaçaba na Regiao do Rio Negro (AM) (99), descobrindo-se dessa

forma que havia uma associação entre a atividade de extrativismo da piassaba

(Leopoldinia piassaba) com o ciclo de transmissão do T. cruzi naquela região (100).

Nos ultimos 12 anos, ocorreram no Amazonas, cinco surtos da DC aguda, por

trasmissão oral, relacionados ao consumo de açai, (Figura 6), (4); em Carauari em

2011 e 2014 ocorreram os dois surtos mais recentes da DCA com 12 e 20 casos

respectivamente (dados não publicados). E quanto aos vetores desde 1919 já se

conhece sua ocorrencia nesse estado através da descrição do Rhodnius brethesi por

Matta (101). Em 1971, foi registrada em Manaus a ocorrência de triatomíneos

naturalmente infectados pelo T. cruzi envolvidos na transmissão da DC (102).

Posteriormente, estudo realizado por pesquisadores da FMT-AM, em

levantamento entomológico realizado nos municípios de Coari, Manaus e Presidente

Figueiredo demonstrou-se que as espécies de vetores predominantes são R. pictipes,

R. robustus e P. geniculatus, nestes vetores, a taxa de infecção por T. cruzi variou

entre 30% a 50% entre os diferentes localidades (103).

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1.14 Relevância do Estudo

Apesar do Brasil ser considerado virtualmente livre da transmissão da DC por

via vetorial, na Amazônia brasileira ocorre um ciclo distinto das demais regiões; não

há domiciliação do vetor, geralmente a infecção ocorre de forma acidental. Porém, na

última década, o número de casos agudos e crônicos vem aumentando, sendo a

maioria oriundos de surtos relacionados ao consumo de suco de frutas naturais

(sobretudo ao açaí). No estado do Amazonas, há evidencias de que a infecção

chagásica pode estar ocorrendo com alta prevalência, entretanto ainda não há

compreensão sobre a forma de contaminação das pessoas. Sabe-se que a DC se

torna uma antropozoonose, quando o homem adentra a mata em busca de alimentos,

Surtos de DC

Casos DCA isolados

Figura 6: Mapa do Estado do Amazonas com a distribuição dos casos humanos de DC registrados no Amazonas. Fonte: Adaptado de Barbosa et al. 2015 (12).

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extração de produtos naturais (ex. piaçava) para fins de comercialização/alimentação

e fixação de moradia em áreas periurbanas, ficando vulnerável e exposto ao ciclo do

parasito.

Neste sentido é fundamental reconhecer e tratar adequadamente os casos

positivos da DC, sendo: a cultura T.cruzi, xenodiagnóstico e reação em cadeia da

polimerase (PCR), importantes ferramentas para o mapeamento de T. cruzi isoladas

de humanos, vetores e reservatórios.

A Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD, é a

instituição que presta assistência no atendimento, diagnóstico e tratamento dos

pacientes chagásicos agudos ou crônicos oriundos da demanda espontânea ou de

outros serviços do estado do Amazonas. Desde 1983 tem incluído em sua rotina o

exame XD, Xenocultura e Hemocultura para a detecção da infecção pelo T. cruzi.

Esses dados nunca foram compilados de forma sistemática e organizada para

disponibilização à sociedade. Nesse contexto realizar um levantamento retrospectivo

de todos os exames realizado ao longo dos anos fornecerá dados importantes sobre

os principais métodos parasitológicos desenvolvido no diagnóstico da DC na FMT-

HVD, contribuindo para o avanços no conhecimento sobre a doença na região

amazônica.

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2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Descrever uma série histórica sobre a detecção de T. cruzi através dos exames

parasitológicos diretos e indiretos realizados em pacientes com Infecção Chagásica

atendidos na FMT-HVD.

2.2 Específicos

2.2.1. Descrever aspectos da população que envolvam à forma clínica da DC;

2.2.2 Listar os métodos parasitológicos utilizados e a taxa de positividade para T. cruzi;

2.2.3 Listar a espécies de triatomíneos utilizadas nos XD realizados;

2.3.4 Descrever a taxa de positividade para T. cruzi em triatomíneos usados no XD;

2.2.5 Listar as linhagens do T. cruzi provenientes dos estoques de hemocultura;

2.2.6 Atualizar as informações sobre a distribuição de T. cruzi no estado do Amazonas.

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3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Aspectos Éticos

Este estudo faz parte de um projeto maior sob título: “Doença de Chagas em

pacientes atendidos no ambulatório da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor

Vieira Dourado, aprovado pelo comitê de ética da FMT-HVD sob número o número Nº

279.874 e CAEE: 13014013.3.0000.0005 e os aspectos éticos da pesquisa serão

considerados de acordo com a Resolução nº 196 de 10/10/96 da Comissão Nacional

de Ética em Pesquisa do Ministério da Saúde, que estipula normas éticas

regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos, garantido o sigilo dos

dados coletados dos inquéritos sorológicos já realizados.

3.2 Tipo de estudo

Estudo do tipo descritivo realizado com base em um levantamento de registros

de resultados de exames parasitológicos e detecção de T. cruzi em amostras de

pacientes com suspeita ou diagnostico parasitológico para DC.

3.3 Amostra

A amostra foi composta de todos resultados de exames parasitológicos

realizados em pacientes com suspeita ou diagnostico sorológico para DC desde o

início das atividades desenvolvidas no laboratório de entomologia da FMT-HVD até

julho de 2016.

Foi realizado um levantamento e analisados os dados de todos os registros em

livros e prontuários, contendo informações sobre os exames parasitológicos diretos e

indiretos.

Foram buscadas informações sobre qual o tipo de exame realizado, qual o

método, e no caso do xenodiagnóstico, buscou-se informações sobre a espécie e a

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quantidade de triatomíneos utilizadas, o resultado encontrado, incluindo-se

informações sobre o tipo de cepa ou linhagem de T. cruzi detectada.

3.4 Critério de inclusão

Foram incluídos todos os registros que apresentavam informações dos casos

suspeitos ou confirmados para DC e que realizaram exame parasitológicos desde o

início das atividades do laboratório de entomologia no início da década de 1980 até

julho de 2016. Foram incluídas ainda as informações sobre o XD realizado em

pacientes do ambulatório, com suspeita ou confirmados para DC, encaminhados para

o centro de entomologia, que concordarem e assinarem o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido - (TCLE) ou Termo de Assentimento Livre e Esclarecido para

inserção dos dados nesse estudo.

3.5 Diagnóstico molecular

Foram incluídas todas as informações sobre a tipagem das linhagens de T. cruzi

das amostras dos pacientes chagásicos realizada por meio de biologia molecular. Nas

amostras cujas DTUs não estavam identificadas, realizou-se procedimentos utilizando

a Reação em cadeia da polimerase (PCR) e sequenciamento do gene que codifica a

subunidade II da Citocromo oxidase (COII).

3.6 Análise do polimorfismo do gene que codifica a subunidade II do citocromo

oxidase (CoII).

As amostras de isolados de hemocultura que não tinham idetificação de DTU

foram submetidas a tipagem genética mitocondrial através da análise do polimorfismo

do gene que codifica a subunidade II da citocromo oxidase (37). As reações de PCR

foram realizadas utilizando os primers:

TcMit 31 (5’ – TAAATAATATATATTGTACATGAG- 3’); TcMit 40 (5’ – CTRCATTGYCCATATATTGT- 3’).

Para cada reação da PCR foram utilizados 5ul de DNA, e as seguintes

condições de amplificação: um ciclo de desnaturação inicial de 94 ºC por 5 minutos

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32

seguido de 35 ciclos de desnaturação a 94ºC por 30 segundos, 48ºC por 1 minutos

para o anelamento dos primers e 72ºC por 1 minutos para a extensão, finalizando com

um ciclo a 72ºC por 5 minutos para extensão final.

3.7 Sequenciamento

Os produtos amplificados na PCR foram levados ao sequenciamento utilizando

Big Dye Terminator v.3.1 Cycle Sequencing Kit (Applied Biosystems). As sequências

obtidas foram montadas e alinhadas com as sequências padrões obtidas no GenBank

(http.//www.ncbi.nlm.nih.gov). Foram utilizadas as seguintes cepas padrão: TcI (Silvio

X10 cl4), TcII (Esmeraldo cl3), TcIII (M6241 cl6), TcIV (CANIII cl1), TcV (Mn cl2) e

TcVI (CL Brener). A edição das sequências nucleotídicas foi feita utilizando-se o

programa de informática BioEdit version 7.0.5.2 (104).

3.8 Analises dos dados

A partir dos dados coletados foi construído um banco de dados no aplicativo

Excel Versão 2013 para Windows®. Foi realisado estatistica descritivas para verificar

os percentuais.

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33

4. RESULTADOS

4.1 Caracterização da população quanto à procedência, forma clínica, método

parasitológico realizado dos pacientes atendidos na FMTHDV.

Foram encontrados 909 registros de 5 tipos de exames parasitológicos sendo,

Hemocultura (HC) 129/909(14%); Xenocultura (XC) 127/909(14%); Xenodiagnóstico

(XD)447/909(49%); Gota espessa (GE)106/909(12%) e PCR 100/909(11%),

realizados a partir de 1983 referentes ao atendimento de 399 pacientes, com suspeita

ou diagnóstico sorológico para DC (Figura 7). Destes 190/399 (47%) são pacientes

chagásicos; 170/190 (89%) procedentes de 22 dos 62 Municípios do estado do

Amazonas (Figuras 8); 20/19 (11%) de 7 estados brasileiros.

Figura 7: Quantitativo de exames parasitológicos realizados no a partir de 1983 até 2016 na Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado.

2

1

3

6

1

6

5

9

3

6

1

8

6

5

9

3

6

1

129/909(14%)

127/909(14%)

447/909(49%)

106/909(12%)

100/909(11%)

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

HC XC XD GE PCR

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34

Figura 8: Mapa demonstrando a distribuição dos pacientes com DC no Estado do Amazonas atendidos na FMT-HVD entre 1983 a 2016.

4.1.1 Distribuição dos casos de DC quanto à forma clínica, período e sexo

Foram identificados 119/190 (63%) pacientes chagásicos agudos e 71/190

(37%) pacientes chagásicos crônicos. Observou-se aumento no número de registros

nas duas formas clinicas da DC a partir de 2004 (Figura 9).

Os numerais ao lado de cada município correspondem a localização geográfica no mapa.

DISTRIBUIÇÃO POR MUNICÍPIO DOS CASOS DE DCA E DCC NO AMAZONAS

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35

Com relação a faixa etária observou-se maior registro em pacientes do sexo

masculino nas duas formas clinicas da DC; na DCA registrou-se casos em todas as

faixas etárias desde crianças com menos de 1 ano até adultos acima de 60 anos

(Figura 10); na DCC houve registro a partir de 18 anos até acima de 60 anos no sexo

masculino (Figura 11).

Figura 9: Distribuição dos pacientes por sexo/faixa etária e forma clínica (DCAF – Doença de Chagas aguda feminino; DCAM – Doença de Chagas Aguda Masculino).

1981 a1984

1985 a1988

1989 a1992

1993 a1996

1997 a2000

2001 a2004

2005 a2008

2009 a2012

2013 a2016

DCA 1 0 1 1 1 10 47 31 27

DCC 1 0 3 0 0 2 10 45 10

-10

0

10

20

30

40

50DCA DCC

Figura 8: Distribuição dos pacientes chagásicos atendidos na MTHDV de acordo com as formas clínicas e período.

0 a 10 11 a 20 21 a 30 31 a 40 41 a 50 51 a 60 > de 60

DCA F 4 10 8 7 6 5 5

DCA M 13 16 13 13 7 6 6

0

5

10

15

20

25

30

№de P

acie

nte

s

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36

Figura 11: Distribuição dos pacientes por sexo/faixa etária e forma clínica (DCCF – Doença de Chagas Crônica/Feminino; DCCM – Doença de Chagas Crônica Masculino.

4.1.2 Métodos parasitológicos utilizados e a positividade para T. cruzi entre os

pacientes chagásicos.

Foram encontrados 536/909 (59%) exames realizados em pacientes chagásicos

agudos ou crônicos. Nos casos de DCA registrou-se um total de 388/536 (72%) exames

realizados, o exame que apresentou maior positividade nesta forma clínica foi a PCR 61/62

(98%), seguida da HC com 71/75 (95%); GE 90/101 (89%); XD com 73/93 (78%); XC 17/57

(30%) (Figura 12). Nos casos de DCC encontrou-se 148/536 (28%) de exames realizados;

destes, o que apresentou maior positividade foi a PCR com 13/38 (34%), seguido do XD

11/71 (15%); e HC 2/18 (11%) (Figura 11).

0 a 10 11 a 20 21 a 30 31 a 40 41 a 50 51 a 60 > de 60

DCC F 0 3 7 6 5 5 0

DCC M 0 1 14 7 8 8 7

0

5

10

15

20

25

№.

de P

acie

nte

s

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37

Figura 10: Figura Distribuição dos exames parasitológicos realizados em pacientes com DCA.

Figura 11: Figura Distribuição dos exames parasitológicos realizados em pacientes com DCC.

4.2 Espécies de triatomíneos utilizadas no XD e seus estádios.

No período de 1983 até 2016 foram usadas 11.486 ninfas de 5 cinco espécies

de triatomíneos nos 447 exames XD realizados (Figura 7). Observou-se maior número

de ninfas utilizadas foi de III estadio com 7.833/11.486 (68%); e o Triatoma infestans,

foi a espécie mais utilizadas com um total de 5.910/7.833 (75%), sendo ninfas de III

estadio. (Tabela 1).

4/7

5(5

%)

71

/75

(95

%)

40

/57

(70

%)

17

/57

(30

%)

20

/93

(22

%)

73

/93

(78

%)

11

/10

1(1

1%

)

90

/10

1(8

9%

)

1/6

2(2

%)

61

/98

%)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Neg Pos Neg Pos Neg Pos Neg Pos Neg Pos

HC XC XD GE PCR

16

/18

(89

%)

2/1

8(1

1%

)

21

/21

(10

0%

)

0

60

/71

(85

%)

11

/71

(15

%)

0 0

25

/38

(66

%)

13

/38

(34

%)

0

10

20

30

40

50

60

70

Neg Pos Neg Pos Neg Pos Neg Pos Neg Pos

HC XC XD GE PCR

Qtd

. do m

éto

do p

ara

sitoló

gic

o

16

/18

(89

%)

2/1

8(1

1%

)

21

/21

(10

0%

)

0

60

/71

(85

%)

11

/71

(15

%)

0 0

25

/38

(66

%)

13

/38

(34

%)

0

10

20

30

40

50

60

70

Neg Pos Neg Pos Neg Pos Neg Pos Neg Pos

HC XC XD GE PCR

Qtd

. do m

éto

do p

ara

sitoló

gic

o

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38

Tabela 1: Lista de espécies de triatomíneos por estagio evolutivo utilizadas no XD de pacientes com suspeita ou diagnostico positivo para DC entre 1983-2016

ESPÉCIE DE TRIATOMÍNEO III III-IV IV Total geral

Triatoma maculata 10 16 0 26

Rhodnius robustus 20 162 90 272

Panstrongylus megistus 203 215 80 498

Rhodnius prolixus 1040 40 5 1085

Triatoma infestans 5910 2750 40 8700

Rhodnius prolixus e Rhodnius robustus 200 20 220

Panstrongylus megistus e Triatoma infestans 50 235 0 285

Rhodnius prolixus e Triatoma infestans 400 0 0 400

Total 7833 3438 215 11486

A partir dos 447 XD realizados, foi possível verificar em 163/447(36%) a

positividade das espécies utilizadas no exame, sendo registrada com maior valor a

espécie Triatoma infestans com uma positividade de 50/92 (54%) para os casos de

DCA (Figura 12); e 6/71 (8%) para os casos de DCC (Figura 13). Observou-se também

que nos XD realizados com duas espécies simultaneamente nos casos de DCA e DCC

houve uma variação entre 2% e 1% de infecção por T. cruzi, respectivamente (Figuras

12 e 13).

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39

Figura 12: Lista de espécies de triatomíneos que positivaram para formas flageladas de T. cruzi no XD realizado em pacientes com DCA.

Figura 13: Lista de espécies de triatomíneos que positivaram para formas flageladas de T. cruzi no nos XD realizados em pacientes com DCC.

0

2/9

2(2

%)

7/9

2(8

%)

9/9

2(1

0%

)

50

/92

(54

%)

2/9

2(2

%)

2/9

2(2

%)

1/9

2(1

%)

0 1/9

2(1

%)

3/9

2(3

%)

1/9

2(1

%)

13

/92

(14

%)

0 1/9

2(1

%)

0

0

10

20

30

40

50

60

Triatomamaculata

Rhodniusrobustus

Panstrongylusmegistus

Rhodniusprolixus

Triatomainfestans

Rhodniusprolixus eRhodniusrobustus

Panstrongylusmegistus eTriatomainfestans

Rhodniusprolixus eTriatomainfestans

DCA

POSITIVO NEGATIVO

1/7

1(!

%)

1/7

1(!

%)

1/7

1(!

%)

1/7

1(!

%)

6/7

1(8

%)

0 1/7

1(!

%)

00 0 1/7

1(!

%)

5/7

1(7

%)

52/7

1(7

3%

)

1/7

1(!

%)

1/7

1(!

%)

0

0

10

20

30

40

50

60

Triatomamaculata

Rhodniusrobustus

Panstrongylusmegistus

Rhodniusprolixus

Triatomainfestans

Rhodniusprolixus eRhodniusrobustus

Panstrongylusmegistus eTriatomainfestans

Rhodniusprolixus eTriatomainfestans

DCC

POSITIVO NEGATIVO

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40

Em relação ao número de exames XD realizados por paciente, dos 399

pacientes que realizaram algum exame parasitológico, 372/399(93%) realizaram XD,

destes observou-se que 331/372 (89%) pacientes realizaram uma única vez; e demais

quantitativos estão distribuídos em 2,3,4,5 e até 6 exames XD realizado por um

paciente, e dentre as repetições dos XD não houve positividade (Figura 14).

Figura 14: Distribuição dos pacientes por número de XD realizado entre 1983-2016.

4.3 Análise do gene mitocondrial COII

A PCR do gene que codifica COII, mostrou uma faixa de amplificação de 400pb

amplificados em 34 isolados (Figura 15). O sequenciamento e a análise filogenética

do gene que codifica a cepa de referência COII Silvio 10X mostraram que a infecção

aguda de casos isolados foi causada pela DTU TcI e Z3 (TcIII/TcIV) em diferentes

localidades do Estado do Amazonas, e nas amostras proveniente do surto de Carauari

identificou-se a DTU Z3 (TcIII/IV) foi a predominantemente.

4.3.2 Resultado das linhagens de amostras dos pacientes com DC mantidas em

cultura.

A partir de 2009 foram identificadas as linhagens de T. cruzi proveniente de

amostras de isolados de T. cruzi mantidos em HC de pacientes com DCA do Estado

do Amazonas. Assim, das 75 amostras de HC provenientes de pacientes chagásicos

agudos, armazenadas no laboratório do Centro de Entomologia da FMT- HDV, 70/75

33

1/3

71

(89

%)

23

/371(6

%)

9/3

71(2

%)

5/3

71(1

%)

2/3

71

(1%

)

2/3

71

(1%

)

0

50

100

150

200

250

300

350

1 vez 2 vezes 3 vezes 4 vezes 5 vezes 6 vezes

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41

(93%) já haviam sido sequenciadas, onde, 36/70(52%) são identificadas como DTU

TcIV; e 3/70(4%) identificadas como TcI (Anexo A), estes resultados foram publicados

por Monteiro e col. (2012) (105). A partir deste estudo, foram sequenciadas amostras

estocadas que ainda não haviam sido sequenciadas, sendo 23/70(33%) identificados

como Z3 (TcIII/IV); e 8/70(11%) como TcI (Anexo B).

4.3.3 Haplótipos

A análise das sequências COII indica a presença de cinco Haplótipos, sendo:

TcI-COII1, TcI-COII2, TcI-COII3 e TcIII/IV-CII1, estes já descritos em estudos

realizados no Estado do Amazonas (40); e o Haplótipo TcIII-IVCOII5 ainda não

descritos no Estado do Amazonas (Figura 15).

4.3.4 Atualização da distribuição geográfica das DTU’s de T. cruzi no estado do

Amazonas que determinaram a DCA.

Nesse trabalho foram acrescentados 6 municípios (Anamã, Carauari, Careiro

Castanho, Eirunepé, Nova Olinda do Norte, Tefé), do estado do Amazonas com

registro de ocorrência de T. cruzi (Figura 16) causando a DCA, onde as DTU’s

identificadas foram TcI e Z3 (TcIII/TcIV). Conhecia-se a ocorrência de TcI e TcIV

causadores da DCA nos municípios, Apuí, Coari, Manaus e Santa Izabel do Rio Negro.

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42

Casos isolados da DCA provenientes de 8 municípios distintos.

Surto da DCA município de Carauari-AM, 2015.

Figura 15: Árvore filogenética mostrando a distribuição de isolados de T. cruzi do surto de DCA no município de Carauari-AM e de outros municípios de casos isolados, com base no sequenciamento do gene que codifica a subunidade II da citocromo oxidase.

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43

Figura 16: Distribuição geográfica das DTU’s de T. cruzi no estado do Amazonas que determinaram a DCA.

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44

Figura 19: Representação de Haplótipos de T. cruzi identificados como DTU TcI e TcIII, identificados por sequenciamento da citocromo oxidase Subunidade II.

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45

5. Discussão

5.1 Aspectos gerais da DC no Estado do Amazonas de 1983 a 2016

Nesse estudo insere-se informações registradas ao longo dos últimos 30 anos

sobre o atendimento realizado na FMT-HDV, aos pacientes com suspeita ou

diagnóstico confirmado para DCA e DCC. Observou-se que houve aumento do

número de casos principalmente agudos nos últimos 10 anos, sendo a grande maioria

detectados pelo serviço de atendimento à malária.

O número de casos crônicos também tem aumentado ao longo dos anos,

detectados principalmente através inquéritos sorológicos realizados pela FMT-HVD

entre 2007-2012 (106), bem como pelo serviço de ambulatório criado na infectologia

e cardiologia (4, 107-109).

Houve registro de pessoas naturais de outros estados brasileiros endêmicos

para DC o que representa a possibilidade da infecção ter sido adquirida em seus

estados de origem, conforme já descrito por Coura et al (1994)(88), sobre o fluxo

migratório descontrolado de populações humanas e animais domésticos já infectados

com Trypanosoma cruzi de áreas endêmicas da DC para a Amazônia com

possibilidade de risco para endemicidade da DC neste estado. Entretanto não se

pode descartar a possibilidade de que esses casos sejam todos autóctones da região,

uma vez que a maioria dos pacientes desse estudo são naturais de áreas rurais de

diversas localidades do estado do Amazonas, tanto da capital quanto do interior, bem

como do estado do Pará.

As duas formas clínicas da DC foram observadas em diferentes faixas etárias e,

entre as crianças acometidas com a DCA, a transmissão oral tem sido a forma mais

frequente. É importante lembrar que o consumo de suco de frutas silvestre como açaí

e bacaba faz parte da dieta alimentar da população amazônica, sendo o principal

veículo para transmissão do T. cruzi ao homem na Amazônia Brasileira.

O acometimento de adultos do sexo masculino jovem pode estar relacionado a

exposição dessas pessoas ao ciclo silvestre do parasito uma vez que entre as

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46

atividades laborais desenvolvidas grandes partes atuam como agricultores,

observação feita por Magalhães et al (2010) para a DCC (110).

Com a realização desse estudo foram identificadas informações sobre exames

parasitológicos, empregados ao longo dos anos em pacientes tanto com suspeita

quanto com diagnóstico para DC. A HC foi o exame mais sensível nos diagnósticos

realizados na FMT-HDV, apresentando alta taxa de positividade 95%, seguida da GE

com 89% de positividade. Porém, se faz necessário relatar que a GE é o padrão ouro

para o diagnóstico da DCA, pois é um método bastante sensível quando a parasitemia

está alta e foi escolhido entre as estratégias estabelecidas para a detecção de casos

agudos na Amazônia (2).

E no Estado do Amazonas a GE é o principal meio de identificação dos casos

de DCA, e o fato da HC apresentar-se neste estudo mais sensível está relacionado a

falta da manutenção de um fluxo de atendimento dos casos agudos, oriundos

principalmente de surtos ocorridos no interior do estado e ao ser referenciado para

FMT-HDV algumas informações não são disponibilizadas, pois o prontuário fica na

sede do município de ocorrência do caso.

Assim, a partir de 2004 quando foi realizado o primeiro treinamento de

microscopistas que atuam no diagnóstico da malária para investigar além de

plasmódios nas formas flageladas, pesquisar também formas flageladas de T. cruzi.

A partir disso, pode ser observado o aumento no número de casos notificados, e

consolidando essa ferramenta como forma de vigilância na detecção dos casos, o que

muito contribuiu para o rastreamento da DCA na região. Com isso, estabeleceu-se a

vigilância de forma continua para detecção da DCA e assim evitar formas graves da

DCA. Como afirma Barbosa et al. (2015) (111), a estratégia de vigilância para casos

agudos no Estado do Amazonas é a detecção de casos por gota espessa, técnica

recomendada para o Diagnóstico de malária, doença endêmica na Amazônia,

constituindo uma solução oportuna aplicável inclusive na detecção de casos agudos

assintomáticos. Para isso é essencial que os microscopista de instituições públicas ou

unidades de saúde sejam treinados e capacitados para detectar o T. cruzi.

Durante a realização do XD observou-se uma variação da quantidade, estádios

da ninfa e a espécie utilizada para execução do exame. A espécie T. infestans foi

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47

utilizada mais vezes e consequentemente a que mais positivou no XD em pacientes

tanto com a DCA quanto a DCC. A predominância dessa espécie deve-se ao fato de

que durante muito tempo foi a única opção de uso para esse exame por ser a única

espécie da colônia estabelecida no laboratório de entomologia da FMTHDV.

Entretanto por não ser uma espécie nativa de ambientes silvestres e não ocorrer na

Amazônia nos últimos anos, foi ampliada a inclusão de outras espécies de

triatomíneos na colônia estabelecendo-se a criação de espécies nativas da região

Amazônica para ampliar a possibilidade de detecção desse parasito, como por

exemplo Rhodnuis robustus e Rh. prolixus.

Nos registros encontrados sobre o XD referentes ao número de vezes que cada

paciente realizou o exame XD, 89% dos pacientes realizaram o XD uma única vez e

os demais realizaram XD mais de uma vez, variando entre 2 e 6 vezes. Esse resultado

quantifica a constância dos pacientes na realização do seguimento clinico,

possibilitando a detecção precoce de acometimento cardíaco forma grave da DC uma

vez que no seguimento clínico os pacientes são submetidos aos exames

cardiológicos.

5.2 Diversidade genética dos isolados de T. cruz na Amazônia Brasileira

Na Amazônia Brasileira existem poucos estudos a respeito da variabilidade

genética do T. cruzi, especialmente com isolados de humanos. Atualmente sabe-se

que que a DTU TcI é capaz de ocasionar surtos de DCA no estado do Pará(112) e

TcIV no estado do Amazonas, e TcI está presente nos casos isolados e em pacientes

chagásicos crônicos(40, 78). Este estudo demonstra que as DTU’s TcIII/IV foram

predominantes entre os isolados de T. cruzi provenientes do surto de Carauari em

2015, evidenciando que estas DTU’s podem desencadear surtos da DC no Amazonas.

E nos estoques de T. cruzi provenientes dos casos isolados, a DTU encontrada foi a

TcI, sendo casos oriundos de 6 municípios distintos do estado do Amazonas, ficando

evidente a ampla distribuição desta DTU. Resultados esses reforçam o que os

pesquisadores da FMTHDV já haviam demonstrado em estudos anteriores (40), (105).

Assim, é evidente a grande importância destas DTU’s na infecção de seres humanos

no Estado do Amazonas. E urgente a necessidade de novos estudos que possam

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48

mapear a distribuição das DTU’s circulantes no Estado do Amazonas e relacionar com

as manifestações clínicas dos pacientes chagásicos, com vistas a prestar assistência

de forma integral aos pacientes chagásicos no Estado do Amazonas.

Com o mapeamento da distribuição do perfil genético do T. cruzi circulante no

Amazonas, foi possível verificar o distanciamento geográficos dos municípios

envolvidos nos casos de DCA, que levanta o questionamento de qual o principal

reservatório que envolve o homem neste ciclo de transmissão oral na Amazônia

ocidental; e se existe outras fontes concretas de contaminação para além do consumo

de açaí, pois até o momento os estudos sugerem que o açaí é a principalmente fonte

de contaminação oral da DCA no Estado do Amazonas. No entanto, os fatores

culturais nesta região são marcantes e influenciadores nos hábitos de

vida/alimentares da população. Assim, é emergente novos estudos que tratem da

epidemiologia genética das cepas circulantes no Estado do Amazonas e sua relação

com as manifestações clínicas agudas ou crônicas, principalmente aos indivíduos

acometidos pela TcI, pois estudo recente evidenciou que esta DTU pode ocasionar

manifestações crônicas (78).

5.3 Considerações finais

Esse trabalho deixa claro a importância do Centro de entomologia da FMT-

HDV, no suporte ao diagnóstico da DC no Amazonas, e registra a existência de um

importante acervo com informações sobre os pacientes chagásicos atendidos ao

longo dos anos. Embora esse dado nunca tivesse sido organizado de forma

sistemática a partir da compilação e organização de todas essas informações

realizadas nesse estudo, tem-se o conhecimento do que já foi realizado até o período

do estudo. Ficou evidente a necessidade de estabelecimento de um fluxo

sistematizado para o atendimento dos pacientes chagásicos ou com suspeita da

infecção que irão realizar exames nesse laboratório; considerando o aumento

expressivo que vem acontecendo no número de casos de DCA e DCC bem como a

possibilidade de ampliação na detecção de T. cruzi e dessa doença na região

Amazônica.

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Existe a necessidade da ampliação do conhecimento da DC no Estado do

Amazonas sobre as propriedades biológicas da DTU TcI e TcIII/IV, uma vez que todas

são capazes de ocasionar DC. Pois, estas DTUS podem desempenhar importante

papel na patogênese da DC e na resposta terapêutica à quimioterapia específica na

Região Amazônica; representa um desafio para futuras investigações (113). É

necessário impetrar estudos que possam realizar buscativa de todos os casos agudos

oriundos de surtos e casos isolados diagnosticado pela FMT-HDV ao longo dos anos,

com vistas à investigar manifestações/alterações cardíacas ou digestivas, tornando-

se emergente relacionar ao tipo de DTU sequenciada.

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6. CONCLUSÃO

1. O Estado do Amazonas ao longo dos anos vem registrando o aumento do número de

casos de DCA e DCC;

2. A população acometida é composta na sua maioria por adultos jovens do sexo

masculino;

3. Os pacientes chagásicos são oriundos de diversas localidades do Estado do Amazonas,

tanto da capital quanto do interior, assim como de outros estados brasileiros;

4. Os métodos parasitológicos realizados para detecção de T. cruzi utilizados foram

Hemocultura, Xenodiagnóstico, Xenocultura, Gota espessa, Cultura em camundongo;

5. Dos métodos parasitológicos utilizados para diagnostico da DCA no estado do

Amazonas, a HC e GE foram as mais sensíveis, apresentando alta taxa de positividade

em detrimento aos outros métodos parasitológicos utilizados ao longo de 30 anos;

6. A espécie de triatomíneo mais utilizada no XD, e que mais positivou para T. cruzi, foi o

T. infestans em pacientes tanto com a DCA quanto a DCC;

7. Quanto as linhagens circulantes no estado Amazonas TcIII/IV são detectadas nos casos

agudos por transmissão oral e TcI é detectada nos casos isolados;

8. Ampliou-se a distribuição das DTU’s no estado do Amazonas com a inclusão de 6 novos

municípios.

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108. Ferreira JMBB, Guerra JAdO, Barbosa MdGV. Ventricular aneurysm in a chronic Chagas disease patient from the Brazilian Amazon region. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 2009;42(4):474-5. 109. Ferreira J, Guerra JAdO, Magalhães BML, Coelho LIARC MM, Barbosa M. Cardiopatia chagásica crônica na Amazônia: uma etiologia a ser lembrada. Arq Bras Cardiol. 2009;93(6):107-9. 110. Belisa Maria Lopes Magalhães LIC, Marcel Gonçalves Maciel, João Marcos Benfica Barbosa Ferreira, Jorge Augusto de Oliveira Guerra, Maria das Graças Vale Barbosa. Inquérito soroepidemiológico para Doença de Chagasem áreasruraisdaAmazôniaOcidental. Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical Mestrado em Doenças Tropicais e Infecciosas. 2010. 111. Barbosa MdGV, Ferreira JMBB, Arcanjo ARL, Santana RAG, Magalhães LKC, Magalhães LKC, et al. Chagas disease in the State of Amazonas: history, epidemiological evolution, risks of endemicity and future perspectives. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 2015;48:27-33. 112. Valente SAdS, da Costa Valente V, das Neves Pinto AY, de Jesus Barbosa César M, dos Santos MP, Miranda COS, et al. Analysis of an acute Chagas disease outbreak in the Brazilian Amazon: human cases, triatomines, reservoir mammals and parasites. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene. 2009;103(3):291-7. 113. Monteiro WM. Caracterização genética e biológica de isolados de Trypanosoma cruzi do Estado do Amazonas, Brasil. Universidade do Estado do Amazonas, Fundação de Medicina Tropical. 2011;Tese de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Doenças Tropicais e Infecciosas – UEA/FMT:310 f.

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ANEXO A – Tabela com DTU’s identificadas em 2012

Tabela 2: Lista de DTU`s provenientes de isoladas de T. cruzi de seres humanos sequenciado em 2012 (105).

ESTOQUES DE T. cruzi DO ESTADO DO AMAZONAS SEQUENCIADOS EM 2012

AMOSTRA LOCAL CASO DTU MÉTODO DE ISOLEMENTO

AM01 Coari Surto TcIV Hemocultura

AM02 Coari Surto TcIV Hemocultura

AM03 Coari Surto TcIV Hemocultura

AM04 Coari Surto TcIV Hemocultura

AM05 Coari Surto TcIV Hemocultura

AM06 Coari Surto TcIV Hemocultura

AM07 Coari Surto TcIV Hemocultura

AM08 Coari Surto TcIV Hemocultura

AM09 Coari Surto TcIV Hemocultura

AM10 Coari Surto TcIV Hemocultura

AM11 Coari Surto TcIV Hemocultura

AM12 Coari Surto TcIV Hemocultura

AM13 Coari Surto TcIV Hemocultura

AM14 Coari Surto TcIV Hemocultura

AM15 Coari Surto TcIV Hemocultura

AM16 Coari Surto TcIV Hemocultura

AM17 Coari Surto TcIV Hemocultura

AM18 Coari Surto TcIV Xenodiagnóstico

AM19 Coari Surto TcIV Xenodiagnóstico

AM20 Coari Surto TcIV Xenodiagnóstico

AM21 Coari Surto TcIV Xenodiagnóstico

AM22 Coari Surto TcIV Xenodiagnóstico

AM23 Coari Surto TcIV Xenodiagnóstico

AM24 Coari Surto TcIV Xenodiagnóstico

AM25 Coari Surto TcIV Xenodiagnóstico

AM26 Coari Surto TcIV Xenodiagnóstico

AM27 Coari Surto TcIV Xenodiagnóstico

AM36 Manaus Caso isolado

agudo TcI Xenodiagnóstico

AM49 Coari Caso isolado

agudo TcI Hemocultura

AM50 Coari Caso isolado

agudo TcI CSF cultura

AM52 Apuí Caso isolado

agudo TcIV Xenodiagnóstico

AM62 Santa Isabel do Rio Negro Surto TcIV Hemocultura

AM63 Santa Isabel do Rio Negro Surto TcIV Hemocultura

AM64 Santa Isabel do Rio Negro Surto TcIV Hemocultura

AM65 Santa Isabel do Rio Negro Surto TcIV Hemocultura

AM66 Santa Isabel do Rio Negro Surto TcIV Hemocultura

AM67 Santa Isabel do Rio Negro Surto TcIV Hemocultura

AM68 Santa Isabel do Rio Negro Surto TcIV Hemocultura

AM69 Santa Isabel do Rio Negro Surto TcIV Xenodiagnóstico

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ANEXO B – Tabela com DTU’s identificadas em 2016

Tabela 3: Lista de DTU`s provenientes de isoladas de T. cruzi de seres humanos sequenciado em 2016.

ESTOQUES DE T. cruzi DO ESTADO DO AMAZONAS SEQUENCIADOS EM 2016

AMOSTRA LOCAL CASO DTU MÉTODO DE ISOLAMENTO

XD01 Carauari Surto TcIII/IV Hemocultura

XD02 Nova Olinda do Norte Caso isolado agudo TcI Hemocultura

XD03 Manaus Caso isolado agudo TcI Hemocultura

AM 03* Coari Surto TcIV Hemocultura

AM 04* Coari Surto TcIV Hemocultura

AM 19* Carauari Surto TcIV Hemocultura

AM 72 Santa Isabel do Rio

Negro Caso isolado agudo TcI Hemocultura

AM 73 Anamã Caso isolado agudo TcI Hemocultura

AM 78 Carauari Surto TcIII/IV Hemocultura

AM 79 Carauari Surto TcIII/IV Hemocultura

AM 80 Carauari Surto TcIII/IV Hemocultura

AM 81 Carauari Surto TcIII/IV Hemocultura

AM 82 Carauari Surto TcIII/IV Hemocultura

AM 83 Carauari Surto TcIII/IV Hemocultura

AM 84 Carauari Surto TcIII/IV Hemocultura

AM 85 Carauari Surto TcIII/IV Hemocultura

AM 87 Carauari Surto TcIII/IV Hemocultura

AM 88 Carauari Surto TcIII/IV Hemocultura

AM 89 Carauari Surto TcIII/IV Hemocultura

AM 130 Coari Caso isolado agudo TcI Hemocultura

AM 135 Tefé Caso isolado agudo TcIII/IV Hemocultura

AM 137 Eirunepé Caso isolado agudo TcIII/IV Hemocultura

AM 138 Nova Olinda do Norte Caso isolado agudo TcIII/IV Hemocultura

AM 139 Carauari Surto TcIII/IV Hemocultura

AM 140 Carauari Surto TcIII/IV Hemocultura

AM 141 Carauari Surto TcIII/IV Hemocultura

AM 142 Carauari Surto TcIII/IV Hemocultura

AM 143 Carauari Surto TcIII/IV Hemocultura

AM 144 Carauari Surto TcIII/IV Hemocultura

AM 145 Carauari Surto TcIII/IV Hemocultura

AM 146 Careiro Castanho Caso isolado agudo TcIII/IV Hemocultura

AM 147 Tefé Caso isolado agudo TcI Hemocultura

AM 148 Manaus Caso isolado agudo TcI Hemocultura

AM 149 Nova Olinda do Norte Caso isolado agudo TcI Hemocultura

*Amostras sequenciadas por Monteiro et al em 2012.

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ANEXO C – PROJETO

Esta pesquisa está vinculada ao Projeto de Pesquisa intitulado como: Doença

de Chagas em pacientes atendidos no ambulatório da Fundação de Medicina Tropical

Dr. Heitor Vieira Dourado, sob o CAAE:13014013.3.0000.0005. Instituição

Proponente: Diretoria de Ensino e Pesquisa – DENPE. Patrocinador Principal:

Diretoria de Ensino e Pesquisa – DENPE. Número do Parecer: 279.874 Data da

Relatoria: 10/05/2013.

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APÊNDICE A – FICHA CLÍNICA: Projeto Chagas – FMTHVD

Nome: ___________________________Sexo: ___Idade: _______Registro: ____________ Endereço: _________________________________________________________________ Ponto de ref.______________________________________________________________ Natural: ___________________________________________________________________ Procedente: _______________________________________________________________ Atividade atual: _____________________________________________________________ Atividade (s) anterior (es):_____________________________________________________ Código projeto: ____________________Médico responsável: ________________________ Data: ___ / ___ / _____ Bolsista (nome e ass.): _______________________________________________________ Dados Epidemiológicos Como chegou ao ambulatório FMTHVD: 0- HEMOAM 1- Encaminhado por serviço de cardiologia 2- busca ativa 3 – outro (espeficar): ____________________________________ Conhece o barbeiro: 0-não 1-sim Já viu o barbeiro nas proximidades de casa: 0-não 1-sim Tem hábito de adentrar a mata (caçar, pescar, pernoite, lazer etc): 0-não 1-sim Tem hábito de comer carne de caça: 0-não 1-raramente 2-frequentemente Tem hábito de consumir sucos de palmeiras (babaçu, bacaba, açaí): 0-não 1-raramente 2-Frequentemente Já morou/mora em casa próximo da mata: 0-não 1-sim Trabalha/trabalhou em atividade de extrativismo ou agricultura: 0-não 1-extrativismo 2-agricultura 3- ambos Percebe a presença de mucuras próximo da casa: 0-não 1-sim ANAMNESE Queixa principal: ____________________________________________________________ Fumante: (1) sim (2) não. Quanto por semana? ___________________________________ Ingere bebidas álcoolicas? (1) de alto teor (cachaça, conhaque...) (2) de baixo teor (cerveja, vinho...) (3) nada Quanto por semana? _________________________________________________________ Alergias medicamentosas: ____________________________________________________ Você faz exercício físico? (1) leve (andar a pé distâncias curtas sem carregar peso), (2) moderado (intermédio entre 1 e 3), (3) intenso (carregar pedras, trabalhar no machado...) Doenças atuais: (1) Diabete (2) Hipertensão Outras____________________________________________________________________ Uso de medicação atual: ____________________________________________________ Sintomatologia respiratória (dispneia, quase sempre aos esforços, ortopnéia, etc.): __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________

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Sintomatologia cardiovascular (fadiga aos esforços, astenia, palpitações, tonturas, vertigens, lipotimia, síncope, escurecimento da vista, confusão mental, dor precordial de características anginóides ou não, edema de membros inferiores, manifestações tromboembólicas pulmonares ou sistêmicas, etc.): ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Disfagia com comida fria? (1) sim (2) não Disfagia com comida seca? (1) sim (2) não Precisa água para engolir alimentos? (1) sim (2) não Regurgitação? (1) sim (2) não Odinofagia (durante a ingestão de alimentos)? (1) sim (2) não Pirose (ardor, queimação...)? (1) sim (2) não Dor esofagiana retroesternal (independente das refeições, espontânea, urente, constritiva...)? (1) sim (2) não Soluço? (1) sim (2) não Tosse? (1) sim (2) não Náuseas? (1) sim (2) não Sialose (hipersalivação)? (1) sim (2) não Obstipação intestinal? (1) sim (2) não Nº evacuações por mês: ___ Meteorismo? (1) sim (2) não Distensão abdominal? (1) sim (2) não Disquezia (dificuldade para evacuar)? (1) sim (2) não Diarreia? (1) sim (2) não Sensação de peso no hipocôndrio direito? (1) sim (2) não Dores no hipocôndrio direito? (1) sim (2) não Sensação de peso na região epigástrica? (1) sim (2) não Dores epigástricas? (1) sim (2) não Sintomatologia urinária (disúria, polaquiúria, tenesmo, hematúria, oligúria): __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ DUM (sexo feminino): ___ / ___ / ___ EXAME FÍSICO Peso: ____________ Altura: ____________ IMC [Kg/(altura em metros)2]: _____________ Temperatura axilar: (1) <37º (2) 37-38º (3) >38º Pulso: ______ bpm (1) regular (2) irregular PA sistólica: ______ mm Hg PA diastólica: ______ mm Hg Estado Geral (astenia, anorexia, desnutrição, obnubilação com sudorese e pele fria...): ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Coloração mucocutânea: (1) Normal (2) Palidez (3) Cianose (4) Outra: ________________ Hidratação mucocutânea: (1) Normal (2) Desidratação Sinal de Romaña (edema bipalpebral unilateral elástico, indolor, de coloração róseo-violácea, com adenopatias pré-auriculares, parotídeas ou submaxilares...)? (1) sim (2) não Chagoma (lesão em partes descobertas, sobrelevada, eritematosa, dura, pouco dolorosa, com linfonodos satélites, etc.)? (1) sim (2) não Edema subcutâneo (localizado ou generalizado, com ou sem insuf. Cardíaca)? (1) sim (2) não Características: ________________________________________________________

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__________________________________________________________________________ Adenopatias? (1) sim (2) não características (hipertrofia leve ou moderada, não aderentes aos planos contíguos, isoladas, indolores...): __________________________________________________________________________ Hipertrofia parótidas: (1) sim (2) não Ictus cordis: (1) desviado (2) normal Características do desvio: _______________________ Ingurgitação jugular (a 45º.)? (1) sim (2) não Bulhas: (1) normofonéticas (2) hipofonéticas Desdobramento B2 (foco pulmonar): (1) sim (2) não Nº de extra-sístoles por minuto: ________________ Sopro: (1) sim (2) não Características do sopro (proto, meso, tele ou pan-sistólico, diastólico, focalidade mitral, tricúspide, aórtica ou pulmonar, etc.): ___________________________________________ __________________________________________________________________________ Sinais respiratórios (estertores finos e crepitantes nas bases, ortopnéia, etc.):__________ __________________________________________________________________________ Distensão abdominal (abdome globoso, assimétrico...)? (1) sim (2) não Timpanismo na percussão abdominal (presença de gases na alça dilatada, no hipocôndrio esquerdo se houver retenção de gases no ângulo esplênico do colo, etc.)? (1) sim (2) não Palpação de fecaloma (tumor inelástico, que cede à compressão sem retornar à sua forma primitiva...)? (1) sim (2) não Hepatomegalia? (1) sim (2) não Quantos cm abaixo da reborda costal direita? ___ Consistência alterada? (1) sim (2) não Superfície lisa? (1) sim (2) não Esplenomegalia? (1) sim (2) não Quantos cm abaixo da reborda costal esquerda? ___ Consistência alterada? (1) sim (2) não Superfície lisa? (1) sim (2) não Alteração do SNC? (1) sim (2) não Qual/Quais (rigidez de nuca, convulsões generalizadas, focalidade neurológica, etc.): __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Alteração dos reflexos osteotendinosos? (1) sim (2) não Alteração da sensibilidade superficial? (1) sim (2) não Alterações do sistema neurovegetativo (obnubilação com sudorese e pele fria...)? (1) sim (2) não Outros: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Exames complementares (indicar quais foram feitos e o resultado

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Parasitológico: GE ( ) Direto á fresco ( ) Strout ( ) PCR ( ) Cultura ( ) XD ( ) Sorologia: RIFI ( ) ELISA ( ) Hemaglutinação ( ) Western blot ( ) PCR ( ) ECG: _____/_____/_____ Laudo: ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Xenodiagnóstico: _________________________________________________________ Rx: ______________________________________________________________________ Demais exames Bioquímica ( ) Hemograma ( ) EAS ( ) EPF ( ) Indicação de tratamento (MS – Brasil):

1. Formas agudas 2. Crianças com formas crônicas 3. Formas indeterminadas e cardíaca incipiente 4. Digestiva com coração normal 5. Transplante de órgão 6. Imunocomprometidos (Reativação) 7. Formas crônicas com diagnóstico recente

Outros: ____________________________________ Benzonidazol: _____________________________________ Nifurtimox: ________________________________________ Benzonidazol: apresentação = comprimidos de 100 mg a. Adultos: 5 mg/kg/dia, por via oral, durante 60 dias, em duas ou três tomadas diárias; b. Crianças: 5-10 mg/kg/dia por via oral durante 60 dias, em duas ou três tomadas diárias. Nifurtimox: apresentação = comprimidos de 120 mg c. Adultos: 8-10 mg/kg/dia, por via oral, durante 60 a 90 dias, em três tomadas diárias d. Crianças: 15mg/kg/dia, por via oral, durante 60 a 90 dias, em três tomadas diárias.

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APÊNDICE B –T ermo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE

FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DR. HEITOR VIEIRA DOURADO

Título: “Seguimento dos casos de pacientes chagásicos atendidos em um centro de referência em Manaus, Amazonas, Brasil: Série Histórica”

Investigador: Jorge Augusto de Oliveira Guerra Instituição: FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DR. HEITOR VIEIRA DOURADO N.º de protocolo: Patrocinador: FMTHVD/FAPEAM

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

O abaixo assinado ou sob responsabilidade do seu parente próximo abaixo identificado, declara estar ciente após ter lido ou ouvido o presente Termo de Consentimento que lhe informa o seguinte:

I. Que está sendo convidado a participar de um estudo que tem por finalidade avaliar os casos de Doença de Chagas atendidos na FMTHVD;

II. Que a Doença de Chagas é uma doença comum no Brasil, mas na região Amazônica somente agora começou a aparecer em maior número de casos, caracterizando uma doença emergente, ou seja, uma nova doença para a região, se apresentando regularmente com um determinado número de casos por ano.

III. Que esta doença se caracteriza por apresentar casos agudos - com febre, fígado e baço aumentados e alterações cardíacas ou por formas crônicas - na maioria das vezes sem sintomas, ou com sintomas cardíacos como palpitações, cansaço fácil aos esforços e aumento do coração.

IV. Que na maioria das vezes os casos crônicos são descobertos por acaso, em exames de sangue ou em exames cardíacos de rotina.

V. Que a sua participação neste estudo é voluntária, assim como a sua recusa não haverá qualquer tipo de retaliação ou perda de benefícios a que o responsável ou meu dependente tenham direito;

VI. Que os riscos da pesquisa são baixos e incluem: retirada de sangue para exames, realização de xenodiagnóstico, Eletrocardiograma e Ecocardiograma do coração e eventualmente exames com utilização de contraste para avaliar a ocorrência de doença no intestino.

VII. Todos os procedimentos e seus riscos estão explicados em seguida. VIII. Que os benefícios de sua participação serão pelo conhecimento das formas

dessa doença presentes na Amazônia e como elas se manifestam nas pessoas e isso poderá beneficiar não só a mim como a muitos, já que a doença pode ser ou se tornar crônica e haver indicação de tratamento.

IX. Que, havendo concordância para a sua participação no estudo, se procederá às seguintes condutas:

1 - Preenchimento da ficha individual e um questionário (constando de dados relativos à doença);

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2 - Poderão ser coletados 05 ml de sangue da veia, com seringas descartáveis, para realização de testes sorológicos, e exames de rotina;

3 - Estes testes servem para avaliar se você é portador ou teve contato com o transmissor dessa doença. A retirada de sangue implica em dor pela picada da agulha no momento da coleta e pode acontecer hematoma (ficar roxo e infecionar) e;

4 - Em havendo suspeita da doença, para confirmação do diagnóstico se procederá a coleta de exames com os procedimentos recomendados pelo Ministério da Saúde através de sorologia, realização de Rx de tórax, Eletrocardiograma e Ecocardiograma do coração), além de exames contrastados, ou seja RX (onde precisarei ingerir pela boca um meio de contraste para evidenciar as alterações que possam estar presentes em seu intestino, caso eu apresente sintomas digestivos que possam estar relacionados com a doença, como constipação intestinal e dificuldades para engolir alimentos) podendo ocorrer alergia ao contraste, embora seja raro;

5 - No exame de sangue será feita pesquisa direta de Trypanosoma cruzi, o causador da doença, para saber qual o tipo do parasito e também Xenodiagnóstico;

6 - O Xenodiagnóstico é um exame de rotina em casos suspeitos de Doença de Chagas e é realizado na FMTHVD – Gerencia de Leishmaniose/Entomologia e é feito com vinte ninfas (filhotes de barbeiro criados em laboratório e livres de infecção, os quais ficarão picando a face interna do antebraço durante 30 minutos, e se alimentando de seu sangue, caso você seja portador da doença os parasitos irão se desenvolver nas ninfas – esse exame pode causa coceira e irritação em meus braços que regride em torno de 24 hs, e todos os cuidados serão tomados para diminuir isso (uso de creme anti alérgico no local – se necessário).

IV. Que, participando do estudo, você ou sua família não obterão quaisquer benefícios adicionais além dos já citados (diagnóstico da infecção e/ou doença), que entretanto estará contribuindo para o conhecimento da Doença de Chagas na Amazônia, podendo dessa forma beneficiar outras pessoas;

V. Caso ocorra algum dano decorrente de sua participação na pesquisa você terá direito a indenização ou ressarcimento de gastos, bem como assistência médica por parte da FMTHVD, conforme previsto no item V.6 da Resolução 196/99 da CONEP.

VI. O material de você retirado se destina apenas a esta pesquisa, mas que concorda que o material que porventura venha a sobrar, seja estocado e possa ser utilizado para outras pesquisas que envolvam o diagnóstico acompanhamento de casos e isolamento de cepas de Doença de Chagas na Região;

VII. Que concordando com a utilização posterior desse material, ele ficará armazenado em um biobanco, ou seja, em local específico, onde somente o pesquisador e as pessoas por ele autorizadas terão acesso, e que sua identidade será preservada, pois o material ficará identificado por código, do qual somente os pesquisadores envolvidos neste projeto tem conhecimento.

VIII. Que esse material possa ser reutilizado em pesquisas que envolvam a doença da qual você é portador, e de acordo com resoluções regulamentadoras de pesquisa do País e que quando, e caso, este material venha a ser reutilizado, haverá para você duas alternativas de consentimento:

• Conceder ao pesquisador o uso desse material sem precisar de

nova autorização

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• Ser contactado novamente para dar autorização a uma nova

pesquisa

IX. Que essas recomendações sobre a nova utilização do material são feitas mediante normas do conselho de Ética Nacional (Resolução 441 de maio de 2011).

X. Que posso retirar meu consentimento a qualquer momento assim como solicitar que o material estocado seja descartado.

XI. O projeto poderá ser encerrado caso ocorram efeitos adversos além dos esperados e que possam vir a lhe prejudicar;

XII. A participação neste estudo será confidencial e os registros ou resultados dos testes relacionados ao estudo serão mostrados apenas aos participantes e aos representantes da FMTHVD, bem como a autoridades normativas estaduais ou nacionais, com o objetivo de garantir informações de pesquisas clínicas ou para fins normativos.

XIII. A identidade dos participantes permanecerá sempre em confiabilidade. O patrocinador assegura que isso acontecerá de acordo com as normas legais reguladoras de proteção nacionais ou internacionais;

XIV. Que o participante e seus familiares têm direitos aos esclarecimentos que julgarem necessários a qualquer período do desenvolvimento deste estudo e será notificado sobre qualquer nova informação relacionada. O Dr. JORGE AUGUSTO DE OLIVEIRA GUERRA, cujo número de telefone é 2127 3525, 9988 3215, terá disponibilidade para atender e esclarecer possíveis dúvidas dos participantes;

XV. Que o participante tem o direito de se retirar deste estudo a qualquer momento, sem qualquer retaliação, e também o direito de manter em seu poder cópia assinada deste documento;

XVI. Que caso ocorra algum prejuízo decorrente de sua participação neste estudo você terá direito a indenizações, pagamentos ou ressarcimento de gastos.

XVII. Que ressarcimento de gastos é a compensação financeira, exclusivamente de despesas devido a sua participação na pesquisa, inclusive de seus acompanhantes, quando necessário, tais como transporte e alimentação.

XVIII. Que indenização é a compensação devida a anular ou reduzir um dano, originado por decorrência de sua participação no estudo.

XIX. Que como sujeito da pesquisa terá acompanhamento pelo pesquisador responsável através das consultas médicas agendadas periodicamente e também direito a assistência médica e/ou aos recursos disponíveis na Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, local e Instituição onde será realizada, caso haja alguma necessidade relacionada a procedimentos realizados em virtude da mesma.

XX. O participante tem o direito de se retirar deste estudo a qualquer momento, sem qualquer retaliação, e também o direito de manter em seu poder cópia assinada deste documento;

XXI. Por estar devidamente esclarecido sobre o conteúdo deste termo, livremente expressa seu consentimento e/ou do seu responsável para inclusão como participante nesta pesquisa.

Data: ....../....../......

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.............................................................................

.

...................... .............

Nome do paciente Idade sexo

Assinatura do paciente ou responsável: ....................................................................

Nome do pesquisador: JORGE AUGUSTO DE OLIVEIRA GUERRA

Assinatura do pesquisador........................................................

Impressão dactiloscópica

(p/ analfabeto)

Aceito que o material biológico seja armazenado para outros objetivos de

pesquisa e não há necessidade de me contactar para novo tremo de

consentimento.

Aceito que o material biológico seja armazenado para outros objetivos de

pesquisa, mas desejo ser contactado para assinar novo termo de

consentimento quando o material for reutilizado.

Não Aceito que o material biológico seja armazenado para outros objetivos de

pesquisa.

Ass. do paciente:

................................................................................Data.....................

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