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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
IGOR MATTOS MACHADO
ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA DA IMPLANTAÇÃO DE
ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS PARA RESIDÊNCIAS EM SISTEMAS DE
ÁGUA E ENERGIA
Balneário Camboriú
2007
1
IGOR MATTOS MACHADO
ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA DA IMPLANTAÇÃO DE
ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS PARA RESIDÊNCIAS EM SISTEMAS DE
ÁGUA E ENERGIA
Monografia apresentada como requisito parcial
para a obtenção do título de Bacharel em
Administração – Gestão Empreendedora, na
Universidade do Vale do Itajaí, Centro de
Educação Balneário Camboriú.
Orientador: Profº. Dr. Alexandre Ávila Lerípio
Balneário Camboriú
2007
2
IGOR MATTOS MACHADO
ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA DA IMPLANTAÇÃO DE
ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS PARA RESIDÊNCIAS EM SISTEMAS DE
ÁGUA E ENERGIA
Esta Monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de Bacharel em
Administração e aprovada pelo Curso de Administração – com Ênfase em Gestão
Empreendedora da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação de Balneário
Camboriú.
Área de Concentração: Administração e Desenvolvimento Sustentável
Balneário Camboriú, 27 de novembro de 2007.
Prof. Dr. Alexandre Lerípio
UNIVALI – CE de Balneário Camboriú
Orientador
___________________________________
Prof. MSc.
Avaliador(a)
___________________________________
Prof. MSc.
Avaliador(a)
3
EQUIPE TÉCNICA
Estagiário: Igor Mattos Machado
Área de estágio: Administrativa
Professor responsável pelos estágios: Lorena Schröder
Supervisor da empresa: Manuel Carlos Pinheiro da Gama
Professor orientador: Alexandre Lerípio
4
DADOS DA EMPRESA
Razão Social: FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
Endereço: Quinta Avenida, sem número.
Setor de desenvolvimento do estágio: Administrativo.
Duração do estágio: 240 horas
Nome e cargo do supervisor da empresa: Manuel Carlos Pinheiro da Gama.
Carimbo do CNPJ da empresa: 84.307.974/0001-02
5
AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA
Balneário Camboriú, 25 de junho de 2007.
A Empresa FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ, pelo presente
instrumento, autoriza a Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, a divulgar os
dados do Relatório de Conclusão de Estágio executado durante o Estágio Curricular
Obrigatório, pelo acadêmico Igor Mattos Machado.
Manuel Carlos Pinheiro da Gama
Responsável pela Empresa
6
RESUMO
Atualmente, o desenvolvimento sustentável é um dos assuntos mais discutidos na mídia e por ambientalistas, que buscam soluções para as questões ambientais presentes. Por isso, surgiu a necessidade de pesquisar técnicas e alternativas sustentáveis para residências, a fim de descobrir a viabilidade econômico-financeira da implantação das mesmas. Este estudo apresenta algumas destas técnicas e alternativas com foco em sistemas de água e energia de uma residência. Ele teve por objetivo principal descobrir a viabilidade econômico-financeira dos sistemas propostos. Depois da pesquisa realizada, concluiu-se que o sistema de água proposto é viável, e o de energia, das quatro opções apresentadas, apenas uma se mostrou viável, mas com baixo rendimento financeiro.
Palavras-chave: Desenvolvimento sustentável. Viabilidade econômico-financeira, Alternativas sustentáveis.
7
ABSTRACT
Currently, the sustainable development is one of the most argued subjects in the media and for environmentalists, that search solutions for the environment present questions. Therefore, appeared the necessity to search sustainable techniques and alternatives for residences, in order to discover the economic-financier viability of the implantation of the same ones. This study present some of these techniques and alternatives with focus in water systems and energy of a residence. It had as main objective to discover the viability economic-financier of the considered systems. After the accomplished research, has concluded that the considered water system is viable, and the energy one, of the four presented options, only one showed viable, but with low financial income.Key-words: Sustainable development; Sustainable viability economic-financier;Alternatives.
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Fórmula para cálculo do vantagem financeira.................................49
Tabela 2 – Fórmula para cálculo do pay back...................................................50
Tabela 3 - Fórmula para cálculo do valor presente líquido................................50
Tabela 4 - Fórmula para cálculo do valor presente...........................................50
Tabela 5 - Fórmula para cálculo do índice de lucratividade..............................51
Tabela 6 – Fórmula para cálculo da taxa TIR....................................................52
Tabela 7 – Descrição detalhada do estudo.......................................................55
Tabela 8 – Valor de implantação de uma residência em SC.............................61
Tabela 9 – Custos de implantação dos aerogeradores da linha Notus.............62
Tabela 10 – Custos de implantação dos aerogeradores da linha Gerar...........63
Tabela 11 – Custos de implantação do sistema de captação de água da
chuva.................................................................................................................64
Tabela 12 – Gasto médio mensal em kwh.........................................................65
Tabela 13 – Gasto médio mensal de energia em valor monetário....................65
Tabela 14 – Gasto médio mensal em m3...........................................................66
Tabela 15 – Gasto médio mensal de água em valor monetário........................66
Tabela 16 – Valor poupado de energia com alternativas propostas..................67
Tabela 17 – Valor poupado de água em m3 com a alternativa proposta...........67
Tabela 18 – Valor poupado de água em valor monetário com a alternativa
proposta............................................................................................................68
Tabela 19 – Valor da vantagem financeira em 20 anos nos aerogeradores.....69
Tabela 20 - Valor do pay back em 20 anos nos aerogeradores........................70
Tabela 21- Tarifa de Energia.............................................................................71
Tabela 22 – Valor futuro das receitas anuais dos aerogeradores em 20
anos...................................................................................................................72
Tabela 23 – Valor presente das receitas anuais dos aerogeradores em 20
anos...................................................................................................................73
Tabela 24 – Valor presente líquido dos aerogeradores em 20 anos.................73
Tabela 25 – Índice de lucratividade nos aerogeradores em 20 anos................74
Tabela 26 – TIR em 20 anos nos aerogeradores..............................................75
Tabela 27 - Valor da vantagem financeira em 20 anos no sistema de água.....76
9
Tabela 28 - Valor do pay back em 20 anos no sistema de água.......................76
Tabela 29 – Tarifa de água................................................................................77
Tabela 30 - Valor futuro das receitas anuais sistema de água em 20 anos......78
Tabela 31 - Valor presente das receitas anuais do sistema de água em 20
anos...................................................................................................................79
Tabela 32 – Valor presente líquido do sistema de água em 20 anos................79
Tabela 33 – Índice de lucratividade do sistema de água em 20 anos...............80
Tabela 34 – TIR do sistema de água em 20 anos.............................................80
10
LISTA DE SIGLAS
ABRAPP - Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência
Complementar
ANBID - Associação Nacional dos Bancos de Investimento
APIMEC - Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de
Capitais
BNB – Banco do Nordeste do Brasil
BOVESPA – Bolsa de Valores de São Paulo
CBIC – Colégio Brasileiro de Instrumentação Cirúrgica
CEE - Conselho Estadual de Educação
CEPAL - Comissão Econômica para a América Latina
CNUMAD - Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento
COEP - Centro de Orientação e Encaminhamento Profissional
EPA - Environmental Protection Agency
EPE - Empresa de Pesquisa Elétrica
FAO - Food and Agriculture Organization
FGV – Fundação Getúlio Vargas
IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa
IDHEA – Instituto para o desenvolvimento ecológico
IFC - International Food Company
IL – Índice de Lucraividade
ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial
IUCN - União Internacional para a Conservação da Natureza
MAM – Museu de Arte Moderna
MEC – Ministério da Educação e Cultura
ONG – Organização Não Governamental
ONU – Organização das Nações Unidas
PAC - Programa de Aceleração do Crescimento
PIB – Produto Interno Bruto
PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
11
PROCON - Proteção e Defesa do Consumidor
RSE – Responsabilidade Social Empresarial
SELIC – Sistema Especial de Liquidação e Custódia
SRI - Stanford Research Institute
TIR - Taxa Interna de Retorno
UNEP - United Nations Environment Programme
UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
Unicamp – Universidade de Campinas
VPL – Valor Presente Líquido
WWF - World Wide Fund for Nature
ZEE - Zoneamento Ecológico-Econômico
12
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 15
1.1 Tema de estágio.................................................................................................. 16
1.2 Problema de pesquisa......................................................................................... 16
1.3 Objetivos.............................................................................................................. 16
1.3.1 Objetivo geral................................................................................................... 17
1.3.2 Objetivos específicos........................................................................................ 17
1.4 Justificativa da pesquisa...................................................................................... 17
1.5 Contextualização do ambiente de estágio........................................................... 19
1.6 Organização do trabalho..................................................................................... 20
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................. 21
2.1 Desenvolvimento sustentável.............................................................................. 21
2.1.1 Sustentabilidade e agenda 21.......................................................................... 22
2.1.2 Sustentabilidade e a cadeia de produção e consumo.......................................23
2.1.2.1 Sustentabilidade pública................................................................................ 24
2.1.2.2 Sustentabilidade no consumo....................................................................... 25
2.1.2.3 Sustentabilidade na produção e utilização.................................................... 27
2.1.3 Responsabilidade social empresarial............................................................... 28
2.1.3.1 O Instituto Ethos............................................................................................ 30
2.1.3.2 O Índice de Sustentabilidade Empresarial - ISE.......................................... 32
2.1.4 Sustentabilidade na construção civil................................................................ 33
2.1.4.1 Conceitos e princípios gerais........................................................................ 33
2.1.4.2 Materiais, técnicas e métodos utilizados na construção sustentável............ 35
2.1.4.3 Técnicas e métodos para sustentabilidade energética e hídrica................... 38
2.1.4.4 Exemplo de construções sustentáveis.......................................................... 43
2.2 Avaliação de empreendimentos.......................................................................... 44
2.2.1 Definição da idéia de projetos de um empreendimento................................... 44
2.2.2 Avaliação de mercado...................................................................................... 45
2.2.3 Avaliação de custos.......................................................................................... 47
2.2.4 Avaliação econômico-financeira....................................................................... 48
13
2.2.4.1 Vantagem financeira...................................................................................... 48
2.2.4.2 Tempo de retorno do capital investido (payback).......................................... 49
2.2.4.3 Valor presente líquido.................................................................................... 50
2.2.4.4 Índice de lucratividade................................................................................... 51
2.2.4.5 Taxa interna de retorno................................................................................. 51
3 METODOLOGIA.................................................................................................... 53
3.1 Caracterização metodológica do estudo............................................................. 53
3.2 Descrição detalhada do estudo........................................................................... 54
3.2.1 Pesquisa bibliográfica....................................................................................... 55
3.2.1.1 Fundamentação teórica................................................................................. 56
3.2.1.2 Identificação do tema, problema e objetivos da pesquisa............................. 56
3.2.2 Estudo de caso................................................................................................. 57
3.2.2.1 Concepção e elaboração – fase exploratória................................................ 57
3.2.2.2 Aplicação – delimitação do estudo................................................................ 58
3.2.2.3 Redação e apresentação do trabalho........................................................... 60
4 RESULTADOS....................................................................................................... 61
4.1 Custos de implantação........................................................................................ 61
4.1.1 Aerogeradores Eólicos..................................................................................... 62
4.1.2 Captação da água da chuva............................................................................. 63
4.2 Custos de manutenção........................................................................................ 64
4.2.1 Custos da casa convencional com energia elétrica......................................... 64
4.2.2 Custos da casa convencional com água.......................................................... 65
4.2.3 Custos da casa sustentável com energia elétrica............................................ 66
4.2.4 Custos da casa sustentável com o sistema de captação da água................... 67
4.3 Avaliação econômico-financeira do projeto......................................................... 68
4.3.1 Sistema de energia elétrica.............................................................................. 68
4.3.1.1 Vantagem financeira...................................................................................... 69
4.3.1.2 Tempo de retorno do capital.......................................................................... 70
4.3.1.3 Valor Presente Líquido.................................................................................. 71
4.3.1.4 Índice de lucratividade................................................................................... 74
4.3.1.5 Taxa Interna de Retorno................................................................................ 75
14
4.3.2 Sistema de captação de água da chuva.......................................................... 75
4.3.2.1 Vantagem financeira...................................................................................... 75
4.3.2.2 Tempo de retorno do capital.......................................................................... 76
4.3.2.3 Valor presente líquido.................................................................................... 77
4.3.2.4 Índice de lucratividade................................................................................... 80
4.3.2.5 Taxa Interna de Retorno................................................................................ 80
4.3.3 Análise.............................................................................................................. 81
4.3.3.1 Energia sustentável através dos sistemas propostos................................... 81
4.3.3.2 Análise do sistema de captação de água da chuva...................................... 82
5 CONCLUSÃO........................................................................................................ 83
5.1 Recomendações para trabalhos futuros.............................................................. 84
6 REFERÊNCIAS...................................................................................................... 85
ANEXO A...................................................................................................................89
ANEXO B...................................................................................................................90
15
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, desenvolvimento sustentável e responsabilidade social são os
principais alvos de discussão na mídia e empresas de todo o mundo estão
adotando-as para que se consiga um desenvolvimento sem afetar o meio ambiente.
Hoje em dia, muitas empresas começam a adotar e trabalhar com
responsabilidade social, e fazem campanhas e produtos que não poluem o meio
ambiente, algumas construtoras começam a usar materiais sustentáveis, mas é
difícil encontrar uma pessoa comum disposta a investir em desenvolvimento
sustentável na sua própria residência.
Porém, com a degradação do planeta aumentando a cada dia, a necessidade
de se implantar casas com alternativas sustentáveis se torna cada vez mais
necessária para a saúde do planeta e o bem estar da sociedade. Para se ter uma
idéia, a construção civil tem crescido bastante no Brasil a cada ano. Segundo a
Agência Brasil (2007), as medidas previstas no Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC) podem fazer com que o setor cresça até 6% em 2007. E
dependendo do material utilizado para a construção civil, a degradação do planeta
poderá aumentar. Por isso, é importante a conscientização dos consumidores na
hora de escolher qual é o melhor produto para se utilizar na construção de sua
residência.
Mas, a falta de informação para os consumidores sobre as questões
econômicas e financeiras para sua tomada de decisão acaba atrapalhando na hora
da escolha do material utilizado. Eles não sabem qual seria o custo para a
implantação de um sistema sustentável, e muitos têm o pensamento de que o custo
para adotar-se um sistema desses em sua residência é alto e inviável.
Esta pesquisa será realizada para levantar dados econômicos e financeiros
para os consumidores, a fim de esclarecer essas dúvidas em relação à viabilidade
da utilização de alternativas sustentáveis em residências.
Nela, serão abordadas questões sobre o custo beneficio da implantação
destas alternativas, isto é, se elas são viáveis financeiramente, se os custos com
implantação e manutenção desse sistema são menores que o convencional e se
compensam os benefícios trazidos à sociedade.
16
Com a realização da pesquisa, irá se descobrir o valor de investimento
necessário para adotar tais alternativas, e os pontos positivos e negativos da
implantação, para ajudar na tomada de decisão do consumidor, tendo este em mãos
os dados necessários para fazer tal avaliação.
1.1 Tema
Estudo de viabilidade econômico-financeira da implantação de alternativas
sustentáveis para residências em sistemas de água e energia.
1.2 Problema
O problema de pesquisa definido para o presente trabalho foi o seguinte:
“Desconhecimento da viabilidade econômico-financeira da implantação de
alternativas sustentáveis em residências.” De forma a contribuir para a resolução do
problema de pesquisa, foi definida a seguinte pergunta de pesquisa: “É viável
economicamente e financeiramente a adoção de alternativas sustentáveis em
residências para os consumidores?”.
1.3 Objetivos
Neste tópico serão apresentados os objetivos propostos do trabalho.
17
1.3.1 Objetivo geral
Identificar a viabilidade econômico-financeira da implantação de alternativas
sustentáveis para residências para os consumidores.
1.3.2 Objetivos específicos
Identificar os custos de implantação e manutenção de tecnologias
convencionais e sustentáveis.
Comparar os custos de implantação e manutenção das tecnologias
convencionais e sustentáveis.
Apresentar os pontos favoráveis e desfavoráveis da implantação de
alternativas sustentáveis em residências.
1.4 Justificativa
A degradação ambiental é uma realidade atual, que tem aumentado com o dia
a dia. Este problema é motivo de grande preocupação entre os ambientalistas, que
procuram soluções e alternativas para a melhora da saúde ambiental.
Esta preocupação é justificada, pois a escassez de energia pode aumentar
nos próximos anos. Segundo a Revista Veja (2007), um relatório divulgado pela
Empresa de Pesquisa Elétrica (EPE) revelou que o consumo de energia elétrica
no Brasil bateu recorde no acumulado dos últimos 12 meses. De acordo com o
documento, os responsáveis pelo aumento da demanda são a indústria e
o comércio. O comércio apresentou aumento de 7,5% no consumo de energia em
relação a outubro de 2006, enquanto a demanda residencial cresceu 5,7% e a
industrial, responsável por quase metade do total de consumo, 5%. Movida pela
18
agroindústria, a região Centro-Oeste do país teve uma das maiores mudanças de
patamar: aumentou seu consumo em 6,3% no acumulado de 12 meses.
Já os problemas com água são bastante conhecidos. Segundo Robin (2005),
as populações estão ficando cada vez maiores e mais sedentas. O exemplo disso é
que no ano 2000, o mundo todo usou duas vezes mais água do que em 1960.
O autor completa que, mais de dois terços do consumo de água no mundo
todo serve para irrigar lavouras e para os animais, e a maior parte é usada para a
irrigação em regiões áridas e semi-áridas. O desperdício é muito alto, e apenas uma
pequena porcentagem da água chega ao cultivo destinado. A segunda maior parte
de consumo são as indústrias, que chegam a usar cerca de 21% do total da água do
mundo. O grande problema da água utilizada pelas indústrias é de que quase o total
da sua água utilizada não é reutilizada, pois a água fica tão poluída que não pode
ser reutilizada facilmente. O uso doméstico com a água é relativamente baixo, cerca
de 10% do total mundial.
Por causa deste cenário, tem-se estudado novas alternativas para que os
problemas com a escassez sejam pelo menos amenizados, para que as gerações
futuras não tenham problemas com o planeta por causa da nossa geração. Em
busca deste cenário ambiental favorável, pessoas físicas e jurídicas têm buscado
alternativas sustentáveis como forma de evitar a escassez e de prejudicar a saúde
ambiental do planeta.
Uma das alternativas existentes para a melhora da saúde do planeta, é a
implantação de alternativas sustentáveis em residências. O campo da construção
civil cresce a cada ano no Brasil, e o uso de alguns materiais e sistemas utilizados
na construção civil estão entre as causas da degradação ambiental.
Por isso, teve-se a idéia de pesquisar a viabilidade da implantação de
alternativas sustentáveis com sistemas de água e energia para residências, a fim de
mostrar ao consumidor os índices financeiros resultantes da implantação destas
alternativas.
O trabalho é realizado com o intuito de responder as questões econômicas e
financeiras destas alternativas, para que se possa ter números de relevância para
saber se é ou não um projeto viável de ser implantado.
O principal objetivo é o de apresentar os dados coletados e analisá-los, para
posteriormente apresentá-los ao consumidor para que este tenha a oportunidade de
19
avaliar se possui ou não condições financeiras para a implantação destas
alternativas.
Porém, é importante ressaltar que, mesmo que o projeto se mostre inviável
financeiramente, é importante o consumidor ter outra mentalidade e valorizar os
produtos sustentáveis, adquirindo-os, se tiverem condições, sem se preocupar com
as questões de custos de manutenção e implantação do mesmo.
1.5 Contexto do ambiente de estágio
A construção civil em Santa Catarina cresce a cada ano. Um exemplo disso é
a capital do estado que, segundo a Secretaria do Planejamento de Santa Catarina,
cresceu 97% de 1995, onde foram construídos 713.223,02 m2, até 2005 com
1.405069,52 m2. A segunda cidade foi Joinvile, com um crescimento de 63% e em
terceiro, Balneário Camboriú com 58,8% de 1995 até 2006.
Por conta deste grande crescimento da construção civil, Balneário Camboriú
torna-se a cidade ideal para a realização deste estágio. Além disso, a cidade tem
sérios problemas com água e energia no verão.
Um exemplo grave deste problema com a água em Balneário Camboriú, é a
noticia que saiu no jornal Tribuna Catarinense (2007), em que noticiou que a falta de
água na cidade deixou mais de um milhão de pessoas sem água no reveilon deste
ano.
O problema da energia também é de grande preocupação na região. O
deputado Djalma Berger (PSB) manifestou toda sua preocupação com a ameaça de
apagões de energia no decorrer do próximo verão, no litoral catarinense, previstos
pela própria Aneel. As cidades que receberão os maiores contingentes são
Florianópolis, Balneário Camboriú e Itapema, segundo a Agência Brasília de
Comunicação (2007).
Portanto, o estágio está sendo realizado em Balneário Camboriú por ser uma
região em constante desenvolvimento urbano, em que a construção civil está
crescendo a cada ano, e a necessidade de alternativas sustentáveis nestas
construções na cidade são de extrema importância para que se tenha uma boa
20
condição ambiental futura no local, e para que estes problemas com água e energia
diminuam com o passar do tempo.
1.6 Organização do trabalho
Na primeira parte do trabalho, é apresentada uma introdução do trabalho,
bem como a justificativa da escolha do mesmo, além do tema, problema e objetivos
da pesquisa.
Na segunda parte, apresenta-se a fundamentação teórica, onde discutem-se
aspectos ligados a formação, evolução histórica e a estrutura dos atuais modelos de
construção sustentável no Brasil e no mundo, e também uma definição de pesquisa
de mercado, custos e TIR (taxa interna de retorno) para se ter o entendimento
necessário para realização da pesquisa no futuro.
Na terceira parte, apresenta-se a metodologia de pesquisa explicada
detalhadamente, usada para chegar aos futuros resultados.
Na quarta parte, apresentam-se os resultados da pesquisa e as análises dos
mesmos.
Na quinta parte, apresenta-se a conclusão do trabalho e a recomendação
para trabalhos futuros.
21
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Desenvolvimento sustentável
Segundo Barbieri (2000), a expressão desenvolvimento sustentável surge
pela primeira vez em 1980 no documento denominado World Conservation Strategy,
produzido pela IUCN E World Wildlife Fund (hoje, World Wide Fund for Nature –
WWF) por solicitação do PNUMA. De acordo com esse documento uma estratégia
mundial para a conservação da natureza deve alcançar os seguintes objetivos: (1)
manter os processos ecológicos essenciais e os sistemas naturais vitais necessários
à sobrevivência e ao desenvolvimento do Ser Humano; (2) preservar a diversidade
genética; (3) assegurar o aproveitamento sustentável das espécies e dos
ecossistemas que constituem a base da vida humana. O objetivo da conservação,
segundo esse documento, é o de manter a capacidade do planeta para sustentar o
desenvolvimento, e este deve, por sua vez, levar em consideração a capacidade dos
ecossistemas e as necessidades das futuras gerações.
Para o entendimento do termo “sustentável”, deve-se partir de uma breve
avaliação do que significa desenvolvimento sustentável e sustentabilidade.
Para Alva (1997), arquiteto e urbanista, ex-diretor da Comissão Econômica
para a América Latina – CEPAL –, define sustentabilidade como um conceito
ecológico – isto é, como a capacidade que tem um ecossistema de atender as
necessidades das populações que nele vivem – ou, como um conceito político que
limita o crescimento em função da dotação de recursos naturais, da tecnologia
aplicada no uso desses recursos e do nível efetivo de bem-estar da coletividade.
“O desenvolvimento sustentável significa usar nossa ilimitada capacidade de
pensar em vez de nossos limitados recursos naturais.” (Juha Sipilä, apud
KRZYZANOWSKI, 2005).
Para Krzyzanowski (2005), a “Reunião da terra”, celebrada no Rio de Janeiro
em 1992, representou um ponto de inflexão na maneira que se valoriza o meio
ambiente, no contexto do desenvolvimento econômico e social. Os dirigentes
mundiais aprovaram a Agenda 21, projeto que oferece um programa de ações de
22
amplo alcance para possibilitar o desenvolvimento sustentável no século XXI e
solucionar as questões ambientais e de desenvolvimento de forma integrada em
nível local, nacional e mundial.
O objetivo último é o desenvolvimento sustentável, segundo Informe
Brundtland, Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento das
Nações Unidas (apud Krzyzanowski, 2005), quer dizer, “um desenvolvimento que
responda as necessidades atuais sem por em risco a capacidade das gerações
futuras de responder as suas”.
Segundo Furtado (1999), uma sociedade só se transforma se tiver
capacidade para improvisar, inovar, enfrentar seus problemas de maneira mais
prática possível, mas numa perspectiva racional.
2.1.1 Sustentabilidade e Agenda 21
Segundo Neto (2002), esta Agenda 21, transformada em Programa 21 pela
ONU, é um plano de ação para alcançar os objetivos do desenvolvimento
sustentável. Ela é uma espécie de consolidação de diversos relatórios, tratados,
protocolos e outros documentos elaborados durante décadas na esfera da ONU
(Assembléia Geral, FAO, PNUMA, UNESCO etc.). Princípios, conceitos, e
recomendações expressos no relatório da Comissão Brundtland, nas estratégias de
conservação mundial da UICN, WWF e PNUMA de 1980, nas estratégias do Caring
for the Earth, nos documentos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas, por exemplo, podem ser reconhecidos no texto da Agenda. A Agenda
inclui os temas tratados na Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, nas convenções sobre Biodiversidade e sobre Mudanças do
Clima, bem como na Declaração de Princípios sobre Florestas, conforme
mencionados acima. Ela incorporou também diversas questões tratadas na fase
preparatória da CNUMAD e durante a sua realização no Rio de Janeiro.
O autor cita que, a Agenda 21 é um documento longo, dividido em 4 seções,
com a seguinte organização: Preâmbulo; Seção I, trata das dimensões sociais do
desenvolvimento sustentável (cooperação internacional, padrão de consumo,
23
população, saúde etc.); Seção II, aborda as dimensões ambientais (atmosfera,
oceanos, ecossistemas frágeis, biodiversidade etc); Seção III, dedica-se aos
principais grupos sociais, mulheres, jovens, populações indígenas, trabalhadores,
empresários, ONGs, autoridades locais e outros cuja atenção e participação efetiva
são consideradas decisivas para alcançar este novo tipo de desenvolvimento; e
Seção IV, refere-se aos meios para implantar os programas e as atividades
recomendadas nas seções anteriores (recursos financeiros, transferência de
tecnologia, educação etc.). Cada capítulo apresenta uma introdução ao problema e
as áreas de programas de ação com objetivos, atividades e meios de
implementação, incluindo estimativas quanto aos recursos financeiros necessários.
Neto conclui que a Agenda 21 aponta os graves problemas por que passa a
humanidade e faz uma conclamação a todas as nações para se unirem em prol do
desenvolvimento sustentável. E adverte para o fato de que o êxito da sua execução
é da responsabilidade dos governos e para concretizá-la são cruciais as estratégias,
os planos, as políticas e os processos nacionais, sendo que a cooperação
internacional deverá complementar e apoiar esses esforços nacionais. O sistema da
ONU e outras organizações internacionais devem desempenhar um papel
importante nessa cooperação. A participação pública e o envolvimento das ONGs
devem ser estimulados.
2.1.2 Sustentabilidade e a cadeia de produção e consumo
Neste tópico abordam-se o desenvolvimento de materiais e os métodos de
produção para a busca da sustentabilidade, assim como sua utilização pública, as
políticas governamentais e a consciência do consumidor para com o
desenvolvimento sustentável.
24
2.1.2.1 Sustentabilidade pública
Atualmente, mudou-se a forma de encarar o desenvolvimento, que passou a
se pautar pela noção da sustentabilidade, e que compreende várias dimensões.
Pode-se pensar em sustentabilidade ambiental, social, política, econômica,
institucional, ética, humanística, cultural e temporal (NEVES; MARINHO, 1999).
Para Capra (2002), a sustentabilidade não é uma propriedade individual, mas
uma propriedade de uma rede inteira de relações. Ela sempre envolve toda a
comunidade. Esta é a lição profunda que precisa ser aprendida com a natureza. O
modo de sustentar a vida é construir e manter comunidades. As comunidades
interagem entre si. A sustentabilidade é um processo dinâmico de evolução
conjunta. Ela inclui o respeito à integridade cultural e ao direito básico de
autodeterminação e auto-organização das comunidades. Isto significa que a
sustentabilidade ecológica e a justiça econômica são interdependentes.
“Uma comunidade sustentável vive em harmonia com seu meio ambiente e não causa danos a meios ambientes distantes ou a outras comunidades, agora ou no futuro. A qualidade de vida e os interesses das futuras gerações são mais valorizados do que o crescimento econômico ou o consumo imediato.” (Caring for the Earth – IUCN; UNEP; WWF, apud KRZYZANOWSKI, 2005).
Segundo Santos (2004), o desenvolvimento da década de 1950 enraizou-se
no Brasil nas décadas de 1960 e 1970, apresentando um país com prioridade na
industrialização. Desta forma, têm-se documentos que, baseados na premissa de
que o principal impacto no país era a pobreza, estimulavam, e muito, a
industrialização, gerando assim poluentes e o depauperamento dos recursos
naturais. Nesse período, os governos brasileiros tiveram pouquíssima preocupação
com o meio. No entanto, não se pode deixar de lembrar que a grande preocupação
com o meio ambiente deu-se a partir da década de 1960 nos EUA, propagando-se
para outros paises e fazendo com que eles debatessem temas como a avaliação de
impactos ambientais, planejamento e gerenciamento ambiental. Na década de 1970,
aderiram a discussão países como o Canadá, Japão, Nova Zelândia, Austrália, e a
Europa Ocidental e, na década de 1980, a América Latina, Europa Oriental, União
Soviética e Sul e Leste Asiático. Sob essa perspectiva, o Brasil se inseriu na gestão
no fim dos anos 1970 e início dos anos 1980. De forma oficial somente a partir de
25
1981, com a Política Nacional de Meio Ambiente, uma “carta de intenções” em
relação à conservação do meio ambiente. Na década de 1990, os países da África,
do mundo árabe e a China iniciaram um debate sobre os problemas ambientais.
Segundo Neves (2000), o governo federal caminha bem na criação de
propostas de políticas públicas para a conservação ambiental. É a Agenda 21
brasileira que está no topo dos debates acerca do caminho que pode levar o país a
adotar medidas ambientais sustentáveis. Permeando as ações em favor do
desenvolvimento sustentável está o planejamento participativo, que envolve as
instituições públicas, organizações não-governamentais e as populações
diretamente atingidas pelas políticas ambientais. No quesito participação, entretanto,
existem exemplos positivos, como o das Reservas Extrativistas, mas também
negativos, como as definições sobre o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) que
aconteceram exclusivamente na esfera governamental. O desenvolvimento
sustentável inclui uma mudança no modelo econômico e, se executado
eficientemente, pode ser um meio de inclusão social.
Para Castro (2004), a conscientização ecológica alcançou então desde os
cidadãos comuns até governantes e políticos, passando por organizações não
governamentais, universidades e pesquisadores. Geograficamente, estando a
economia globalizada, os problemas ambientais passaram à escala mundial.
2.1.2.2 Sustentabilidade no consumo
Para Azevedo (2002), as empresas, nos dias atuais, estão muito mais
vulneráveis e observadas de perto pelos consumidores do que antigamente. A relação
dos consumidores com as empresas mudou, assim como a comunicação, que está
muito mais rápida e globalizada. As maneiras do consumidor se comunicar com as
empresas também estão diferentes. Estabelecer uma forma de contato com as
empresas está muito mais fácil. Linhas diretas de atendimento ao consumidor, sites
corporativos e e-mails de contato, além de órgãos como o Procon, mostram aos
consumidores que há a possibilidade de reclamar, exigir e criticar. Os consumidores
estão mais cientes de seus direitos e de como o seu consumo afeta a sociedade em
26
que vivem.
A autora completa, dizendo que o consumidor brasileiro acordou para os seus
direitos e está ciente de que pode reivindicar respeito por parte das empresas. Aos
poucos, o consumidor também começa a acordar para a questão da
responsabilidade social. A idéia de que o produto que ele consome pode ajudar a
melhorar ou piorar o mundo em que ele vive é um questionamento cada vez mais
presente na mente do consumidor brasileiro. A expressão “consumo consciente” aos
poucos passa a fazer parte da realidade deste consumidor. Organizações como o
Instituto Akatu tratam do tema e chamam a atenção para a importância do equilíbrio
entre o bem estar do consumidor com as possibilidades ambientais e as
necessidades sociais. Aumenta a preocupação por parte deste consumidor com os
processos da empresa para que ele então consuma o seu produto. Questões como
o uso de recursos naturais e a utilização e descarte de produtos, processos de
fabricação, fornecedores envolvidos, etc, estão sendo avaliados e observados.
Segundo o Instituto Akatu (2007), mesmo com metade da humanidade
situada abaixo da linha de pobreza, já se consome 20% a mais do que a Terra
consegue renovar. Se a população do mundo passasse a consumir como os
americanos, seriam necessários mais três planetas iguais a este para garantir
produtos e serviços básicos como água, energia e alimentos para todo mundo.
Akatu (2007) completa que, como é evidentemente impossível arranjar mais
três Planetas Terra, nem os americanos poderão continuar com o mesmo modelo de
consumo, nem a população mundial poderá adotá-lo. A única saída é adotar-se
padrões de produção e de consumo sustentáveis. Para os países ricos, isso
significa, por exemplo, procurar fontes de energia menos poluidoras, diminuir a
produção de lixo e reciclar o máximo possível, além de repensar sobre quais
produtos e bens são realmente necessários para alcançar o bem-estar. Aos países
em desenvolvimento, que têm todo o direito a crescer economicamente, cabe o
desafio de não repetir o modelo predatório e buscar alternativas para gerar riquezas
sem destruir florestas ou contaminar fontes de água.
Nesse processo, o consumidor consciente tem um papel fundamental. Nas
suas escolhas cotidianas, seja na forma como consome recursos naturais, produtos
e serviços, seja pela escolha das empresas das quais vai comprar em função de sua
27
responsabilidade social, pode ajudar a construir uma sociedade mais sustentável e
justa.
2.1.2.3 Sustentabilidade na produção e utilização
Segundo Manzini (2005), o controle do impacto provocado no ambiente pelas
atividades humanas depende de três variáveis fundamentais: a população, a procura
do bem-estar humano e a eco eficiência das tecnologias aplicadas, isto é, a maneira
como o metabolismo do sistema produtivo é capaz de transformar recursos
ambientais em bem-estar humano. A partir daí, considerando os crescimentos
demográficos previstos, e tendo como hipótese que é normal a população dos
países hoje em desenvolvimento procurar um aumento de bem-estar, o terceiro
parâmetro sobressai, isto é, a eco eficiência do sistema técnico a ser empregado, e
neste item tem-se um resultado interessante: podem-se considerar sustentáveis
apenas aqueles sistemas produtivos e de consumo cujo emprego de recursos
ambientais de unidade de serviço prestado seja, pelo menos, 90% inferior ao
atualmente aplicado nas sociedades industrialmente mais avançadas.
Para o autor, tal avaliação é aproximativa, mas, de qualquer maneira, é válida
para indicar a ordem de grandeza da mudança que se faz necessária. Daí surge a
imagem de uma sociedade onde se vive – e possivelmente se vive bem – utilizando
somente 10% dos recursos que hoje vem sendo empregados pelas sociedades
industriais. É evidente que o sistema produtivo e de consumo desta sociedade
sustentável será profundamente diferente do que até hoje conhecemos.
Algumas empresas já aderem aos métodos de produção sustentável. No site
da COEP Brasil, há a informação de que o Banco do Nordeste do Brasil S/A liberou
mais de R$ 8 milhões para plantação de 4,1 mil hectares para reflorestamento na
siderúrgica Gusa Nordeste, localizada no Distrito Industrial de Pequiá, município de
Açailândia (MA). De acordo com o diretor da Gusa Nordeste, Ricardo Carvalho
Nascimento, o reflorestamento integra o plano de auto-sustentabilidade na produção
de carvão vegetal, insumo principal na atividade de siderurgia. “Já temos quatro mil
hectares de eucalipto plantados nas nossas fazendas em Grajaú e Barra do Corda.
28
A expectativa é de conseguir implantar, até 2010, outros seis mil hectares, além da
área que acaba de ser financiada pelo BNB”, disse.
Outro exemplo de preocupação com a sustentabilidade na produção e
utilização é a Universidade de Campinas – Unicamp, que, segundo o próprio site da
universidade, realizou em 2002 a Conferência sobre a “Sustentabilidade na
Produção e Utilização de Energia no Brasil: os Próximos Vinte Anos”. A Conferência
tratava de duas vertentes energéticas, a da produção e a da utilização, e
empenhava-se em fazer com que o país encontrasse auto-sustentabilidade em
ambas.
2.1.3 Responsabilidade social empresarial
Para Singer (2002), a responsabilidade social empresarial nasceu um pouco
depois do capitalismo industrial, como reação ao espantoso empobrecimento dos
artesãos provocado pela difusão das máquinas e da organização fabril da produção.
A exploração do trabalho nas fábricas não tinha limites legais e ameaçava a
reprodução biológica do proletariado. As crianças começavam a trabalhar tão logo
ficavam de pé, e as jornadas de trabalho eram tão longas que o debilitamento físico
dos trabalhadores e sua elevada morbidade e mortalidade impediam que a
produtividade do trabalho pudesse se elevar.
O autor completa que, por isso, industriais mais esclarecidos começaram a
propor leis de proteção aos trabalhadores. Entre eles encontrava-se o britânico
Robert Owen, proprietário de um imenso complexo têxtil em New Lanark. Em vez de
explorar plenamente os trabalhadores que empregava, Owen decidiu, ainda na
primeira década do século XIX, limitar a jornada e proibir o emprego de crianças,
para as quais ergueu escolas. O tratamento generoso que Owen dava a seus
assalariados resultou em maior produtividade do trabalho, o que tornou sua empresa
bastante lucrativa, apesar de gastar mais com a folha de pagamento. Owen tornou-
se objetivo de grande admiração e respeito, adquirindo fama de filantropo. Visitantes
do mundo inteiro vinham a New Lanark tentar decifrar o mistério de como o dinheiro
29
gasto com o bem-estar dos trabalhadores era recuperado sob a forma de lucro, ao
fim de cada exercício.
Ashley (2003) afirma que nos Estados Unidos, as questões da ética e da
responsabilidade vieram à tona em 1919 com o julgamento do caso Dodge versus
Ford. Em 1916, Henry Ford, alegando objetivos sociais, decidiu não distribuir parte
dos dividendos esperados, revertendo-os para investimentos na capacidade de
produção, aumento de salários e fundo de reserva para redução esperada de
receitas em função do corte nos preços dos carros.
A suprema corte de Michigan foi favorável, justificando que a corporação
existe para o beneficio de seus acionistas e que diretores corporativos tem livre-
arbítrio apenas quanto aos meios para alcançar tal fim, não podendo usar os lucros
para outros objetivos.
Após a grande depressão e a segunda guerra mundial, a noção de que a
corporação deve responder somente a seus acionistas sofreu muitos ataques.
Segundo Berle e Means (apud ASHLEY, 2003), os acionistas eram passivos
proprietários que abdicavam do controle e responsabilidade em favor da diretoria da
corporação. Então, diversas decisões nas cortes americanas foram favoráveis às
ações filantrópicas das corporações.
A partir daí, defensores da ética e da responsabilidade social corporativa
passaram a argumentar que, se a filantropia era uma ação legítima da corporação,
então outras ações que priorizam objetivos sociais em relação ao retorno financeiro
dos acionistas seriam de igual legitimidade, como o abandono de linhas de produto
lucrativas, porém nocivas ao meio ambiente. Então passou-se a discutir, no meio
empresarial, a importância da responsabilidade social corporativa.
Atualmente, responsabilidade social empresarial pode ser definida como o
compromisso que uma organização deve ter para com a sociedade, expresso por
meio de atos e atitudes que a afetem positivamente, de modo amplo, ou a alguma
comunidade, de modo específico, agindo proativamente e coerentemente no que
tange a seu papel específico na sociedade e a sua prestação de contas para com
ela.
Para D’Ambrósio (apud ASHLEY, 2003), responsabilidade social de uma
empresa consiste na sua decisão de participar mais diretamente das ações
30
comunitárias na região em que está presente e minorar possíveis danos ambientais
decorrentes do tipo de atividade que exerce.
Já para Jamarillo e Ángel (apud ASHLEY, 2003), responsabilidade social
pode ser também o compromisso que a empresa tem com o desenvolvimento, bem-
estar e melhoramento da qualidade de vida dos empregados, suas famílias e
comunidade em geral.
Drucker (apud ASHLEY, 2003) chama a atenção para o fato de que é
justamente em função de a empresa ser bem-sucedida no mercado que cresce a
necessidade de atuação socialmente responsável, visando diminuir os problemas
sociais. Assim, a responsabilidade social é um fator importante para que as
companhias mantenham sua sustentabilidade.
Segundo Teixeira (apud ASHLEY, 2003), a responsabilidade social é
resultado dos questionamentos e das críticas que as empresas receberam, nas
ultimas décadas, no campo social, ético e econômico por adotarem uma política
baseada estritamente na economia de mercado.
Para Grajew (apud ASHLEY, 2003), Diretor-Presidente do Instituto Ethos, o
conceito de responsabilidade social está se amplificando, passando da filantropia,
que é uma relação socialmente compromissada da empresa com a comunidade,
para abranger todas as relações da empresa: com seus funcionários, clientes,
fornecedores, acionistas, concorrentes, meio ambiente e organizações públicas e
estatais.
2.1.3.1 O Instituto Ethos
Segundo Ethos (2007), o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade
Social é uma organização não-governamental criada com a missão de mobilizar,
sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente
responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade sustentável e
justa. Seus 1198 associados – empresas de diferentes setores e portes – têm
faturamento anual correspondente a aproximadamente 35% do PIB brasileiro e
empregam cerca de 2 milhões de pessoas, tendo como característica principal o
31
interesse em estabelecer padrões éticos de relacionamento com funcionários,
clientes, fornecedores, comunidade, acionistas, poder público e com o meio
ambiente.
O Instituto Ethos trabalha em algumas linhas de atuação, que são a
ampliação do movimento de responsabilidade social empresarial (sensibilização e
engajamento de empresas em todo o Brasil, articulação de parcerias, sensibilização
da mídia para o tema da responsabilidade social empresarial (RSE), coordenação da
criação do comitê brasileiro do Global Compact etc), o aprofundamento de práticas
em RSE (Indicadores Ethos de RSE – incluindo versões para micro e pequenas
empresas e alguns setores da economia – Conferência Nacional anual para mais de
um mil participantes, constituição de redes de interesse, promoção da publicação de
balanços sociais e de sustentabilidade, produção de publicações e manuais
práticos), a influência sobre mercados e seus atores mais importantes no sentido de
criar um ambiente favorável à prática da RSE (desenvolvimento de critérios de
investimentos socialmente responsáveis com fundos de pensão no Brasil,
desenvolvimento de programa de políticas públicas e RSE, participação em diversos
conselhos governamentais para discussão da agenda pública brasileira), articulação
do movimento de RSE com políticas públicas, desenvolvimento de políticas para
promover a RSE e desenvolver marcos legais, promoção da participação das
empresas na pauta de políticas públicas do Instituto Ethos, fomento à participação
das empresas no controle da sociedade, por meio de acompanhamento e cobrança
das responsabilidades legais, transparência governamental e conduta ética,
divulgação da RSE em espaços públicos e eventos estruturação de processos de
consulta a membros e parceiros da companhia e produção de informação (pesquisa
anual Empresas e Responsabilidade Social – Percepção e Tendências do
Consumidor, produção e divulgação de conteúdo e um site de referência sobre o
tema na internet, coleta e divulgação de dados e casos das empresas, promoção do
intercâmbio com entidades internacionais líderes no tema da responsabilidade
social).
Idealizado por empresários e executivos oriundos do setor privado, o Instituto
Ethos é um pólo de organização de conhecimento, troca de experiências e
desenvolvimento de ferramentas que auxiliam as empresas a analisar suas práticas
de gestão e aprofundar seus compromissos com a responsabilidade corporativa. É
32
hoje uma referência internacional no assunto e desenvolve projetos em parceria com
diversas entidades no mundo todo.
2.1.3.2 O Índice de Sustentabilidade Empresarial - ISE
Segundo a BOVESPA (2007), já há alguns anos iniciou-se uma tendência
mundial dos investidores procurarem empresas socialmente responsáveis,
sustentáveis e rentáveis para aplicar seus recursos.
Tais aplicações, denominadas “investimentos socialmente responsáveis”
(“SRI”), consideram que empresas sustentáveis geram valor para o acionista a longo
prazo, pois estão mais preparadas para enfrentar riscos econômicos, sociais e
ambientais. Essa demanda veio se fortalecendo ao longo do tempo e hoje é
amplamente atendida por vários instrumentos financeiros no mercado internacional.
No Brasil, essa tendência já teve início e há expectativa de que ela cresça e
se consolide rapidamente. Atentas a isso, a BOVESPA, em conjunto com várias
instituições – ABRAPP, ANBID, APIMEC, IBGC, IFC, Instituto ETHOS e Ministério
do Meio Ambiente – decidiram unir esforços para criar um índice de ações que seja
um referencial para os investimentos socialmente responsáveis, o ISE – Índice de
Sustentabilidade Empresarial.
Nesse sentido, essas organizações formaram um Conselho Deliberativo
presidido pela BOVESPA, que é o órgão responsável pelo desenvolvimento do ISE.
Posteriormente, o Conselho passou a contar também com o PNUMA em sua
composição. A Bolsa é responsável pelo cálculo e pela gestão técnica do índice.
O ISE tem por objetivo refletir o retorno de uma carteira composta por ações
de empresas com reconhecido comprometimento com a responsabilidade social e a
sustentabilidade empresarial, e também atuar como promotor das boas práticas no
meio empresarial brasileiro.
33
2.1.4 Sustentabilidade na construção civil
Neste tópico aborda-se o conceito de construção sustentável, bem como as
técnicas e materiais utilizados, com ênfase em alternativas sustentáveis para
residências em sistemas de água e energia, trazendo alguns exemplos de casas e
prédios que utilizam esses métodos.
2.1.4.1 Conceitos e princípios gerais
Segundo Gomes (2003), o setor de construção tem uma importância
significativa no atendimento das metas de desenvolvimento sustentável
estabelecidas para qualquer país. A indústria da construção representa a atividade
humana com maior impacto sobre o meio ambiente. Edifícios e obras civis alteram a
natureza, função e aparência de áreas urbanas e rurais. Atividades de construção,
uso, reparo, manutenção e demolição consomem recursos e geram resíduos em
proporções que em muito superam a maioria das outras atividades econômicas.
Enquanto alguns destes efeitos são transitórios, como ruído e poeira gerados
durante a construção, outros são mais persistentes ou mesmo permanentes, como
os do CO2 liberado na atmosfera. Infelizmente, estes impactos não podem ser
reduzidos na mesma proporção dos avanços tecnológicos experimentados pelo
setor.
Por outro lado, os profundos impactos econômicos e sociais do setor tornam-
no um contribuinte essencial para o aumento da qualidade de vida. Primeiro, porque
a construção provê meios para o atendimento de necessidades humanas básicas
(como abrigo, saúde, educação e interação social) e maximização do capital social
(THE WORLD BANK, 1997). Segundo, pela expressiva geração de emprego e
participação na economia. No Brasil, as atividades de construção e demolição
respondem por 10% do PIB e empregam 9,2 milhões de trabalhadores (CEE/CBIC;
FGV, 2001). Números igualmente expressivos em outros países posicionam, em
caráter mundial, a construção civil como um setor estratégico para intervenção.
34
Não é possível, portanto, alcançar o desenvolvimento sustentável sem que
haja construção sustentável. BRE; CAR; ECLIPSE (apud KRZYZANOWSKI, 2005)
definem construção sustentável como o compromisso com:
Sustentabilidade econômica: aumentar a lucratividade e crescimento
através do uso mais eficiente de recursos, incluindo mão de obra,
materiais, água e energia.
Sustentabilidade ambiental: evitar efeitos perigosos e potencialmente
irreversíveis no ambiente através de uso cuidadoso de recursos naturais,
minimização de resíduos, e proteção e, quando possível, melhoria do
ambiente.
Sustentabilidade social: responder às necessidades de pessoas e grupos
sociais envolvidos em qualquer estágio do processo de construção (do
planejamento a demolição), provendo alta satisfação do cliente e do
usuário, e trabalhando estreitamente com clientes, fornecedores,
funcionários e comunidades locais.
Gomes (2003) completa que para buscar uma indústria da construção mais
sustentável é fornecer mais valor, poluir menos, ajudar no uso sustentado de
recursos, responder mais efetivamente às partes interessadas, e melhorar a
qualidade de vida presente sem comprometer o futuro. Construção sustentável não é
desempenho ambiental excepcional à custa de uma empresa que saia do mercado,
nem desempenho financeiro excepcional, à custa de efeitos adversos no ambiente e
comunidade local. Ela não implica em priorizar uma dimensão em detrimento das
demais, nem demanda uma solução perfeita, e sim a busca do equilíbrio entre a
viabilidade econômica que mantém as atividades e negócios, as limitações do
ambiente e as necessidades da sociedade.
Para atingir esse equilíbrio na construção sustentável, Kim (1998)
desenvolveu uma estrutura conceitual com três níveis: princípios, estratégias e
métodos, correspondentes aos três objetivos para uma educação arquitetônica
ambiental: criar consciência ambiental, explicar a construção do ecossistema,
ensinar como projetar edificações ambientalmente sustentáveis.
Kim (1998) propõe três princípios em arquitetura ambiental sustentável:
Economia de Recursos: esta relacionada há redução, reuso, e reciclagem
dos recursos naturais que são utilizados na construção civil.
35
Life Cycle Design (LCD): propõe uma metodologia para analisar o
processo do edifício e seu impacto no ambiente.
Humane Design: focado nas interações entre humanos e seu mundo
natural.
Segundo o autor, estes princípios podem ampliar a consciência do impacto
ambiental, local e global, gerado pelo consumo arquitetônico.
Kim (1998) acrescenta que para se alcançar a sustentabilidade ambiental no
setor da construção civil, os arquitetos devem ser educados sobre assuntos ligados
ao meio ambiente durante seus estudos profissionalizantes. A faculdade tem de
nutrir a consciência ambiental, apresentar suas éticas aos estudantes e desenvolver
suas habilidades e o conhecimento base dentro do paradigma do projeto
sustentável.
O autor resume seu estudo, dizendo que para se alcançar a sustentabilidade
ambiental, uma edificação deve ser holistificamente equilibrada entre os três
princípios propostos, e finaliza concluindo que as soluções de projetos especificas
compatíveis para se alcançar a sustentabilidade ambiental na construção, emanarão
destes princípios.
Para Araújo (2006), a moderna construção sustentável é um sistema
construtivo que promove intervenções sobre o meio ambiente, adaptando-o para as
necessidades de uso, produção e consumo humano, sem esgotar os recursos
naturais, preservando-os para as gerações futuras.
2.1.4.2 Materiais, técnicas e métodos utilizados na construção sustentável
Araújo (2006), diz que a escolha de materiais na construção sustentável
deveria, em principio, obedecer a critérios de preservação, recuperação e
responsabilidade ambiental. Isso significa que, ao se iniciar uma construção, é
importante observar os tipos de materiais que estão de acordo com o local (como
sua geografia, ecossistema, história, etc.) e que podem contribuir para conservar e
melhorar o (meio) ambiente onde será inserida. Materiais que guardam relação
direta com o estilo de vida do local e do usuário devem ser avaliados.
36
Deve-se lembrar que toda a construção sustentável é saudável. Esse tipo de
obra caracteriza-se pelo uso de materiais e tecnologias biocompatíveis. E que
produtos estariam fora dessa lista? Por exemplo, todos aqueles que emitem gases
voláteis (os COVs – compostos orgânicos voláteis), como tintas, solventes, resinas,
vernizes, colas, carpetes sintéticos e espumas. Em seu lugar, a solução mais
simples e de mercado é buscar sempre produtos à base de água ou 100% sólidos
(isto é, que em contato com o oxigênio não emitem gases nem odores).
O autor lembra que é importante evitar também materiais que
reconhecidamente estão envolvidos com graves problemas ambientais, e sobre os
quais hoje há um consenso entre todas as entidades serias que trabalham com
construção sustentável e bioconstrução no mundo, é o caso do PVC (policloreto de
vinil) e o alumínio. Outros produtos, consideráveis aceitáveis na ausência de outras
opções, devem ser usados de maneira bastante criteriosa principalmente no interior
de casas, como compensados e OSBs (colados com cola a base de formaldeído). O
mesmo vale para madeiras de reflorestamento tratadas por autoclave (sistema
CCA), as quais são imunizadas com um veneno a base de arsênico e cromo – este
tipo de madeira, em consenso entre a EPA (Agencia de Proteção Ambiental norte-
americana) e fabricantes nos Estados Unidos, está proibida naquele país desde
dezembro de 2003.
Os principais tipos de construção sustentável, segundo Araújo (2006), são:
Construções coordenadas por profissionais da área e com o uso de
ecomateriais e tecnologias sustentáveis modernos, fabricados em escala,
dentro das normas e padrões vigentes para o mercado.
Sistemas de autoconstrução (que incluem diversas linhas e diretrizes), que
podem ou não ser coordenados por profissionais (e por isso são
chamadas de autoconstrução). Incluem grande dose de criatividade,
vontade pessoal do proprietário e responsável pela obra e o uso de
soluções ecológicas pontuais (para cada caso).
Construídas com materiais sustentáveis industriais – Construções
edificadas com ecoprodutos fabricados industrialmente, adquiridos prontos
com tecnologia em escala, atendendo a normas, legislação e demanda do
mercado.
37
Construídas com resíduos não-reprocessados (Earthship) - Reuso de
materiais de origem urbana, tais como garrafas PET, latas, cones de papel
acartonado, etc. Comum em áreas urbanas ou em locais com despejo
descontrolado de resíduos sólidos, principalmente onde a comunidade
deve improvisar soluções para prover a si mesma a habitação. É também
um modelo criativo de autoconstrução.
Construídos com materiais de reuso (demolição ou segunda mão) – Esse
tipo de construção incorpora produtos convencionais e prolonga sua vida
útil, e requer pesquisa de locais para compra de materiais. Esse sistema
construtivo emprega, em geral, materiais convencionais fora de mercado.
É um híbrido entre os métodos de autoconstrução e a construção de
materiais fabricados em escala, sendo que estes não são sustentáveis na
sua produção.
Construção alternativa – Utiliza materiais convencionais, encontrados no
mercado, conferindo-lhes funções diferentes das originais. É um dos
modelos principais no seio das comunidades carentes. Exemplo:
Aquecedor solar que utiliza peças de forro de PVC como painel para
aquecimento de água e caixa d’água comum como boiler. Sistema de
autoconstrução que se assemelha muito ao Earthship.
Construções naturais – Fazem uso de materiais naturais disponíveis no
local da obra ou adjacências (terra, madeira, bambu, etc.), utilizando
tecnologias sustentáveis de baixo custo e dispêndio energético. Exemplos:
tratamento de efluentes por plantas aquáticas, energia eólica por moinho
de vento, bombeamento de água por carneiro hidráulico, blocos de adobe
ou terra palha, design solar passivo. Método construtivo adequado
principalmente para áreas rurais ou quando se dispõe de áreas que
permitam boa integração com elemento vegetal, nas quais haja pouca
dependência das habitações vizinhas e dos fornecimentos (água, luz,
esgoto) pelo poder publico. Sistema que se insere nos princípios da
autoconstrução (caso da permacultura).
38
2.1.4.3 Técnicas e métodos para sustentabilidade energética e hídrica
Segundo Farret (1999), do abastecimento da energia mundial de uma forma
geral, 80 a 90% ainda está baseado nos combustíveis fósseis, cuja queima leva,
entre outros efeitos, à produção massiva de dióxido de carbono. Se as fontes
renováveis de energia tivessem realmente de substituir as energias fósseis e
nucleares nos níveis atuais de consumo, elas teriam de ser multiplicadas por um
fator de 40, pois, presentemente, respondem apenas por cerca de 2,5% da utilização
das fontes de energia mundiais. A necessidade dramática de expansão da utilização
dessas fontes também não é desejável.
Dentre estas fontes de energia renovável pode-se destacar a energia solar. O
sol é uma fonte perene, silenciosa, gratuita e não poluente de energia e é
responsável por todas as formas de vida no planeta. Seu uso pode ser direto ou
indireto. A energia solar indireta esta relacionada à energia eólica, à energia
hidráulica, à fotossíntese (como forma de energia) e à conversão microbiológica de
matérias orgânicas em combustíveis líquidos.
O uso da energia solar direta refere-se ao aquecimento de água e habitações
(doméstica ou comercial), resfriamento e condicionamento de ar, secagem de
produtos agrícolas, destilação (principalmente para a produção de sal ou salmoura
para a evaporação da água do mar) e a geração de energia elétrica.
O autor afirma que existem dois tipos principais de tecnologia para conversão
de energia em eletricidade a partir do sol. O primeiro deles está relacionado com a
transformação da luz solar diretamente em eletricidade, o que é feito por meio de
módulos fotovoltaicos constituídos de células. Tais células solares, geralmente em
forma de películas finas ou bolachas, ou dispositivos semicondutores capazes de
converter a energia solar incidente em corrente contínua, com rendimento entre algo
em torno de 3% e 25%, com eficiência dependente da intensidade do espectro de
iluminação, da temperatura, do projeto e do material da célula solar. A célula solar
comporta-se como se fosse uma bateria de baixa tensão (em torno de 0,5 V), cuja
carga é continuamente recompletada numa taxa proporcional à iluminação incidente.
A conexão série-paralelo de tais células permite o projeto de painéis solares com
altas correntes e tensões (da ordem de quilovats). A utilização do armazenamento
39
de energia e equipamentos de condicionamento da potencia gerada podem
constituir-se num sistema completo de abastecimento de energia elétrica. Esta
tecnologia é mais apropriada para aplicações de pequena escala.
Thomas (apud TOLMASQUIM, 2004), afirma que um sistema fotovoltaico
pode virtualmente ser dimensionado para suprir qualquer carga, apenas com a
ressalva de que cada aplicação pode apresentar requisitos específicos. Basta que
exista área suficiente para instalação dos coletores, radiação solar incidente e
dinheiro. Sistemas integrados à rede elétrica implicam operação síncrona com a
rede e baterias podem ser necessárias para armazenar energia em sistemas
autônomos. Um inversor pode ser necessário para a interconexão do sistema á rede
de distribuição ou para alimentar cargas em corrente alternada.
O segundo tipo de tecnologia, para Farret (1999), que se adequa mais para
aplicações de grande escala, utiliza a radiação solar e é a maior fonte de energia
renovável, principalmente para as regiões do “cinturão solar”.
Para Farret (1999), o maior atrativo dos painéis solares é a inexistência de
partes móveis, a lentidão da degradação das células solares seladas, a flexibilidade
na formação e associação dos módulos desde poucos Watts até MW e a extrema
simplicidade no uso e na manutenção. Dentre as fontes alternativas, a energia solar
salienta-se como uma fonte de consideráveis características, tais como: é autônoma,
não polui o ambiente, é uma fonte inesgotável e renovável e tem grande
confiabilidade.
A energia solar parece realmente ser a fonte de energia do futuro: leve, limpa,
silenciosa, sem quase nenhum desgaste, facilmente adaptável às estruturas das
construções, com grande mobilidade e baseada em matérias-primas encontradas
com grande abundancia na natureza. Contudo, até o presente, a tecnologia de sua
fabricação pode ser poluente, e os seus custos podem ser muito elevados, talvez por
não haver ainda produção em massa ou por não ter sido encontrada a melhor forma
de conversão de energia solar em elétrica.
Outra fonte de energia inesgotável e renovável é o vento. Salienta-se que o
potencial eólico brasileiro é avaliado em 63 milhões de MWh/ano, uma apreciável
quantidade de energia que não pode ser descartada.
Para Tolmasquim (2004), a energia eólica como fonte alternativa tem
mostrado sua importância no mercado energético mundial. Historicamente, a energia
40
eólica tem ajudado o homem em diversas atividades, já desde épocas remotas, com
a utilização de máquinas simples e rústicas para o bombeamento de água e
moagem de grãos. No final do século XIX e todo o século XX, a utilização dos ventos
para a geração de energia elétrica foi marcada por grandes desafios em pesquisa e
desenvolvimento. Vários países investiram em diversos protótipos de turbinas
eólicas para serem conectadas à rede para o fornecimento de energia.
Farret (1999) afirma que podem ser implantadas turbinas eólicas para
geração de energia elétrica, bombeamento de água, moagem de grãos, etc. Para
geração de eletricidade, a turbina deve ser instalada nos locais mais elevados ou de
máximo vento. Caso se deseje o bombeamento de água, a instalação deve ser feita,
evidentemente, onde haja disponibilidade de água.
A geração elétrica em grande escala requer a instalação de várias turbinas.
Para tal, o numero de unidades dependerá dos seguintes fatores:
capacidade total de cada unidade;
dimensão econômica da turbina (custo pela capacidade em Kw);
efeitos resultantes da interferência entre as turbinas.
Alem de ser uma forma renovável e não poluente de energia, a implantação
de turbinas eólicas não requer grande investimento financeiro, sendo, portanto, um
empreendimento atrativo, considerado, é claro, turbinas simples, sem muitos
acessórios e para uso em pequena escala.
Para a sustentabilidade hídrica, pode-se implantar uma mini-estação de
tratamento de água e esgoto, desenvolvida pelo Instituto para o Desenvolvimento
Ecológico (IDHEA), que são indicadas para quem deseja fazer o reuso da água
tratada no próprio ambiente construído, para funções como: descarga de vasos
sanitários, lavagem de pisos e automóveis, rega de hortas e jardins.
As mini-estações realizam tratamento de caráter biológico, associando etapas
anaeróbias (por ausência de ar) e aeróbias (presença de ar), através das quais
ocorre a descontaminação do efluente.
A carga orgânica contida na água é removida pela ação de microrganismos
eficientes (bactérias), eliminando patógenos que podem transmitir doenças e
contaminar o lençol freático. Essa ação permite que a água devolvida ao meio
ambiente saia com cor cristalina, sem turbidez ou odores, sem oferecer riscos a
saúde e ao meio ambiente, podendo ser reusada para funções não potáveis.
41
A mini-estação não reaproveita a água diretamente, mas a trata e a
disponibiliza para o reuso. Para que o reaproveitamento ocorra, é necessária a
adoção de alguns complementos – como cisternas, equipamentos para
bombeamento e sistemas para pós-tratamento de água (cloração, uso de raios UV,
dentre outros).
Outro modo é a captação da água da chuva. Segundo o permacultor
Alexander Van Parys Piergili, seja qual for o sistema que você está planejando,
grande ou pequeno, todo o sistema de captação de água da chuva é composto por 6
componentes básicos:
área de captação/telhado, a superfície onde a chuva cai;
calhas e tubulações, os canais de transporte entre a superfície de coleta e
o tanque de armazenamento;
telas/peneiras e sistemas de lavagem do telhado, o sistema que remove
contaminantes e poeira;
cisternas ou tanques de armazenamento, onde a chuva coletada é
armazenada;
tubulações, o sistema de entrega da água da chuva tratada até o ponto de
uso, seja por gravidade ou através de bombas;
filtro comum de carvão ativado, o elemento que faz o “polimento” da água
para beber.
a) Área de captação
A área de captação é a superfície onde a chuva que será coletada irá cair.
Para a utilização domestica, os telhados das edificações são as principais áreas de
captação que, em localidades rurais, podem incluir outros prédios como celeiros,
galpões, etc.
b) Calhas e tubulações
Estes são os componentes que recolhem a chuva da área de captação do
telhado e a transportam até o tanque de armazenamento. Formas, tamanhos e
materiais convencionais são facilmente encontrados, e adaptam-se perfeitamente ao
42
sistema. Assim como as superfícies de captação, é importante se assegurar de que
estes condutores sejam livres de chumbo ou qualquer outro tratamento que possa
contaminar a água.
c) Sistemas de lavagem do telhado
A lavagem do telhado, ou a eliminação da água nos primeiros minutos de
chuva, é uma questão particular quando a chuva coletada será usada para consumo
humano, pois esta eliminação das primeiras águas lava a maior parte da poeira e
outros contaminantes como fezes de aves que se acumulam no telhado e nas calhas
que se acumulam durante o período seco. Este sistema é muito simples e pode ser
construído no local com canos de PVC.
d) Tanques de armazenamento
Além do telhado, os tanques são o maior investimento em um sistema de
captação de água da chuva. Para maximizar a eficiência do sistema, devemos tomar
decisões a respeito do melhor posicionamento do tanque, da sua capacidade e da
seleção do melhor material. O design de um sistema com dois tanques oferece certa
flexibilidade. Na maioria dos casos, um tanque adicional representa um custo
adicional além do aumento da capacidade de armazenamento. Isto por que dois
tanques menores, digamos de seis mil litros cada um, são geralmente mais caros
que um único tanque de doze mil litros de capacidade. O principal beneficio de um
sistema multi-tanques é que o sistema continua operacional se um dos tanques tiver
que ser fechado para a manutenção. Independente do modelo de tanque escolhido,
inspeções regulares e manutenção apropriada são imperativos para assegurar a
confiabilidade, segurança e eficiência de operação do sistema. É essencial uma
fundação adequada para a colocação do tanque, pois este, cheio de água, é
extremamente pesado.
e) Tubulação de entrega
43
Para se jogar a água para as caixas de água em cima da casa, utiliza-se
bombas. O fluxo por gravidade somente funciona se o tanque estiver acima do nível
da torneira da cozinha. A tubulação utilizada é a encontrada no mercado.
f) Tratamento de água para beber
Na maioria dos casos a água pode ser filtrada por filtros de barro com velas
de carvão ativado. Exceções ocorrem quando detectamos altos índices de poluição
atmosférica, geralmente nos grandes centros urbanos.
2.1.4.4 Exemplo de construções sustentáveis
Segundo Corbella (2003), um exemplo é o Palácio Gustavo Capanema,
também conhecido como Edifício do MEC (pois foi construído para sediar o
Ministério da Educação e Cultura), está situado no centro do Rio de Janeiro, na
esplanada do Castelo, a menos de 500 metros da Baía de Guanabara. Seu projeto
foi terminado em 1936 por Lucio Costa e sua equipe. É um dos primeiros exemplos
de utilização de proteção solar e interação com o clima em projetos do período do
“Modernismo Brasileiro”.
O Museu de Arte Moderna (MAM) – no Rio de Janeiro é outro bom exemplo
citado pelo autor. É um edifício projetado para ser um centro de atividades artísticas.
O projeto arquitetônico adquire uma maior dimensão devido a localização
privilegiada, no coração da cidade do Rio de Janeiro. O MAM localiza-se no aterro
da Praia de Santa Luzia, que hoje integra o Aterro do Flamengo. A construção
ergue-se na extensa faixa que vai do aeroporto Santos Dumont à Praia do Botafogo,
com vista para a Baía de Guanabara e emoldurados pelos jardins criados por Burle
Marx. O prédio é um exemplo de bom projeto de iluminação natural, de proteção da
radiação solar direta, minimizando a carga solar, e de integração com a paisagem.
O último exemplo neste trabalho é o do Hospital do Aparelho Locomotor, da
rede de Hospitais Sarah Kubitschek, em Salvador, Bahia, é um exemplo de adoção
das técnicas bioclimáticas bem realizadas. A proteção da radiação solar, o
44
aproveitamento das brisas, a inércia térmica e umidificação, e o uso de luz natural
para a produção de conforto, dominam o espaço arquitetônico. Isto não conflita com
sua integração à paisagem e à topografia do lugar, além das chamadas ao contexto
histórico baiano. É, também, um exemplo da utilização da tecnologia da construção
industrializada no Brasil, no qual se recolheu toda a experiência acumulada a partir
do primeiro Hospital da Rede, construído 14 anos antes em Brasília.
2.2 Avaliação de empreendimentos
Neste tópico, abordam-se assuntos para aplicação da idéia do projeto de
construir uma casa sustentável, bem como uma definição de custos e dos métodos
de cálculo utilizados para se saber da viabilidade do projeto.
2.2.1 Definição da idéia de projetos de um empreendimento
Segundo Kerzner (2006), para entender de gestão de projetos, em primeiro
lugar é preciso saber reconhecer o que é um projeto. Para o autor, trata-se de um
empreendimento com objetivo bem definido, que consome recursos e opera sobre
pressões de prazos, custos e qualidade. Assim, gestão de projetos pode ser definida
como o planejamento, a programação e o controle de uma série de tarefas
integradas de forma a atingir seus objetivos com êxito, para benefício dos
participantes do projeto.
Para Hirschfeld (1987), empreendimentos são atividades, lastreadas
geralmente em investimentos, objetivando benefícios satisfatórios em prazos
razoáveis. Para o autor, ao surgir à idéia de um empreendimento, ele deve ser
analisado sob todos os ângulos possíveis a fim de ser obtida certeza de que,
realmente, existe o interesse. Tal interesse é satisfeito, desde que:
45
O dinheiro necessário esteja disponível ou possa ser obtido por
financiamento a ser restituído com receitas provindas do próprio
empreendimento;
O prazo de retorno seja satisfatório;
A taxa de retorno e o valor correspondente em dinheiro sejam
satisfatórios.
Se tais condições existirem, o empreendimento deve ser realizado.
Esta decisão pode estar lastreada, simplesmente, no bom-senso, desde que
não haja necessidade de dar-se satisfação à pessoa alguma e desde que exista
dinheiro disponível. Se o resultado obtido for satisfatório, ótimo; se for um fracasso,
paciência.
O autor ainda diz que, hoje em dia, em virtude do alto valor dos investimentos,
além da eventual necessidade de financiamentos, um empreendimento é examinado
antes da decisão de realizá-lo, numa análise de verificação da viabilidade do
empreendimento. O objetivo é verificar as condições positivas que sugerem
aprovação da decisão de realizá-lo.
São preocupações deste tipo que se tomam para haver dedicação mais
tranqüila ao empreendimento selecionado.
Ele completa dizendo que, além do projeto, é sempre útil um pouco de sorte.
2.2.2 Avaliação de mercado
Para poder avaliar corretamente o mercado do seu produto/serviço, é
necessária a realização de uma pesquisa de mercado. Para Livingstone (1989),
pesquisa de mercado é o estudo de uma situação de mercado por meio do qual se
ultrapassa a informação simples que chega à empresa rotineiramente, talvez,
através dos relatórios dos vendedores. A pesquisa pode ser muito informal, por
exemplo, poderá ser feita por um executivo ou por um vendedor que se afasta do
seu caminho, para conversar com alguns conhecidos; ou pode ser altamente formal
e estruturada, envolvendo entrevistas múltiplas, processamento das informações
46
existentes ou adquiridas e assim por diante. A maioria dos casos situa-se entre
esses dois extremos.
Segundo Cobra (1991), o planejamento mercadológico é um desenvolvimento
sistemático de ações programadas para atingir os objetivos da empresa, através do
processo de análise, avaliação e seleção das melhores oportunidades. O
planejamento não deve ser confundido com a previsão, embora ela seja uma parte
necessária e importante dos procedimentos a serem desenvolvidos.
Para Livingstone (1989), há duas situações bastante comuns em que o
investidor é tentado a aplicar erradamente as técnicas de pesquisa de mercado.
A primeira ocorre quando há possibilidade de inovação técnica ou do
desenvolvimento de um novo conceito de produto e propõe-se uma pesquisa para
determinar os efeitos exatos que, provavelmente, esta novidade provocará. O perigo
aqui é que, em tais casos, as técnicas de pesquisa de mercado podem dar uma
resposta irrelevante. Em geral, as pessoas que respondem a uma pesquisa de
mercado podem fornecer opiniões úteis sobre um produto que elas conhecem bem,
pelo menos na versão original. Não podem fazer comentários realistas sobre um
projeto de uma nova marca, se não tiverem oportunidade de experimentá-la. Isso
parece bom senso elementar, mas, ainda, aparecem as situações em que os
fabricantes se convencem a si mesmos que um produto superior será
inevitavelmente um sucesso comercial e reforçam esta opinião por uma pesquisa de
mercado superficial, quando o que se precisa mesmo é testar o mercado, estando o
produto já no estágio-piloto de produção. Por meio da pesquisa de mercado pode
ser possível descobrir o tamanho total da versão equivalente do produto agora
disponível. Mas é irrealismo partir daí para dizer com precisão quanto deste mercado
será conquistado pelo novo produto numa situação fortemente competitiva, com
base apenas no que as pessoas dizem que será esse hipotético futuro.
Mais pernicioso ainda é o uso de um projeto de pesquisa de mercado como
mecanismo de tomada de decisão durante as crises. Assim, a empresa poderá estar
em dificuldades, tendo de fazer escolhas desagradáveis. Deixa-se, então, os
problemas de lado por certo tempo, suspende-se a ação até que a pesquisa de
mercado tenha sido feita. A idéia que está por trás disso é que os resultados da
pesquisa determinarão a política de que a pesquisa de mercado pode ser usada
47
como um método para se escapar de decisões difíceis e não a de que é apenas um
instrumento de decisões racionais.
Pode-se resumir esses perigos sob o título: uso da pesquisa de mercado para
se fugir à responsabilidade, em vez de se procurar a informação necessária.
O executivo encarregado da tarefa de levar a cabo uma pesquisa de
mercado, ou usando os recursos da empresa ou procurando assistência externa,
deve estar certo de que o problema que ele está abordando é adequado e viável,
dentro do quadro de recursos disponíveis. Nessa situação, um erro caro seria
procurar padrões de precisão que simplesmente não compensam o custo, tendo em
vista os recursos da empresa e o uso que se pode fazer de dados muito precisos.
2.2.3 Avaliação de custos
Para Martins (1996), a primeira preocupação dos contadores, auditores e
fiscais era a de fazer da contabilidade de custos uma forma de resolver seus
problemas de mensuração monetária de estoques e do resultado, e não a de fazer
dela um instrumento de administração. Por isso, a contabilidade de custos deixou de
ter uma evolução mais acentuada por um longo tempo.
O autor completa que, devido ao crescimento das empresas, com o
conseqüente aumento da distância entre administrador e ativos e pessoas
administradas, a contabilidade de custos passou a ser encarada como uma eficiente
forma de auxílio no desempenho dessa nova missão, a gerencial.
Para Hansen (2003), tradicionalmente, a contabilidade de custos focou em
determinar o custo de estoque e dos bens produzidos. Os custos eram classificados
em categorias funcionais, e a determinação dos custos de manufatura consumia
muito esforço. Enquanto ainda é importante saber o custo de bens produzidos, o
contador de hoje precisa fornecer ainda mais informações. As empresas precisam
de informações apuradas de custos para integrar o desenvolvimento do produto,
produção, marketing e serviços pós-venda. Para muitas empresas, os métodos de
produção e os tipos de produto mudam rapidamente. A ênfase na qualidade,
produtividade, e meio ambiente exigem novas medidas de controle. O achatamento
48
de pirâmide hierárquica e a delegação de autoridade aos níveis mais baixos da
gestão requerem informações operacionalmente relevantes para apoiar tomada de
decisão ampla de todos os empregados. É desta forma que a contabilidade de
custos está evoluindo para gestão de custos.
A gestão de custos produz informações para usuários internos.
Especificamente, ela identifica, coleta, mensura, classifica e relata informações que
são úteis para os gestores, para o custeio (determinar quanto algo custa),
planejamento, controle, e tomadas de decisão.
O autor completa que, a gestão de custos requer uma compreensão profunda
da estrutura de custos de uma empresa. Os gestores precisam ser capazes de
determinar os custos a longo prazo e a curto prazo de atividades e processos, assim
como os custos de produtos, serviços e outros objetos de interesse (por exemplo, os
clientes). Os custos de atividades e processos não aparecem nas demonstrações
financeiras. Porém, conhecer esses custos é fundamental para as empresas que
estão se engajando em tarefas como a melhoria contínua, a administração da
qualidade total, a gestão ambiental, o realce da produtividade e a gestão estratégica.
2.2.4 Avaliação econômico-financeira
Nesta etapa, são apresentados alguns métodos de cálculo utilizados para a
elaboração dos resultados propostos do trabalho.
2.2.4.1 Vantagem Financeira
Segundo Puccini (2004), a vantagem financeira (VF) é definida pela diferença
monetária entre o custo total do investimento inicial, e as receitas anuais do
investimento, para um determinado número de anos (A).
49
Tabela 1 – Fórmula para cálculo do vantagem financeira
VF= RA*A – IIRA= Receita anual
A= Número de anosII= Investimento inicial
VF= Vantagem Financeira Fonte: Puccini (2004)
Segundo o autor, na determinação da vantagem financeira, não são
consideradas a taxa de juros do capital e a taxa de aumento da energia elétrica no
decorrer do projeto, o que não deixa de ser considerável imprecisão para longos
períodos de analise. A vantagem financeira é negativa no inicio do tempo, e com o
decorrer do tempo torna se positiva. Se a Vantagem financeira não for positiva, no
período analisado, significa que o sistema proposto é inviável economicamente.
A questão é se o tempo decorrido para a vantagem financeira torna-se
positiva é atraente para o usuário ou empreendedor.
Vantagem financeira nula representa o tempo de retorno do capital investido,
ou payback.
2.2.4.2 Tempo de retorno do capital investido (payback)
Segundo Jordan (1998), o período de payback é o tempo necessário para
recuperar nosso investimento inicial, ou “recuperarmos nossa isca” de volta.
Com base na regra do período de payback, um investimento é aceitável
quando seu período de payback calculado é inferior a algum número predeterminado
de anos.
Para Gitman (1997), o payback é geralmente usado como critério para a
avaliação de investimentos propostos. Ele completa dizendo que, no caso de uma
anuidade, o período de payback pode ser encontrado dividindo-se o investimento
inicial pela entrada de caixa anual. Para uma série mista, as entradas de caixa
anuais devem ser acumuladas até que o investimento inicial seja recuperado.
Na visão dos autores, embora este método seja muito usado, ele geralmente
é visto como uma técnica não-sofisticada de orçamento de capital, pois não
50
considera explicitamente o valor do dinheiro no tempo, através do desconto de fluxo
de caixa para se obter o valor presente.
Na visão dos autores, o payback é determinado pela seguinte fórmula:
Tabela 2 – Fórmula para cálculo do pay back
P= II/RAP= Payback
II= Investimento inicialRA= Receita anual
Fonte: Jordan (1998)
2.2.4.3 Valor presente líquido
Segundo Gitman (1997), por considerar explicitamente o valor do dinheiro no
tempo, o valor presente líquido (VPL) é considerado uma técnica sofisticada de
análise de orçamentos de capital. Esse tipo de técnica desconta os fluxos de caixa
da empresa a uma taxa específica.
O valor presente líquido é obtido subtraindo-se o investimento inicial (II) do
valor presente das entradas de caixa (FCt), descontadas a uma taxa igual ao custo
de capital da empresa (i).
Tabela 3 - Fórmula para cálculo do valor presente líquido
VPL= Valor presente das entradas de
caixa – investimento inicial
Fonte: Gitman (1997)
Para se encontrar o valor presente das entradas de caixa, segundo Hoji
(2004), basta utilizar a seguinte fórmula:
Tabela 4 - Fórmula para cálculo do valor presente
VP= VF/(1+i)t
VP= Valor presenteVF= Valor Futuroi= Taxa de Juros
t= Período de tempo Fonte: Hoji (2004)
O autor completa que o valor presente corresponde ao valor futuro
descontado à determinada taxa de juros.
51
Para Jordan (1998), a diferença entre o valor de mercado de um investimento
e seu custo é denominada valor presente líquido do investimento. Em outras
palavras, o valor presente líquido é uma medida de quanto valor é criado ou
adicionado hoje, realizando-se um investimento.
Gitman (1997) completa que, quando o VPL é usado para tomar decisão do
tipo “aceitar-rejeitar”, adota-se o seguinte critério. Se o VPL for maior que zero,
aceita-se o projeto; se o VPL for menor que zero, rejeita-se o projeto. Se o VPL for
maio que zero, a empresa obterá um retorno financeiro maior do que seu custo de
capital. Com isto, estaria aumentando o valor de mercado da empresa e,
conseqüentemente, a riqueza dos seus proprietários.
2.2.4.4 Índice de lucratividade
Para Hoji (2004), este método consiste em obter a relação entre os benefícios
líquidos de caixa gerados pelo projeto e o investimento inicial. Se o índice for um,
significa que os benefícios líquidos de caixa gerados pelo projeto zeram o
investimento inicial. Se o índice for maior que um, significa que, além de recuperar o
investimento inicial, o projeto gerará um ganho adicional. Se o índice for menor do
que um, o investimento inicial nunca será recuperado.
Tabela 5 - Fórmula para cálculo do índice de lucratividade
IL= RT/IIIL= Índice de lucratividade
RT= Receita totalII= Investimento inicial
Fonte: Hoji (2004)
2.2.4.5 Taxa interna de retorno
Segundo Hansen (2003), taxa interna de retorno (TIR) é a taxa de juros
resultante do empreendimento analisado. Ela é definida como a taxa de juros que
estabelece o valor presente dos fluxos de entrada de caixa de um projeto como igual
ao valor presente do custo do projeto. Em outras palavras, na visão de Hirschfeld
52
(1987), é a taxa de juros que estabelece o valor presente líquido de um projeto em
zero. Ela é a taxa mínima de retorno aceitável. Também é conhecida como a taxa de
desconto, a taxa de atratividade, e deve corresponder ao custo do capital. A
seguinte equação pode ser usada para determinar a TIR de um projeto:
Tabela 6 – Fórmula para cálculo da taxa TIR
I = ∑ FCt / (1 + i)t
t = 1... n Fonte: Hansen (2003)
O lado direito da equação é o valor presente dos fluxos de caixa futuros, e o
lado esquerdo é o investimento. I, FCt e t são conhecidos. Assim, a TIR (a taxa de
juros i, na equação) pode ser encontrada por tentativa e erro. Uma vez computada a
TIR para um projeto, ela é comparada com a taxa de retorno exigida da empresa. Se
a TIR for maior que a taxa exigida, o projeto é considerável aceitável; se a TIR for
igual à taxa de retorno exigida, a aceitação ou rejeição do projeto é igual; se a TIR
for menor do que a taxa exigida, o projeto é rejeitado.
Para Hoji (2004), a TIR é uma taxa de juros implícita numa série de
pagamentos e recebimentos, que tem a função de descontar um valor futuro ou
aplicar o fator de juros sobre o valor presente, conforme o caso, para “trazer” ou
“levar” cada valor do fluxo de caixa para uma data focal. A soma das saídas deve ser
igual à soma das entradas, em valor da data focal, para se anularem.
O autor completa que é importante salientar que a TIR não pode ser
confundida com a taxa mínima de atratividade, que é a taxa mínima que o valor
investido deverá proporcionar para que o investimento seja interessante.
Hansen completa que a taxa interna de retorno é a técnica de aplicação do
capital mais amplamente usada. Uma das razões de sua popularidade pode ser o
fato de que seja uma taxa de retorno, um conceito em que os gestores usam
confortavelmente. Uma outra possibilidade é que os gestores podem acreditar (na
maioria das vezes, erroneamente) que a TIR seja a taxa de retorno composta real,
ou verdadeira, que o investimento está ganhando. Qualquer que seja a razão de sua
popularidade, um entendimento da TIR é necessário.
Estes são os métodos de cálculos que serão utilizados para calcular os
resultados do trabalho proposto, que serão apresentados no capítulo 4.
53
3 METODOLOGIA
3.1 Caracterização metodológica do estudo
Para oportunizar uma abordagem didática da metodologia empregada no
presente trabalho, nos próximos itens serão definidos e apresentados alguns tópicos
relativos à delimitação metodológica do trabalho.
A classificação da pesquisa baseia-se nas proposições de Silva e Menezes
(2000), que estabelecem quatro maneiras de classificação de uma pesquisa
científica: quanto aos objetivos, quanto à forma de abordagem, quanto à natureza e
quanto aos procedimentos adotados.
Quanto aos objetivos, esta pesquisa é de caráter exploratório, ou seja, é uma
pesquisa exploratória, devido ao caráter recente e pouco explorado do tema
escolhido. Pesquisa exploratória, segundo Malhotra (2001) é um tipo de pesquisa
que tem como principal objetivo o fornecimento de critérios sobre a situação
problema enfrentada pelo pesquisador e sua compreensão. O principal objetivo da
pesquisa exploratória é promover a compreensão do pesquisador, ou seja, procura
conhecer as características de um fenômeno para procurar, posteriormente,
explicações das causas e suas conseqüências.
Quanto á forma de abordagem, o presente trabalho representa uma pesquisa
qualitativa e quantitativa, pois é uma pesquisa que possui características de ambas
as abordagens.
Malhotra (2001) define que pesquisa qualitativa é uma metodologia de
pesquisa, exploratória, baseada em pequenas amostras, que proporciona insights e
compreensão do contexto do problema.
Já a pesquisa quantitativa, segundo Gil (1996), é aquela que tudo pode ser
quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para
classificá-los e analisá-los. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas.
Em relação à natureza da pesquisa, segundo Silva e Menezes (2000)
podemos considerar esta como uma pesquisa aplicada, pois esta tem como objetivo
54
gerar conhecimentos para a aplicação prática, dirigidos à solução de problemas
específicos.
Quanto aos procedimentos adotados, esta pesquisa pode ser caracterizada
como uma pesquisa bibliográfica, que seria elaborada a partir de material já
publicado constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e material
disponibilizado na Internet e um estudo de caso.
O estudo de caso, segundo Tachizawa & Mendes (1999), “é uma análise
específica da relação entre um caso real e hipóteses, modelos e teorias”. Segundo
Trivinõs (1987), um estudo de caso é uma categoria de pesquisa cujo objeto é uma
unidade que se analisa aprofundadamente.
3.2 Descrição detalhada do estudo
A descrição detalhada do estudo baseia-se nas proposições de Chizzotti
(1995), e será apresentada a seguir. A Tabela a seguir apresenta uma descrição
resumida dos passos metodológicos adotados.
55
Tabela 7 – Descrição detalhada do estudo
Classificação da pesquisa
Etapa do trabalho
Período de realização
Sub-etapas/Atividades Produtos
Pesquisa sobre desenvolvimento sustentável e responsabilidade socialPesquisa sobre sustentabilidade na construção civil, materiais e métodos
Revisão da literatura
De Abril até Junho de 2007
Pesquisa sobre custos
Fundamentação teórica do trabalho concluída
Pesquisa bibliográfica
Estratégia da pesquisa
De Abril até Junho de 2007
Definição de tema, problema e objetivos da pesquisa
Definidos o tema, problema e objetivos da pesquisa
Definir o projeto da casa a ser utilizada
Definida a casa a ser utilizada
Estudo de Caso
Concepção e elaboração
De Setembro até Outubro de 2007
Pesquisar eficiência das tecnologias sustentáveis utilizadas
Definidas a eficiência das tecnologias sustentáveis utilizadas
Definir o custo total da construção da casa
Definir custos de implantação das alternativas sustentáveis
Definido os custos de implantação das alternativas sustentáveis
Definir custos de manutenção da casa com o sistema convencional e com o sustentável
Definido o custo de manutenção de residências com alternativas sustentáveis e convencionais
Estudo de Caso
Aplicação Outubro de 2007
Comparação entre a casa convencional e sustentável
Comparados os custos e as taxas entre a casa convencional e sustentável
Outubro de 2007
Conclusão e recomendações para trabalhos futuros
Análise Sistemática
Novembro de 2007
Elaboração da apresentação da banca
Elaboração da bancaEstudo de Caso
Redação e apresentação do trabalho
Dezembro de 2007
Apresentação Apresentação da banca
3.2.1 Pesquisa bibliográfica
Esta etapa divide-se basicamente em duas sub-etapas ou atividades,
apresentadas a seguir.
56
3.2.1.1 Fundamentação teórica
O início efetivo do trabalho deu-se através de uma pesquisa bibliográfica que
abrangeu diversos temas e diferentes níveis de aprofundamento de cada um deles.
Levando em conta a intenção de se utilizar o enfoque sistêmico como método de
abordagem adotado para a compreensão e discussão dos fenômenos aqui
pesquisados, é de suma importância o estabelecimento de uma seqüência lógica na
própria pesquisa bibliográfica.
Foram pesquisadas de forma contínua e seqüencial bibliografias nacionais e
internacionais sobre os temas desenvolvimento sustentável, sustentabilidade,
responsabilidade social empresarial, sustentabilidade na construção civil e avaliação
de empreendimentos.
A configuração escolhida pelo autor foi estabelecida de acordo com a
seguinte ordem: contextualização histórica e conceitos de desenvolvimento
sustentável, a importância da sustentabilidade no mundo atual, o contexto histórico e
o desenvolvimento da responsabilidade social, exemplos de materiais e alternativas
sustentáveis na prática da construção civil e a definição da idéia de projetos e de
custos.
Com base nisto foi possível à elaboração de uma planta de uma casa, com 75
m2, para ter-se a idéia dos gastos numa construção convencional, para depois
adicionar os gastos com as implantações de alternativas sustentáveis, a fim de
compará-las para descobrir-se o problema da pesquisa, que será abordado no
próximo tópico.
3.2.1.2 Identificação do tema, problema e objetivos da pesquisa
A idéia de trabalhar com este tema surgiu após a constatação de que a
construção civil cresce a cada ano em Balneário Camboriú e a questão ambiental é
constantemente afetada por esse crescimento. Além disso, há uma duvida constante
57
em relação à viabilidade da implantação das alternativas sustentáveis na construção
civil.
A partir daí foi definido o problema de pesquisa. A falta de informações para
os consumidores quanto às questões econômicas da aplicação de alternativas
sustentáveis trouxeram a seguinte pergunta à tona, que é o problema da pesquisa:
Qual o retorno financeiro da implantação de alternativas sustentáveis em
residências?
Depois de definidos o problema, foram definidos os objetivos da pesquisa
com o intuito de responder a questão levantada anteriormente.
3.2.2 Estudo de caso
Esta etapa divide-se basicamente em três sub-etapas ou atividades,
apresentadas a seguir.
3.2.2.1 Concepção e elaboração – Fase exploratória
A fase exploratória, que segundo Chizzotti (1995) consiste no momento em
que se especificam as questões ou pontos críticos, estabelecem-se os contatos
iniciais para entrada em campo e em que se localizam os informantes e as fontes de
dados necessárias para o estudo.
Nesta fase da pesquisa, foi definida a planta da casa a ser utilizada, e as
alternativas sustentáveis que serão implantadas na mesma para a futura
comparação.
A casa definida possui 75 m2, situada em Balneário Camboriú, no litoral
catarinense.
Para descobrir a eficiência das tecnologias sustentáveis que foram utilizadas
no trabalho, foi pesquisado da própria fornecedora do aerogerador eólico
implantado, a ENERSUD, onde consta a informação de que com ventos de 6 m/s, o
58
Notus 112 gera 35 Kwh/mês, o Notus 138 gera 60Kwh/mês, o Gerar 208 gera
120Kwh/mês, o Gerar 246 gera 180kwh/mês. O outro sistema é o Verne 550 que
gera 900kwh/mês, mas este não será apresentado no trabalho, pois seus custos e
sua potência são exagerados para uma casa de pequeno porte como é o caso deste
estudo de caso.
Na parte da coleta da água das chuvas, a eficiência do sistema foi calculada
através de uma fórmula do livro de José M. de Azevedo Netto (1961), onde Q=ciA. O
Q seria a vazão média anual de água captada pelo sistema, e a unidade de medida
seria metro cúbico por ano. Já o i seria a precipitação anual de chuvas na região
pesquisada, ou seja, o quanto chove em Balneário Camboriú em um ano. Como não
foi possível verificar o coeficiente da região de balneário, trabalhou-se com o
coeficiente da região mais próxima, Florianópolis. Este dado foi pesquisado no site
do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), onde fornece a precipitação
mensal de chuvas dos últimos doze meses. Com esses dados, foi calculado uma
média mensal de chuvas e multiplicada por doze, e depois dividido por mil, para se
chegar a média anual por metro. O A seria a área do telhado,e o c, o coeficiente de
escoamento superficial, que seria o coeficiente do telhado. O resultado deste cálculo
apresenta o resultado da quantidade de água da chuva coletada pelo sistema em
um ano.
3.2.2.2 Aplicação – Delimitação do estudo
A delimitação do estudo é a fase em que se procede à coleta de dados
propriamente dita, utilizando instrumentos e técnicas escolhidos de acordo com
características próprias do objeto estudado.
Nesta parte da pesquisa, foram definidos os custos totais da construção da
casa, os custos de implantação para as alternativas sustentáveis na residência, os
custos de manutenção da residência com e sem as alternativas sustentáveis, a fim
de compará-las ao fim do trabalho para que se possa concluir a pesquisa com êxito.
Os custos totais da construção da casa foram definidos através do CUB
(custo unitário básico), que é o valor estimado do custo por metro quadrado de uma
59
residência em Santa Catarina. Estes custos, elaborados pelo Sindicato da Indústria
da Construção Civil da Grande Florianópolis, são válidos para outubro de 2007.
Para calcular os custos de implantação das alternativas sustentáveis na
residência, na questão da energia elétrica, pesquisaram-se na Enersud os preços de
cada aerogerador que a empresa possui para se implantar na residência.
Na captação da água da chuva, pesquisou-se na loja Casas D’água o preço
de um orçamento feito pelo engenheiro Rogério Rossi Machado, que projetou todo o
esquema da captação da água da chuva, e determinou o preço da mão de obra para
realização da mesma.
Os custos de manutenção da residência sem as alternativas sustentáveis, foi
realizado da seguinte forma: primeiramente, escolheu-se uma residência onde
moram quatro pessoas, que seria o número ideal de pessoas para morarem na
residência do respectivo trabalho. Após, foi feita a média de consumo em energia
elétrica nos últimos 12 meses e o consumo de água desta residência nos últimos 6
meses. Com os resultados, multiplicou-se o valor mensal de kwh e de m3 pelo valor
de cada respectiva tarifa. Assim, calcula-se o valor médio mensal de gastos de uma
residência em uma casa convencional com água e energia elétrica.
Já para calcular a manutenção com as alternativas sustentáveis, calcula-se o
valor médio mensal gasto pela família e diminuiu-se do valor poupado mensalmente
com a utilização das alternativas sustentáveis em cada caso. Assim, obteve-se o
valor gasto mensal pela família com energia e água utilizando as alternativas
propostas.
Para realizar a comparação da casa com e sem alternativas sustentáveis,
elabora-se uma avaliação econômica do projeto, onde serão realizadas análises da
vantagem financeira, payback, valor presente líquido (VPL), índice de lucratividade
(IL) e a taxa interna de retorno (TIR) da implantação das alternativas sustentáveis.
Para calcular o aumento da tarifa de energia, utilizou-se a taxa média anual do IGPM
(Índice Geral de Preços no Mercado) nos últimos quatro anos, de 10%. Já a taxa de
juros utilizado para calcular o VPL, do TIR e do IL foi a Taxa SELIC atual, de
11,25%.
É importante ressaltar que este trabalho não considera os custos do terreno, e
que os resultados destes cálculos devem variar em função dos recursos naturais de
cada local.
60
3.2.2.3 Redação e apresentação do trabalho
Neste tópico, foram realizadas as etapas de conclusão do trabalho, e a
elaboração da apresentação para a banca.
61
4 RESULTADOS
Este capítulo divide-se em três etapas que serão apresentadas a seguir.
4.1 Custos de Implantação
Os custos de implantação é a soma de todos os custos de materiais e mão de
obra para a implantação de um determinado sistema.
Para se saber os custos de implantação de uma casa de 75 m2 em Balneário
Camboriú, pega-se o Custo Unitário Básico (CUB) do estado de Santa Catarina e
multiplicou-se pela área da casa, como pode ser visto no cálculo a seguir:
Tabela 8 – Valor de implantação de uma residência em SC
CUB Médio Residencial (R) em SC: R$ 831,98A= 75 m2
75 * 831,98= R$ 62398,50
Neste caso, o custo estimado da casa para sua construção é de sessenta e
dois mil trezentos e noventa e oito reais e cinqüenta centavos.
Já para a implantação dos sistemas sustentáveis, foram dois os sistemas
implantados na residência, um aerogerador eólico da ENERSUD, para diminuição de
gastos com a energia elétrica, e um sistema de captação da água da chuva, para o
reaproveitamento de água.
Este item subdivide-se em outros dois para que se possa dar uma melhor
abordagem a cada sistema pesquisado.
62
4.1.1 Aerogeradores Eólicos
Para a implantação de uma alternativa sustentável para energia elétrica,
foram pesquisados os preços de 4 aerogeradores eólicos modernos, todos da
ENERSUD, a fim de não se avaliar somente uma opção para o consumidor.
A primeira e segunda opção são da linha Notus. Ela foi desenvolvida para
suprir pequenas necessidades de energia, mas apesar das baixas potências,
também contam com um sofisticado sistema de controle de velocidade por controle
de passo, que garantem a máxima segurança e um baixo nível de ruído. Nesta linha,
têm-se duas opções de compra: o Notus 112, que com média de ventos de 6 m/s
poupa cerca de 35 Kwh/mês, e o Notus 138, que gera cerca de 60Kwh/mês. A
seguir, segue o orçamento de implantação de cada sistema enviado pela Fonte:
Tabela 9 – Custos de implantação dos aerogeradores da linha Notus
Fonte: Enersud (2007)
A terceira e quarta opção são da linha Gerar. Ela possui características únicas
que a colocam entre as mais competitivas turbinas eólicas do mercado:
Robustez mecânica;
Eficiência na geração de energia;
ITENS – Enersud QTD PREÇO UNIT TOTAL
Aerogerador Notus + controlador de carga.* 1 R$ 2.990,00 R$ 2.990,00
Kit Torre de 9 mt.* 1 R$ 750,00 R$ 750,00
Aerogerador Notus 112 + cont.carga R$ 2.990,00
TOTAL R$ 3.740,00
*Nesses itens produzidos pela ENERSUD podemos negociar
ITENS – Comércio Local – (Valores aproximados) QTD PREÇO UNIT TOTAL
Cabo Elétrico Trifásico pp 4mm, para Baterias +/- 40mt R$ 4,00 R$ 160,00
Tubo Galvanizado 1” ½” Din 2440 2 R$ 210,00 R$ 420,00
Tubo Preto 2” Din 2440 1 R$ 150,00 R$ 150,00
Bateria Estacionária 12v - 180ah - 2 R$ 750,00 R$ 1.500,00
Inversor dc – ac 12v - 500w – Onda Senoidal Modificada 1 R$ 500,00 R$ 500,00
Cabos de Aço e Acessórios para Torre 1 R$ 300,00 R$ 300,00
Frete 1 R$ 190,00 R$ 190,00
TOTAL R$ 3.240,00
Total Geral R$ 6.980,00
63
Baixo nível de ruído;
Sistema de segurança extremamente confiável.
Em locais de vento apropriado são capazes de sustentar uma residência de
consumo médio, excluindo o chuveiro elétrico e aparelhos de ar condicionado. Nesta
linha, têm-se duas opções de compra: o Gerar 208, que com média de ventos de 6
m/s poupa cerca de 120 Kwh/mês, e o Gerar 246, que gera cerca de 180Kwh/mês. A
seguir o orçamento para a implantação de cada aerogerador:
Tabela 10 – Custos de implantação dos aerogeradores da linha Gerar
ITENS – Enersud (Opção com 1 Gerar246) QTD PREÇO UNIT TOTALAerogerador 1000w – 48v + controlador de carga. 1 R$ 5.990,00 R$ 5.990,00
Kit Torre de 12 mt. 1 R$ 850,00 R$ 850,00
Aerogerador GERAR 208+Controlador de carga.= R$
TOTAL R$ 6.840,00
Nesses itens produzidos pela ENERSUD podemos
ITENS – Comércio Local – (Valores aproximados) QTD PREÇO UNIT TOTAL
Cabo Elétrico Trifásico pp 6mm, para baterias. +/- R$ 16,00 R$ 480,00
Tubo Galvanizado 2” ½” Din 2440 2 R$ 300,00 R$ 600,00
Tubo Preto 2” Din 2440 1 R$ 190,00 R$ 190,00
Bateria Estacionária 12v - 170ah 4 R$ 750,00 R$ 3.000,00
Inversor dc – ac 48v - 1000w – 1 R$ 1.200,00 R$ 1.200,00
Cabos de Aço e Acessórios para Torre 1 R$ 500,00 R$ 500,00
Transportadora e outros 1 R$ 500,00 R$ 500,00
Total sistema R$
Fonte: Enersud (2007)
No próximo item, explica-se a implantação do sistema de captação da água
da chuva e seu orçamento.
4.1.2 Captação da água da chuva
Para a implantação deste sistema na residência, o engenheiro Rogério Rossi
Machado elaborou o desenho explicando o sistema implantado, conforme a foto
apresentada no anexo A.
O orçamento do sistema vem logo a seguir:
64
Tabela 11 – Custos de implantação do sistema de captação de água da chuva
Um reservatório de 500 litros R$ 155,0010 metros de tubo de água com 50 mm R$ 73,50Uma bomba recalque de 0,5 CV (Cavalo Vapor) R$ 270,0015 metros de cano de meia polegada R$ 22,65Custos com mão de obra R$ 400,00TOTAL R$ 921,15
Fonte: Engenheiro responsável pelo projeto
Na próxima etapa, serão discutidos os custos de manutenção da casa sem e
com os sistemas propostos.
4.2 Custos de manutenção
Como primeiro passo para calcular os custos de manutenção, define-se uma
residência onde moram quatro pessoas, para se ter a idéia exata de quanto se gasta
de energia e água em uma casa com 4 habitantes.
O segundo passo é calcular a média gasta em kwh e m3 das respectivas
contas de luz e água. Para melhor explicação do cálculo, este tópico irá se dividir em
quatro.
4.2.1 Custos da casa convencional com energia elétrica
Para calcular-se a média de energia consumida por mês no último ano,
somam-se os valores dos 12 meses gastos com a energia e divide-se por 12. Neste
caso, os meses calculados foram de outubro de 2006 até outubro de 2007.
Apresenta-se o calculo a seguir com o resultado da média de Kwh gasta por mês
entre este período:
65
Tabela 12 – Gasto médio mensal em kwh
Média Mensal(MM)= m1+m2+m3+m4+m5+m6+m7+m8+m9+m10+m11+m1212
MM= 199+242+256+239+520+597+380+233+217+313+322+30012
MM= 318,17 Kwh/mês
O resultado apresentado foi de que uma residência com 4 pessoas gasta em
média trezentos e dezoito kilowatt hora por mês. Depois de calcular as médias de
consumo, calcula-se o valor gasto em reais do consumo médio, multiplicando-se o
valor de consumo médio pela respectiva tarifa. Para energia elétrica, a tarifa de
consumo até 150 kwh é de R$/Kwh 0,362733, e acima desse valor a tarifa sobe para
R$/Kwh 0,429767. Portanto, segue-se o cálculo para se saber o gasto mensal da
residência:
Tabela 13 – Gasto médio mensal de energia em valor monetário
150 * 0,362733=R$ 54,41318,17-150=168,17 kwh
168,17 * 0,429767=R$ 72,2754,41+72,27=R$ 126,68
O resultado apresentado foi de que uma residência com 4 pessoas gasta em
média cento e vinte e seis reais e sessenta e oito centavos por mês com energia.
4.2.2 Custos da casa convencional com água
Para calcular-se a média de água consumida, calcula-se da mesma forma do
cálculo da energia elétrica. Porém, como na conta de água não aparece o consumo
dos últimos 12 meses, e sim dos últimos 6 meses, calculou-se a média mensal
apenas pelos últimos seis meses de consumo. Neste caso, os meses calculados
foram entre março de 2007 até agosto de 2007. Apresenta-se o calculo a seguir com
o resultado da média de água gasta por mês entre este período:
66
Tabela 14 – Gasto médio mensal em m3
MM= 10+24+11+11+18+10
6
MM= 14 m3/mês
O consumo médio de uma residência de água com 4 habitantes é de quatorze
metros cúbicos por mês. Depois de calcular as médias de consumo, calcula-se o
valor gasto em reais do consumo médio, multiplicando-se o valor de consumo médio
pela respectiva tarifa. Para o cálculo da conta de água, a tarifa de gastos até 10 m3
por mês é de R$/ m3 1,7050, de 11 m3 até 25 m3 a taxa é de R$/ m3 2,9750, e acima
disso a taxa é de R$/ m3 4,0640. Seguem a seguir os cálculos:
Tabela 15 – Gasto médio mensal de água em valor monetário
10 * 1,7050=R$ 17,0514-10=4 m3
4 * 2,9750=R$ 11,9017,05+11,90=R$ 28,95
Os gastos médios com água em uma residência convencional com 4
habitantes são de vinte e oito reais e noventa e cinco centavos.
4.2.3 Custos da casa sustentável com energia elétrica
Para o cálculo da energia elétrica sustentável, calcula-se quanto cada
aerogerador eólico poupa por mês, para descobrir quanto se poupa com cada um
implantado.
A seguir calcula-se quanto se poupa por mês na implantação de cada tipo de
aerogerador, se a média de ventos no mês fosse de 6m/s:
67
Tabela 16 – Valor poupado de energia com alternativas propostas
Notus112: Poupa 35 kwh/mês. Gerar246: Poupa 180 kwh/mês318,17kwh – 35kwh =283,17kwh 318,17kwh -180kwh = 138,17kwh35kwh * R$ 0,429767= R$15,04 150 kwh -138,17 kwh = 11,83kwh
11,83 kwh * R$ 0,362733=R$ 4,29Notus138: Poupa 60 kwh/mês. 180 kwh -11,83 kwh = 168,17 Kwh
318,17kwh – 60kwh = 258,17 kwh 168,17 kwh * R$ 0,429767= R$72,2760 kwh * R$ 0,429767= R$25,78 R$ 4,29+ R$ 72,27= R$ 76,56
Gerar208: Poupa 120 kwh/mês318,17kwh -120kwh = 198,17 kwh120kwh * R$ 0,429767= R$51,57
Para os cálculos dos primeiros três aerogeradores, utilizou-se apenas a tarifa
2, que é a mais alta. No cálculo do Gerar 246, utilizam-se as duas tarifas, pois
11,83kwh são cobrados da tarifa mais baixa, pois o aerogerador começa a evitar o
gasto com a energia na casa quando esta completar 138,17kwh, estando ainda
abaixo dos 150kwh, onde ocorre o aumento da tarifa.
4.2.4 Custos da casa sustentável com o sistema de captação da água
Para o cálculo da captação da água da chuva, utilizou-se a fórmula já citada
na metodologia, para Q = ciA, onde Q seria a vazão média anual por metro cúbico, o
i é a precipitação de chuvas na região, o A é a área do telhado e o c é o coeficiente
de escoamento do telhado. Logo a seguir o cálculo:
Tabela 17 – Valor poupado de água em m3 com a alternativa proposta
I= 130 mm por mês > Para achar o valor anual, multiplica-
se por 12, e para se achar o valor em metros, divide-se por
1000.
A = 75 m2
C = 0,7Q = 0.7*1,56*75
Q = 81,9 m3
68
O sistema irá reaproveitar 81900 litros por ano. Sabendo-se que o gasto
médio em um ano é de 168.000 litros, conclui-se que, com o sistema, o consumo
diminui para cerca de 86.600 litros em um ano, e em valores monetários calcula-se a
seguir:
Tabela 18 – Valor poupado de água em valor monetário com a alternativa proposta
81,9/12 = 6,825 m3/mês4*2,9750 = R$ 11,90
2,825*1,7050 = R$ 4,8111,9+4,81= R$ 16,71 por mês, ou R$ 200,59 por ano
No próximo item faremos uma avaliação econômica do projeto.
4.3 Avaliação econômico-financeira do projeto
Os métodos tradicionais, já citados na metodologia, são considerados
suficientemente precisos e adequados ao projeto:
Vantagem Financeira – FV
Tempo de Retorno do Capital – payback
Valor Presente Líquido – VPL
Índice de Lucratividade – IL
Taxa Interna de Retorno – TIR
Este tópico será dividido em outros dois para melhor compreensão dos
resultados obtidos em cada sistema.
4.3.1 Sistema de energia elétrica
Este tópico será divido em 5 para a discussão de cada resultado de cada
cálculo proposto pelo trabalho.
69
4.3.1.1 Vantagem financeira
A seguir, apresentam-se os cálculos da vantagem financeira de cada
aerogerador analisado, em um período de 20 anos, pois este é o período de garantia
dado pela Enersud aos aerogeradores:
Tabela 19 – Valor da vantagem financeira em 20 anos nos aerogeradores
Notus 112 Notus 138 Gerar 208 Gerar 246II = R$ 6230 II = R$ 6980 II = R$ 12910 II = R$ 13310
RA = R$ 180,500 RA = R$ 309,43 RA = R$ 618,86 RA = R$ 918,77A = 20 anos A = 20 anos A = 20 anos A = 20 anos
VF = - R$ 2620,40 VF = - R$ 792,80 VF = - R$ 533,20 VF = R$ 5065,40
Com os resultados obtidos dos aerogeradores eólicos, observou-se que a
vantagem financeira no período de garantia dos aerogeradores dada pela empresa
fabricante, só apareceu em um caso. Foi no Gerar246, que apesar de ser a opção
de maior custo para sua implantação, foi a única que se pareceu viável para se obter
uma vantagem financeira em 20 anos. Sua vantagem financeira em 20 anos é de
cinco mil e sessenta e cinco reais e quarenta centavos, ou seja, tem uma boa
vantagem financeira.
Já para os outros aerogeradores, a vantagem financeira não existiria, pois
estes dariam prejuízo ao cliente. O Notus 112 acarretaria em um prejuízo de dois mil
seiscentos e vinte reais e quarenta centavos. O Notus 138 acarretaria em um
prejuízo menor que o anterior, de setecentos e noventa e dois reais e oitenta
centavos. Dos que apresentam resultados com prejuízo, o menor é o Gerar 208,
onde o prejuízo seria de quinhentos e trinta e três reais e vinte centavos.
Mas, devemos ressaltar que este retorno ou prejuízo aconteceria apenas se a
média de ventos na região implantada fosse de 6m/s, podendo ser maior ou menor
dependendo da ocorrência dos ventos na região. Outro ponto de importante ressalva
é de que este cálculo não considera explicitamente o valor do dinheiro no tempo.
70
4.3.1.2 Tempo de retorno do capital
A seguir segue os cálculos do pay back para cada uma das alternativas
propostas no trabalho:
Tabela 20 - Valor do pay back em 20 anos nos aerogeradores
Para a implantação dos aerogeradores, o pay back mais rápido das
alternativas pesquisadas foi do Gerar 246, que devolveria todo o dinheiro investido
em 14,51 anos. Sabendo-se que sua garantia é de vinte anos, esta opção
novamente se apresenta como a única viável, visto que seu período de retorno é
menor do que a garantia prevista.
As outras alternativas se mostraram novamente inviáveis, visto que seu
período de retorno do dinheiro investido é maior que o período de garantia proposta
pela empresa fabricante. O Notus 118 teve o maior período de retorno, que é de
34,51 anos, ou seja, 34 anos e seis meses, o que demonstra ser uma opção
completamente inviável economicamente.
Já o Notus 138 e o Gerar 208 se mostraram inviáveis, levando-se em conta o
tempo de garantia, porém seu período de pay back não é tão elevado, e se o
aerogerador obtiver um período maior de uso que a garantia sem ter problemas,
estas opções tornar-se-iam viáveis. O tempo de retorno do capital do Notus 138 é de
22,56 anos, e o do Gerar 208 é de 20,86 anos.
Porém, é importante lembrar também que este cálculo, assim como a
vantagem financeira, não considera explicitamente o valor do dinheiro no tempo.
Notus112 Notus138 Gerar208 Gerar246II=R$ 6230 II=R$6980 II=R$ 12910 II=R$13310
RI=R$ 180,50 RI=R309,43 RI=R$ 618,86 RI=R$ 918,77P=34,51 anos P=22,56 anos P=20,86 anos P=14,48 anos
71
4.3.1.3 Valor presente líquido
Para o cálculo do valor presente líquido, primeiro utiliza-se um aumento da
tarifa de energia e água de 10% ao ano. Para o cálculo da tarifa de energia,
utilizaremos duas tabelas, pois tem-se duas tarifas de energia diferentes.
Apresentam-se os resultados a seguir:
Tabela 21- Tarifa de Energia
Ano Tarifa 1 Tarifa 2
1 0,362733 0,429767
2 0,399006 0,472744
3 0,438906 0,520018
4 0,482796 0,572019
5 0,531075 0,629221
6 0,584182 0,692143
7 0,642600 0,761357
8 0,706860 0,837493
9 0,777546 0,921242
10 0,855300 1,013366
11 0,940830 1,114703
12 1,035660 1,226173
13 1,139226 1,348790
14 1,253148 1,483669
15 1,378462 1,632036
16 1,516308 1,795239
17 1,667938 1,974763
18 1,834731 2,172239
19 2,018204 2,389463
20 2,220024 2,628409
Depois do cálculo do valor da tarifa, calcula-se o valor da renda de cada ano,
que é o valor futuro, multiplicando-se o valor de cada tarifa. O Gerar 246 será
calculado pelas duas tarifas, sendo 11,83kwh cobrados da tarifa 1, e os outros
168,17kwh pela tarifa 2. Para se saber o valor anual, deve-se multiplicar por 12 a
quantidade de kwh, e depois multiplicar o resultado pelo valor da tarifa. O valor
futuro total da receita com o Gerar 246 em cada ano é a soma dos resultados das
tarifas. A tabela a seguir apresentará os resultados:
72
Tabela 22 – Valor futuro das receitas anuais dos aerogeradores em 20 anos
Ano Notus 112 Notus 138 Gerar 208 Gerar 246
1 180,50 309,43 618,86 918,77
2 198,55 340,37 680,75 1010,65
3 218,40 374,41 748,82 1111,71
4 240,24 411,85 823,70 1222,88
5 264,27 453,03 906,07 1345,18
6 290,70 498,34 996,68 1479,70
7 319,76 548,17 1096,35 1627,66
8 351,74 602,99 1205,98 1790,43
9 386,92 663,29 1326,58 1969,48
10 425,61 729,62 1459,24 2166,42
11 468,17 802,58 1605,17 2383,07
12 514,99 882,84 1765,68 2621,48
13 566,49 971,12 1942,25 2883,63
14 623,14 1068,24 2136,48 3171,99
15 685,45 1175,06 2350,13 3489,19
16 754 1292,57 2585,14 3838,11
17 829,40 1421,82 2843,65 4221,93
18 912,34 1564,01 3128,02 4644,11
19 1003,57 1720,41 3440,82 5108,53
20 1103,93 1892,45 3784,90 5619,38
Depois de descobrir o valor futuro em cada ano, deve-se calcular o valor
presente em cada ano pela seguinte fórmula:
VP= VF/(1 + i)n
VP= Valor presenteVF= Valor futuroI= Taxa de juros
n= Ano
A taxa de juros usada para o cálculo será a taxa SELIC, que hoje está em
11,25% ao ano. A seguir uma tabela com os resultados do valor presente em cada
ano:
73
Tabela 23 – Valor presente das receitas anuais dos aerogeradores em 20 anos
Ano Notus 112 Notus 138 Gerar 208 Gerar 246
1 162,24 278,13 556,27 825,862 160,42 275,01 550,03 816,583 158,61 271,92 543,84 807,404 156,83 268,86 537,73 798,335 155,07 265,84 531,69 789,366 153,33 262,86 525,72 780,507 151,60 259,90 519,81 771,728 149,90 256,98 513,97 763,059 148,22 254,09 508,19 754,4810 146,55 251,24 502,48 746,0011 144,91 248,42 496,84 737,6212 143,28 245,63 491,26 729,3613 141,67 242,86 485,74 721,1714 140,08 240,14 480,28 713,0615 138,50 237,44 474,88 705,0516 136,95 234,77 469,55 697,1317 135,41 232,13 464,27 689,3018 133,89 229,52 459,05 681,5519 132,38 226,95 453,90 673,9020 130,90 224,40 448,80 666,32
TOTAL 2920,84 5007,18 10014,39 14867,85
Depois de realizar o cálculo do valor presente em cada ano, calcula-se o valor
presente líquido (VPL), que é a soma das entradas e saídas de um fluxo de caixa na
data inicial. Portanto, para saber o VPL, neste caso, basta diminuir o valor total das
entradas de caixa nos 20 anos e diminuir dos custos de implantação. A seguir
apresentam-se os resultados do VPL nos 20 anos:
Tabela 24 – Valor presente líquido dos aerogeradores em 20 anos
Notus 112 R$ Notus 138 R$ Gerar 208 R$ Gerar 246 R$
-3309,16 -1972,82 -2985,61 1557,85
Para a implantação dos aerogeradores, observou-se que o valor presente
líquido foi satisfatório apenas no Gerar 246, pois foi o único que se mostrou viável,
levando-se em conta uma taxa de aumento da tarifa de energia elétrica de 10% ao
ano e uma taxa de juros sendo a taxa SELIC, que no momento esta em 11,25%. O
único valor positivo do VPL, dos aerogeradores pesquisados,no Gerar 246, em 20
anos, foi de mil quinhentos e cinqüenta e sete reais e oitenta e cinco centavos.
74
O menor valor foi novamente do Notus 112, que é o de menor custo de
implantação, porém é o que deu o maior prejuízo. Seu valor presente líquido em 20
anos foi um prejuízo de três mil trezentos e nove reais e dezesseis centavos. O
Notus 138 e o Gerar 208 também se mostraram inviáveis financeiramente,
apresentando um prejuízo de mil novecentos e setenta e dois reais e oitenta e dois
centavos e de dois mil novecentos e oitenta e cinco reais e sessenta e um centavos
respectivamente.
Lembre-se que o cálculo do valor presente líquido é mais preciso do que os
cálculos vistos anteriormente, pois este leva em conta o aumento anual da tarifa e a
taxa de juros referente ao ano atual.
4.3.1.4 Índice de lucratividade
Para o calculo do índice de lucratividade, basta utilizar a fórmula já citada na
metodologia. A seguir os resultados:
Tabela 25 – Índice de lucratividade nos aerogeradores em 20 anos
Notus 112 Notus 138 Gerar 208 Gerar 246
IL= 0,4688 IL= 0,7173 IL= 0,7757 IL= 1,1170
Este índice foi calculado para se saber da lucratividade nos 20 anos de uso
dos sistemas propostos. Lembre-se de que se o índice for maior que um, o
consumidor possui lucro, se for um, ele recebe o dinheiro que foi investido, e se for
menor que um, terá prejuízo.
Novamente o único índice de lucratividade que deu positivo foi o do Gerar
246, que obteve um índice maior que um, de 1,117, obtendo lucro após vinte anos
de implantação do sistema.
Os índices de lucratividade dos outros aerogeradores foram baixos, sendo
todos eles com o índice abaixo de um, ou seja, acarretaram prejuízo para o
investidor. O índice do Notus 112 foi novamente baixíssimo, de 0,4688. O Notus 138
e o Gerar 208 apresentaram um índice de lucratividade próximo, de 0,7173 e de
0,7757, respectivamente.
Pela a análise do índice de lucratividade, apenas o Gerar 246 é um bom
investimento.
75
4.3.1.5 Taxa Interna de Retorno
Segue a seguir a tabela do TIR, de cada alternativa pesquisada:
Tabela 26 – TIR em 20 anos nos aerogeradores
Notus 112 Notus 138 Gerar 208 Gerar 246
-7% -3% -2% 1%
Pela taxa interna de retorno, observa-se que se o mercado estiver nestas
condições pesquisadas no trabalho, as alternativas pesquisadas de aerogeradores
não resultam em um bom investimento.
Todas as TIR foram baixas, sendo a maior delas, a única positiva, do Gerar
246, de apenas 1% aproximadamente. Neste caso, como a TIR é muito baixa, nem
mesmo o Gerar 246 seria uma boa opção.
Os outros aerogeradores possuíram a TIR negativa, tornando-se inviáveis.
Todas tiveram um prejuízo constatado nos vinte anos de implantação, sendo que só
darão o retorno esperado se seu tempo de vida útil for maior que o tempo de sua
garantia.
4.3.2 Sistema de captação de água da chuva
Este tópico será divido em cinco para a discussão de cada resultado de cada
cálculo proposto pelo trabalho.
4.3.2.1 Vantagem financeira
A seguir, apresentam-se os cálculos da vantagem financeira do sistema de
captação de água da chuva analisado, em um período de 20 anos, pois este foi o
período calculado nos aerogeradores também:
76
Tabela 27 - Valor da vantagem financeira em 20 anos no sistema de água
II = R$921,15RA = R$ 200,59
A = 20 anosVF = R$3091,65
Na questão da implantação do sistema de captação da água das chuvas, a
vantagem financeira com a implantação deste sistema é grande. Em 20 anos de
implantação, o cliente teria um lucro de R$ 3091,65. Nota-se também que os custos
de implantação do sistema são baixos, e o sistema é simples e de fácil aplicação.
Porém deve-se lembrar que este cálculo não é muito preciso para um grande
período de tempo, pois não são consideradas a taxa de juros do capital e a taxa de
aumento da energia elétrica no decorrer do projeto.
4.3.2.2 Tempo de retorno do capital
A seguir segue os cálculos do pay back para cada uma das alternativas
propostas no trabalho:
Tabela 28 - Valor do pay back em 20 anos no sistema de água
II = R$921,15RI = R$200,59P = 4,59 anos
Para a implantação do sistema da captação de água da chuva, o tempo de
retorno estimado é de apenas 4,59 anos, ou seja, um pouco mais de 4 anos e 6
meses.
Com este resultado, o sistema demonstra ter um rápido retorno do dinheiro
investido. Além disso, os custos para a implantação são baixos, e sua vantagem
financeira é muito boa em vinte anos, demonstrando ser um ótimo investimento
econômico.
Porém, é importante lembrar também que este cálculo, assim como a
vantagem financeira, não considera explicitamente o valor do dinheiro no tempo.
77
4.3.2.3 Valor presente líquido
Para o cálculo do valor presente líquido, primeiro utiliza-se um aumento da
tarifa de água de 10% ao ano. Para o cálculo da tarifa, utilizaremos duas tabelas,
pois tem-se duas tarifas de água diferentes que serão utilizadas. A primeira tarifa é
do valor de 0 até 10 m3 de água, e a segunda tarifa é do valor de 10 até 25m3.
Apresentam-se os resultados a seguir:
Tabela 29 – Tarifa de água
Tarifa Tarifa
1 1,7050 2,9750
2 1,8755 3,2725
3 2,0630 3,5997
4 2,2693 3,9597
5 2,4962 4,3556
6 2,7458 4,7911
7 3,0204 5,2702
8 3,3224 5,7972
9 3,6546 6,3769
10 4,0201 7,0146
11 4,4221 7,7160
12 4,8643 8,4876
13 5,3507 9,3363
14 5,8858 10,2699
15 6,4744 11,2969
16 7,1218 12,4266
17 7,8339 13,6692
18 8,6173 15,0361
19 9,4790 16,5397
20 10,4269 18,1936
Depois do cálculo do valor da tarifa, calcula-se o valor da renda de cada ano,
que é o valor futuro, multiplicando-se o valor de cada tarifa. Para o cálculo do valor
futuro de água, como a média de uso na casa deu 14 m3 por mês, e sabe-se que o
valor poupado é de 6,825m3 por mês, cobrar-se-á 4 m3 da tarifa 2, e apenas 2,825
m3 da tarifa 1. Para se saber o valor anual, deve-se multiplicar por 12 a quantidade
de m3 de água, e depois multiplicar o resultado pelo valor da tarifa. O valor futuro
total da receita com a água em cada ano é a soma dos resultados das duas tarifas.
A tabela a seguir apresentará os resultados:
78
Tabela 30 - Valor futuro das receitas anuais sistema de água em 20 anos
Ano Valor Futuro
1 200,59
2 220,65
3 242,71
4 266,98
5 293,68
6 323,05
7 355,35
8 390,88
9 429,98
10 472,98
11 520,26
12 572,29
13 629,52
14 692,47
15 761,73
16 837,89
17 921,68
18 1013,85
19 1115,23
20 1221,54
Depois de descobrir o valor futuro em cada ano, deve-se calcular o valor
presente em cada ano pela seguinte fórmula:
VP= VF/(1 + i)n
VP= Valor presenteVF= Valor futuroi= Taxa de juros
N= Ano
A taxa de juros usada para o cálculo será a taxa SELIC, que hoje está em
11,25% ao ano. A seguir uma tabela com os resultados do valor presente em cada
ano:
79
Tabela 31 - Valor presente das receitas anuais do sistema de água em 20 anos
Ano Valor Presente
1 180,302 178,283 176,274 174,295 172,336 170,407 168,488 166,589 164,7210 162,8711 161,0312 159,2213 157,4314 155,6615 153,9216 152,1917 150,4818 148,7819 147,1120 144,84
TOTAL 3245,26
Depois de realizar o cálculo do valor presente em cada ano, calcula-se o valor
presente líquido (VPL), que é a soma das entradas e saídas de um fluxo de caixa na
data inicial. Portanto, para saber o VPL, neste caso, basta diminuir o valor total das
entradas de caixa nos 20 anos e diminuir dos custos de implantação. A seguir
apresentam-se os resultados do vpl nos 20 anos:
Tabela 32 – Valor presente líquido do sistema de água em 20 anos
Valor Presente Líquido (VPL) = R$ 2324,11
Na captação de água da chuva, o projeto se mostrou extremamente viável,
avaliado nas mesmas condições dos aerogeradores, ou seja, com 10% de aumento
da tarifa de água e 11,25% de juros ao ano. O valor presente líquido em 20 anos
seria de dois mil trezentos e vinte e quatro reais e onze centavos.
Quando analisa-se o VPL do sistema, ele mostra que certamente é um
investimento que possui poucos riscos, e que acarreta em uma boa receita ao final
de cada ano.
80
É importante lembrar também que este cálculo considera explicitamente o
valor do dinheiro no tempo, portanto, seu nível de confiabilidade é maior que o dos
cálculos anteriores.
4.3.2.4 Índice de lucratividade
A seguir mostra-se o resultado do índice de lucratividade do sistema proposto:
Tabela 33 – Índice de lucratividade do sistema de água em 20 anos
IL= 3,5230
Calculou-se este índice para se saber da lucratividade nos 20 anos de uso do
sistema proposto. E o sistema proposto mostrou-se bastante lucrativo.
O sistema de captação de água da chuva apresentou um índice de
lucratividade superior a um, ou seja, obteve lucro, com um incrível índice de
lucratividade de 3,5230.
Com base neste índice, qualquer consumidor deveria investir no projeto, pois
este se mostrou lucrativo e seu investimento inicial é de um valor baixo.
4.3.2.5 Taxa Interna de Retorno
Segue a seguir a tabela do cálculo do TIR, do sistema proposto pelo projeto:
Tabela 34 – TIR do sistema de água em 20 anos
TIR = 18%
Pela taxa interna de retorno, observa-se que se o mercado estiver nestas
condições pesquisadas no trabalho, esta alternativa pesquisada do sistema de
captação de água resultam em um ótimo investimento.
A TIR do sistema apresentou-se alta, sendo de 18% o seu retorno, sendo a
única alternativa realmente viável de todo o trabalho, analisando-se apenas o
resultado da TIR.
81
4.3.3 Análise
Aqui serão discutidos os resultados dos cálculos anteriores, para se concluir
futuramente o trabalho com êxito.
Este tópico será divido em outros dois para melhor compreensão dos
assuntos abordados.
4.3.3.1 Energia sustentável através dos sistemas propostos
Dos sistemas propostos para a sustentabilidade em uma residência, apenas
um se mostrou economicamente viável. Os outros três demonstraram custos muito
acima dos ganhos nos vinte anos de garantia dada pela empresa fabricante.
O Gerar apresentou uma vantagem financeira e um tempo de retorno
convincentes, de R$5.065,40 e 14,51 anos respectivamente. O Notus 118 mostrou-
se totalmente inviável economicamente, enquanto as outras duas opções se
mostraram inviáveis, porém com alguma chance de retorno, pois estes se possuírem
uma vida útil maior do que a garantia, podem render um lucro ao investidor.
Na avaliação dos cálculos financeiros realizados no trabalho, apenas o Gerar
246, novamente, foi o único a mostrar-se viável. Porém, como mostram seus
resultados do índice de lucratividade e da TIR, seu retorno é baixo financeiramente,
nas condições propostas pelo trabalho. Seu índice de lucratividade foi de apenas
1,1170 e sua TIR foi de apenas 1%, e seu risco no investimento é alto, ou seja,
qualquer imprevisto que ocorra com o aerogerador, seu pequeno lucro passa a ser
prejuízo.
Na avaliação financeira, os outros sistemas propostos se mostraram
completamente inviáveis, não sendo aconselhável sua implantação para quem
apenas quer ganhos financeiros.
Os pontos favoráveis da implantação destes sistemas são os ganhos
ambientais proporcionados pelo aerogeradores, e o ponto desfavorável são as
partes econômica e financeira.
82
4.3.3.2 Análise do sistema de captação de água da chuva
O sistema apresentado no trabalho para a sustentabilidade em água em uma
residência foi o sistema de captação de água da chuva. Este sistema se apresentou
bastante viável economicamente e financeiramente.
Economicamente, utilizaram-se os cálculos da vantagem financeira, que foi
calculada para vinte anos, e do tempo de retorno do capital investido, ou pay back. A
vantagem financeira foi de R$3091,65 e o pay back foi de apenas 4,59 anos. Com
estes resultados, o sistema apresentado pode ser considerado economicamente
viável.
Já para os cálculos financeiros, onde foram utilizados o VPL, o índice de
lucratividade e o TIR, o sistema novamente se mostrou bastante viável.
Seu VPL foi convincente, de R$2324,11, enquanto seu índice de lucratividade
foi altíssimo, de 3,5230 e sua TIR de 18%. Ou seja, o sistema apresentou resultados
satisfatórios em todos os índices pesquisados, seja ele econômico ou financeiro.
Com isso, este é o único sistema proposto do trabalho que não deixa dúvidas
quanto seu retorno econômico-financeiro e sua implantação se mostrou ser um
projeto extremamente viável, nas condições apresentadas pelo trabalho.
Os pontos favoráveis para sua implantação são muitos, entre eles os ganhos
ambientais, onde a economia de água irá proporcionar uma melhor qualidade de
vida para todos que a necessitam, e econômico-financeiros, que irá proporcionar
lucros ao investidor.
83
5 CONCLUSÃO
Com este trabalho, buscou-se apresentar novas ferramentas ao consumidor
para que este possa decidir se tem condições ou não de implantar alternativas
sustentáveis. Elas foram apresentadas através de cálculos de retorno de
investimento para se saber da viabilidade financeira e econômica de implantação de
alternativas sustentáveis em uma residência.
Os objetivos do trabalho foram cumpridos. O primeiro objetivo, Identificar os
custos de implantação e manutenção de tecnologias convencionais e sustentáveis,
foram realizados no capítulo 4, onde descobriu-se os custos da construção de uma
casa convencional sem as alternativas, e apresentou-se os custos de implantação
das alternativas sustentáveis nesta mesma residência de 75 m2. Seus custos de
manutenção foram apresentados logo a seguir no mesmo capítulo, onde mostra-se
os custos médios mensais de uma casa convencional com água e energia, e os
custos da casa com as alternativas sustentáveis, apresentando os dados
necessários para realizar a comparação entre as mesmas. O segundo objetivo foi
realizado a seguir, comparando os custos convencionais com os sustentáveis, para
se descobrir qual o ganho mensal com a utilização dos sistemas propostos. Os
pontos favoráveis da implantação foram apresentados logo a seguir no mesmo
capítulo, e para os aerogeradores são os ganhos ambientais, e o ponto desfavorável
são as partes econômica e financeira. Já para a implantação do sistema de captação
de chuva, só existem questões favoráveis para sua implantação, seja ela ambiental
ou econômico-financeira.
Com isso, o objetivo geral foi realizado, respondendo-se o problema da
pergunta: “É viável economicamente e financeiramente a adoção de alternativas
sustentáveis em residências para os consumidores?”. Para a implantação do
sistema de energia, dos quatro tipos propostos, apenas um, o aerogerador Gerar
246 se mostrou viável, porém, arriscado, pois seu retorno é baixo. Quanto à questão
da água, o sistema proposto se mostrou bastante viável economicamente e
financeiramente.
Como conclusão, pode-se apenas reforçar a idéia de que a gestão da energia
e de água deverá constituir para as pessoas e empresas, um campo de ação
84
prioritário porque, em curto prazo, a pressão ambiental sobre a sua produção e
sobre o seu consumo será crescente.
5.1 Recomendações para trabalhos futuros
Para trabalhos futuros, como os aerogeradores eólicos não se mostraram
viáveis, recomenda-se uma pesquisa sobre o uso de vários tipos de placas
fotovoltaicas em uma residência, para aquecimento de água e também para
fornecimento de energia elétrica, e assim comparar o resultado dos aerogeradores
com as placas fotovoltaicas, para se descobrir qual daria o maior retorno para seu
investidor.
Outro trabalho interessante seria um estudo de implantação destes
aerogeradores eólicos em edifícios, pois a viabilidade de implantação do mesmo
implica em outras variáveis do que em uma residência. Pode-se pesquisar também
em um edifício comercial e um residencial, pois ambos têm diferenças que devem
ser levadas em conta, portanto a pesquisa deve ser específica em um ou outro.
Para o sistema de água, pode-se elaborar um trabalho para descobrir a
viabilidade da implantação de um sistema de reaproveitamento de água, ou seja,
reaproveitar a água utilizada em uma residência. Pode-se elaborar o sistema para
reaproveitar a água do chuveiro, da privada, da pia do banheiro e da cozinha, etc.
85
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89
ANEXO A
90
ANEXO B
91