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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL RELAÇÕES DE INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS NO FEIJOEIRO Arthur Arrobas Martins Barroso Orientador: Prof. Dr. Pedro Luis da C. A. Alves Trabalho apresentado à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP, Câmpus de Jaboticabal, para graduação em AGRONOMIA Jaboticabal – SP 1° Semestre de 2011

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL

RELAÇÕES DE INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS NO FEIJOEIRO

Arthur Arrobas Martins Barroso

Orientador: Prof. Dr. Pedro Luis da C. A. Alves

Trabalho apresentado à Faculdade de Ciências

Agrárias e Veterinárias – UNESP, Câmpus de Jaboticabal, para graduação em AGRONOMIA

Jaboticabal – SP 1° Semestre de 2011

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Barroso, Arthur Arrobas Martins

B277r Relações de interferência de plantas daninhas no feijoeiro / Arthur

Arrobas Martins Barroso. – – Jaboticabal, 2001

v, 100 p.

Trabalho apresentado à Faculdade de Ciências Agrárias e

Veterinárias - UNESP, Câmpus de Jaboticabal para graduação em

Agronomia, 2011.

Orientador: Pedro Luis da Costa A. Alves

Banca examinadora: Leandro Borges Lemos, Robinson Antonio

Pitelli

Bibliografia

1. Plantas daninhas. 2. Competição. 3. Feijão. I. Título. II.

Jaboticabal-Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.

CDU 632.51:635.652

Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da

Informação – Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação – UNESP, Câmpus de

Jaboticabal.

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Aos meus pais Maria do Carmo e

Fernando e avós por terem me ensinado,

honestidade, simplicidade, educação e amor.

DEDICO

A minha namorada Júlia,

por estar presente em momentos difíceis

e ter compartilhado os bons

e a meu pai Paulo (in memória) pelos ensinamentos.

OFEREÇO

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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

- Ao amigo e orientador Prof. Dr. Pedro Luis da Costa Aguiar Alves, pelo apoio,

orientação, amizade e confiança todos esses anos e pelo exemplo de simplicidade,

trabalho e dedicação.

- Ao amigo Prof. Dr. Leandro Borges Lemos pela orientação sempre que necessária

e a ajuda sempre pronta.

- Ao Prof. Dr. Robinson Antonio Pitelli, pela disposição em fazer parte da banca

examinadora, pelas sugestões e correções neste trabalho.

- Ao amigo Prof. Dr. Carlos Amadeu Leite de Oliveira pelos conselhos e conversas

ao longo desses anos e ao Prof. Vitório Barato Neto pelo carinho e correção

ortográfica do trabalho de acordo com a nova norma gramatical.

- A minha irmã Amanda por sua confiança.

- Aos amigos de graduação Kaio, Luciano, Guilherme P., Guilherme B., Rogério,

Raphael, Silviane, Rodolfo, por sempre acreditarem em mim.

- Aos estagiários e funcionários do LAPDA, Mariluce, Nilton, José, Micheli, Paulo,

Jivago, Yuri, Cárita, Caio, Leonardo, Mariana, Juliano, Fernanda, Felipe, pois

com a ajuda de todos este trabalho se concretizou.

- A todos os funcionários do DBAA pelo carinho durante esses anos de convívio.

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SUMÁRIO

Página

1. CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS .............................................................. 1

2. CAPÍTULO 2 - INTERFERÊNCIA DE ESPÉCIES DE PLANTA DANINHA

E DUAS CULTIVARES DE FEIJOEIRO EM DUAS ÉPOCAS DE

SEMEADURA............................................................................................................................ 6

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 6

2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 8

2.1Interferência de Plantas Daninhas ........................................................................ 8

2.2 Espécies de plantas daninhas ............................................................................. 12

3. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................... 19

3.1 Instalação do experimento: preparo do solo, adubação e semeadura ................ 19

3.2 Delineamento experimental ............................................................................... 20

3.3 Dados climatológicos e Fitossanidade ............................................................... 20

3.4 Avaliações realizadas ........................................................................................ 21

3.5 Tratamento estatístico dos dados ....................................................................... 21

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 22

5. CONCLUSÕES....................................................................................................... 35

6. RESUMO ................................................................................................................ 36

7. SUMMARY ............................................................................................................ 37

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3. CAPÍTULO 3 - INFLUÊNCIA DO SISTEMA DE MANEJO DE SOLO NO

PERÍODO CRÍTICO DE INTERFERÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS NO

FEIJOEIRO, SAFRA DE PRIMAVERA ..........................................................................38

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 38

2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 41

2.1 Interferência de plantas daninhas ...................................................................... 41

2.2 Sistema de Semeadura Direta ............................................................................ 43

3. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................... 46

3.1 Instalação do experimento: preparo do solo, adubação e semeadura ................ 46

3.2 Delineamento experimental ............................................................................... 48

3.3 Dados climatológicos e Fitossanidade ............................................................... 49

3.4 Avaliações realizadas ........................................................................................ 50

3.5 Tratamento estatístico dos dados ....................................................................... 51

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 53

5. CONCLUSÕES....................................................................................................... 77

6. RESUMO ................................................................................................................ 78

7. SUMMARY ............................................................................................................ 79

4. LITERATURA CITADA ..................................................................................................80

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1. CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS

O feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) constitui o alimento proteico básico na

dieta diária do brasileiro. No Brasil, em 2010, foram cultivados 2,3 milhões de hectares,

produzindo 3,22 milhões de toneladas, o que leva o País a ser considerado o maior

produtor e consumidor mundial. As perspectivas para 2011 são de aumento na produção

devido à expectativa das safras desenvolverem-se sob condições meteorológicas dentro

da normalidade, elevando o rendimento médio para 869 kg ha-1, 14% superior com

relação ao ano anterior (IBGE, 2011).

De forma geral, a produção brasileira tem abastecido o mercado interno, com

exceção para os tipos de grão preto e branco. Em 2008, até o mês de agosto, a

importação de feijão-preto foi de 67 mil toneladas, principalmente da Argentina, China

e também Bolívia (AGRIANUAL, 2009).

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Segundo Yokoyama (2002), o feijão mais consumido é o tipo carioca, bastante

apreciado no Estado de São Paulo, seguido pelo preto, preferido no Rio de Janeiro,

Santa Catarina, parte do Rio Grande do Sul e na cidade de Brasília.

Essa leguminosa tem sido produzida em todos os Estados da Federação, sendo os

principais produtores o Paraná, Minas Gerais, Bahia, São Paulo e Goiás (PAULA

JUNIOR et al., 2007).

O feijoeiro, por ser uma planta fixadora de nitrogênio, de ciclo curto, que pode ser

cultivada, dependendo da região, em várias épocas do ano, vem fazendo com que o

produtor desperte para seu cultivo em rotação e/ou sucessão com outras espécies e em

grandes áreas, principalmente em sistemas de produção com uso de irrigação,

proporcionando alta produtividade de grãos e rentabilidade.

Existem, hoje, quatro épocas distintas de semeadura em função das condições

climáticas. No cultivo de primavera-verão (feijão das “águas”), a semeadura é feita no

início do período chuvoso (outubro-novembro), com colheita no verão (janeiro-

-fevereiro). O cultivo de verão-outono (feijão da “seca”) é realizado com semeadura em

fevereiro-março e colheita em maio-junho, época praticamente livre de chuvas. No

cultivo de outono-inverno (feijão de “inverno”), a semeadura é feita de abril a junho, e a

colheita, entre julho e outubro. No cultivo de inverno-primavera (feijão de

“primavera”), a semeadura é realizada em pleno inverno (julho e início de agosto), e a

colheita, em outubro-novembro.

Com o uso da irrigação, é possível obter produtividades elevadas na safra de

primavera. A grande desvantagem dessa época é a possibilidade de a maturação das

plantas coincidir com o início das chuvas. No entanto, em geral, economiza-se com a

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irrigação. Ainda nessa época, as perdas causadas pelo mofo-branco são geralmente

menores do que no outono-inverno (PAULA JUNIOR et al., 2007).

Ainda a maior vantagem desta é a colheita ser realizada em um período onde

existe falta expressiva do produto, entre os meses de setembro e novembro, quando se

colhe apenas 5,4% de todo o feijão produzido no Brasil, o que torna seu preço de venda

altamente compensador para o produtor (FERREIRA et al., 2002).

Nas regiões nordeste e norte do Estado de São Paulo, o feijão é cultivado

predominantemente na época de outono-inverno (safra de inverno), sendo os principais

produtores os municípios de São João da Boa Vista e Barretos, respectivamente

(CASER et al., 2008). Assim, o cultivo do feijoeiro, na época de inverno-primavera,

poderá tornar-se mais uma alternativa de exploração comercial de alta rentabilidade

para o produtor, nestas regiões, dentro de um esquema de sucessão de culturas em

sistemas de produção intensiva de grãos sob irrigação, sendo de suma importância o

conhecimento do desempenho agronômico e produtivo dessa espécie leguminosa nas

condições edafoclimáticas dessas regiões.

A cultura apresentou, nos últimos 20 anos, grande evolução tecnológica graças ao

desempenho da pesquisa, que trouxe ao produtor rural práticas compatíveis com os

vários sistemas de produção, destacando-se a obtenção de cultivares com elevado

potencial produtivo e adaptadas aos locais de cultivo.

Porém, mesmo assim, a produtividade média brasileira é de aproximadamente

882 kg ha-1, muito baixa, considerando a possibilidade de se obter média de 3.483 kg

ha-1 (STONE, 2008).

Esse fato ocorre porque há influência de vários fatores, dentre os quais a

interferência das plantas daninhas (TEIXEIRA et al., 2009). Sabe-se que, em média, 20

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a 30% do custo total de produção da cultura do feijoeiro se referem ao controle de

plantas daninhas (SILVA et al., 2000) e que estas podem causar reduções de 15 a 80%

na produtividade de grãos (SALGADO et al., 2007; KOZLOWSKI et al., 2002).

Esta redução ocorre pela interferência, ou seja, o conjunto de pressões ambientais

que recebe determinada cultura agrícola em decorrência da presença das plantas

infestantes no agroecossistema (RAMOS; PITELLI, 1994), que pode ser direta

(competindo pelos recursos do crescimento, alelopatia e parasitismo) e indireta

(hospedando pragas, doenças e nematoides, reduzindo a qualidade dos produtos

colhidos) (CARVALHO; VELINI, 2001).

Dentre os fatores condicionantes do grau de interferência, destacam-se as espécies

presentes, levando-se em conta o vigor, velocidade de crescimento inicial e densidade

das plantas daninhas (SILVA et al., 2000), a influência do ambiente (MALUF, 1999) e

a cultivar.

Com relação às espécies infestantes na cultura do feijão, o maior desafio

concentra-se no manejo de eudicotiledôneas, tais como caruru (Amaranthus viridis),

picão-preto (Bidens pilosa) e nabiça (Raphanus raphanistrum), seguido do manejo de

algumas espécies perenes, como a tiririca, Cyperus rotundus (DEUBER, 2007).

Outro fator condicionante do grau de interferência é o período de convivência

cultura – planta daninha. O período crítico de interferência das plantas daninhas com o

feijoeiro sofre influência das condições ambientais, com variações de local para local e

pode situar-se entre 15 e 57 dias após a emergência das plantas (KOZLOWSKI et al.,

2002; SALGADO et al., 2007).

Porém, a composição e as densidades populacionais das comunidades infestantes

são influenciadas pelos sistemas de produção (CORREIA et al., 2006). Assim, a prática

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da semeadura direta pode alterar a população de plantas daninhas, a dinâmica do banco

de sementes do solo, a eficiência de herbicidas aplicados (CRUTCHFIELD et al., 1986)

e, consequentemente, os períodos de interferência.

Com a literatura escassa, pouco se sabe sobre o comportamento das plantas

daninhas na safra de primavera do feijoeiro e o quanto a adoção de diferentes sistemas

de semeadura pode vir a mudar a interferência causada por elas na cultura.

Em virtude do relatado, o presente trabalho teve por objetivo avaliar os efeitos de

seis espécies de plantas daninhas (três monocotiledôneas e três eudicotiledôneas) sobre

o crescimento e a produtividade de duas cultivares de feijão, semeadas nas safras da

seca e de primavera, e o efeito da semeadura direta na safra de primavera sobre os

períodos críticos de interferência entre as plantas daninhas e o feijoeiro.

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2. CAPÍTULO 2 - INTERFERÊNCIA DE ESPÉCIES DE PLANTA DANINHA E

DUAS CULTIVARES DE FEIJOEIRO EM DUAS ÉPOCAS DE SEMEADURA

1. INTRODUÇÃO

O termo interferência refere-se ao conjunto de pressões ambientais que recebe

determinada cultura agrícola em decorrência da presença das plantas infestantes no

agroecossistema (RAMOS; PITELLI, 1994). A interferência pode ser direta

(competindo pelos recursos do crescimento, alelopatia e parasitismo) e indireta

(hospedando pragas, doenças e nematoides, reduzindo a qualidade dos produtos

colhidos) (CARVALHO; VELINI, 2001). No primeiro caso, a disponibilidade de

nutrientes assume grande importância no que se refere à perda de produção das culturas

agrícolas (BLACKSHAW et al., 2003). Procópio et al. (2004), verificaram que a

adubação nitrogenada favoreceu mais o crescimento das plantas daninhas não

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Leguminosas, do que a cultura do feijoeiro, justificando a necessidade de um manejo

adequado.

Dentre os fatores que influenciam o grau de interferência, destacam-se as espécies

presentes, levando-se em conta vigor, velocidade de crescimento inicial e densidade das

plantas daninhas (SILVA et al., 2000), a influência do ambiente (MALUF, 1999), a

cultivar e a arquitetura das plantas. Neste caso, devem-se levar em conta os limites

populacionais da cultura, para que não ocorra competição intraespecífica (SOUZA,

2002). Outro fator condicionante do grau de interferência é o período de convivência

cultura - planta daninha.

Com relação às espécies infestantes na cultura do feijão, o maior desafio

concentra-se no manejo de eudicotiledôneas, tais como caruru (Amaranthus viridis),

picão-preto (Bidens pilosa) e nabiça (Raphanus raphanistrum), seguido do manejo de

algumas espécies perenes, como a tiririca, Cyperus rotundus (DEUBER, 2007).

Em virtude do relatado, objetivou-se avaliar os efeitos de seis espécies de plantas

daninhas (três monocotiledôneas e três eudicotiledôneas) sobre o crescimento e a

produtividade das cultivares de feijoeiro ‘Rubi’ e ‘Carioca’, semeadas nas safras da

“seca” e de “primavera”. Buscou-se, desta forma, conhecer a interferência das plantas

daninhas em diferentes épocas do ano e em diferentes cultivares de feijoeiro, de modo a

contribuir para um manejo eficiente e acessível ao produtor.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1Interferência das Plantas Daninhas

Segundo Pitelli (1987), a competição é a principal interferência direta das plantas

daninhas nas culturas agrícolas e pode ocorrer por nutrientes minerais essenciais, luz,

água e/ou espaço. Na Ciência das Plantas Daninhas, a competição em si pode ser

definida como o recrutamento conjunto, por duas ou mais plantas, de recursos

essenciais ao seu crescimento e desenvolvimento, os quais são limitados no ecossistema

comum. Vários fatores relacionados à cultura e às plantas daninhas têm grande

influência na competição, como a época, as condições edáficas, climáticas e os tratos

culturais (VELINI, 1992).

Blanco (1973) caracteriza a competição entre plantas quando uma ou ambas

apresentam redução em seu crescimento, ou modificação em seu desenvolvimento,

quando comparadas com plantas vegetando isoladas. Por isso, é importante a

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determinação do período em que a competição ocorre, pois esta permite que o controle

seja realizado na época certa, possibilitando que o manejo da comunidade infestante

seja racional e ecológico, mantendo o equilíbrio biodinâmico do meio ambiente

(BLANCO et al., 1984).

Os primeiros resultados sobre a competição de plantas daninhas com plantas

cultivadas foram publicados em 1969 (BLANCO, 1981). Esses resultados, segundo o

autor, também foram os primeiros para a cultura do feijão. Entretanto, as causas

relacionadas às aptidões fisiológicas específicas de cada planta não foram praticamente

estudadas.

A competição determina prejuízos no crescimento, no desenvolvimento e,

consequentemente, na produtividade econômica das culturas agrícolas, ou seja, a

interferência de plantas daninhas acarreta redução nos rendimentos das culturas

agrícolas (PAULO et al., 2001; KARAM; CRUZ, 2004).

Nos ecossistemas agrícolas, as culturas e as plantas daninhas desenvolvem-se

juntas na mesma área, competindo, na maioria das vezes, pelos mesmos recursos: água,

luz e nutrientes. Para Silva et al. (2000), se a cultura se estabelece primeiro, em função

da espécie cultivada, do seu vigor, da velocidade de crescimento inicial e da densidade

de plantio, ela poderá cobrir rapidamente o solo, podendo impedir ou inibir o

crescimento das plantas daninhas.

Dentre os fatores de competição entre as plantas cultivadas e as plantas daninhas,

os nutrientes (principalmente nitrogênio, fósforo e potássio) apresentam-se de grande

importância no que se refere à perda de produção das culturas agrícolas

(BLACKSHAW et al., 2003). Algumas espécies de plantas daninhas apresentam maior

competitividade em relação às culturas, absorvendo mais nutrientes por unidade de

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biomassa radicular, atribuindo esse fato à seleção voltada à sobrevivência, sofrida pelas

plantas daninhas, afirmou Chapin (1980). Do ponto de vista de Di Tomaso (1995),

algumas espécies de plantas daninhas presentes em solos de boa fertilidade tornam-se

mais competitivas do que as culturas, devido à sua maior eficiência na absorção e

utilização desses nutrientes.

Sendo assim, são fatores que determinam a maior competitividade das plantas

daninhas sobre as culturas, seu porte e sua arquitetura, a maior velocidade de

germinação e estabelecimento da plântula, a maior velocidade do crescimento e a maior

extensão do sistema radicular; a menor suscetibilidade das espécies daninhas às

intempéries climáticas, como veranico e geadas, e a maior capacidade de produção e

liberação de substâncias químicas com propriedades alelopáticas (SILVA et al., 2000).

Analisando-se a cultura do feijão, constata-se que, em média, 20 a 30% de seu

custo total de produção referem-se ao controle de plantas daninhas (SILVA et al.,

2000). Por este motivo, estudos mais elaborados sobre a morfologia e a fisiologia desta

cultura e das principais espécies de plantas daninhas infestantes são fundamentais na

tentativa de se reduzir o uso de herbicidas e, consequentemente, os custos e o impacto

ambiental negativo provocado pelo seu emprego.

Por ser o feijoeiro cultivado nas diversas épocas do ano, sob diferentes sistemas

de cultivo (solteiro e consorciado) e nas mais variadas condições edafoclimáticas, ele

pode sofrer interferência de diversas espécies de plantas daninhas. Quando não

controladas adequadamente, as plantas daninhas, além de competirem por fatores

essenciais (água, luz e nutrientes), dificultam a operação de colheita e depreciam a

qualidade do produto, servindo, ainda, como hospedeiras intermediárias de insetos,

nematoides e agentes causadores de doenças (COBUCCI et al., 1999).

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Devido à ocorrência de temperaturas elevadas e chuvas na época das águas, a

interferência das plantas daninhas na cultura do feijoeiro assume especial importância,

pois o feijoeiro é planta do tipo C3, ciclo curto, sistema radicular pouco profundo, de

porte baixo e crescimento inicial muito lento (até 20 ou 30 dias após emergência). A

cultura também se apresenta muito sensível à competição exercida por outras espécies,

normalmente plantas C4 e de rápido crescimento (COBUCCI et al., 1996), tornando-se

obrigatório iniciar o controle mais precocemente no caso de gramíneas C4, bem como

de outras espécies como, a beldroega, caruru e tiririca, sendo estas alguns exemplos de

plantas daninhas altamente agressivas em cultivos de verão (COBUCCI et al., 1999).

Segundo Paes et al. (1999), a competição de plantas daninhas com a cultura do

feijoeiro reduziu a produtividade, nas cultivares “Ouro” e “Ouro Negro”, em 27 e 34%,

respectivamente. Esses resultados estão de acordo com Nieto et al. (1968) e Vieira

(1970), que verificaram redução na produtividade de grãos de feijão quando ocorreu

competição entre a cultura e as plantas daninhas pelos fatores de produção.

Lunkes (1997) relatou que as perdas na cultura do feijão devido à competição

com as plantas daninhas variam de 15 a 97%, em função da cultivar semeada, época de

semeadura, composição e densidade de plantas daninhas.

Cobucci et al. (1999) sugerem que, devido aos vários fatores que afetam a

competição entre as plantas daninhas e o feijoeiro, as perdas de rendimento da cultura

devido à interferência das plantas daninhas é bastante variável. Arevalo e Rozanski

(1991) e Blanco et al. (1969) relataram perdas entre 23% e 80%, no Brasil, e de 20% a

80% em nível mundial.

Blanco et al. (1969) observaram redução de 23% no rendimento do feijão da

“seca” (var. “Rosinha”) quando a cultura, durante todo o seu ciclo, permaneceu em

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competição com a comunidade de plantas daninhas. Quando a espécie infestante

dominante foi a Brachiaria plantaginea (92% do total de plantas daninhas), a ausência

de controle durante todo o ciclo da cultura provocou perdas no rendimento de grão que

variaram de 61 a 85%, dependendo da variedade (KRAMM et al., 1990). Os autores

também observaram que as variedades mais produtivas foram as que apresentaram

maiores reduções de rendimento quando em competição com as plantas daninhas.

Em seu experimento sobre a interferência das plantas daninhas no feijoeiro

“Carioca”, Salgado et al. (2007) verificaram que houve redução de 57% na

produtividade do feijoeiro quando se compara a obtida na ausência total das plantas

daninhas (2.515 kg ha-1), com a obtida na presença delas durante todo o ciclo (1.095 kg

ha-1). A redução de rendimento do feijoeiro em razão da interferência das plantas

daninhas também foi verificada em outros estudos (KRANZ et al., 1982; NEARY;

MAJEC, 1990; BLACKSHAW, 1991; MALIK et al., 1993; ZOLLINGER; KELLS,

1993).

O feijoeiro também pode reduzir o acúmulo da matéria seca das plantas daninhas.

No trabalho de Silva et al. (2006), o feijoeiro foi altamente competitivo e causou

redução de 50% na massa seca da B. brizantha, em relação à sua massa em

monocultivo. Evidência disso é que o feijão, principalmente após o florescimento, é

uma espécie muito eficiente em drenar seus fotoassimilados para a formação de suas

folhas (SANTOS et al., 2003).

2.2 Espécies de plantas daninhas

Conforme mencionado anteriormente, o grau de interferência entre plantas

cultivadas e plantas daninhas depende de diversos fatores, dentre os quais a composição

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específica da comunidade infestante (PITELLI et al., 2002). Como exemplo, as espécies

abaixo:

2.2.1 Nabiça (Raphanus raphanistrum)

A nabiça pertence ao gênero Raphanus da família Brassicaceae (Cruciferae). A R.

raphanistrum L. é uma planta anual, herbácea, geralmente ereta, de caule muito

ramificado, com altura entre 50 e 100 cm, que apresenta reprodução por sementes.

Originária da Europa meridional, apresenta ampla distribuição pelas regiões

temperadas e subtropicais do mundo. No Brasil, ocorre com intensidade na região Sul e

em menor escala na região Centro-Oeste e Sudeste. É uma espécie com grande

capacidade de competição. Pela grande quantidade de sementes viáveis que forma,

tende a infestar de modo intenso as culturas, especialmente de cereais de inverno.

Estudos indicam que a planta possui substâncias que podem inibir a germinação de

outras espécies (KISSMANN; GROTH, 1999; LORENZI, 2006).

A nabiça é uma invasora infestante de diversas culturas agrícolas, frequentemente

de inverno, com características morfológicas semelhantes ao nabo forrageiro

(LORENZI, 1991). Existe a hipótese de que a espécie R. sativus tenha sido originada a

partir de R. raphanistrum (YAMANE et al., 2005).

2.2.2 Capim-colchão (Digitaria spp.)

O gênero Digitaria pertence à família Poaceae (anteriormente Gramineae),

subfamília Panicoideae, tribo Paniceae (KISSMANN, 1997). Essas plantas são

altamente agressivas como infestantes, sendo relatadas como problema em 60 países,

infestando mais de 30 culturas de importância econômica. No Brasil, constituem

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problema sério em muitas culturas de primavera e verão. Essas espécies são

particularmente hábeis no processo de competição, causando danos em culturas anuais e

em viveiros. Também apresentam vantagens em relação às culturas em condição de

seca, além de apresentarem efeitos alelopáticos sobre várias plantas cultivadas

(KISSMANN, 1997).

2.2.3 Capim-pé-de-galinha (Eleusine indica)

Eleusine indica Gaertn é uma espécie daninha comum no Sul, Sudeste e Centro-

-Oeste do Brasil. Seu centro de origem, provavelmente, é a Ásia, sendo distribuída pelas

regiões tropicais, subtropicais e temperadas do mundo, com maior presença entre os

trópicos de câncer e capricórnio (KISSMANN; GROTH, 1992).

O capim-pé-de-galinha pertence à família Poaceae (anteriormente Gramineae), é

uma planta anual, reproduzida por sementes. É encontrada infestando diversas culturas,

tanto anuais como perenes, causando danos diretos ou indiretos como hospedeira de

fungos, vírus e nematoides que atacam plantas cultivadas.

Em condições de solo compactado, com baixa fertilidade e elevada acidez, o

capim-pé-de-galinha leva vantagem competitiva em relação às demais espécies. A taxa

de germinação das sementes é inferior a 10% quando colocadas sob temperaturas

constantes entre 20 e 35 ºC, enquanto se eleva para 99% em condições de flutuação

térmica. Essa espécie possui fotossíntese do tipo C4; a elevada luminosidade estimula o

crescimento e favorece o hábito de crescimento do tipo prostrado, ao passo que o

sombreamento origina indivíduos com hábito ereto e de baixo porte. As espécies do

gênero Eleusine produzem elevada quantidade de sementes, que são disseminadas pelo

vento (KISSMANN; GROTH, 1992).

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2.2.4 Caruru (Amaranthus viridis)

O caruru pertence à família Amaranthaceae, é uma planta daninha anual,

herbácea, e de ocorrência muito frequente em culturas anuais, ou seja, em locais onde o

revolvimento do solo é intenso em função do cultivo. Altamente competitiva com as

culturas que infesta, produz grande quantidade de sementes (LEITÃO FILHO, 1975;

LORENZI, 1991). O caruru é uma espécie bastante rústica, sendo adaptada aos mais

diversos ambientes, variando de solos muito ácidos com alto conteúdo de alumínio até

solos alcalinos e salinos, locais de temperaturas amenas a climas desérticos e tropicais

(NODA, 1997).

Nas áreas agrícolas, os carurus podem ser caracterizados como plantas de difícil

manejo, devido ao extenso período de germinação do banco de sementes, rápido

crescimento e desenvolvimento, elevada produção de sementes viáveis, longa

viabilidade de suas sementes no solo e dificuldade na identificação das diferentes

espécies no campo, sobretudo quando a aplicação dos herbicidas é mais necessária

(HORAK; LOUGHIN, 2000).

A competitividade das plantas daninhas do gênero Amaranthus está relacionada

com o ciclo C4 de assimilação de carbono, com a velocidade e época de germinação,

com a velocidade de crescimento das espécies e com o elevado número de indivíduos

por unidade de área (ANDERSON; NIELSEN, 1996; ITULYA et al., 1997;

KISSMANN; GROTH, 1999; AGUYOH; MASIUNAS, 2003). O caruru pode causar

interferência negativa no crescimento e desenvolvimento de plantas cultivadas, segundo

Aldrich (1987), Klingaman e Oliver (1994) e Knezevic et al. (1997). Essa interferência

pode variar em função da espécie presente, da densidade e do tempo de emergência em

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relação à cultura (KLINGAMAN; OLIVER, 1994; KNEZEVIC et al., 1997;

ROWLAND et al., 1999).

A espécie A. viridis apresenta rápido crescimento da estrutura radicular

(CARVALHO, 2006), e esta característica pode proporcionar vantagens competitivas

para a espécie, pois a formação de raízes contribui para a melhor exploração e

consequente captura dos recursos de crescimento fornecidos pelo meio (HORAK;

LOUGHIN, 2000; CARVALHO et al., 2005).

2.2.5 Picão-preto (Bidens pilosa)

O gênero Bidens pertence à família Asteraceae (Compositae) e é representado por

ervas anuais ou perenes, tal como B. pilosa, planta conhecida como picão-preto. Possui

longa produção de aquênios como uma das principais características de agressividade da

espécie, o que é um dos atributos que garantem sua sobrevivência em agroecossistemas.

A grande maioria das sementes apresenta dormência, o que proporciona condições para

a formação e sobrevivência de fartos bancos de sementes em áreas agrícolas, garantindo

a sobrevivência da planta em períodos adversos (VOLL et al., 1997).

É uma invasora bastante agressiva que, além de competir com a cultura, pode

servir de hospedeira de pragas e doenças, podendo provocar perdas significativas de

produtividade em culturas agrícolas. Suas maiores infestações ocorrem durante as

estações mais quentes, ou seja, primavera e verão (KISSMANN, 1997; KISSMANN;

GROTH, 1999). Dada sua ampla dispersão e colonização de diversos ambientes, B.

pilosa é considerada uma planta invasora (LORENZI, 1984).

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2.2.6 Tiririca (Cyperus rotundus)

A tiririca é uma das espécies vegetais mais disseminadas globalmente, sendo

encontrada em todos os países de clima tropical e subtropical, e em muitos de clima

temperado (KISSMANN, 1997). Tem sido considerada a principal infestante de culturas

agrícolas, sendo classificada por Holm et al. (1977) como uma das dez piores plantas

daninhas do mundo, devido à agressividade sobre as culturas agrícolas (MORALES-

PAYAN et al., 1997).

C. rotundus é uma planta daninha de ciclo fotossintético C4, o que possibilita

maior eficiência na absorção de CO2 atmosférico, favorecendo a sobrevivência e a

agressividade da planta (ELMORE; PAUL, 1983; WILLS, 1987).

Segundo Durigan et al. (2006), a tiririca é uma planta daninha de difícil

erradicação e, por consequência, as áreas agrícolas infestadas com esta espécie crescem

continuamente em curto espaço de tempo.

C. rotundus caracteriza-se por ser uma espécie monocotiledônea perene, de larga

amplitude ecológica, sendo favorecida pela alta intensidade luminosa e pelos elevados

teores de fósforo no solo (NEMOTO et al., 1995). Os tubérculos são os principais

órgãos de armazenamento de reservas dessa espécie (FISHER et al., 1998) e atuam

como importantes unidades de propagação vegetativa, podendo permanecer dormentes

no solo por longos períodos (MILES et al., 2002; JAKELAITIS et al., 2003), sendo

responsáveis pelo vigor e pelo número de manifestações epígeas nas áreas (SANTOS et

al., 1997).

Segundo Lorenzi (1983), sua agressividade é tamanha que, em condições

edafoclimáticas favoráveis, pode produzir até 3.000 tubérculos m-2 com mais de 2.000

manifestações epígeas m-2, as quais, quando capinadas, podem crescer de um a três

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18

centímetros por dia. Em condições similares de elevada temperatura e umidade, o

plantio de um único tubérculo é suficiente para formar outros 10 tubérculos em 60 dias

(MAGALHÃES, 1965).

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Instalação do experimento: Preparo do solo, adubação e semeadura

Foram conduzidos dois experimentos, no ano de 2008, ambos sob condições

semicontroladas, sem restrição de água, utilizando caixas de cimento-amianto com

capacidade para 50 L preenchidas com Latossolo Vermelho-Escuro e colocadas ao ar

livre, sem proteção. Este substrato apresentava pH: 6,8; MO: 37g dm-³ P-(res.): 169 mg

dm-³; K, Ca, Mg, H+Al, SB, T e V(%): 2,9; 87; 30; 20; 119,9; 139,9 mmolc dm-³ e 86%,

respectivamente; e teores de argila, silte, areia fina e areia grossa de: 480; 200; 140 e

180 g kg-1, respectivamente.

As cultivares estudadas foram “Rubi” e “Carioca”. A primeira tem alto potencial

produtivo (3.900 kg ha-1), grão do tipo Carioca, porte prostrado e massa de 1.000

sementes de 240 g (CARBONELL et al., 2003). A cv. “Carioca” possui massa média de

1.000 sementes de 200-250 g, porte prostrado, ciclo normal e resistência ao mosaico

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comum (EMBRAPA, 2009). Estas cultivares foram semeadas em duas épocas, em

março (“seca”) e agosto (“primavera”), depositando-se em linha, na porção mediana das

caixas, seis sementes de feijão, reproduzindo-se a densidade de semeadura no campo, a

qual possibilita maior produtividade, sendo esta de 240.000 plantas ha-1 (STONE,

2008).

Sementes de caruru-de-mancha (Amaranthus viridis - AMAVI), picão-preto

(Bidens pilosa – BIDPI), nabiça (Raphanus raphanistrum - RAPRA), capim-colchão

(Digitaria spp. – DIGSP) e pé-de-galinha (Eleusine indica - ELEIN) e tubérculos de

tiririca (Cyperus rotundus - CYPRO) foram depositados nas caixas, na mesma

proporção e pareados com as sementes de feijão, distanciados de 10 cm.

3.2 Delineamento experimental

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, com três

repetições e esquema fatorial 2x7, envolvendo as duas cultivares e sete tratamentos (seis

espécies de plantas daninhas mais uma testemunha sem convivência para cada cultivar).

3.3 Dados climatológicos e Fitossanidade

Encontram-se, na Tabela 1, as condições climáticas que ocorreram durante o

período dos experimentos. No decorrer do período experimental, em ambos os

experimentos, foram feitas aplicações preventivas de inseticidas e fungicidas visando ao

controle de mosca-branca (Bemisia tabaci), vaquinha-verde-amarela (Diabrotica

speciosa) e ferrugem (Uromyces appendiculatus).

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Tabela 1. Temperatura média, umidade relativa do ar e precipitação mensal, durante a

condução dos experimentos em 2008. Dados da Estação Meteorológica da

FCAV/UNESP. Jaboticabal, 2011.

3.4 Avaliações realizadas

Por ocasião da colheita do feijão, foram determinados o número médio de vagens

e a massa dos grãos por planta, estimando-se a produtividade de acordo com Fancelli

(2007), onde a produtividade estimada é resultado da população estimada, multiplicada

pelo número de vagens por planta, pelo número de grãos por vagem e pela massa de um

grão. As plantas daninhas foram avaliadas quanto à altura e à massa seca da parte aérea.

3.5 Tratamento estatístico dos dados

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância. Nos casos de

significância do teste F, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de

5% de probabilidade.

Para a verificação dos graus de similaridade dos tratamentos, foram realizadas

análises de agrupamentos hierárquicos, pelo método de ligação média e com base na

distância Euclidiana, em função de médias das análises do número de vagens por planta,

massa de 50 grãos, massa média das vagens, massa de grãos totais e produtividade

média por tratamento. Para as análises de agrupamentos, foi utilizado o programa

STATISTICA v. 6.0 (STATSOFT SOUTH AMERICA).

Mês Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Tméd.

(°C) 23,5 23,9 23,2 22,3 19,1 19,4 19,1 21,8 21,8 24,6 24,3 23,9

UR

(%) 83,7 81,9 79,1 82,3 74,7 74,3 57,7 58,4 59,6 68,3 71,4 77,0

Prec.

(mm) 325,0 302,7 108,4 131,4 73,1 11,3 0,0 24,2 15,1 60,5 81,8 278,9

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise de variância dos dados relativos à altura e à matéria seca de plantas

daninhas revelou efeito significativo de espécies de plantas daninhas sobre ambas as

características, mas não houve efeito da cultivar de feijoeiro. A interação entre os

fatores foi significativa apenas em relação à massa seca total na safra de primavera

(Tabelas 2 e 3).

Na safra da seca, o desenvolvimento das plantas daninhas, principalmente em

termos de matéria seca total, foi menor em relação ao da safra de primavera, com

exceção a B. pilosa. Na seca, as espécies que mais se desenvolveram foram caruru-de-

-mancha e nabiça, que acumularam as maiores biomassas no período (Tabela 2).

Na safra de primavera, apesar da interação significativa, as plantas de caruru

apresentaram maior massa seca total em ambas as cultivares. Nesta última época, as

cvs. diferiram quanto à massa seca total de caruru e pé-de-galinha, mas foram

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equivalentes quanto à massa seca total das demais espécies de plantas daninhas (Tabela

3).

Tabela 3. Valores médios de massa seca total do feijoeiro em convivência com

diferentes plantas daninhas na safra de primavera. Jaboticabal, 2011.

Médias seguidas por diferentes letras diferem significativamente, pelo teste de Tukey, a

5% de probabilidade. Letras maiúsculas comparam efeitos dos cultivares, e minúsculas,

as espécies de plantas daninhas.

A análise de variância das características do feijoeiro indicou que, na safra de

primavera, as espécies de plantas daninhas e as cultivares influenciaram

significativamente o número de vagens por planta, a massa de grãos por planta e a

produtividade, enquanto, na seca, não houve efeito de cultivares, e as espécies daninhas

influenciaram o número de vagens por planta e a produtividade. A interação apenas foi

significativa na safra de primavera, em relação à massa de grãos e à produtividade

(Tabelas 4 e 5).

Plantas Daninhas Massa Seca Total (g)

´Rubi´ ´Carioca´

Cyperus rotundus 2,09 A c 2,21 A b

Amaranthus viridis 47,94 A a 26,43 B a

Digitaria spp. 27,66 A b 23,56 A a

Raphanus raphanistrum 11,06 A bc 17,50 A ab

Eleusine indica 18,03 B bc 31,53 A a

Bidens pilosa 2,94 A c 2,10 A b

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Tabela 2. Valores médios de altura e massa seca total das plantas daninhas por ocasião da colheita do feijoeiro, em função da convivência

com diferentes espécies de plantas daninhas e cultivares de feijoeiro, em duas safras. Jaboticabal, 2011.

Dentro de safras, médias seguidas por letras diferentes na coluna diferem significativamente, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

**Significativo ao nível de 1% de probabilidade, pelo teste F, NS Não significativo. pd- plantas daninhas e c- cultivares.

Plantas Daninhas

Altura (m) Massa Seca Total (g)

Safra da

Seca Safra de Primavera

Safra da

Seca Safra de Primavera

Cyperus rotundus 0,22 c 0,23 b 0,58 c 2,15

Amaranthus viridis 0,85 a 0,69 a 8,79 ab 37,18

Digitaria spp. 0,71 a 0,75 a 6,91 b 25,61

Raphanus raphanistrum 0,75 a 0,69 a 12,59 a 14,28

Eleusine indica 0,43 b 0,61 ab 5,63 b 24,78

Bidens pilosa 0,76 a 0,61 ab 5,38 b 2,52

Cultivar (C)

´Carioca´ 0,60 a 0,55 a 6,17 a 17,22

´Rubi´ 0,64 a 0,64 a 7,15 a 18,29

F pd 37,01 ** 4,08 ** 13,09 ** 23,33 **

F c 1,71 NS 1,55 NS 1,17 NS 0,20 NS

F pdxc 1,94 NS 0,22 NS 1,82 NS 4,16 **

dms C 0,06 0,15 1,85 4,87

dms PD 0,17 0,40 4,80 12,64

CV (%) 15,76 37,92 40,43 39,90

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Na seca, independentemente da cultivar, as convivências com capim-pé-de-

-galinha e capim-colchão não causaram reduções significativas na produtividade do

feijoeiro. Na convivência com plantas de tiririca, caruru, nabiça e picão-preto,

ocorreram reduções de 23,3 a 33,4 % na produtividade (Tabela 4). A convivência com

picão-preto causou redução no número de vagens por planta e na massa dos grãos

produzidos, enquanto a convivência com caruru causou redução na massa de grãos. A

convivência com as demais espécies de plantas daninhas não afetou de modo

significativo as características avaliadas na leguminosa, na época da seca (Tabela 4).

Como pode ser observado na Tabela 4, na seca, não se constatou diferença entre

as cultivares Rubi e Carioca quanto às características analisadas, independentemente da

condição de convivência com as plantas daninhas.

Na safra de primavera, independentemente da cultivar, verificou-se que a

convivência com plantas de caruru afetou o número de vagens por planta, revelando-se

a mais prejudicial à cultura. As plantas de tiririca e de capim-colchão, cujos efeitos não

diferiram entre si, causaram reduções intermediárias nesta característica (Tabela 5).

Verificou-se que a cultivar ‘Rubi’ produziu mais vagens por planta que a ‘Carioca’, na

média dos tratamentos da espécie de planta daninha com que conviveu.

Na safra de primavera, na convivência com a cv. ‘Rubi’, a menor e a maior

redução na massa de grãos foram causadas por tiririca e caruru, respectivamente. Já para

a ‘Carioca’, essa redução foi observada em igual nível pela convivência do feijão com

plantas de caruru e capim-colchão (Tabela 6). Tiririca e caruru causaram semelhante

efeito competitivo na safra de primavera, independentemente da cultivar de feijão com a

qual conviveram. As plantas de capim-colchão, nabiça, capim-pé-de-galinha e picão-

-preto causaram maior competição quando conviveram com ‘Carioca’. Constatou-se

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ainda que ‘Rubi’ produziu maior massa de grãos em relação a ‘Carioca’ (Tabela 5), o

que pode resultar da maior eficiência desta cultivar em utilizar os nutrientes disponíveis

no solo (Tabela 6). Estes resultados são similares aos obtidos por Valério (1999).

Na primavera, a convivência com as plantas de caruru causou redução média de

82% na produtividade de ambas as cultivares; já o capim-colchão reduziu a

produtividade apenas da ‘Carioca’ (54%), enquanto as demais espécies de plantas

daninhas apresentaram tendência de redução na produtividade desta cultivar (Tabela 7).

Analisando o efeito da espécie de planta daninha dentro das cultivares, verificou-se que,

na cv. ‘Carioca’, a convivência com capim-colchão, nabiça, pé-de-galinha e picão-preto

produziu menos que na ‘Rubi’, enquanto sem a convivência com plantas daninhas, ou

com a convivência com tiririca ou com caruru, a produtividade das duas cultivares foi

equivalente.

Na safra de primavera, a massa seca total acumulada das plantas infestantes foi

maior em relação à safra da seca (Tabela 2), com desenvolvimento superior das plantas

devido a altas temperaturas, combinadas a uma elevada irradiação solar.

Consequentemente, ocorreu maior interferência das plantas daninhas no feijoeiro,

ocasionando menor produtividade da cultura nesta safra, assim como constatado por

Teixeira et al. (2009).

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Tabela 4. Valores médios do número de vagens por planta, massa de grãos por planta e produtividade estimada de feijoeiro em

convivência com diferentes plantas daninhas na safra da seca. Jaboticabal, 2011.

Médias seguidas por diferentes letras na coluna diferem significativamente, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.**Significativo ao

nível de 1% de probabilidade, pelo teste F, NS Não significativo. pd- plantas daninhas e c- cultivares.

Plantas Daninhas Safra da Seca

Vagens Massa Grãos Produtividade Estimada

_____ por planta _____ ________ g ________ ________ kg ha-1 ________

Cyperus rotundus 7,55 ab 50,73 ab 4.023,86 b

Amaranthus viridis 7,78 ab 49,40 b 4.629,67 b

Digitaria spp. 8,09 ab 53,17 ab 4.497,98 ab

Raphanus raphanistrum 7,78 ab 53,72 ab 4.318,56 b

Eleusine indica 7,65 ab 51,51 ab 4.549,27 ab

Bidens pilosa 7,38 b 36,31 b 4.251,95 b

Testemunha 9,09 a 69,31 a 6.038,90 a

Cultivar (C)

´Carioca´ 7,73 51,64 4.500,88

´Rubi´ 8,08 55,27 4.627,75

F pd 2,70 * 2,33 * 3,56 **

F c 1,72 NS 0,98 NS 0,22 NS

F pdxc 0,98 NS 1,68 NS 1,11 NS

dms C 0,54 7,53 552,16

dms PD 1,55 21,77 1.597,60

CV (%) 10,69 22,25 19,12

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Tabela 5. Valores médios do número de vagens por planta, massa de grãos por planta e produtividade estimada de feijoeiro em

convivência com diferentes plantas daninhas na safra de primavera. Jaboticabal, 2011.

Médias seguidas por diferentes letras na coluna diferem significativamente, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. .**Significativo ao

nível de 1% de probabilidade, pelo teste F, NS Não significativo. pd- plantas daninhas e c- cultivares.

Plantas Daninhas Safra de Primavera

Vagens Massa Grãos Produtividade Estimada

______ por planta ______ ________ g ________ ________ kg ha-1 ________

Cyperus rotundus 5,27 b 19,08 2.243,32

Amaranthus viridis 3,20 c 5,20 648,62

Digitaria spp. 5,32 b 17,64 2.363,24

Raphanus raphanistrum 5,61 ab 25,54 2.842,02

Eleusine indica 5,64 ab 22,10 2.808,17

Bidens pilosa 5,73 ab 21,81 2.832,80

Testemunha 6,49 a 29,06 3.688,41

Cultivar (C)

´Carioca´ 4,80 b 15,95 1.933,81

´Rubi´ 5,85 a 24,18 3.045,21

F pd 15,68 ** 14,24 ** 12,17 **

F c 29,21 ** 29,29 ** 30,08 **

F pdxc 2,43 NS 2,92 * 2,56 *

DMS C 0,40 3,12 415,35

DMS PD 1,15 9,02 1.201,76

CV (%) 11,84 24,55 26,37

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Tabela 6. Valores médios de massa média dos grãos por planta do feijoeiro em convivência com diferentes plantas daninhas na safra de

primavera. Jaboticabal, 2011.

Tabela 7. Valores médios de produtividade estimada do feijoeiro em convivência com diferentes plantas daninhas na safra de primavera.

Jaboticabal, 2011.

Médias seguidas por diferentes letras diferem significativamente, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Letras maiúsculas comparam

efeitos das cultivares, e minúsculas, as espécies de plantas daninhas.

Plantas Daninhas Massa dos Grãos (g)

´Rubi´ ´Carioca´

Cyperus rotundus 18,96 A b 19,20 A ab

Amaranthus viridis 3,87 A c 6,54 A b

Digitaria spp. 24,71 A ab 10,57 B b

Raphanus raphanistrum 32,04 A a 19,04 B ab

Eleusine indica 27,99 A ab 16,21 B ab

Bidens pilosa 28,33 A ab 15,30 B ab

Testemunha 33,34 A a 24,78 B a

Plantas Daninhas Produtividade Estimada (kg ha-1)

´Rubi´ ´Carioca´

Cyperus rotundus 2.305,81 A ab 2.180,82 A ab

Amaranthus viridis 685,97 A b 611,28 A b

Digitaria spp. 3.123,04 A a 1.603,44 B b

Raphanus raphanistrum 3.742,88 A a 1.941,13 B ab

Eleusine indica 3.823,89 A a 1.792,45 B ab

Bidens pilosa 3.719,46 A a 1.946,13 B ab

Testemunha 3.915,44 A a 3.461,38 A a

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30

Em ambas as safras, a planta mais agressiva foi A. viridis, que interferiu no

crescimento e na produção do feijoeiro, nas duas épocas de semeadura. Trata-se de

espécie que possui via de fixação de carbono do tipo C4, cujo hábito de crescimento

agressivo promove alta competitividade por água, luz e nutrientes (KISSMANN;

GROTH, 1999). Este mecanismo fotossintético confere diversas vantagens em relação

às plantas C3, como o feijoeiro, principalmente em ambientes quentes e úmidos (PAUL;

ELMORE, 1984). Provavelmente, em decorrência deste fato, foi observada maior

competição com o feijoeiro na safra de primavera, quando ocorreu maior acúmulo de

matéria seca nesta planta daninha em relação às outras espécies.

A convivência com plantas de nabiça (Raphanus raphanistrum) mostrou-se

prejudicial ao feijoeiro, mas dependente das condições edafoclimáticas, pelo fato de, na

segunda época de semeadura, sob temperaturas mais elevadas (Tabela 1), não ter

interferido na produtividade de ambas as cultivares de feijoeiro (Tabela 7). Segundo

Kissmann e Groth (1999), a competição exercida pelas plantas de nabiça sob

temperaturas mais elevadas ocorre apenas durante o início do ciclo das culturas, tendo

significância reduzida na produtividade final, ou seja, a planta exerceu poucos efeitos

competitivos durante a formação de vagens no feijoeiro.

O picão-preto (Bidens pilosa) mostrou ser menos competitivo na safra de

primavera, na qual o feijoeiro apresentou desenvolvimento mais rápido e suprimiram

seu crescimento. Mesmo assim, a interferência inicial da planta daninha acarretou

prejuízos na produtividade da cultura, na safra da seca (Tabela 2), pois, segundo Santos

et al. (2008), B. pilosa é uma espécie com grande potencial para infestação devido à

mais eficiente exploração do solo.

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Cyperus rotundus (tiririca), mesmo com pouco acúmulo de matéria seca, causou

interferência na produtividade do feijoeiro, em ambas as épocas (Tabelas 4 e 7), e

redução no número de vagens por planta e massa dos grãos durante a safra da seca

(Tabela 4), provavelmente devido ao fato de se propagar rapidamente por tubérculos e

também por exsudar aleloquímicos (MUNIZ, 2007). Por ser uma espécie de rápido

desenvolvimento em condições de alta luminosidade (SANTOS et al., 1997), durante a

safa da seca, sua agressividade foi maior, dado o desenvolvimento mais lento do

feijoeiro, que possibilitou, assim, melhor aproveitamento de luz pelas plantas daninhas.

As plantas de Digitaria spp. (Capim-colchão), por se desenvolverem

preferencialmente em solos férteis, serem resistentes a condições de seca e possuírem

efeitos alelopáticos sobre plantas cultivadas (KISSMANN; GROTH, 1999), na segunda

época de semeadura, apresentaram grande desenvolvimento, já que a precipitação foi

menor e as temperaturas mais elevadas (Tabela 1), ao ponto de prejudicar a

produtividade do feijoeiro em 36%.

O capim-pé-de-galinha (Eleusine indica) não interferiu nos processos fisiológicos

do feijoeiro de maneira a vir causar perdas significativas na produtividade, em ambas as

safras, embora apresente um sistema radicular bem desenvolvido (LORENZI, 2006).

Comparando as duas safras e as cultivares utilizadas, verificou-se que a

produtividade estimada do feijoeiro foi maior quando cultivado na safra da seca

(4.627,75 kg ha-1), comparada à safra de primavera (3.045,21 kg ha-1), e que a cultivar

‘Rubi’ se mostrou mais competitiva. Rodrigues et al. (2001) também verificaram

elevado rendimento de grãos decorrente das condições favoráveis do ambiente para essa

cultivar.

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No geral houve dois padrões de comportamento dos componentes produtivos do

feijoeiro: (i) na ausência e (ii) na presença das plantas daninhas. Dentro deste segundo

grupo ainda houve dois padrões importantes: (i) quando o feijoeiro competiu com

Bidens pilosa e Eleusine indica e (ii) quando o feijoeiro competiu com as demais

plantas daninhas.

Na safra da seca, observa-se a dissimilaridade entre as duas testemunhas (cultivar

‘Rubi’ e ‘Carioca’), com relação aos demais tratamentos, onde a planta de feijão

conviveu durante todo seu ciclo na presença das plantas daninhas (Figura 1). Observa-

se, ainda, que a maior dissimilaridade ocorreu entre as testemunhas e a convivência com

plantas de tiririca e caruru.

Figura 1. Dendograma resultante da análise de agrupamentos da média das análises dos

fatores produtivos do feijoeiro, na safra da seca. C - cv carioca, R - cv rubi.

Jaboticabal - SP, 2011

RUBICARIOCA

C_BIDPIC_ELEIN

R_RAPRAR_ELEIN

C_DIGHOR_CYPRO

C_RAPRAR_BIDPI

C_AMAVIR_DIGHO

R_AMAVIC_CYPRO

0

2

4

6

8

10

Dis

tân

cia

Eu

cli

dia

na

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Na safa de primavera, nota-se que, diferentemente da safra da seca, as

testemunhas estão agrupadas com alguns tratamentos em que as plantas de feijão

sofreram interferência das plantas daninhas de maneira mais acentuada.

Neste caso, observa-se uma separação entre dois grupos, sendo que a cultivar

‘Rubi’ está separada da ‘Carioca’, com exceção da convivência com Caruru

(R_AMAVI) e Tiririca (R_CYPRO) (Figura 2).

Figura 2. Dendograma resultante da análise de agrupamentos da média das análises dos

fatores produtivos do feijoeiro, na safra de primavera. C - cv carioca, R - cv

rubi. Jaboticabal - SP, 2011.

O ocorrido pode ser explicado devido ao fato de que as espécies de plantas

daninhas, com exceção da nabiça, são plantas C4, e de acordo com as condições locais,

o período em que foi conduzida a safra beneficiou o desenvolvimento de tais plantas de

maneira que, mesmo a cultivar sendo mais agressiva, neste caso a ‘Rubi’, esta sofreu

interferência de algumas espécies, igualando-se à cultivar Carioca.

R_DIGHOR_RAPRA

RUBIR_BIDPI

R_ELEINCARIOCA

C_AMAVIR_AMAVI

C_DIGHOR_CYPRO

C_BIDPIC_ELEIN

C_RAPRAC_CYPRO

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Dis

tân

cia

Eu

cli

dia

na

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A cultivar Rubi, por ter sido desenvolvida por produtores rurais do sul, pode

apresentar estas características mais rústicas e, com isso, suportar melhor a interferência

de determinadas espécies.

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5. CONCLUSÕES

As plantas daninhas eudicotiledôneas afetaram mais o desenvolvimento e a

produtividade do feijoeiro do que as monocotiledôneas. As espécies mais competitivas

foram o caruru-de-mancha (Amaranthus viridis) e a nabiça (Raphanus raphanistrum).

A cv. “Rubi” mostrou-se mais competitiva que a cv. “Carioca”, e ambas

apresentaram maiores produções na safra da seca, quando o desenvolvimento das

plantas daninhas foi menor.

A safra de primavera é mais propícia ao desenvolvimento de caruru-de-mancha

(Amaranthus viridis), picão-preto (Bidens pilosa), nabiça (Raphanus raphanistrum),

capim-colchão (Digitaria nuda), pé-de-galinha (Eleusine indica) e tiririca (Cyperus

rotundus).

A escolha da cultivar e da época de semeadura são estratégias simples que devem

ser incluídas para o manejo eficiente de plantas daninhas na cultura do feijoeiro.

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6. RESUMO

O Brasil é o maior produtor mundial de feijão, mas a interferência das plantas

daninhas pode causar reduções de produtividade entre 15 e 80%, devido a fatores como

cultivar de feijoeiro e espécies de plantas daninhas presentes na área. Objetivou-se, com

este trabalho, avaliar os efeitos de seis espécies de plantas daninhas sobre o crescimento

e a produtividade de duas cultivares de feijoeiro, em duas safras. Observou-se que as

plantas eudicotiledôneas causam maior interferência na cultura, principalmente

Amaranthus viridis e Raphanus raphanistrum. Todas causam perdas na produção do

feijoeiro, exceto Eleusine indica, que se mostra menos competitiva. A cultivar ´Rubi´ é

mais produtiva e mais competitiva que a ´Carioca´, e a maior produtividade é atingida

na safra da seca. A escolha da cultivar e da data correta para a semeadura funciona,

pois, como estratégia de manejo no controle de invasoras.

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7. SUMMARY

Brazil is the world's largest producer of bean, but weed interference can cause

yield losses between 15 to 80%, due several factors such as bean cultivar and weed

species in the area. The objective of this study was to evaluate the effects of six weed

species on growth and productivity of two bean cultivars, in two sowing seasons. It was

observed that the broadleaves plants caused more interference in the crop, especially

Amaranthus viridis and Raphanus raphanistrum. All caused losses in beans production,

except Eleusine indica which shows less competitive. The ´Rubi´ bean cultivar is more

productive and competitive than ´Carioca´, and the higher production is achieved in the

drought sowing season. The choice of cultivar and correct season for sowing works, as a

management strategy in weeds control.

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3. CAPÍTULO 3 - INFLUÊNCIA DO SISTEMA DE MANEJO DE SOLO NO

PERÍODO CRÍTICO DE INTERFERÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS NO

FEIJOEIRO, SAFRA DE PRIMAVERA.

1. INTRODUÇÃO

As culturas agrícolas estão sujeitas a fatores ambientais de natureza biótica ou

abiótica, que direta ou indiretamente influenciam não só em sua produtividade

biológica, como também no sistema de produção empregado. Nos ecossistemas

agrícolas, a presença de plantas daninhas condiciona diversos fatores bióticos atuantes

sobre as plantas cultivadas, que vão interferir em seu crescimento, desenvolvimento e

em sua produtividade. Esse efeito é denominado interferência (PITELLI, 1985). No

feijoeiro, por exemplo, a interferência das plantas daninhas pode causar reduções

superiores a 80 % na produtividade de grãos (BARROSO et al., 2010).

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Segundo esquema proposto por Bleasdale (1960) e adaptado por Pitelli (1985), os

fatores envolvidos no grau de interferência entre uma cultura e as plantas daninhas

dependem de características da cultura, tais como espécie ou cultivar/variedade,

espaçamento e densidade; de características da comunidade infestante, tais como sua

composição específica, densidade e distribuição das populações na área; de

características do ambiente, referentes principalmente ao solo, clima e manejo do

sistema agrícola; e, finalmente, da duração do período em que a cultura convive com as

plantas daninhas e da época do ano em que isso ocorre.

Quanto à duração dos períodos de convivência entre as plantas daninhas e

cultivadas, destacam-se três: período total de prevenção da interferência (PTPI), período

anterior à interferência (PAI) e período crítico de prevenção da interferência (PCPI). O

estudo desses períodos determina o período em que efetivamente os métodos de

controle das plantas daninhas devem atuar (PITELLI; DURIGAN, 1984).

O período crítico de competição é o período de tempo em que medidas de controle

são necessárias para evitar a continuidade da interferência entre a cultura e as plantas

daninhas, evitando perdas no rendimento. Entretanto, esse período deve ser considerado

como um estádio de desenvolvimento da cultura em relação às plantas daninhas e não

como um período de tempo definido (RADOSEVICH; HOLT, 1984); assim, o uso de

uma escala baseada nas mudanças morfológicas e nos eventos fisiológicos que se

sucedem no ciclo de vida da planta oferece maior segurança e precisão nas ações de

manejo (FANCELLI; DOURADO NETO, 1999).

Salgado et al. (2007), ao determinarem os períodos de interferência das plantas

daninhas na cultura do feijoeiro, constataram que o PAI ocorreu até os 17 dias após a

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emergência da cultura, o PTPI, até 25, e que a interferência das plantas daninhas durante

todo o ciclo reduziu em 67% a produtividade da cultura.

Porém, a composição e as densidades populacionais das comunidades infestantes

são influenciadas pelos sistemas de produção (CORREIA et al., 2006). Assim, o sistema

de semeadura direta pode alterar a população de plantas daninhas, a dinâmica do banco

de sementes do solo, a eficiência de herbicidas aplicados (CRUTCHFIELD et al., 1986)

e os períodos de interferência. Segundo Kozlowski et al. (2002), sob semeadura direta, o

período crítico de prevenção à interferência no feijoeiro ocorreu entre os estádios V4 e

R6, na safra da seca.

Faltam, porém, informações comparativas sobre os períodos de convivência de

plantas daninhas no feijoeiro em sistema de plantio convencional e direto,

principalmente na safra de primavera, safra recente e de escassa literatura, que vem

ganhando espaço no ambiente agrícola, pois produz o feijão em uma época em que o

produto está escasso no mercado (FERREIRA et al., 2002), aumentando o lucro do

produtor. Portanto, este trabalho teve como objetivo determinar o período crítico de

prevenção da interferência das plantas daninhas na cultura do feijoeiro, em resposta ao

plantio direto, na safra de primavera.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Interferência de plantas daninhas

Como o feijoeiro é cultivado nas diversas épocas do ano, sob diferentes sistemas

de cultivo (solteiro e consorciado) e nas mais variadas condições edafoclimáticas, ele

mesmo pode sofrer interferência de diversas espécies de plantas daninhas.

O termo interferência refere-se ao conjunto de pressões ambientais que recebe

uma determinada cultura agrícola em decorrência da presença das plantas infestantes no

agroecossistema (RAMOS; PITELLI, 1994). Normalmente, a intensidade da

interferência das comunidades infestantes sobre as diversas plantas cultivadas é medida

pelos efeitos negativos verificados sobre as produtividades das culturas nas diferentes

situações.

Segundo Pitelli (1987), a competição é a principal interferência direta das plantas

daninhas nas culturas agrícolas e pode ocorrer por nutrientes minerais essenciais, luz,

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42

água e/ou espaço. A competição em si pode ser definida como o recrutamento conjunto,

por duas ou mais plantas, de recursos essenciais ao seu crescimento e desenvolvimento,

que são limitados no ecossistema comum. O período de competição é o tempo em que a

permanência das plantas daninhas nas áreas cultivadas prejudica a produtividade

agrícola, por concorrência com os fatores do ambiente responsáveis pelo crescimento e

pela produção das plantas (PITELLI, 1985).

A duração da competição determina prejuízos no crescimento, no

desenvolvimento e, consequentemente, na produtividade econômica das culturas

agrícolas, ou seja, a interferência de plantas daninhas acarreta reduções nos rendimentos

das culturas (PAULO et al., 2001; KARAM; CRUZ, 2004).

Os períodos de convivência obtidos, muitas vezes, diferem entre si. Segundo

Lunkes (1997), as perdas na cultura do feijão devido à competição com as plantas

daninhas variam de 15 a 97 %, em função da cultivar semeada, época de semeadura,

composição e densidade de plantas daninhas.

Segundo Correia et al. (2006), a composição e as densidades populacionais das

comunidades infestantes são influenciadas pelos sistemas de produção de cobertura

morta. Assim, o plantio direto pode alterar a população de plantas daninhas, a dinâmica

do banco de sementes do solo, a eficiência de herbicidas aplicados (CRUTCHFIELD et

al., 1986) e os períodos de interferência.

Isto confirma, segundo Vidal (1998), onde a alteração das densidades e das

espécies de plantas daninhas ocorre quando se passa a adotar o sistema de plantio direto

direta, sistema esse que, com base em Pitelli e Durigan (2001), resgata a prática da

rotação e, em consequência, seus impactos sobre as comunidades infestantes destes

agroecossistemas.

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2.2 Sistema de Semeadura Direta ou Plantio Direto

Foi a partir da década de 70 que o sistema de plantio direto expandiu-se no Brasil

e, logo na década de 90, atingiu um milhão de hectares (PEREIRA, 1997). Hoje é

amplamente utilizado, até mesmo no plantio da cana-de-açúcar, que, com a introdução

da colheita mecanizada, sem prévia queima, chega a deixar até 20 toneladas de palha

por hectare (VELINI; NEGRISOLI, 2000).

Os efeitos físicos proporcionados pelas coberturas dependem largamente da

quantidade, qualidade e distribuição dos resíduos sobre o solo. A cobertura pode alterar,

de forma significativa, as propriedades físicas e químicas do solo, afetando as

populações de seres vivos existentes no local.

Segundo Derpsch et al. (1991), a manutenção dos resíduos culturais na superfície

do solo provoca alterações com reflexos diretos na fertilidade, influenciando a taxa de

mineralização e as propriedades químicas do solo. Assim, ocorrem alterações nas

populações de microrganismos e na germinação de sementes de plantas daninhas, além

de modificações na amplitude térmica (DERPSCH et al., 1983), armazenamento de

água e evaporação nos solos (HALL, 1961; LAL, 1974; UNGER, 1978).

No plantio direto, a estabilidade obtida com o passar dos anos pelo não

revolvimento do solo faz com que se tenham fluxos de emergência de plantas daninhas

oriundas das sementes presentes nas camadas mais superficiais do solo. Embora o banco

de sementes se apresente distribuído ao longo do perfil do solo, devido às interferências

nas condições climáticas, a maioria das espécies só germina em condições favoráveis

para o seu estabelecimento. Em condições desfavoráveis, estas podem ficar dormentes

ou serem degradadas. A degradação pode ser bioquímica, por danos mecânicos e/ou

pela ação de microrganismos, levando a uma mudança na comunidade infestante.

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Segundo Pitelli e Durigan (2001), a cobertura morta sobre a superfície do solo,

em quantidades suficientes para cobri-lo total ou parcialmente, pode afetar a emergência

das plantas daninhas de três formas distintas: a física, a biológica e a química, além da

interação entre elas. A inibição da germinação e da taxa de sobrevivência das plântulas

é marcante nas espécies cujas sementes requerem determinado comprimento de onda

(TAYLORSON; BORTHWICK, 1969; FRANKLAND, 1981; FACELLI; PICKETT,

1991) e/ou necessitam de grande amplitude de variação térmica (EGLEY, 1986;

TAYLORSON, 1987; VELINI; NEGRISOLI, 2000) para iniciar o processo

germinativo. A alternância de temperatura do solo, sob resíduo vegetal, mostrou ter um

gradiente menor do que 10 graus Celsius, amplitude necessária para a quebra de

dormência e início do processo de germinação de sementes (TAYLORSON, 1987).

Segundo Pitelli e Durigan (2001), algumas plântulas com pequenas quantidades

de reservas nos diásporos também são prejudicadas, pois estas não são suficientes para

garantir sua sobrevivência quando da travessia da camada vegetal mais espessa.

O efeito biológico ocorre porque a cobertura morta oferece condições para a

instalação de uma densa e diversificada microbiocenose na camada superficial do solo

que pode utilizar-se de sementes de plantas daninhas como fontes de energia e matéria

orgânica.

O efeito químico é consequência da intensa relação alelopática entre a cobertura

morta e as plantas daninhas presentes no solo. A morte das plantas de cobertura e

consequente liberação de uma variedade de substâncias químicas pode impor ação

antagônica à germinação e ao crescimento de plântulas.

No plantio direto, os resíduos produzidos pelas culturas comerciais geralmente

são insuficientes para produzir boa cobertura do solo. Portanto, é necessário introduzir

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45

plantas capazes de produzir grande quantidade de massa, com rápido desenvolvimento

inicial e ciclo curto (PELÁ, 2002). Dentre as coberturas vegetais implantadas em

regiões quentes, pode-se citar o milheto (Pennisetum sp.). Salton e Kichel (1997)

relataram que a produção de massa seca do milheto com 60 dias pode alcançar cerca de

5 a 9 toneladas por hectare. Segundo os autores, o milheto cobre rapidamente o solo e

compete com as invasoras, produzindo massa seca suficiente para a implantação de uma

cultura sucessora.

Com relação à emergência de plantas daninhas, segundo Correia et al. (2006), a

emergência de Bidens pilosa, Amaranthus spp., Commelina benghalensis, Leucas

martinicensis e de gramíneas foi inibida pela cobertura do solo com milheto. Sendo

assim, este trabalho teve por objetivo determinar o efeito do plantio direto sobre a

cobertura morta de milheto nos períodos de interferência das plantas daninhas no

feijoeiro, na safra de primavera.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Instalação do experimento: preparo do solo, adubação e semeadura

O experimento foi instalado e conduzido sob condições de campo, na área da

Fazenda de Ensino, Pesquisa e Produção (FEPP), da Faculdade de Ciências Agrárias e

Veterinárias – FCAV- UNESP – Câmpus de Jaboticabal, que se encontra à latitude de

21°15’22”, longitude de 48°18’58” e altitude de 595 m.

Um ensaio foi instalado no sistema de plantio direto em formação (SPD), e o

outro, no sistema de manejo de solo convencional (SSC), em uma mesma área, sendo

para ambos estabelecidos os mesmos tratamentos e avaliações.

Realizou-se uma amostragem do solo na área para fins de análise química e física,

realizadas no Departamento de Solos e Adubos da Faculdade de Ciências Agrárias e

Veterinárias – FCAV – UNESP – Câmpus de Jaboticabal, sendo que os resultados se

encontram nas Tabelas 01 e 02.

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Tabela 01 - Resultados da análise física de uma amostra do solo da área experimental.

Jaboticabal, 2011.

Argila Silte Areia Classe

Fina Grossa Textural

542 243 128 87 Argilosa

Tabela 02 - Resultados da análise química de uma amostra do solo da área

experimental. Jaboticabal, 2011.

pH M.O. P resina K Ca Mg H+Al SB T V

CaCl2 g/dm³ mg/dm³ mmolc/dm³ (%)

5,3 27 81 4,4 47 18 38 69,4 107,4 65

No preparo do solo, anterior ao plantio do milheto, não foram realizadas calagens

e/ou adubações e, por ocasião do plantio do feijoeiro, foi realizada uma adubação de

semeadura, com 150 kg ha-1 da formulação 2-20-20.

No ensaio instalado sob sistema de plantio direto, a semeadura do milheto (23-04-

2010) foi realizada a lanço, na quantidade de 20 kg ha-1, sendo este dessecado no mês

de julho, 81 dias após a sua semeadura, utilizando-se de 1.920 g e.a. de glyphosate, para

posterior realização da semeadura do feijoeiro (16 dias após a dessecação). Utilizou-se a

cultivar de milheto BN2, que cresce bem em solos de mediana fertilidade, suportando

condições de acidez, com crescimento rápido. Possui excelente sistema radicular, é

melhorador das características físicas do solo e tem capacidade de diminuir inóculos de

doenças e pragas do solo (SEPROTEC, 2010).

A semeadura do feijoeiro foi realizada na safra de primavera, no dia 29-07-2010,

utilizando a semeadora Jumil Exacta 2640 PD.

Após a semeadura, foi realizado o desbaste das plântulas a fim de ser estabelecida

a densidade de 12 plantas m-1, atingindo uma população estimada de duzentas e sessenta

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mil plantas ha-1. A cultivar de feijoeiro utilizada foi a “Pérola”, grão do tipo Carioca,

ciclo médio de 95 dias, porte semiereto, peso médio de 100 sementes de 27 gramas e

potencial produtivo de 4.000 kg ha-1, resistente ao mosaico comum (EMBRAPA, 2009).

3.2 Delineamento experimental

As parcelas foram constituídas por quatro linhas de semeadura de feijão,

espaçadas de 0,45 m, com 5 metros de comprimento cada, resultando em uma área de

6,75 m2. Como áreas úteis para amostragens e avaliações, foram consideradas as duas

linhas centrais, descartando-se um metro de cada extremidade, tomando, portanto, uma

área de 2,7 m2.

Na determinação do período crítico de prevenção da interferência, foram usados

dois modelos de interferência: (a) inicialmente sujo e (b) inicialmente limpo.

No modelo inicialmente sujo, visou-se à determinação do período anterior à

interferência (PAI), no qual as parcelas foram mantidas na presença das plantas

daninhas com o feijoeiro (convivência), desde a sua emergência até os diferentes

períodos de desenvolvimento (0; 10; 17; 24; 31; 45 e 66 dias). Após estes períodos, as

plantas daninhas foram removidas das parcelas por meio de capina manual, e as

parcelas, mantidas limpas até o final do ciclo. Nesse modelo, foi mantida uma

testemunha sempre suja, até a maturação do feijoeiro (0 dia de controle).

No modelo inicialmente limpo, visou-se à determinação do período total de

prevenção da interferência (PTPI), no qual se manteve a ausência das plantas daninhas

nas parcelas, desde a emergência do feijoeiro (controle) até os diferentes estádios de

desenvolvimento (0; 10; 17; 24; 31; 45 e 66 dias). Após estes períodos, as plantas

daninhas que emergiram, foram deixadas crescer livremente. Ainda neste modelo, foi

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49

mantida uma testemunha sempre limpa, até a maturação do feijoeiro (0 dia de

convivência).

Para cada sistema de semeadura, o delineamento experimental adotado foi o de

blocos casualizados, em esquema fatorial 2x7, no qual se constituem os fatores os dois

modelos de interferência (sujo e limpo) e os sete períodos, totalizando 14 tratamentos,

em quatro repetições.

3.3 Dados climatológicos e Fitossanidade

O clima de Jaboticabal, baseado na classificação de Köeppen, é do tipo Aw, onde,

predominam as chuvas de verão, com inverno relativamente seco.

Os dados de precipitação pluvial, umidade relativa do ar e temperaturas médias,

no decorrer do período experimental, foram obtidos junto à Estação Agroclimatológica

do Departamento de Ciências Exatas da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias

– FCAV – UNESP – Câmpus de Jaboticabal (Tabela 03). Quando da ausência de

precipitações, foi utilizado um sistema de irrigação suplementar por aspersão

convencional.

Tabela 03. Dados médios de temperaturas (mínima, máxima e média), umidade relativa

do ar e precipitação, durante o ano de 2010. Jaboticabal-SP, 2011.

Mês

Temperatura (°C)

Precipitação (mm)

Umidade

Relativa

(%) Máx Média Mín

Junho 31,8 18,5 7,6 7,7 68,30

Julho 31,7 20,4 9,8 0,0 63,80

Agosto 30,7 20,8 12,9 0,0 52,20

Setembro 31,3 23,2 17,1 141,9 59,50

Outubro 30,6 23,0 16,9 69,4 67,50

Novembro 31,0 24,1 18,7 100,1 70,30

Dezembro 31,4 25,1 20,6 225,3 77,80

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50

3.4 Avaliações realizadas

Foi realizada, nas duas áreas, uma amostragem do banco de sementes anterior à

implantação do milheto. Depois de plantado e anteriormente à dessecação, foi feita a

coleta de massa vegetal das plantas de milheto com auxílio de um quadrado metálico de

0,25 m2, lançado 20 vezes sobre a área, para determinar o acúmulo de massa seca e a

densidade das plantas. Nesta ocasião, realizou-se ainda a amostragem das plantas

daninhas presentes nas áreas, oriundas do banco de sementes, através da amostragem

por 20 pontos de 0,25 m2.

O milheto foi dessecado 81 dias após sua semeadura, sendo que a quantidade de

palhada acumulada por hectare foi igual a 2,02 t ha-1. Para a análise do banco de

sementes, com relação à comunidade infestante, utilizou-se o coeficiente de

similaridade (ODUM, 1985).

Ao término de cada período de convivência de cada parcela, as plantas daninhas

presentes em duas áreas amostrais de 0,25 m2 foram tomadas aleatoriamente, somando,

portanto, 0,5 m2. As plantas foram removidas das parcelas, identificadas, separadas por

espécie, contadas e secas em estufa com circulação forçada de ar a 70°C, por 96 horas,

para a determinação da massa seca, realizada com auxílio de balança com precisão de

0,01 g. Assim, a densidade e a massa seca das plantas daninhas foram relacionadas com

a produção do feijoeiro para a avaliação do efeito da interferência. Ainda nesta ocasião,

foi registrado o estádio fenológico em que se encontravam as plantas de feijão, de

acordo com Fernandez et al. (1982).

Em relação à comunidade infestante, foi avaliada a importância relativa (IR), que

consiste em um índice que envolve três fatores: frequência relativa, densidade relativa e

dominância relativa (MUELLER-DOMBOIS; ELLEMBERG, 1974), e os índices de

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51

diversidade de Shannon-Weaver (H’) e de equitabilidade (E’) (PINTO-COELHO,

2000).

Para o feijoeiro, na colheita realizada manualmente, coletaram-se as plantas

localizadas nas linhas centrais de cada parcela, que foram colhidas quando a umidade

dos grãos se aproximou de 13%, o que ocorreu aos 110 dias após a emergência. As

vagens foram debulhadas de forma mecânica, utilizando-se de uma trilhadora de grãos

da marca Nogueira e os grãos colhidos pesados em balança de precisão de 0,01g.

Foi calculada a produtividade de grãos do feijoeiro (kg ha-1) e determinada a

massa de 100 grãos.

3.5 Tratamento estatístico dos dados

As análises dos dados de produtividade foram realizadas separadamente, dentro

de cada ensaio. Os resultados foram submetidos à análise de regressão pelo modelo

sigmoidal de Boltzmann,

𝑦 =(𝑃1 − 𝑃2)

1 + 𝑒(𝑋−𝑋0)/𝑑𝑥 + 𝑃2

onde,

y = produtividade de grãos do feijoeiro em função dos períodos de convivência;

P1 = produção máxima obtida nas plantas mantidas capinadas durante todo o ciclo;

P2 = produção mínima obtida nas plantas em convivência com as plantas daninhas

durante o período máximo;

(P1 – P2) = perdas de produção;

X = limite superior do período de convivência;

X0 = limite superior do período de convivência, que corresponde ao valor intermediário

entre a produção máxima e mínima, e

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52

dx = parâmetro que indica a velocidade de perda de produção em função do tempo de

convivência.

Com base nas equações de regressão, foram determinados os períodos de

interferência das plantas daninhas para o nível arbitrário de tolerância de 5% de redução

na produtividade do feijoeiro, em relação ao tratamento mantido na ausência das plantas

daninhas. Também foi realizada regressão entre os dados de produção de grãos de feijão

e massa seca acumulada pelas espécies presentes, quando a cultura conviveu com a

comunidade infestante por períodos crescentes. Na realização das análises de regressão,

utilizou-se o programa Origin.® 8 (ORIGINALLAB CORPORATION USA).

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53

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Comunidade infestante anterior ao plantio

Na análise do banco de sementes, considerou-se o volume do solo de um hectare

com 15 cm de profundidade como 2.100.000 kg (para uma densidade do solo de 1,4 g

cm-3); portanto, a 10 cm, a massa considerada foi de 1.400.000 kg. O número provável

de sementes por hectare foi calculado pela seguinte fórmula:

A massa da amostra simples retirada da amostra composta foi igual a 1 kg. Cada

semente na amostra representou 140 sementes m-2.

Na amostragem do banco de sementes anterior ao plantio do milheto, foram

encontradas dez espécies, sendo que a tiririca (Cyperus rotundus) não foi observada.

Sementes extraídas

Peso amostra=

Número provável sementes/ha

1.400.000 kg

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54

Assim como em outros trabalhos (KUVA, 2006), isto se deve ao fato de os tubérculos

dificilmente serem detectados por este tipo de amostragem.

Os maiores valores médios encontrados foram para o caruru - Amaranthus

retroflexus (13.160 sementes m-2), losna-branca - Parthenium hysterophorus (8.680

sementes m-2) e capim-pé-de-galinha - Eleusine indica (2.590 sementes m-2). Nos dois

experimentos, não se encontraram diferenças entre as espécies no banco de sementes,

devido ao solo pertencer a uma mesma área e não ter sofrido nenhum tipo de distúrbio

anterior à amostragem (Figura 01).

Figura 01. Densidade média de sementes presentes por metro quadrado na área

experimental. Jaboticabal-SP, 2011.

Os valores para caruru e losna-branca indicam que o solo está com elevado

potencial para infestação, já que, em Carmona (1995), o número médio de sementes por

metro quadrado em cultivos anuais é de, em média, 6.768. No total das espécies, estão

presentes na média das sementes, aproximadamente 2.700 sementes m-2.

AM

AR

E

RA

PR

A

PT

NH

Y

AL

RT

E

AC

NH

I

CO

MB

E

EL

EIN

CC

HE

C

PO

RO

L

DIG

HO

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

16.000

18.000

Se

me

nte

s m

-2

Área Pousio

Área Milheto

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55

Com relação à comunidade infestante amostrada 80 dias após o plantio do

milheto, o coeficiente de Odum para área em pousio foi igual a 0, significando que, das

espécies encontradas no banco de semente, nenhuma delas germinaram. Tal fato

ocorreu devido ao solo não ter sofrido nenhum estímulo à germinação de seu banco de

sementes no período, tais como precipitações ou gradagens. Já para a área em que o

milheto foi semeado e irrigado, o coeficiente de similaridade foi de 80% (Tabela 04).

As espécies que não germinaram em nenhuma das áreas e que estavam presentes

no banco de semente foram capim-pé-de-galinha, capim-carrapicho (Cenchrus

echinatus), beldroega (Portulaca oleraceae) e capim-colchão (Digitaria spp.), sendo,

das quatro, três monocotiledôneas, corroborando outros estudos, como o de Ferreira et

al. (1994), em que se observaram poucas espécies da classe monocotiledônea nos

períodos mais frios.

Tabela 04. Coeficientes de similaridade de Odum entre a composição do banco de

sementes e da flora de plantas daninhas presente aos 80 DAS. Jaboticabal-

-SP, 2011.

Na análise da comunidade infestante, realizada após o plantio do milheto e

anterior à dessecação do mesmo, foram identificadas a presença de sete espécies

infestantes, sendo elas: tiririca (C. rotundus), losna-branca (P. hysterophorus), nabiça

(Raphanus raphanistrum), caruru (A. retroflexus), apaga-fogo (Alternanthera tenella),

Áreas Número de espécies C. Odum

(%) Banco Sementes Flora emergente Comuns

Pousio 8 1 0 0

Milheto 8 7 6 80

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56

trapoeraba (Commelina benghalensis) e carrapicho-de-carneiro (Acanthospermum

hispidum).

Na área de pousio, a espécie de maior importância relativa foi C. rotundus,

representando 100% das espécies presentes. Na presença da cultura, com irrigação, as

espécies de maior importância relativa foram A. retroflexus (31,27%), R. raphanistrum

(27,85%) e C. rotundus (21,97%), representando juntas, 78,56% das plantas da

comunidade infestante (Figura 02).

Figura 02. Importância relativa (%) das plantas daninhas na comunidade infestante.

Jaboticabal-SP, 2011.

Conforme mencionado, foi observada, na área sem irrigação, a presença apenas

de uma ciperácea, a tiririca, que, segundo Kissmann e Groth (1999), suporta condições

muito adversas, como a temperatura elevada. Por apresentar fotossíntese pelo ciclo C-4,

AMARE RAPRA CYPRO PTNHY ALRTE ACNHI COMBE

0

20

40

60

80

100

Imp

ort

ân

cia

Rel

ati

va

(%

)

Área Pousio

Área Milheto

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57

tolera muito bem períodos de seca prolongados, como o ocorrido anteriormente ao

plantio do feijoeiro (julho), quando a precipitação local foi igual a zero (Tabela 03).

Na área irrigada, sobressaíram-se as espécies A. retroflexus, R. raphanistrum e C.

rotundus, sendo que A. retroflexus e C. rotundus em decorrência da densidade

populacional, diferentemente de R. raphanistrum, sobressaíram-se das demais devido ao

maior acúmulo de massa seca. Com isso, notou-se que ambas as áreas apresentavam

condições de vir a infestar a cultura.

4.2 Comunidade infestante posterior ao plantio

Após o plantio do feijoeiro, a comunidade infestante foi semelhante nos dois

ensaios (convencional e direto), sendo que foram encontradas 17 espécies. Destas, 11

espécies eram eudicotiledôneas (64,70%), com destaque para as famílias Asteraceae,

com 4 espécies, e Amaranthaceae, com 2 espécies. Das plantas monocotiledôneas,

foram encontradas 4 espécies pertencentes à família Poaceae, 1 Cyperaceae e 1

Commelinaceae. Como tiguera foi observada a presença de plantas da milheto. As

plantas daninhas que ocorreram na área estão apresentadas na Tabela 05.

Segundo Deuber (1992), as espécies de gramíneas perenes são exceções às

demais gramíneas, pois sobrevivem no período mais frio com redução do seu

crescimento ou entrando em repouso vegetativo, o que explica a presença pouco

expressiva de gramíneas na comunidade infestante.

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58

Tabela 05. Plantas daninhas e tigueras componentes da comunidade infestante das áreas

experimentais. Jaboticabal-SP, 2011.

4.3 Importância Relativa

No sistema de plantio direto, para os períodos crescentes de convivência, até os

10 dias após a emergência da cultura (DAE), as plantas de losna-branca apresentavam

baixo acúmulo de massa seca no período, sendo que sua presença passou a ser

representativa em relação à comunidade com 17 DAE.

A partir dos 17 dias, o caruru começou a perder importância relativa, inicialmente

(24 DAE) pelo baixo acúmulo de massa seca e, posteriormente, pela baixa densidade

populacional (31 DAE). Com isso, passaram a existir condições de desenvolvimento

para outras espécies, tais como carrapichão (Xanthium strumarium), beldroega e nabiça.

Família Nome Científico Nome Comum Código Classe

Amaranthaceae Alternanthera tenella Apaga-fogo ALRTE

Eudicotiledônea Amaranthus retroflexus Caruru AMARE

Asteraceae

Acanthospemum hispidum

Chifre-de-veado ACNHI

Eudicotiledônea Conyza canadensis Buva ERICA

Parthenium hysterophorus

Losna-branca PTNHY

Xanthium strumarium Carrapichão XANSI

Brassicaceae Raphanus raphanistrum Nabiça RAPRA Eudicotiledônea

Commelinaceae Commelina benghalensis Trapoeraba COMBE Monocotiledônea

Convolvulaceae Ipomea hederifolia Corda-de-viola IPOHF Eudicotiledônea

Cyperaceae Cyperus rotundus Tiririca CYPRO Monocotiledônea

Euphorbiaceae Euphorbia heterophylla Amendoim-bravo EPHHL Eudicotiledônea

Poaceae

Cenchrus echinatus Capim-carrapicho CCHEC

Monocotiledônea Digitaria horizontalis Capim-colchão DIGHO

Eleusine indica Capim-pé-de-

-galinha ELEIN

Pennisetum americanum Milheto -----

Portulacaceae Postulaca oleracea Beldroega POROL Eudicotiledônea

Solanaceae Nicandra physaloides Balãozinho NICPH Eudicotiledônea

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59

A partir de 31 DAE, a tiririca começou a perder importância, e a losna manteve-

se estável (Figura 03). O caruru retomou sua importância devido à germinação das

sementes presentes no solo, já que, no banco de sementes, era a espécie que apresentava

a maior expressão (13.000 sementes m-2).

Figura 03. Importância relativa (%) das principais populações de plantas daninhas que

infestaram o feijoeiro no plantio convencional, em função dos períodos

crescentes de convivência. Jaboticabal-SP, 2011.

No plantio direto, a predominância da tiririca foi elevada no início, e depois esta

importância foi caindo, chegando a 0% aos 66 DAE e mantendo-se até 110 DAE

(colheita da cultura). A tiririca conseguiu romper a camada de palha, pois seu broto

obtém um desenvolvimento satisfatório, devido à dimensão dos seus tubérculos, que

armazenam grandes quantidades de reservas nutricionais, o que lhes ofereceu vantagens

em relação às outras espécies nos períodos iniciais.

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

10 17 24 31 45 66 110

Imp

ort

ân

cia R

elati

va (

%)

Dias Após a Emergência (DAE)

AMARE CYPRO PTNHY Outras

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60

Porém suas plantas apresentam baixo porte aéreo e, ao decorrer dos dias, são

sombreadas pela cultura ou por outras plantas daninhas. Deve-se ressaltar ainda que, ao

se adotar o sistema de semeadura direta, segundo Deuber (1992), a multiplicação da

tiririca é reduzida, já que o não revolvimento do solo pelos implementos não fragmenta

e não espalha os tubérculos, impedindo a origem de novas plântulas.

A losna-branca, neste caso, manteve-se estável do começo ao final dos períodos

de convivência, e o caruru começou a ter destaque ao longo dos períodos. Inicialmente,

o caruru não foi importante devido à dificuldade que a palhada impôs à sua germinação,

já que suas sementes apresentam dimensões reduzidas (1,0 – 1,5 mm de diâmetro) e,

portanto, não garantem quantidades satisfatórias de nutrientes para o desenvolvimento

das plântulas. Condições semelhantes foram encontradas por Correia et al. (2006)

(Figura 04).

Nos dois sistemas, nota-se que a tiririca é uma planta presente, dificilmente

eliminada da comunidade. A predominância de tiririca corrobora outros estudos, tais

como Silva et al. (2005), que observaram no plantio de inverno do feijoeiro sua maior

importância relativa dentro da comunidade infestante, e outros, como Seguy el al.

(1999), que obtiveram um bom controle da planta na adoção do plantio direto, porém

não chegaram a sua erradicação.

Para os períodos de controle, no sistema de plantio direto, o controle das plantas

infestantes até os 17 DAE controla o caruru.

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61

Figura 04. Importância relativa (%) das principais populações de plantas daninhas que

infestaram o feijoeiro na semeadura direta, em função dos períodos

crescentes de convivência. Jaboticabal-SP, 2011.

A tiririca comportou-se de maneira estável em relação aos períodos de controle, e

as plantas de losna tiveram comportamento inverso em relação às demais da

comunidade. Enquanto a população de losna crescia (45 e 66 DAE), principalmente em

relação à massa seca acumulada, a importância das demais espécies diminuía (Figura

05).

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

10 17 24 31 45 66 110

Imp

ort

ân

cia R

elati

va (

%)

Dias Após a Emergência (DAE)

AMARE CYPRO PTNHY Outras

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62

Figura 05. Importância relativa (%) das principais populações de plantas daninhas que

infestaram o feijoeiro no plantio convencional, em função dos períodos

crescentes de controle. Jaboticabal-SP, 2011.

No sistema de plantio direto, as plantas de tiririca, caruru e outras espécies não

ultrapassaram o valor de 40%. Neste caso, independentemente do período de controle, a

predominância em densidade e acúmulo de massa seca foi da losna-branca. Pode-se

observar que, com o aumento nos dias de controle, maior é a importância da espécie

(Figura 06). Com isso, nota-se que a associação do controle das plantas e a presença da

palha diminuem o número de espécies que se sobressaem e que se desenvolvem de

maneira a vir a afetar o desenvolvimento da cultura.

Segundo Kissmann e Groth (1999), a planta de losna-branca floresce por um

longo período de tempo, o que pode explicar sua presença indiferente do período de

controle, já que um florescimento descontínuo gera um banco de sementes no solo com

períodos de germinação variados, e o mesmo pode ser observado pela análise do banco

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

0 10 17 24 31 45 66

Imp

ort

ân

cia R

elati

va (

%)

Dias Após a Emergência (DAE)

AMARE CYPRO PTNHY Outras

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63

de sementes da área, onde estavam presentes mais de 8.000 sementes m-2. Ainda

segundo Kohli et al. (1985), a planta apresenta a liberação de 2 compostos alelopáticos

que agem sinergicamente, de maneira a vir a prejudicar a germinação de outras

espécies.

Figura 06. Importância relativa (%) das principais populações de plantas daninhas que

infestaram o feijoeiro na semeadura direta, em função dos períodos

crescentes de controle. Jaboticabal-SP, 2011.

4.4 Índices de diversidade e equitabilidade

Com relação aos períodos de convivência, o índice de diversidade de Shannon-

-Weaver (H’) obteve valor máximo sempre superior a 2 no sistema convencional. Já em

relação ao plantio direto, este valor, em determinados períodos, foi inferior,

representando que, no plantio direto, estava presente um menor número de espécies

(Figura 07). Dentre os índices, o calculado com base na importância relativa (I.R.)

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

0 10 17 24 31 45 66

Imp

ort

ân

cia R

elati

va (

%)

Dias Após a Emergência (DAE)

AMARE CYPRO PTNHY Outras

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64

expressa melhor a relação entre as populações de plantas daninhas componentes da

comunidade, pois considera a frequência de ocorrência, o número de indivíduos e a

massa seca acumulada dessas populações.

Figura 07. Índices de diversidade de Shannon-Weaver (H’) das populações

componentes da comunidade infestante da cultura do feijão, estimados para

diversidade máxima (H’máx) e importância relativa (I.R.), em função dos

períodos crescentes de convivência, no sistema de semeadura direta (dir.) e

convencional (con.). Jaboticabal-SP, 2011.

Não se podem tecer comentários comparando os dois sistemas e seus índices de

diversidade relacionados à dominância, importância e frequência relativa, pois o valor

de H’máx depende do número de espécies presentes e do equilíbrio entre as populações

e no sistema de plantio direto, nota-se que este valor é também reduzido nos períodos

iniciais de convivência (Figura 07).

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

0 14 28 42 56 70 84 98 112

H'

Dias Após a Emergência (DAE)

H' máx con. H' máx dir. I. R. con. I. R. dir.

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65

Com relação à equitabilidade (E’), para os períodos crescentes de convivência, no

sistema de semeadura convencional, nota-se que a similaridade entre as espécies

mantém um padrão semelhante do início ao final do ciclo da cultura, sempre superior a

50%. Para a semeadura direta, nos períodos de convivência iniciais, a equitabilidade das

populações é baixa, e este valor cresce até que se atinja 70DAE. Neste caso, pode-se

dizer que, até os 20 DAE, a similaridade entre biomassa e densidade de espécies é

inferior a 50 %, o que significa uma diferença inicial entre massa seca e densidade de

plantas de determinadas espécies, por exemplo, a tiririca.

Com isso, demonstra-se a divergência das espécies iniciais no plantio direto,

quanto ao acúmulo de biomassa ou densidade de plantas, quando se tem uma cobertura

do solo com palha (Figura 08). Tal ocorrência corrobora outros estudos, tais como

Correia e Durigan (2004), que observaram um incremento na emergência de Ipomoea

quamoclit com a presença da cobertura morta de cana-de-açúcar.

Para os períodos crescentes de controle, no sistema de semeadura convencional, o

valor de diversidade mantém uma tendência de comportamento estável, observando-se,

ao longo dos períodos, uma queda da diversidade, ou seja, a redução no número de

espécies com o aumento dos dias de controle (Figura 09). Como exemplo, o caruru, que

foi perdendo sua importância com o aumento nos dias de controle.

Quando se analisa o sistema de plantio direto, nota-se um comportamento

semelhante da diversidade de espécies com o aumento dos dias de controle; porém,

neste caso, esta queda deve-se a predominância de losna-braca (Figura 06) sobre as

demais espécies durante todos os períodos.

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66

Figura 08. Índices de equitabilidade (E’) das populações componentes da comunidade

infestante da cultura do feijão, estimados para importância relativa (I.R.), em

função dos períodos crescentes de convivência, no sistema semeadura direta

(dir.) e convencional (con.). Jaboticabal-SP, 2011.

Para a equitabilidade, no sistema convencional de preparo de solo, nota-se que a

similaridade entre espécies é alta, independentemente do período de controle. Para a

semeadura direta, a equitabilidade diminui com o aumento dos dias de controle, ou seja,

diminui-se a semelhança entre as espécies presentes com relação à massa e passa a

predominar outras, tal como a losna-branca (Figura 10).

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

0 14 28 42 56 70 84 98 112

E'

Dias Após a Emergência (DAE)

con. dir.

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67

Figura 09. Índices de diversidade de Shannon-Weaver (H’) das populações

componentes da comunidade infestante da cultura do feijão, estimados para

diversidade máxima (H’máx) e importância relativa (I.R.), em função dos

períodos crescentes de controle, no sistema de semeadura direta (dir.) e

convencional (con.). Jaboticabal-SP, 2011.

4.5 Densidade e Massa Seca total média das plantas daninhas

Para os períodos crescentes de convivência, no sistema de semeadura

convencional, a máxima densidade de plantas atingida ocorreu aos 17 DAE, com 247

plantas m-2 e 83 plantas m-2, aos 31 DAE, no plantio direto. Com isso, nota-se o efeito

supressor da palhada na germinação das plantas daninhas, tanto no número médio de

plantas como nos dias necessários para se obter um acúmulo máximo, o que representa

o efeito supressor à germinação de certas espécies (Figura 11).

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

0 7 14 21 28 35 42 49

H'

Dias Após a Emergência (DAE)

H' máx con. H' máx dir. I. R. con. I. R. dir.

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68

Figura 10. Índices de equitabilidade (E’) das populações componentes da comunidade

infestante da cultura do feijão, estimados para importância relativa (I.R.), em

função dos períodos crescentes de controle, no sistema semeadura direta

(dir.) e convencional (con.). Jaboticabal-SP, 2011.

A massa seca média das populações presentes comportou-se de maneira

semelhante em ambos os sistemas de semeadura, até os 45 DAE, quando a velocidade

de ganho de massa no sistema de plantio direto passou a ser maior. Porém, por volta dos

60 DAE, esse acúmulo começou a cair até ser ultrapassado pela massa seca média das

espécies presentes no preparo de solo convencional. Essa não parou de crescer até o

final do ciclo da cultura (Figura 12).

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

0 7 14 21 28 35 42 49

E'

Dias Após a Emergência (DAE)

con. dir.

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69

Figura 11. Densidade total média das plantas daninhas (plantas m-2) que compuseram a

comunidade infestante, em função dos períodos de convivência (dias) com a

cultura do feijoeiro, nos sistemas de semeadura convencional (con.) e direta

(dir.). Jaboticabal-SP, 2011.

Figura 12. Massa seca total das plantas daninhas (g) que compuseram a comunidade

infestante, em função dos períodos de convivência (dias) com a cultura do

feijoeiro, nos sistemas de semeadura direta (dir.) e convencional (con).

Jaboticabal-SP, 2011.

0

50

100

150

200

250

300

0 14 28 42 56 70 84 98 112

Den

sid

ad

e (p

lan

tas

m-2

)

Dias Após a Emergência (DAE)

Con. Dir.

0,0

100,0

200,0

300,0

400,0

500,0

0 14 28 42 56 70 84 98 112

Mass

a S

eca (

g)

Dias Após a Emergência (DAE)

Con. Dir.

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70

A queda da massa seca média no sistema de semeadura direta pode estar

relacionada com o encerramento do ciclo de alguma espécie; neste caso, as espécies que

foram perdendo massa foram a tiguera de milheto e a tiririca, sendo que esta última foi

controlada após os 45 DAE.

Para os períodos crescentes de controle, no sistema convencional, a maior

densidade de plantas por metro quadrado foi de 80 plantas m-2 quando não existiu o

controle (0 DAE) e de 100 plantas m-2 no plantio direto para o controle até os 10 DAE.

Com o aumento nos dias de controle, o número de plantas foi menor, sendo que, para

ambos os sistemas, o comportamento das espécies foi semelhante (Figura 13).

Figura 13. Densidade total média das plantas daninhas (plantas m-2) que compuseram a

comunidade infestante, em função dos períodos de controle (dias) com a

cultura do feijoeiro, nos sistemas de semeadura convencional (con.) e direta

(dir.). Jaboticabal-SP, 2011.

0

20

40

60

80

100

120

0 14 28 42 56 70

Den

sid

ad

e (p

lan

tas

m-2

)

Dias Após a Emergência (DAE)

Con. Dir.

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Assim como a densidade, a massa seca média da comunidade infestante também

caiu com o aumento nos dias de controle. Porém, no sistema convencional de preparo

do solo, a queda apresentou maior velocidade (Figura 14). No plantio direto, essa massa

manteve-se alta por maiores períodos devido à persistência de plantas de losna-branca.

Figura 14. Massa seca total das plantas daninhas (g) que compuseram a comunidade

infestante, em função dos períodos de controle (dias) com a cultura do

feijoeiro, nos sistemas de semeadura direta (dir.) e convencional (con).

Jaboticabal-SP, 2011.

4.6 Produção da Cultura

Os resultados podem ser analisados observando-se as Tabelas 06 e 07. Houve

redução de 38% na produtividade média do feijoeiro quando a cultura conviveu durante

todo seu ciclo com a comunidade infestante, no caso do preparo convencional. No

plantio direto, a interferência causada foi menor (19,38%). Essa interferência foi

0,0

100,0

200,0

300,0

400,0

500,0

600,0

0 14 28 42 56 70

Mass

a S

eca (

g)

Dias Após a Emergência (DAE)

Con. Dir.

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72

também identificada em outros estudos (MALIK et al., 1993; ZOLLINGER; KELLS,

1993).

Tabela 06. Produção da cultura de feijão sem e com o convívio das plantas daninhas

durante todo seu ciclo de desenvolvimento e redução de produtividade.

Jaboticabal-SP, 2011.

Tabela 07. Parâmetros determinados para as equações sigmoidais de Boltzman,

ajustadas aos dados de produtividade de grãos, em função dos períodos de

convivência e controle com as plantas daninhas, para a cultura do feijão.

Jaboticabal-SP, 2011.

O feijoeiro, por se tratar de uma planta de ciclo vegetativo curto, torna-se bastante

sensível à competição, sobretudo nos estádios iniciais de desenvolvimento vegetativo,

dificultando todo o seu manejo (COBUCCI et al., 1999).

Convívio Semeadura convencional Semeadura direta

Produção (kg ha-1)

Com 1.228 1.534

Sem 1.985 1.903

Redução da Produtividade (%) 38,15 19,38

Parâmetros Semeadura Convencional Semeadura Direta

Convivência Controle Convivência Controle

A1 1958,39 1347,98 1859,71 1637,39

A2 1181,82 1980,76 1422,66 2141,29

x0 35,60 19,26 31,49 30,81

dx 11,18 1,93 12,43 0,18

R2 0,89 0,84 0,34 0,54

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Sem a presença da comunidade infestante, a produtividade do feijão sobre

preparo convencional, mostrou-se semelhante à obtida no plantio direto. Esse resultado

corrobora outros estudos (FARINELLI et al., 2005; ARF et al., 2004).

Porém, ao se comparar a produtividade obtida com a presença da comunidade

infestante durante todo o ciclo, nota-se que o feijoeiro, sob sistema convencional, sofre

maior interferência, produzindo aproximadamente 300 kg ha-1 a menos do que o

feijoeiro sob plantio direto (Tabela 06).

4.6.1 Massa de 100 grãos

Com relação à massa de 100 grãos de feijão, não se constataram diferenças

significativas entre efeitos dos diferentes métodos de semeadura, estando esses valores

entre 20,7 g e 27,6 g (Tabela 08). Resultado semelhante foi verificado por Silveira et al.

(1988).

Tabela 08. Massa média de 100 grãos de feijão em gramas, para os períodos crescentes

de convivência e controle, implantado sobre o sistema de semeadura direta e

convencional. Jaboticabal-SP, 2011.

Dias Após a

Emergência

Massa 100 grãos Conv. Massa 100 grãos Dir.

Convivência Controle Convivência Controle ________________________________ g ______________________________

0 26,05 25,49 22,53 23,47

10 26,28 25,39 22,48 24,16

17 25,71 26,33 23,26 22,61

25 26,08 26,23 23,59 23,80

31 25,34 25,93 24,89 22,51

45 26,09 25,75 24,11 24,36

66 25,55 25,52 23,51 24,36

110 25,49 26,05 23,47 22,53

dms 2,49 3,39

F 0,49 NS 1,38 NS

CV (%) 3,82 5,71

Conv. Semeadura convencional; Dir. Semeadura direta.

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74

4.6.2 Determinação do Período Anterior à Interferência

Tolerando-se 5% de redução na produtividade da cultura do feijoeiro, esta passou

a ser afetada negativamente quando a convivência com as plantas daninhas se estendeu

até 14 dias e 15 dias para a semeadura em preparo de solo convencional e plantio direto,

respectivamente, ou para o estádio V2 (folhas primárias abertas) para a semeadura

convencional e direta (Figuras 17 e 18).

Figura 17. Produtividade de grãos da cultura de feijoeiro (kg ha-1), sob semeadura

convencional, na safra de primavera, em função dos períodos de convivência

e controle com as plantas daninhas. Jaboticabal-SP, 2011.

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Figura 18. Produtividade de grãos da cultura de feijoeiro (kg ha-1), sob semeadura

direta, na safra de primavera, em função dos períodos de convivência e

controle com as plantas daninhas. Jaboticabal-SP, 2011.

A cultura foi afetada negativamente até os 23 dias no sistema convencional, e até

os 31 dias no plantio direto, correspondendo aos estádios V3 (primeiro trifólio

totalmente expandido) e V4 (terceiro trifólio totalmente expandido), respectivamente.

Portanto, os períodos críticos à prevenção da interferência foram de 9 dias no sistema de

convencional e de 16 dias no direto.

Apesar de a palhada de milheto impedir o sucesso de germinação e

desenvolvimento de diversas espécies, tais como caruru e tiririca, por outro lado, criou

condições para que uma espécie em específico obtivesse um desenvolvimento superior

as demais. Dessa maneira, a losna-branca mostrou-se mais adaptada às condições,

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76

interferindo por maior tempo na cultura devido a seu maior acúmulo de massa e menor

mortalidade.

Agundis et al. (1963) verificaram que a maior competição entre o feijoeiro e as

plantas daninhas ocorreu nos primeiros 30 dias da cultura e que, no período

compreendido entre o décimo e o trigésimo dia após a germinação, ocorreu redução

acentuada na produção da cultura.

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5. CONCLUSÕES

O sistema de plantio direto garante ao feijoeiro um crescimento sob menor

interferência de plantas daninhas. Porém, a palhada pode criar condições ótimas ao

desenvolvimento de determinadas espécies, tais como a losna-branca. Deve-se, neste

caso, obter um controle satisfatório destas plantas por meio de capinas manuais, ou pelo

uso de herbicidas.

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6. RESUMO

A produtividade média do feijoeiro no Brasil é muito baixa (882 kg ha-1). Esse

fato ocorre porque há influência de vários fatores, dentre os quais a interferência das

plantas daninhas. O objetivo deste estudo foi determinar os períodos críticos à

interferência das plantas daninhas em convivência com a cultura do feijoeiro, cultivar

Pérola, em resposta a diferentes sistemas de semeadura (convencional e direta), na safra

de primavera. No sistema de plantio direto, a cultura antecessora ao feijoeiro foi o

milheto, que gerou 2 t ha-1 de massa seca. Estiveram presentes 17 espécies, sendo 11

eudicotiledôneas. O caruru (Amaranthus retroflexus) teve maior importância na

semeadura convencional, enquanto a losna-branca (Parthenium hysterophorus), na

direta. Para o sistema convencional, o período crítico de prevenção à interferência foi do

estádio V2 ao V3, e do V2 ao V4 no direto.

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7. SUMMARY

The average productivity of beans in Brazil is very low (882 kg ha-1). This fact

occurs because the influence of various factors, including the weed interference. The

objective of this study was to determine the critical periods of weed interference in

beans, in response to different cultivation systems (conventional and no-tillage), in the

spring sowing season. Were present 17 species, with 11 broadleaves. The Redroot

pigweed (Amaranthus retroflexus) had the major importance in conventional sowing,

while Parthenium ragweed (Parthenium hysterophorus) in the no-tillage. For the

conventional and no-tillage system, the prevent critical period was from V2 to V3 and

V2 to V4 bean phenological stage, respectively.

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