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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS
CYNTHIA ABEN-ATHAR PONTE
FATORES ASSOCIADOS AOS SINTOMAS LARÍNGEOS ATRIBUÍDOS AO
REFLUXO GASTROESOFÁGICO EM PACIENTES COM LARINGITE
POSTERIOR.
FORTALEZA
2015
CYNTHIA ABEN-ATHAR PONTE
FATORES ASSOCIADOS AOS SINTOMAS LARÍNGEOS ATRIBUÍDOS AO
REFLUXO GASTROESOFÁGICO EM PACIENTES COM LARINGITE
POSTERIOR.
Tese apresentada ao programa de Pós-
Graduação em Ciências Médicas da
Universidade Federal do Ceará como
requisito para o título de Doutor em
Ciências Médicas
Orientador: Prof. Dr. Marcellus Henrique
Loiola Ponte Souza.
FORTALEZA
2015
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará Biblioteca de Ciências da Saúde
P857f Ponte, Cynthia Aben-Athar.
Fatores associados aos sintomas laríngeos atribuídos ao refluxo gastroesofágico em pacientes com laringite posterior./ Cynthia Aben-Athar Ponte. – 2015.
104 f.: il. color. Tese (doutorado). – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Medicina,
Departamento de Clínica Médica, Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas, Doutorado em Ciências Médicas, Fortaleza, 2015.
Área de Concentração: Gastroenterologia. Orientação: Prof. Dr. Marcellus Henrique Loiola Ponte Souza. 1. Refluxo Gastroesofágico. 2. Laringite. 3. Ansiedade. I. Título.
CDD 616.33
CYNTHIA ABEN-ATHAR PONTE
FATORES ASSOCIADOS AOS SINTOMAS LARÍNGEOS ATRIBUÍDOS AO
REFLUXO GASTROESOFÁGICO EM PACIENTES COM LARINGITE
POSTERIOR.
Tese submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Ciências Médicas,
da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau
de Doutor em Ciências Médicas.
Aprovada em ___/___/______.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Marcellus Henrique Loiola Ponte de Souza (Orientador)
Universidade Federal do Ceará
Prof. Dr. Roberto de Oliveira Dantas
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto -Universidade de São Paulo
Profa. Dra. Gardêrnia Costa do Carmo
Universidade Unichristus – Fortaleza, CE
Prof. Dr. Armênio Aguiar dos Santos
Universidade Federal do Ceará
Prof. Dr. Antonio Aldo de Melo Filho
Universidade Federal do Ceará
Dedico esta tese
à pessoa que sempre valorizou e vibrou com cada momento, por mais simples que
fosse, do meu crescimento pessoal e profissional, meu pai;
Ao Marcellus, por persistir acreditando e me amando, com todo ônus e todos os
bônus que a vida nos oferece;
Aos meus filhos, Helena e João, simplesmente por existirem na minha vida. Isso já
me basta.
“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar.
Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota.”
Madre Tereza de Calcutá
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente aos pacientes voluntários, que pacientemente colaboraram
com este trabalho, esperando como único retorno uma esperança da melhora dos
seus sintomas;
Ao meu orientador, que foi o idealizador e a alma deste trabalho, conduzindo todas
as etapas com competência e a certeza irrefutável de que tudo daria certo;
Ao Professor Miguel, por me ensinar metodologias que eu não dominava, com
profundo rigor técnico e visível prazer pela ciência;
Às colegas pós-graduandas, Tanila e Patrícia, por muitas vezes serem meus braços
e pernas neste trabalho, além do apoio emocional e da convivência sempre cordial;
Aos alunos Krissia e Renan, pela ajuda fundamental nas nossas manhãs de exame,
pacientemente aplicando os questionários, ajudando nos exames e na análise dos
dados;
À técnica do Laboratório de Pesquisa em Gastroenterologia, Nádia, pela
disponibilidade, dedicação e carinho em todos os momentos;
Às secretárias da Pós-graduação em Ciências Médicas, Ivone e Rita, por toda
disponibilidade e atenção;
Aos meus familiares por todo apoio, sempre.
RESUMO
Fatores associados aos sintomas laríngeos atribuídos ao refluxo gastroesofágico em pacientes com laringite posterior. Cynthia Aben-Athar Ponte. Tese (Doutorado). Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Ciências Médicas. Orientador: Professor Doutor Marcellus Henrique Loiola Ponte de Souza. O presente estudo teve como objetivo avaliar a influência dos parâmetros de motilidade esofágica, das características do refluxo gastroesofágico, da presença de ansiedade e depressão, da presença de sintomas dispépticos e do esvaziamento gástrico sobre os sintomas laríngeos (rouquidão, pigarro e tosse) em pacientes com laringite posterior atribuída a DRGE. Inicialmente, foram estudados 20 pacientes com laringe posterior e sintomas típicos de DRGE e 12 pacientes com esofagite erosiva de refluxo sem sintomas laríngeos. Todos os pacientes realizaram endoscopia digestiva alta, manometria de alta resolução e responderam ao questionário de sintomas para DRGE (QS-DRGE) e o questionário de qualidade de Vida Relacionada a Saude na DRGE (QVRS-DRGE). Posteriormente, somente o grupo de pacientes com laringite foram submetidos a impedancio-pHmetria de 24 horas, responderam a escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS) e ao questionário de Porto Alegre de Sintomas Dispépticos (PADYQ), e realizaram o teste respiratório de esvaziamento gástrico, sendo todos os protocolos aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HUWC (14464214.8.0000.5045). Os dados foram analisados utilizando os testes t de Student não pareado, Mann-Whitney e a correlação de Spearman. A endoscopia digestiva alta foi normal em 85% dos pacientes com laringite. A necessidade de utilizar o medicamento teve maior impacto sobre a qualidade de vida do grupo com esofagite, enquanto o grau de insatisfação com a sua situação foi significativamente maior no grupo com laringite. Os pacientes com laringite apresentaram pressões do esfíncter esofágico inferior e contractilidade do corpo do esôfago significativamente maiores que o grupo esofagite. Não houve correlação entre os parâmetros de motilidade esofágica com a freqüência dos sintomas laríngeos (rouquidão, pigarro e tosse) no grupo laringite. Houve uma correlação positiva entre a freqüência dos sintomas de rouquidão, pigarro e tosse com o número de refluxos aferidos pela impedancio-pHmetria. Esta correlação foi encontrada apenas com os refluxos fracamente ácidos (4,0 < pH < 6,5) para o sintoma rouquidão; ou alcalinos (pH > 6,5) para os sintomas pigarro e tosse. Observou-se uma prevalência alta de ansiedade/depressão nos pacientes com laringite (50%), com uma correlação positiva entre a intensidade da ansiedade e a freqüência de rouquidão e pigarro, mas não tosse. Os pacientes com laringite apresentaram uma grande prevalência de sintomas dispépticos (75%), porém não foi observado retarde no esvaziamento gástrico de sólidos neste grupo quando comparado com indivíduos normais. A partir deste resultados podemos concluir que os sintomas laríngeos atribuídos ao refluxo gastroesofágico estão associados com um maior grau de insatisfação com a sua situação cínica e perda na qualidade de vida; com a presença de refluxos fracamente ácidos ou alcalinos e com a presença de ansiedade. Não houve relação, porém, destes sintomas com lesões endoscópicas da mucosa; alterações na motilidade esofágica e com o esvaziamento gástrico. Palavras- chave: Laringite, DRGE, sintomas, ansiedade.
ABSTRACT
Factors associated with the laryngeal symptoms attributed to gastroesophageal reflux in patients with posterior laryngitis. Cynthia Aben-Athar Ponte. Tese (PhD). Post-graduate Program Stricto Sensu in Medical Sciences. Advisor: Professor Marcellus Henrique Loiola Ponte de Souza. This study aimed to evaluate the influence of esophageal motility parameters, the characteristics of gastroesophageal reflux, the presence of anxiety and depression, the presence of dyspeptic symptoms and the gastric emptying on the laryngeal symptoms (hoarseness, throat clearing and coughing) in patients with posterior laryngitis attributed to GERD. Initially, we studied 20 patients with posterior larynx and typical symptoms of GERD and 12 patients with erosive reflux esophagitis without laryngeal symptoms. All patients underwent upper endoscopy, high-resolution manometry and answered the questionnaire of GERD symptoms (QS-GERD) and the questionnaire about quality of life in GERD (QVRS-DRGE). Then, only the group of patients with laryngitis underwent 24 hours impedance-pH monitoring, answered Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS) and the questionnaire of Porto Alegre of dyspeptic symptoms (PADYQ) and underwent gastric emptying breath test. All protocols were approved by the Research Ethics Committee of HUWC (14464214.8.0000.5045). Data were analyzed using the unpaired Student t test, Mann-Whitney and the correlation of Spearman. Endoscopy was normal in 85% of patients with laryngitis. The need to use medication had greater impact on the quality of life of the group with esophagitis, while the degree of dissatisfaction with their situation was significantly higher in patients with laryngitis. Patients presented with laryngitis had pressure of the lower esophageal sphincter and contractility of the esophageal body significantly larger than esophagitis group. There was no correlation between esophageal motility parameters with the frequency of laryngeal symptoms (hoarseness, throat clearing and coughing) in the laryngitis group. There was a positive correlation between the frequency of symptoms of hoarseness, throat clearing and coughing with the number of reflux measured by impedance-pH monitoring. This correlation was found only with weakly acidic reflux (4.0 <pH <6.5) for the symptom hoarseness; or alkaline (pH> 6.5) for symptoms throat clearing and cough. There was a high prevalence of anxiety / depression in patients with laryngitis (50%), with a positive correlation between the intensity of anxiety and the frequency of hoarseness and , but not coughing. Patients with laryngitis showed a high prevalence of gastrointestinal symptoms (75%), but it was not observed delay in gastric emptying of solids in this group when compared to normal subjects. From this results we conclude that the laryngeal symptoms attributed to gastroesophageal reflux are associated with a greater degree of dissatisfaction with clinical situation and loss in quality of life; with the presence of weakly acidic or alkaline reflux and with anxiety. It was unrelated to endoscopic mucosal injury , changes in esophageal motility and gastric emptying . Keywords : Laryngitis , GERD symptoms , anxiety.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
DRGE - Doença do Refluxo Gastroesofagico
JEG - Junção Esofagogastrica,
EEI - Esfíncter Esofagiano Inferior
EDA - Endoscopia Digestiva Alta
NERD - Doença do Refluxo não Erosiva
RGE - Refluxo Gastroesofágico
QS-DRGE - Questionário de Sintomas de DRGE
QVRS-DRGE – Questionário de Qualidade de Vida Relacionada à Saúde na DRGE
EES - Esfíncter Esofagico Superior
IBP – Inibidores de Bomba de Prótons
HUWC - Hospital Universitario Walter Cantídio
UFC - Universidade Federal do Ceara
SUS - Sistema Unico de Saude
PADYQ – Questionário de Porto Alegre de Sintomas Dispépticos
HADS - Escala de Ansiedade e Depressão
MAR - Manometria de Alta Resolução
AGA - Associação Americana de Gastroenterologia
PDR – Porcentagem da Dose de Carbono Recuperada
PDR-c - Porcentagem da Dose de Carbono Recuperada cumulativa
t50 - Tempo medio de esvaziamento gastrico
DCI – Integral de Contratilidade Distal
IMC – Índice de Massa Corporal (Kg/cm2)
LISTA DE FIGURAS
PÁGINA
FIGURA 1 Anatomia da junção esofagogástrica 18
FIGURA 2 Laringe normal 26
FIGURA 3 Laringe anormal 27
FIGURA 4 Aparelho de Manometria e Impedância de Alta Resolução
Sierra Scientific Instruments
37
FIGURA 5 Sonda de pressão e impedância, Sierra Scientific
Instruments.
37
FIGURA 6 Imagem de topografia de pressões à manometria de alta
resolução
38
FIGURA 7 Representação esquemática da Sonda de impedancio-
pHmetria
41
FIGURA 8 Imagem de registro de refluxo líquido ácido à impedancio-
pHmetria
42
FIGURA 9 Imagem de registro de refluxo de gasoso ácido à
impedancio-pHmetria
43
FIGURA10
FIGURA11
Imagem de um registro de refluxo misto ácido à impedancio-
pHmetria
Imagem de um registro de refluxo líquido fracamente ácido à
impedancio-pHmetria
43
44
FIGURA12 Equipamento de Espectometria Infravermelha (IRIS II) 45
FIGURA13 Curva de Esvaziamento Gástrico de Sólidos Normal
46
LISTA DE QUADROS
PÁGINA
QUADRO 1 Classificação Endoscópica de Los Angeles
19
QUADRO 2 Indicações Clínicas da pHmetria de 24 horas
20
QUADRO 3 Sintomas Associados ao Refluxo Laringofaríngeo 24
LISTA DE TABELAS
PÁGINA
TABELA 1 Características clínicas e demográficas da amostra dos
portadores DRGE com laringite ou com esofagite.
48
TABELA 2 Freqüência dos sintomas atribuídos ao refluxo
apresentados na amostra dos portadores de laringite ou de
esofagite.
49
TABELA 3 Avaliação da qualidade de Vida na DRGE (HBQOL) na
amostra dos portadores de laringite ou de esofagite
51
TABELA 4 Avaliação da motilidade esofágica por manometria de alta
resolução nos portadores de laringite ou de esofagite
53
TABELA 5 Correlação entre a freqüência de sintomas laríngeos do
grupo com laringite e os achados da manometria esofágica
de alta resolução
56
TABELA 6 Achados da impedâncio-phmetria na amostra dos
portadores de laringite.
58
TABELA 7 Correlação entre a freqüência de sintomas laríngeos do
grupo com laringite e alterações na impedancio- phmetria
61
TABELA 8 Ansiedade e depressão na amostra dos portadores de
laringite medida pela Escala Hospitalar de Ansiedade e
Depressão (HADS)
63
TABELA 9 Correlação entre a freqüência de sintomas laríngeos do
grupo com laringite e a presença de sintomas e ansiedade
e depressão medida pela Escala Hospitalar de Ansiedade e
Depressão (HADS)
64
TABELA 10 Sintomas dispépticos na amostra dos portadores de
laringite medidos pelo Questionário de Porto Alegre de
Sintomas Dispépticos (PADYQ)
66
TABELA 11 Correlação entre a freqüência de sintomas laríngeos do
grupo com laringite e a presença de sintomas dispépticos
medidos pelo Questionário de Porto Alegre de Sintomas
Dispépticos (PADYQ)
67
TABELA 12 Correlação entre a freqüência de sintomas laríngeos do
grupo com laringite e o esvaziamento gástrico de sólido
medido pelo teste respiratório do carbono 13
68
LISTA DE GRÁFICOS
.
PÁGINA
GRÁFICO 1 Freqüência dos sintomas laríngeos atribuídos ao refluxo
apresentados na amostra dos portadores de Laringite ou
de Esofagite
50
GRÁFICO 2 Somatório dos Escores atribuídos ao refluxo na amostra
dos portadores de Laringite ou de Esofagite.
52
GRÁFICO 3 Avaliação de parâmetros do esfíncter esofágico inferior na
amostra dos portadores de Laringite ou de Esofagite
54
GRÁFICO 4 Avaliação de parâmetros de motilidade no corpo do
esôfago na amostra dos portadores de Laringite ou de
Esofagite
55
GRÁFICO 5 Avaliação da intensidade dos sintomas laríngeos em
relação a alteração ou não nos parâmetros da
impedancio-phmetria
59
GRÁFICO 6 Correlação entre o número de refluxos mensurados pela
impedancio-phmetria e a freqüência dos sintomas
laríngeos
62
GRÁFICO 7 Correlação entre os escores de ansiedade medido pela
Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS) e a
freqüência dos sintomas laríngeos
65
SUMÁRIO
PÁGINA
1 INTRODUÇÃO
17
1.1 DRGE - Definição, Prevalência e Fisiopatologia
17
1.2 DRGE - Diagnóstico e Métodos Complementares
18
1.3 DRGE – Manifestações Atípicas
22
1.4 DRGE – Sintomas laríngeos.
23
1.5 DRGE - Laringite Posterior
25
1.6 Justificativa da Pesquisa
30
2 OBJETIVOS
31
2.1 Objetivo Geral
31
2.2 Objetivos Específicos
31
3 MÉTODOS
32
3.1 Natureza do estudo
32
3.2 Casuística
32
3.3 Local de Realização do Estudo
33
3.4 Delineamento do estudo
34
3.4.1 Avaliação Clínica
34
3.4.2 Endoscopia Digestiva Alta
35
3.4.3 Manometria de Esôfago de Alta Resolução (MAR).
36
3.4.4 Impedancio-phmetria de 24 horas
40
3.4.5 Esvaziamento Gástrico de Sólidos
44
3.5 Análise Estatística
46
3.6 Aspectos Éticos
46
4 RESULTADOS
47
4.1 Características clínicas e demográficas da população de estudo 47
4.2 Motilidade esofágica avaliada por manometria de alta resolução na população de estudo.
52
4.3 Correlação entre os sintomas de rouquidão, pigarro ou tosse do grupo laringite com a motilidade esofágica.
56
4.4 Refluxos gastroesofágicos avaliados por impedancio-phmetria no grupo de pacientes com Laringite.
57
4.5 Correlação entre os sintomas de rouquidão, pigarro ou tosse do grupo laringite com o número de refluxos gastroesofágicos.
60
4.6 Ansiedade e depressão avaliados pela Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS) no grupo de pacientes com Laringite.
63
4.7 Correlação entre os sintomas de rouquidão, pigarro ou tosse do grupo Laringite com os escores de ansiedade/depressao.
64
4.8 Sintomas dispépticos avaliados pelo questionário de Porto Alegre de sintomas dispépticos (PADYQ) no grupo de pacientes com Laringite.
66
4.9 Correlação entre os sintomas de rouquidão, pigarro ou tosse do grupo laringite com os escores de sintomas dispépticos.
67
4.10 Esvaziamento gástrico de sólido medido pelo teste respiratório com carbono13 no grupo de pacientes com Laringite.
68
4.11 Correlação entre os sintomas de rouquidão, pigarro ou tosse do grupo laringite com o esvaziamento gástrico.
68
5 DISCUSSÃO 69
6 CONCLUSÃO 74
7 REFERÊNCIAS
75
ANEXOS
18
1
1. INTRODUÇÃO
1.1 DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO - Definição, Prevalência e
Fisiopatologia
A Doença do Refluxo Gastroesofagico (DRGE) e uma afecção crônica
decorrente do refluxo de parte do conteúdo gástrico ou gastroduodenal para o
esôfago e/ou órgãos adjacentes, como faringe, laringe e brônquios, acarretando um
espectro variável de sintomas e/ou sinais esofágicos ou extraesofágicos, associados
ou não a lesões teciduais (MORAES FILHO, 2010). É uma patologia que acomete a
população economicamente ativa, sendo tema importante na saúde pública devido à
alta prevalência e ao elevado número de consultas ambulatoriais, com prejuízo às
atividades sociais e laborais dos indivíduos acometidos, e resultante impacto
financeiro (CURY, 2006).
No Brasil, estudo populacional incluindo 14.000 pessoas, identificou
prevalência de DRGE em cerca de 12 % da população urbana, o que implica em
pelo menos 20 milhões de indivíduos acometidos (MORAES FILHO, 2005). A DRGE
acomete aproximadamente 40% da população dos Estados Unidos (LOCKE, 1997).
Outros estudos populacionais como os de El-serag (2012) e Sharma (2008)
encontraram uma prevalência estimada de 18,1%-27,8% em norteamericanos,
8,8%-25,9% em europeus e 23% na América do Sul, com prevalência menor na Ásia
e África, porem com tendência mundial a aumento nesta prevalência. Alguns fatores
estão relacionados ao aumento da prevalência mundial da DRGE como aumento da
longevidade, obesidade e consumo de medicamentos que alteram a função do
esôfago (PANDOLFINO, 2008).
A competência da barreira anti-refluxo, localizada na Junção Esôfagogastrica
(JEG), e o principal mecanismo responsavel por impedir o desenvolvimento da
DRGE. Esta e uma zona anatomicamente complexa cuja função anti-refluxo
depende da pressão intrínseca do esfíncter esofagiano inferior (EEI) e compressão
extrínseca do EEI pelo diafragma crural, alem da integridade do ligamento
frenoesofagico e manutenção do ângulo de His (FIGURA 1). Os três principais
mecanismos responsaveis pela incompetência da JEG são: (1) relaxamentos
transitorios do EEI, sem nenhuma anormalidade anatômica; (2) hipotensão do EEI; e
19
(3) distorção anatômica da junção esôfago gastrica (VAN, 2000; PANDOLFINO,
2008). Os relaxamentos transitórios são períodos longos (10 a 60 segundos) de
relaxamento simultâneo do EEI e do diafragma crural. Trata-se de um reflexo neural,
mediado pelo vago, sendo o óxido nítrico o neurotransmissor pós-ganglionar. Ocorre
mais comumente quando há distensão gástrica, no decúbito lateral direito e nas
refeições ricas em gordura, sendo o principal mecanismo fisiopatológico da DRGE
(MITTAL, 1988; MITTAL, 1996).
FIGURA 1 – Anatomia da junção esofagogástrica
Fonte: modificado de Mittal e Balaban, 1997, p. 925.
1.2 DRGE - Diagnóstico e Métodos Complementares
O diagnostico da DRGE pode ser feito pela presença das suas principais
manifestações clínicas, que são a regurgitação ácida e a pirose. Entende-se por
pirose a sensação de queimação retroesternal que se irradia do manúbrio do esterno
à base do pescoço, podendo atingir a garganta ou irradiar-se para baixo, para a
região epigástrica. Pelo Consenso Brasileiro de DRGE, os sintomas devem estar
presentes pelo menos duas vezes na semana por pelo menos 4 a 8 semanas, sendo
que a intensidade e frequência dos sintomas são fracos preditores da presença ou
gravidade de complicações, como a esofagite, por exemplo (MORAES FILHO,
2010).
20
O diagnóstico através da Endoscopia Digestiva Alta (EDA) convencional tem
baixa sensibilidade, uma vez que 30 a 60% dos doentes com sintomas típicos, e
atém 80% dos pacientes com sintomatologia atípica, não apresentam alterações
endoscópicas (MORAES FILHO, 2010). Estes pacientes com sintomas típicos de
DRGE e sem alterações endoscópicas são denominados portadores de doença do
refluxo não erosiva (NERD). A EDA, portanto, está indicada na avaliação das
complicações da DRGE. Dentre as complicações esofágicas possíveis incluem-se: a
esofagite de refluxo, que é classificada segundo a classificação endoscópica de Los
Angeles (LUNDELL, 1999) (QUADRO 1), as estenoses pépticas do esôfago, o
epitélio de Barrett e o adenocarcinoma de esôfago.
QUADRO 1 – Classificação Endoscópica de Los Angeles
GRAU ACHADO
A Uma ou mais erosões menores do que 5 mm.
B Uma ou mais erosões maiores do que 5 mm em sua
maior extensão , não contínuas.
C
Erosões contínuas (ou convergentes) entre os ápices
de pelo menos 2 pregas, envolvendo menos do que
75% do órgão.
D Erosões ocupando pelo menos 75% da circunferência
do órgão.
Fonte: CHINZON, 2003
Para pacientes com sintomas de Refluxo Gastroesofágico (RGE) e EDA
normal, o exame de pHmetria de 24 horas com registro de sintomas pode definir o
diagnóstico em até 90% dos casos (MORAES FILHO, 2010). A pHmetria de 24
horas é especialmente útil na investigação de pacientes com sintomas típicos ou
atípicos que não responderam à terapia com inibidores de secreção ácida; ou em
pacientes que irão submeter-se a terapia cirúrgica ou endoscópica para o refluxo, ou
já se submeteram e não obtiveram melhora clínica (QUADRO 2). Neste exame, um
sensor de pH é posicionado no esôfago distal, convencionalmente a 5cm acima do
21
EEI. Outros sensores podem ser posicionados ainda no esôfago proximal (15cm
acima do EEI) ou na hipofaringe (2cm acima do EES), quando se deseja avaliar
refluxo laríngeo, por exemplo. Os parâmetros avaliados na pHmetria de 24 horas e
contabilizados para o diagnóstico de refluxo patológico foram definidos por
DeMeester há 30 anos (JOHSON E DEMEESTER, 1986). Dentre eles, o tempo total
com pH intra-esofágico abaixo de 4,0 é o parâmetro mais específico e reprodutível
no diagnóstico da DRGE (WIENER, 1988).
QUADRO 2 – Indicações Clínicas da pHmetria de 24 horas
INDICAÇÕES DA PHMETRIA DE 24 HORAS
Ausência de resposta após 4 semanas de IBP em pctes com sintomas
típicos de DRGE
Ausência de resposta após 6 a 8 semanas de IBP em pctes com sintomas
atípicos de DRGE
Avaliação antes de terapia cirúrgica ou endoscópica para DRGE
Persistência de sintomas após terapia cirúrgica ou endoscópica para
refluxo
Adaptado de VAEZI, 2009.
A impedanciometria, por sua vez, detecta os eventos de refluxo através de
mudanças na resistência à corrente elétrica entre pelo menos 2 eletrodos
posicionados em um catéter esofágico quando um bolus se move entre eles.
Permite, portanto, a caracterização do tipo de refluxo como líquido (queda na
impedância), gasoso (aumento na impedância) ou misto. Quando associado à
pHmetria permite ainda a diferenciação entre refluxos ácidos e não ácidos (CHIEN-
LIN, 2013). A impedancio-pHmetria está indicada, por exemplo, na avaliação dos
pacientes com DRGE que não respoderam à terapia anti-secretora ácida, com a
finalidade de avaliar o papel dos refluxos não ácidos na persistência dos sintomas
nestes pacientes.
A manometria esofágica é um método diagnóstico que permite o estudo da
peristalse esofágica primária e secundária, da coordenação da função do corpo
esofágico e dos esfíncteres e a aferição da pressão, posição e morfologia do EEI
22
(AGA, 2005, TUTUIAN, 2005), cujas medidas podem estar associadas à DRGE.
Além disto, ao fornecer a posição exata do EEI, a manometria é bastante útil para o
posicionamento do catéter de pHmetria, o qual é normalmente colocado 5cm acima
do bordo superior do esfíncter. Embora diversas anormalidades da motilidade
esofágica possam estar associadas à DRGE, nenhuma delas tem valor diagnóstico.
Alguns pacientes podem se beneficiar dos resultados manométricos na avaliação de
indicação ou contra-indicação cirúrgica, a partir dos valores de pressão do EEI e da
motilidade do corpo esofágico.
Os testes de esvaziamento gastrico de sólidos, apesar de não ser utilizado
rotineiramente na avaliação diagnóstica dos pacientes com RGE pode evidenciar um
esvaziamento atrasado em 10% a 33% dos pacientes adultos com DRGE, mas
nunca foi comprovada a correlação entre o tempo de esvaziamento gastrico e
gravidade da esofagite de refluxo. Por outro lado, utilizando simultaneamente a
avaliação do esvaziamento gastrico e a mensuração do refluxo por impedancio-
pHmetria, verificou-se que a taxa de esvaziamento gastrico pode determinar o nível
de acidez e a extensão proximal de refluxo. Quanto mais lento o esvaziamento, mais
elevado o pH e a extensão proximal do refluxo (EMERENZIANI & SIFRIM, 2005).
Com o objetivo de quantificar a DRGE e avaliar o seu impacto sobre a
qualidade de vida dos indivíduos acometidos pode-se utilizar questionários
estruturados de sinais e sintomas e de qualidade de vida. Estes questionários foram
criados com a finalidade de transformar a avaliação subjetiva em escores numéricos
(FORNARI, 2004; VELANOVICH, 1996).
O Questionário de Qualidade de Vida Relacionado à Saúde na DRGE (QVRS-
DRGE) (ANEXO 2) utiliza o sintoma de pirose como principal forma de avaliar a
DRGE e suas repercussões sobre a qualidade de vida, concentrando-se na
intensidade e não na frequência dos sintomas (VELANOVICH, 1996; PEREIRA,
2007) (Anexo 2). Estes autores demonstraram ser este um instrumento de excelente
reprodutibilidade e de fácil compreensão pelo indivíduo que o responde. No entanto,
uma limitação observada na aplicação deste questionário é a não abrangência dos
sintomas atípicos ou extra-esofágicos, cuja prevalência está sendo mais
reconhecida atualmente (FORNARI, 2004). Os questionários de qualidade de vida
mostram que a alteração na produtividade e no padrão de vida do indivíduo se
correlaciona mais com a intensidade dos sintomas do que com a frequência dos
mesmos. (WAHLQVIST, 2002; WAHLQVIST, 2006).
23
1.3 DRGE – Manifestações Atípicas
A ausência de sintomas típicos e a normalidade dos exames complementares
não exclui a DRGE. Várias manifestações atípicas, dispépticas ou não, têm sido
relatadas e correlacionadas com o refluxo ácido (ARMSTRONG, 2005; VAKIL,
2006).
O consenso de Montreal sobre a DRGE, publicado em 2006 (VAKIL, 2006),
classifica a DRGE em duas grandes síndromes: síndromes esofágicas e síndromes
extraesofágicas. As síndromes esofágicas foram classificadas como síndromes
sintomáticas (DRGE típica e dor torárica não cardíaca) ou sindromes com lesão
tecidual (esofagite erosiva, estenoses pepticas do esôfago, esôfago de Barrett, e
adenocarcinoma de esôfago). As síndromes extra-esofágicas foram divididas
naquelas reconhecidamente relacionadas à DRGE (tosse crônica, laringite, asma,
erosões dentais) e aquelas com possível relação com a DRGE (faringite, sinusite,
fibrose pulmonar idiopática e otite média de repetição). Quatro aspectos
relacionados às sindromes extraesofágicas reconhecidamente associadas à DRGE
foram ressaltados neste consenso: (1) Existe uma relação entre DRGE e as
manifestações destas síndromes; (2) Estas síndromes raramente ocorrem
isoladamente, sem a concomitância de sintomas típicos da DRGE; (3) Estas
síndromes são geralmente multifatoriais, sendo a DRGE um dos fatores
potencialmente agravantes; (4) Os benefícios da terapia anti-secretora ácida nestes
pacientes são baixos.
A DRGE pode causar sintomas extra-esofágicos direta ou indiretamente. O
mecanismo direto envolve a ação do material refluído diretamente sobre as
estruturas envolvidas (orofaringe, laringe, árvore traqueo-bronquica). Os agentes
específicos responsáveis por causar estas lesões são motivo de controvérsia
(TOOHILL, 1997). Potenciais candidatos são: o conteúdo gástrico (ácido e pepsina)
e o conteúdo duodenal (ácidos biliares e enzimas pancreáticas). Contudo, é difícil
isolar o potencial de injúria de cada um destes agentes separadamente, pois o
material refluído é geralmente uma mistura dos conteúdos gástrico e duodenal. Além
disso, para que haja injúria à laringe humana, por exemplo, não é necessário que
haja refluxo volumoso e tampouco contínuo, especialmente em pacientes com
lesões de cordas vocais prévias por infecções virais, tabagismo, álcool ou abuso da
voz. Alguns estudos sugerem que o conteúdo biliar isoladamente é menos nocivo a
24
mucosa laríngea do que a sua associação com o conteúdo ácido (ADHAMI, 2002). O
mecanismo indireto, por sua vez, envolve reflexos mediados vagalmente, já que o
esôfago e a árvore traqueo-bronquica têm ambos a mesma origem embrionária. O
estimulo do material refluído sobre o nervo vago poderiam ocasionar sintomas como
tosse e broncoconstricção (BLONDEAU, 2008). Independentemente da via de
injuria, fatores como o tom de repouso dos esfíncteres esofagicos inferior e superior
(EEI e EES) e a duração e magnitude do aumento da pressão intra-abdominal são
importantes para o mecanismo do refluxo.
Alguns estudos avaliaram a incidência e a prevalência destas manifestações
atípicas, como o estudo europeu ProGERD que avaliou 6215 pacientes com pirose,
encontrando manifestações extra-esofágicas em 32.8%. Esta proporção foi
significativamente maior em portadores de esofagite de refluxo erosiva (34.9%) do
que em pacientes com doença não erosiva (30.5%) (JASPERSEN, 2003). Richter
(2005) relatou que 80% dos pacientes com pirose leve tinham pelo menos uma
manifestação atípica, comparados com 49% dos indivíduos sem pirose.
1.4 DRGE – Sintomas laríngeos
Delahunty e Cherry (1968) foram os primeiros a descrever a DRGE como uma
causa significativa de úlceras na laringe. Desde então uma série de estudos vêm
demonstrando a associação entre o refluxo e os sintomas laríngeos (QUADRO 3).
Estima-se que 4 a 10% dos pacientes que procuram atendimento
otorrinolaringológico têm sintomas e/ou achados relacionados a refluxo
laringofaringeo (TOOHILL, 1990). O custo destes pacientes chega a ser 5 vezes
maior que o de pacientes com DRGE e sintomatologia típica (FRANCIS, 2013).
A função primordial da laringe e atuar como um esfíncter para proteger as
vias aereas inferiores da aspiração de materiais destinados para o estômago. A
laringe e dotada de uma camada densa de tecido neural o que a torna
extremamente sensível e vigilante aos materiais que se aproximam. O epitelio
laringofaríngeo e muito mais suscetível a lesoes causadas por refluxo do que o
epitelio esofagico, assim, o refluxo não acido (pH> 4), que poderia não ser detectado
por monitorização do pH, tambem pode conduzir ao dano da mucosa laríngea
(OZTURK, 2006; WANG, 2012). Teoricamente, uma maior sensibilidade a refluxos
fracamente ácidos e/ou gasosos poderia contribuir para os sintomas em alguns
25
pacientes com DRGE. Alguns dados de impedância em pacientes com DRGE
sugerem que o refluxo fracamente ácido pode estar associado a sintomas como
regurgitação em pacientes em uso de inibidor de bomba de prótons (SILNY, 1993) e
tosse crônica (VELA, 2001).
QUADRO 3 – Sintomas Associados ao Refluxo Laringofaríngeo
Rouquidão
Dor de garganta
Dor de ouvido
Pigarro
Tosse Crônica
Globus
Disfagia
Descarga pós-nasal
Apnéia
Laringoespasmo
Fonte: adaptado de VAEZI,2003
Dentre os sintomas laríngeos mais prevalentes estão a rouquidão, o pigarro e
a tosse crônica. Aproximadamente 30% dos indivíduos apresentarão rouquidão em
algum momento da sua vida. Os sintomas característicos são a mudança na
qualidade da voz, como o tom da voz e o seu volume. Acomete principalmente
mulheres jovens, profissionais da voz como cantores ou professores, estando
associada a infecções das vias aéreas superiores e à DRGE. Pode ser secundária
ainda a cirurgias prévias na região cervical, como tireoidectomias, radioterapias,
entubação traqueal, tabagismo e doenças neurológicas. As causas virais agudas
costumam melhorar após 2 a 3 semanas como o uso de sintomáticos. Excluindo-se
as outras causas, a maioria dos pacientes receberá tratamento empírico para
DRGE, já que, geralmente, a laringoscopia apresenta sinais inespecíficos atribuíveis
ao refluxo gastroesofágico (VAVRICKA, 2007). Estudos com pHmetria de 24 horas
em pacientes com rouquidão refratária ao tratamento encontraram uma prevalência
26
de refluxo ácido em 55 a 79% destes pacientes (MCNALLY, 1989). Dentre os
pacientes com rouquidão e sintomas típicos de DRGE, 50 a 75% responderão à
terapia instituída (FISICHELLA, 2015).
A DRGE é a terceira maior causa de tosse crônica, excluindo-se as
sinusopatias e a asma, contribuindo para cerca de 20% dos casos (IRWIN, 2000).
Dados de impedancio-pHmetria de 24 horas sugerem que sintomas como
regurgitação em pacientes em uso de IBP e tosse crônica possam estar associados
a refluxos fracamente ácidos (VELA, 2001; ZERBIB, 2005). Esta relação entre tosse
crônica e refluxo, porém, é difícil de ser diagnosticada. Uma meta-análise recente
incluindo 19 estudos (13 em adultos e 6 em crianças) concluiu que não há
evidências suficientes que confirmem que a terapia com Inibidores de Bomba de
Prótons (IBP) seja benéfica para a tosse suspostamente relacionada ao refluxo
(CHANG, 2011). A chamada tosse neuropática sensorial, por sua vez, tem como
fisiopatologia uma alteração intrínseca do mecanismo de reflexo da tosse, podendo
ter a DRGE como fator desencadeador. Neste caso, o uso de neuromoduladores,
como a gabapentina, pode auxiliar bastante no tratamento. Em um estudo com 18
pacientes com tosse cronica e suspeita de DRGE, baixas doses de gabapentina
melhoraram significativamente a tosse em 71% dos pacientes (RYAN, 2012).
Laringite crônica e pigarro estão associadas a refluxos ácidos em até 60%
dos pacientes (KOUFMAN, 1996). A sensação de globus na laringe pode ser
causada por DRGE em 25%-30% dos casos (CURREN, 1995). E, por fim, o câncer
de laringe pode estar associado a DRGE em uma série de relatos (WARD, 1998).
1.5 DRGE - Laringite Posterior
O tecido laríngeo normal é liso e brilhante (FIGURA 2). Em pacientes com
sintomas laríngeos atribuídos a DRGE, o exame da laringe pode mostrar alterações
significativas, em sua maioria edema e eritema, os quais apesar de pouco
específicos, estão presentes em 89% e 87% das laringoscopias com suspeita de
laringite por RGE, respectivamente. Ainda que alguns autores insistam que estes
sinais laríngeos são específicos das patologias pépticas, outros acreditam que estas
alterações podem ser também secundárias ao tabagismo, uso excessivo de álcool,
alergias, asma, viroses ou abuso da voz (BOOK, 2002). Desta forma, não
27
surpreende o fato de muitos pacientes diagnosticados como portadores de DRGE à
laringoscopia não responderem à terapia com supressão ácida, sendo de extrema
importância identificar sinais laringoscópicos mais específicos de refluxo.
FIGURA 2 - Laringe normal
TVF-pregas vocais verdadeiras; FVF-pregas vocais falsas; AMW-parede medial da
aritenóide; AC-complexo aritenóide; PCW-parede posterior da cricóide; PPW-parede
posterior da laringe.
Como tentativa de aumentar a acurácia da laringoscopia, foi criado um escore
de achados de refluxo (Refux Finding Score - RFS) baseado em 8 critérios: edema
subglótico, obliteração ventricular, eritema/hiperemia, edema de prega vocal, edema
difuso da laringe, hipertrofia da comissura posterior, tecido de granulação e excesso
de muco endolaríngeo. Um escore maior que 7 sugeriria laringite por RGE
(BELAFSKY, 2001). Oelschlager (2002) estudou 76 pacientes com sintomas
laríngeos, e encontrou que 83% de pacientes com RFS maior do que 7 e parâmetros
de pH hipofaríngeo anormal responderam a terapia antirefluxo, comparado com
apenas 44% dos pacientes com nenhum destes achados. Todavia a combinação
destes dois achados ocorreu em apenas 27% dos 76 pacientes estudados.
Acrescenta-se a isso o fato deste índice não ter sido adequadamente validado em
uma população independente. Hicks (2002) investigou, por sua vez, a prevalência de
alterações laríngeas em um grupo de 105 indivíduos saudáveis. Destes 87% tiveram
pelo menos uma alteração laringoscópica sugestiva de RGE (FIGURA 3). Este
estudo, portanto, sugere que haja um diagnóstico excessivo de laringite por refluxo
usando-se os critérios laringoscópicos atuais.
28
FIGURA 3 - Laringe anormal
(A) Leucoplasia (B) Edema de Reinke; (C) Nódulos bilaterais em pregas vocais
verdadeiras; (D) Pólipo hemorrágico em prega vocal verdadeira; (E) Eritema em
prega vocal verdadeira; (F) Granuloma de prega vocal; (G) Barra interaritenóide; (H)
Eritema da parede medial da aritenóide (I) Aspecto granular da parede posterior da
laringe.
Por outro lado, alguns alterações laringoscópicas são muito raras de serem
vistas em indivíduos normais, especialmente em três sítios laríngeos importantes:
parede posterior da laringe, pregas vocais e parede medial das aritenóides (VAEZI,
2000). Além disso, estas alterações melhoraram significativamente após terapia de
supressão ácida. Este parece ser um caminho para aumentar a acurácia da
laringoscopia apesar de haver ainda muita discordância intra e inter-observador
Além da laringoscopia, a pHmetria de 24 horas tem importante papel na
investigação de causalidade entre os sintomas laríngeos e o refluxo gastroesofágico.
Tradicionalmente, o sensor de pH é posicionado 5cm acima do EEI identificado por
manometria esofágica, mas outros sensores podem ser posicionados no esôfago
proximal e hipofaringe. Entretanto há vários problemas no uso de sensores
29
proximais ou hipofaríngeos. A exposição ácida esofágica ou hipofaríngea também
ocorre em indivíduos normais (EUBANKS, 2001). Jacob (1991) encontrou 1 de 15
(7%) de controles com exposição ácida anormal, enquanto Shaker (1995) relatou
refluxo hipofaríngeo em 2 de 12 (17%) dos voluntários sadios e Eubanks (2001) em
1 de 10 (10%) dos controles sadios. Outro problema é a falta de consenso sobre o
que seria considerado refluxo patológico na hipofaringe. Considerando-se os dados
de Shaker (1995) e Eubanks (2001) parece que até 1 episodio de refluxo
hipofaríngeo pode ser considerado normal. Ainda assim, muitos estudos têm
demonstrado que a pHmetria de 24 horas não é o método padrão-ouro para o
diagnóstico das manifestações atípicas da DRGE (AHMED, 2005). De um modo
geral, até 53% dos pacientes com sinais laringoscópicos de DRGE têm exposição
ácida anormal, independente do local de posicionamento do sensor de pH (KATZ,
1990; ULUALP, 1999; SHAKER, 1995). Esta baixa acurácia pode ser atribuída tanto
ao excesso de diagnósticos de laringite de refluxo como à baixa sensibilidade dos
sensores de pH no diagnóstico destes pacientes. A presença de refluxo hipofaríngeo
não parece se correlacionar com os achados laringoscópicos (EUBANKS, 2001). E
mais do que isso, a exposição ácida anormal na hipofaringe não é um bom preditor
de resposta à terapia de supressão ácida (ULUALP, 2001).
Outra alternativa diagnóstica para as manifestações laríngeas da DRGE seria
o teste terapêutico com supressores ácidos. Entretanto, a resposta destes pacientes
ao tratamento é imprevisível. Alguns pacientes podem se beneficiar de terapia anti-
refluxo, mas o grupo que melhor responde ao tratamento com supressão ácida é
justamente o dos portadores de sintomatologia típica e esofagite erosiva. Os
pacientes com DRGE não erosiva e com manifestações atípicas são mais difíceis de
tratar. Além disso, altos níveis de ansiedade antes do tratamento podem diminuir a
chance de sucesso nestes pacientes (SIUPSINSKIENE, 2008). Atualmente,
recomenda-se nos pacientes com sintomatologia laríngea o uso prolongado (4
meses) de inibidores de bomba de prótons em dose dobrada. Vaezi (2001) avaliou
45 pacientes prospectivamente e encontraram uma melhora dos sintomas laríngeos
em 47% e 64% dos pacientes em 2 e 4 meses, respectivamente, com uma melhora
dos sinais laringoscópicos em 92% dos indivíduos. Em uma meta-análise dos
estudos controlados e randomizados publicados sobre este tema, evidenciou-se que
o benefício da terapia com IBP sobre a melhora dos sintomas laríngeos era modesto
e estatisticamente não significante (QADEER, 2006). Desde esta meta-análise,
30
outros estudos controlados e randomizados foram publicados, alguns sugerindo
melhora dos sinais laríngeos e/ou dos sintomas e outros não confirmando tais
benefícios (FASS, 2010).
A ausência de resposta eficaz ao IBP nos pacientes com sintomas laríngeos
pode estar relacionada a outros fatores, como, por exemplo, a composição do
material refluído. Como a pHmetria de 24 horas não é capaz de detectar todos os
episódios de RGE, sobretudo quando há pouco ou nenhum ácido presente, a sua
combinação com a impedanciometria pode contribuir para a elucidação dos
sintomas em alguns pacientes com DRGE. Os valores normais de referência da
impedancio-pHmetria de 24 horas na população norte-americana foram obtidos por
Shay (2004) e por Zerbib (2005) na população europeia. Os estudos utilizando este
método na avaliação dos portadores de sintomas laríngeos atribuídos à DRGE não
são unânimes. Kawamura (2004) encontrou nestes pacientes uma maior proporção
de refluxos gasosos fracamente ácidos. Estes achados não foram confirmados por
Vaezi (2005), que também não encontrou diferenças significativas entre refluxos
ácidos e não ácidos distais em pacientes com sintomas laríngeos, refratários ao IBP,
com ou sem a medicação, sugerindo que a refratariedade ao tratamento não tenha
relação com a presença de refluxo não ácidos. Swoger (2006) também não
encontrou melhora dos sintomas laríngeos em pacientes submetidos a
fundoplicatura gástrica, quando comparados aos mantidos em tratamento clínico
com IBP. Após 12 meses de seguimento, apenas 10% dos pacientes submetidos a
terapia cirúrgica e 7% dos pacientes mantidos e tratamento clínico estavam
assintomáticos. Em 2006, dois estudos com maior casuística foram publicados.
Zerbib (2006) evidenciou que 55% dos pacientes com laringite sem tratamento e
37% dos pacientes com laringite em tratamento apresentaram impedancio-pHmetria
alterada com probabilidade de associação de sintomas positiva. Todavia, enquanto
no grupo sem tratamento a maioria dos sintomas estavam relacionados a refluxos
ácidos; no grupo em uso de IBP, a maioria dos sintomas estavam associados a
refluxos não ácidos. Mainie (2006) evidenciou que, em pacientes refratários a IBP,
31% dos sintomas típicos e 19% dos sintomas atípicos estavam relacionados a
refluxos não ácidos. Neste estudo, porém, a maioria dos sintomas típicos (58%) e a
grande maioria dos sintomas atípicos (78%) não tiveram relação com qualquer tipo
de refluxo (ácido, não ácido, líquido ou gasoso).
Nos pacientes não respondedores à terapia com IBP e com impedancio-
31
pHmetria de 24 horas normal, outras causas de laringite devem ser pesquisadas.
Neste sentido, Richter (2000) relatou que cerca de 50% dos pacientes com dor
toracica não cardíaca eram portadores de síndromes psiquiatricas como ansiedade
e depressão, sendo importante a relação dessas síndromes com a DRGE.
1.6 Justificativa da Pesquisa
Atualmente, entende-se a DRGE como uma condição bastante heterogênea
onde a doença não erosiva (NERD) responde por cerca de 70% das apresentações
clínicas (GIACCHINO, 2013) e os sintomas atípicos por mais de 30% (JASPERSEN,
2003). Independente da presença ou não de alterações endoscópicas, a
sintomatologia interfere na qualidade de vida do indivíduo, na medida que altera
seus hábitos alimentares, o sono, impede a realização de tarefas, e o atinge
emocionalmente, levando ao absenteísmo no trabalho, diminuição de sua
produtividade e mudanças nas sua relações sociais (FORNARI, 2004; PEREIRA,
2007 ). Os pacientes afetados pela DRGE moderada a grave poderão ter
comprometimento em várias esferas: física, social, emocional, capacidade funcional,
dor, saúde geral, saúde mental e vitalidade, sendo o prejuízo proporcional à
gravidade do sintomas (WAHLQVIST, 2002; JOHNSON, 2005; WAHLQVIST, 2006).
Desta forma, saber quais fatores determinam a frequência e intensidade dos
sintomas é importante para tentar reduzir a sua incidência, direcionar o seu
tratamento e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida dos portadores de
DRGE. Este estudo propõe-se a avaliar os fatores determinantes de sintomas nos
portadores de sintomas laríngeos e de laringite posterior atribuídos à DRGE. Saber
se estes sintomas estão relacionados a distúrbios motores do esôfago, a retardo do
esvaziamento gástrico, às características qualitativas e quantitativas do refluxo ou a
distúrbios psiquiátricos, como a ansiedade e depressão.
32
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral:
Avaliar a influência dos parâmetros de motilidade esofagica, das características
do refluxo gastroesofagico, da presença de ansiedade e depressão, da presença de
sintomas dispépticos e do esvaziamento gástrico sobre os sintomas laríngeos
(rouquidão, pigarro e tosse) em pacientes com laringite posterior atribuída a DRGE.
2.2 Objetivos Especificos:
Avaliar em pacientes com diagnostico de laringite posterior atribuída a DRGE:
A presença a de complicações da DRGE através de endoscopia digestiva
alta com biópsia do esôfago;
O impacto da DRGE sobre a qualidade de vida relacionada a saúde,
através de questionário estruturado;
A motilidade esofágica por meio de manometria de alta resolução;
Avaliar quantitativamente e qualitativamente o refluxo por pHmetria/
impedanciometria de 24 horas;
Avaliar a presença de ansiedade e depressão por meio de questionário
específico;
Avaliar a presença de sintomas dispepticos e alterações no esvaziamento
gástrico, por meio de questionário específico e teste respiratório,
respectivamente.
33
3. MÉTODOS
3.1 Natureza do estudo
Trata-se de um estudo transversal, quantitativo e descritivo em seres
humanos. Fundamenta- se na utilização de metodos diretos para a avaliação da
motilidade esofágica, do refluxo gastroesofágico, do esvaziamento gastrico de
solidos, e de métodos indiretos para avaliação dos sintomas relacionados ao refluxo
e a dispepsia, sintomas de depressão e ansiedade, e de qualidade de vida; em
pacientes com laringite posterior atribuída a refluxo gastroesofágico. Foram seguidas
as determinaçoes eticas da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saude,
sobre pesquisas com seres humanos (BRASIL, 2012). O estudo foi aprovado pelo
comitê de etica em pesquisa de seres humanos do Hospital Universitario Walter
Cantídio.
3.2 Casuística
A amostragem foi selecionada de maneira sistemática no período de 02/2013
a 03/2015. Foram avaliados 20 voluntários de ambos os gêneros, com idade
variando entre 22 e 65 anos, provenientes do Ambulatório de Otorrinolaringologia do
Hospital Universitário Walter Cantídio com sintomas típicos (pirose ou regurgitação)
e atípicos (rouquidão, pigarro, tosse) de DRGE e achados de laringite posterior
atribuída ao refluxo gastroesofágico à laringoscopia, com pelo menos a presença
edema e enantema da parede medial posterior da laringe, examinada por apenas
um especialista, descartando outras causas. Também foram avaliados 12 pacientes
provenientes do Ambulatório de Gastroenterologia e do Serviço de Endoscopia
Digestiva do Hospital Universitário Walter Cantídio, todos com sintomas típicos
(pirose ou regurgitação) de DRGE e achados de esofagite erosiva à endoscopia
digestiva alta e sem sintomas laríngeos.
Os critérios de exclusão foram: diabetes mellitus descompensada (glicemia
em jejum maior que 250 mg/dl), hipertensão arterial sistêmica descompensada
(pressão maior que 160x100 mmHg), insuficiência cardíaca, insuficiência renal
crônica, transplantados sejam cardíacos, renais ou hepáticos, hipotireoidismo e
hipertireoidismo, cirurgias digestivas ou otorrinolaringológicas prévias, tratamentos
34
endoscópicos invasivos, uso contínuo de medicações que alterem a motilidade
gastrointestinal (pró-cinéticos, colinérgicos, adrenérgicos, serotoninérgicos, opióides,
antidepressivos, bloqueadores de canais de cálcio), gravidez ou lactação, obesidade
mórbida, história pregressa ou atual de tabagismo ou etilismo, alteração cognitiva
que dificultasse a colaboração com o estudo.
Após a seleção quanto aos critérios de inclusão e exclusão e realização dos
exames, os voluntários foram distribuídos em 2 diferentes grupos:
1. Grupo Laringite: pacientes com sinais de laringite posterior à laringoscopia
(n=20)
2. Grupo Esofagite: pacientes portadores de esofagite erosiva de refluxo,
conforme a classificação de Los Angeles (LUNDELL, 1994) (n=12)
3.3 Local de Realização do Estudo
Esta pesquisa foi realizada nos Ambulatorios de Otorrinolaringologia do
Hospital Universitario Walter Cantídio (HUWC) da Universidade Federal do Ceara
(UFC), onde os pacientes foram avaliados e recrutados.
O teste de esvaziamento gastrico, manometria de alta resolução e
impedancio-pHmetria de 24 horas foram realizados utilizando os equipamentos e o
espaço físico do Laboratorio de Farmacologia Gastrointestinal e do Laboratorio de
pesquisa em Gastroenterologia, do Centro de Biomedicina da Faculdade de
Medicina da Universidade Federal do Ceara. A endoscopia com biopsia foi realizado
no Serviço de Endoscopia HUWC e posteriormente encaminhada ao Setor de
Patologia do Departamento de Patologia e Medicina Legal da Faculdade de
Medicina da UFC.
O HUWC-UFC e um hospital de nível terciario localizado em Fortaleza, capital
do estado do Ceara. Trata-se de um hospital de referência integrado ao Sistema
Unico de Saude (SUS) e que atende a população de todo o estado. O exames de
laringoscopia ambulatorial são realizados 2 vezes por semana e atende aos
portadores de patologias otorrinolaringologicas, com casuística de cerca de 24- 32
pacientes por semana. Tratou-se de um estudo experimental em humanos.
35
3.4 Delineamento do estudo
Após o recrutamento dos pacientes nos Ambulatórios e no Setor de Endoscopia,
os pacientes foram agendados para a realização dos exames do Protocolo de
Estudo no Laboratorio de Farmacologia Gastrointestinal e do Laboratorio de
pesquisa em Gastroenterologia, do Centro de Biomedicina da Faculdade de
Medicina da Universidade Federal do Ceara. Os exames eram realizados no mesmo
dia, na seguinte sequência: (1) teste de esvaziamento gástrico, (2) manometria de
alta resolução e (3) impedancio-pHmetria. Os pacientes retornavam, então, em 24
horas para a retirada da sonda de impedancio-pHmetria. A endoscopia digestiva alta
era realizada na mesma semana ou na semana que se seguia à impedancio-
pHmetria.
3.4.1 Avaliação Clínica
Inicialmente, foram colhidos os dados pessoais, hábitos (medicações, etilismo e
tabagismo) e dados antropométricos (idade, altura e peso) de todos os pacientes.
Todos os pacientes do grupo Esofagite e Laringite preencheram questionários
de sintomas para DRGE (QS-DRGE) (ANEXO 1), e de Qualidade de Vida
Relacionada à Saúde na DRGE (QVRS-DRGE) (ANEXO 2), validado para a língua
portuguesa/Brasil (FORNARI 2004, PEREIRA, 2008). Os questionários eram
aplicados pela mesma pessoa, nos intervalos do teste de esvaziamento gástrico.
O questionário de sintomas avaliou a presença comorbidades, uso de
medicações, história patológica pregressa, caracterização e frequência dos sintomas
típicos e atípicos de DRGE (pirose, regurgitação, disfagia, odinofagia, eructação,
soluço, disfonia/rouquidão, broncoespasmo, dor torácica, pigarro, sono interrompido,
sonolência diurna) e também hábitos intestinais. Atribuímos escores para frequência,
onde a ausência de sintomas recebeu escore zero, menos que 1 vez por semana
escore 1, 1 vez por semana escore 2, de 2 a 4 vezes por semana escore 3 e de 5 a
7 vezes por semana escore 4. Para intensidade atribuímos escore 1 para fraco, 2
para moderada, 3 para forte e 4 para insuportável (ANEXO 1).
Os pacientes do grupo de Laringite foram submetidos à avaliação de sintomas
dispépticos com o Questionário de Porto Alegre de Sintomas Dispépticos (PADYQ),
(SANDER, 2004). Este é um instrumento de análise quantitativa dos sintomas
36
dispépticos. Através deste questionário, pacientes foram questionados sobre a
presença, frequência, duração e intensidade de cinco sintomas dispépticos (dor no
andar superior do abdome, náuseas, vômitos, distensão em abdômen superior e
saciedade precoce) nos últimos 30 dias (SANDER, 2004). Para cada resposta foi
atribuída uma pontuação, com o máximo de 44 pontos (ANEXO 3). Indivíduos com
pontuação total de 6 ou mais foram considerados como portadores de dispepsia.
Pacientes com pontuação menor que 6 foram considerados como não dispépticos.
Os pacientes do grupo Laringite foram avaliados ainda com a aplicação de
uma escala de ansiedade e depressão (HADS). A Escala Hospitalar de Ansiedade e
Depressão (HADS) possui 14 itens, dos quais 7 são voltados para a avaliação da
ansiedade (HADS-A) e 7 para depressão (HADS-D). Cada um dos seus itens pode
ser pontuado de zero a três, compondo uma pontuação máxima de 21 pontos para
cada escala. Os itens deveriam ser respondidos de acordo com o que paciente vinha
sentindo na última semana. Para avaliação da frequência da ansiedade e da
depressão foram adotados os pontos de corte apontados pela literatura (ZIGMONS
e SNAITH, 1983) e recomendados para ambas as subescalas (ANEXO 4):
- HAD-ansiedade: pontuação > ou = 9;
- HAD- depressão: pontuação > ou = 9.
Todos os voluntários assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.
3.4.2 Endoscopia Digestiva Alta
O exame endoscopico e o metodo de escolha para o diagnostico das lesoes
causadas pelo refluxo gastroesofagico, permitindo avaliar a gravidade da esofagite e
realizar biopsias onde e quando necessario. São consideradas consequências do
refluxo gastroesofagico as seguintes lesoes: erosoes, ulceras, estenose peptica e
esôfago de Barrett. A existência de varias classificaçoes endoscopicas que se
baseiam nos graus de esofagite demonstra a dificuldade em se uniformizar
diagnosticos e, consequentemente, em comparar os resultados dos diferentes
estudos. Em nossa pesquisa a classificação adotada foi a de Los Angeles
(LUNDELL, 1999). Foram realizadas biópsias para posterior análise, quando
necessárias.
37
3.4.3 Manometria de Esôfago de Alta Resolução (MAR)
A Manometria de Alta Resolução (MAR) é uma tecnologia padrão que fornece
uma avaliação objetiva dos valores de pressão intraluminal da faringe, do esôfago,
da junção esofagogástrica e do estômago. Isto permite a medição da peristalse, das
pressões basais e dos relaxamentos dos esfíncteres superior e inferior. É um
sistema de alta resolução que utiliza sensores de pressão de estado sólido,
separados entre si no eixo longitudinal por 1 cm, e sensores de impedância
circunferênciais, distanciados entre si por 2cm. Cada sensor de pressão é composto
por múltiplos microtransdutores dispostos radialmente cuja média dos sinais dá o
valor de pressão neste sensor. A resposta de pressão de cada sensor é superior a
6000 mmHg/segundo (ManoScan, módulos A200 e A120, Sierra Scientific
Instruments, Los Angeles, CA, E.U.A)(FIGURA 4). A sonda utilizada no estudo foi de
pressão e impedância (Sierra Scientific Instruments, Los Angeles, CA, E.U.A), que
consiste em haste flexível com diâmetro de 4,2 milímetros, composta por 36 canais
de pressão e 18 canais de impedância (FIGURA 5). Uma calibração de pressão era
realizada antes de cada exame utilizando-se uma câmara de calibração própria do
sistema, que gerava uma curva linear de pressão de 0 a 300 mmHg relativa a
pressão atmosférica. Uma calibração de temperatura da sonda era realizada a cada
5 dias quando todos os transdutores da sonda era imersa em uma bacia rasa
contendo água a uma temperatura de 36ºC a 38ºC, conforme recomendação do
fabricante (Calibração “in vivo”, conforme terminologia do fabricante). Finalizada as
calibrações as pressões eram zeradas em relação a pressão atmosférica
imediatamente antes da intubação esofágica. O sistema de manometria de alta
resolução registra imagens dos segmentos estudados em dois formatos, o de linha
(pressão versus tempo) e o topográfico (posição versus pressão versus
tempo)(FIGURA 6).
38
FIGURA 4 – Aparelho de Manometria e Impedância de Alta Resolução Sierra
Scientific Instruments.
Fonte:Autoria própria
FIGURA 5 – Sonda de pressão e impedância, Sierra Scientific Instruments.
Fonte:Autoria própria
39
FIGURA 6 - Imagem de topografia de pressões à manometria de alta
resolução
O eixo vertical representa a posição no esôfago, o eixo horizontal representa o
tempo, e as pressões são representados por cores. Os esfíncteres superior e inferior
aparecem como zonas de cor mais quente (maior pressão). A peristalse do corpo
esofágico é representada pela zona de maior pressão inclinada. Observa-se também
o trânsito de salina por impedanciometria. Fonte: autoria própria
Protocolo do Exame de Manometria de Alta Resolução
O exame foi realizado após jejum de ao menos 4 horas, medidas
antropométricas e entrevistas padronizadas com questionários de sintomas. O
protocolo durava de 15 a 30 minutos, conforme a tolerância dos pacientes. Os
pacientes dos grupos esofagite e laringite não estavam fazendo uso de qualquer
medicação que interferisse na motilidade digestiva por pelo menos uma semana.
Após anestesia local com lidocaína gel a 2% e spray a 10% em uma das
narinas e na orofaringe, a sonda flexível lubrificada com gel do anestésico era
introduzida pela narina, com o voluntário sentado, de forma a se obter registros da
hipofaringe ao estômago, com pelo menos cinco canais no estômago. O exame foi
realizado com o paciente em decúbito dorsal e a sonda fixada na face com adesivo.
Após um breve período de adaptação, as pressões basais da hipofaringe, esfíncter
superior, corpo esofágico, esfíncter inferior e estômago proximal foram medidas por
40
ao menos 30 segundos, sem deglutições e sob respiração normal. A seguir, foram
realizadas de 6 a 10 deglutições de 5 ml de solução de NaCl a 0,9% com intervalo
mínimo de 30 segundos entre elas. A manometria obedeceu às normas
internacionais padronizadas pela Associação Americana de Gastroenterologia (AGA,
1994; 2005).
Os dados manométricos foram analisados utilizando-se o software de análise
ManoView versão 3.0 (Sierra Scientific Instruments, Los Angeles, CA, E.U.A).
Inicialmente, os dados foram corrigidos devido a sensibilidade térmica dos sensores
de pressão em estado sólido. Aproximadamente 1 segundo após a retirada da sonda
do voluntário, com os sensores de pressão ainda em temperatura corporal, mas sob
pressão atmosférica, o sistema estabelece esta nova medida de pressão como o
novo zero atmosférico. Sabe-se que sensores de pressão em estado sólido
apresentam um "drift" de pressão com a temperatura. A amplitude desta variação de
pressão com a temperatura era então deduzida de todos os valores de pressão
medidos durante o procedimento pela rotina de correção de temperatura do
software. Posteriormente, as pressões basais e posições dos esfíncteres foram
medidas durante o período inicial de ao menos 30 segundos sem deglutições e
durante respiração normal. A seguir os parâmetros relacionados ao corpo esofágico
e ao esfíncter inferior após deglutições de líquido foram analisados para as
deglutições válidas. Foram inválidas as deglutições secas e aquelas que ocorreram
seqüencialmente em um intervalo de tempo inferior a 20 segundos. Análise
automática do software foi revista manualmente para todos os parâmetros
estudados. Para as medidas de pressões do EEI e corpo esofágico, os cursores
horizontais que definem as posições gástrica e do esfíncter foram definidas no modo
topográfico do software de análise. Medimos os parâmetros principais da
manometria esofágica de alta resolução conforme a classificação de Chicago
(BREDENOORD, 2012). As pressões do EEI sem manobras respiratórias fora
medidas em relação a pressão intragástrica. O cursor horizontal que define qual será
a pressão intragástrica foi posicionado entre 2 e 4 cm distal ao diafragma, evitando-
se artefatos. A pressão inspiratória da JEG foi medida com a função e-sleeve do
software. Os cursores que definem os bordos proximal e distal do e-sleeve foram
posicionados imediatamente acima e abaixo dos respectivos bordos desta zona de
alta pressão.
41
3.4.4 Impedancio-phmetria de 24 horas
A monitorizacão da pH impedância do esôfago foi realizada utilizando um
Sleuth® impedância multicanal intraluminal do sistema ambulatorio (Ohmega; MMS,
Enschede, The Netherlands). O sistema inclui um coletor de dados portatil com
amplificadores de impedância e um catéter contendo um eletrodo de pH de
antimônio e seis eletrodos de impedância em 3, 5, 7, 9, 15 e 17 cm da ponta do
catéter. Cada par de eletrodos adjacentes representa um segmento de impedância
de medição, de 2 cm de comprimento, correspondendo a um canal de gravação. O
amplificador de impedância fornece tensão alternada em uma gama de 1-2 kHz, com
a conseqüente variação do fluxo de corrente em resposta a mudanças de
impedância intraluminal.
Protocolo do exame de impedancio-pHmetria
Os estudos foram realizados ambulatorialmente apos uma noite de jejum.
Antes do início da gravação, o sensor de pH foí calibrado com as soluçoes-padrão
de pH 7,0 e de pH 4,0. Apos localização do EEI por manometria esofagica, era
realizada a sondagem do paciente com o catéter de impedancio-phmetria por via
transnasal, sob anestesia topica e com posicionamento do mesmo no corpo do
esôfago de forma que o sensor de pH permanecesse a 5 cm e os sensores de
impedância a 2, 4, 6, 8, 10, 14, 16, 18 cm acima do esfíncter esofagico inferior.
Desta forma, foram utilizadas 6 bandas de impedância (espaço entre dois pares de
sensores) localizadas a 3, 5, 7, 9, 15 e 17cm acima do EEI (FIGURA 7)
Os pacientes foram solicitados a manter suas atividades normais, como
dormir, e se alimentar em seus horarios habituais. Eles foram orientados a
permanecer a maior parte do dia em pe, e deitar-se preferencialmente apenas para
dormir. Os pacientes receberam um diario para registar manualmente, com a
máxima precisão possível, os horários e as quantidades da sua ingestão alimentar
(assim como a natureza de cada refeição), dos sintomas e das mudanças posturais.
Os dados armazenados no coletor portátil de dados foram transferidos para
um computador pessoal e analisados visualmente com o auxílio do software de
análise (Ohmega; MMS, Enschede, The Netherlands). Foi analisado o numero, tipo
42
e caracterização de eventos de refluxo individuais, medida do tempo de depuração
do bolus e de depuração do pH, e do tempo de exposição ácida do esôfago.
FIGURA 7 – Representação esquemática da Sonda de impedancio-pHmetria
Fonte: ZERBIB (2005)
Refluxo de líquido foi definido como uma redução retrógrada de 50% na
impedância de partida distalmente (ao nível do esfíncter inferior do esôfago) com
propagação em pelo menos os dois proximos sensores de impedância (FIGURA 7).
Apenas os refluxos de líquidos com duração de pelo menos 3 segundos foram
considerados. Refluxo de gas foi definido como um aumento rápido de (3 kΩ/s) da
impedância, maior que 5000Ω, ocorrendo simultaneamente em pelo menos dois
sensores de medição do esôfago, na ausência de deglutição (FIGURA 8). Refluxo
de líquido-gas ou misto foí definido como refluxo de gas que ocorre imediatamente
antes ou durante um refluxo de líquido (FIGURA 9). Os episodios de refluxo foram
caracterizados por pHmetria como acidos (eventos que resultaram em queda do pH
esofagico abaixo de 4,0), ligeiramente acidos (eventos que resultaram em pH
esofágico entre 4,0 e 6,5) (FIGURA 10), ou fracamente alcalinos (eventos nos quais
o pH não caiu a valores inferiores a 6,5) (ZERBIB, 2005).
43
Todos os eventos de refluxo foram analisados em duas posiçoes: ortostatica e
supina. Os seguintes parâmetros foram obtidos a partir das gravaçoes de
impedância e pH: exposição ao bolus; extensão proximal do refluxo (eventos que se
extenderam até o sensor localizado 15 cm acima do bordo distal do catéter) e o
tempo médio de depuração do bolus. As refeiçoes foram excluídas da analise.
O tempo de exposição acida esofagica (%) nas 24 horas foi definido como o
tempo total com pH abaixo de 4, dividido pelo tempo de monitorização do exame.
Este parâmetro avalia o tempo que o esôfago permaneceu com pH < 4,0,
independente da ocorrência de episódios de refluxo, podendo incluir quedas de pH
relacionadas à alimentação (bebidas ácidas). A exposição ácida relacionada ao
refluxo (%) foi analisada separadamente e incluiu apenas quedas de pH associadas
a refluxo de bolus detectadas por impedância. Os valores normais foram definidos a
partir dos dados de literatura (ZERBIB, 2005).
FIGURA 8 – Imagem de registro de refluxo líquido ácido à impedancio-pHmetria
Observa-se neste registro uma redução da impedância no sentido distal-proximal,
correspondendo a um episódio de refluxo líquido. Nota-se que houve queda do pH
esofágico abaixo de 4,0 (refluxo ácido). Fonte: autoria própria
44
FIGURA 9 – Imagem de registro de refluxo de gasoso ácido à impedancio-pHmetria
Observa-se neste registro um aumento da impedância no sentido distal-proximal,
correspondendo a um episódio de refluxo de gás. Nota-se que houve queda
concomitante do pH esofágico abaixo de 4,0 (refluxo ácido). Fonte: autoria própria
FIGURA 10 – Imagem de registro de refluxo misto ácido à impedancio-pHmetria
Observa-se neste registro um aumento, seguido de redução da impedância no
sentido distal-proximal, correspondendo a um episódio de refluxo misto (gás-líquido).
Nota-se que houve queda concomitante do pH esofágico abaixo de 4,0 (refluxo
ácido). Fonte: autoria própria
45
FIGURA 11 – Imagem de registro de refluxo líquido fracamente ácido à impedancio-
pHmetria
Observa-se neste registro uma redução da impedância no sentido distal-proximal,
correspondendo a um episódio de refluxo líquido. Nota-se que houve queda
concomitante do pH esofágico entre 6,5 e 4,0 (refluxo fracamente ácido). Fonte:
autoria própria
3.4.5 Esvaziamento Gástrico de Sólidos
O metodo utilizado para se avaliar o tempo de esvaziamento foi o teste
respiratorio. Os pacientes participantes, apos uma noite de jejum (aproximadamente
8 horas), ingeriram um alimento solido (nesse estudo foí utilizado um sanduíche
preparado com pão e ovo) marcado com 100mg de acido octanoico (13C-octanoato
de sodio) mais 200 ml de agua as 8horas da manhã. As amostras de ar expirado
foram coletadas em sacos plasticos aluminados antes (linha de base) e a cada 15
minutos por 4 horas apos a ingestão do alimento. Todos os indivíduos
permaneceram sentados durante o teste com atividade física restrita. A presença de
retardo do esvaziamento gastrico foi definida como sendo um t1/2 acima de 200
minutos, tomando-se como referência o manual do fabricante
(http://www.wagnerbremen.de), bem como dados de estudos previos (GHOOS,
1993).
A razão 13C/12C das amostras foi analisada por espectrometria infravermelha
isotopo-seletiva, não-dispersiva (equipamento IRIS II) (FIGURA 11). Para medir a
46
proporção metabolizada de 13C-octanoato de sodio expirada os resultados foram
expressos primeiramente como uma percentagem da dose de 13C recuperada
(PDR) ao longo do tempo para cada intervalo de tempo e o calculo da PDR
cumulativa (cPDR) obtida atraves da integração numerica dos valores de PDR.
Assumiu-se a taxa de produção de CO2 como 300mmol por unidade de superfície
de area corporal por hora. A superfície de area corporal foi calculada utilizando-se
peso e altura, atraves da formula de Haycock.
FIGURA 12 – Equipamento de Espectometria Infravermelha (IRIS II)
Fonte: autoria própria
47
FIGURA 13 – Curva de Esvaziamento Gástrico de Sólidos Normal
3.5 Análise Estatística
Os dados quantitativos, contínuos e com distribuição normal foram analisados
pelo teste t de Student não pareado. Para os dados não paramétricos foram
analisados pelo teste de Mann-Whitney.
As correlações entre os sintomas laríngeos com os outros parâmetros foram
analisadas utilizado a correlação de Spearman.
Todos os dados foram analisados através do programa GraphPad Prism 5 for
Windows (Graph Pad Software, Inc., La Jolla, CA, EUA).
3.6 Aspectos Éticos
Foram seguidas as determinações éticas da Resolução 466/2012 do
Conselho Nacional de Saúde, sobre pesquisas com seres humanos (BRASIL, 2012).
Os voluntários concordaram com o termo de consentimento livre e esclarecido
(TCLE), aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HUWC (protocolo nº
14464214.8.0000.5045) (ANEXO 5).
48
4. RESULTADOS
4.1 Características clínicas e demográficas da população de estudo
A população de estudo foi formada de 32 pacientes, sendo 20 do grupo
Laringite e 12 do grupo Esofagite. A TABELA 1 mostra que não foram observadas
diferenças entre os dois grupos em relação a idade, gênero, índice de massa
corpórea (IMC) e a presença de hérnia de hiato pela manometria. Entretanto, o
grupo com Laringite apresentou uma predominância de ausência de erosão no
esôfago na endoscopia (EDA normal).
Em relação a sintomatologia atribuída a DRGE (TABELA 2), não foram
observadas diferenças significativas em relação a freqüência dos sintomas típicos de
refluxo como pirose, regurgitação e eructação entre os grupos Laringite e Esofagite.
Por outro lado, em relação aos sintomas extra- esofágicos laríngeos como rouquidão
e pigarro (GRÁFICO 1), o grupo Laringite apresentou uma freqüência destes
sintomas estatisticamente superior ao grupo com Esofagite. Apesar de maior no
grupo Laringite, a freqüência de apresentação do sintoma tosse não alcançou
diferenças significativas quando comparado ao grupo esofagite (TABELA 2 e
GRÁFICO 1). De maneira semelhante, os sintomas odinofagia, broncoespasmo, dor
torácica, sono interrompido, sonolência diurna e ronco, não apresentaram diferenças
significativas nos dois grupos de estudo. O sintoma disfagia, por sua vez,
apresentou uma maior freqüência no grupo Laringite quando comparada ao grupo
Esofagite, sendo que esta diferença alcançou uma significância estatística (TABELA
2).
49
TABELA 1 - Características clínicas e demográficas da amostra dos portadores
DRGE com Laringite ou com Esofagite.
Laringite
n= 20
Esofagite
n=12
P
Idade
(média em anos)
47,0 ± 2.4 46,3 ± 4,0
0,4535
Mulheres
Homens
6 (60%)
4 (40%)
6 (50%)
6 (50%)
0,3200
IMC 26,8 ± 0.9 28,3 ± 0.8 0,1336
EDA normal
Los Angeles A/B
Los Angeles C/D
17 (85%)
3 (15%
0
0 (0%)
12 (100%)
0
< 0.0001
Hérnia de Hiato 4 (20%) 6 (50% 0,0849
Dados apresentados em média ± o erro padrão da média ou pelo numero absoluto
seguido pela percentagem.
Teste t de Student e teste de Fischer.
50
TABELA 2 - Freqüência dos sintomas atribuídos ao refluxo apresentados na
amostra dos portadores de Laringite ou de Esofagite.
Laringite
n= 20
Esofagite
n=12
P
Pirose 2,5 (0- 4)
1 (0- 4) 0,2550
Regurgitação 2,5 (0- 4)
1 (0- 4) 0,1631
Disfagia 2,5 (0- 4)
0 (0- 4) 0,0012*
Odinofagia 0 (0- 3) 0 (0- 1) 0,0693
Eructação 0 (0- 3) 0 (0- 4) 0,2223
Rouquidão 2 (0- 3) 0 (0- 1) 0,0006*
Broncoespasmo 0 (0- 3) 0 (0- 3) 0,2205
Dor torácica 0 (0- 3) 0 (0- 4) 0,2592
Pigarro 4 (0- 4) 0 (0- 1) < 0.0001*
Sono
interrompido
1 (0- 4) 3,5 (0- 4) 0,1143
Sonolência
diurna
0,5 (0- 4) 0 (0- 4) 0,2944
Tosse 3 (0- 4) 0 (0- 4) 0,0784
Ronco 1 (0- 1) 1 (0- 1) 0,0994
Dados apresentados em mediana associado ao mínimo e máximo.
Não tem = 0; <1/sem = 1; 1/sem = 2; 2-4/sem = 3; >4/sem = 4.
Teste de Mann Whitney.
51
GRÁFICO 1- Freqüência dos sintomas laríngeos atribuídos ao refluxo apresentados
na amostra dos portadores de Laringite ou de Esofagite. A- Rouquidão, B- Pigarro e
C- Tosse. As linha representam as medianas. (*) p<0,05 Teste de Mann Whitney.
ROUQUIDÃO
-1 -1
0
1
2
3
4
*
LARINGITE ESOFAGITE
A
ES
CO
RE
S
-1 -1
0
1
2
3
4
*
LARINGITE ESOFAGITE
B
PIGARRO
ES
CO
RE
S
TOSSE
-1 -1
0
1
2
3
4 C
LARINGITE ESOFAGITE
ES
CO
RE
S
52
Em relação ao impacto dos sintomas de refluxo na qualidade de vida dos
pacientes dos grupos Laringite e Esofagite, a TABELA 3 mostra que não houve
diferença significativa no impacto da intensidade da pirose sobre a qualidade de vida
dos dois grupos estudados. Por outro lado, a necessidade de utilizar o medicamento
e o impacto desta necessidade sobre a qualidade de vida foi maior no grupo de
Esofagite quando comparado ao grupo de Laringite. O grau de satisfação com a
situação atual foi significativamente pior no grupo com Laringite quando comparado
ao grupo Esofagite. Em relação ao somatório dos escores de qualidade de vida, não
houve diferenças significativas entre os dois grupos (GRÁFICO 2).
TABELA 3 - Avaliação da qualidade de Vida relacionada a saúde na DRGE (QVRS-
DRGE) na amostra dos portadores de Laringite ou de Esofagite.
Laringite
n= 20
Esofagite
n=12
P
Quanto a sua azia o
incomoda?
2 (0- 4)
2 (0- 4) 0,4786
Sente azia quando está
deitado?
0 (0- 2)
0 (0- 4) 0,0909
Medicamento atrapalha? 0 (0- 2) 1 (0- 3) 0,0181*
Qual o grau de satisfação
com a sua situação atual?
4 (2- 5)
3 (1- 4) 0,0231*
Dados apresentados em mediana associado ao mínimo e máximo
Sem sintoma = 0, Sintomas, sem incômodo = 1; Sintomas/incômodos nem todos os
dias = 2; Sintomas/incômodos diários = 3; Sintomas afetam as atividades diárias = 4;
sintomas incapacitantes=5.
Satisfação: Muito satisfeito=1; satisfeito=2; neutro=3; insatisfeito=4; Muito
insatisfeito=5; Incapacitado=6. Teste de Mann Whitney.
53
GRÁFICO 2-Somatório dos Escores atribuídos ao refluxo na amostra dos portadores
de Laringite ou de Esofagite. As linha representam as medianas.
4.2 Motilidade esofágica avaliada por Manometria de Alta Resolução na
população de estudo.
A TABELA 4 demonstra que, em relação ao grupo Laringite, o grupo Esofagite
apresentou menor pressão respiratória media e residual máxima do EEI, bem como
menor pressão de relaxamento integrada (IRP) e menor amplitude de contração
media a 11 cm do EEI (GRÁFICOS 3 e 4) . Por outro lado, não foi observado
diferenças significativas entre os grupos Laringite e Esofagite em relação a
amplitude de contração média a 3 cm do EEI (GRÁFICO 4), % falhas, % bolus
incompleto e Tempo de latência distal, avaliados pela classificação de Chicago
(TABELA 4). Em relação ao DCI, o grupo Laringite apresentou uma maior DCI media
e máxima quando comparada ao grupo Esofagite (TABELA 4 e GRÁFICO 4).
-1 -10
10
20
30
LARINGITE ESOFAGITE
ES
CO
RE
S
54
TABELA 4 - Avaliação da motilidade esofágica por manometria de alta resolução
nos portadores de laringite ou de esofagite.
Laringite
n= 20
Esofagite
N=12
P
Pressão respiratória media do
EEI (mmHg)
33,9 ± 2,8
24,4 ± 3,6
0,0222*
Pressão de relaxamento
integrada (IRP)
14.6 ± 1,1
8,9 ± 1,4
0,0016*
Pressão residual máxima do
EEI (mmHg)
17,6 ± 1,4
11,4 ± 1,7
0,0044*
Amplitude de contração média
3 cm do EEI (mmHg)
124,0 ± 12,1
93,1 ± 14.9
0,0608
Amplitude de contração média
11 cm do EEI (mmHg)
82,2 ± 7,5
48,5 ± 4,5
0,0014*
DCI médio (mmHg.cm.s) 2985 ± 401,5 1491 ± 290,8 0,0060*
DCI máximo (mmHg.cm.s) 3964 ± 530,1 1950 ± 331,8 0,0045*
% falha Chicago 3.4 ± 2.4 5.4 ± 3.8 0,3177
% bolus incompleto 6,1 ± 4,2 6.3 ± 4.6 0,4908
Tempo de latência distal (s) 6.1 ± 0.6 6,4 ± 0,4 0,3420
Resultados expressos pela media ± erro padrão da media.
Teste t de Student.
55
GRÁFICO 3-Avaliação de parâmetros do esfíncter esofágico inferior na amostra dos
portadores de Laringite ou de Esofagite. A- Pressão respiratória media, B- Pressão
de relaxamento integrada. As linha representam as médias. (*) p<0,05 Teste de t de
Student.
Pressão respiratória média do EEI
0
20
40
60
80
*
LARINGITE ESOFAGITE
PR
ES
SÃ
O (
MM
HG
)
A
Pressão de relaxamento integrada (IRP)
0
10
20
30
*
LARINGITE ESOFAGITE
PR
ES
SÃ
O (
MM
HG
)
B
56
GRÁFICO 4-Avaliação de parâmetros de motilidade no corpo do esôfago na amostra
dos portadores de laringite ou de esofagite. A- Amplitude de contração a 11 cm do
EEI, B- Amplitude de contração a 3 cm do EEI, C- DCI medio. As linha representam
as médias. (*) p<0,05 Teste de t de Student.
Amplitude de contração a 11 cm do EEI
0
50
100
150
*
PR
ES
SÃ
O (
MM
HG
)
LARINGITE ESOFAGITE
A
Amplitude de contração a 3 cm do EEI
0
100
200
300
PR
ES
SÃ
O (
MM
HG
)
LARINGITE ESOFAGITE
B
DCI médio
0
2000
4000
6000
*
mm
Hg
.cm
.s
LARINGITE ESOFAGITE
C
57
4.3 Correlação entre os sintomas de rouquidão, pigarro ou tosse do grupo
laringite coma motilidade esofágica.
A TABELA 5 demonstra que não foram observadas correlações significativas
entre os sintomas rouquidão, pigarro ou tosse com as medidas do esfíncter
esofágico inferior (pressão respiratória média e pressão de relaxamento integrada) e
do corpo distal do esôfago (amplitude de contração média a 3 cm). Em relação a
amplitude de contração a 11 cm, houve correlação negativa significativa, somente
com o sintoma pigarro.
TABELA 5 - Correlação entre a freqüência de sintomas laringeos do grupo com
Laringite e os achados da manometria esofágica de alta resolução (n=20).
Sintomas Manometria p r
ROUQUIDÃO
Pressão respiratória media do EEI
Pressão de relaxamento integrada
(IRP)
Amplitude de contração média 3 cm.
Amplitude de contração média 11 cm.
0,4652
0,3273
0,2348
0,4746
0,02086
-0,1066
-0,1716
-0,01523
PIGARRO
Pressão respiratória media do EEI
Pressão de relaxamento integrada
(IRP)
Amplitude de contração média 3 cm.
Amplitude de contração média 11 cm.
0,0947
0,2367
0,3821
0,0081*
0,3061
-0,1701
0,07158
-0,5299
TOSSE
Pressão respiratória media do EEI
Pressão de relaxamento integrada
(IRP)
Amplitude de contração média 3 cm.
Amplitude de contração média 11 cm.
0,2071
0,2033
0,0548
0,3589
-0,1933
0,1964
-0,08621
-0,3688
Teste de correlação de Spearman.
58
4.4 Refluxos gastroesofágicos avaliados por impedancio-phmetria no grupo de
pacientes com Laringite.
A TABELA 6 demonstra que em média não foi evidenciado aumento no
número total de refluxo, bem como no número de refluxos líquidos, mistos, gasosos,
ácidos, fracamente ácidos, alcalinos, quando comparado ao numero normal
(<percentil 95) da literatura e aceito pelo o fabricante. Por outro lado, quando
avaliado de maneira individual observa-se que existem pacientes que apresentaram
os números de refluxos aumentados (5,3% a 26,3%), quando comparado com valor
de referencia da literatura. Pode ser ainda observado que em relação a exposição
de ácido (% tempo ph<4) e progressão proximal total, houve apenas um paciente
que apresentou valores anormais (> percentil 95).
O grupo de pacientes que apresentou pelo menos 1 critério alterado (>
percentil 95) foi composto de 11 indivíduos (58%). Por outro lado, 8 pacientes (42%)
não apresentou nenhum achado alterado (<percentil 95) na impedancio-phmetria.
Quando comparado a freqüência de sintomas de rouquidão, pigarro ou tosse entre
estes dois grupos, não foram observadas diferenças significativas (GRÁFICO 5).
59
TABELA 6 - Achados da impedâncio-phmetria na amostra dos portadores de
laringite (N=19).
Numero de refluxos/24 hs
Normal (percentil 95)
TOTAL Media
% alterado
52,2 ± 7,2
21,1%
75
LÍQUIDOS Media
% alterado
22,8 ± 4,6
5,3%
55
MISTOS Media
% alterado
29,4 ± 4,2
21,1%
42
GASOSO Media
% alterado
27,32± 6,0
26,3%
30
ÁCIDO Media
% alterado
30,3 ± 13,9
10,5%
50
FRACAMENTE ÁCIDO Media
% alterado
25,4 ± 4,6
26,3%
33
ALCALINO Media
% alterado
9,6 ± 3,3 26,3%
15
% TEMPO PH<4 Media
% alterado
1,5 ± 0,4
5,3%
5%
EXTENSÃO PROXIMAL Media
% alterado
10,0 ± 2,2
5,3%
30
EXTENSÃO PROXIMAL/REFLUXO
Media % alterado
10,7 ± 2,3 0%
64
TEMPO DE CLEARANCE DO BOLUS (BCT).
Media % alterado
10,05± 0,8 0%
20
Dados apresentados em média ± o erro padrão da média ou pela
percentagem.
% alterado= acima do percentil 95.
Normal extraído de Zerbib F et al., Aliment Pharmacol Ther. 2005 Nov
15;22(10):1011-21. Conforme indicação do fabricante.
60
GRÁFICO 5 -Avaliação da intensidade dos sintomas laríngeos em relação a
alteração ou não nos parâmetros da impedancio- phmetria. A- Rouquidão, B-
Pigarro, C- Tosse. As linha representam as medianas.
ROUQUIDÃO
0
1
2
3
4
NORMAL ALTERADA
AE
SC
OR
ES
PIGARRO
0
1
2
3
4
5
NORMAL ALTERADA
B
ES
CO
RE
S
TOSSE
0
1
2
3
4
5
NORMAL ALTERADA
C
ES
CO
RE
S
61
4.5 Correlação entre os sintomas de rouquidão, pigarro ou tosse do grupo
laringite como número de refluxos gastroesofágicos.
Observa-se na TABELA 7 e no GRÁFICO 6, que existe uma correlação
positiva em relação ao numero total de refluxos com os sintomas
otorinolaringológicos, mas esta relação só atingiu significância estatística com o
sintoma tosse, mas não com rouquidão ou pigarro. Houve uma correlação positiva
significativa entre o numero de refluxos alcalinos com a freqüência de sintomas de
pigarro e tosse, mas não com rouquidão. Em relação ao número de refluxos
fracamente ácidos, houve correlação entre o sintoma rouquidão, mas não com
pigarro e tosse. Não observou-se uma correlação entre o número de refluxo ácidos,
a % de tempo com ph<4 e a extensão proximal com a freqüência de sintomas de
rouquidão, pigarro ou tosse.
62
TABELA 7- Correlação entre a freqüência de sintomas laríngeos do grupo com
Laringite e alterações na impedancio-phmetria (n=19).
Sintomas Impepanciophmetria p r
ROUQUIDÃO
Total de refluxos/24hs
Refluxos liquidos/24hs
Refluxos mistos/24hs
Refluxos gasoso/24hs
Refluxos ácidos/24hs
Refluxos fracamente ácido/24hs
Refluxos alcalinos/24 hs
% tempo ph<4
Extensão proximal
0,0685
0,2595
0,0816
0,3497
0,4590
0,0206*
0,1684
0,2483
0,4772
0,3540
0,1577
0,3333
-0,09483
0,02536
0,4723
0,2331
0,1661
-0,01410
PIGARRO
Total de refluxos/24hs
Refluxos liquidos/24hs
Refluxos mistos/24hs
Refluxos gasoso/24hs
Refluxos ácidos/24hs
Refluxos fracamente ácido/24hs
Refluxos alcalinos/24 hs
% tempo ph<4
Extensão proximal
0,3840
0,4176
0,4363
0,3399
0,0833
0,4142
0,0363*
0,3036
0,0748
0,07253
-0,05120
0,03947
0,1013
-0,3308
0,05333
0,4210
-0,1260
-0,3438
TOSSE
Total de refluxos/24hs
Refluxos liquidos/24hs
Refluxos mistos/24hs
Refluxos gasoso/24hs
Refluxos ácidos/24hs
Refluxos fracamente ácido/24hs
Refluxos alcalinos/24 hs
% tempo ph<4
Extensão proximal
0,050*
0,0085*
0,1458
0,3113
0,3783
0,1725
0,0226*
0,2696
0,4452
0,3871
0,5403
0,2553
-0,1207
-0,07615
0,2293
0,4643
-0,1502
-0,03391
Teste de correlação linear de Spearman.
63
GRÁFICO 6 -Correlação entre o número de refluxos mensurados pela impedancio-
phmetria e a freqüência dos sintomas laríngeos. A- Rouquidão, B- Pigarro, C- Tosse.
Correlação de Spearman.
0 1 2 30
50
100
150 P= 0,07A
ESCORES DE ROUQUIDÃO
TO
TA
L D
E R
EF
LU
XO
S/2
4H
S
0 1 2 3 40
50
100
150 B P= 0,3840
ESCORES DE PIGARRO
TO
TA
L D
E R
EF
LU
XO
S/2
4H
S
0 1 2 3 40
50
100
150
ESCORES DE TOSSE
CP=0,05
TO
TA
L D
E R
EF
LU
XO
S/2
4H
S
64
4.6 Ansiedade e depressão avaliados pela Escala Hospitalar de Ansiedade e
Depressao (HADS) no grupo de pacientes com Laringite.
Na TABELA 8, observa-se que em média foi evidenciado aumento no número
de escores de ansiedade ou depressão quando comparado ao número normal da
literatura. Quando avaliado de maneira individual observa-se que existem 55% dos
pacientes que apresentaram ansiedade e/ou depressão, quando comparado com
valor de referência da literatura.
TABELA 8 - Ansiedade e depressão na amostra dos portadores de laringite medida
pela Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS) (N=20).
Escores Normal
ANSIEDADE (HADS-A)
Mediana
% alterado
8,5 (1- 20)
50%
<8
DEPRESSÃO (HADS-D)
Mediana
% alterado
8 (1- 21)
45%
<8
TOTAL (HADS)
Mediana
% alterado
17,5 (4- 41)
55%
<16
Dados apresentados em mediana associado ao mínimo e máximo.
Normal extraído de Zigmond & Snaith. Acta Psychiatr Scand;67:361-370,
1983 e Botega NJ et al. Rev Saude Publica, 29:355–363, 1995.
65
4.7 Correlação entre os sintomas de rouquidão, pigarro ou tosse do grupo
Laringite com os escores de ansiedade/depressão.
Observa-se na TABELA 9 e no GRÁFICO 7, que existe uma correlação
positiva em relação ao escores de ansiedade com os sintomas de rouquidão e
pigarro, mas não de tosse. Houve uma correlação positiva significativa entre os
escores de depressão com a freqüência de sintomas de pigarro, mas não com
rouquidão ou tosse.
TABELA 9 - Correlação entre a freqüência de sintomas laríngeos do grupo com
Laringite e a presença de sintomas e ansiedade e depressão medida pela Escala
Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS) (n=20).
Sintomas Escores p r
ROUQUIDÃO
Ansiedade (HADS-A)
Depressão (HADS-D)
Total (HADS)
0,0111*
0,0885
0,0555
0,5083
0,3143
0,3674
PIGARRO
Ansiedade (HADS-A)
Depressão (HADS-D)
Total (HADS).
0,0276•
0,0240*
0,0358*
0,4351
0,4472
0,4112
TOSSE
Ansiedade (HADS-A)
Depressão (HADS-D)
Total (HADS)
0,0950
0,0878
0,1017
-0,3057
-0,3154
-0,2971
Teste de correlação de Spearman.
66
GRÁFICO 7-Correlação entre os escores de ansiedade medido pela Escala
Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS) e a freqüência dos sintomas
laríngeos. A- Rouquidão, B- Pigarro, C- Tosse. Correlação de Spearman.
0 1 2 30
5
10
15
20
25
ESCORES DE ROUQUIDÃO
A P=0,0111
AN
SIE
DA
DE
(H
AD
S-A
)
0 1 2 3 40
5
10
15
20
25
ESCORES DE PIGARRO
P= 0,0276B
AN
SIE
DA
DE
(H
AD
S-A
)
0 1 2 3 40
5
10
15
20
25
ESCORES DE TOSSE
C P= 0,0950
AN
SIE
DA
DE
(H
AD
S-A
)
67
4.8 Sintomas dispépticos avaliados pelo questionário de Porto Alegre de
sintomas dispépticos (PADYQ) no grupo de pacientes com Laringite.
Na TABELA 10, observa-se que em média foi evidenciado aumento no
número de escores de sintomas dispépticos quando comparado ao número normal
da literatura. Quando avaliado de maneira individual, observa-se que existem 75%
dos pacientes que apresentaram dispepsia funcional, quando comparado com valor
de referência da literatura.
TABELA 10 - Sintomas dispépticos na amostra dos portadores de laringite medidos
pelo Questionário de Porto Alegre de Sintomas Dispépticos (PADYQ) (N=20).
Escores Normal
DOR EPIGASTRICA
5,0 (0- 11) 0
NÁUSEA/VÔMITOS
2 (0- 14) 0
DISTENSÃO ABDOMEN
SUPERIOR
6,5 (0- 16) 0
SACIEDADE PRECOCE
0 (0- 4) 0
TOTAL
% alterado
14,5 (0- 38)
75%
<6
Dados apresentados em mediana associado ao mínimo e máximo.
Normal extraído de Sander, et al., Dig Dis Sci., vol. 49, p. 1822-1829, 2004.
68
4.9 Correlação entre os sintomas de rouquidão, pigarro ou tosse do grupo
laringite com os escores de sintomas dispépticos.
Observa-se na TABELA 11, que existe uma correlação positiva em relação ao
sintomas de náusea/vômito com os sintomas de rouquidão, mas não com a
freqüência de pigarro e tosse. Nos demais sintomas dispépticos (dor epigástrica,
distensão do abdômen superior e saciedade precoce) não houve correlação com os
sintomas de rouquidão, pigarro ou tosse.
TABELA 11 - Correlação entre a freqüência de sintomas laringeos do grupo com
Laringite e a presença de sintomas dispépticos medidos pelo Questionário de Porto
Alegre de Sintomas Dispépticos (PADYQ) (n=20).
Sintomas Sintomas dispépticos. p r
ROUQUIDÃO
Dor epigástrica
Náuseas/vômitos
Distensão do abdômen superior
Saciedade precoce
Total
0,3068
0,0439*
0,4690
0,3444
0,3493
-0,1202
0,3914
0,01861
0,09552
0,09233
PIGARRO
Dor epigástrica
Náuseas/vômitos
Distensão do abdômen superior
Saciedade precoce
Total
0,2980
0,2940
0,4406
0,3321
0,4636
-0,1262
0,1289
0,03569
0,1035
0,02185
TOSSE
Dor epigástrica
Náuseas/vômitos
Distensão do abdômen superior
Saciedade precoce
Total
0,4361
0,2833
0,1574
0,4674
0,2658
0,03841
-0,1363
-0,2368
-0,01957
-0,1487
Teste de correlação de Spearman.
69
4.10 Esvaziamento gástrico de sólido medido pelo teste respiratório com
carbono13 no grupo de pacientes com Laringite.
Não existe diferenças significativas entre o esvaziamento gástrico de sólidos
do grupo controle normal (174,1 ± 6,4min, N=26), quando comparado com o grupo
Laringite (180.4 ± 13.7 min, N=20).
4.11 Correlação entre os sintomas de rouquidão, pigarro ou tosse do grupo
laringite como esvaziamento gástrico.
Observa-se na TABELA 12, que houve uma correlação positiva em relação ao
esvaziamento gástrico de sólidos com os sintomas de pigarro, mas não com
rouquidão ou tosse.
TABELA 12 - Correlação entre a freqüência de sintomas laríngeos do grupo com
Laringite e o esvaziamento gástrico de sólido medido pelo teste respiratório do
Carbono 13 (n=20).
Sintomas Esvaziamento gástrico p r
ROUQUIDÃO T 1/2 0,4360 -0,03851
PIGARRO T 1/2 0,0382* 0,4052
TOSSE T 1/2 0,1010 0,2980
Teste de correlação de Spearman.
70
5. DISCUSSÃO
Na última década tem havido um aumento crescente no diagnóstico de
laringite secundária ao refluxo gastroesofágico. O diagnóstico geralmente é feito
pela presença de sintomas laríngeos associados à presença de sinais
laringoscópicos de laringite posterior. A laringoscopia, todavia, é um método com
baixa especificidade para a DRGE (VAVRICKA, 2007). Este fato leva a um excesso
não só de diagnósticos, mas também de indicação de tratamento anti-secretor ácido
nestes pacientes. Acrescenta-se a isso o fato de 50% destes pacientes
apresentarem exposição ácida normal à pHmetria de 24 horas e não responderem à
terapia com supressão ácida (VAEZI, 2003), persistindo com sintomas a despeito do
uso de medicações em altas doses e por tempo prolongado. Diante destas
evidências, é notória a necessidade de se entender melhor esta condição clínica.
Este estudo teve o propósito de compreender os fatores envolvidos na
gênese dos sintomas laríngeos atribuídos ao refluxo em pacientes com laringite
posterior. Para tanto, em um grupo de pacientes com laringite posterior atribuída a
DRGE, correlacionou-se a freqüência de sintomas laríngeos (rouquidão, pigarro e
tosse) com alterações na motilidade esofágica; com a frequência e as características
(físicas e de pH) dos refluxos gastroesofágicos; com a presença e intensidade de
ansiedade e/ou depressão e com o esvaziamento gástrico. Observou- se que
nenhum dos três sintomas laríngeos (rouquidão, pigarro e tosse) se correlacionou
com alterações motoras do esfíncter esofágico inferior, avaliado pela manometria de
alta resolução. Por outro lado, todos os três sintomas apresentaram correlações com
a quantidade de refluxos pela impedancio-phmetria. Rouquidão e pigarro
correlacionaram-se com a intensidade da ansiedade, o mesmo não tendo ocorrido
com o sintoma tosse. E o único sintoma que se correlacionou com o esvaziamento
gástrico foi o sintoma pigarro. Estes achados revelam que a gênese dos sintomas
laríngeos atribuídos ao refluxo, neste grupo de pacientes com laringite posterior,
possuem fatores determinantes diferentes, o que demonstra a complexidade desta
condição.
Na tentativa de avaliar o papel da barreira anti-refluxo e o impacto da DRGE
na qualidade de vida dos pacientes com laringite posterior, constituímos dois grupos
de pacientes: um grupo experimental de pacientes com laringite posterior com
sintomas laríngeos e sintomas típicos de refluxo (pirose e regurgitação), e outro
71
grupo com esofagite erosiva. Nos dois grupos, nota-se uma prevalência de
sobrepeso. Este fato está de acordo com a literatura que demonstrou uma
correlação positiva entre o aumento no IMC e a presença de DRGE (CORLEY &
KUBO, 2006). No grupo laringite, observou- se uma alta prevalência de endoscopia
normal (85%), o que se assemelha à literatura, onde há registros que 30 a 60% dos
pacientes com sintomas típicos e até 80% dos pacientes com sintomas atípicos não
apresentam alterações endoscópicas (MORAES FILHO, 2010). Tipicamente os
pacientes portadores de esofagite de refluxo têm alterações na barreira anti-refluxo e
perda na qualidade de vida. Um dado interessante deste estudo foi que apesar do
grupo com esofagite apresentar uma menor pressão do EEI, quando comparado ao
grupo laringite, não houve diferenças nas freqüências dos sintomas típicos (pirose e
regurgitação) nestes dois grupos, o que demonstra que outros mecanismos devem
estar envolvidos na gênese dos sintomas laríngeos nos pacientes com laringite.
Outro dado que reforça esta impressão é o fato do grupo com esofagite estar mais
satisfeito com o tratamento, apesar de definir que o medicamento atrapalha mais a
sua qualidade de vida, enquanto a falta de satisfação ao tratamento no grupo
laringite pode ser atribuída a uma maior refratariedade ao inibidor de bomba de
prótons neste grupo de pacientes. Vaezi (2001) avaliou 45 pacientes
prospectivamente e encontrou uma melhora dos sintomas laríngeos com o
tratamento com inibidores da bomba de prótons em apenas 47% e 64% dos
pacientes em 2 e 4 meses de tratamento, respectivamente. A ausência de resposta
aos inibidores da bomba de prótons nos pacientes restantes, pode estar relacionada
a outros fatores envolvidos na geração dos sintomas, como por exemplo a
composição do material refluído, a uma maior progressão proximal do refluxo, a
hipersensibilidade esofágica ou laríngea, ou ainda a associação com outras
doenças.
A DRGE pode causar sintomas laríngeos direta ou indiretamente. O
mecanismo direto envolve a irritação da mucosa laríngea pelo material refluído. O
mecanismo indireto, por sua vez, envolve a irritação de estruturas esofagicas,
provocando reflexos laríngeos mediados pelo nervo vago (BLONDEAU, 2008).
Independentemente do mecanismo envolvido, fatores como o pressão de repouso
do EEI, bem como a duração e magnitude do aumento da pressão intra-abdominal
são importantes para o mecanismo do refluxo (VAEZI, 2003). Baseado neste fato, o
presente trabalho estudou se existiria correlação entre as pressões de repouso do
72
EEI e a freqüência dos sintomas de rouquidão, pigarro ou tosse nos pacientes com
laringite posterior, porém os resultados não confirmam esta correlação. Deve-se
considerar, todavia, que o principal mecanismo fisiopatológico da DRGE não é a
hipotonia do EEI mas sim o relaxamento transitório do EEI (MITTAL, 1988; MITTAL,
1996), e este trabalho não avaliou este tipo de relaxamento. Outro fator que merece
uma reflexão foi o fato da avaliação da motilidade esofágica ter sido realizada
somente na posição deitada e não sentada. Este fato pode ter relevância, já que a
posição sentada é mais fisológica e há na literatura descrição de que os valores da
pressão de repouso do esfíncter esofágico inferior, do IRP e da DCI são mais baixos
na posição sentada, quando comparada com a posição deitada (DO CARMO, 2015).
Por outro lado, os resultados evidenciaram uma correlação positiva entre a
freqüência dos sintomas de rouquidão, pigarro e tosse com o número de refluxos
gastroesofágicos medido pela impedancio-phmetria. Esta correlação foi encontrada
apenas com os refluxos fracamente ácidos (4,0 < pH< 6,5) ou alcalinos (pH > 6,5),
mas não com os refluxos ácidos (pH< 4,0). Este dado está de acordo com a
literatura, onde foi demonstrado que apenas 20% dos pacientes com suspeita de
laringite por refluxo apresentam exposição ácida patológica à monitorização do pH
(VAEZI, 2003). A falta de correlação na nossa amostra de pacientes pode ser devida
ainda ao fato de apenas um paciente ter tido exposição ácida patológica (>5%). No
presente estudo também não foi identificada uma correlação entre a progressão
proximal do refluxo com os sintomas laríngeos, o que sugere que o mecanismo de
ação direta do material refluído sobre a laringe possa ser um fator de menor
importância para geração de sintomas neste grupo de pacientes. Entretanto, a
literatura demonstra que para que haja lesão na laringe humana, não é necessário
que haja refluxo volumoso e tampouco contínuo (ADHAMI, 2002).
Analisando os sintomas isoladamente, este estudo evidenciou uma correlação
positiva entre o número de refluxos fracamente ácidos e a freqüência do sintoma
rouquidão. Na literatura, em estudos com pHmetria de 24 horas em pacientes com
rouquidão refratária ao tratamento, encontraram uma prevalência de refluxo ácido
em 55 a 79% dos pacientes (MCNALLY, 1989). Por sua vez, o sintoma pigarro
apresentou correlação apenas entre os refluxos alcalinos (não ácidos). E o sintoma
tosse apresentou correlação não só com o refluxo alcalino como também com o
número total de refluxos. Este dado está de acordo com recente publicação de
Herregods (2015), que demonstrou com a utilização de impedancio-phmetria a
73
associação entre refluxo induzindo tosse em um terço dos pacientes com tosse
crônica idiopática. Ademais, estes autores demonstraram a importância da
impedancio-phmetria como método de detecção da associação entre refluxo não
ácido e tosse. No presente estudo, não houve possibilidade de correlação temporal
entre a presença de tosse com os refluxos, devido a falta de marcação de sintomas
em diário pelos pacientes, talvez pela falta de entendimento sobre a importância da
exatidão desta marcação pelos mesmos. Este fato constitui uma limitação do estudo,
pois impossibilita a definição da casualidade entre o refluxo e a tosse.
Em conjunto, podemos inferir que existe uma correlação entre o número de
refluxos não ácidos e/ou fracamente ácidos com a freqüência de sintomas laríngeos
atribuídos ao refluxo. Este fato, a princípio, reforçaria a importância da impedancio-
phmetria para o diagnóstico do refluxo nos pacientes com laringite posterior.
Entretanto, não parece ser este o caso, uma vez que não foram observadas
diferenças entre a freqüência dos sintomas laríngeos no subgrupo de pacientes com
impedancio-phmetria alterada quando comparado com o subgrupo de pacientes com
impedancio-phmetria normal. Este dado não está de acordo com a literatura. Bortoli
(2012), propôs que a impedancio-phmetria pudesse ser utilizada para avaliar a
presença de uma associação entre a DRGE com laringite posterior. Uma possível
explicação para esta discordância seria a grande quantidade de pacientes que
apresentaram exposição ácida alterada no trabalho de Bortoli (2012) (39%), quando
comparado com o nosso (5,3%), que dificulta a comparação entre os dois estudos.
O presente estudo demonstrou uma prevalência alta de ansiedade/depressão
nos pacientes com laringite relacionada ao refluxo (50%), com correlação positiva
entre a intensidade da ansiedade e a freqüência dos sintomas rouquidão e pigarro,
mas não do sintoma tosse. Em estudo populacional prévio, demonstrou-se que
existe um correlação positiva entre a presença de sintomas típicos de DRGE com os
níveis de ansiedade, sugerindo que a ansiedade poderia ser um fator importante no
aumento da percepção do refluxo. Apesar da literatura ainda não ter avaliado o tema
de ansiedade e sintomas laríngeos atribuídos ao refluxo, recentemente o grupo da
Academic Medical Center Amsterdam demonstrou que em pacientes com DRGE
ocorre um aumento dos níveis de ansiedade que se associaram com aumento na
intensidade de sintomas típicos do refluxo (dor retroesternal e pirose) e diminuição
na qualidade de vida, sem relação com o número de refluxos aferidos por
impedancio-phmetria (KESSING, 2015). O dados do presente trabalho abrem a
74
possibilidade para um estudo da relação causal entre sintomas laríngeos e
ansiedade, bem como na possibilidade de uma nova abordagem terapêutica deste
pacientes através de psicoterapia e psicofarmacologia.
Este estudo observou ainda, através da aplicação do Questionário de Porto
Alegre para Sintomas Dispépticos (PADYQ), uma grande prevalência de sintomas
dispépticos (75%) nos pacientes com laringite posterior. A sobreposição de sintomas
de DRGE e dispepsia funcional já é conhecida, sobretudo em relação a dor
epigástrica e queimação epigástrica. Estudos têm demonstrado que até 33% dos
portadores de DRGE apresentam esvaziamento gástrico retardado, sendo
observada neste grupo de pacientes uma correlação entre o retardo do
esvaziamento gástrico com o volume refluído para o esôfago proximal, porém neste
estudo não foi observado retarde no esvaziamento gástrico no grupo laringite
quando comparado com indivíduos normais. Em relação aos sintomas laríngeos, foi
observado uma correlação entre o sintoma pigarro, mas não rouquidão ou tosse,
com o esvaziamento gástrico de sólidos. E houve correlação entre a freqüência dos
sintoma de rouquidão, mas não pigarro ou tosse, com náuseas e/ou vômitos. Este
fato dificulta a tentativa de correlação entre os sintomas laríngeos com o
esvaziamento gástrico e/ou sintomas dispépticos.
Os resultados deste estudo sugerem que nos pacientes com laringite
posterior associado ao refluxo, existem diferentes fatores associados com as
frequências dos diferentes sintomas laríngeos. Onde a freqüência do sintoma tosse
correlaciona-se sobretudo com o número de refluxos, a freqüência do sintoma
rouquidão correlaciona-se com o número de refluxos fracamente ácidos e com
ansiedade, e a freqüência do sintoma pigarro correlaciona-se com o número de
refluxos não ácidos (alcalinos), com ansiedade/depressão e com o esvaziamento
gástrico. Este achados, demonstram claramente que num mesmo grupo de
pacientes a gênese e a intensidade dos sintomas laríngeos possuem definidores
diferentes, levando a uma maior complexidade no entendimento da fisiopatologia
dos sintomas laríngeos na DRGE, e por conseguinte no tratamento desta condição
clínica. Serão necessários novos estudos com um aumento no número de pacientes,
bem como com subgrupos de pacientes na intenção de confirmar estes dados.
75
6. CONCLUSÃO
Os pacientes com sintomas laríngeos e laringite posterior atribuídos a
DRGE apresentaram em sua maioria (85%) endoscopia digestiva alta
normal;
A necessidade de utilizar o medicamento teve maior impacto sobre a
qualidade de vida do grupo com esofagite, enquanto o grau de
insatisfação com a situação atual foi significativamente maior no grupo
com laringite.
Não houveram alterações significativas da motilidade esofágica no grupo
de pacientes com laringite que possam se correlacionar com o tipo ou com
a intensidade do sintoma apresentado;
Houve uma correlação positiva entre a freqüência dos sintomas de
rouquidão, pigarro e tosse com o número de refluxos gastroesofágicos
medido pela impedancio-phmetria. Esta correlação foi encontrada apenas
com os refluxos fracamente ácidos (4,0 < pH < 6,5) ou alcalinos (pH >
6,5), mas não com os refluxos ácidos (pH < 4,0);
O presente estudo demonstrou uma prevalência alta de
ansiedade/depressão nos pacientes com laringite relacionada ao refluxo
(50%), com correlação positiva entre a intensidade da ansiedade e a
freqüência dos sintomas rouquidão e pigarro, mas não do sintoma tosse.
Os pacientes com sintomas laríngeos e laringite posterior atribuídos a
DRGE apresentaram uma grande prevalência de sintomas dispépticos
(75%), porém neste estudo não foi observado retarde no esvaziamento
gástrico de sólidos no grupo laringite quando comparado com indivíduos
normais.
76
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91
ANEXO 1
QUESTIONÁRIO DE SINTOMAS DRGE
NOME:______________________________________________________________
GRUPO:________DATA:___/___/___PRONTUÁRIO:___________ PA ________
DN:_____/______/_____. IDADE:________
PROFISSÃO:___________________________
Peso:_____Alt.:_______IMC:_________________
ENDEREÇO:_________________________________________________________
FONE:______________________CELULAR______________________________
FONTE DE ENCAMINHAMENTO:______________________________________
INÍCIO DOS SINTOMAS:________
TEMPO QUE LEVOU P/ PROCURAR O MÉDICO:____________________
PARA REALIZAR ENDOSCOPIA:_____________________
TEM ENDOSCOPIA ANTERIOR? QUANDO? AONDE? RESULTADO?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
TRATAMENTOS ANTERIORES, DURAÇÃO E RESPOSTA AO TRATAMENTO:
Medicamentos SIM NÃO
ANTIÁCIDOS
BLOQUEADORES H2
INIBIDORES DA BOMBA DE
PRÓTONS
TEM ALGUMA OUTRA DOENÇA? SIM( ) NÃO( )
Qual(is)?:____________________________________________________________
___________________________________________________________________
________________________________________________________________
FAZ USO DE MEDICAÇÕES? SIM( ) NÃO( )
Qual(is)?:____________________________________________________________
___________________________________________________________________
CIRURGIA INTESTINAL PRÉVIA? SIM ( ) NÃO ( )
Qual(is)?:____________________________________________________________
___________________________________________________________________
FUMA? SIM ( ) NÃO ( ) No DE CIG/DIA: ______________________
92
BEBE? SIM ( ) NÃO ( ) <20G/DIA ( ) >20G/DIA ( )
1. PIROSE (retroesternal, e relacionada com refeição):
NÃO ( ) SIM ( )
FREQUÊNCIA: menos que 1/sem ( ) 1/semana ( ) 2-4/semana ( ) 5-
7/semana ( )
INTENSIDADE: 1- FRACA ( ) 2- MODERADA ( ) 3- FORTE ( ) 4-
INSUPORTÁVEL ( )
2. REGURGITAÇÃO (golfar, refluxo):
NÃO ( ) SIM ( )
FREQUÊNCIA: menos que 1/sem ( ) 1/semana ( ) 2-4/semana ( ) 5-7/semana
( )
3. DISFAGIA (entalo – dificuldade de deglutir):
NÃO ( ) SIM ( ) OROFARÍNGEA ( ) ESOFÁGICA ( )
FREQUÊNCIA: menos que 1/sem ( ) 1/semana ( ) 2-4/semana ( ) 5-7/semana
( )
4. ODINOFAGIA:
NÃO ( ) SIM ( ) ALTA ( ) BAIXA ( )
FREQUÊNCIA: menos que 1/sem ( ) 1/semana ( ) 2-4/semana ( ) 5-7/semana
( )
INTENSIDADE: 1- FRACA ( ) 2- MODERADA ( ) 3- FORTE ( ) 4-
INSUPORTÁVEL ( )
5. ERUCTAÇÃO:
NÃO ( ) SIM ( )
FREQUÊNCIA: menos que 1/sem ( ) 1/semana ( ) 2-4/semana ( ) 5-7/semana
( )
6. SOLUÇOS:
NÃO ( ) SIM ( )
FREQUÊNCIA: menos que 1/sem ( ) 1/semana ( ) 2-4/semana ( ) 5-
7/semana ( )
7. DISFONIA (rouquidão, voz fanhosa, voz falha):
NÃO ( ) SIM ( )
FREQUÊNCIA: uma vez cada 2 meses ( ) 1 p/mês ( ) 2-3 p/mês 4 ou mais
p/mês ( )
8. BRONCOESPASMO (chiadeira no peito):
93
NÃO ( ) SIM ( )
FREQUÊNCIA: uma vez cada 2 meses ( ) 1 p/mês ( ) 2-3 p/mês 4 ou mais
p/mês ( )
9. DOR TORÁCICA:
NÃO ( ) SIM ( )
FREQUÊNCIA: uma vez cada 2 meses ( ) 1 p/mês( ) 2-3 p/mês 4 ou mais
p/mês ( )
INTENSIDADE: 1- FRACA ( ) 2- MODERADA ( ) 3- FORTE ( ) 4-
INSUPORTÁVEL ( )
10. PIGARRO:
NÃO ( ) SIM ( )
FREQUÊNCIA: menos que 1/sem ( ) 1/semana ( ) 2-4/semana ( ) 5-7/semana
( )
INTENSIDADE: 1- FRACA ( ) 2- MODERADA ( ) 3- FORTE ( ) 4-
INSUPORTÁVEL ( )
11. SONO INTERROMPIDO:
NÃO ( ) SIM ( )
FREQUÊNCIA: menos que 1/sem ( ) 1/semana ( ) 2-4/semana ( ) 5-7/semana
( )
12. SONOLÊNCIA DIURNA:
NÃO ( ) SIM ( )
FREQUÊNCIA: menos que 1/sem ( ) 1/semana ( ) 2-4/semana ( ) 5-7/semana
( )
INTENSIDADE: 1- FRACA ( ) 2- MODERADA ( ) 3- FORTE ( ) 4-
INSUPORTÁVEL ( )
13. TOSSE:
NÃO ( ) SIM ( )
SECA( ) PRODUTIVA ( )
FREQUÊNCIA: menos que 1/sem ( ) 1/semana ( ) 2-4/semana ( ) 5-7/semana
( )
14. RONCA:
NÃO ( ) SIM ( )
94
ANEXO 2
QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA A SAÚDE NA DRGE
(QVRS)
Nome: _________________________________________________________
Idade: _____________Sexo: _____________
Função exercida no trabalho__________________________________________
Escala de Qualidade de Vida Relacionada a Saúde
para Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE – QVRS)
Escala
0 – Sem sintoma
1 – Nota-se sintomas, mas não incômodo
2 – Nota-se sintomas e incômodo, mas não todos os dias
3 – Sintomas incômodos todos os dias
4 – Sintomas afetam atividades diárias
5 – Sintomas são incapacitantes – ficar incapaz de fazer atividades diárias.
Questões sobre sintomas (marque uma resposta para cada pergunta)
1. O quanto é ruim a azia? 0 1 2 3 4 5
2. Azia quando deitado? 0 1 2 3 4 5
3. Azia quando em pé? 0 1 2 3 4 5
4. Azia depois das refeições? 0 1 2 3 4 5
5. A azia altera o que você come? 0 1 2 3 4 5
6. A azia acorda você durante o sono? 0 1 2 3 4 5
7. Você tem dificuldade em engolir? 0 1 2 3 4 5
8. Você tem dor ao engolir? 0 1 2 3 4 5
9. Você tem inchaço ou sensação de gases? 0 1 2 3 4 5
10. Se você toma medicação, isto afeta sua vida
diária?
0 1 2 3 4 5
11. O quanto satisfatório você está com sua condição
atual?
Satisfeito Neutro Insatisfatório
Durante a semana passada você teve algum dos problemas a seguir com seu trabalho ou
outra atividade regular diária por causa da sua pirose? (Por favor responda SIM ou NÃO
para cada pergunta, colocando um “X” no quadradinho).
95
SIM
(2)
NÃO
(1)
a. Reduziu a quantidade de tempo que você gastava
no trabalho ou em outras atividades
b. Conseguiu fazer menos do que gostaria
c. Ficou limitado no tipo de trabalho ou em outras
atividades
d.Teve dificuldade em executar o trabalho ou outras
atividades
Nenhum
pouco
(1)
Discretamente
(2)
Moderadamente
(3)
Bastante
(4)
Extremamente
(5)
2. Durante a
semana
passada o
quanto a azia
interferiu com
as suas
atividades
sociais
normais, com a
família,
amigos,
vizinhos ou
grupos?
Nenhuma
(1)
Muito Leve
(2)
Leve
(3)
Moderada
(4)
Severa
(5)
3. Quanto de
dor em
queimação
você teve
durante a
semana
passada?
Nenhum Discretament Moderadame Bastante (4) Extremament
96
pouco
(1)
e (2) nte (3) e (5)
4. Durante a
semana
passada o
quanto a azia
e interferiu
com o seu
trabalho
normal
(incluindo
ambos os
trabalhos
externos e
de casa)?
Nenhum
pouco do
tempo
(1)
Um
pouco
do tempo
(2)
Algum
tempo
(3)
Uma boa
parte do
tempo
(4)
A
maior
parte
do
tempo
(5)
O
tempo
todo
(6)
5. Durante a semana
passada que
quantidade de tempo a
azia interferiu em seu
sono?
6. Durante a semana
passada que
quantidade de tempo
você teve problemas
para pegar no sono ou
para ficar dormindo a
noite toda por causa da
sua azia?
97
7. Em que quantidade
de tempo durante a
semana passada a
azia fez com que você
mudasse o tipo de
comida ou a
quantidade que você
comia?
8. Em que quantidade
de tempo durante a
semana passada a
azia fez a comida
parecer nenhum pouco
apetitosa ou gostosa?
9. Em que quantidade
de tempo, durante a
semana passada a
azia deduziu a sua
disposição?
Durante os últimos 30
dias...
Nenhum
pouco do
tempo
(1)
Um
pouco
do tempo
(2)
Algum
tempo
(3)
Uma boa
parte do
tempo
(4)
A
maior
parte
do
tempo
(5)
O
tempo
todo
(6)
10. Em que quantidade
de tempo a azia
impediu que você
fizesse o tipo de coisa
que outras pessoas na
sua idade fazem?
Durante os
últimos 30
Nenhum
pouco
Discretament
e
Moderadame
nte (3)
Bastante (4) Extremament
e (5)
98
dias... (1) (2)
11. Em
média
quanta dor a
azia lhe
causou?
12. O quanto
a azia tem
lhe
preocupado
ou lhe
afligido?
99
ANEXO 3
QUESTIONÁRIO DE PORTO ALEGRE PARA SINTOMAS DISPÉPTICOS
Paciente:
Prontuário:
Idade:
Nome da mãe:
Fone:
Endereço:
Referência
Em relação aos últimos 30 dias:
DOR
I. Como você descreve a intensidade da dor no andar superior do abdome na maioria dos dias nesse período?
0. Ausente
1. Muito Leve
2. Leve
3. Moderada
4. Intensa
5. Muito Intensa
II. Qual a duração da dor na maioria dos dias nesse período?
0. Não se aplica
1. Poucos minutos (menos de 30 min)
2. Menos de 2 horas
3. Mais de 2 horas
III. Com que frequência você sentiu dor no andar superior do abdome nos últimos 30 dias?
0. Não se aplica
1. Raramente
2. 1 a 2 dias da semana
3. Quase diariamente
4. Diariamente
Escore total para dor em andar superior do abdome: ____ (máximo de 12 pontos)
100
NÁUSEA
I. Qual a intensidade da sua náusea na maioria dos dias nesse período?
0. Ausente
1. Muito Leve
2. Leve
3. Moderada
4. Intensa
5. Muito Intensa
II. Qual a duração dos episódios de náusea?
0. Não se aplica
1. Poucos minutos (menos de 30 min)
2. Menos de 2 horas
3. Mais de 2 horas
III. Com que frequência sentiu náusea nos últimos 30 dias?
0. Não se aplica
1. Raramente
2. 1 a 2 dias da semana
3. Quase diariamente
4. Diariamente
VÔMITOS I. Com que frequência vomitou nos últimos 30 dias?
0. Não se aplica
1. Raramente
2. 1 a 2 dias da semana
3. Quase diariamente
4. Diariamente
Escore total para náusea/vômitos: ____ (Máximo de 16 pontos)
DISTENSÃO EM ABDOME SUPERIOR
101
I. Qual a intensidade da sensação de distensão em abdome superior (sensação de estar cheio, com abdome aumentado) nos últimos 30 dias?
0. Ausente
1. Muito Leve
2. Leve
3. Moderada
4. Intensa
5. Muito Intensa
II. Qual a duração dos episódios durante esse período?
0. Não se aplica
1. Poucos minutos (menos de 30 min)
2. Menos de 2 horas
3. Mais de 2 horas
III. Com que frequência você sentiu distensão/enchimento no andar superior do abdome nos últimos 30 dias?
0. Não se aplica
1. Raramente
2. 1 a 2 dias da semana
3. Quase diariamente
4. Diariamente
SACIEDADE PRECOCE
I. Nos últimos 30 dias, com que frequência você sentiu que o seu estômago estava cheio logo após iniciar uma refeição?
0. Não se aplica
1. Raramente
2. 1 a 2 dias da semana
3. Quase diariamente
4. Diariamente
Escore total para distensão do andar superior do abdome/saciedade precoce: ____
(máximo 16 pontos)
ESCORE TOTAL PARA SINTOMAS DISPÉPTICOS: _____(máximo de 44 pontos)
102
ANEXO 4
ESCALA HOSPITALAR DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO - HADS
Data:___/___/______
Masculino ( ) Feminino ( ) Idade: Estado civil: Escolaridade: Este questionário ajudará o seu médico a saber como você está se sentindo. Leia todas as frases. Marque
com um “X” a resposta que melhor corresponder a como você tem se sentido na ÚLTIMA SEMANA.
Não é preciso ficar pensando muito em cada questão. Neste questionário as respostas espontâneas têm
mais valor do que aquelas em que se pensa muito. Marque apenas uma resposta para cada pergunta.
1) Eu me sinto tenso ou contraído:
3 ( ) A maior parte do tempo
2 ( ) Boa parte do tempo
1 ( ) De vez em quando
0 ( ) Nunca
2) Eu ainda sinto gosto pelas mesmas coisas de
antes:
0 ( ) Sim, do mesmo jeito que antes
1 ( ) Não tanto quanto antes
2 ( ) Só um pouco
3 ( ) Já não sinto mais prazer em nada
3) Eu sinto uma espécie de medo, como se alguma
coisa ruim fosse acontecer:
3 ( ) Sim, e de um jeito muito forte
2 ( ) Sim, mas não tão forte
1 ( ) Um pouco, mas isso não me preocupa
0 ( ) Não sinto nada disso
4) Dou risada e me divirto quando vejo coisas
engraçadas:
0 ( ) Do mesmo jeito que antes
1 ( ) Atualmente um pouco menos
2 ( ) Atualmente bem menos
3 ( ) Não consigo mais
5) Estou com a cabeça cheia de preocupações:
3 ( ) A maior parte do tempo
2 ( ) Boa parte do tempo
1 ( ) De vez em quando
0 ( ) Raramente
6) Eu me sinto alegre:
3 ( ) Nunca
2 ( ) Poucas vezes
1 ( ) Muitas vezes
0 ( ) A maior parte do tempo
7) Consigo ficar sentado à vontade e me sentir
relaxado:
0 ( ) Sim, quase sempre
1 ( ) Muitas vezes
2 ( ) Poucas vezes
3 ( ) Nunca
8) Eu estou lento para pensar e fazer as coisas:
3 ( ) Quase sempre
2 ( ) Muitas vezes
1 ( ) De vez em quando
0 ( ) Nunca
9) Eu tenho uma sensação ruim de medo, como
um frio na barriga ou um aperto no estômago:
0 ( ) Nunca
1 ( ) De vez em quando
2 ( ) Muitas vezes
3 ( ) Quase sempre
10) Eu perdi o interesse em cuidar da minha
aparência:
3 ( ) Completamente
2 ( ) Não estou mais me cuidando como deveria
1 ( ) Talvez não tanto quanto antes
0 ( ) Me cuido do mesmo jeito que antes
11) Eu me sinto inquieto, como se eu não pudesse
ficar parado em lugar nenhum:
3 ( ) Sim, demais
2 ( ) Bastante
1 ( ) Um pouco
0 ( ) Não me sinto assim
12) Fico esperando animado as coisas boas que
estão por vir:
0 ( ) Do mesmo jeito que antes
1 ( ) Um pouco menos do que antes
2 ( ) Bem menos do que antes
3 ( ) Quase nunca
13) De repente, tenho a sensação de entrar em
pânico:
3 ( ) A quase todo momento
2 ( ) Várias vezes
1 ( ) De vez em quando
0 ( ) Não sinto isso
14) Consigo sentir prazer quando assisto a um
bom programa de televisão, de rádio ou quando
leio alguma coisa:
0 ( ) Quase sempre
1 ( ) Várias vezes
2 ( ) Poucas vezes
3 ( ) Quase nunca
103
ANEXO 5
AVALIAÇÃO DA BARREIRA ANTI-RELUXO E DO ESVAZIAMENTO GÁSTRICO
EM CONJUNTO COM TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS EM PACIENTES COM
LARINGITE POSTERIOR ATRÍBUÍDAS A DRGE.
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Responsáveis: Dr. Marcellus Henrique Loiola Ponte de Souza (orientador)
Você está sendo convidado a participar de um projeto de pesquisa. Sua participação
é importante, porém não deve participar contra a sua vontade. Depois de ler as
informações abaixo, ouça com atenção às explicações que lhe serão dadas e faça
qualquer pergunta que desejar para que todos os procedimentos desta pesquisa
sejam devidamente esclarecidos.
O abaixo assinado________________________________________________,
_____anos, RG __________________ SSP-CE, prontuário___________________,
declara que é de livre e espontânea vontade que está participando como voluntário
do projeto citado acima e está ciente que:
1-O objetivo da pesquisa é avaliar a barreira anti-refluxo, esvaziamento gástrico e
alguns transtornos psiquiátricos em pacientes com laringite posterior, afim de ser
caracterizado o seu refluxo será realizado uma endoscopia digestiva com sedação
com dormonid e dolantina, afim de reduzir os desconforto associado a este exame.
Caso seja identificado alguma alteração na mucosa será realizado no mesmo
procedimento uma biopsia, que se associa a um risco muito baixo de complicação
como sangramento e não trazendo desconforto adicional para você.
2-Você será convidado a responder três questionários (Questionário Porto Alegre
para Sintomas Dispépticos, SCL-90, Escala HAD) antes do teste de esvaziamento
gástrico. Estes questionários têm por objetivo avaliar a presença de sintomas
gástricos (do estômago) e a presença de ansiedade/depressão que podem se
relacionar com a sua doença. Estes questionários você fará sozinho, terão a
104
duração de no máximo 40 minutos e os resultados serão apresentados para você
durante a consulta. O benefício destes questionários será a possibilidade de
diagnosticar outras patologias que podem ao ser tratadas representar uma melhora
nos seus sintomas.
3- A Manometria esofágica é um exame que permite ao médico avaliar o
funcionamento do órgão através da medição das pressões do esôfago (órgão do
aparelho digestivo que faz o transporte dos alimentos da boca ao estômago). estudo
do peristaltismo (movimentos que permitem a progressão do bolo alimentar) e de
suas alterações. O referido exame é realizado ambulatorialmente, sem sedação,
pois esta não é necessária e o médico precisa também da cooperação e informação
do paciente. O exame provoca apenas leve desconforto na passagem da sonda e
tem como benefício para você identificar se seus sintomas estão relacionados a um
funcionamento inadequado dos seu esôfago.
4-A impedância intraluminal esofágica é um método diagnóstico que registra o fluxo
retrógrado de conteúdo gástrico, independente de seu pH. Quando combinado com
pHmetria (Impedâncio-pHmetria), permite detectar o Refluxo Gastro-Esofágico
(RGE) ácido e "não-ácido". Portanto, permite definir se um sintoma é relacionado
com refluxo ácido, relacionado com refluxo "não-ácido", ou não relacionado com
refluxo. Além disso, a Impedâncio-pHmetria permite caracterizar o refluxo quanto à
sua composição (líquido, gasoso ou líquido-gasoso) e identificar o nível de ascensão
do refluxo no esôfago.O exame provoca apenas leve desconforto na passagem da
sonda e tem como benefício para você possibilitar quantificar o numero e as
características do seu refluxo.
5-O teste de esvaziamento gástrico será feito durante 4 horas, sendo avaliado a
função do seu estômago apos a ingesta de um sanduíche de ovo e pão, com um
copo de água. Durante o exame você assoprará num balão de alumínio, de cerca de
200 ml, a cada 15 minutos nas primeiras duas horas e após este período a cada 30
minutos. Durante o exame, você será acompanhada pela equipe de pesquisa, num
ambiente confortável com ar condicionado e sentado numa poltrona. O material para
avaliar o esvaziamento gástrico será o ácido octanóico ligado a um carbono NÃO
RADIOATIVO (carbono 13), sem efeitos colaterais para você. Tem como benefício
105
possibilitar a avaliação da presença ou não de alterações no funcionamento do
estômago.
6-Durante a semana que antecede o teste o participante não pode fazer uso das
seguintes medicações: omeprazol, bromoprida, metoclopramida, domperidona e
evitar a ingestão de farinha de milho e abacaxi.
7-Obteve todas as informações necessárias para decidir conscientemente sobre sua
participação na pesquisa.
8-Tem a liberdade de desistir ou interromper a participação neste estudo no
momento que desejar, sem necessidade de qualquer explicação e sem que isso
venha a interferir no seu atendimento nesta instituição.
9- Tem segurança de que não serei identificado e se manterá o caráter confidencial
das informações relacionadas à minha privacidade
10-Tem permissão para procurar os médicos responsáveis a qualquer dia e hora
pelos telefones que lhe serão fornecidos (Dr.Marcellus : 9921-0970) ou no
Ambulatório de Doença Inflamatória Intestinal (quinta-feira, manhã salas 7-12) no
Setor de Ambulatórios do Hospital Universitário Walter Cantídio-UFC.
11-Poderá contatar a Secretaria da Comissão de Ética (fone: 85.3288.8338) para
apresentar recursos ou reclamações em relação ao estudo.
12-Os médicos responsáveis o manterão informado e prestarão qualquer tipo de
esclarecimento quanto ao progresso da pesquisa, conforme solicitação do paciente.
Fortaleza/CE, / /
____________________________________________
Assinatura do paciente