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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARA CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA HIDRÁULICA E AMBIENTAL MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS SÓSTHENIS DE LIMA TIMÓTEO DIRETRIZES PARA ESTRUTURAÇÃO DE PLANO DE SEGURANÇA DE ÁGUA PARA EVENTOS EXTREMOS: SECAS E CHEIAS. ESTUDO DE CASO DA IMPLANTAÇÃO DA SALA DE SITUAÇÃO DA COMPANHIA DE GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS DO CEARÁ FORTALEZA – CE 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARA

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA HIDRÁULICA E AMBIENTAL

MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS

SÓSTHENIS DE LIMA TIMÓTEO

DIRETRIZES PARA ESTRUTURAÇÃO DE PLANO DE SEGURANÇA DE ÁGUA

PARA EVENTOS EXTREMOS: SECAS E CHEIAS. ESTUDO DE CASO DA

IMPLANTAÇÃO DA SALA DE SITUAÇÃO DA COMPANHIA DE GESTÃO DOS

RECURSOS HÍDRICOS DO CEARÁ

FORTALEZA – CE

2014

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SÓSTHENIS DE LIMA TIMÓTEO

DIRETRIZES PARA ESTRUTURAÇÃO DE PLANO DE SEGURANÇA DE ÁGUA

PARA EVENTOS EXTREMOS: SECAS E CHEIAS. ESTUDO DE CASO DA

IMPLANTAÇÃO DA SALA DE SITUAÇÃO DA COMPANHIA DE GESTÃO DOS

RECURSOS HÍDRICOS DO CEARÁ

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Gestão de Recursos Hídricos da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Gestão de Recursos Hídricos.

Orientador: Prof. Dr. Francisco Osny Enéas da Silva

FORTALEZA – CE

2014

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca de Pós-Graduação em Engenharia – BPGE _________________________________________________________________________________

F881a Timóteo, Sósthenis de Lima. Diretrizes para estruturação de Plano de Segurança de Água para eventos

extremos: secas e cheias. estudo de caso da implantação da sala de situação da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará. / Sósthenis de Lima Timóteo – 2014.

083 f.: il. color. enc. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Fortaleza, 2014.

Área de Concentração: Recursos Hídricos Orientação: Prof. Dr. Francisco Osny Eneas da Silva

1. Recursos Hídricos. 2. Mudanças climáticas. 3. Água - Segurança. I. Título.

CDD 627

_________________________________________________________________________________

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de, inicialmente, agradecer aos meus Pais, José Timóteo e

Daene, o primeiro já nos deixou, mas cujo legado maior permanece; a honestidade e

a simplicidade, guiando e fortalecendo nossa convicção de que podemos, sempre,

evoluir. A minha querida mãe, portadora de maestria e capacidade infinita de

realização, ser iluminado, a quem devo toda minha história.

A minha esposa Cristiane, pelo continuo apoio e compreensão em todos

os momentos. A minha filha Luíza, felicidade e motivo maior de tudo que realizo,

esperança de que tudo pode ser melhor.

Agradeço, de forma especial, ao meu orientador Professor Osny, pela

confiança e sugestões apresentadas a este trabalho. Profissional brilhante, de

inteligência e simplicidade notáveis, agradeço a oportunidade e o privilégio de tê-lo

como guia nesta caminhada.

A nossa querida Terezinha, do DEHA, por toda atenção e dedicação para

com todos os mestrandos.

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RESUMO

Um Plano de Segurança de Água para Eventos Extremos – PSAEE, tem como

objetivo a descrição de procedimentos em situações potencialmente criticas devido a

ocorrência de eventos climáticos extremos (Secas e Cheias). Prevê o

desenvolvendo de ações preventivas e plano de contingência como forma de mitigar

os efeitos destes fenômenos. Será desenvolvido em etapas distintas e

complementares, visando a antecipação, reconhecimento e avaliação de riscos, a

identificação e monitoramento de regiões vulneráveis, a implementação de rede de

alerta contra Cheias e Secas. O presente trabalho descreve diretrizes para

estruturação de um Plano de Segurança de Água para Eventos Extremos, Cheias e

Secas, estruturado em 05 (cinco) etapas; 1. Etapas Preliminares, 2. Diagnóstico do

Sistema; 3. Monitoramento Operacional; 4. Planos de Gestão e 5. Validação e

Verificação. Como estudo de caso, o trabalho analisou o processo de implantação da

Sala de Situação da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará –

COGERH, apresentando, também, sugestão de um Plano de Trabalho para a Sala

de Situação, a qual servirá de Centro de Gestão de Eventos Extremos Hidrológicos

para o Estado do Ceará, Brasil.

Palavras-Chave: Plano de segurança de água para eventos extremos; Secas e

cheias; Sala de situação.

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ABSTRACT

A Water Safety Plan for Extreme Events - PSAEE, has the purpose of description the

procedures in potentially critical situations due to the occurrence of extreme weather

events (droughts and floods). Provides the developing of preventive actions and

contingency plan as a way to mitigate the effects of these phenomena. Will be

developed in different and complementary steps, aiming anticipation, recognition and

risk assessment, identification and monitoring of vulnerable regions and the

implementation of a warning network against Floods and Droughts. The present

document describes guidelines for structuring a Water Safety Plan for Extreme

Events, Floods and Droughts, structured in five (05) steps; 1. Preliminary Steps, 2

Diagnostic System; 3 Operational Monitoring; 4. Management Plans and 5.

Validation and Verification. As a case study, the document analyzed the process of

implementing the Situation Room of the Water Resources Management Company of

Ceará - COGERH , also presenting some suggestion of a Work Plan for the Situation

Room, which will serve as a Management Center of Extreme Hydrological Events for

the State of Ceará, Brazil.

Keywords: Water Safety Plan for Extreme Events; Floods and Droughts; Situation

Room.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Ocorrência dos desastres naturais segundo a origem 14

Figura 2 Percentual de tipo de desastre mais observado no período

entre 1991 e 2010 17

Figura 3 Danos humanos causados por secas e estiagens no Ceará,

entre 1991 e 2010 19

Figura 4 Eventos climáticos extremos – Seca de 2013, no Ceará, mais

de 100.000 cabeças de gado morreram 23

Figura 5 Danos provados pela inundação na cidade de Jucurutu, Rio

Grande do Norte, ocorrida em de 2011 24

Figura 6 Açude Castanhão, Ceará, também é utilizado para controle de

cheias 25

Figura 7 Áreas marginais aos cursos d'água sujeitas a enchentes e

inundações periódicas 27

Figura 8 Limpeza de córrego: exemplo de medida estrutural para

contenção de cheias 28

Figura 9 As secas podem durar vários anos, com efeitos devastadores

na agricultura 29

Figura 10 Os gases de efeito estufa contribuíram para o aquecimento

entre 0,5 e 1,3 graus Celsius (ºC) no período entre 1951 e

2010, na temperatura global 31

Figura 11 Organograma da Secretaria Nacional de Defesa Civil 34

Figura 12 Investimento do Plano de Gestão de Riscos e Resposta a

Desastres Naturais 36

Figura 13 Calus Matus: "o único planejamento legítimo é o planejamento

democrático descentralizado, que minimiza a imposição de

valores" 38

Figura 14 Etapas de elaboração do PSAEE 41

Figura 15 Composição das etapas preliminares 43

Figura 16 Avaliação do sistema 44

Figura 17 Matriz qualitativa de priorização de risco 47

Figura 18 Sala de situação da COGERH. 56

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Figura 19 Sala de situação da ANA em Brasília. 2010 57

Figura 20 Agência Nacional de Águas em Brasília. 2013 59

Figura 21 Inter-relações da Sala de Situação da COGERH 60

Figura 22 Fases do PLANO DE TRABALHO para a Sala de Situação 63

Figura 23 Relatório com dados das Bacias Metropolitanas do Ceará 67

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Classificação dos Desastres 15

Tabela 2 Número de ocorrências por tipo de desastre no período 1991-

2010 17

Tabela 3 Regras sugeridas para caracterização da situação de

operação de reservatório no período úmido 69

Tabela 4 Ações da SALA DE SITUAÇÃO 70

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LISTA DE SIGLAS

ANA Agência Nacional de Águas

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

APAC/PE Agência Pernambucana de Águas e Clima

BMDI Bhalme & Mooley Drought Index

CEDOC Centro de Documentação da ANA

CEMADEN Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres

Naturais

CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais

CENAD Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres

CEOPS/FURB Centro de Operações do Sistema de Alerta do Vale do Itajaí

CEPED Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres da

Universidade Federal de Santa Catarina.

CESP Companhia Energética de São Paulo

CHESF Companhia Hidro Elétrica do São Francisco

CNARH/ANA Cadastro Nacional de Usuários de Recursos Hídricos

COGERH/CE Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Estado do

Ceará

CPRM Serviço Geológico do Brasil

CPTEC/INPE Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do INPE

DINFO Divisão de Informática da ANA

DIREC Diretoria Colegiada da ANA

GEINF/SGH/ANA Gerência de Dados e Informações Hidrometeorológicos da ANA

INEA/RJ Instituto Estadual do Ambiente do Estado do Rio de Janeiro

INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

IPCC Painel Intergovernamental em Mudança do Clima

NOS Operador Nacional do Sistema Elétrico

PCD Plataforma de Coleta de Dados

SINDEC Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil

SFI/ANA Superintendência de Fiscalização da ANA

SGH/ANA Superintendência de Gestão da Rede Hidrometeorológica da

ANA

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SIGEL/ANEEL Sistema de Informações Georreferenciadas do Setor Elétrico

SIG-RB Sistema de Informações Geográficas do Ribeira de Iguape e

Litoral Sul

SNIRH/ANA Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos

SUM/ANA Superintendência de Usos Múltiplos e Eventos Críticos da ANA

ZCIT Zona de Convergência Intertropical

ZCAS Zona de Convergência do Atlântico Sul

ZCOU Zona de Convergência de Umidade

VCAN Vórtice Ciclônico de Altos Níveis

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 14

1.1 Objetivo Geral 20

1.2 Objetivo Especifico 21

1.3 Justificativa e Relevância 21

2 REVISÃO DA LITERATURA 23

2.1 Eventos Extremos – Secas e Cheias 23

2.1.1 Cheias 24

2.1.1.1 Fatores condicionantes das cheias 26

2.1.1.2 Causas das cheias e inundações 27

2.1.1.3 Medidas de defesa contra as cheias 27

2.1.2 Eventos críticos – Secas 28

2.2 Aspectos legais e institucionais para enfrentamento de

eventos extremos 33

2.2.1 Plano Nacional de gestão de riscos e resposta a desastres naturais 35

2.2.2 Conceitos sobre planejamento e políticas públicas 37

3 DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO DO PLANO DE

SEGURANÇA DE ÁGUA PARA EVENTOS EXTREMOS 40

3.1 Conceito do PSAEE – Plano de Segurança de Água para

Eventos Extremos 41

3.2 Etapas do PSAEE 40

3.3 Descrição detalhada das etapas 42

3.3.1 Etapas preliminares 42

3.3.2 Avaliação do sistema 44

3.3.2.1 Descrição das áreas vulneráveis e sistemas híricos 44

3.3.2.2 Identificação e análise de perigos potenciais e caracterização

de riscos 46

3.4.1.3 Métodos para caracterização e priorização dos riscos 46

3.4.1.3.1 Matriz de priorização de riscos 47

3.4.1.4 Análise de perigos e pontos críticos de controle (APPCC) 47

3.4.1.4.1 Estabelecimento de medidas de controle dos pontos críticos 48

3.4.2 Monitoramento operacional 49

3.4.3 Planos de gestão 50

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3.5 Procedimentos para gestão em condições de rotina 51

3.6 Procedimentos para gestão em condições excepcionais 51

3.7 Estabelecimento de documentação e protocolo de

comunicação 53

3.8 Validação e verificação do plano 54

4 ESTUDO DE CASO - SALA DE SITUAÇÃO 56

4.1 Salas de situação– Objetivos e Panorama Brasil 56

4.2 ANA – Agência Nacional de Águas – Função, objetivo e

atribuições 58

4.3 Sala de situação da COGERH 60

4.4 Operacionalização das salas de situação 61

4.5 Plano de Trabalho – Diretrizes básicas 62

4.5.1 Fase inicial 62

4.5.2 Planejamento das atividades 63

4.5.3 Formação da equipe de trabalho 63

4.5.4 Macro-Informações dos sistemas e equipamentos 64

4.5.4.1 Descrição do sistema hídrico do estado do Ceará –

Caracterização das bacias hidrográficas e equipamentos do

monitoramento 64

4.5.5 Procedimentos operacionais para a sala de situação 65

4.5.5.1 Descrição das atividades das equipes de trabalho 65

4.5.5.2 Descrição das estações hidrometeorológicas 65

4.5.5.3 Caracterização dos eventos críticos situações das estações

fluviométricas 66

4.5.5.4 Protocolo de ação para os eventos extremos e plano de

contingência 66

4.5.5.5 Aspectos meteorológicos dos eventos extremos 66

4.5.5.6 Caracterização das bacias hidrográficas do Ceará 67

4.5.5.7 Definição dos reservatórios para monitoramento de eventos críticos 68

4.5.5.8 Caracterização das situações de operação dos reservatórios 68

4.5.5.9 Sala de situação - Ações 69

5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO 71

REFERÊNCIAS 76

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1 INTRODUÇÃO

Evento extremo (meteorológico), segundo o IPCC (Intergovernmental

Panel on Climate Change) pode ser definido como evento raro que ocorre num

determinado local e tempo do ano. Acrescentando, podemos definir eventos

extremos climáticos como aqueles eventos que provocam impactos extremos,

envolvem riscos (morte, desabrigados, etc.), estão relacionados a vulnerabilidade e

resiliência, capacidade de recuperação após a ocorrência de um evento crítico.

Desastres naturais são eventos físicos de perigo causados por

fenômenos naturais que provocam danos a população e/ou propriedade, produzindo

um grande número de vítimas e/ou destruição ambiental. Os desastres naturais

podem ser classificados, por sua origem, em; a) os de origem geológica (terremotos,

erupções vulcânicas, tsunamis, etc.); e b) os de origem hidrometeorológica,

associados a eventos meteorológicos extremos são as tempestades, furacões,

enchentes, inundações, secas, etc. A Universidade Católica de Louvain, na Bélgica,

através de seu Centro de Estudos de Epidemiologia de Desastres (CRED), divulga

anualmente os números dos desastres naturais e seus estragos, Figura 1.

Aproximadamente 75% dos desastres naturais no planeta tem origem

hidrometeorológica.

Figura 1 – Ocorrência dos desastres naturais segundo a origem.

Fonte (Centro de Estudos de Epidemiologia de Desastres-EM-DAT_ CRED)

O Brasil sofre anualmente com desastres naturais e tem ocorrido com

mais frequência e vem causando sérios prejuízos à população, matando centenas e

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desabrigando milhares. Este aumento da recorrência e da magnitude dos principais

desastres no Brasil, está relacionado, segundo especialistas, às variações do clima.

Os mais comuns são as secas e as cheias.

Para Marengo (2010) as enchentes causam enormes desastres

econômicos, tanto para pessoas quanto para as instituições, além de tirar um grande

número de vidas humanas. Para o autor a seca pode comprometer cidades inteiras

tanto em relação a fornecimento de eletricidade, gerando grandes prejuízos

econômicos, como também, graves problemas de êxodo de populações de regiões

inteiras.

Para Klabin (2010) à intensidade desses eventos soma-se a dificuldade

de gerenciamento de planos para a adaptação e a atenuação de seus efeitos, devido

à impossibilidade de prevê-los com exatidão.

Os desastres possuem origem natural ou antrópica. Seus efeitos incidem

sobre os ecossistemas e sobre as populações humanas, atingindo mais

drasticamente as populações mais pobres, que habitam áreas de risco, estão mal

preparadas e têm baixa capacidade de recuperação (CEPAL, 2003).

De acordo com a Política Nacional de Defesa Civil (SNDC, 2007), os

desastres naturais são classificados segundo os critérios de evolução, intensidade e

origem (Tabela 1).

Tabela 1- Classificação dos desastres

CRITÉRIO TIPO DE DESASTRE

COMENTÁRIO

Súbito ou de evolução aguda

Causados por eventos adversos violentos e rápidos. Exemplos: deslizamento, enxurrada, vendaval, terremoto, erupção vulcânica, chuva de granizo etc.

De evolução crônica ou gradual

Insidiosos, com agravamento progressivo. Exemplos: seca, erosão, poluição ambiental etc.

Evolução

Por somatório de efeitos parciais

Somatório de vários acidentes ou desastres que, após um período, definem um grande desastre. Exemplos: cólera, malária, acidentes de trânsito e de trabalho etc.

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Acidente Danos e prejuízos de pouca importância para a coletividade como um todo.

Desastre de médio porte

Danos e prejuízos importantes, mas recuperáveis com recursos da própria área sob sinistro.

Desastre de grande porte

Recuperação exige o reforço de recursos regionais, estaduais ou federais. Implica decretação de situação de emergência.

Intensidade

Desastre de muito grande porte

Recuperação exige a ação coordenada de todos os níveis do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil e, eventualmente, a ajuda externa. Implica decretação de estado de calamidade.

Natural Decorrente de fatores e desequilíbrios da natureza que atuam independentemente da ação humana.

Humana ou antropogênica

Provocado pela ação ou omissão humana. Homem como agente e autor. Causa

primária

Mista

Decorrente da intercorrência de fenômeno natural sobre áreas degradadas pela ação humana ou quando um fenômeno é agravado pela ação ou omissão humana.

Fonte: Adaptado a partir da Política Nacional de Defesa Civil (SNDC, 2007).

Segundo o Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres

(CEPED), da Universidade Federal de Santa Catarina, em seu Atlas Brasileiro de

Desastres Naturais, dos 31.909 desastres registrados no período entre 1991 e 2010,

96.494.755 pessoas foram afetadas, causando 2.475 mortes.

Levando-se em conta os números de afetados, os tipos de desastres mais

observados foram a seca e estiagem (Figura 2).

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17

Figura 2 – Percentual de tipo de desastre mais observado no período entre 1991 e

2010.

Fonte: Atlas Brasileiro de Desastres Naturais 1991 a 2010: volume Brasil / Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. Florianópolis: CEPED UFSC, 2012.

Segundo o Atlas Brasileiro de Desastres Naturais 1991 a 2010, produzido

pelo CEPED, em Florianópolis, o tipo de desastre que mais mata é o relacionado a

inundações bruscas e movimentação de terra.

A região que apresentou o maior número de mortes proporcionais foi a

Sudeste, por conta da alta densidade demográfica. Segue abaixo, na Tabela 2, o

número de ocorrências e a distribuição geográfica dos diferentes tipos de

catástrofes. CEPED, 2012).

Tabela 2 – Número de ocorrências por tipo de desastre no período 1991-2010

Tipo de desastre Número de ocorrências

Regiões mais afetadas

Estiagem e seca 16.944 Nordeste

Inundação brusca e alagamentos

6.771 Sul, Sudeste

Inundação gradual 3.673 Sudeste, Nordeste, Sul

Vendaval e/ou ciclone 2.249 Sul

Tornado 41 Sul

Granizo 1.369 Sul

Geada 28 Sul

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Incêndio Florestal 109 Norte

Movimento de massa 454 Sudeste

Erosão fluvial 85 Norte

Erosão linear 125 Centro-Oeste

Erosão marinha 61 Nordeste

Total Geral 31.909

Fonte: CEPED, 2012.

O Estado do Ceará, assim como o Nordeste Brasileiro, é bastante

vulnerável do ponto de vista hídrico, tendo que conviver com as sérias

consequências do seu regime hidrometeorológico de acentuada irregularidade,

temporal e espacial e cuja principal característica é a ocorrência de períodos secos

interanuais de grandes deficit hídricos e a ocorrência de quadras chuvosas com

severas precipitações.

Ocorrem, basicamente, no Estado do Ceará, dois tipos de desastres

naturais hidrometeorológicos, as secas e as inundações. Estes desastres estão

relacionados às chuvas (tanto pela ocorrência, como por sua falta), e, nesse cenário,

observamos a relevância de se estudar os desastres naturais associados a eventos

extremos. Sem esquecer os riscos a que estão sujeitos os indivíduos que habitam

áreas consideradas vulneráveis.

Segundo o CEPED, durante os anos de 1991 a 2010, o Estado do Ceará

teve cerca de 6.815.209 pessoas afetadas por estiagens e secas. Este tipo de

desastre é o evento que mais causou prejuízo ao Ceará. (Figura 3).

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Figura 3 – Danos humanos causados por secas e estiagens no Ceará, entre 1991 e 2010

Fonte: Atlas Brasileiro de Desastres Naturais 1991 a 2010: volume Brasil / Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. Florianópolis: CEPED UFSC, 2012.

A disponibilidade e manutenção dos recursos hídricos em localidades

áridas e semiáridas do país estão entre os principais temas de estudos e debates

sobre impactos ambientais e variações climáticas. Diante das implicações do clima

no manejo dos recursos hídricos, existe urgência na definição de políticas regionais

para reduzir e, sempre que possível, eliminar efeitos adversos nos sistemas

hidrológicos.

Segundo Gonçalves et al. (2006), muitos dos impactos ambientais na

região Nordeste estão relacionados com o surgimento de cheias ou com estiagens

prolongadas. Nos dois casos os danos materiais podem ser consideráveis. A

intensidade destes eventos varia no tempo e espaço.

Para Gonçalves et al. (2006) a intensidade dos danos causados pelos

fenômenos tem relação direta com atividades antrópicas. O desmatamento e a

urbanização provocam aumento repentino no escoamento superficial e formação de

inundações.

A seca é um problema climático, consistindo, ainda numa situação que

gera dificuldades sociais para as pessoas que moram na região. A falta de água

dificulta a expansão da agricultura e o desenvolvimento de animais, provocando a

falta de recursos econômicos, gerando fome e miséria em toda região semiárida

nordestina.

Por outro lado, esta variabilidade hídrica e irregularidade das chuvas,

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20

revertem-se em algumas vezes para um intenso quadro chuvoso. Mesmo nas

regiões onde chuvas e enchentes fazem parte do ciclo anual, a intensidade e o

volume chuvosos estão mais fortes. O que parece não mudar é o despreparo do

governo, da sociedade civil e das populações afetadas para enfrentar essas

situações.

Não existe, no Brasil, uma cultura de prevenção de desastres naturais,

tampouco as comunidades são envolvidas nos processos de prevenção, preparação,

resposta e reconstrução de cenários afetados por catástrofes.

Neste contexto, este trabalho pretende apresentar e descrever

procedimentos básicos necessários para a elaboração de um plano de segurança de

água para eventos extremos (PSAEE). Um PSAEE envolve etapas e métodos, por

exemplo, a organização de equipe multidisciplinar para elaboração e gerenciamento,

o cadastramento e caracterização das áreas vulneráveis afetadas pelos eventos

extremos, o mapeamento das estruturas hídricas e rede de monitoramento, a

qualificação e quantificação dos riscos naturais, a identificação, avaliação e

consequências dos impactos diretos e indiretos, o estabelecimento de ações

preventivas, rotinas de treinamento e simulações de ações emergenciais,

elaboração de fluxogramas de controles e sistema de comunicações de emergência,

dimensionamento de equipamentos, serviços e pessoal necessários no caso da

ocorrência de emergências, etc.

A metodologia utilizada neste trabalho busca apresentar a estruturação

das etapas de elaboração de um Plano de Segurança de Água para Eventos

Extremos e aborda o estudo de caso das “SALAS DE SITUAÇÃO”, modelo

desenvolvido pela Agência Nacional de Águas (ANA) para monitoração e informação

de ocorrências de eventos hidrológicos críticos.

1.1 Objetivo Geral

O presente trabalho tem como objetivo, a elaboração de diretrizes para

estruturação e desenvolvimento de Planos de Segurança da Água para Eventos

Extremos; Secas e Cheias. É ainda objetivo desta pesquisa apresentar um estudo

de caso, envolvendo o processo de implantação da SALA DE SITUAÇÃO da

Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará – COGERH, a qual servirá

como Centro de Gestão de Eventos Extremos Hidrológicos do Estado do Ceará.

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1.2 Objetivo Específico

• Descrever as etapas fundamentais para estruturação de Plano de

Segurança da Água para Eventos Extremos, aplicável no âmbito de Órgãos

Gestores de Recursos Hídricos.

• Analisar, no estudo de caso, o processo de implantação e estruturação

da SALA DE SITUAÇÃO da COGERH, a qual reunirá equipamentos, programas e

modelos computacionais e equipes dedicadas a monitorar eventos hidrológicos

críticos no Estado do Ceará, planejando e promovendo ações destinadas a

prevenir/minimizar os efeitos de eventos extremos; secas e cheias. Também é

apresentada uma metodologia para implementação do PLANO DE TRABALHO para

a referida sala.

1.3 Justificativa e Relevância

Um Plano de Segurança de Água para Eventos Extremos -PSAEE

representa um conjunto de ações sistemáticas necessárias para tomada de decisão,

por parte de órgãos gestores, em resposta a desastres naturais de natureza

hidrometeorológica, tais como as cheias e secas.

O PSAEE deve representar uma abordagem prática, atuando de forma

integrada, propondo ações corretivas, planos de contingências compatíveis a

vulnerabilidade das regiões potencialmente afetadas. Particularmente nos Estados

do Nordeste Brasileiro, afetados por eventos extremos, como secas e cheias, há

uma preocupação maior devido há grande vulnerabilidade social da população,

sobretudo as da zona rural.

Segundo pesquisadores do IPCC - Painel Intergovernamental em

Mudança do Clima, o planeta experimentou, no século XX, as maiores temperaturas

dos últimos quinhentos anos, registrando elevação de temperatura média entre

0,3°C e 0,6°C. Para os cientistas esse aumento não é insignificante e, segundo os

mesmos, é suficiente para modificar todo clima de regiões, afetando de forma

intensa a biodiversidade, provocando vários desastres ambientais. Desta forma, para

o IPCC, o aquecimento global é uma consequência das alterações climáticas

ocorridas no planeta.

Segundo José Marengo, pesquisador titular e professor do Instituto

Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o homem tem um papel fundamental nesse

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processo, ele afirma que a queima de combustíveis fósseis, assim como o

desmatamento e outras atividades humanas podem acelerar e agravar o

aquecimento global, através da emissão de gases do efeito estufa.

Uma outra corrente de pesquisadores faz análise diferente. Para estes

estudiosos as atividades humanas não tem qualquer interferência no agravamento

do processo natural do clima na terra. Estes cientistas afirmam que o aquecimento

global, os resfriamentos da atmosfera e dos oceanos, fazem parte da dinâmica

climática da Terra e a ação humana não tem qualquer influência sobre esses

fenômenos. Para Geraldo Lino, geólogo e autor do livro “A fraude do aquecimento

global” estes eventos são ciclos naturais que acontecem e que “não existe qualquer

evidência física observada no mundo real que permita afirmar que as variações do

clima nos últimos dois séculos sejam anormais, em relação às ocorridas antes, no

passado histórico e geológico”.

Apesar da complexidade da origem destes fenômenos e a despeito da

causa desta perturbação climática que vem acontecendo no planeta, experimentam-

se uma maior frequência de ocorrência do número de eventos extremos,

prolongados períodos de escassez hídrica e inusitadas ocorrências de cheias no

Brasil.

Diante desta realidade, é imperativo que se implemente ações práticas de

aprimoramento dos sistemas de tomada de decisões para ações contra estes

eventos extremos, através da criação de mecanismos de enfrentamento dos seus

efeitos adversos, desenvolvendo medidas mitigadoras para os potenciais desastres

ambientais e preservação de vidas humanas. O presente trabalho propõe diretrizes

para estruturação de Planos de Segurança da Água para Eventos Extremos

(PSAEE), identificando e priorizando os riscos potenciais nos diversos sistemas

hídricos.

A necessidade de elaboração de um PSAEE deve ser específica, a partir

de um documento mestre e, então adaptada, customizada para cada região,

levando-se em consideração principalmente seus aspectos climáticos,

geomorfológicos, região hidrográfica e divisão geográfica e política.

Plano que disponibilizará aos gestores informações consistentes e

rápidas, auxiliando em suas decisões, delegando aos órgãos competentes

responsabilidades para ações a serem tomadas.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Eventos extremos – Secas e cheias

A ocorrência de eventos hídricos extremos não se dá frequentemente,

para Jacinto (2009) estão relacionados a abundância ou escassez hídrica e são

fortemente influenciados pelo clima e pela sua dinâmica, podendo ocasionar

grandes destruições, perdas de vidas humanas, colocando em risco todo um

equilíbrio da biodiversidade. A pecuária também vem contabilizando as

consequências da estiagem prolongada no Nordeste. A falta de chuva faz pastos

secaram e falta alimento para os animais. Segundo dados oficiais do Governo do

Estado do Ceará, mais de 100.000 cabeças de gado morreram em 2013 (Figura 4).

Figura 4 - Eventos climáticos extremos – Seca de 2013, no Ceará, mais de 100.000 cabeças de gado morreram

Fonte: http://sobralinfoco.blogspot.com.br/2013/02/lagrima -dor-e-morte-na-seca-do-ceara.html. (acesso: 06/06/13)

Para Sarewitz et al. (2000), estes eventos tem ocorrências com incidência

rara, se distanciando da média, variando em sua magnitude. Estes eventos são

responsáveis pelas principais catástrofes naturais atuais.

Os eventos climáticos extremos são uma realidade e condicionados a

uma natural variabilidade dos fenômenos meteorológicos que caracterizam o estado

médio da atmosfera de determinadas regiões, cuja potencial de alteração e

frequência são, para boa parte dos cientistas, alteradas pelas atividades

antropogênicas (DGOTDU, 2009).

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Figura 5 – Danos provados pela inundação na cidade de Jucurutu, Rio Grande do Norte, ocorrida em de 2011.

Fonte:http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/jucurutu-135-casas- estao-inundadas/171156. (acesso: 16/07/13)

Os eventos hidrometeorológicos extremos, como as secas e cheias

caracterizam-se por padrões de desvios da quantidade de chuva superiores ou

inferiores ao comportamento normal. Estes eventos tem ocorrências com incidência

rara, se distanciando da média, variando em sua magnitude (SAREWITZ et al.,

2000), causam profundas mudanças nas características habituais da área atingida,

tanto a física, movimentando massas e redistribuindo alguns aspectos da paisagem,

como a social, por exemplo, provocando abalos sociais, como no caso dos longos

períodos de seca no sertão nordestino.

A necessidade de criar na sociedade níveis adequados de resistência e

reestruturação face aos eventos potencialmente danosos que poderão ser

agravados pelas alterações climáticas é premente. Desta forma é imperiosa a boa

gestão em áreas sujeitas a eventos hidrológicos críticos, através de uma forte

articulação intersetorial, seja pela alocação de água em situações de seca, seja

pelas intervenções e pelas políticas multissetoriais requeridas para controle de

cheias.

2.1.1 Cheias

Cheias: São fenômenos naturais extremos e temporários, provocados por

precipitações moderadas e permanentes ou por precipitações repentinas e de

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elevada intensidade, ocasionando transbordamento de água do seu leito natural,

córregos, lagos, rios, mares e oceanos.

As cheias são forças naturais extremas com uma capacidade enorme de

destruição que ocorrem repentinamente, provocando impactos diretos sobre as

populações atingidas, sendo os seus efeitos súbitos e rapidamente perceptíveis.

A possibilidade de uma cheia causar destruição implica na vulnerabilidade

resultante do acontecimento deste fenômeno, sendo expressa quantitativamente.

Desta forma, o risco de cheias, pressupõe, segundo Rocha (1993), “a existência do

fenômeno natural de ocorrência de elevados valores de vazão num determinado

local e a ocupação desse mesmo local por bens e pessoas no mesmo instante da

ocorrência das cheias”.

Segundo Ramos (2000), apesar das cheias serem acontecimentos

extremos não implica necessariamente que sejam excepcionais. Para Rocha (1993)

a excepcionalidade reside, neste caso, na sua magnitude e não na sua frequência.

Pela importância desempenhada no papel de transporte biogeoquímico e,

potenciais causadores de sérios riscos à saúde coletiva, os eventos de cheia tem,

para Lima e Lall (2008), chamado a atenção de grande parte da comunidade

científica nas últimas quatro décadas, além causarem perdas de vida e grandes

danos materiais.

Figura 6 – Açude Castanhão, Ceará, também é utilizado para controle de cheias.

Fonte:http://www.dnocs.gov.br/barragens/castanhao/castanhao.htm. (acesso: 27/07/13)

Grande percentual dos estudos hidrológicos de cheias tem sido voltado

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para a análise estatística da frequência dos eventos extremos de cheias, a partir do

uso de informações locais e regionais de precipitação e vazão, características físicas

da bacia hidrográfica e informação histórica ou paleoinformação, para (LIMA, C. H.

R.; LALL, U., 2008) as pesquisas têm também focado na operação de reservatórios

para controle de cheias (Figura 6) e nos impactos econômicos, social e ecológico de

eventos extremos de cheias.

2.1.1.1 Fatores condicionantes das cheias

Para Souza (1998), os fatores condicionantes de inundações e enchentes

são de origem natural e/ou antrópica. Segundo o autor os condicionantes naturais

são divididos em: climático-meteorológicos (magnitude e frequência de chuvas

associadas a frentes frias, fenômenos climáticos como El Niño e La Niña etc.),

geológico-geomorfológicos (substrato geológico, morfometria da bacia de drenagem,

solo e cobertura vegetal), flúvio-hidrológicos (hidráulica fluvial, correntes geradas por

marés em áreas estuarinas e lagunares etc.) e oceanográficos (influência das marés

e da dinâmica de circulação costeira junto à desembocadura fluvial ou lagunar).

Já os fatores condicionantes antrópicos resultam de intervenções

humanas diretas ou indiretas nas bacias de drenagem (Souza, 1998), sendo

genericamente agrupados em: uso e ocupação de áreas marginais aos canais de

drenagem (Figura 7); modificações na rede de drenagem (aterros, construção de

estruturas lineares e barragens; implantação de medidas estruturais para minimizar

enchentes, disposição de resíduos sólidos e líquidos em locais inadequados ou nos

próprios canais etc.) e modificações nos processos sedimentares naturais e no

balanço sedimentar do sistema costeiro.

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Figura 7 – Áreas marginais aos cursos d'água sujeitas a enchentes e inundações periódicas.

Fonte:http://www.ambienteduran.eng.br/conceitos-no-novo-codigo-florestal- ilustrado-art-3%C2%BA-lei-1265112. (acesso: 01/08/13)

2.1.1.2 Causas das cheias e inundações

As cheias representam um dos riscos naturais com maior potencial de

destruição para o homem, pois são o desastre com maior impacto em escala

planetária, estando associadas à proximidade de cursos de água e a processos do

ciclo hidrológico. São causadas pela ocorrência de tempestades ou pelo aumento

repentino do nível das águas marítimas, derivada de condições meteorológicas de

probabilidade extrema (SARAIVA, 1999), estando, ainda, associadas a outros

desastres naturais como os sismos e tsunamis.

2.1.1.3 Medidas de defesa contra as cheias

Para as regiões com probabilidades de sofrerem os efeitos das cheias

deverão ser empregadas técnicas de gestão sustentável para estas regiões a várias

escalas espaciais, seja, no geral, através de medidas ao nível da organização da

região e do planejamento local em particular, através do mapeamento, analise e

gestão dos potenciais riscos naturais que possibilitem minimizar os impactos das

cheias nas atividades humanas.

São duas as componentes de defesa e proteção em relação a este tipo de

risco natural; uma estrutural (Figura 8) e outra não-estrutural, ambas relacionadas à

execução de obras e/ou estruturas, de forma a preparar planos e ações

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emergenciais.

Figura 8 – Limpeza de córrego: exemplo de medida estrutural para contenção de cheias.

Fonte:http://jornalportaleste.blogspot.com.br/2010_12_28_ar- chive.html.(acesso: 05/08/13)

As medidas estruturais relacionam-se com as intervenções que reduzam

um ou vários parâmetros das cheias, do ponto de vista hidrológico ou hidráulico ao

nível das áreas inundáveis, vazão, volume, canal, altura de cheia, etc., com ações

ao nível da bacia hidrográfica, como o reflorestamento e de controle de cheias e

estruturas com objetivos pontuais, como barragens e bacias de retenção, ou

lineares, que requerem geralmente elevados investimentos, como, diques, etc.

Por outro lado, as medidas não-estruturais relacionam-se as intervenções

diversificadas, ao nível da participação de várias entidades (órgãos de gestão

municipal, populações residentes em áreas de risco, etc.), utilizando-se instrumentos

de caráter institucional e regulamentar, nomeadamente, regulamentos de zonamento

e de construção, assim como o planejamento integrado das bacias hidrográficas, em

que o cruzamento entre estes dois níveis de atuação, o planejamento do uso do solo

e a defesa contra cheias, pode constituir, segundo Saraiva (1993), “um processo

integrado visando simultaneamente a redução da vulnerabilidade aos riscos de cheia

e o ordenamento do uso do solo nessas áreas”.

2.1.2 Eventos críticos – Secas

Pode-se definir seca como um das principais catástrofes naturais,

fenômeno climático caracterizado pela insuficiência e/ou irregularidade de

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precipitação numa determinada região, em uma escala de tempo muito grande,

provocando desequilíbrios hidrológicos importantes.

Figura 9 - As secas podem durar vários anos, com efeitos devastadores na

agricultura.

Fonte: http://balneariodocaldas.com.br/site/?p=182.(acesso:12/08/13)

Para CAMPOS et al (1994) a definição de seca está intimamente

relacionado ao ponto de vista do observador, segundo os autores apesar da causa

primária das secas residir na insuficiência ou na irregularidade das precipitações

pluviais, há uma sequência de causas e efeitos na qual a consequência mais

próxima de uma seca torna-se a causa de um outro efeito e esse efeito passa a ser

denominado também de seca.

Desta forma, para os autores, identificam-se; a seca climatológica, causa

originária do processo, a seca edáfica, efeito da seca climatológica, a seca social,

efeito da seca edáfica e por fim, a seca hidrológica, efeito dos baixos escoamentos

nos cursos d'água e/ou do sobreuso das disponibilidades hídricas.

Em relação a outros desastres naturais, as secas são consideradas as

mais complexas e as menos cientificamente compreendidas, apesar de vários

trabalhos científicos apresentados. São catástrofes avaliadas, por muitos, como as

que tendem, na maioria das ocorrências, a vitimar um maior número de pessoas.

Segundo a Organização Mundial de Meteorologia, agência especializada

da Organização das Nações Unidas, seu início é subtil, o seu progresso insidioso, e

os seus efeitos podem ser devastadores. Para Wilhite (1993b), a seca tem sutileza e

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resulta de um conjunto de sequências climáticas cujos efeitos se acumulam,

progressivamente, por amplos períodos temporais tornando-se um “fenômeno

rastejante” ou, para Cunha (1982) e Vlachos (1990) um “não acontecimento”

extremo, isto é, a não ocorrência de precipitação.

O fenômeno da seca confere unanimidade em torno de outros aspectos.

Primeiro remete para a incapacidade de, em tempo real, se poder prever o início e o

fim da ocorrência daquele fenômeno climático, muito embora a disponibilidade de

alguns índices que abrem a possibilidade de predição (Pereira, 2004).

O outro aspecto diz respeito ao caráter esporádico, mas não raro, da

ocorrência das secas. A precipitação é um elemento do ciclo hidrológico que se pode

mensurar com certa facilidade, e que permite, com relativo grau de satisfação,

avaliar as condições e o teor da umidade do solo. Apesar deste tipo de vantagens, a

pluviosidade não é o único critério, ou variável, a ser observado tendo em vista a

identificação da ocorrência de seca (Cunha, 1982).

A seca hidrológica, caracterizada por não só na quantidade de

precipitação ocorrida, mas também nos níveis de escoamento das águas superficiais

e/ou subterrâneas, deve ser confirmada. Utilizam-se, para identificação e a

comparação das secas, índices como a temperatura, a evaporação e/ou a

evapotranspiração.

As causas do fenômeno climático seca são cientificamente questionadas

e interpretadas no âmbito da ciência das alterações climáticas. Para Chiotti e

Johnston, (1995), a origem deste fenômeno foi, muito tempo, interpretada como

induzidas, exclusivamente, por causas naturais, independentes da atividade

humana. Neste sentido, eram identificadas no quadro conceitual da variabilidade

climática.

Entretanto, nos últimos cinquenta anos e sobretudo após a realização da

Conferência de Estocolmo, em 1972, sobre o Ambiente Humano, aquela abordagem

sofreu alterações significativas.

Desde a revolução industrial, a concentração de gases do efeito estufa,

entre eles o dióxido de carbono (CO2), o monóxido de carbono (CO), o metano

(CH4), o ozônio (O3) e os óxidos de nitrogênio (NOx), tem aumentado, principalmente

pelas atividades antrópicas, causando entre outros, alterações na distribuição e

intensidades das chuvas e modificações nos ecossistemas.

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Estas modificações nas concentrações destes gases correspondem

essencialmente à crescente produção e utilização de combustíveis fósseis e ainda

ao desflorestamento, a segunda maior fonte global de dióxido de carbono.

Segundo o (IPCC, 2007) entre as mudanças previstas pelas mudanças

climáticas, há unanimidade quanto ao aumento da concentração de CO2

atmosférico.

Figura 10 – Os gases de efeito estufa contribuíram para o aquecimento entre 0,5 e 1,3 graus Celsius (ºC) no período entre 1951 e 2010, na temperatura global

Fonte: http://www.ipemabrasil.org.br/aquecimento%20global.htm.(acesso: 15/08/13)

Antes da Revolução Industrial a concentração deste gás era de 280 ppm,

aumentando para 360 ppm em 2000 e atualmente 380 ppm, devendo atingir até o

final do século a concentração de 550 ppm, no cenário mais otimista, ou 1000 ppm,

no mais pessimista, esse aumento corresponde, principalmente, ao crescente uso de

combustível fóssil durante este período.

O processo de variabilidade do clima é um processo complexo, no qual

concorrem causas humanas e naturais, os principais modelos de previsão dos

cenários climáticos futuros procuram integrar variáveis daqueles dois tipos de

causas.

Para a maior parte dos cientistas dos círculos científicos mundiais, as

alterações provocadas pela influencia das atividades humanas nas mudanças

climáticas são evidentes e associadas, tendo no fenômeno seca um dos mais

importantes acontecimentos extremos.

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Porém para alguns estudiosos esta realidade é bastante controversa e

discutível. Para o matemático sueco Björn Lomborg (2002) esta relação é, para além

de exagerada, irrealista. Para este autor, não só o efeito de estufa não é

provavelmente a única causa do aquecimento global, como os cenários traçados da

evolução deste último não terão nenhuma das consequências dramáticas que são

transmitidas, com alarmismo, à opinião pública.

Pelo contrário, o referido aquecimento pode mesmo ser favorável para a

agricultura. Segundo Smil (2003) que compartilha de alguns dos pontos de vista de

Lomborg, embora os formalize com menor acutilância, também crítica os referidos

excessos catastrofistas.

Desta forma, o clima no planeta condiciona todas as atividades e que

qualquer variação climática, de origem natural ou humana, tem um impacto

generalizado na sociedade e consequências imediatas. É consenso que as causas

das secas se enquadram no plano das alterações climáticas e que estas deverão

antes ser interpretadas como parte de uma interação entre os sistemas naturais

responsáveis pela variação da quantidade de precipitação e as atividades

desenvolvidas pelos seres humanos.

O modo dominante utilizado pelas instituições com relação ao

enfrentamento das consequências dos eventos críticos, em particular a seca, é a de

“reagir a seca”, e não o efetivo preparo, antecipação a eventualidade de sua

ocorrência. Apesar da reconhecida ineficiência da primeira opção (Wilhite e Rhodes,

1993 d; White, Collins e Howden, 1993; Theys, 1991).

Particularmente no Nordeste Brasileiro, as ações governamentais de

intervenção nessa realidade foram sendo construídas, principalmente, no caráter

emergencial, fragmentado e descontínuo dos programas desenvolvidos em

momentos de calamidade pública, nas ações emergenciais que alimentavam a

“indústria da seca” e por fim, nas soluções hidráulicas, com a construção de obras

hídricas, quase sempre favorecendo empreiteiras e a grande propriedade rural.

Quase sempre se reproduzindo o uso político do discurso da miséria e do

subdesenvolvimento como decorrência direta das secas.

Esta forma de “reagir à seca” significa esperar que esta ocorra e tentar

mitigar seus impactos socioeconômicos e ambientais recorrendo a todos os meios

disponíveis. Reagir ao risco e não a crise.

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Esta alternativa vem se mostrando mais eficaz, principalmente nos países

que adotaram tal política. A alternativa de gerenciar o risco, isto é, acionar

mecanismos e procedimentos, antes da ocorrência do fenômeno, permitirá definir

políticas públicas eficientes de respostas a este fenômeno.

2.2 Aspectos legais e institucionais para enfrentamento de eventos extremos

A Constituição Federal estabelece, no seu Capítulo II, Artigo 21º, Inciso

XVIII, que compete à União “Planejar e promover a defesa permanente contra as

calamidades públicas, especialmente as secas e inundações”.

O Brasil possui um extenso arcabouço legal e institucional para

enfrentamento de eventos críticos, existe uma ramificada estrutura organizacional

atuando na proteção da população, conferindo a Defesa Civil Brasileira uma grande

responsabilidade com relação prevenção e mitigação de eventos críticos.

Não obstante existirem diversos órgãos federais que atuam na prevenção

e resposta aos desastres naturais, existe, ainda, outras instituições com participação

indireta, já que, segundo Bertone e Marinho (2013) os desastres naturais impactam

fortemente a infraestrutura local ou mesmo regional, configurando uma complexa

rede governamental, desafiando todas etapas da política pública, desde a

elaboração à execução e avaliação.

Para Bertone e Marinho (2013) a estrutura organizacional para

acontecimentos hidroclimáticos críticos tem na União a competência de legislar

sobre defesa civil, devendo atuar na defesa contra calamidades públicas; confere

aos Estados, por meio dos bombeiros militares, a execução de atividades de defesa

civil; aos Municípios, confere o planejamento e ações ligadas à prevenção destes

eventos.

A estruturação da Defesa Civil se dá através do Sistema Nacional de

Proteção e Defesa Civil – SINPDEC, que é formado pelos órgãos e entidades da

administração pública federal, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e

por entidades públicas e privada de atuação importante na área de proteção e

defesa civil, sob a centralização da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil,

órgão do Ministério da Integração Nacional: composto por órgãos de todas as

esferas da federação (Figura 11).

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Figura 11 – Organograma da Secretaria Nacional de Defesa Civil

Fonte: Decreto nº 8161/2013

Desta forma, Bertone e Marinho (2013) considera que a atenção em fazer

com que a política planejada em âmbito federal alcance os demais entes, sentido

fundamental de fomento das políticas públicas de modo geral, é necessário que se

pactue as decisões e se coordene institucionalmente as responsabilidades dos

órgãos de defesa civil federal, estaduais e municipais – os quais, em parte

significativa dos municípios, não estão estruturados, chegando mesmo a não existir

em diversas localidades.

A importância da questão prevenção e resposta a desastres encontra

repercussão desde a realização do último PPA – Plano Plurianual, no período de

2008 a 2011, ligado a SEDEC- Secretaria Nacional de Defesa Civil do Ministério da

Integração Nacional, com os Programas de Prevenção e Preparação para

Desastres, assim como no Programa Resposta aos Desastres e Reconstrução.

O Ministério das Cidades também desenvolvia outros programas que

compreendiam projetos e obras de contenção de encostas e a elaboração de planos

municipais de redução de riscos.

O Serviço Geológico do Brasil – CPRM, além de outras atribuições

monitora, no âmbito do conhecimento sobre as bacias hidrográficas, índices

fluviométricos em diversos rios brasileiros, dados que são encaminhados

regularrnente à Agência Nacional de Águas (ANA) do Ministério do Meio Ambiente

que subsidia alertas de enchentes.

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Outras atividades do MMA correlatas à prevenção de inundações e

enchentes ocorriam no âmbito do Programa Probacias- Conservação de Bacias

Hidrográficas.

Da mesma forma, o Ministério da Ciência e Tecnologia ligava-se ao tema

em questão pela atividade de previsão climática do INPE – Instituto Nacional de

Pesquisa Espacial, no Programa Meteorologia e Mudanças Climática.

A Lei Nº 9.433/ 1997, em seu Art. 2º, inciso III, dispõe, dentre os objetivos

da Política Nacional de Recursos Hídricos: “A prevenção e a defesa contra eventos

hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos

recursos naturais”.

A Lei Nº 9.984/ 2000, que cria a Agência Nacional de Águas – ANA,

dispõe que cabe à ANA: “Planejar e promover ações destinadas a prevenir ou

minimizar os efeitos de secas e inundações, no âmbito do Sistema Nacional de

Gerenciamento de Recursos Hídricos, em articulação com o órgão central do

Sistema Nacional de Defesa Civil, em apoio aos Estados e Municípios”.

2.2.1 Plano nacional de gestão de riscos e resposta a desastres naturais

Os desastres naturais são um tema cada vez mais presente no cotidiano

da nossa sociedade, independentemente destas residirem ou não em áreas de risco.

No Brasil a frequência e intensidade destes, são cada vez maiores, ocasionando

perdas de vidas e grandes prejuízos econômicos e ambientais.

As causas e consequenciais destes desastres tem levado governos e

sociedades a se mobilizarem na busca de soluções para este problema. Devido a

complexidade das ações e pela evidente dispersão das várias iniciativas nos

diversos órgãos do Governo Brasileiro, foi idealizada uma estratégia de prevenção

de desastres, através de um planejamento multissetorial que concebesse ações

coordenadas entre os órgãos envolvidos no problema.

Através do diálogo entre os diversos setores ficou estabelecida a decisão

de coordenar as diversas ações de governo relacionadas à prevenção de desastres

e suas consequências entre os diversos órgãos, decidiu-se pela alternativa de não

centralizar em um único órgão.

Desta forma, desenharam-se os objetivos, metas e iniciativas do

Programa Gestão de Riscos e Resposta a Desastres, envolvendo os Ministérios da

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Integração Nacional, das Cidades, da Ciência e Tecnologia, de Minas e Energia e do

Meio Ambiente, além do Ministério das Relações Exteriores, inserindo vertente

internacional do tema.

A construção conjunta do Programa aproveitou as complementaridades

das atuações dos órgãos em desastres naturais, recortando dos diferentes

Programas as ações relacionadas ao tema e buscou integração das informações e

das bases de dados dispersas na Administração Pública.

O volume de recursos destinados ao investimento em prevenção e

resposta a desastres tornou-se mais expressivo com o lançamento, em agosto de

2012, do Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres pela

Presidenta da República.

O Plano de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres Naturais (Figura

12) prevê investimentos de R$ 18,8 bilhões. O plano é norteado por quatro eixos:

prevenção, mapeamento, monitoramento e alerta e resposta a desastres.

Figura 12 – Investimento do Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres Naturais

Fonte: Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres Naturais Segundo o plano a área de prevenção, seria a de maior investimento,

seriam destinados cerca de 83% do total dos recursos, contemplando as obras do

Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) voltadas à redução do risco de

desastres naturais, como cheias e deslizamentos, além de ações de combate aos

efeitos da seca, como a construção de barragens, adutoras e sistemas urbanos de

abastecimento de água nos estados do Nordeste e no semiárido mineiro.

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Na área de mapeamento, seriam adotadas ações de identificação de

áreas de risco de deslizamentos e enxurradas em 821 municípios e mapeamento de

risco hidrológico em 26 Estados e no Distrito Federal, com elaboração de planos de

intervenção que identificassem a vulnerabilidade das habitações e da infraestrutura

local.

Para o eixo de alerta, seriam adotadas medidas de estruturação,

integração e manutenção da rede nacional de monitoramento, previsão e alerta, em

24 horas. Por fim, a área de resposta a desastres, seriam contempladas ações

coordenadas de planejamento e resposta a ocorrências.

Também faria parte do plano a composição de uma Força Nacional de

Emergência, constituída de especialistas, como geólogos, hidrólogos, engenheiros,

agentes de Defesa Civil e assistentes sociais.

2.2.2 Conceitos sobre planejamento e políticas públicas

Com o objetivo de fundamentar a discussão sobre a utilização do

planejamento, notadamente a importância deste e como exemplo a elaboração do

plano de segurança de água para eventos extremos como exemplo de ferramenta

pratica factível de modelo de política publica nas ações de prevenção a danos

causados às populações atingidas por desastres naturais, serão apresentados a

seguir conceitos sobre a evolução do planejamento estatal na consolidação de

políticas públicas.

A característica principal do mundo atual é a instabilidade de suas

organizações, seja pelo avanço tecnológico sem precedente, quanto a quantidade

de informações disponíveis, o que vem levando a sociedade e governos a reverem

seus planejamentos numa tentativa de melhor identificar e controlar estas forças

dinâmicas, cuja complexidade e velocidade de mudança são inéditas.

O processo de planejar é dinâmico, continuado e de envolvimento

integrado e participativo (Figura 13). Para Matus (2006) plano é o produto

momentâneo do processo pelo qual um ato seleciona uma cadeia de ações para

alcançar seus objetivos.

Matus (2006) considerava o controle da improvisação através de planos

de ação. Deve-se identificar as atribuições e delegar responsabilidades, como

requisitos para sua efetivação. Entende-se por políticas públicas a totalidade de

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planos, ações e metas que os governos executam para alcançar o bem-estar e

satisfação da sociedade e o interesse público.

Figura 13– Calus Matus: “o único planejamento legítimo é o planejamento democrático descentralizado, que minimiza a imposição de valores”.

Fonte: Matus (2006)

No Brasil, segundo Oliveira (2006) o planejamento ainda é visto como

uma coisa quase que estritamente tecnicista dominada por economistas e

burocratas. Acredita-se que para sua efetiva implementação basta ter o plano certo.

Mas a realidade verificada é outra e muitos projetos e planos fracassam na

implementação.

Para Oliveira (2006) um dos motivos que leva a falhas nos resultados de

políticas públicas é a dissociação que se faz entre elaboração e implementação no

processo de planejamento de acordo com algumas visões da prática ou escolas de

pensamento.

Oliveira (2006) afirma que essas correntes de pensamentos estão

agrupadas em quatro visões; a primeira enxerga que o planejamento de pensamento

de políticas públicas está relacionado a ações de elaboração de planos, envolvendo

a tomada de decisões políticas, encontros para discussão, detalhamento de mapas,

modelos matemáticos, concepção de cenários, criação de leis e delegação de

responsabilidades, culminando com a geração de um plano.

Oliveira (2006) conclui afirmando que, finda estas etapas e assumindo

que as ações serão implementadas, conseguirão atingir os resultados esperados.

Para o autor, a análise do processo de planejar é essencialmente vista sob a

confeccionar planos, uma vez bem feito o resultado será o esperado, da mesma

forma se o plano é mal feito seu resultado também o será.

Uma segunda corrente de pensamento dá grande ênfase na

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implementação como parte importante para seu sucesso, embora enfatize a

elaboração de planos como fundamental para o êxito de políticas públicas. Segundo

esta visão, muitos dos bons planos falham porque houve problemas técnicos na sua

implementação (Oliveira, 2006).

Uma terceira versão, segundo o autor, mais moderna de pensamento,

tenta adicionar uma componente de implementação nos planos, enfatizando alguns

mecanismos de gestão da implementação e garantir que o que foi programado será

implementado. São mecanismos como auditorias e reuniões técnicas de

acompanhamento.

Porém, segundo Oliveira (2006), apesar de todas estas formas de

monitoramento, os resultados muitas vezes alcançados, são insatisfatórios devido a

muitos problemas institucionais, muito daquilo que foi planejado não era exequível

ou as condições iniciais inverteram-se com o tempo.

Por fim, coloca-se a questão da visão “politicamente correta” dos dias

atuais, onde o planejamento ganha a participação da sociedade civil na

implementação dos planos. Visão que ganhou muitos adeptos nos últimos tempos,

tendo nas organizações multilaterais e em alguns setores do governo seus

idealizadores. Nesta forma de gestão do planejamento os beneficiários colaboram

com a fiscalização dos projetos, denunciando e decidindo ações.

Uma fase de extrema importância na implementação de políticas públicas

é a avaliação. A avaliação deve ser feita em todos os instantes do processo de

elaboração e implementação das políticas públicas, contribuindo para o sucesso dos

planos governamentais, ampliando, com os recursos destinados, os resultados

esperados. A avaliação, se bem executada, gera também uma experiência de

aprendizado muito significativa, ampliando os bons resultados e reduzindo as não

conformidades.

Considerando a discussão acima sobre as políticas públicas e analisando

a questão da prevenção dos desastres naturais é possível constatar que ação do

Estado na elaboração e implementação de políticas preventivas ainda é incipiente

perante a grande demanda da sociedade. Através da prevenção, pode-se

desenvolver políticas, ações e medidas que minimizem os impactos causados pelos

eventos extremos sobre a população.

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3 DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO DO PLANO DE SEGURANÇA DE ÁGUA

PARA EVENTOS EXTREMOS.

Um plano de segurança da água para eventos extremos deverá ser um

documento estruturado para auxiliar na gestão dos recursos hídricos diante de

situações críticas, identificando e priorizando os riscos aos sistemas hídricos e áreas

vulneráveis atingidas por efeitos hidrológicos adversos, de forma a gerar

informações que estabeleçam soluções e medidas de controle e que contribuam

para reduzir/eliminar situações extremas de secas e cheias, indicando ações

preventivas e corretivas de proteção à segurança e saúde das populações locais e

do meio ambiente.

3.1 Conceito do PSAEE – Plano de Segurança de Água para Eventos

Extremos

O PSAEE representa uma abordagem prática a vulnerabilidade de regiões

potencialmente afetadas em consequência de eventos hidrometeorológicos críticos,

gerados pela irregularidade destes no tempo e espaço, provocando períodos de

grandes déficits hídricos; secas e/ou ocorrências de cheias.

O PSAEE é um instrumento preventivo e proativo, é uma ferramenta

metodológica de avaliação e gerenciamento dos efeitos potenciais de eventos

críticos (Cheias/ Secas) com o objetivo de assegurar informações e ações que

auxiliem na tomada de decisões estratégicas frente ao comportamento das

condições hidrometeorológicas de regiões/sistemas estratégicos, de forma segura

no tempo e espaço. Seus objetivos específicos são:

• Antecipação, reconhecimento, avaliação da ocorrência de riscos de

escassez hídrica e ocorrências de cheias, através da identificação e monitoramento

de regiões mais vulneráveis e sistemas sob riscos de desastres naturais;

• Implementação de rede (sistema) de alerta contra inundações e secas,

através da estruturação de planos de contingências e medidas mitigadoras para

estes eventos críticos;

• Integração do sistema estadual de informação de recursos hídricos com

o sistema nacional e de outros estados, ajudando na estruturação e implantação de

um sistema de suporte à decisão e desenvolvimento de planos táticos operacionais

e de contingências.

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Tem como finalidade permitir que os gestores responsáveis pelas

estruturas hídricas e áreas criticas, conjuntamente com os governos locais

identifiquem os perigos e riscos em seus sistemas e regiões monitoradas, propondo

ações preventivas e corretivas frente às consequências de eventos extremos.

3.2 Etapas do PSAEE

O plano de segurança de água para eventos extremos, de uma maneira

geral, deverá ser constituído das seguintes etapas (Figura 14):

1. - ETAPAS PRELIMINARES, que envolvem o planejamento das

atividades; o levantamento das informações técnicas, estratégicas, legais, das

regiões e sistemas vulneráveis; além da constituição de equipe técnica

multidisciplinar para elaboração, implantação e gerenciamento do plano.

Figura 14 - Etapas de elaboração do PSAEE.

Fonte: o autor (2013)

2. AVALIAÇÃO DO SISTEMA, que envolve a descrição e caracterização

completa de todas as regiões vulneráveis e do sistema hídrico sujeitos aos efeitos

dos eventos hidrometeorológicos extremos. A descrição das áreas vulneráveis

permitirá a identificação das regiões mais críticas em relação aos eventos

hidrometeorológicos críticos, tanto pela recorrência como pelo potencial impacto,

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que ocasiona desde perdas localizadas ao comprometimento dos serviços públicos

essenciais ou até mesmo riscos de perdas de vidas humanas.

Deve-se, também, proceder a identificação e análise de perigos potenciais

e caracterização dos riscos; e por fim estabelecer medidas de eliminação/

minimização e controle dos pontos críticos.

3. MONITORAMENTO OPERACIONAL, cujo objetivo é o de monitorar os

riscos e ameaças e vulnerabilidades do sistema e regiões críticas, garantindo que o

planejamento e as estratégias sejam atendidas. Envolve a correta determinação de

medidas de controle para os riscos e vulnerabilidades dos sistemas hídricos/áreas

de risco; a seleção dos parâmetros de monitoramento e o estabelecimento de limites

críticos e de ações preventivas e corretivas.

4. PLANOS DE GESTÃO, envolve o estabelecimento de ações em

situações de rotina e emergenciais (planos de contingências); organização da

documentação da avaliação de todo o sistema; o estabelecimento de comunicação

de risco; a interação com os órgãos envolvidos e a verificação periódica dos

procedimentos.

5. VALIDAÇÃO E VERIFICAÇÃO DO PLANO, com o objetivo de avaliar o

funcionamento do plano e monitoramento das ações de segurança e medidas de

controle e mitigação estão sendo alcançadas. Checar se o plano cumpre com seus

objetivos. Deve considerar as alterações e incorporações das estruturas hídricas e

regiões hidrográficas; deve contemplar a implementação de programas de melhorias

e atualizações; identificação e reconhecimento de novos perigos e riscos

emergentes.

O plano deve ser revisado após a ocorrência de situações críticas para

aprimorar a capacidade de resposta do sistema de prevenção contra os efeitos dos

desastres naturais.

3.3 Descrição detalhada das etapas

3.3.1 Etapas preliminares

As etapas preliminares deverão envolver o planejamento das atividades, o

levantamento das informações estratégicas necessárias; legais, institucionais, fontes

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de recursos, especificações técnicas para aquisição de equipamentos, parcerias

técnico-científicas, comunicação e articulação entre os vários órgãos públicos

envolvidos no problema e a população (Defesa Civil, ANA, CEMADEN, DNOCS,

CPRM, Corpo de Bombeiros, SRH, etc.) e a constituição da equipe técnica, que

deve possuir conhecimento de todo o sistema e das áreas vulneráveis aos eventos

extremos. A Figura 15 resume a composição desta etapa.

A equipe técnica será a responsável pela elaboração e implantação e

gerenciamento do PSAEE.

A equipe multidisciplinar deverá ser composta por:

•Coordenadores de equipes para gerenciamento do plano;

•Técnicos Especialistas em Hidrologia, Hidráulica, Recursos Hídricos,

Cartografia, Segurança de Barragens, Modelagem Hidrológica, Gestão Ambiental.

Na formação da equipe também é de fundamental importância a inclusão

de formações variadas; Engenheiros, Especialistas em Qualidade da Água, Meio

Ambiente, Técnicos operacionais e representantes da defesa civil, gestores

municipais, estaduais e federais relacionados a segurança, saúde, assistência social

e Meio Ambiente.

Fig. 15- Composição das etapas preliminares

Fonte: o autor (2013)

As etapas preliminares deverão responder aos seguintes

questionamentos e afirmações:

• Qual a estrutura dos Estados?

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• Qual a estrutura dos Municípios?

• Como se articulam os Municípios, Estados e União?

• Necessidade de definição clara das atribuições.

• Necessidade de definição de protocolos de atuação conjunta.

3.3.2 Avaliação do sistema

A avaliação do sistema deverá partir de um diagnóstico detalhado,

envolvendo todas as áreas vulneráveis e as estruturas hídricas monitoradas e tem

por objetivo a obtenção de dados, os quais comporão cenários, mapeando os riscos

associados. A Figura 16 sintetiza a formação da segunda etapa proposta para o

PSAEE.

A avaliação do sistema é composta por três fases:

• Descrição completa das regiões vulneráveis e dos sistemas hídricos;

• Identificação e análise de perigos potenciais e caracterização de riscos

associados;

• Estabelecimento de medidas de controle dos pontos críticos.

Figura 16 - Avaliação do sistema

AVALIAÇÃODO

SISTEMA

AVALIAÇÃODO

SISTEMA IDEN

TIFICAÇ

ÃO

E ANÁISE D

OS

RISC

OS

DESCRIÇÃO DO SISTEMA

MED

IDAS

DE

CON

TRO

LE

Fonte: o autor (2013)

3.3.2.1 Descrição das áreas vulneráveis e sistemas hídricos

A avaliação completa do sistema hídrico será realizada por meio de uma

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descrição precisa das áreas sujeitas a eventos hidrológicos críticos e de toda a

estrutura hídrica. Devem ser realizadas a descrição e a análise completa da bacia

hidrográfica, dos reservatórios (monitoramento e informação do nível de

armazenamento dos reservatórios), rios (avaliação da capacidade de transporte dos

rios), sistema atual de respostas aos eventos críticos, análise de demanda e uso

múltiplo das águas, medidas de segurança em barragens, comportamento

meteorológico (previsão do clima e do tempo), por meio de levantamento de dados

primários e secundários.

As informações podem ser sistematizadas em mapas de inundação da

bacia, fluxogramas dos sistemas de demanda e ofertas hídricas, áreas vulneráveis,

condições hidrológicas, relevo, tipo de precipitação, mapas dos sistemas de

reservação e distribuição, entre outros. Para tanto, podem ser utilizados os Sistemas

de Informação Geográfica (SIG) como ferramenta para auxiliar na construção dos

diversos diagramas de fluxo.

A possibilidade de se elaborar diagramas de fluxo dos sistemas tem como

objetivo fornecer uma sequência lógica de todas as etapas envolvidas.

É essencial que as descrições e os diagramas de fluxo dos sistemas

hídricos sejam precisos, pois se as descrições não forem corretas, alguns potenciais

perigos e ameaças podem ser ignorados. Para garantir a precisão, as descrições

dos sistemas devem ser validadas pelas equipes técnicas.

A validação é um elemento da avaliação do sistema, realizada para

garantir que as informações que apoiam o plano estejam corretas e de acordo com

as contribuições científicas e técnicas para o PSAEE (adaptação VIEIRA; MORAIS,

2005;WHO, 2011).

Para que o plano seja utilizado para antecipar e gerenciar os riscos e

eventos perigosos, é preciso estar amparado por informação técnica confiável e

precisa. Recomenda-se, portanto, que a equipe técnica de elaboração e implantação

do PSAEE verifique, por meio de visita em campo, se todas as informações contidas

nos diagramas de fluxo estão corretas e, quando necessário, deve-se ajustá-los de

forma a refletir a situação real dos sistemas hídricos. Além disso, a avaliação dos

sistemas deve ser revista periodicamente.

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3.3.2.2 Identificação e análise de perigos potenciais e caracterização de

riscos

Após concluída as descrições dos sistemas hídricos, deve-se identificar,

nas etapas dos diagramas de fluxo, os eventos perigosos e/ou os perigos de cada

sistema hídrico, para correlacioná-los aos possíveis efeitos adversos à segurança e

saúde da população e estruturas.

Para Messner e Meyer (2005) a avaliação de vulnerabilidade tem que ser

levada a efeito a fim de se estimar a proporção de potenciais danos que acontecem.

Para estes pesquisadores, e em relação as cheias, a profundidade de

inundação é o mais importante indicador de vulnerabilidade. A análise de riscos é

fundamental para o gerenciamento dos impactos dos desastres naturais.

(ZONENSEIN, 2007; HOGAN & MARANDOLA, 2007).

Os perigos estruturais estão associados as condições operacionais das

estruturas hídricas e das áreas monitoradas. Uma vez identificados os possíveis

eventos perigosos, deve-se analisá-los em função do seu grau de risco,

caracterizando-os e priorizando-os com o emprego das técnicas como; Matriz de

Priorização de Risco (AS/NZS, 2004) e Análise de Perigos e Pontos Críticos de

Controle (APPCC) (WHO, 1998).

Os perigos e/ou eventos perigosos com consequências mais severas

devem ser priorizados em relação àqueles cujos impactos são insignificantes ou cuja

ocorrência é improvável.

3.4.1.3 Métodos para caracterização e priorização dos riscos

Segundo Vieira e Morais (2005), o método para caracterização dos riscos

deve ser pautado no conhecimento aprofundado das características dos sistemas

em estudo. Dessa forma, sugere-se utilizar dados históricos, as experiências de

operadores e técnicos, as publicações pertinentes, os estudos e pesquisas

realizados, além de opiniões de especialistas. A definição de medidas de controle

deve basear-se na priorização de riscos associados a um perigo ou a um evento

perigoso.

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3.4.1.3.1 Matriz de priorização de riscos

A caracterização dos riscos pode ser realizada com vários graus de

detalhamento, dependendo do risco, da finalidade da análise, das informações, dos

dados e dos recursos disponíveis. A caracterização dos riscos pode ser conduzida

utilizando-se de técnicas qualitativas, quantitativas, semi-qualitativas e/ou

semiquantitativas do risco ou pela combinação delas, dependendo das

circunstâncias de exposição dos indivíduos e das populações aos perigos (AS/NZS,

2004).

Para avaliar o risco associado a um perigo, determina-se a probabilidade

de ocorrência, por meio da Escala de Probabilidade de Ocorrência, que classifica o

risco em “frequente”, “pouco frequente” e “raro”, e as consequências para a

segurança da população ameaçada e estruturas, por meio de uma Escala de

Severidade das Consequências, que classifica as consequências dos riscos como

“insignificante”, “baixa”, “moderada”, “grave” e “muito grave” (DEWETTINCK et al.,

2001; BARTRAM et al., 2001; NOKES; TAYLOR, 2003; AS/NZS, 2004; VIEIRA;

MORAIS, 2005).

A figura 17 ilustra a Matriz Qualitativa de Priorização de Risco.

Figura 17 – Matriz qualitativa de priorização de risco

Consequência Ocorrência

Insignificante Baixa Moderada Grave Muito Grave

Quase certo Baixo Médio Alto Muito alto Muito alto

Muito frequente Baixo Médio Alto Muito alto Muito alto

Frequente Baixo Baixo Médio Alto Muito alto

Pouco frequente Baixo Baixo Médio Alto Muito alto

Raro Baixo Baixo Baixo Médio Alto

Muito Alto: risco extremo e não tolerável; necessidade de ação imediata. Alto: risco alto e não tolerável; necessidade de especial atenção. Médio: risco moderado; necessidade de atenção. Baixo: risco baixo e tolerável, controlável por meio de procedimentos de rotina. Fonte: Adaptado de AS/NZS (2004).

3.4.1.4 Análise de perigos e pontos críticos de controle (APPCC)

O Sistema APPCC é definido como um enfoque sistemático para

identificar perigos que podem afetar a segurança das estruturas e populações a fim

de se estabelecer medidas para controlá-los. Por exemplo, pode-se através desta

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técnica identificar e regular as “ZONAS DE INUNDAÇÃO”, definidas por Cordero et.

al. (1999), como sendo um conjunto de regras para a ocupação das áreas de maior

risco de inundação, visando à minimização futura das perdas materiais e humanas

em face das grandes cheias.

Essa metodologia tem como fundamento a detecção de Pontos de

Controle (PC) e/ou Pontos Críticos de Controle (PCC) para o monitoramento dos

mesmos e para adoção de ações de intervenção, quando forem detectadas

alterações nos parâmetros selecionados para avaliação dos sistemas hídricos.

Os Pontos de Controle (PC) são pontos, ao longo de todos os sistemas

hídricos, onde há um ou mais perigos que podem ser monitorados, de forma

sistemática e contínua, sendo possível estabelecer limites críticos, de modo a

prevenir, eliminar ou reduzir o perigo a um nível tolerável.

Os Pontos Críticos de Controle (PCC) são pontos, ao longo dos sistemas

hídricos, onde há um ou mais perigos que ofereçam risco à segurança. Podem ser

monitorados de forma sistemática e contínua, com estabelecimento de limites

críticos e respectivas medidas de controle, mas não existem barreiras que previnam,

eliminem ou reduzam o perigo a um risco de nível tolerável (AS/NZS, 2004).

3.4.1.4.1 Estabelecimento de medidas de controle dos pontos críticos

Uma vez identificado cada perigo, evento perigoso ou vulnerabilidade,

deve-se reconhecer quais medidas de controle são necessárias para prevenir,

eliminar ou reduzir o perigo a patamares aceitáveis.

O reconhecimento das medidas de controle deve ser apoiado no princípio

das múltiplas barreiras, principalmente no “risco de cheias”, visto que para um fator

de risco potencialmente fatal, deve haver uma barreira de controle secundária ou

uma barreira de segurança no local para permitir proteção secundária no caso de

falha da barreira primária.

Os dados e informações obtidas, sobre perigos e eventos perigosos,

classificação dos riscos e medidas de controle deverão ser adequadamente

documentadas para, constantemente, verificar a eficácia das medidas de controle

adotadas para o PSAEE.

A avaliação de todos sistemas hídricos e áreas potencialmente secas,

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podem indicar que as práticas existentes e as medidas de controle não podem

garantir segurança da água, da população ou das estruturas. Em alguns casos, é

necessária a revisão, a documentação e a formalização dessas práticas, abordando

quais as áreas em que as melhorias são necessárias; em outros casos, mudanças

de infraestrutura podem ser necessárias à completa implementação de um PSAEE.

3.4.2 Monitoramento operacional

O monitoramento operacional dos sistemas hídricos tem por objetivo

controlar os riscos e garantir que as metas de segurança sejam atendidas. Assim, a

cada perigo priorizado nas diversas etapas dos sistemas, além das medidas de

controle, deve ser verificada a necessidade de se associar programas de avaliação,

de forma a verificar se estão atendidos os limites críticos, ou se tais medidas

mantêm-se eficazes na eliminação dos perigos ou minimização dos riscos.

Para o desenvolvimento do monitoramento operacional deve-se:

• Determinar medidas de controle dos sistemas hídricos;

• Selecionar parâmetros de monitoramento;

• Estabelecer limites críticos;

• Estabelecer ações corretivas.

Quando identificadas as medidas de controle, deve-se definir estratégias

para acompanhá-las, de forma a garantir que falhas sejam prontamente detectadas.

As medidas de controle são ações identificadas na avaliação do sistema e

implementadas para prevenir, reduzir ou eliminar os riscos a segurança dos

sistemas. Portanto, se as medidas de controle funcionarem adequadamente, as

metas de segurança serão atingidas.

O estabelecimento de limites críticos tem por objetivo avaliar se o perigo

está mantido sob controle e, em caso negativo, se é necessário estabelecer ações

corretivas. A definição de limites críticos terá como subsídio as informações reunidas

na fase de descrição dos sistemas hídricos.

De acordo com o exposto, a etapa de monitoramento operacional

constitui-se de um conjunto de ações planejadas, em que os responsáveis pelos

sistemas e estruturas hídricas monitoram cada medida de controle, em tempo hábil,

com a finalidade de realizar um gerenciamento eficaz do sistema e assegurar que as

metas de segurança sejam alcançadas.

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50

3.4.3 Planos de gestão

Os Planos de Gestão possibilitam a sistematização das ações a serem

desencadeadas em operações de rotina e em condições excepcionais (de incidentes

e acidentes, plano de contingência), a comunicação de risco à segurança das

estruturas hídricas e regiões pré-selecionadas (estresse hídrico) aos órgãos e

entidades públicas, Defesa Civil, Secretarias Especiais, Corpo de Bombeiros, etc.,

garantindo ações eficientes de respostas as diversas situações, criticas e rotineiras.

O estabelecimento de protocolos de ações, em situações emergenciais,

deve considerar previsões meteorológicas desfavoráveis, falhas operacionais e

estruturais, interrupção e falhas do fornecimento de água, além de outras situações.

Os programas de suporte podem ser constituídos por programas de preservação de

mananciais, capacitação de recursos humanos, controle da qualidade e quantidade

da água disponível, calibração de instrumentos, contratação de produtos e serviços

e programas de implementação de “boas práticas”.

Os Planos de Gestão devem prever estratégias de comunicação de risco

à segurança das estruturas hídricas e populações vulneráveis afetadas, incluindo-se

os procedimentos para alerta em situações de emergência e informação às

autoridades de segurança publica.

A documentação deve abordar a descrição das atividades que serão

realizadas e como os procedimentos serão desenvolvidos, além de incluir

informações detalhadas sobre:

• Avaliação dos sistemas e estruturas hídricas, incluindo-se diagramas de

fluxo e perigos potenciais;

• Medidas de controle, monitoramento operacional e planos de

verificação;

• Operações de rotina e procedimentos de gerenciamento;

• Operação em situações de incidentes e planos de resposta a

emergências;

• Medidas do programa de suporte, incluindo-se programas de

formação/treinamento, pesquisa e desenvolvimento, procedimentos para avaliação

de resultados e relatórios, avaliação de desempenho, auditorias e revisões e

protocolos de comunicação de risco à comunidade e autoridades.

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A documentação deve ser mantida, de forma clara e simples, com

detalhes que permitam a adoção de quaisquer procedimentos facilmente. Por

exemplo, após um incidente, deve-se avaliar a necessidade de revisão dos

protocolos existentes.

3.5 Procedimentos para gestão em condições de rotina

Para o desenvolvimento de ações para a gestão de rotina, devem ser

estabelecidos alguns procedimentos, tais como: garantir a existência de programas

de suporte, procedimentos e registros para aplicação do PSAEE; elaborar um plano

de ação para implementar as medidas de controle, que deverão ser priorizadas de

acordo com a avaliação de riscos; analisar os dados registrados na gestão de rotina

para que, sempre que se verifiquem desvios nos limites críticos, as prováveis causas

sejam analisadas e as ações corretivas sejam estabelecidas e estabelecer um plano

para revisão do PSAEE.

3.6 Procedimentos para gestão em condições excepcionais

Podem e vão ocorrer situações de emergências ou desastres, de caráter

natural ou operacional, relacionadas a reservação, captação e distribuição de água,

que causem perigo à segurança pública. Dessa forma, os sistemas hídricos podem

estar expostos, em maior ou menor grau de risco, aos desastres.

Para enfrentar tais situações, aconselha-se que se elaborem um Plano de

Contingência, integrando planos de ação para dar respostas a situações de

emergência. Todos os procedimentos aplicados em condições normais e em

respostas planejadas a emergências, desastres ou incidentes (caracterizado na

Etapa 2: Monitoramento operacional) devem ser documentados. Sempre que forem

identificadas situações de risco à segurança, os responsáveis pelos sistemas e as

autoridades de segurança pública devem, em conjunto, elaborar um plano de ação e

tomar as medidas cabíveis.

O plano de contingência descreverá ações a serem tomadas para manter

a operação em condições normais. Estas incluirão tanto respostas a variações

normais no monitoramento de parâmetros operacionais, quanto respostas que

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devam ser dadas quando os parâmetros de monitoramento operacional atingirem os

limites críticos (adaptado de WHO, 2011).

O plano constitui-se na preparação para o enfrentamento de uma situação

de emergência; portanto, deve prever ações para reduzir a vulnerabilidade e

aumentar a segurança dos sistemas, reduzindo-se os riscos associados a

incidentes.

OS PLANOS DE CONTINGÊNCIA INCLUEM AS SEGUINTES ETAPAS:

ETAPA 1 ASPECTOS GERAIS

• Objetivos e abrangência do plano de contingência;

• Informação sobre os sistemas hídricos (mapas dos sistemas, esquemas

de funcionamento, descrição das instalações, incluindo identificação de perigos,

vulnerabilidade de recursos e pessoas susceptíveis a incidentes);

• Identificação dos recursos humanos para a tomada de decisões, nos

diversos setores envolvidos com a emergência ou desastre (setor saúde; serviços de

abastecimento de água; serviço de energia; telefonia; defesa civil; polícias militar,

civil e federal; e prefeitura, entre outros);

• Avaliação da vulnerabilidade a que estão sujeitos os sistemas hídricos

(enchentes, derramamento de produtos químicos no manancial, e deslizamentos de

terra, entre outros).

ETAPA 2 PLANOS DE AÇÃO

Em função dos principais tipos de emergências ou desastres e da análise

de vulnerabilidade, elabora-se um plano de ação, que deverá ser descritivo, ilustrado

e com diagrama de fluxo operacional indicando todos os envolvidos e suas

respectivas responsabilidades.

O plano de ação deverá conter procedimentos para notificação interna e

externa (população e órgãos pertinentes locais); estabelecimento de um sistema de

gestão de emergência; procedimentos para avaliação preliminar da situação;

procedimentos para estabelecer objetivos e prioridades de resposta a incidentes

específicos; procedimentos para implementar o plano de ação; procedimentos para a

mobilização de recursos e relação de contatos de todos os setores não-

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governamentais que possam oferecer apoio logístico e/ou operacional às ações a

serem desenvolvidas.

ETAPA 3 FLUXO DAS INFORMAÇÕES PARA EXECUÇÃO, ACOMPANHAMENTO

E AVALIAÇÃO DO PLANO DE AÇÃO

Pode ser necessário aplicar o plano num prazo muito curto; para isto, são

necessários instrumentos de comunicação eficazes e treinamento dos funcionários

para a realização de procedimentos de resposta, com vistas a garantir o

gerenciamento dos desastres ou emergências eficazmente. Os planos devem ser

periodicamente revisados e praticados, para melhoria da preparação e da sua

eficácia, antes que uma emergência ocorra.

Após qualquer desastre ou emergência, uma investigação deve ser

realizada, envolvendo todos os funcionários e considerando fatores como: a causa

do problema; como o problema foi identificado; as ações necessárias; quais

problemas de comunicação surgiram e como eles foram abordados; as

consequências imediatas e de longo prazo; e como o plano de resposta à

emergência funcionou.

3.7 Estabelecimento de documentação e protocolos de comunicação

Deve ser estabelecida documentação adequada e notificação de desastre

ou emergência. A organização da documentação deve compreender o maior número

de informações sobre o desastre ou a emergência para melhorar a preparação e o

planejamento de futuros incidentes.

AS ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO DEVEM INCLUIR:

• Procedimentos para informar prontamente quaisquer incidentes, dentro

dos sistemas hídricos, incluindo-se a notificação da autoridade de segurança

pública;

• Resumo das informações a serem disponibilizadas a população, por

exemplo, por meio de relatórios e da internet; e

• Estabelecimento de mecanismos para receber e encaminhar

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reclamações da comunidade em tempo hábil.

Os protocolos de comunicação vão desde a elaboração de relatórios

periódicos, como os mensais e anuais, até os relatórios elaborados em situações de

emergência. O relatório mensal objetiva acompanhar e monitorar os perigos e deve

conter os seguintes elementos:

• Análise dos dados de monitoramento;

• Verificação das medidas de controle;

• Análise das não-conformidades ocorridas e as suas causas;

• Verificação da adequabilidade das ações corretivas; e

• Implementação das alterações necessárias.

O relatório anual para avaliação geral da implantação e funcionamento do

PSAEE deve conter os seguintes pontos:

• Análise dos riscos mais relevantes ao longo do ano;

• Reavaliação de riscos associados a cada perigo;

• Avaliação da inclusão de novas medidas de controle; e

• Avaliação crítica do funcionamento do PSAEE.

3.8 Validação e verificação do plano

REVISÃO PERIÓDICA

O PSAEE não deve ser considerado um documento estático, pois deve

ser regularmente analisado e revisto para assegurar seu funcionamento correto, bem

como sua atualização à luz das mudanças nos sistemas e soluções alternativas

coletivas de novos projetos (adaptado de WHO, 2011).

AS REVISÕES DEVEM CONSIDERAR:

• Os dados coletados como parte de processos do monitoramento

operacional;

• As alterações dos mananciais de captação, distribuição e das bacias

hidrográficas;

• As alterações nas ofertas e demandas hídricas;

• A implementação de programas de melhoria e atualização;

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• Os procedimentos revistos;

• Os perigos e riscos emergentes.

REVISÃO PÓS-INCIDENTE

O PSAEE também deve ser revisado após desastres, emergências ou

incidentes para garantir que, sempre que possível, os incidentes não se repitam e,

quando isso não for possível, como no caso das inundações, para reduzir seus

impactos. As revisões pós-incidente podem identificar as áreas para melhoria e a

necessidade de revisão do PSAEE, sendo instrumentos relevantes para a tomada de

decisão relacionada as abordagens frente aos eventos extremos. (WHO, 2011).

VERIFICAÇÃO DA EFICÁCIA DOS PLANOS

O PSAEE deve possuir, como referência, o alcance de objetivos e metas

de segurança, definidos pelos técnicos especialistas. Assim, a última etapa envolve

a verificação constante do PSAEE, com o intuito de avaliar seu funcionamento.

Entende-se que o PSAEE deve ser objeto de auditorias periódicas,

internas e externas. Sugere-se, para tanto, o desenvolvimento de verificações

periódicas documentadas, independentemente de auditorias ou de outros processos

de verificação, para assegurar a eficácia do PSAEE (adaptado de VIEIRA; MORAIS,

2005; WHO, 2011).

Os estudos de avaliação dos riscos permitem aferir a segurança dos

sistemas hídricos e seus impactos (adaptado de WHO, 2005). A verificação deve

incluir auditorias/avaliações periódicas para demonstrar que o PSAEE foi concebido

adequadamente e está sendo implementado corretamente e de maneira eficaz.

Os fatores a serem considerados são os seguintes:

• Se todos os perigos e eventos perigosos têm sido identificados;

• Se medidas adequadas de controle têm sido implementadas;

• Se os procedimentos de monitoramento operacional têm sido

estabelecidos;

• Se os limites críticos têm sido definidos;

• Se as ações corretivas têm sido identificadas; e

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• Se os procedimentos de gerenciamento têm sido estabelecidos.

As auditorias podem ser realizadas como parte das revisões internas ou

externas, podendo ter a função de avaliação ou de verificação da conformidade.

4 ESTUDO DE CASO – SALA DE SITUAÇÃO DA COGERH

Neste capítulo do trabalho será apresentado o processo de implantação e

estruturação de PLANO DE TRABALHO para a SALA DE SITUAÇÃO da COGERH-

Companhia de Gestão de Recursos Hídricos do Estado do Ceará (figura 18).

O objetivo geral é apresentar a SALA DE SITUAÇÃO, observando as

premissas básicas utilizadas pela COGERH em sua estruturação, baseada no

modelo utilizado pela ANA- Agência Nacional de Águas, Órgão Federal, responsável

pela implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos. Será, também,

apresentadas sugestões de estruturação de um PLANO DE TRABALHO para a

SALA DE SITUAÇÃO do Órgão.

Figura 18 - SALA DE SITUAÇÃO da COGERH. 2013.

Fonte: COGERH (2013)

4.1- Salas de situação – Objetivos e panorama Brasil

Como parte das ações do governo federal de enfrentamento de eventos

críticos, foi criada a SALA DE SITUAÇÃO da Agência Nacional da Água, cujo

principal objetivo é acompanhar as tendências hidrometeorológicas em todo o

território nacional, com a análise da evolução das chuvas, dos níveis e das vazões

dos rios e reservatórios, da previsão do tempo e do clima, bem como a realização de

simulações matemáticas que auxiliam na prevenção de eventos extremos.

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Este trabalho está sendo realizado de maneira programado, no qual a

ANA, está apoiando os Estados na estruturação de suas SALAS DE SITUAÇÃO,

nos moldes da sua. Atualmente encontram-se instaladas salas de situação em 23

Estados do Brasil.

A concepção da implantação destas SALAS DE SITUAÇÃO, teve inicio

depois da ocorrência dos eventos de cheias que atingiram os estados de Alagoas e

Pernambuco, em junho de 2010, e que resultou na perda de vidas humanas e bens

materiais, além de desabrigar dezenas de milhares de famílias nestes Estados.

As SALAS DE SITUAÇÃO estão sendo montadas com equipamentos

eletrônicos, computadores, televisões, plotters, impressoras, câmeras fotográficas,

além de programas computacionais, equipes dedicadas e especializadas nas áreas

afins.

A SALA DE SITUAÇÃO da ANA (figura 19), desenvolve suas ações

baseadas em procedimentos de forma a acompanhar e alertar situações de eventos

hidrológicos críticos conforme metodologia própria, a qual informa também de que

forma deveria ocorrer a articulação nas esferas federal e estadual, definindo o papel

entre suas unidades organizacionais frente as ocorrências de eventos hidrológicos

extremos.

Figura 19 – Sala de Situação da ANA em Brasília. 2010

Fonte:http://www2.ana.gov.br/Paginas/imprensa/noticia.aspx? id_noticia=12404.(acesso: 01/08/13)

Além dos objetivos principais das SALAS DE SITUAÇÃO (monitorar e

comunicar os eventos hidrológicos extremos e ajudar em suas ações preventivas),

estas devem:

• Desenvolver relatórios informando a real situação das bacias

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hidrográficas, das estações de monitoramento e dos reservatórios, assim como os

dados a respeito de todos os eventos hidrológicos críticos;

• Supervisionar a operação e manutenção de toda a rede

hidrometeorológica específica para monitoramento de eventos hidrológicos

extremos, propondo correções quando devidas,

• Gerenciar e atualizar todas as informações de cotas de alerta e

atenção das estações fluviométricas ou outra cota de referência;

• Desenvolver e gerenciar, mantendo atualizado o inventário operativo

da SALA DE SITUAÇÃO através dos dados diários de suas estações fluviométricas

e seus reservatórios.

4.2- ANA – Agência Nacional de Águas – Função, objetivo e atribuições

A Agência Nacional de Águas – ANA (figura 20), é uma Agência federal

que tem como objetivo executar a Política Nacional de Recursos Hídricos, compõe o

Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, que possui entre suas

metas ações de prevenção e combate a eventos hidrológicos extremos, decorrentes

ou não da ação de fenômenos antrópicos. A ANA possui, de acordo com o artigo 4º

da lei nº. 9.984, de 17 de julho de 2000, as seguintes atribuições:

1. Planejar e promover ações destinadas a prevenir ou minimizar os

efeitos de secas e inundações, em articulação com o órgão central do Sistema

Nacional de Defesa Civil, em apoio aos Estados e Municípios;

2. Determinar e fiscalizar as condições de operação de reservatórios por

agentes públicos e privados, visando a garantir o uso múltiplo dos recursos hídricos,

conforme estabelecido nos planos de recursos hídricos das respectivas bacias

hidrográficas;

3. Promover a coordenação das atividades desenvolvidas no âmbito da

rede hidrometeorológica nacional, em articulação com órgãos e entidades públicas

ou privadas que a integram ou que dela sejam usuárias.

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Figura 20 – Agência Nacional de Águas em Brasília. 2013

Fonte:http://www2.ana.gov.br/Paginas/imprensa/noticia.aspx? List=ccb75a86-bd5a-4853-8c76-cc46b7dc89a1&ID=11309. (acesso: 12/08/2013).

Como parte de suas atribuições e visando o atendimento da necessidade

de se monitorar, em tempo real, as consequências de secas e cheias, a ANA

inaugura em 2009, a sua SALA DE SITUAÇÃO, e desta forma começa a

acompanhar as tendências hidrológicas em todo o Brasil, através da análise da

evolução das chuvas, previsão do tempo e do clima, monitoramento dos níveis e

vazões dos rios e reservatórios, auxiliando na mitigação dos efeitos de eventos

extremos.

As SALAS DE SITUAÇÃO trabalham em conjunto com as

Superintendências de Gestão da Rede Hidrometeorológica e de Usos Múltiplos e

Eventos Críticos, de forma a agregar as atividades de coleta e validação de dados,

incluindo sua análise, com objetivo de produzir informações confiáveis e em tempo

hábil para a tomada da ANA.

Os dados e informações que abastecem as SALAS DE SITUAÇÃO,

orientando seu processo de operação, tem como origem:

• Estações telemétricas e convencionais pertencentes à Rede

Hidrometeorológica Nacional, perfazendo um total de cerca de 2.000 estações

telemétricas.

• Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS, com dados

diários da situação dos reservatórios das principais usinas hidrelétricas do País;

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60

• Leitura de réguas por agentes de entidades locais/ municipais de

Defesa Civil local e Dados telemétricos de outras entidades, como a CEMIG, CHESF

e CESP.

4.3- Sala de situação da COGERH

A COGERH, através de um convênio com a Agência Nacional de Águas –

ANA, está em processo de implantação da sua SALA DE SITUAÇÃO, com o objetivo

de realizar o monitoramento, em tempo real, de eventos hidrológicos críticos no

Estado do Ceará. Infraestrutura que permitirá monitorar as variações nos níveis de

açudes e rios vulneráveis à inundações, planejando e promovendo, também, ações

destinadas a prevenir e minimizar os efeitos de secas.

Figura 21 – Inter-relações da SALA DE SITUAÇÃO da COGERH

Fonte: o autor (2014)

A SALA DE SITUAÇÃO será, também, um espaço sem barreiras físicas,

visto que possibilitará que os diversos colaboradores/órgãos interessados

contribuam remotamente, analisando e gerenciando, de forma sistemática, e no

momento presente, todas as informações relacionadas a eventos

hidrometeorológicos críticos e seus possíveis impactos, caracterizando e permitindo

o planejamento e promoção de ações mitigadoras dos efeitos adversos tanto em

relação a enchentes quanto a secas em todo o Estado do Ceará.

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A SALA DE SITUAÇÃO da COGERH está diretamente ligada a Diretoria

de Operações daquele órgão, possuindo ainda apoio direto das Gerências de

Desenvolvimento Operacional (GEDOP) e da Gerência de Tecnologia (GETEC).

Outros órgãos Estaduais e Federais possuem inter-relações com a SALA

DE SITUAÇÃO, compartilhando informações e experiências, como A ANA,

FUNCEME, CEMADEN, DEFESA CIVIL, etc, conforme esquema mostrado na figura

21.

4.4 Operacionalização das salas de situação

A operação das salas de situação devem ser observadas e

sistematizadas em documento próprio, orientando e disciplinando a forma e modelo

a ser seguido para se alcançar os objetivos pré-determinados.

O planejamento do período de operação, as regiões que devem ser

monitoradas precisam considerar, segundo preconiza a ANA, a distribuição espacial

e temporal dos eventos hidrológicos críticos e a vulnerabilidade das bacias aos

efeitos de secas e inundações. Da mesma forma a operação da Sala de Situação

deve ser ajustada à quantidade de pessoas que compõe a equipe e aos recursos

tecnológicos disponíveis.

Desta forma, a ANA, solicita que cada SALA DE SITUAÇÃO implantada

desenvolva seu próprio “Plano de Trabalho”, com validade anual, o qual deve

estabelecer de que forma será a execução das tarefas concernentes ao processo de

implantação e operacionalização de suas estruturas, de forma integrada com a SALA

DE SITUAÇÃO da ANA e com outros entes federais, estaduais e municipais.

As diretrizes operacionais das SALAS DE SITUAÇÃO, supervisionadas

pela Agência Nacional de Águas, devem estar baseadas em procedimentos de

trabalho destinados a fornecer ao executante todas as informações necessárias à

realização de uma tarefa, de forma simples e concisa sem prejudicar a clareza e o

seu perfeito entendimento.

Os procedimentos operacionais visam o desenvolvimento de um eficiente

acompanhamento dos eventos hidrológicos críticos em relação a secas e

inundações, sistematizando a produção e avaliação dos dados provenientes das

estações hidrometeorológicas e a análise da operação dos reservatórios.

A SALA DE SITUAÇÃO da COGERH não possui, até o momento, seu

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Plano de Trabalho, com seus procedimentos e rotinas operacionais definidas. Desta

forma este trabalho pretende contribuir através de sugestões, sob a forma de rotinas

e diretrizes básicas, com o Plano de Trabalho da SALA DE SITUAÇÃO da

Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Estado do Ceará.

A concepção principal e que deve ser focada na elaboração de um Plano

de Trabalho deve levar em consideração os variados níveis de responsabilidades na

operacionalização destas salas, a importância da interação com os demais órgãos

públicos corresponsáveis por ações preventivas e corretivas em relação a desastres

naturais, procurar definir as regiões e períodos a serem monitorados, as principais

vulnerabilidades das bacias hidrográficas do Estado do Ceará, a distribuição

espacial e temporal dos eventos hidrológicos críticos, procurar adequar um quadro

de técnicos que formará as equipes de trabalho, quais serão as fontes de recursos

financeiros e tecnológicos disponíveis, elaboração de planos de contingências,

elaboração de relatórios, boletins e protocolos de encaminhamento para casos de

situações rotineiras e críticas.

4.5 Plano de trabalho – Diretrizes básicas

A proposta de organização de um PLANO DE TRABALHO (Figura 22)

para a SALA DE SITUAÇÃO DA COGERH, que será apresentada neste trabalho

propõe, através de diretrizes básicas, a elaboração de um documento que deverá

identificar e descrever as fases a serem seguidas para os casos de operações de

rotina e excepcionais, planejando as ações de respostas aos eventos extremos pela

SALA DE SITUAÇÃO, indicando as responsabilidades locais e as dos órgãos e

entidades parceiros participantes.

4.5.1 Fase inicial

Antes da elaboração do Plano de Trabalho propriamente dito, será

fundamental o estabelecimento da FASE INICIAL a qual determinará desde o

planejamento das atividades a serem desenvolvidas na Sala de Situação, a

formação da equipe responsável até caracterização geral do sistema a ser

monitorado e áreas vulneráveis afetadas.

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4.5.2 Planejamento das atividades

Envolve o planejamento e sistematização das tarefas internas/ externas e

informações. Fase de definição das atribuições dos órgãos participantes da SALA

DE SITUAÇÃO. Constituição do Organograma e Diagrama de Fluxo da SALA.

Planejamento das reuniões periódicas de acompanhamento da implantação do PT

(plano de trabalho). Fase inicial do processo de implantação do PLANO DE

TRABALHO.

Figura 22 – Fases do PLANO DE TRABALHO para a SALA DE SITUAÇÃO

Fonte: o autor (2014)

4.5.3 Formação da equipe de trabalho

Nesta fase há a consolidação da equipe técnica responsável pela

elaboração do Plano de Trabalho e Operacionalização da SALA DE SITUAÇÃO. A

escolha dos profissionais responsáveis pelas diversas atividades é função da área

de atuação explicitada no Plano de Trabalho.

Equipe deve ser multidisciplinar, desde Engenheiros, Geógrafos,

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Meteorologistas, Analistas de Sistema e demais técnicos. Fase em que deve

acontecer as reuniões com outras equipes externas, de diversos setores e órgãos de

interesses comuns, diretamente envolvidos, como a Defesa Civil, Corpo de

Bombeiros, Secretarias especiais, etc., com poder de decisão que afete as ações da

SALA DE SITUAÇÃO.

A equipe de trabalho deve ser constantemente treinada e atualizada para

as tarefas e participar de todas as etapas da instalação do PLANO DE TRABALHO.

Os profissionais devem ter sua seleção baseada em critérios técnicos e

possuírem qualificações para as atribuições e funções que assumirão.

4.5.4 Macro-informações dos sistemas e equipamentos

4.5.4.1 Descrição do sistema hídrico do estado do Ceará – Caracterização

das bacias hidrográficas e equipamentos do monitoramento

Todo o Sistema de Recursos Hídricos do Ceará (Gestão e Operação)

deve ser descrito de forma objetiva, fiel ao estado em que se encontra atualmente.

Esta atividade pode se considerar como um inventário de todo o sistema, e deve

incluir:

• Descrição das Bacias Hidrográficas Prioritárias– População, atividades

econômicas desenvolvidas na bacia, situação dos rios e reservatórios, geologia,

hidrologia, meteorologia, usos da água, usos do solo, fontes e potencial de

contaminação da Bacia.

• Planta dos sistemas de captação e distribuição de água (reservatórios,

adutoras, canais, etc.)

• Descrição e localização dos equipamentos de coleta de dados

(Estações hidrometeorológicas para monitoramento dos eventos críticos)

Toda esta informação, contendo elementos essenciais ao conhecimento

do sistema, é de enorme importância para a elaboração de qualquer plano de

trabalho e montagem de procedimentos operacionais para gerenciamento de

eventos extremos.

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4.5.5 Procedimentos operacionais para a sala de situação Deverão ser apresentadas as diretrizes para o funcionamento da SALA

DE SITUAÇÃO e acompanhamento dos eventos hidrológicos críticos (secas/ cheias)

para o Estado do Ceará. Deverá contemplar de que forma ocorrerá o gerenciamento

dos dados provenientes das estações hidrometeorológicas e sua análise

operacional. Fase de estabelecimento de requisitos a serem considerados na

elaboração de relatórios e boletins produzidos pela SALA DE SITUAÇÃO, incluindo

os protocolos de comunicação para situações de rotina e criticas.

Fase de apresentação de diretrizes para elaboração do Plano de situação

excepcional (Contingência). Devem ser levados em considerações fatores como, a

avaliação e quantificação dos riscos, a identificação e avaliação dos impactos diretos

e indiretos, o estabelecimento de ações preventivas, rotinas de treinamento e

simulações de ações emergenciais, elaboração de fluxogramas de notificações e

sistema de comunicações de emergência, dimensionamento de equipamentos e

mão de obras necessárias no caso da ocorrência de emergências, dimensionamento

de estoques de suprimentos, fontes de energia de emergência, etc.)

4.5.5.1 Descrição das atividades das equipes de trabalho

Deverá ser efetuada uma descrição completa das atividades a serem

executadas e profissionais habilitados a desenvolvê-las de acordo com a

complexidade da tarefa. É fundamental a formação de equipe técnica capacitada,

nas áreas do conhecimento, pertinente as diferentes atividades da Sala de Situação.

4.5.5.2 Descrição das estações hidrometeorológicas

Neste parágrafo será descrita a composição da rede hidrometeorológica

existente no Ceará (ANA, CEMADEN, COGERH, ETC). Deverão ser descritas: suas

características, localização, parâmetros monitorados, cadastro técnico das PCD's.

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4.5.5.3 Caracterização dos eventos críticos- situações das estações

fluviométricas.

Deverão ser analisadas e caracterizadas as situações das estações

fluviométricas, de forma a qualificar a ocorrência de eventos hidrológicos críticos de

escassez hídrica e/ou de inundações, visto que os eventos críticos de cheias estão

associados a vazões ou níveis de rio mínimos ou máximos atípicos.

Quais serão os parâmetros de classificação destes eventos (nível de

água? vazão em uma seção no rio?). Quais os níveis de atenção para alertar com

antecedência ocorrências de eventos extremos?

4.5.5.4 Protocolo de ação para os eventos extremos e plano de contingência

Os dados e informações obtidos através do monitoramento deverão

passar por avaliações técnicas e o resultado destas análises apresentados no

Boletim Hidrometeorológico Diário e no Boletim Hidrometeorológico Mensal, a serem

publicados na página da SALA DE SITUAÇÃO na internet.

Na constatação de ocorrência de eventos hidrológicos críticos, estas

análises deverão ser apresentadas, de acordo com o Plano de Contingência que

estabelecerá procedimentos a serem adotados pelos órgãos envolvidos direta ou

indiretamente na resposta a emergências e desastres naturais. Haverá publicação

na internet e divulgação junto aos órgãos envolvidos com o monitoramento e

resposta a desastres naturais – CENAD e CEMADEN.

4.5.5.5 Aspectos meteorológicos dos eventos extremos

Texto descritivo a respeito dos fenômenos meteorológicos que se

associam aos eventos hidrológicos críticos a serem acompanhados na SALA DE

SITUAÇÃO, que são as inundações e as secas. Esta documentação poderá ser

elaborada a partir de acordo de cooperação com a Fundação Cearense de

Meteorologia e Recursos Hídricos- FUNCEME.

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4.5.5.6 Caracterização das bacias hidrográficas do Ceará

Neste parágrafo deverá ser feita a descrição de cada bacia hidrográfica

com suas características, área, municípios, rios, reservatórios, clima, hidrografia,

geologia, geomorfologia, hidrogeologia, solos, vegetação, pluviometria, fluviometria,

caracterização socioeconômicas e ambientais, reservatórios de controle de cheias,

critérios de operação destes reservatórios, etc.

Estas informações podem ser obtidas através dos relatórios produzidos

pelo Plano de Gerenciamento das Bacias Hidrográficas do Estado do Ceará, objeto

do Projeto financiado pela Agência Nacional de Águas e Banco Mundial, através do

PROÁGUA. (Elaborado pela IBI ENGENHARIA CONSULTIVA S/S, consoante a

solicitação de propostas SDP-SBQC Nº 01/CEL04/PROÁGUA

NACIONAL/COGERH/CE, que resultou no Contrato 029/2009/COGERH, no âmbito

do Acordo de Empréstimo 7420-BR). A figura 23 mostra exemplo de um dos

relatórios gerado pelo referido Projeto, no caso, o das Bacias Hidrográficas

Metropolitanas.

Figura 23 – Relatório com dados das Bacias Metropolitanas do Ceará

Fonte: COGERH (2010)

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4.5.5.7 Definição dos reservatórios para monitoramento de eventos críticos

Deverão ser selecionados quais os reservatórios que serão monitorados,

levando-se em consideração as peculiaridades hidrológicas da cada bacia

hidrográfica e sua importância relativa para as épocas de escassez.

Os reservatórios de regularização são estratégicos para manter as

demandas hídricas; nas épocas úmidas, reservatórios com volume de espera e

capacidade de amortecimento das vazões de inundações devem ser considerados

no controle destas.

Muitos reservatórios pouco alteram as vazões naturais dos rios, sendo, a

priori, menos relevantes no controle das cheias. Entretanto, o conhecimento das

características e o acompanhamento da operação destes são necessários, pois se

tratam de obras que interferem no fluxo natural.

Geralmente, os maiores reservatórios de uma bacia são usados tanto na

garantia de fornecimento de água nos períodos de escassez quanto no controle de

cheias.

4.5.5.8 Caracterização das situações de operação dos reservatórios

Na caracterização da operação dos reservatórios para controle de cheias

devem ser considerados; a ocupação do volume de espera, as vazões afluentes e

defluentes previstas, bem como a vazão defluente máxima, que está associada

normalmente ao limite de vazão suportada pela calha do rio nos pontos críticos a

jusante.

Pode ser utilizadas as diretrizes para as regras de operação de controle

de cheias do Operador Nacional do Sistema. A tabela 3 apresenta algumas

sugestões para caracterização da operação de controle de cheias num determinado

período.

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Tabela 3 – Regras sugeridas para caracterização da situação de operação de reservatório no período úmido.

Fonte: MANUAL DE OPERAÇÃO DA SALA DE SITUAÇÃO DA ANA E PARA APOIO AOS ESTADOS (2013).

Em situações emergenciais ou atípicas, quando se caracteriza risco

iminente para a segurança da população, para o meio ambiente e estruturas

hidráulicas, as regras de operação podem ser desconsideradas, devendo as

operações do reservatório serem realizadas com o acompanhamento dos órgãos ou

entidades envolvidas ou potencialmente afetadas.

Da mesma forma que é feito para o período de controle de cheias, pode-

se estabelecer regras para a caracterização da operação no período seco. Para

ilustrar a situação intermediária entre escassez hídrica e a situação normal,

adotaremos a situação de deficit.

4.5.5.9 Sala de situação - Ações

As ações das SALAS DE SITUAÇÃO devem se adequadas a cada bacia

hidrográfica, se materializam na geração e disseminação de informações sobre os

eventos hidrológicos críticos. As ações básicas da SALA DE SITUAÇÃO podem ser

classificadas de acordo com sua periodicidade, e elaborados boletins, avisos,

informes e relatórios, da seguinte forma:

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Tabela 4 - Ações da SALA DE SITUAÇÃO.

TIPO PERIODICIDADE OBJETIVO ENCAMINHAMENTO

Aviso de Evento Crítico

Extraordinária (antes do evento)

Indicar a possibilidade de ocorrência de evento crítico.

SUM (deliberação) DIREC (deliberação) DINFO (publicação) CEMADEN (divulgação) CENAD (divulgação)

Conteúdo: local e data/hora da possível ocorrência; indicação da possível magnitude do evento.

Informe de Evento Crítico

Extraordinária (durante o evento)

Descrever a evolução do evento crítico.

SUM (deliberação) DIREC (deliberação) DINFO (publicação) CEMADEN (divulgação) CENAD (divulgação)

Conteúdo: mapa/figura/diagrama indicando a região/bacia; gráficos e/ou tabelas ilustrando a evolução da magnitude do evento, indicando, quando possível, os valores de referência (cotas de atenção, extravasamento, etc) e previstos para curto prazo com base em modelos de simulação ou tendência

Relatório de Evento Crítico

Extraordinária (após o evento)

Descrever o evento crítico e seu impacto.

SUM (protocolamento)

Conteúdo: mapa/figura/diagrama indicando a região/bacia; gráficos e/ou tabelas ilustrando a evolução da magnitude do evento, indicando, quando possível, os valores de referência (cotas de atenção, extravasamento, etc); análise da recorrência e impacto do evento (manchas de inundação, fotos e síntese de notícias retiradas da imprensa ou dados oriundos de inspeção técnica); ações encaminhadas.

Informe de descumprimento de regra operacional de reservatório

Extraordinária (ao se verificar)

Relatar descumprimento de regra operacional.

SUM (deliberação) DIREC (deliberação) SFI (conhecimento) ONS (divulgação)

Conteúdo: dados técnicos do reservatório; conjunto de regras estabelecidas; gráficos e/ou tabelas indicando como se deu o descumprimento de regra operacional.

Boletim Hidrometeorológico Diário

Diária

Apresentar a situação atual e prevista da bacia hidrográfica

SUM (protocolamento) DINFO (publicação)

Conteúdo: mapa/figura/diagrama indicando a região/bacia, cidades, estações telemétricas, rios e reservatórios; gráficos e/ou tabelas ilustrando os aspectos hidrometeorológicos (precipitação, nível e vazão), indicando, quando possível, os valores de referência (cotas de atenção, extravasamento, etc); previsão hidrometeorológica de curto prazo, baseado em modelos de previsão ou tendência.

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Boletim Hidrometeorológico Mensal Mensal

Apresentar a situação atual e prevista da bacia hidrográfica

SUM (protocolamento) DINFO (publicação)

Conteúdo: mapa/figura/diagrama indicando a região/bacia, cidades, estações telemétricas, rios e reservatórios; gráficos e/ou tabelas ilustrando os aspectos hidrometeorológicos (precipitação, nível e vazão), indicando, quando possível, os valores de referência (cotas de atenção, extravasamento, etc); prognóstico ou previsão hidrometeorológica de médio/longo prazo; sumário de avisos emitidos.

Boletim Mensal dos Reservatórios Mensal

Apresentar a situação atual dos reservatórios

SUM (protocolamento) DINFO (publicação)

Conteúdo: mapa/figura/diagrama indicando a região/bacia, cidades, estações telemétricas, rios e reservatórios; gráficos e/ou tabelas ilustrando a evolução dos volumes e/ou vazões afluentes e defluentes dos reservatórios, avaliados individualmente e/ou por sistema equivalente, indicando, quando possível, os valores de referência (volumes de espera, mínimo e máximo operacional, vazões máximas e mínimas de restrição, etc).

Relatório Mensal de Operação da Rede Hidrometeorológica

Mensal Apresentar a situação da rede de monitoramento

SUM (protocolamento) SGH (conhecimento)

Conteúdo: mapa/figura/diagrama indicando a região/bacia, cidades, estações telemétricas, rios e reservatórios; total de estações telemétricas instaladas e situação operacional; planilha indicando o percentual de dados transmitidos por estação em cada dia.

Inventário Operativo da SALA DE SITUAÇÃO Anual

Consolidar as informações operativas das estações e dos reservatórios

SUM (protocolamento) CEDOC (arquivo) DINFO/ANA (publicação)

Conteúdo: relatório subdividido por região hidrográfica; mapa/figura/diagrama indicando a região, cidades, estações telemétricas, rios e reservatórios; vazões e cotas de atenção, alerta e emergência de cada cidade; características hidrológicas dos rios (vazões para cenários de tempos de recorrência em pontos de interesse, manchas de inundação, etc); características dos reservatórios (capacidade de armazenamento, cota x área x volume, estruturas hidráulicas, curvas de regularização, etc); regras de operação dos reservatórios (níveis e vazões de restrição, curvas-guia, curvas de aversão ao risco, etc).

Histórico Decenal dos Eventos Críticos Decenal

Consolidar o histórico dos eventos críticos

SUM (protocolamento) CEDOC (arquivo) DINFO/ANA (publicação)

Conteúdo: consolidação de todos os relatórios extraordinários dos eventos críticos emitidos.

Fonte: MANUAL DE OPERAÇÃO DA SALA DE SITUAÇÃO DA ANA E PARA APOIO AOS ESTADOS (2013).

5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO

A água é o elemento imprescindível ao desenvolvimento humano. A

segurança hídrica é vital para o crescimento econômico e estabilidade política no

futuro e deve ser parte integrante dos planos de gestão de recursos hídricos.

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Políticas públicas são ações realizadas pelo Estado para o bem-estar da

população. Deve o Estado elaborar ações preventivas e contingenciais diante de

situações de risco a Sociedade, através de intervenções jurídicas, de políticas

sensatas e de sistemas de gestão eficazes. Para o caso de ocorrência de eventos

extremos é função do Estado propor alternativas que evitem ou minimizem as

consequências que estes terão sobre a População e o Meio Ambiente.

Um Plano de Segurança de Água para Eventos Hidrometeorológicos

Extremos (PSAEE) vem de encontro a realização de planejamento de Políticas

Públicas como ferramenta de decisões confiáveis de engenharia, visando a

ampliação e sensibilidade sobre os riscos, desenvolvendo ações proativas frente as

consequências de eventos críticos de consequências devastadoras.

O Brasil e particularmente o Nordeste Brasileiro tem sofrido muito o

impacto econômico resultante de desastres hidrometeorológicos naturais.

Adicionalmente, o Nordeste por conta de sua vulnerabilidade hídrica e atraso

econômico e social, tem registrado um número cada vez maior destes desastres,

com vultosos danos e prejuízos ao seu desenvolvimento.

Este trabalho apresentou diretrizes para estruturação de um modelo de

Plano de Segurança de Água com o objetivo de estabelecer medidas de controle e

planos de contingência sobre áreas afetadas pelos efeitos dos eventos extremos

secas e cheias, preservando a segurança e saúde da população.

O grande desafio foi propor um modelo genérico de Plano que pudesse

ser aplicado como ferramenta de subsídio a tomada de decisões de uma agenda

maior, de Segurança Hídrica, no processo de Gerenciamento dos Recursos

Hídricos.

A sistemática do trabalho, de forma geral, envolveu cinco etapas; a

primeira consistiu em ETAPAS PRELIMINARES, fase de planejamento geral das

atividades a serem desenvolvidas, inclui o levantamento de informações técnicas e

estratégicas das regiões e sistemas vulneráveis afetados pelos eventos extremos,

estabelece a necessidade de constituição de equipe técnica multidisciplinar para

implantação e gerenciamento do plano.

A segunda etapa foi denominada de AVALIAÇÃO DO SISTEMA, que

envolve a descrição e caracterização dos riscos de toda as regiões vulneráveis

afetadas e sistemas hídricos, estabelecendo a necessidade de se estabelecer

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medidas de eliminação/ minimização e controle dos pontos críticos.

A terceira etapa, o MONITORAMENTO OPERACIONAL, estabelece a

importância de monitorar os riscos e vulnerabilidades dos sistemas e regiões

críticas, para ter garantido que o planejamento das atividades e as estratégias

adotadas serão atendidas. Envolve a correta seleção dos parâmetros de

monitoramento e o estabelecimento de limites críticos e de ações preventivas e

corretivas.

A quarta etapa aborda o desenvolvimento de PLANOS DE GESTÃO, que

descrevem as ações em situações de rotina e emergenciais, os planos de

contingências. Enfatiza a necessidade da organização da documentação gerada,

como deve ser estabelecida a comunicação de risco, a interação com os órgãos

envolvidos e a verificação periódica dos procedimentos.

A quinta e última etapa, denominada VALIDAÇÃO E VERIFICAÇÃO DO

PLANO, objetiva a avaliação e funcionamento do plano, monitora se as metas de

segurança e medidas mitigadoras estão sendo alcançadas, investiga se o plano

cumpre com suas especificações, contempla a implementação de programas de

melhorias e atualizações. Determina que o plano deve ser revisado periodicamente,

após situações emergenciais visando aprimorar sua capacidade de resposta aos

eventos críticos.

Vemos que os chamados episódios climáticos extremos vem se

intensificando e com isso a possibilidade de ocorrências de desastres. Segundo o

Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas, o IPCC, a alteração da

frequência e intensidade dos estados atmosféricos extremos, acompanhado do

aumento do nível do mar, teriam efeitos majoritariamente adversos sobre os

sistemas humanos.

Desta forma, o relatório do IPCC, considerou provável o aumento das

áreas afetadas por secas, tendo sido citado o Nordeste Brasileiro como região

sensível, e como resultado um maior estresse hídrico. O mesmo relatório, também,

estimou como muito provável o aumento da frequência de episódios de precipitação

intensa na maioria das áreas, podendo gerar inundações e deslizamentos de terra

entre outros efeitos.

Um Plano de Segurança de Água deve ser desenvolvido com a

participação de todos os interessados, sociedade civil, governos locais e federais,

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órgãos estratégicos, para que gere um sentimento de compromisso com a sua

implementação.

Dentro do modelo adotado para o PSAEE este trabalho identificou a SALA

DE SITUAÇÃO, desenvolvido pela Agência Nacional de Água (ANA), como

instrumento cujas especifidades vem de encontro uma das suas etapas

fundamentais constituintes, o MONITORAMENTO OPERACIONAL.

O modelo da SALA DE SITUAÇÃO da ANA, tem como objetivo maior

Monitorar e informar a ocorrência de eventos hidrológicos críticos e Apoiar as ações

de prevenção de eventos críticos.

Diante das premissas da ANA, que é a entidade federal responsável pela

implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, e que possui a

incumbência, entre outras, de atuar na prevenção e a defesa contra eventos

hidrológicos críticos, adotando a SALA DE SITUAÇÃO como forma de realizar o

acompanhamento das condições hidrometeorológicas das estruturas hídricas

prioritárias, e desta forma assegurar a tomada de decisões frente aos efeitos de

secas e inundações, o presente estudo realizou o acompanhamento da implantação

da SALA DE SITUAÇÃO da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos do estado

do Ceará, a COGERH.

A COGERH, através de um convênio com a ANA, implantou sua SALA DE

SITUAÇÃO, com o objetivo de realizar o monitoramento, em tempo real, de eventos

hidrológicos críticos no Estado do Ceará. A Infraestrutura permitirá monitorar as

variações nos níveis de açudes e rios vulneráveis à inundações, planejando e

promovendo, também, ações destinadas a prevenir e minimizar os efeitos de secas.

A SALA DE SITUAÇÃO da COGERH está diretamente ligada a Diretoria

de Operações (DIOPE), contando com o apoio das Gerências de Desenvolvimento

Operacional (GEDOP) e da Gerência de Tecnologia (GETEC). Possui, atualmente,

em seu quadro, um Analista de Gestão de Recursos Hídricos, um Geógrafo, um

Analista de Tecnologia da Informação, além de apoio de Engenheiros das GEDOP e

GETEC, além da interação com outros órgãos Estaduais e Federais (ANA,

FUNCEME, CEMADEN, DEFESA CIVIL, CPRM, DNOCS).

A operacionalização da SALA DE SITUAÇÃO são disciplinadas através

de um em documento próprio, o PLANO DE TRABALHO, cujo objetivo é orientar e

disciplinar a forma e modelo a ser seguido no Gerenciamento das Informações

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geradas.

Como parte do trabalho de Estudo de Caso foi proposta, também, uma

metodologia para o PLANO DE TRABALHO, a qual foi dividida em 5 etapas: Fase

Inicial, Planejamento das Atividades, Formação da Equipe de Trabalho, Macro-

Informações e Procedimentos Operacionais.

O Brasil precisa melhorar seu planejamento governamental com relação

aos desastres naturais, de forma a atuar na prevenção e na resposta aos eventos

extremos com maior eficácia, assim como é de extrema relevância a conscientização

da população em geral sobre o assunto, e, especialmente das populações que

ocupam áreas de risco, que devem conhecer ou serem instruídas sobre ações

preventivas, ou alertadas para os perigos que representam determinadas atitudes.

A sociedade deve adotar uma postura pró-ativa, como forma de sucesso

de uma estratégia de combate aos desastres, e, para tanto, faz-se necessária a

disponibilização de informações de qualidade com envolvimento de agentes

governamentais e não governamentais de todos os níveis.

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