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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA JEFFERSON KLEBER VARELA DE MELO TÉCNICAS DE CONSTRUÇÃO EM BARRO MOSSORÓ - RN OUTUBRO/2012

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Page 1: universidade federal rural do semi-árido - Ufersa

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS

CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA

JEFFERSON KLEBER VARELA DE MELO

TÉCNICAS DE CONSTRUÇÃO EM BARRO

MOSSORÓ - RN

OUTUBRO/2012

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JEFFERSON KLEBER VARELA DE MELO

TÉCNICAS DE CONSTRUÇÃO EM BARRO

MOSSORÓ – RN

OUTUBRO/2012

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JEFFERSON KLEBER VARELA DE MELO

TÉCNICAS DE CONSTRUÇÃO EM BARRO

Monografia apresentada a Universidade

Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA,

Departamento de Ciências Ambientais e

Tecnológicas para a obtenção do título de

Bacharel em Ciência e Tecnologia.

Orientadora: Profa. Dra. Marineide Jussara

Diniz – UFERSA.

MOSSORÓ - RN

OUTUBRO/2012

Page 4: universidade federal rural do semi-árido - Ufersa

Ficha catalográfica preparada pelo setor de classificação e

catalogação da Biblioteca “Orlando Teixeira” da UFERSA

Bibliotecária:

Vanessa de

Oliveira

Pessoa

CRB15/453

M528t Melo, Jefferson Kleber Varela de.

Técnicas de construção em barro. / Jefferson Kleber Valera

de Melo. -- Mossoró, 2012.

42 f.: il.

Monografia (Graduação em Ciência e tecnologia) –

Universidade Federal Rural do Semi-Árido.

Orientador: Drª. Marineide Jussara Diniz.

1. Técnicas de construção. 2. Barro. 3. Terra crua. I. Título.

CDD: 691.4

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente quero agradecer a Deus por todas as oportunidades que tive em minha vida,

pela força que me deu para enfrentar as dificuldades que a vida impõe, pela família que me

deu, pelos meus amigos e pelas pessoas de bem as quais convivo. Que ele sempre continue

me iluminando e me guiando pelo melhor caminho, para que a cada dia eu seja uma pessoa

melhor e mais feliz.

A minha mãe, Maria Lêda Varela e ao meu padrasto Adriano de Oliveira Fonseca, pessoas

estas muito importantes na minha vida, que me ensinaram a ter humildade, ser honesto, ter

virtudes, enfim, qual o melhor caminho para seguir. Meu muito obrigado por mesmo nos

momentos de muitas dificuldades as quais vencemos juntos, terem feito o possível para

colocar os meus estudos como prioridade, pois se aqui cheguei, vocês contribuíram demais

para isso. Jamais vou esquecer tudo que fizeram por mim e vou fazer o possível para retribuir

e não os decepcionarem.

Aos meus irmãos e os meus demais familiares por terem sido pacientes e compreensivos nos

momentos de estresse pelos quais passei.

Aos meus amigos da faculdade que durante esses três anos de convivência diária aprendi

muito a ser uma pessoa mais companheira e madura, apesar das brincadeiras nas horas vagas

que tanto me fizeram sorrir. Vou levar alguns deles como grandes amigos para o resto da

minha vida. E agradecer ainda a todos eles, pelas noites inteiras que passamos juntos

estudando para as provas.

Aos meus professores da faculdade, pessoas as quais considero muito importantes, por terem

me ensinado e ajudado a ser um profissional qualificado nesse mercado de trabalho tão

competitivo.

Agradeço muito a UFERSA pela oportunidade, para que eu pudesse me realizar

profissionalmente, por ter conhecido mais uma família, os meus amigos, pessoas que jamais

serão esquecidas e que marcaram alguns dos melhores momentos da minha vida.

E por fim, um agradecimento especial a minha orientadora Marineide Jussara Diniz, por ter

me ajudado nesse trabalho, pelos conselhos, pela paciência nos momentos que tive que parar

o TCC para estudar para as provas e por toda a dedicação para que esse trabalho saísse da

melhor maneira possível.

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“Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida”.

(Sócrates)

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RESUMO

As técnicas de construção em barro são aquelas que usam essa matéria-prima, seja para

confecção de pisos, revestimentos ou paredes, de forma a usá-lo sem o cozimento. As

principais técnicas construtivas com o uso da terra crua são adobe, pau-a-pique ou taipa de

mão e taipa de pilão, cada uma apresenta características e especificações que servem como

indicação para o seu uso. Trata-se de técnicas milenares que fazem parte da vida de muitos

seres humanos, mas hoje ter uma casa de barro significa ser pobre, pois o preconceito a esse

tipo de moradia é rejeitado por muitos da sociedade. O barro apresenta algumas vantagens,

como: conforto térmico, conforto acústico, ajudar na ventilação, ser fácil de obter, etc. Assim

como os outros materiais usados na construção civil o barro também apresenta desvantagens

se comparado a eles, como: ser permeável, se contrair ao secar, não ser um material de

construção padronizado, etc. O barro apresenta algumas perspectivas futuras, principalmente,

pelo fato de que os materiais industrializados são mais caros, de difícil obtenção e polui

consideravelmente o meio ambiente, por isso alguns países europeus já estão recorrendo ao

barro, para utilizá-lo como revestimento de paredes. Portanto, o barro pode trazer grandes

benefícios para a sociedade e para o planeta, basta saber usá-lo de acordo com a técnica

apropriada.

Palavras – chave: Técnicas de construção. Barro. Terra crua.

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LISTA DE SIGLAS E SÍMBOLOS

CE – CEARÁ

FJP – FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO

GO – GOIÁS

MPa – Mega Pascal

SE – SERGIPE

UFERSA – UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

UFRJ – UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Ruínas da Casa-Grande do Engenho de Santa Bárbara (SE) ................................................ 12

Figura 2 - Tijolo cozido ......................................................................................................................... 13

Figura 3 - Casa de barro ........................................................................................................................ 14

Figura 4 - Casa de barro ........................................................................................................................ 14

Figura 5 - Arquitetura Colonial em Terra, Igreja em Pirenopólis-GO. ................................................. 15

Figura 6 - Casa construída com barro em Portugal ............................................................................... 16

Figura 7 - Igreja construída com barro em Alentejo/Portugal ............................................................... 16

Figura 8 - Construções com terra crua em Shibam, Iémen ................................................................... 17

Figura 9 - Muralha da China ................................................................................................................. 17

Figura 10 - Construções em terra no mundo ......................................................................................... 18

Figura 11 - Tijolo de terra crua ............................................................................................................. 19

Figura 12 - Tijolo de adobe ................................................................................................................... 20

Figura 13 - Confecção dos tijolos de adobe .......................................................................................... 21

Figura 14 - Confecção do tijolo de adobe ............................................................................................. 22

Figura 15 - Processo de cura do adobe .................................................................................................. 22

Figura 16 - Acréscimo de resistência a compressão em tijolos de adobe com adição de fibra de coco 23

Figura 17 - Casa construída com adobe ................................................................................................ 24

Figura 18 - Parede feita com adobe ....................................................................................................... 25

Figura 19 - Casa de pau-a-pique ........................................................................................................... 25

Figura 20 - Trama de madeira sendo preenchida por barro................................................................... 27

Figura 21 - Processo de barreamento .................................................................................................... 27

Figura 22 - Casa de taipa ....................................................................................................................... 29

Figura 23 - Taipal e pilão usado na construção da casa de taipa ........................................................... 29

Figura 24 - Uso do taipal ....................................................................................................................... 30

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Figura 25 - Igreja em Sobral-CE construída com terra crua ................................................................. 30

Figura 26 - Construção das paredes de um prédio ................................................................................ 31

Figura 27 - Prédio construído em taipa ................................................................................................. 31

Figura 28 - Casa de Taipa ..................................................................................................................... 32

Figura 29 - Piso de tijolos de barro ....................................................................................................... 33

Figura 30 - Casa de barro com pintura externa ..................................................................................... 34

Figura 31 - Parede de barro que se contraiu ao secar ............................................................................ 36

Figura 32 - Casa que foi utilizado barro em sua construção. ................................................................ 38

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 11

2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 11

3. METODOLOGIA ............................................................................................................... 12

4. HISTÓRICO ....................................................................................................................... 12

5. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 14

5.1. CONSTRUÇÕES EM BARRO NO BRASIL E NO MUNDO ................................................. 14

5.2. MÉTODO CONSTRUTIVO ...................................................................................................... 18

5.2.1 Adobe ................................................................................................................................... 19

5.2.2 Taipa de mão ou pau-a-pique ............................................................................................ 25

5.2.3 Taipa de pilão ..................................................................................................................... 28

6. VANTAGENS DO USO DO BARRO .............................................................................. 32

6.1 CONFORTO TÉRMICO ............................................................................................................ 32

6.2 CONFORTO ACÚSTICO .......................................................................................................... 33

6.3 VENTILAÇÃO ........................................................................................................................... 33

6.4 CONSUMO DE ENERGIA E POLUIÇÃO AMBIENTAL ....................................................... 34

6.5 CUSTOS DE TRANSPORTE .................................................................................................... 35

6.6 PRESERVAÇÃO DA MADEIRA .............................................................................................. 35

6.7 REUTILIZÁVEL ........................................................................................................................ 35

7. DESVANTAGENS DO USO DO BARRO ....................................................................... 35

7.1 NÃO PADRONIZADO .............................................................................................................. 35

7.2 PERMEABILIDADE .................................................................................................................. 36

7.3 CONTRAÇÃO ............................................................................................................................ 36

8. PRECONCEITOS DO USO DO BARRO ....................................................................... 37

9. PERSPECTIVAS FUTURAS ............................................................................................ 37

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 38

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 39

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11

1. INTRODUÇÃO

Segundo Silva (2000) desde os tempos mais remotos os seres humanos buscam um

abrigo, para se protegerem do frio, das chuvas, dos animais, etc., sendo a caverna o primeiro

que eles conseguiram. Com o passar do tempo e de acordo com suas necessidades, foram

conseguindo construir abrigos usando materiais disponíveis no local, para isso usaram

técnicas de construção, como as que usam o barro. Como os seres humanos eram sedentários,

era muito conveniente pra eles usarem um material de fácil manuseio, daí a escolha do barro

como material para construção de abrigos.

Segundo Gouveia (2010) não se sabe dizer ao certo a data, nem onde surgiram as

técnicas de construção em barro, apenas que os exemplos mais antigos são encontrados na

Mesopotâmia e no antigo Egito. Nessa época as civilizações antigas utilizavam muito a terra

nas suas construções, tanto para suas moradias, como para fortalezas e obras religiosas.

Sabe-se que os métodos de construção por mais simples que sejam causam impactos

ao meio ambiente, por isso é preciso de técnicas que os minimizem. Em alguns países como

Alemanha, Suíça e Holanda muitas empresas estão encontrando no barro uma solução para

tentar diminuir os impactos, usando esse material para a fabricação de moldes pré-fabricados

e rebocos nos interiores.

No Brasil os portugueses nos deixaram um legado cultural extremamente rico, como

as técnicas de construção em barro, muito usado no período colonial na construção de casas e

até igrejas, como a igreja matriz de Pirenópolis-GO. (BORGES, 2009)

2. OBJETIVOS

O objetivo desse trabalho é aprofundar o estudo sobre as técnicas de construção em

barro no Brasil e no mundo, realizar um estudo sobre as técnicas de construção em barro, que

pode ser taipa, adobe e pau-a-pique, incluindo suas aplicações, de modo a minimizar os

impactos ambientais causados pelas construções com outros materiais.

Sendo assim, o objetivo principal desse trabalho de conclusão do curso é mostrar a

importância das técnicas de construção em barro, através do seu uso, vantagens, desvantagens

e perspectivas futuras.

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3. METODOLOGIA

A metodologia abordada para a composição desse trabalho resulta de estudos e

observações de outros trabalhos já existentes, como artigos, monografias, arquivos virtuais e

livros especializados no assunto, de modo a obter um melhor esclarecimento do assunto

trabalhado.

4. HISTÓRICO

É evidente que as técnicas e os materiais de construção utilizados na atualidade

diferem dos que eram utilizados em outras épocas, assim como, as interpretações destas

construções tem significados diferentes.

Segundo Pereira (2009) as construções com o barro chegaram ao Brasil, trazidas pelos

portugueses durante o processo de colonização. Esse material passou a ser muito utilizado nas

construções brasileiras, principalmente no período colonial, sendo empregado para a

confecção dos pisos ou para o levantamento das paredes, em que utilizavam a terra da própria

região para diminuir os custos. Vale salientar, que nessa época utilizava muito a técnica da

taipa de pilão, por ser o processo mais recomendado para a confecção dos pisos, devido ao

fato de que utilizando essa técnica, o barro apresenta boa resistência e bom acabamento.

Nesse período, as construções com barro eram bem aceitas, sendo usadas tanto nas casas dos

donos de terras, Casas-Grandes (Figura 1) como eram chamadas, como nas senzalas. Não era

esse material utilizado para construir casas que media suas riquezas, e sim às vestimentas do

senhor, a quantidade de escravos e de terras que eles tinham.

Figura 1 - Ruínas da Casa-Grande do Engenho de Santa Bárbara (SE)

Fonte: <http://www.infonet.com.br/arquitetura/GALERIA.HTM>. Acesso em: 14 de Abr., 2012.

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A técnica construtiva em terra foi difundida, por muito tempo, como uma tradição

familiar, passada de pai para filho, fazendo com que grande parte desse patrimônio cultural se

perdesse. Contudo, uma parte sobreviveu até hoje, de forma que ainda é possível verificar

habitações construídas com o sistema de terra crua, principalmente nos países de Terceiro

Mundo, ainda não totalmente industrializados. Isso se deve, em grande parte, à simplicidade

dessa técnica e ao baixo custo desse tipo de construção. Em zonas rurais, pode-se considerar

também a praticidade como um item relevante, pois se utiliza a terra local como primeiro

material de construção. (SILVA, 2000)

Na atualidade, para a construção civil é mais conveniente usar o tijolo cozido do que o

tijolo cru, por inúmeros fatores, como estética, resistência, comodidade e até mesmo status,

sendo o meio ambiente o mais prejudicado. Segundo Casanova (2000), para se fazer um

milheiro (mil) de tijolos cozidos é necessário queimar quinze árvores; logo, se conclui que

para a construção de uma casa de 100m2

com tijolos cozidos, por exemplo, será necessária a

queima de 150 árvores; enquanto para a construção de uma casa de barro cru nas mesmas

metragens, serão necessárias, entre 10 a 30 árvores, dependendo do porte das mesmas

(SILVEIRA, 1984). Portanto, vale ressaltar que o tijolo cozido (Figura 2) é consideravelmente

responsável pelos danos ao meio ambiente, como a erosão, o assoreamento de rios e lagos, a

destruição da fauna e por lançar gases poluentes na atmosfera. (SILVEIRA, 1984)

Figura 2 - Tijolo cozido

Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Tijolo>. Acesso em: 15 de Abri., 2012.

O resultado da diminuição brusca do uso do barro na construção civil se deu a partir da

revolução industrial. Foi nesse período que os produtos manufaturados e, no caso, as

construções com barro começaram a ser desprezados, principalmente nos países

industrializados, na qual ter uma casa de barro (Figuras 3 e 4) passou a ser sinônimo de

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14

pobreza para muitas pessoas. Assim, a maioria das construções com barro se encontra nas

periferias (locais onde essas construções não são tão discriminadas no mundo capitalista

moderno) das grandes cidades e, principalmente, nas áreas rurais, onde é mais fácil de obter

essa matéria-prima. (SILVA, 2000)

Figura 3 - Casa de barro

Fonte: <http://bioarquiteturaintuitiva.blogspot.com.br/>. Acesso em: 15 de Abri., 2012.

Figura 4 - Casa de barro

Fonte: <http://aujoaolucas.blogspot.com.br/2009/03/bioconstrucao.html>. Acesso em: 15 de Abri., 2012.

5. REVISÃO DE LITERATURA

5.1. CONSTRUÇÕES EM BARRO NO BRASIL E NO MUNDO

Desde que os homens constroem cidades, há mais de dez mil anos, a terra crua tem

sido, através de tradições eruditas e populares, um dos principais materiais de construção

utilizados. Consequentemente, aproximadamente 30% da população mundial vive ainda em

habitações de terra. Cerca de 50% da população em países em desenvolvimento, incluindo a

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15

maior parte da população rural e, pelo menos, 20% da população urbana e suburbana vive em

construções de terra. (HOUBEN, 1994)

Segundo Borges (2009) as construções com barro no Brasil iniciaram-se com a

chegada dos portugueses, que deixaram um legado enorme para a arquitetura do país. Ao

longo do tempo, muitas técnicas de construção usando o barro como matéria-prima foram

aparecendo. Hoje ainda existem inúmeras obras construídas utilizando o barro, como por

exemplo, as cidades históricas de Tiradentes e Ouro Preto, ambas em Minas Gerais. E

também em Pirenopólis, no estado de Goiás, onde existe a Igreja Matriz de Nossa Senhora do

Rosário (Figura 5), cujo alicerce é de pedra e as paredes são feitas de taipa de pilão, apenas as

paredes mais altas é que são feitas de adobe.

Figura 5 - Arquitetura Colonial em Terra, Igreja em Pirenopólis-GO.

Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Piren%C3%B3polis>. Acesso em: 17 de Maio, 2012

Segundo Girão (2009) para a construção de uma casa de adobe, os moradores gastam

menos de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), já que eles utilizam muitos materiais da região e não

gastam com mão-de-obra, pois na maioria das vezes o próprio morador é o construtor, sendo

assim, o custo com mão-de-obra passa a ser desconsiderado.

As construções tradicionais vêm e continuaram a responder pela maior quantidade de

habitações, principalmente nos cantos mais pobres do mundo. Uma construção tradicional é

vernacular por essência, ou seja, utiliza materiais e técnicas próprias de seu lugar, demanda

pouca energia para sua construção e demonstra enorme respeito ao meio na qual está

edificada; fazendo parte assim do amplo leque das construções sustentáveis. Dentro deste

universo das construções tradicionais, o tipo que mais se destaca e talvez a mais antiga sejam

as construções com terra. (BUSSOLOTI, 2008)

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Cerca de metade das construções em países em desenvolvimento utiliza a terra como a

base de suas construções. Isto leva a uma proporção de um terço da humanidade vivendo em

habitações deste tipo. (BUSSOLOTI, 2008)

Na América, em países como México, Colômbia, Peru e Cuba, mesmo antes da

colonização, as tribos existentes no local já construíam suas moradias usando a terra crua e,

ainda hoje, existem inúmeras habitações construídas deste modo.

Na Europa, países como Portugal e França, constroem habitações sociais (Figura 6)

usando o barro. Em Portugal elas situam-se em Algarve e Alentejo (Figura 7) (RODRIGUES,

2003), e na França em L'isle d'Abeau, próximo a Lyon. No primeiro, as construções com

barro estão ganhando cada vez mais força, apesar de que não existe nenhum regulamento ou

nenhuma norma que especifique quais os procedimentos e princípios a serem seguidos.

Figura 6 - Casa construída com barro em Portugal

Fonte: Naturarte, 2007.

Figura 7 - Igreja construída com barro em Alentejo/Portugal

Fonte:<http://traveltoalentejoportugal.blogspot.com.br/2012/06/convento-da-orada-oradas-convent.html>.

Acesso em: 30 de Junh., 2012

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17

No Iémen existem construções com milhares de anos, estas mostram a praticidade e a

qualidade que as construções com barro pode apresentar, são prédios que podem chegar a

mais de 10 andares, como as torres na cidade de Shibam (Figura 8).

Figura 8 - Construções com terra crua em Shibam, Iémen

Fonte: <http://www.vpnaccounts.com/yemen-attractions/shibam.html>. Acesso em: 31 de maio, 2012

Segundo Borges (2009) na China o uso do barro vem sendo usado há muito tempo,

tendo bastante destaque com a construção da Muralha da China, com aproximadamente três

mil quilômetros de extensão, (Figura 9), que foi construída durante a China Imperial, no

período de várias dinastias. E em 2007 após um concurso informal internacional foi

considerada uma das sete maravilhas do mundo.

Figura 9 - Muralha da China

Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Muralha_da_China>. Acesso em: 17 de Maio, 2012

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18

Metade da população mundial, cerca de três bilhões de pessoas vive em construções

com terra, construídas com diversas técnicas (Figura 10). Existem alguns países que apesar do

desuso da terra como material de construção, ainda constroem suas habitações com esse

material. (SOARES, 2007)

Figura 10 - Construções em terra no mundo

Fonte: Alexandria e Lopes (2008)

5.2. MÉTODO CONSTRUTIVO

A crise ambiental que assola o planeta requer a busca por novas tecnologias de

produção de bens para a humanidade, e na produção de habitações não é diferente. Sendo a

construção civil uma das formas de intervenção humana mais degradantes para a natureza, é

preciso encontrar-se novos materiais e técnicas construtivas que possibilitem uma relação

saudável entre o meio ambiente e o desenvolvimento da civilização humana. (Faria (2006)

apud Alexandria e Lopes (2008))

Em construções voltadas à sustentabilidade, uma das metas é a não geração de

resíduos, e posteriormente é pensado em como reduzir, reutilizar e no destino final. Essas

construções baseiam-se na prevenção e redução de resíduos, desenvolvendo tecnologias

limpas, usando materiais recicláveis e/ou reutilizáveis e pensando também no uso de resíduos

como materiais secundários. (BARDELLA, 2007)

Sendo assim é de fundamental importância recorrer a materiais renováveis e que

possam ser aproveitados futuramente, de modo a não degradar excessivamente o meio

ambiente e que possibilitam conforto e segurança para os usuários de terra crua em suas

construções.

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19

Das técnicas de construção em barro mais utilizadas três se destacam: adobe que o

barro é moldado em fôrmas, o pau-a-pique ou taipa de mão em que uma estrutura de madeira

é armada para receber o barro e a taipa de pilão em que o barro é comprimido. A seguir será

detalhada cada uma delas.

5.2.1 Adobe

“Adobe” é uma palavra de origem árabe, que foi assimilada pelo espanhol e

transmitida às Américas, onde foi adotada também pelo idioma inglês. E significa tijolos de

terra crua. (DETHIER, 1982)

Segundo Borges (2009), o adobe é um tijolo feito de terra crua (Figura 11) em que sua

produção pode se resumir a uma mistura de terra e água, no entanto, pela necessidade das

propriedades ficarem mais estáveis é de grande importância a adição de palhas ou fibras para

evitar rachaduras nos tijolos durante o período de cura. Os tijolos são colocados em moldes

retangulares e o período de cura é dado ao ar livre, durando cerca de 30 dias, levando-se em

consideração as condições climáticas.

Figura 11 - Tijolo de terra crua

Fonte:<http://sitiogralhaazul.net/dev15/index.php?option=com_myblog&show=Constru.html&Itemid=77>.

Acesso em: 17 de Maio, 2012

A primeira etapa de secagem dos tijolos, que devem estar próximos à produção, pode-

se dar em uma área descoberta e com sol. Esse período deve ser suficiente para que os tijolos

percam o excesso de umidade, ganhem resistência, ocorram às retrações iniciais e possam ser

levados à etapa de secagem final, que deve ocorrer em uma área protegida contra intempéries

(chuva, principalmente), para que não haja absorção de umidade. Sendo assim, uma solução é

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secar os tijolos sobre suportes de madeira (Figura 12). Esta fase pode durar em torno de, pelo

menos, 30 dias, período em que os tijolos atingem o equilíbrio higroscópico. É aconselhável

que, durante o processo de secagem, os tijolos sejam virados com certa frequência para que a

mesma seja homogênea, evitando, assim, retrações diferenciais e, consequentemente,

deformação dos tijolos. (OLIVEIRA, 2005)

Figura 12 - Tijolo de adobe

Fonte: <http://carolcampelofestugato.blogspot.com.br/2011/08/dicionario-da-construcao-aclive.html>. Acesso

em: 17 de Maio, 2012

Como apresentam formas e dimensões variadas, os tijolos podem ser fabricados

manualmente ou com o auxílio de equipamentos mecânicos, usando moldes (fôrmas) simples

ou múltiplos, feitos em plástico, madeira, metal ou até mesmo sem molde (com o solo no

estado plástico). Já que a moldagem pode ser artesanal ou industrializada, a produção pode

variar bastante (de 100 a milhares de unidades/homem/dia). Durante períodos muito quentes

ou frios, a produção fica impossibilitada. (MACHADO et al, 2004)

As possibilidades de se trabalhar com a argila são muitas: adicionar pequenas

quantidades de aglomerante como cal ou cimento, conferindo maior resistência mecânica;

acrescentar agregados leves ou fibras para tornar o adobe mais leve e ainda adicionar asfalto

natural para diminuir a permeabilidade ou reduzir a retração. (NEVES, 2005)

Segundo Borges (2009) esta é uma técnica utilizada principalmente, na construção de

paredes de casas construídas com barro, sendo muito empregadas em climas secos, no Brasil é

muito comum o seu uso nas Regiões Norte e Nordeste e nos estados de Minas Gerais e Goiás.

O mau uso desta técnica na construção de casas gera alguns problemas de degradação, como

rachaduras, e isso acarreta muitos preconceitos.

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Silva (2000) afirma que para a confecção do adobe (Figura 13) é preciso seguir alguns

passos. Primeiro deve-se preparar uma mistura constituída de argila, areia e água, misturando

sempre que possíveis fibras vegetais. Segundo passo é levar para as fôrmas de madeira, e por

fim, deve ser conduzido ao ar livre para secar a luz do sol, de forma alguma ele pode ir ao

fogo, caso isso ocorra o tijolo deixa de ser de terra crua e passa a ser tijolo cozido. Essas

fôrmas, em sua maioria, têm comprimento de 40 a 50 cm, largura de 19 a 24 cm e altura de 12

a 16 cm, no Brasil a medida mais usada é 20x20x40.

Figura 13 - Confecção dos tijolos de adobe

Fonte: Alexandria (2006)

De acordo com Silva (2000) o procedimento de preparação do adobe é descrito a

seguir:

Deve-se amassar o barro com os pés até atingir a consistência ideal, depois colocá-lo

para descansar durante 2 dias, protegendo-o para que não seja molhado com água de chuva.

Após esse período, bate-se o barro novamente e coloca-o na fôrma de madeira, molhando-a

antes para que a madeira não sugue a água da massa. Depois de a massa ser nivelada com uma

régua, o tijolo é retirado da fôrma com cuidado para não ser quebrado (Figura 14). Caso

ocorra a deformação do tijolo, significa que a massa está muito úmida, e deve-se acrescentar

mais barro, já se o tijolo rachar indica que a massa está muito seca, e deve-se acrescentar

água. E em ambos os casos devem-se acrescentar também areia e palha, à massa.

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22

Figura 14 - Confecção do tijolo de adobe

Fonte: <http://www.flickr.com/photos/fefreire/sets/72157602048666651/detail/?page=2>. Acesso em: 17 de

Maio, 2012

Os tijolos não podem se tocar enquanto secam, por isso deve-se arrumá-los no chão a

certa distância uns dos outros, durante um período de três dias ensolarados ou cinco dias

chuvosos (Figura 15). Após duas semanas os tijolos devem ser empilhados e após quatro

semanas deve ser testado. O teste é feito colocando-se um tijolo de adobe apoiado

perpendicularmente em outros dois, e aplicando-se uma força sobre ele. Caso não resista,

deve-se acrescentar mais argila à massa, pois é necessário que ele resista à força aplicada.

Figura 15 - Processo de cura do adobe

Fonte: <http://casadoigapo.blogspot.com.br/2010_03_01_archive.html>. Acesso em: 17 de Maio, 2012

No assentamento dos tijolos de adobe, a mesma massa que os confeccionou deve ser

utilizada, não devendo conter pedras. E sua espessura entre os tijolos deve ser de 1 a 2 cm.

Assim como no tijolo comum, é necessário cautela para que a camada seguinte de tijolo seja

obrigatoriamente transpassada à camada anterior, usando o sistema de “amarração” de

paredes. Ou, também, o sistema de assentamento de quatro tijolos de cada vez, de maneira

que seja construída uma parede com a espessura referente a dois tijolos.

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23

Um reforço contínuo de madeira deve ser feito sobre as portas e as janelas, como se

fosse uma verga contínua e também nas quinas da casa. Assentando-se de 2 a 4 fileiras de

tijolos sobre a verga. Construídas as paredes, o acabamento deve ser feito sobre elas, com a

mesma massa que as construiu. E o revestimento das paredes de adobe pode ter o reboco de

cal e areia.

Alguns cuidados devem ser tomados para que os tijolos de adobe não sejam

danificados, tais como, construir em local plano e que não seja muito úmido para evitar

deformações no tijolo; na construção da casa deve-se deixar a distância mínima de 1 metro

entre portas e janelas, para não sobrecarregar os tijolos, tanto com o peso, quanto com o

movimento, assim como de um metro para as quinas da casa; para uma maior estabilidade da

construção deve-se sempre construir a obra com o formato parecido a um quadrado e ainda

deve-se construir um beiral largo e se possível pintar a casa, para impedir o contato exagerado

com água.

Segundo Araujo (2009) o gráfico mostra que o tijolo de adobe pode atingir a

resistência de 10 MPa quando adicionado fibra em sua confecção (Figura 16), sendo assim,

pode-se ampliar o seu uso como por exemplo, no aumento da quantidade de pavimentos de

uma construção. Além da resistência esses tijolos de adobe apresentam boa durabilidade,

exemplificada nas inúmeras obras antigas que existem até hoje e no fato de que é difícil de

desmanchar uma parede depois de executada. A resistência e a durabilidade contrastam com a

rejeição da população, principalmente no Brasil, onde existem muitos preconceitos com essa

técnica, pois existe a crença de que são construções frágeis, mas os resultados provam que não

é verdade, sendo um tipo de construção bastante sólida e duradoura.

Figura 16 - Acréscimo de resistência a compressão em tijolos de adobe com adição de fibra de coco

Fonte: Soares (2008)

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24

5.2.1.1 Utilização

Para a mistura da massa de produção do adobe, o método é a definição de um local,

como uma caixa, para a mistura do material. Os misturadores mecânicos não apresentam

custos elevados quando utilizados para produzir grande quantidade de material, mas, o

processo de mistura manual de massa de assentamento com maior consumo de tempo, pode

ser a melhor escolha. (MCHENRY, 1984)

É importante ressaltar que o “entulho” resultante da produção e da construção com

adobe, é completamente reincorporado ao meio ambiente, pois a terra crua volta para o solo e

as fibras vegetais se decompõem naturalmente. Porém, a fabricação do adobe produz um

impacto ambiental que deve ser considerado: o buraco produzido pela retirada da terra para

sua fabricação. (OLIVEIRA, 2005)

Quanto ao conforto ambiental, tem-se como parâmetro o enfoque bioclimático, para

uma arquitetura agradável ou confortável para seus habitantes. Nesse sentido, as

características do adobe, tanto do ponto de vista físico, quanto do ponto de vista cultural e

tecnológico, por estar presente na tradição vernacular, contribuem para que essa tecnologia

possa resultar em uma arquitetura bioclimática bem adaptada e inserida, enfim, com

potencialidades para um bom conforto ambiental. (OLIVEIRA, 2005)

As casas construídas com adobe (Figura 17) vêm crescendo consideravelmente, tanto

no Brasil, quanto no mundo, principalmente, pelo fato de que o adobe é bem mais barato do

que o tijolo cozido, além de apresentar boa resistência.

Figura 17 - Casa construída com adobe

Fonte: <http://www.verdesaine.net/arquitetura_ecologica>. Acesso em: 17 de Maio, 2012

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25

A arquiteta deixou o ambiente moderno e rústico (Figura 18) em contrapartida ao uso

do barro, como se pode ver na parede que foi construída com adobe, onde o barro para a

confecção foi retirado do próprio local da obra.

Figura 18 - Parede feita com adobe

Fonte: <http://lorenaarquiteta.blogspot.com.br/2010/10/importancia-da-iluminacao.html>. Acesso em: 15 de

Abri., 2012.

5.2.2 Taipa de mão ou pau-a-pique

O termo “pau-a-pique” se refere às peças de madeira ou bambu, que são colocadas “a

pique” sobre o baldrame, ou seja, perpendicularmente a ele. Trata-se da técnica construtiva

mais comum no Brasil, por sua simplicidade e facilidade, pois qualquer pessoa, mesmo que

não seja especialista no assunto, pode construir com esta técnica. A taipa em pau-a-pique é

um processo construtivo antigo, conservado pela tradição e conhecido por toda a população

rural (Figura 19). É um material que apresenta incrível maleabilidade. (VASCONCELOS,

1979)

Figura 19 - Casa de pau-a-pique

Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Pau_a_pique>. Acesso em: 18 de Maio, 2012.

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26

Este sistema consiste em se fazer uma trama de madeira ou bambu, na parte interna da

parede e, depois jogar o barro sobre esta trama (pelos lados de fora e de dentro

simultaneamente de preferência) e apertá-lo sobre ela com as mãos. Este sistema também é

conhecido no Brasil pelos nomes de: “pescoção”, “tapona”, “sopapo”, “taipa de mão”, “taipa

de sebe”, entre outros, variando conforme as diferentes regiões do país. (Vasconcelos, 1979)

Neste método o barro é praticamente um coadjuvante, pois a armação da casa é feita

de madeira, em geral bambu, e o barro apenas preenche os espaços vazios entre as paredes de

madeira. O tempo de secagem é em geral de 30 dias, para paredes com espessura normal de

20 cm, depois disso é aconselhável que as paredes, principalmente, as externas, recebam

algum tipo de produto contra as intempéries.

A taipa foi trazida ao Brasil pelos colonizadores europeus. De origem árabe, a taipa

de sebe ou pau-a-pique, chegou a ser utilizada, pelos carpinteiros portugueses na arquitetura

naval. (LEMOS,1979)

Aqui ela se uniu à técnica construtiva dos índios que usavam a palha na construção de

suas ocas. E foi sendo adaptada ao clima de cada região: sendo pouco empregada no clima

quente e úmido do Norte; se ajustando melhor ao clima quente e seco do Nordeste. Essa

acomodação aos rigores do clima gera uma grande quantidade deste tipo de manifestação

construtiva no panorama da arquitetura nacional. (LEMOS, 1979)

Atualmente, em algumas regiões brasileiras, como cidades do estado de Minas Gerais,

ainda realizam construções em pau-a-pique, além das construções, há também a restauração

de construções centenárias. (FARIA, 2002)

Segundo Silva (2000) a técnica de taipa de mão, pela necessidade de menor tempo e

esforço para ser erguido, ou pela sua idéia de provisoriedade, como o costume nômade

deixado pelos índios, era e ainda é a técnica mais usada pelas camadas pobres da sociedade e

devido a isso era considerada pelos colonizadores europeus como construções miseráveis.

De acordo com Silva (2000) o processo de construção por pau-a-pique consiste em:

Para se fazer a trama de madeira ou bambu (Figura 20), interna à parede, colocam-se

os tocos de madeira, conforme já foi citado, perpendicular ao baldrame, ou seja, na posição

vertical. Esses tocos são fixados um ao outro por meio de furos ou pregos, tendo um

espaçamento de, pelo menos, um palmo. (VASCONCELOS, 1979)

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27

Figura 20 - Trama de madeira sendo preenchida por barro

Fonte:< http://pro.casa.abril.com.br/photo/pauapique-ou-taipa-de-mao-3>. Acesso em: 18 de Maio, 2012.

Em seguida para se fazer o ripamento, que deve ser na horizontal, deve-se colocar os

tocos na vertical, e outros mais finos de dois em dois na horizontal, que deve passar de um

lado para outro no mesmo nível. Neste caso, pode utilizar o bambu cortado ao meio, ou em

“meia-cana” como é mais conhecido, ou ainda cortado em quatro partes. Para fixar o bambu

utiliza-se cipó ou pregos, como for mais conveniente. Deixando os vãos das portas e janelas

livres no madeiramento da casa.

Depois da trama de madeira toda pronta, deve-se aplicar o barro sobre ela, de forma a

preencher todos os espaços vazios, em seguida deve-se apertar o barro com as mãos, processo

conhecido como “barreamento” (Figura 21).

Figura 21 - Processo de barreamento

Fonte:<http://canrobertalmeida.multiply.com/photos/photo/28/2?&show_interstitial=1&u=%2Fphotos%2Fphoto

>. Acesso em: 18 de Maio, 2012

Page 30: universidade federal rural do semi-árido - Ufersa

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Ainda de acordo com Silva (2000) o barreamento é dividido em três camadas:

1ª camada: é a que cobre a trama vertical, deixando visível o ripamento horizontal.

Para muitos quando chega nesta etapa da construção a casa esta pronta, mas isso deve

ser evitado, pois quando a madeira fica exposta as intempéries podem apodrecer. Além

deste problema, há também o fato dos “barbeiros”, insetos transmissores da “doença

de chagas”, se instalarem nas frestas que ficam expostas devido à contração que o

barro sofre ao secar, para prevenir é preciso aplicar outras camadas nos locais onde as

frestas apareceram.

2ª camada: esta é a que cobre o ripamento horizontal deixado exposto na primeira

camada. Deve-se cobrir toda a madeira, não deixando espaços vazios.

3ª camada: esta camada de barreamento é muito importante, porém pela falta de

conhecimento das construções de pau-a-pique muitas pessoas não efetuam. Trata-se de

misturar o barro a um elemento estabilizador, que pode ser fibras vegetais, cal ou

cimento, feito isto, a sua aplicação vai dar maior resistência as paredes, protegendo-as

das chuvas, além de tapar as rachaduras que apareceram quando o barro se contraiu, e

ainda, proteger contra a instalação dos insetos transmissores da doença de chagas, os

“barbeiros”. Daí a importância de não parar a construção após a aplicação da primeira

camada.

Ainda segundo Silva (2000) a massa do barro para a construção utilizando a técnica da

taipa de mão ou pau-a-pique, deve ser bastante argilosa ou “liguenta”, no entanto, isso causa

problemas, já que ao secar a argila sofre retração, como conseqüência ocorre às rachaduras.

Para solucionar este problema, é importante seguir a terceira camada acima citada, pois o

cimento ou a cal e a areia tem efeito neutralizador sobre a retração da argila.

5.2.3 Taipa de pilão

A palavra “taipa” tem origem na França, em Lyon, em 1562. É uma palavra de origem

latina, que designa o princípio da construção (terra pisada) de paredes espessas, socando-se a

terra dentro de tramas de madeira laterais, que são deslocadas à medida que o trabalho se

desenvolve (Figura 22). (DETHIER. 1982)

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Figura 22 - Casa de taipa

Fonte: <http://www.rotamogiana.com/2012/01/taipa-de-pilao.html>. Acesso em: 15 de Abri., 2012.

Segundo Silva (2000) a taipa de pilão é chamada dessa forma devido ao processo onde

o barro é socado ou apiloado com a ajuda de uma mão de pilão dentro de fôrmas de madeira,

mais conhecido como taipais (Figura 23), na qual a sua estrutura é composta por dois

tabuados laterais e que são móveis, sendo assim a terra é socada a pilão ou com os pés (Figura

24), no intuito de adquirir maior consistência e conseqüentemente, maior resistência. O barro

é aplicado em sucessivas camadas até a formação da parede, em que sua espessura pode variar

de 50 a 90 cm e em alguns casos pode chegar até 1,50 m. O taipal é deslocado ao longo e para

o alto da parede em construção, após a parte que o barro foi apiloado secar, e a medida que as

outras partes vão secando o taipal vai sendo retirado e levado para outra parte, repete-se o

processo até a construção de todas as paredes. Desta forma, a parede de taipa de pilão é

formada por vários blocos de terra socado. Os taipais, geralmente, apresentam medidas em

torno de 1 m a 1,50 m de altura por 2 m a 4 m de comprimento, sendo compostos por tábuas

presas a um sarrafo, formando um tabuado, sendo distanciadas entre si de acordo com a

espessura da parede.

Figura 23 - Taipal e pilão usado na construção da casa de taipa

Fonte: <http://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2010/09/06/tecnicas-construtivas-do-periodo-colonial-i/>.

Acesso em: 18 de Maio, 2012.

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Figura 24 - Uso do taipal

Fonte: <http://aventar.eu/2012/03/23/arquitectura-de-terra/>. Acesso em: 18 de Maio, 2012.

O período de secagem total das paredes das casas de taipa varia de 3 a 6 meses

dependendo do clima da região, da quantidade de barro empregado (altura e largura) e do seu

tipo.

Segundo Jalali (2008) a taipa apresenta ótimo índice de salubridade e um bom grau de

acabamento, sendo assim, pouco se diferencia das construções convencionais, e ainda tem as

vantagens de gastar menos energia e não produzir resíduos industriais. Foi a primeira técnica

utilizada no Brasil e era reservada aos prédios públicos, como Igrejas (Figura 25), Casas de

Câmara e residências das classes ricas da época. É um método mais sólido e mais resistente

que o de pau-a-pique, por isso muitas de suas obras resistem até hoje.

Figura 25 - Igreja em Sobral-CE construída com terra crua

Fonte: <http://www.panoramio.com/photo/33020984>. Acesso em: 01 de Junh., 2012

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Essa técnica predominou no estado de São Paulo, no período colonial, devido à

dificuldade em se obter pedra para construção. No período colonial as tabuas eram cortadas

manualmente, o que agregava valor às taipas, sendo assim, chegaram a fazer parte de

inventários. (PISANI, 2007)

De acordo com Jalali (2008) na construção de prédios que usa a terra crua como

revestimento interno das paredes, o taipal em geral é feito de madeira e em alguns casos usa

metal, recorre-se a o sistema de construção em taipa, em que o barro é bem compactado de

modo a apresentar maior resistência (Figuras 26 e 27).

Figura 26 - Construção das paredes de um prédio

Fonte: <http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/9104/1/Eires_CN_1_2008%20%28artigo%29.pdf> .

Acesso em: 01 de Junh., 2012

Figura 27 - Prédio construído em taipa

Fonte: <http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/9104/1/Eires_CN_1_2008%20%28artigo%29.pdf> .

Acesso em: 01 de Junh., 2012

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32

Segundo Abreu (2009) no Brasil o déficit habitacional em 2006 foi de 7,935 milhões

de casas, destes 6,543 milhões nas áreas urbanas e 1,392 milhão nas áreas rurais, dados estes

de acordo com a Fundação João Pinheiro (FJP), que segundo a pesquisa 90,7% da população

que esta enquadrada nas 7,935 milhões possuem renda de até três salários mínimos para o

sustento de toda a família, o que caracteriza um grave problema social, gerando ainda falta de

crédito para que estes possam financiar uma casa própria, por isso estas pessoas recorrem a

casas de taipa (Figura 28) ou de barracos de madeira para morarem.

Figura 28 - Casa de Taipa

Fonte: <http://verdejandonoradio.blogspot.com.br/2011_03_01_archive.html>. Acesso em: 01 de Junh., 2012

6. VANTAGENS DO USO DO BARRO

6.1 CONFORTO TÉRMICO

As casas construídas com barro, ou as que têm apenas revestimento das paredes de

barro, são mais frias, e em países quentes é muito eficiente para diminuir a temperatura do

ambiente, isso ocorre pelo fato do barro ser um material poroso, e independente da

temperatura externa estar alta ou baixa o barro mantém a regularidade da temperatura no

interior da casa, já que o barro possui a capacidade de absorver e perder mais rapidamente a

umidade do que outros materiais de construção. (SILVA, 2000)

A condutibilidade térmica das paredes feitas com barro é a metade das paredes

convencionais de tijolos cozidos, ou seja, a corrente de calor que atravessa as paredes é

conduzida mais lentamente nas paredes de terra crua do que nas paredes de tijolo cozido, por

isso o ambiente interno das construções em terra crua se mantém em temperatura constante.

(BUENO, 1995)

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6.2 CONFORTO ACÚSTICO

Segundo Silva (2000) uma casa que tenha o piso ou as paredes, sendo estas revestidas

de barro ou feita de tijolos crus (Figura 29), tem a capacidade de absorver os ruídos do local,

tornando-o mais agradável acusticamente, ao contrário, das casas convencionais de paredes

lisas em que os ruídos são refletidos.

Figura 29 - Piso de tijolos de barro

Fonte: <http://revistacasaeconstrucao.uol.com.br/escc/edicoes/40/imprime117835.asp>. Acesso em: 15 de Abri.,

2012.

6.3 VENTILAÇÃO

Segundo Silva (2000) esse é um problema que todas as pessoas se preocupam quando

vão construir uma casa, começando pelo dono, passando pelo arquiteto e até o engenheiro, já

que a ventilação de uma casa além de torná-la mais agradável, dispersa os contaminantes do

ambiente interno. Nesse ponto as casas que utilizam o barro são mais beneficiadas que as

outras, devido ao fato de que esse material é poroso e apresenta vazios entre as suas

moléculas, permitindo a passagem do ar, de modo que este esteja sempre se renovando. Vale

deixar claro, que isso ocorre nas paredes caso não sejam aplicadas tintas e impermeabilizantes

(Figura 30), já que a tinta utilizada pode atrapalhar a passagem da corrente de ar.

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Figura 30 - Casa de barro com pintura externa

Fonte:<http://lgcorporativo.com/2009/05/04/incra-entrega-casas-no-pds-esperanca/>. Acesso em: 15 de Abri.,

2012.

Segundo Bueno (1995), durante o cozimento da argila ocorre sua cristalização, que

não apenas diminui sua propriedade de permitir a difusão do ar pelas paredes, como também,

aumenta sua condutibilidade energética, seja ela térmica ou acústica. O material acaba

perdendo algumas das suas importantes qualidades biológicas. Com isso, as paredes vedam à

passagem do ar, deixando o ambiente interno mais exposto à temperatura e aos ruídos

externos.

6.4 CONSUMO DE ENERGIA E POLUIÇÃO AMBIENTAL

Segundo Claro (2004) o barro praticamente não degrada o meio ambiente como os

materiais industrializados, por exemplo, o concreto. Já que para preparar, transportar e

trabalhar o barro no local da construção necessita apenas de 1% da energia gasta com o

mesmo processo, para o concreto armado ou o tijolo cozido.

O consumo de energia para a produção de materiais convencionais utilizado na

construção civil é muito alto. Para a produção de tijolos cerâmicos, por exemplo, o consumo

de energia, além de ser muito alto, o processo de produção possui várias etapas até a

moldagem, e, depois dessa etapa, ainda há mais outras três: a primeira constitui na secagem; a

segunda, na primeira queima; e, a terceira, na requeima, depois, há ainda o resfriamento,

sendo que em todas essas etapas se consome energia. Além do fator energia, há, também, a

extração de matéria-prima (argila) para a sua produção, o que provoca grandes impactos

ambientais e degradação da paisagem. Somando-se a isso, há a perda de mais de 10% dos

tijolos produzidos por má queima e quebra durante o processo como um todo. (OLIVEIRA,

2005)

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6.5 CUSTOS DE TRANSPORTE

Na maioria das vezes nas construções com barro, este pode ser obtido no próprio local

da obra, durante a escavação para fazer o alicerce, caso necessite de mais matéria-prima, o

custo para o seu transporte ainda sai mais em conta do que a aquisição de materiais

industrializados.

6.6 PRESERVAÇÃO DA MADEIRA

Segundo Claro (2004) o barro tem baixo equilíbrio de umidade, variando de 0,4 a

0,6% em peso e tem alta capilaridade. Sendo assim, quando em contato direto com a madeira

a mantém seca, preservando-a, como por exemplo, da ação dos insetos que podem destruir a

madeira, caso a sua umidade esteja entre 14 e 18%, e da ação de fungos que necessitam de

uma umidade superior a 20% para viver.

6.7 REUTILIZÁVEL

O barro cru tem mais essa vantagem sobre os outros materiais de construção, já que

tem a propriedade de ser moldável basta triturar e adicionar água para ser novamente

utilizado, ou seja, o barro pode ser utilizado ilimitadamente. (CLARO, 2004)

Pode-se perceber que as técnicas de construção com terra têm todas as características

que atendem as condições de sustentabilidade. Apresenta custo de montagem e manutenção

que permite o seu consumo pela população local; utiliza matéria prima local sem exigir

transporte - estes por sua vez que consomem energia ou recursos não renováveis - o material

utilizado é reciclado, ou seja, não geram resíduos, e por fim privilegia a mão de obra local.

(COELHO, 2007)

7. DESVANTAGENS DO USO DO BARRO

7.1 NÃO PADRONIZADO

O barro pode apresentar diferentes características, dependendo do local onde seja

extraído e do clima da região, pois pode apresentar quantidades diferentes de argila, limo,

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areia e agregados e haver variações na composição, resistência mecânica, cor, textura e

comportamento durante o uso.

Para fazer o uso adequado do barro é preciso conhecer sua composição específica e se

é preciso à adição de algum aditivo, de modo a aproveitá-lo da melhor forma possível.

(PISANI, 2007)

7.2 PERMEABILIDADE

Segundo Pisani (2007) o barro deve ser protegido da ação das chuvas, pois a água

quando em contato pode modificar as suas características, prejudicando sua forma atribuída.

Existem algumas formas de proteção como: construir alpendres ou fazer o beiral da casa um

pouco maior de modo a evitar o contato do barro com a água da chuva, ou ainda, proteger as

paredes com alguns tipos de tintas ou impermeabilizantes.

7.3 CONTRAÇÃO

Segundo Pisani (2007) um problema que pode afetar o uso do barro é que quando este

seca por evaporação pode aparecer fissuras ou trincas (Figura 31), e para minimizá-las basta

utilizar uma quantidade menor de água e de argila.

Figura 31 - Parede de barro que se contraiu ao secar

Fonte: < http://www.terrastock.com.br/default.asp?i=br&p=detalhes&cod=a1292>. Acesso em: 15 de Abri.,

2012.

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8. PRECONCEITOS DO USO DO BARRO

Segundo Silva (2000) hoje em dia, o mundo vive em um sistema capitalista que deixa

as pessoas preocupadas principalmente com o que os outros pensam a seu respeito, e isso faz

com que visem muito o fato de ter status. Para muitos, o que importa é ter bens materiais

modernos e de alta qualidade, para serem vistos com bons olhos pelas outras pessoas da

sociedade, e desse modo, se beneficiar e ser incluso nas classes predominantes.

Com isso, ter uma casa feita de barro, na atualidade, significa para muitos, sinônimo

de pobreza. Resultando na exclusão destes da sociedade pelas classes dominantes. Por

exemplo, se uma família, mesmo que tenha condições financeiras, construir uma casa,

utilizando as técnicas de construção em barro em um bairro nobre, serão rejeitados, de certa

forma, pelos outros moradores que tem suas casas construídas com materiais industrializados.

Ainda segundo Silva (2000) há uma grande possibilidade de que o preconceito

existente no Brasil contra essas técnicas de construção em barro tenha sido herdado da época

da Revolução Industrial e baseado no fato de que eram as camadas pobres que as utilizavam.

9. PERSPECTIVAS FUTURAS

Vem se observando na sociedade, que o avanço da construção civil está cada vez mais

utilizando produtos industrializados, causando o aumento da produção destes, obtendo

consequências desastrosas, principalmente, para o meio ambiente. Pesquisadores mostram que

a melhor forma de diminuir os impactos é o uso de materiais naturais, como por exemplo, o

barro, a palha, o bambu, etc. (CLARO, 2004)

Na Europa muitos países de climas moderados já estão utilizando técnicas de

construção em barro, principalmente, o adobe e também utilizam o barro na fabricação de

moldes pré-fabricados e rebocos nos interiores (Figuro 32). Na Alemanha, por exemplo,

existem institutos que se dedicam especificamente ao uso de recursos naturais nas

construções, o barro é destes. Para eles, o barro é material de baixo custo, disponível e

duradouro.

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Figura 32 - Casa que foi utilizado barro em sua construção.

Fonte: <http://decoracao-interiores.net/author/admin>. Acesso em: 17 de Maio,2012

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As técnicas de construção em barro foram e serão muito importantes para a sociedade,

desde o período colonial até a atualidade, pois o barro apresenta muitas características

benéficas para a sociedade e em especial para o meio ambiente, incluindo as inúmeras

vantagens do seu uso, apesar do preconceito existente. As técnicas adobe, pau-a-pique ou

taipa são usadas de acordo com a necessidade e com a finalidade da construção, sendo

utilizadas para paredes, pisos ou revestimentos.

As inúmeras vantagens que o barro apresenta pode ser um diferencial para o aumento

da sua utilização no futuro, como também saber a proporção de barro e de água, que melhor

se adéqua a cada construção.

As técnicas de construção em barro podem ser utilizadas de várias formas na

construção civil, por esse motivo é de extrema necessidade um estudo aprofundado do

assunto.

É de fundamental importância resgatar as técnicas de construção em barro, que tanto

foram utilizadas no período colonial, mas que foram perdendo espaço ao longo do tempo,

principalmente, com a chegada do capitalismo.

Portanto, o estudo sobre as técnicas de construção em barro se mostra fundamental

para aumentar a utilização da terra como material de construção, de modo a reduzir os

impactos ambientais causados pelos materiais industrializados.

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REFERÊNCIAS

ABREU, Leonardo Vieira de Melo. Mapeamento e caracterização das construções em adobe

no norte do estado do Ceará. Universidade do Ceará, 2009.

ADOBE.Disponível em: <http://lorenaarquiteta.blogspot.com.br/2010/10/importancia-da-

iluminacao.html>. Acesso em: 15 de Abri., 2012.

ALEXANDRIA, S. S. S. de; LOPES, W. G. R. A terra na construção civil: Edificações de

adobe no município de Pedro II, Piauí. Fortaleza – CE, outubro/2008.

ARAUJO, Herbert Gurgel. Manualização de construções em adobe. Universidade Federal do

Ceará, 2009.

BARDELA, Paulo S.; PEREIRA, V. M.; CAMARINI, G., Sustentabilidade na Construção

Civil, VII Encontro Latino americano de Pós-Graduação da UNIVAP 2007 VII EPG, 2007,

São José dos Campos. Anais do VII Encontro Latino americano de Pós-Graduação da

UNIVAP 2007 VII EPG, 2007.

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