universidade paulista - paula...capacidade de relacionamento interpessoal, desânimo e desinteresse...
TRANSCRIPT
1
UNIVERSIDADE PAULISTA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO
PAULA DA GUARDA GONSALVES ANDRADE
NÍVEIS DE ESTRESSE EM CONDUTORES DE AMBULANCIA DE
SERVIÇO DE EMERGÊNCIA
MACEIÓ – AL
2013
2
PAULA DA GUARDA GONSALVES ANDRADE
NÍVEIS DE ESTRESSE EM CONDUTORES DE AMBULANCIA DE SERVIÇO DE
EMERGÊNCIA
Monografia apresentada a Universidade Paulista/UNIP como parte dos requisitos necessários para a conclusão do curso de pós-graduação latu senso em Psicologia do Trânsito. Orientador: Prof Ms. Alessio Sandro de Oliveira Silva
MACEIÓ – AL
2013
3
PAULA DA GUARDA GONSALVES ANDRADE
NÍVEIS DE ESTRESSE EM CONDUTORES DE AMBULANCIA DE SERVIÇO DE
EMERGÊNCIA
Monografia apresentada a Universidade Paulista/UNIP como parte dos requisitos necessários para a conclusão do curso de pós-graduação latu senso em Psicologia do Trânsito.
APROVADO EM ____/____/____
_______________________________________________
PROF MS. ALESSIO SANDRO DE OLIVEIRA SILVA
ORIENTADOR:
_______________________________________________
PROF. DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________
PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA
BANCA EXAMINADORA
4
DEDICATÓRIA
A minha família, minha avó, tios e primos;
A meu esposo, Julival Júnior;
A meu filho – anjo, Lucas.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela grande oportunidade de lidar diariamente com a
Psicologia, observar, compreender e ajudar o outro com o pouco de sabedoria que
esta ciência promove.
Também gostaria de agradecer a meu marido pelo companheirismo, apoio e
torcida por cada vitória. E a meu pequeno Lucas que só me traz inspiração.
E a todos os professores da FACIMA pelos ensinamentos e disponibilidade
constantes.
6
RESUMO
O objetivo deste estudo foi avaliar o nível de estresse dos condutores de ambulância do SAMU em município do interior da Bahia. Participaram 12 condutores, sendo 11 homens e 1 mulher. Foi utilizado o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp. Verificou-se que 33,3% dos participantes encontravam-se estressados, estando todos na fase de resistência e houve predominância de sintomas físicos (75%). A única mulher participante apresentou estresse,este dado é compatível com outras pesquisas que mostram que as mulheres são mais susceptíveis ao estresse que os homens.É possível que o estressedesses profissionais esteja associado ao fato de trabalharem junto ao público e em contato como sofrimento alheio. Sugerem-se estudos mais aprofundados com número maior de participantes e implantação de programas de controle do estressea fim de se obter melhoria na qualidade de vida. Palavras-chave: saúde; stress; condutores de ambulância.
7
ABSTRACT
The objective of the study was to evaluate the stress of the SAMU ambulance drivers
in interior city of Bahia. Participants were 12 drivers, 11 men and 1 woman. The
Lipp’s Stress Symptoms Inventory for Adults was used. It was found that 33.3% of
participants were stressed, and they were all the strength and predominance of
physical symptoms (75%). The only female participant had stress, this finding is
consistent with other research showing that women are more susceptible to stress
than men. It is possible that the stress of these professionals is associated with the
fact of working with the public and in touch as others suffer. We suggest further
studies with larger number of participants and implementation of stress management
programs in order to achieve improvement in quality of life.
Keywords: health, stress, ambulance drivers.
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Faixa Etária dos Condutores do SAMU. .................................................. 30
Tabela 2 – Sexo dos Condutores do SAMU .............................................................. 30
Tabela 3 – Escolaridade dos condutores do SAMU. ................................................. 30
Tabela 4 – Relação entre sexo e estresse ................................................................ 31
Tabela 5 – Relação entre idade e estresse ............................................................... 32
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Sintomas físicos apresentados pelos condutores do SAMU com mais
frequência ................................................................................................... 33
Figura 2: Sintomas psicológicos apresentados pelos condutores do SAMU com
mais freqüência. ......................................................................................... 35
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 13
2.1 O Estresse ......................................................................................................... 13
2.1.1 História e Definição ....................................................................................... 13
2.1.2 Fases do Estresse ......................................................................................... 15
2.2 Estresse Ocupacional ...................................................................................... 17
2.2.1 O Mundo do Trabalho ................................................................................... 17
2.2.2 Teorias do Estresse Ocupacional ................................................................ 20
2.2.3 Pesquisas sobre Estresse Ocupacional ...................................................... 21
2.3 O Condutor de Ambulância .............................................................................. 23
2.3.1 A Saúde do Motorista Profissional .............................................................. 26
3 MATERIAS E MÉTODOS ..................................................................................... 27
3.1 Ética ................................................................................................................... 27
3.2 Tipo de Pesquisa .............................................................................................. 27
3.3 Universo ............................................................................................................ 27
3.4 Sujeitos da Amostra ......................................................................................... 27
3.5 Instrumento de Coleta de Dados .................................................................... 28
3.6 Plano para Coleta dos Dados .......................................................................... 28
3.7 Plano para Análise dos Dados ........................................................................ 28
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 30
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 37
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 38
ANEXOS ................................................................................................................... 42
11
1 INTRODUÇÃO
O cotidiano submete o ser humano a diversas modificações em diversos
setores de sua vida. A reação a essas transformações exige que indivíduo disponha
de uma eficaz capacidade adaptativa. Esta resposta mobiliza energia física, mental e
social, porém pode ocorrer incoerência entre a capacidade de adaptação e a rapidez
das mudanças. Quando isto ocorre o indivíduo encontra-se em situação de
desordem e desequilíbrio, é neste momento que o estresse instala-se.
Dessa forma, o modo de vida atual é uma dos principais geradores de
adoecimento físico e mental, gerando elevados níveis de estresse. É importante
lembrar que esse mecanismo de resposta dos indivíduos, estresse, é corriqueiro e
constitutivo de todos, a sua manifestação excessiva que é um problema do mundo
moderno. O estresse em excesso afeta diretamente a qualidade de vida do ser
humano, alguns prejuízos são: problemas na interação social e familiar, falta de
motivação para as atividades cotidianas, doenças físicas, psicológicas e também no
trabalho (LIPP; MALAGRIS, 2001).
O indivíduo que apresenta quadro de estresse manifesta alguns sintomas
físicos como sudorese nas mãos e pés, taquicardia, falta de ar, cefaleia, dores
estomacais, falta de apetite. Também existem outros mais sutis que envolvem a
capacidade de relacionamento interpessoal, desânimo e desinteresse (LIPP;
MALAGRIS, 2001). Uma avaliação possível ocorre através do Inventário de
Sintomas de Stress para Adultos de Lipp. Este instrumento permite identificar se há
ou não um quadro de doença, além de determinar o tipo de sintoma presente,
somático ou psicológico, e em fase de estresse o indivíduo se encontra (LIPP,
2000).
Atualmente, pesquisas sobre estresse são desenvolvidas em diversos
contextos e associadas a diferentes variáveis. E entre esses estudos existem os que
buscam a relação entre estresse e ambiente de trabalho. Há indicativos que o
exercício de uma atividade profissional gerem tensões e conflitos no trabalhador,
são os estressores ocupacionais. (STACCIARINI; TRÓCCOLI, 2001). Já foram
realizadas pesquisas no Brasil sobre o estresse ocupacional de profissões como:
policiais militares, executivos, psicólogos, bancários, médicos, motoristas de ônibus,
professores, jornalistas entre outros. Contudo, pouco se sabe do estresse em
12
motoristas profissionais e consequentemente, sobre os motoristas de ambulâncias
de serviço de emergência.
O motorista de ambulância exerce sua atividade profissional no ambiente
público: o trânsito. Logo, não há um local físico definido e restrito, ele trabalha na rua
e está submisso as intempéries como as condições do tráfego e trajeto, o clima,
além de lidar diretamente com vítimas de acidente. Sabe-se que as condições de
trabalho interveem na saúde física e psíquica do motorista, as situações no trânsito
podem gerar irritabilidade, insônia e os distúrbios de atenção (BATTISTON, CRUZ,
HOFFMANN, 2006). Portanto, esta pesquisa investigou qual o nível de estresse dos
motoristas de ambulância de serviço de emergência médica, SAMU. Os condutores
foram submetidos a aplicação do Inventário de Sintomas de Stress de adultos e os
resultados analisados qualitativamente e demonstrado em tabelas.
13
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 O Estresse
2.1.1 História e Definição
A palavra estresse tem origem latina, origina do verbo “stringo” que significa
comprimir, restringir, reduzir, diminuir, espreitar apertar, cerrar. E o termo começou a
ser utilizado já no século XVII, na Inglaterra, e significava aflição, adversidade,
angústia, opressão e injustiça. Posteriormente, no século XVIII, um fisiologista
francês, Claude Bernard utilizou para referir as reações que produziam um
esgotamento nos mecanismos de homeostase orgânica. Em 1914, Walter Cannon
elaborou a “teoria de luta ou fuga”, segundo esta proposição em momentos de
emergência o individuo se prepara para reagir ao que surgir, isto é, lutar ou fugir. Os
experimentos foram realizados com humanos e animais (MALACH, LEITE, 1999).
A expressão estresse foi utilizada pela primeira vez na área da saúde por
Selye, médico endocrinologista, em 1956. Ele observou que muitas pessoas com
doenças físicas diversas reclamavam dos mesmos sintomas, então desenvolveu
pesquisas para investigar estes sintomas e descreveu o estresse como uma
resposta inespecífica do corpo e o efeito pode ser mental ou somática. A partir daí
usou a palavra estresse para citar a Síndrome Geral de Adaptação (SGA) que seria
decorrente de um fato (presença de dor, fome, ameaça física ou a interpretação que
a pessoa dá ao evento) que obriga o sujeito a adaptar-se a nova situação. Mas nem
sempre este ajustamento ocorre, então há o que se conhece como estresse. Este
agente promove o desequilíbrio da homeostase interna e altera a capacidade de um
organismo manter a sua constância (SELYE, 1958 apud SANTOS; CARDOSO,
2010). Sabe-se que ocorre homeostase quando um organismo consegue manter os
sistemas em equilíbrio dinâmico entre suas partes e também consegue o
autocontrole ou auto- regulação.
E segundo Lipp e Malagris o estresse, sob uma abordagem cognitivo-
comportamental, pode ser definido como:
Uma reação do organismo, com componentes físicos e/ou psicológicos,causada pelas alterações psicofisiológicas que ocorremquando a pessoa se confronta com uma situação que, de um modo ou de outro, a
14
irrite, amedronte, excite ouconfunda, ou mesmo que a faça imensamente feliz (2001, p.477).
De acordo com este ponto de vista, existe um nível de estresse que é
excessivo ou insuficiente, o distresse e um que é necessário para o bom
desempenho da pessoa, eustresse. Então o distresse e o eustresse surgem a partir
das características reais dos estímulos e a interpretação que o sujeito dá aos
mesmos. Estão envolvidos neste processo o sistema metabólico, o sensorial, além
dos componentes de aprendizagem, os mecanismos cerebrais interpretativos, o
repertório de condicionamento de respostas que o sujeito acumulou durante a vida.
Outra definição de estresse foi proposta por Molina (1996) que diz que o
estresse envolve qualquer situação de tensão aguda ou recorrente que ocasione
uma mudança no comportamento físico, estado emocional, com isto ocorre uma
resposta de adaptação psicofisiológicas que pode ser positiva ou negativa para o
sujeito. Sendo assim, tanto aspectos comportamentais e fisiológicos são afetados.
Há também uma definição para o estresse baseado no modelo
biopsicossocial, que afirma que: "uma relação particular entre uma pessoa, seu
ambiente e as circunstâncias às quais está submetida, que é avaliada pela pessoa
como uma ameaça ou algo que exige dela mais que suas próprias habilidades ou
recursos e que põe em perigo o seu bem-estar" (RODRIGUES,1997, p.24). Neste
modelo, os estressores tem origem interna (sentimentos, emoções, pensamentos) e
externa (ambiente social, trabalho). Para este autor o adoecimento ocorre de acordo
como o individuo avalia e enfrenta o estímulo, assim como depende também de sua
vulnerabilidade orgânica.
Neste processo de avaliação dos estímulos estressores, há uma parte da
atividade mental que é racional e outra que é emocional. Então o tipo de
enfrentamento depende do repertório de experiências, suas crenças, valores. Além
destes elementos, há os componentes situacionais que são: se o estímulo é
novidade, previsível, sua intensidade. O autor também ressalta que uma certa
quantidade de estresse traz benefício ao indivíduo, deixa-o mais produtivo e criativo.
Outra abordagem baseada na psicanálise, a Escola de Psicossomática de
Paris (EPP) dará destaque ao aspecto subjetivo do adoecer. Segundo esta teoria
cada sujeito apresenta uma diferença fundamental que faz com que alguns sejam
mais propensos a adoecer que outros, mesmo tendo as mesmas condições de vida
ou história familiar. Desse modo, há sujeitos que apresentam maior resistência as
15
somatizações porque possuem uma estrutura psíquica melhor aparelhada para
enfrentar os estressores, porém não existe humano imune as doenças. A diferença
principal entre esta abordagem e as demais é a não dicotomia do humano em ser
psicológico e ser biológico, considera a dinâmica do sujeito (FIGUEIRAS,
HIPPERT,1999).
O estresse também está inserido na Classificação Internacional das Doenças
(CID -10), que o classifica na categoria F-43, que é reações ao stress e transtornos
de adaptação.
Observa-se que as várias definições de estresse são coerentes sobre o seu
conceito, já que todas as explicações convergem para a necessidade do sujeito se
adaptar a situações de tensão e sobre o processo que envolve alterações tanto
físicas quanto psicológicas.
As reações ao estresse podem ser manifestadas em nível físico e/ ou
psicológicos. As manifestações físicas são: náuseas, hipertensão arterial, aumento
da sudorese, tensão muscular, bruxismo e hiperacidez estomacal. Já as
manifestações psicológicas são: angústia, ansiedade, dificuldade de concentração,
preocupação e hipersensibilidade excessiva. (LIPP, 1984).
2.1.2 Fases do Estresse
O processo de estresse foi dividido em três fases: fase de alerta, fase de
resistência e fase de exaustão. A fase de alerta se refere ao momento em que o
indivíduo é exposto a uma situação que gera tensão, seu corpo se prepara para uma
reação. Há alterações físicas e ele se prepara para lutar ou fugir, ou seja, é uma
reação de alerta que prepara o indivíduo para mudança, há ativação de mecanismos
homeostáticos. É o momento em que o indivíduo se depara com a fonte estressora e
o enfrentamento provoca um desequilíbrio interno a as sensações mais comuns são:
sudorese excessiva, taquicardia, hipertensão, tensão muscular e respiração
ofegante. Se não há eliminação do agente estressor, o organismo passa ao estágio
de resistência (SILVA, MARTINEZ, 2005).
A segunda fase, segundo Silva e Martinez (2005), refere-se ao processo de
tentar restabelecer o equilíbrio interno através de uma ação reparadora e há gasto
de energia nesta adaptação. Se há sucesso neste processo, os sinais bioquímicos
desaparecem e o sujeito nota melhora, porém é comum nesta fase a sensação de
16
desgaste generalizado e o indivíduo não consegue identificar a causa. Os sintomas
são problemas de memória, cansaço fácil e dúvidas sobre si mesmo.
Já a terceira fase é assinalada pela exaustão física e psicológica, a adaptação
não é eficaz, o equilíbrio não é readquirido e as doenças surgem neste momento por
haver grande comprometimento físico, em alguns casos até a morte pode ocorrer.
(SANTOS; CARDOSO, 2010). As doenças psicológicas mais comuns nesta etapa
são: depressão, ansiedade aguda, vontade de fugir, incapacidade de tomar
decisões. Também existe a presença de doenças físicas como: úlcera gástrica,
doenças dermatológicas (vitiligo e psoríase), hipertensão arterial e diabete. É
importante ressaltar que o estresse não é o elemento patogênico das doenças, na
verdade ele promove um enfraquecimento psíquico e somático e com isto as
doenças que já estavam programadas geneticamente se manifestam devido ao
estado de exaustão (LIPP, MALAGRIS, 2001).
Posteriormente, Lipp (2000) acrescentou uma fase, a de quase exaustão, que
está entre a fase de resistência e exaustão. Nesta nova fase, há uma atenuação do
sujeito que não consegue se adaptar nem resistir ao estressor, então fica vulnerável
a doenças. Nesta fase a produtividade é comprometida, há dificuldade para executar
suas atividades laborais e concentrar-se. Algumas doenças típicas desta fase são:
picos de hipertensão, herpes simples e diabetes.
Segundo Lipp e Malagris (2001) a origem do estresse pode ser interna e
externa. As fontes internas referem-se a tudo que faz parte de mundo interno, seus
valores, crenças, padrões de comportamento, características pessoais, sua
ansiedade e vulnerabilidade. Já os estímulos externos são os acontecimentos na
vida de cada um, fatos que fogem ao controle do indivíduo como: desemprego,
dificuldade financeira, doença, morte, conflitos, acidentes, problemas de
relacionamento familiar ou social. A junção dos estímulos internos e externos
associados às estratégias de defesa de cada sujeito originará o estresse excessivo
ou não.
O estresse excessivo é determinado principalmente pela interpretação
inadequada que os indivíduos dão aos eventos. Porém, existem alguns
acontecimentos que são intrinsecamente estressantes, como frio, calor, fome e dor
(STRAUB, 2005).
É importante ressaltar que a ocorrência do estressedepende de quanto o
indivíduo foi afetado. Um pouco de estressedesencadeia um movimento do
17
organismo para ação, de modo que haja energia para lidar com as situações, neste
caso é positivo e benéfico ao indivíduo. Contudo, quando o estresseatua por um
longo período de tempo, ou é muito intenso, o organismo tem que despender muita
energia, provocando um desequilíbrio, podendo assim se tornar vulnerável às
doenças.
2.2 Estresse Ocupacional
2.2.1 O Mundo do Trabalho
Ao longo dos anos o processo de trabalho passou por sucessivas mudanças.
No início havia só a economia de subsistência onde o homem produzia somente o
que era necessário para o seu próprio consumo. Em seguida, começaram os
trabalhos artesanais que eram produzidos manualmente e vendidos em uma escala
menor, até chegar ao mercado capitalista que vivemos em nossos tempos atuais.
Outro fato a ser considerado foi a desenvolvimento das cidades, milhares de
pessoas abandonaram a vida do campo, e migram para as cidades em busca de
melhores condições de vida através de sua entrada no mercado de trabalho
(ROCHA, 2005).
No início do século passado, momento de produção industrial intensa, Henry
Ford irá propor a aplicação de uma teoria voltada para a eficiência e controle da
produção do trabalhador. Este momento é marcado pela produção de carros em
grande escala e pelo consumo desenfreado. Este modelo organizacional irá perdurar
até a década de 70, quando o mercado de trabalho apresentar mudanças com o
aumento da competição, queda nos lucros da empresa, mão-de-obra excedente
gerando desemprego, principalmente devido à implantação de novas tecnologias no
setor industrial, ou seja, a substituição do homem pela máquina. As mudanças, a
partir daí, irão aparecer não só na área econômica e social, mas também irão refletir
na saúde do trabalhador (ROCHA, 2005).
O trabalho tem papel central na vida da maior parte dos indivíduos. É no
trabalho que se passa boa parte da vida, onde se cria a identidade, são construídas
as relações interpessoais, as situações mais diversas são vivenciadas, mas também
é no trabalho que se adoece.
18
O modelo capitalista organiza o sistema de produção de maneira a reduzir a
iniciativa do trabalhador, no que se refere ao seu processo de trabalho, organização
e em algumas situações o próprio ambiente de trabalho. Neste modelo não há
processo criativo por parte do trabalhador, tudo já está pronto e ele deverá se
encaixar. Baseado nesse padrão houve o desenvolvimento do conceito de
penosidade que pode ser conferido abaixo:
irá propor o conceito de penosidade relacionado a falta de controle no processo de trabalho levando o trabalhador ao sofrimento, não sendo permitido questionar as alterações feitas no processo de trabalho. (Leny Satto 1994, p. 169).
Para que o trabalhador tenha um controle sobre suas condições de saúde é
necessário que suas necessidades básicas sejam atendidas. Tanto no trabalho,
quanto em função do que este mesmo trabalho pode oferecer a sua vida privada.
Assim, o trabalho deve proporcionar uma alimentação saudável, moradia adequada,
meios de transportes, saúde e educação eficientes, direitos básicos à condição
humana (FREITAS, 1994).
A saúde do trabalhador fica comprometida, quando este começa a exercer um
papel de multifuncionalidade dentro da empresa ou quando este trabalhador não
consegue identificar sua função gerando a fadiga e o desgaste profissional. Estes
sintomas alienam o trabalhador do processo produtivo o que pode ocasionar danos
psicológicos (ROCHA, 2005).
A partir dessa nova configuração das organizações capitalistas, o trabalhador
teve que lidar com as diversas doenças provocadas pela exigencia de adaptação ao
modelo de trabalho. Este ambiente é uma situação anormal a qual o sujeito emprega
muito esforço para se habituar, é nesta situação que a(s) doença(s) se instalam
(SIVIERI, 1994).
Essas exigências afetam o ritmo físico, psíquico e psicológico do indivíduo
provocando as doenças de trabalho, pois são cobrados demasiadamente, sempre
no intuito de superar a capacidade de adaptação profissional.
Freitas et all (1994) observaram que atualmente o mercado de trabalho sofre
mudanças radicais, reduzindo o emprego regular em favor do trabalho temporário ou
terceirizado. Assim, atualmente as relações de trabalho incluem: empregados, em
tempos parciais, empregados casuais, pessoal com contrato por tempo determinado,
temporários, etc.
19
Diante da situação atual, os trabalhadores são submetidos a situações que
levam ao adoecimento e morte decorre de patologias cardiovasculares, além das
doenças crônico-degenerativas como as osteomusculares e, mais recentemente
houve registros de morte súbita por excesso de trabalho (SOUSA, 2005). Afora as
doenças físicas, foram identificados os sintomas psíquicos como a síndrome da
fadiga crônica, burnout e outros disturbios inespecíficos e pouco conhecidos
(FRANCO, 2003).
A relação entre a saúde e o trabalho tem sido objeto de estudo de vários
autores que relatam sobre a modificação que houve no processo de trabalho na era
moderna. Segundo Dejours (1987) o trabalhador perdeu a visão de totalidade do seu
trabalho devido a organização científica do trabalho que tem seus instrumentos de
controle, disciplina e fragmentação das tarefas. Este modelo promove um estado de
alienação, pois o sentido sensível do trabalho é perdido e o trabalho se torna
penoso, o retorno financeiro não é suficiente.
Segundo pesquisas recentes (Robbins, 1993, apud Doublet, 1998), o estresse
está relacionado às queixas de aproximadamente dois terços das consultas médicas
realizadas nos Estados Unidos. Além disso, a ele é atribuído um elevado índice de
absenteísmo e de licenças médicas nas organizações. No Brasil, dados do INSS
demonstram que os transtornos mentais ocupam o terceiro lugar entre as causas de
benefícios previdenciários de auxílio-doença, por incapacidade temporária ou
definitiva para o trabalho (BRASIL, 2002).
Já a OMS (Organização Mundial de Saúde) considera que as doenças
relacionadas ao trabalho são ocasionadas por diversos fatores como a saúde física,
fatores organizacionais, individuais e socioculturais. A interação entre esses
elementos, que podem ser denominados fatores psicossociais, referem-se às
interações entre ambiente de trabalho e as variáveis não físicas relativas ao
indivíduo como a personalidade, estilo de vida, apoio social, vulnerabilidade e
resistência ao estresse, são estas interações que contribuem para a situação da
saúde do trabalhador (VILLALOBOS, 1999). E segundo este autor o enfoque mais
comum para abordar as relações entre ambiente psicológico laboral e a saúde do
trabalhador tem sido através do conceito de estresse ocupacional.
20
2.2.2 Teorias do Estresse Ocupacional
Observa-se que pesquisas têm sido desenvolvidas com o objetivo de
identificar os fatores que influenciam o estresse ocupacional, esta patologia está
associada à saúde do trabalhador e ao desempenho organizacional. Este fenômeno
pode ser definido quando os fatores do trabalho, os estressores organizacionais,
extrapolam a capacidade de enfrentamento do sujeito ou nas respostas fisiológicas,
psicológicas e comportamentais dos indivíduos (JONES, KINMAM, 2001).
Estas definições têm recebido bastantes críticas por serem reduzidas e
restritas a fatores isolados, em um sistema de estimulo e resposta. Portanto,
pesquisadores, como Beehr (1998), por exemplo, apontam que o estresse
ocupacional ocorre através de diversas variáveis interligadas, ou seja, os estímulos
do ambiente de trabalho, as respostas não saudáveis dos indivíduos e a relação
entre ambiente de trabalho e sujeito.
Existe a teoria cibernética cujo princípio básico é o feedback negativo, isto é,
o sujeito ao receber informações do ambiente as compara com os seus critérios de
referência, que leva em consideração sua percepção social e seus aspectos
pessoais. Se essa comparação mostra uma discrepância entre o ambiente e o
critério de referencia, ele tenta modificar o ambiente ou mudar seus critérios para
eliminar essa diferença (PASCHIAL, TAMAYO apud EDUARD, 2005).
Pode-se perceber que o estresse ocupacional, na teoria cibernética, pode ser
entendido como uma discrepância entre uma situação percebida pelo empregado e
uma situação desejada, desde que a presença da discrepância seja considerada
importante pelo empregado.
Outra teoria foi proposta por Lazarus (1995) que determina que o estresse
ocupacional seja instalado quando a auto avaliação de cada indivíduo indica que
não se tem recursos suficientes para o enfrentamento das demandas excessivas do
trabalho. Nesta teoria deve haver uma combinação de ambiente de trabalho com um
tipo de pessoa para a patologia laboral acontecer. Este pesquisador afirma que
algumas situações podem ser estressoras para um tipo de sujeito e não afetar
outros.
Já Edwards e Cooper estabeleceram a teoria de ajustamento pessoa –
ambiente, que estabelece que o estresse ocupacional seja produzido através da
discrepância entre o que o indivíduo deseja e percebe como sendo real.
21
Observa-se que há muitas teorias sobre estresse ocupacional, em maioria,
conceituam que esta patologia é um processo e enfocam seu caráter relacional. Há
também um consenso em considerar as percepções do trabalhador como
mediadoras do impacto do ambiente de trabalho sobre as respostas do indivíduo.
Existe também a síndrome de burnout que se refere à reação emocional
crônica que o indivíduo manifesta quando tem contato direto e excessivo com outros
indivíduos. A situação torna-se mais grave quando estes sujeitos passam por
problemas ou estão preocupados com algo, em situações de trabalho que exigem
muita atenção e grande responsabilidade (FRANCO, 2003).
2.2.3 Pesquisas sobre Estresse Ocupacional
Considerando a importância do tema para a saúde, várias pesquisas foram
desenvolvidas com trabalhadores de áreas diferentes. Uma dessas pesquisas foi
realizada por Camelo e Angerami (2004) com profissionais da área de saúde
(médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, psicólogos). Este estudo foi
realizado com 37 trabalhadores e foi constatado que 23 (62%) apresentavam
estresse, sendo que 19 sujeitos estavam na fase de resistência e 4 na fase de quase
exaustão.
Também foi possível observar a prevalência de sintomas estressores na
área psicológica (48%), os sintomas físicos representaram 39% e 13%
apresentaram ambos sintomas. Esses dados sugerem que maior incidência de
sintomas psicológicos podem estar relacionados a percepção que estes profissionais
tem de sua situação de trabalho (o trabalho é realizado diretamente na comunidade
e os profissionais lidam com situações diversas)
Outra pesquisa realizada foi com profissionais da polícia federal. Verificou-se
que 61,6% da amostra não apresentaram sintomas de estresse e 38,4%
apresentaram os sintomas, ressaltando um nível mais elevado de estresse na fase
da resistência.
Também foram realizadas pesquisas utilizando o ISSL, entre elas está o
estudo de Moraes, Marques e Pereira (2000) realizado com 1.152 militares de minas
Gerais. Toda a amostra apresentava níveis de estresse e as mulheres tinham mais
manifestações físicas. Houve também avaliação de estresse ocupacional de
magistrados da justiça do trabalho e foi notado que as mulheres apresentaram níveis
22
de estresse mais elevados que os homens e os estressores atribuídos foram
sobrecarga de trabalho e a interferência na vida familiar (LIPP, TANGANELLI, 2002).
Calais, Andrade e Lipp (2003) em uma pesquisa sobre escolaridade e estresse,
descobriram que as mulheres eram mais afetadas pelo estresse do que os homens
em todas as faixas etárias pesquisadas. pesquisou fontes de estresse em 107 juízes
e servidores públicos da cidade de Campinas, utilizando o ISSL. Os participantes
eram de ambos os sexos, com idade variando entre 30 e 50 anos, casados, com
filhos e a prevalência de nível superior. Foi observada a incidência de estresse
elevado em 72% dos participantes com uma frequência de estresse em 79% das
mulheres em comparação com o sexo masculino. A análise estatística entre os
gêneros mostrou que não houve diferença significativa na frequência das fases no
ISSL, mas constatou que na fase de quase-exaustão, as mulheres obtiveram um
percentual maior (30%), quando comparados com os homens (12%) (OLIVEIRA,
2004).
Outra pesquisa, o ISSL foi utilizado em militares, 3.193 oficiais com o objetivo
de diagnosticar qual fase do estresse, que sintomas prevalecem e a relação com o
cargo, sexo, escolaridade, idade, estado civil, tempo de serviço e faixa salarial. Foi
observado que 52,6% não apresentaram sintomas de estresse, enquanto 47,4%
apresentaram. Destes com estresse, 3,8% estavam na fase de quase exaustão,
39,8% na fase de resistência, 3,4% na fase de alerta e 0,4% na fase de exaustão.
Houve prevalência de sintomas psicológicos em 76% e 24% apresentaram sintomas
físicos. Dentre as variáveis que foram investigadas, foi visto que as mulheres
apresentam mais sintomas que os homens (COSTA, ACCIOLY, OLIVEIRA & MAIA,
2007).
Elpes, Lourenço e Baracho (2009) realizaram um estudo avaliativo do nível de
estresse e consumo de álcool em garis de Juiz de Fora – MG. Esta pesquisa
apontou presença de estresse em 52% da amostra, sendo que a maioria que
apresentou estresse estava na fase de resistência (75%). E houve a prevalência de
sintomas psicológicos, 66,7% e 33,3% com sintomas físicos. Os pesquisadores não
constataram relação entre estresse e consumo de álcool.
Um outro estudo que considerou que a idade e o gênero estão relacionados
com o estresse, pois foi visto que mulheres entre 18 e 45 anos apresentaram níveis
de estresse mais elevados que as mulheres mais velhas de 46 a 66 anos. Tal
resultado se deve as demandas sociais, como: esposa, mãe, profissional entre
23
outras atividades (KENNEY, 2000). É importante ressaltar que os indivíduos mais
velhos ampliam seu repertório de enfrentamento de dificuldades e com isto
aumentam seu senso de auto-eficácia (OLIVEIRA & CUPERTINO, 2005). Outro
pesquisador que estudou a relação entre estresse e idade foi Goldstein (1995) que
afirmou que cada fase da vida há diferentes demandas, portanto a probabilidade de
um indivíduo se confrontar com alguns tipos de estressores variam de acordo com o
estágio em que se encontra.
Goulart Junior e Lipp (2008) utilizaram o ISSL para averiguar a presença
estresse, a sintomatologia e as fases apresentadas pelos professores de 1ª a 4ª
série do Ensino Fundamental atuantes em escolas públicas estaduais de uma
cidade do Interior de São Paulo. A pesquisa revelou que 56,6% dos professores
estão experimentando estresse, cujos principais sintomas presentes são: sensação
de desgaste físico constante, cansaço constante, tensão muscular, problemas com a
memória, irritabilidade excessiva, cansaço excessivo, angústia/ansiedade diária,
pensar constantemente em um só assunto e irritabilidade sem causa aparente.
Quanto aos motoristas profissionais, existem pesquisas que indicam
comprometimentos na saúde dessa categoria profissional, problemas como perda
auditiva, hipertensão, estresse, câncer, doenças do sono, refluxo, doenças
cardiovasculares, além do envolvimento em acidentes de transito (SILVA e
MENDES, 2005).
2.3 O Condutor de Ambulância
No ano de 2003, o Ministério da Saúde instituiu a política nacional de atenção
às urgências através da Portaria nº 1.863. Esta ação decorre dos elevados índices
de mortalidade causados tanto pelas doenças do aparelho circulatório, que ocupam
a primeira causa de morte no Brasil, quanto pelas mortes provocadas por traumas,
que são provenientes da violência, acidentes de trânsito dentre outros (BRASIL,
2003a). Outro fato considerado foi a insatisfação com o atendimento nas
emergências hospitalares, as filas e a superlotação. Há um acúmulo de doentes nos
serviços de emergência tanto no setor público como privado (O´DWYER et al., 2008)
O SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi criado para efetivar
a política de atenção às urgências e emergências através da Portaria nº 1.864. Foi o
primeiro componente da Política Nacional de Atenção ás Urgências a ser
24
implantado. (BRASIL, 2003b). É caracterizado por um serviço de socorro pré-
hospitalar móvel, no qual o usuário solicita atendimento através de ligação telefônica
gratuita pelo 192. É constituído por uma Central de Regulação e uma equipe nas
ambulâncias. Na regulação a TARM (Telefonista Auxiliar de Regulação Médica)
atende ao telefone, faz a identificação e localização do paciente. Posteriormente é
passado ao médico regulador que registra o diagnóstico e decide o destino do
paciente. Orientam e decidem qual o tipo de ambulância que prestará atendimento.
A USB (Unidade de Suporte Básica) opera com um técnico de enfermagem e tem
recursos mais simples e a USA (Unidade de Suporte Avançado) tem como
profissionais um médico, um enfermeiro e recursos tecnológicos mais sofisticados.
Os RO (Rádio – operadores) são responsáveis pelo contato com as ambulâncias e
pelo acompanhamento do atendimento. E dentre os profissionais que compõe a
equipe do SAMU está o condutor/ socorrista de ambulância.
O condutor do SAMU pode dirigir veículos terrestres, aquáticos e aéreos.
Segundo o manual de atenção a emergência e urgência, o motorista de ambulância
é considerado um profissional de nível básico e ele deve estar habilitado a conduzir
veículos de urgência e capacitado para tal, ou seja, os condutores realizam um
curso chamado SBV – Suporte Básico de Vida. A função do condutor não é limitada
apenas pelo transporte de passageiro, mas ele também é socorrista. O condutor
auxilia a equipe de saúde nos gestos básicos de suporte a vítima: auxilia a equipe
nas imobilizações e transporte das vítimas, realiza medidas de reanimação
cardiorespiratória básica, identifica todos os tipos de materiais existentes no veículo
de socorro e sua utilidade, de modo que ajuda a equipe de saúde (BRASIL, 2006).
Segundo a Política Nacional de Emergência e Urgência é competência/
atribuição do motorista conduzir o veículo terrestre de atendimento de urgência,
conhecer integralmente o veículo e realizar a manutenção básica do mesmo,
estabelecer contato radiofônico com a central de regulação médica e seguir suas
orientações, conhecer a malha viária local, conhecer todos os estabelecimentos de
assistência à saúde (BRASIL, 2006).
Outros requisitos exigidos é ter mais de vinte e um anos, e, apresentar
disposição pessoal para a atividade, ter equilíbrio emocional e autocontrole,
disposição para cumprir ações orientadas, habilitação profissional como motorista de
veículos de transporte de pacientes de acordo com a legislação em vigor (Código
25
Nacional de Trânsito), capacidade de trabalhar em equipe, realizar capacitação
periódica.
Nas unidades do SAMU existem três tipos de ambulância: ambulância de
transporte, ambulância de suporte básico (USB – Unidade de Suporte Básico) e
ambulância de suporte avançado (USA – Unidade de Saúde Avançada) que
funcionam como UTI – Unidade de Terapia Intensiva. A primeira é um veículo
destinado ao transporte em decúbito horizontal de pacientes que não apresentam
risco de vida, são usadas para remoções simples e de caráter eletivo. O segundo
tipo é um transporte inter – hospitalar de pacientes com risco de vida conhecido e ao
atendimento pré-hospitalar de pacientes com risco desconhecido, mas não
classificado com potencial de necessitar de intervenção médica local e/ ou durante o
transporte até o serviço de destino (neste tipo de condução há o condutor e o
técnico em enfermagem). O terceiro tipo é destinado ao atendimento e transporte de
paciente de alto risco em emergências pré-hospitalares e/ ou transporte inter –
hospitalar que necessitam de cuidados médicos intensivos. A tripulação desse tipo
de ambulância é composta por pelo menos três membros: um médico, um
enfermeiro e um condutor que é capacitado para ser socorrista. (BRASIL, 2006).
Esse modelo de serviço pré-hospitalar garante assistência a todas as pessoas
fora do ambiente hospitalar, atendendo a maioria das emergências e urgências,
sejam clínicas ou de origem traumática, nas 24 horas do dia. O SAMU é acionado
através do telefone 192 e a ligação é gratuita de qualquer telefone fixo ou celular. É
controlado por uma central de regulação constituída por técnicos de atendimento em
regulação médica (TARMs) e médicos reguladores que atendem as ligações e,
conforme a necessidade de cada caso, o regulador enviará ao local solicitado uma
ambulância de Suporte Básico ou de Suporte Avançado de Vida (SANCHES,
DUARTE, PONTES, 2009).
Os profissionais que trabalham na ambulância estão expostos às condições
do trânsito, assim como as situações desconhecidas de resgate. A imprevisibilidade
e os fatores do trânsito são elementos potencialmente estressantes. Apesar da
importância do serviço do SAMU, existem poucas pesquisas envolvendo condutores
de ambulâncias. Há pesquisas sobre os profissionais de saúde; os tipos de
ocorrência mais comuns; sobre o sistema organizacional do serviço. Porém, sabe-se
que as condições e o ambiente de trabalho influenciam na saúde dos motoristas.
26
2.3.1 A Saúde do Motorista Profissional
Não foram encontradas informações sobre a saúde do condutor de
ambulância, mas há vasta literatura sobre os profissionais como motorista de
passageiros e de cargas.
Observa-se que o risco de adoecer entre os motoristas profissionais é
aumentado devido às condições de trabalho. As doenças mais comuns são as
cardiovasculares e músculo – esqueléticas (NERI SOARES; SOARES, 2005)
O excesso de atividade de trabalho na categoria dos motoristas também é
considerado risco para doenças como os distúrbios do sono, varizes, hérnia de disco
e hemorróidas, em função da intensa jornada de trabalho (Mello e col., 2000). Essa
diversidade de agravos da saúde dos motoristas profissionais tem um impacto
negativo na sua qualidade de vida, entendida como um conceito amplo que abrange
a complexidade de um construto social, cultural, subjetivo e multidimensional,
composto de elementos de avaliação tanto positivos quanto negativos. (RAMÍREZ,
2001).
27
3 MATERIAS E MÉTODOS
3.1 Ética
Esta pesquisa segue as normas científicas e exigências éticas determinadas
pelo Conselho Nacional de Saúde, CNS nº 196/96 do decreto n° 93933 de 14 de
janeiro de 1987, que determina as diretrizes e normas regulamentadoras de
pesquisas envolvendo seres humanos. Foi assegurado o sigilo quanto a identidade
dos sujeitos, seguindo a Resolução 196/96 do CNS-MS.
A autorização do procedimento de coleta de dados foi realizado pelo contato
da autora com o chefe de condutores do SAMU. Neste encontro foi apresentado o
projeto de pesquisa, após este momento foi autorizado o início de coleta de dados
com os condutores. A totalidade de condutores recebeu positivamente o projeto e
autorizou o uso dos dados. Para tanto os participantes assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, explicitando os objetivos e procedimentos da
pesquisa e cuidados éticos para sua realização.
3.2 Tipo de Pesquisa
A pesquisa de configurou em estudo exploratório-descritivo em que os dados
obtidos foram analisados quantitativamente assim como qualitativamente.
3.3 Universo
A pesquisa foi realizada em uma cidade do interior da Bahia, na sede do
SAMU com os condutores de ambulância da instituição.
3.4 Sujeitos da Amostra
Os participantes foram doze condutores (11 homens e 1 mulher) de
ambulância do SAMU de uma cidade do interior da Bahia. Estes profissionais
apresentam vinculo de trabalho através do REDA. E todos concordaram em assinar
o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
28
3.5 Instrumento de Coleta de Dados
O instrumento utilizado foi o Inventário de Sintomas de Estresse para Adulto
de Lipp (ISSL) que foi validado no Brasil em 1994 por Lipp e Guevara e é utilizado
com frequência em pesquisas e trabalhos na área do estresse. Este instrumento
fornece uma medida objetiva da sintomatologia do estresse, se é
predominantemente física ou psicológica, bem como a especificação da fase em que
se encontra (alerta, resistência, quase exaustão e exaustão). Pode ser aplicado em
jovens acima de 15 anos e adultos. Sua aplicação ocorre em aproximadamente 10
minutos e pode ser realizada individualmente ou em grupos de até 20 pessoas. Não
é preciso ser alfabetizado, pois os itens podem ser lidos para a pessoa.
O instrumento é formado por três quadros referentes às fases do estresse. O
primeiro quadro tem quinze itens que se refere aos sintomas físicos e psicológicos
que a pessoa tenha experimentado nas últimas 24 horas. O segundo apresenta dez
sintomas físicos e cinco psicológicos vivenciados na última semana. E o terceiro é
composto de doze sintomas físicos e 11 psicológicos que se referem a sintomas
experimentados no último mês. Existem alguns sintomas do quadro 1 que voltam a
reaparecer no quadro 3, mas com intensidade diferente. Então, o ISSL contém 37
itens de natureza somática e 19 psicológicas, sendo que há alguns sintomas que
são repetidos, diferindo apenas na intensidade e gravidade.
3.6 Plano para Coleta dos Dados
A coleta de dados ocorreu no mês de dezembro de 2012. Os inventários
foram entregues, individualmente pela pesquisadora (psicóloga) a cada profissional
da amostra. Foram respondidos integralmente na presença da pesquisadora que os
recolhia imediatamente após o término. Ressalta-se que os participantes foram
informados da não obrigatoriedade de participação na pesquisa e assegurados
quanto ao sigilo e demais questões éticas.
3.7 Plano para Análise dos Dados
Os dados obtidos foram tabulados, registrados na forma de banco de dados
(Excel) e analisados de acordo com o objetivo da pesquisa. O objetivo geral desta
pesquisa foi identificar a presença do estresse, a sintomatologia e as fases do
29
estresse apresentadas pelos condutores de ambulância de serviço de emergência,
SAMU.
30
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Participaram do estudo 66,7% (n=12) dos 18 condutores do SAMU de um
município do interior da Bahia. E desses todos responderam ao ISSL.
As tabelas 1 a 3 possibilitam identificar as faixas etárias, sexo e escolaridade
dos condutores participantes.
Tabela 1 – Faixa Etária dos Condutores do SAMU.
Faixa Etária Quantidade Percentagem
20 – 29 anos 1 8,33%
30 – 39 anos 4 33,33%
40 – 49 anos 6 50%
50 – 59 anos 1 8,33%
Fonte: Dados da Pesquisa. Bahia. 2013.
Tabela 2 – Sexo dos Condutores do SAMU
Gênero Quantidade Percentagem
Sexo Masculino 11 91,67%
Sexo Feminino 1 8,33%
Fonte: Dados da Pesquisa. Bahia. 2013.
Tabela 3 – Escolaridade dos condutores do SAMU.
Escolaridade Quantidade Percentagem
Ensino Médio 11 91,67%
Ensino Superior 1 8,33%
Fonte: Dados da Pesquisa. Bahia. 2013.
Através dos dados expostos acima, nota-se que os condutores do SAMU têm
idade entre 30 e 49 anos na sua maioria (83,33%), há um condutor na faixa dos 20 a
29 anos (8,33%) e outro na faixa de 50 a 59 anos (8,33%). Outro fator é a
escolaridade, todos têm o ensino médio, sendo que um deles concluiu o ensino
superior, mas não atua na área de formação. É importante ressaltar que todos têm
curso de socorrista. Outro fator que chama atenção é a presença de uma condutora
31
(8,33%), não é comum encontrar mulheres neste tipo de profissão, pois para dirigir
ambulâncias é necessário ter habilitação da categoria D.
Ao analisar a presença de estresse e as características da população
pesquisada, tabela 4, identifica-se que a única mulher participante apresentou
estresse. Quanto aos demais condutores homens, nota-se que 27,23%
apresentaram estresse. Os participantes que apresentaram tal sintomatologia tinham
ensino médio completo. Este dado é compatível com outras pesquisas que mostram
que as mulheres são mais susceptíveis ao estresse que os homens.
Tabela 4 – Relação entre sexo e estresse
Gênero Tem Estresse
n %
Não tem estresse
n %
Sexo masculino 3 27,23% 8 72,77%
Sexo feminino 1 100% 0 0%
Fonte: Dados da Pesquisa. Bahia. 2013.
Percebem-se diferenças significativas entre os sexos quanto ao estresse,
porém essas particularidades precisam ser analisadas metodicamente uma vez que
para a prevenção dos efeitos negativos do estresse na vida do sujeito devem ser
analisados outros fatores como idade, escolaridade, trabalho, situação social. Esta é
uma área nova e ainda controvertida (CALAIS, ANDRADE, LIPP, 2003).
A indicação de que mulheres talvez experienciem mais stress do que os
homens vêm de várias fontes. Em uma dessas pesquisas Calais, Andrade e Lipp
(2003) avaliaram a manifestação de estresse em adultos jovens considerando a
escolaridade e o sexo. Neste estudo foi possível verificar que 79,3% das mulheres
possuíam sintomas significativos de estresse enquanto os participantes do sexo
masculino a percentagem com sintomas de estresse era 51,72%.
Já outros autores focam as diferenças de sexo do ponto de vista biológico,
estudam como essas diferenças favorecem o desenvolvimento de algumas
psicopatologias em homens e mulheres. Há estudos com estrogênio que são
neuroproteínas femininas que tem como função proteger os neurônios contra
disfunções de desenvolvimento, como a esquizofrenia, e disfunções degenerativas,
como a doença de Alzheimer. Mas também devem-se considerar que as flutuações
32
cíclicas de estrogênio e progesterona aumentam as resposta de estresse (SEEMAN,
1997).
Há muitas razões para se acreditar que o desenvolvimento evolutivo comporte
uma neuroproteção especial, mas também uma sensibilidade ao stress mediante o
papel dos hormônios femininos (especialmente por sua ciclicidade), os quais
consequentemente conferem vantagens e desvantagens para as mulheres. Durante
os anos de juventude, as mulheres parecem estar comparativamente mais
protegidas de doenças psicóticas severas e mais vulneráveis que homens para
depressão e ansiedade (CALAIS, ANDRADE, LIPP, 2003).
Em relação a faixa etária, constata-se que há um número maior de
condutores com estresse entre aqueles que têm entre 30 e 39 anos, 75% quando
comparados com grupos de menor idade, 20 a 29 anos de idade (não teve
ocorrência de estresse) e maior idade, acima de 40 anos, 14, 28% dos condutores
apresentaram estresse (ver tabela 5). É pertinente notar que a porcentagem de
sintomas de estresse diminui nos grupos com o avanço da idade, o que para Oliveira
e Cupertino (2005) ocorre porque participantes mais velhos ampliam seu repertório
sobre enfrentamento de dificuldades e aumentam o senso de auto-eficácia.
Tabela 5 – Relação entre idade e estresse
Faixas etárias Tem estresse
n %
Não tem estresse
n %
20 a 29 anos 0 0% 1 100%
30 a 39 anos 3 75% 1 25%
40 a 49 anos 1 16,6% 5 83,34%
50 a 59 anos 0 1 100%
Fonte: Dados da Pesquisa. Bahia. 2013.
Dentre os 4 condutores pesquisados que apresentam estresse, todos
encontram-se na fase de resistência. Esta fase é conceituada por Selye (1956) como
aquela em que a pessoa utiliza suas reservas de energia para se reequilibrar, ou
seja, nela ocorre uma ação reparadora do organismo que tenta restabelecer o
equilíbrio interno. No nível fisiológico, muitas mudanças ocorrem principalmente em
termos do funcionamento das glândulas supra renais, ou seja, a medula diminui a
sua produção de adrenalina e seu córtex produz mais corticosteroide o que afeta o
33
sistema imunológico e assim, aumenta a probabilidade da pessoa adoecer. Vale
ressaltar o significado da fase de resistência na saúde do indivíduo, pois a busca
pela homeostase pode torna-lo vulnerável a infecções e as doenças, tendo em vista
a hiperatividade córtico-suprarenal e dispêndio excessivo de energia (LIPP, 2005).
Os condutores avaliados tinham, portanto uma probabilidade de virem a
adoecer devido ao gasto de energia envolvido para lidarem com os estressores do
momento.
Em 25% dos profissionais predominam os sintomas psicológicos e os outros
75% estão mais vulneráveis a problemas relacionados aos sintomas físicos. A
Figuras 1 apresenta os principais sintomas físicos manifestados pelos motoristas
que se encontram na fase de resistência.
Figura 1: Sintomas físicos apresentados pelos condutores do SAMU com mais frequência
Fonte: Dados da Pesquisa. Bahia. 2013.
Em relação aos sintomas físicos que estão sendo manifestados destacam-se:
tensão muscular, sensação de desgaste físico constante, cansaço constante,
insônia, problemas de memória e ranger de dentes. Os três primeiros sintomas
indicam que, possivelmente, as atividades originadas da função estudada podem
caracterizar-se como atividades desgastantes no que se refere às exigências físicas
e resistência do organismo dos condutores.
Esses sintomas também são característicos da síndrome da fadiga que
segundo França e Rodrigues é definida como um “desgaste da energia física ou
34
mental, que pode ser recuperada por meio de repouso, alimentação ou orientação
clínica específica” (p.41, 1999). Sabe-se que a fadiga pode trazer consequências a
vários sistemas do organismo, gerando múltiplas alterações de funções, que levam a
uma diminuição do desempenho no trabalho em graus variáveis, desde o
absenteísmo até uma série de distúrbios psicológicos, familiares e sociais.
Já o sintoma físico problemas de memória, que aparece em 75% da
população que tem estresse, cogita-se que pode trazer consideráveis problemas
para aqueles que o experimentam, uma vez que a memorização é intrínseca as
exigências da função de condutor. Sabe-se que o motorista da ambulância deve
conhecer endereços (ruas, praças...), além de conhecer as medicações e
equipamentos usados pela equipe de saúde.
Em relação à insônia que é manifestada por todos os participantes de
estresse, que demonstra que os trabalhadores não conseguem realizar suas
necessidades pessoais e/ ou profissionais e que, diante de situações estressantes, a
reação orgânica será sempre a de colocar em funcionamento todo um sistema que
permita preservar a autonomia do sujeito, preparando-o para luta ou fuga.
Sabe-se que a insônia é o transtorno de sono mais frequente na população
em geral, sendo reconhecida pela OMS como um problema de saúde pública, pois
causa impactos negativos a saúde física e mental, atividade social, capacidade para
o trabalho e qualidade de vida dos indivíduos (WALSH; USTURN, 1999).
Segundo Monti (2000), a insônia primária (que é aquela cuja origem não está
relacionada a outro transtorno mental, outra doença física ou dependência de
substancias psicoativas), pode ser induzida por situações de estresse tanto na vida
privada como na sua atividade laboral.
Em relação aos sintomas psicológicos, figura 2, vontade súbita de iniciar
novos projetos, pensar constantemente em um só assunto, dúvidas quanto a si
mesmo e irritabilidade excessiva, destacam-se como os sintomas psicológicos mais
presentes na população pesquisada que se encontra na fase de resistência.
35
Figura 2: Sintomas psicológicos apresentados pelos condutores do SAMU com mais
freqüência.
Fonte: Dados da Pesquisa. Bahia. 2013.
Estes sintomas podem dificultar o acesso as habilidades cognitivas
necessárias aos condutores, pois eles assumem atividades que envolvem memória
e concentração de esforços voltados para uma situação de emergência. A sua
atividade pode se tornar uma fonte de estímulos estressores.
Outros sintomas citados foram: sensibilidade emotiva, vontade de fugir de
tudo, diminuição da libido, formigamento das extremidades e gastrite são sintomas
que também aparecem, embora em grau menor.
A incidência de sintomas na área psicológica sugere que a fase de estresse
apresentada pelos participantes pode estar relacionada à percepção da sua
situação, considerando-se que o trabalho direto com a comunidade é um estressor
de grande magnitude, pelos problemas e situações de risco que podem encontrar. O
motorista de ambulância do SAMU trabalha nas mais variadas situações.
Também se faz necessária a avaliação dos principais sintomas apresentados
pelos demais condutores que não apresentaram o diagnóstico de estresse (aqueles
que apresentam alguns sintomas, mas a quantidade não caracteriza a patologia).
Os dados e argumentos até expostos evidenciam que o suporte aos
trabalhadores da população estudada constitui uma alternativa relevante para
gerenciar o estresse presente, assim pode-se trazer benefícios tanto para a equipe
quanto para a comunidade assistida.
36
As pessoas propensas a reagirem de forma intensa aos estímulos estressores
no ambiente de trabalho devem receber atenção especial, através de programas
sistemáticos de educação sobre os perigos, principalmente sobre os riscos a que
estão expostas em função de sua atividade e do desenvolvimento de programas
para a detecção de estresse. E diagnosticado o estresse, a instituição deve oferecer
ao seu funcionário acompanhamento médico e psicológico se necessário.
As autoras Lipp e Maligaris (2001) fizeram um estudo sobre os efeitos do
estresse na população e constataram que uma sociedade saudável e desenvolvida
requer pessoas habilitadas a lidar com as situações do dia-a-dia. Porém se o
estresse for excessivo no ambiente de trabalho, os condutores podem se tornar
frágeis e sem resistência para enfrentar os problemas laborais, assim como de sua
vida privada.
A avaliação do estresse na população torna-se relevante uma vez que os
programas de prevenção e tratamento podem se basear nessas informações para a
sua elaboração e planejamento. De acordo com essa informação, o presente estudo
colaborou com uma parcela de informações a respeito de estresse nos condutores
de ambulância de programa de assistência a emergência e urgência em saúde, além
de esclarecer e orientar os participantes quanto ao estresse e seus sintomas. No
entanto, recomenda-se que sejam elaborados programas específicos para essa
população que busca atendimento comunitário.
37
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabe-se que o estresse excessivo interfere em diversas funções cognitivas
como a memória e raciocínio lógico, além da habilidade em tomar decisões (LIPP;
MALAGRIS, 2000), desse modo, torna-se de grande importância para a sociedade
que trabalhos de prevenção do estresse excessivo sejam realizados com condutores
de ambulância do SAMU, a fim de garantir que o atendimento ao usuário do serviço
não reflitam as complicações do estresse ocupacional.
Qualquer profissão que seja capaz de criar níveis de estresse em quem as
exerça exige uma atenção especial por parte dos profissionais de saúde a fim de
que o bem estar não só destes profissionais seja preservado, mas também para que
a sociedade seja protegida das consequências que o estresse excessivo pode
acarretar.
Há de se considerar a necessidade de uma avaliação profunda e identificação
de possíveis mudanças das demandas que se inserem no atendimento de
emergência e urgência, SAMU, a fim de que melhores condições de trabalho sejam
alcançadas por esta classe ocupacional.
Também deve ser levada em consideração a importância que a satisfação no
trabalho causa na autoestima de uma pessoa, pois um indivíduo com estresse
ocupacional poderá levar problemas para seu ambiente familiar e vice-versa. Logo,
as áreas afetiva, social, de saúde debilitam-se como que transmitidas pelo estresse
laboral, assim, há alteração na sua qualidade de vida.
O presente estudo torna-se relevante quando se verifica que há poucos
estudos sobre estresse e condutores de ambulância. A necessidade da comunidade
acadêmica acompanhar, monitorar e fornecer apoio a estes profissionais é visível.
Pode-se perceber que a realização deste tipo se ação pode colaborar para um
serviço de atendimento ao usuário de melhor qualidade.
No presente estudo, a incidência de estresse e os principais sintomas
expostos pelos participantes apresentaram-se como uma variável importante e
sistemática. Novos estudos devem investigar as fontes de estresse, seus efeitos no
ambiente e na produtividade de seu trabalho.
38
REFERÊNCIAS
BATTISTON, M.; CRUZ, R. M.; HOFFMANN, M. H.Condições De Trabalho E Saúde De Motoristas De Transporte Coletivo Urbano. Rev. Estudos de Psicologia , v.11, n.3,p. 333-343, 2006.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 1863, de 29 de setembro de 2003. Institui a Política Nacional de Atenção às Urgências, a ser implantada em todas as unidades federadas, respeitadas as competências das três esferas de gestão. DiárioOficial da União, Brasília, DF, 6 out. 2003a. Seção 1, p. 56.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 1864, de 29 de setembro de 2003. Institui o componente pré-hospitalar móvel da Política Nacional de Atenção às Urgências, por intermédio da implantação de Serviços de Atendimento Móvel de Urgência em municípios e regiões de todo o território brasileiro: SAMU- 192.Diário Oficial daUnião, Brasília, DF, 6 out. 2003b. Seção 1, p. 57-59.
Brasil. Ministério da Saúde. Política nacional de atenção às urgências / Ministério da Saúde. 3ª ed. ampl.– Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006.
Brasil. Ministério da Saúde. Doenças relacionadas com o trabalho: diagnósticos e condutas - Manual de procedimentos para os serviços de saúde. Brasília, 2002..
BEEHR, T. A. Research on occupational stress: An unfinished enterprise. PersonnelPsychology, 51(4), 835-844, 1998.
CALAIS, S. L.; ANDRADE, L. M. B. & LIPP, M. E. N. Diferenças de sexo e escolaridade na manifestação de estresse em adultos jovens. Revista Psicologia: Reflexão e Crítica, V.16(2), p. 257- 263, 2003.
COSTA, M.; ACCIOLY, Jr. H.; OLIVEIRA, J. & MAIA, E. Estresse: diagnóstico dos policias militares em uma cidade brasileira.Revista PanamericanaSalud Publica, 21(4), 217-222, 2007.
DEJOURS, C. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. 2. ed. São Paulo: Cortez: Oboré, 1987.
DOUBLET, S. (1998).The problems with stress.Artigo publicado na WEB no endereço http://www.freeyellow.com/membrers5/sdoublet/ problem.htm. texto disponível em setembro de 2012. EDWARDS, J. R.; COOPER, C. L.The person-environment fit approach to stress: Recurring problems and some suggested solutions. JournalofOrganizationalBehavior, 11(4), 293-307, 1990.
ELPES,F. O.; LOURENÇO, L.M.; BARACHO, R. A. Um Estudo Avaliativo dos Níveis de Stress e Consumo de Álcool em Garis na Cidade de Juiz de Fora (MG). Universidade Federal de juiz de Fora. Juiz de Fora: 2009.
FRANÇA A. C. L., RODRIGUES A. L. Stress e trabalho – uma abordagem psicossomática. São Paulo (SP): Atlas; 1999.
FRANCO, T.. Trabalho alienado: habitus& danos à saúde humana e ambientais (o trabalho entre o céu, a terra e a história). Tese de Doutorado, Instituto de Ciências Sociais, Universidade Federal a Bahia, 2003.
39
FREITAS, B. B. N.; MATTOS, O. A. U.; PORTO, F. M. Novas Tecnologias, Organização do Trabalho e seus Impactos na Saúde e no Meio Ambiente. Saúde Meio Ambiente e Condições de Trabalho, Rio de Janeiro: FIOCRUZ, cap. 5, p. 43-54. (Mimeo).
FIGUEIRAS, J.C., HIPPERT, M.I.S. A polêmica em torno do conceito de estresse.
RevistaPsicol. cienc. prof. v.19 n.3 Brasília 1999.
GOLDSTEIN, L. Stress e Coping na vida adulta e na velhice. Em: A. L. Neri (org).Psicologia do envelhecimento (pp. 145-158). Campinas: Papirus, 1995.
GOULART JUNIOR, E.; LIPP, M. E. N. Estresse entre professoras do ensino fundamental de escolas públicas estaduais. PsicologiaemEstudo, Maringá, v. 13, n. 4, p. 847-857, out./dez. 2008.
JONES, F. & KINMAN, G. Approaches to studying stress.Em F. Jones & J. Bright (Orgs.), Stress: Myth, theory and research (pp. 17-45). England: Prentice Hall, 2001.
LAZARUS, R. S..Psychological stress in the workplace.EmR. Crandall, & P. L. Perrewé (Orgs.), Occupational stress: Ahandbook (pp. 3-14). Washington, USA: Taylor & Francis, 1995.
LIPP, M.E.N. Stress e suas implicações. Estudos de Psicologia, 1(3,4), 5-19, 1984.
LIPP, M. E. N. Manual do Inventário de Sintomas de Stress para adulto de Lipp (ISSL). São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.
LIPP, M. E. N., & MALAGRIS, L. E. N. O stress Emocional e seu Tratamento. In B. Rangé (Org). PsicoterapiasCognitivo-Comportamentais: um diálogo com a psiquiatria. Porto Alegre: Artmed, 2001.
LIPP, M. E. N. & TANGANELLI, M. S.Stress e Qualidade de vida em magistrados da justiça do trabalho: diferenças entre homens e mulheres. Psicologia: Reflexão e Crítica, 15(3), 537-584, 2002.
KENNEY, J. W. .Women’s ‘inner-balance’.A comparison of stressors, personality traits and health problems by age groups.Journalofadvancednursing, 31 (3), 639-650, 2000.
MALACH, C. & LEITE, M. P. Trabalho: Fonte de prazer ou desgaste? Guia vencer oestresse na empresa. Campinas: Papirus, 1999.
MOLINA, O. F. Estresse no cotidiano. São Paulo: Editora Pancast, 1996.
MORAES L. F.; MARQUES, A. L. & PEREIRA, L. Z..Diagnóstico de qualidade de vida e estresse no trabalho da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais. [relatório depesquisa].Núcleo de estudos avançados em comportamento organizacional/centro de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração. Universidade Federal de Minas Gerais, 2000.
O´DWYER, G.; MATTA , I.E.A.; PEPE, V.L.E . Avaliação dos serviços hospitalares de emergência do estado do Rio de Janeiro.Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.13, n.5, p.1637-1648, 2008.
OLIVEIRA, C. G. Pensando a fonoaudiologia em saúde coletiva. In: LACERDA, C. B. F.; PANHOCA, I.(Org.). Tempo de fonoaudiologia II. Taubaté: Cabral,1998. p. 29-38.
OLIVEIRA, J. B.. Fontes e sintomas de stress em juízes e servidores públicos:diferenças entre homens e mulheres. Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica, Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Campinas, SP, 2004.
40
OLIVEIRA, B. H. D.& CUPERTINO, A. P. F. B. Diferenças entre gênero e idade no processo de estresse em uma amostra sistemática de idosos residentes na comunidade.Textos sobre Envelhecimento, 8 (2), 371-378, 2005.
NERI SOARES, W. L.; SOARES, C. Condições de saúde no setor de transporte rodoviário de cargas e de passageiros: um estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Cadernos deSaúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 4, p. 1107-1123, 2005.
PASCHOAL, Tatiane; TAMAYO, Álvaro. Impacto dos Valores Laborais e da Interferência Família – Trabalho no Estresse Ocupacional. Psicologia: Teoria e Pesquisa Mai-Ago 2005, Vol. 21 n. 2, pp. 173-180.
ROCHA, A. C. F. O Estresse no Ambiente de Trabalho. Monografia do Curso de Pedagogia. Universidade Veiga de Almeida. Rio de Janeiro: 2005.
RODRIGUES, A. Stress, trabalho e doenças de adaptação. in: FRANCO, A.C.L.; RODRIGUES, A.L.. Stress e trabalho: guia prático com abordagem psicossomática. São Paulo: Atlas, cap. 2, 1997.
SANCHES, DUARTE, PONTES. Caracterização das Vítimas de Ferimentos por Arma de Fogo, Atendidas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência em Campo Grande-MS. Rev. Saúde Soc. São Paulo, v.18, n.1, p.95-102,2009.
SANTOS, A. F. O.; CARDOSO, C. Profissionais De Saúde Mental: Estresse E EstressoresOcupacionais Stress E Estressores Ocupacionais Em Saúde Mental. Ver. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 15, n. 2, p. 245-253, abr./jun. 2010.
SATO, LENY. Trabalho e Saúde Mental. Saúde Meio Ambiente e Condições de Trabalho, Rio de Janeiro: FIOCRUZ, cap. 12, p. 169-175. (Mimeo).
SEEMAN, M. V. Psychopatology in women and men: Focus on femalehormones. American JournalofPsychiatry, 154, 1641-1647, 1997.
SILVA, L. F.; MENDES, R. Exposição combinada entre ruído e vibração e seus efeitos sobre a audição de trabalhadores.Revista de Saúde Pública, São Paulo,v. 39, n. 1, p. 9-17, 2005.
SIVIERI, H. L. Saúde no trabalho e Mapeamento dos Riscos. Saúde Meio Ambiente e Condições de Trabalho, Rio de Janeiro: FIOCRUZ, cap. 8, p. 75-82. (Mimeo).
SOUSA, A.F.Estresse ocupacional em motoristas de ônibus urbano: opapel das estratégias de coping. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Departamento de Psicologia, 2005.
STACCIARINI. J. M. R.; TRÓCCOLI, B. T. O Estresse Na Atividade Ocupacional Do Enfermeiro. Rev. Latino-americana de Enfermagem; 9(2): 17-25, 2001.
STRAUB, R. O. . Psicologia da saúde. Porto Alegre: Artmed, 2005.
VILLALOBOS, J. Estrés y Trabajo. Instituto Mexicano Del Seguro Social. México. Medspain, 2005. Recuperado em 10 de setembro de 20012: http// www.medspain.con/n3-feb99/stress.htm.
RAMÍREZ, M. L. C. Calidad de vida y promoción de lasalud. In: RESTREPO, H. E.; MÁLAGA, H. Promociónde lasalud: como construir vida saludable. Bogotá: Ed. MédicaPanamericana, 2001. p. 56-64.
41
WALSH J, USTUN T.B. Prevalence and health consequences of insomnia. Sleep 1999; 22(S3): 427-36.
42
ANEXOS
43