universidade sÃo judas tadeu
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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
ARQUITETURA INDUSTRIAL PAULISTA NA CONDIÇÃO
CONTEMPORÂNEA
LEDA MARIA LAMANNA FERRAZ ROSA VAN BODEGRAVEN
SÃO PAULO
2019
1
UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
ARQUITETURA INDUSTRIAL PAULISTA NA CONDIÇÃO
CONTEMPORÂNEA
Dissertação de mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação da Universidade
São Judas Tadeu, para a obtenção do título
de Mestre em Arquitetura e Urbanismo.
Área de concentração: Arquitetura e Cidade
Linha de Pesquisa: Projeto, Produção e
Representação
Grupo de Pesquisa CNPQ: Arquitetura:
Abordagens Alternativas e Transdisciplinares
na Condição Contemporânea
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Edite Galote Carranza
18/12/2019
SÃO PAULO
2
NOME: BODEGRAVEN, LEDA M. L. F. R. Van
TÍTULO: ARQUITETURA INDUSTRIAL PAULISTA NA CONDIÇÃO
CONTEMPORÂNEA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA À FACULDADE DE
ARQUITETURA E URBANISMO DA UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU, PARA A
OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM ARQUITETURA E URBANISMO.
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ARQUITETURA E CIDADE.
APROVADA EM 18/12/2019
BANCA EXAMINADORA
Prof.ª Dr.ª Edite Galote Carranza INSTITUIÇÃO: Universidade São Judas Tadeu
JULGAMENTO: ASSINATURA:
Prof.ª Dr.ª Helena A. Ayoub Silva INSTITUIÇÃO: Universidade de São Paulo
JULGAMENTO: ASSINATURA:
Prof.ª Dr.ª Cristina Campos INSTITUIÇÃO: Universidade São Judas Tadeu
JULGAMENTO: ASSINATURA:
3
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
ASSINATURA:
e-mail: [email protected]
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca
da Universidade São Judas Tadeu Bibliotecária: Cláudia Silva Salviano Moreira - CRB 8/9237
Bodegraven, Leda Maria Lamanna Ferraz Rosa van.
B666a Arquitetura Industrial Paulista na Condição Contemporânea / Leda
Maria Lamanna Ferraz Rosa van Bodegraven. - São Paulo, 2019.
f.:151 il.; 30 cm.
Orientadora: Edite Galote Carranza.
Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo,
2019.
1. Arquitetura industrial. 2. Arquitetura Paulista. 3. Modernismo. I.
Carranza, Edite Carranza. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de
Pós-Graduação Stricto Sensu em Arquitetura e Urbanismo. III. Título
CDD 22 – 720
4
À minha mãe e à memória do meu pai que sempre
me incentivaram a estudar e aprender.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Instituição Universidade São Judas Tadeu,
Ao Prof. Dr. Fernando Guillermo Vázquez Ramos (Coordenador do Programa
de Pós-graduação Stricto Sensu em Arquitetura e Urbanismo da USJT),
À Prof.ª Dr.ª Paula de Vincenzo Fidelis Belfort Mattos (ex-Coordenadora do
Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Arquitetura e Urbanismo da USJT),
À minha orientadora, Profa. Dra. Edite Galote Rodrigues Carranza, que com
todo seu conhecimento, me propiciou instigantes descobertas na pesquisa.
Aos professores do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Arquitetura
e Urbanismo da USJT.
Ao Jan, meu companheiro, que sempre me apoia no trabalho, nos estudos e
na vida.
Às minhas filhas Ingrid e Marian, que sempre me incentivam e são o brilho para
seguir em frente.
Ao meu parceiro irmão Carlos.
À memória carinhosa do meu irmão Paulinho, Dé, Bá, Taia, Loi, Cincina e Babo.
6
RESUMO
No governo de Juscelino Kubitscheck (1956-61) foi estabelecido um Plano de
Metas que identificou a necessidade de crescimento da indústria no país. Em
decorrência, a arquitetura industrial brasileira floresceu impulsionada pela política
desenvolvimentista daquele governo. São poucas as informações sobre esta
arquitetura industrial brasileira e seu prosseguimento no tempo. Essa dissertação visa
contextualizar a Arquitetura Industrial Paulista na contemporaneidade, abordando os
componentes para se elaborar um projeto arquitetônico de indústrias, levando-se em
consideração: um breve apanhado histórico referente ao tema, no cenário
internacional, no Brasil e em São Paulo, os aspectos do processo produtivo e os
elementos condicionantes técnicos, legais, normativos e, principalmente, do próprio
procedimento projetual da arquitetura. Seu objetivo é apresentar um panorama da
criação dessa tipologia arquitetônica no momento atual e fornecer elementos para
conhecimento ou para a produção de outros projetos nesta área. Como metodologia,
utiliza Pesquisas Bibliográficas sobre os temas elencados e em fontes primárias,
decorrentes da experiência profissional da autora e análise de exemplares
representativos de arquitetura industrial. Dessa forma, o trabalho também registra a
transdisciplinaridade dessa arquitetura, pretendendo vislumbrar tendências futuras, a
fim de entender os rumos dessa produção no contexto da Revolução 4.0, contribuindo,
assim, para futuros estudos e projetos na área.
Palavras chave: Arquitetura Industrial; Arquitetura Paulista; Modernismo
7
ABSTRACT
During Juscelino Kubitscheck´s administration (1956-61) a Plan of Goals was
established to develop the industrial sector in the country. As a result, the Brazilian
industrial architecture flourished driven by the development policy. Information on this
Brazilian industrial architecture and its evolution are scarce. This dissertation aims to
contextualize the Paulista Industrial Architecture in contemporary times, considering
the components of an industrial architectural project, a brief historical survey of the
theme, in the state of São Paulo, in the country and in the international scenarios,
aspects of the productive process as well as technical, legal, normative and mainly
conditioning elements of the architectural design procedure itself will be considered.
Its objective is to present a panorama of the creation of this architectural typology in
the currently and to provide elements for knowledge or for other projects in this field.
As a methodology, it uses bibliographic research on the topics listed and in primary
sources, derived from the author's professional experience and analysis of
representative examples of industrial architecture. The work shows this architecture´s
transdisciplinarity, intending to glimpse future trends, in order to understand directions
of this production in the context of the Revolution 4.0, and contribute to future studies
and projects in the field.
Keywords: Industrial Architecture; Paulista Architecture; Modernism
8
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1: REGULADOR DE ESFERAS DE JAMES WATT .................................. 16
FIGURA 2: MÁQUINA A VAPOR DE JAMES WATT - 1859 ................................... 17
FIGURA 3: RECONSTRUÇÃO DA MÁQUINA DE FIAR MOVIDA À ÁGUA ........... 19
FIGURA 4: FÁBRICA TÊXTIL COM TEARES JACQUARD- 1900 .......................... 20
FIGURA 5: FACHADA DA FÁBRICA DE TURBINAS AEG .................................... 24
FIGURA 6: VISTA INTERNA DA FÁBRICA DE TURBINAS AEG ........................... 24
FIGURA 7: VISTA EXTERNA DA FÁBRICA FAGUS .............................................. 25
FIGURA 8: VISTA INTERNA DA FÁBRICA FAGUS ............................................... 26
FIGURA 9: TRANSPORTADORAS ENVIDRAÇADAS - FÁBRICA VAN NELLE ... 27
FIGURA 10: TRANSPORTADORAS ENVIDRAÇADAS - FÁBRICA VAN NELLE . 28
FIGURA 11: VISTA EXTERNA DA FÁBRICA VAN NELLE .................................... 28
FIGURA 12: FÁBRICA DA FORD - DETROIT ......................................................... 29
FIGURA 13: LINHA DE MONTAGEM NA PARTE EXTERNA - FÁBRICA FORD -
DETROIT................................................................................................................... 30
FIGURA 14: LINHA DE MONTAGEM FORD - INÍCIO SÉCULO XX ....................... 30
FIGURA 15: DESENHO DA FÁBRICA DA FIAT - TURIM ....................................... 31
FIGURA 16: FÁBRICA FORD - RIO VERMELHO - PROJETO ALBERT KAHN .... 32
FIGURA 17: REAL FÁBRICA DE FERRO IPANEMA .............................................. 34
FIGURA 18: FÁBRICA NO BRASIL - 1880 .............................................................. 36
FIGURA 19: ESTAÇÃO DA LUZ - 1930 ................................................................... 37
FIGURA 20: MOINHOS MATARAZZO - 1900 .......................................................... 38
FIGURA 21: INDÚSTRIAS DO CONDE SICILIANO - 1920 ..................................... 40
FIGURA 22: FÁBRICA CIA. JARDIM DE CAFÉS FINOS - SÃO PAULO - 1942 .... 42
FIGURA 23: DESENHO FÁBRICA DE PAPEL ONDULADO DOS IRMÃOS KLABIN
- 1953 ........................................................................................................................ 44
FIGURA 24: ASTEN DO BRASIL - GUARULHOS - DÉCADA DE 1950 ................. 45
FIGURA 25: VISTA AÉREA - FÁBRICA DA DKW VEMAG - VILA PRUDENTE- SÃO
PAULO - DÉCADA DE 1950 ................................................................................... 47
FIGURA 26: FÁBRICA DA DKW VEMAG - VISTA INTERNA - VILA PRUDENTE -
SÃO PAULO - 1956 .................................................................................................. 48
FIGURA 27: FÁBRICA DA DUCHEN - RODOVIA PRESIDENTE DUTRA -
GUARULHOS - SÃO PAULO - 1953 ........................................................................ 50
9
FIGURA 28: LABORATÓRIOS FARMACÊUTICOS ACHÉ - RODOVIA
PRESIDENTE DUTRA - GUARULHOS - SÃO PAULO - 1970 ................................ 52
FIGURA 29: GRÁFICO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO .......................................... 59
FIGURA 30: ILUSTRAÇÃO DOS ARRANJOS FÍSICOS ......................................... 61
FIGURA 31: FLUXOGRAMA BÁSICO INDUSTRIAL .............................................. 62
FIGURA 32: INDÚSTRIA PETROQUÍMICA ............................................................. 63
FIGURA 33: FLUXOGRAMA BÁSICO DE AEROPORTO ....................................... 64
FIGURA 34: FLUXOGRAMA DE PROCESSO ......................................................... 69
FIGURA 35: PROJETO BÁSICO DE IMPLANTAÇÃO ............................................ 72
FIGURA 36: EXEMPLO DE DIAGRAMA PARA IMPLANTAÇÃO ........................... 74
FIGURA 37: EXEMPLO DE DIAGRAMA PARA PRÉDIO PRINCIPAL ................... 79
FIGURA 38: ESCRITÓRIO ADMINISTRATIVO ....................................................... 84
FIGURA 39: SALÃO DO REFEITÓRIO .................................................................... 87
FIGURA 40: DEPÓSITO DE PRODUTO ACABADO ............................................... 89
FIGURA 41: EXEMPLO DE OFICINA DE MANUTENÇÃO...................................... 91
FIGURA 42: SALA DE CIRURGIA ........................................................................... 94
FIGURA 43: EXEMPLO DE PLANTA DE SUBESTAÇÃO DE ENTRADA DE
ENERGIA .................................................................................................................. 97
FIGURA 44: VISTA DAS ESFERAS DE ARMAZENAMENTO DE GLP NA
REFINARIA DE CUBATÃO .................................................................................... 101
FIGURA 45: FLUXOGRAMA SIMPLIFICADO DE ETE ......................................... 102
FIGURA 46: VISTA DO PIPE WAY DA REFINARIA DUQUE DE CAXIAS ........... 104
FIGURA 47: CORES PARA PINTURA DE TUBULAÇÃO ..................................... 105
FIGURA 48: PONTE ROLANTE EM GALPÃO INDUSTRIAL ................................ 111
FIGURA 49: EXEMPLO DE LIGAÇÕES EM ESTRUTURA METÁLICA ............... 112
FIGURA 50: ESTRTURA METÁLICA NO GALPÃO INDUSTRIAL ....................... 113
FIGURA 51: INSTALAÇÕES DENTRO DE INDÚSTRIA ....................................... 118
FIGURA 52: FÁBRICA PROJETADA COM CONCEITOS SUSTENTÁVEIS ........ 125
FIGURA 53: VISTA INTERNA DE FÁBRICA PROJETADA COM CONCEITOS
SUSTENTÁVEIS ..................................................................................................... 127
FIGURA 54: IMPLANTAÇÃO DE FÁBRICA PROJETADA COM CONCEITOS
SUSTENTÁVEIS ..................................................................................................... 128
FIGURA 55: ROBÔS EXECUTANDO TAREFAS EM FÁBRICA DE VIDROS ...... 131
10
FIGURA 56: AUTOMAÇÃO EM FÁBRICA SUSTENTÁVEL ................................. 132
FIGURA 57: PARTICIPAÇÃO DA INDÚSTRIA NO PIB BRASILEIRO ................. 134
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 12
2 A INDÚSTRIA, O MODERNISMO E A ARQUITETURA INDUSTRIAL ......... 15
2.1 CONTEXTUALIZANDO A ARQUITETURA DE INDÚSTRIAS EM SÃO
PAULO ...................................................................................................................... 34
2.2 ARQUITETURA MODERNA INDUSTRIAL E A CONTINUIDADE ................ 44
3 O PROJETO ARQUITETÔNICO E O PROCESSO INDUSTRIAL ................. 57
3.1 O PROCESSO INDUSTRIAL ......................................................................... 59
3.2 AS CLASSIFICAÇÕES DAS INDÚSTRIAS .................................................. 65
3.3 AS CONDICIONANTES DO PROJETO ARQUITETÔNICO INDUSTRIAL ... 68
3.3.1 AS PARTES DE UM PROJETO DE ARQUITETURA INDUSTRIAL ............. 71
3.4 AS CONSTRUÇÕES E ACABAMENTOS ................................................... 108
3.4.1 SISTEMAS ESTRUTURAIS ......................................................................... 109
3.4.2 FECHAMENTOS E ACABAMENTOS ......................................................... 115
3.5 INSTALAÇÕES ............................................................................................ 118
4 ARQUITETURA INDUSTRIAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL . 120
4.1 NORMAS E LEGISLAÇÃO .......................................................................... 121
4.2 PROJETOS SUSTENTÁVEIS ..................................................................... 124
4.3 INDÚSTRIA QUATRO PONTO ZERO (4.0) E ARQUITETURA INDUSTRIAL
.......................................................................................................................130
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 136
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 139
12
1 INTRODUÇÃO
Em 1950, o Brasil ainda não tinha um pátio industrial totalmente consolidado.
A produção industrial era restrita e representava uma participação aproximada de
11,4% no Produto Interno Bruto (PIB) (FIESP, 2017, p. 6). O Presidente Juscelino
Kubitscheck ao assumir o governo (1956) implementou o Plano de Metas visando ao
desenvolvimento do país em diversos setores, após a realização de um diagnóstico
da economia brasileira onde se pôde identificar os pontos críticos: transporte, energia,
agricultura e indústria. Foi dado, a partir de então, um impulsionamento na área
industrial (VERSIANI; SUZIGAN, 1990, p.15). Com o estímulo da política
desenvolvimentista, a indústria brasileira disparou, inclusive a indústria da construção
civil. Entre as propostas do governo de Kubitschek, a Nova Capital Federal, “Brasília
foi uma das alavancas da sua gestão” (SEGAWA, 2002, p.123) e também da
arquitetura moderna brasileira.
Esta dissertação, cujo tema é a sistemática de elaboração do projeto de
Arquitetura Industrial, contemporânea, paulista, apresentando a forma de ordenar os
elementos, dispositivos e restrições no projeto do edifício industrial e áreas auxiliares,
suas partes integrantes, formas de construção e materiais utilizáveis em geral,
ancoradas na atuação profissional da autora em cerca de 33 anos, trabalhando para
empresas de consultoria de engenharia e arquitetura, projetando indústrias e outros
empreendimentos de grande porte.
. Ela foi estruturada da seguinte forma:
• O Capítulo 2, “A INDÚSTRIA, O MODERNISMO E A ARQUITETURA
INDUSTRIAL”, contextualiza a arquitetura produzida para acolher o
processo e a produção industrial, abrangendo de forma sucinta as
modificações ocorridas na arquitetura de indústria no decorrer do tempo,
com o fim de abrigar a evolução das técnicas de produção e os conceitos
sociais e de arquitetura que se expandiram desde a Revolução
Industrial, na Europa e, em seguida, no Brasil, principalmente, em São
Paulo, transcorrendo até a atualidade, passando pela Arquitetura
Moderna Industrial, onde é traçado um paralelo entre o Modernismo e a
Arquitetura de Indústria.
• O Capítulo 3, “O PROJETO ARQUITETÔNICO E O PROCESSO
INDUSTRIAL”, apresenta as tipologias de processos industriais, suas
13
condicionantes na produção do projeto de arquitetura para indústrias,
características das edificações principais e auxiliares, cita sistemas
estruturais, possíveis materiais de construção e acabamentos e outros
tipos de edifícios, com fins diversos, que se baseiam nos fluxos de
arquitetura industrial para gerar seus traçados.
• O Capítulo 4, “ARQUITETURA E DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL”, trata da implantação da arquitetura para indústrias e
sua relação com o meio ambiente, contemplando normas, legislação,
sustentabilidade e a indústria 4.0.
O principal objetivo dessa dissertação é cotejar a arquitetura industrial
contemporânea, vislumbrando tendências futuras para abordar os componentes
necessários na elaboração de projetos de arquitetura para indústrias, desde as
premissas, o estabelecimento de um programa para atender às necessidades, até as
peculiaridades, servindo de base de informação para a produção desta tipologia
arquitetônica, e trazer a essência desta categoria de projetos para a historiografia da
arquitetura paulista.
No século XXI, a chamada Revolução 4.0 desponta como um incitamento para
o campo da arquitetura que deve adotar premissas inovadoras e atender a novos
programas de necessidades, utilização de fontes de energia renováveis e materiais
inéditos, buscando soluções equilibradas e com princípios de desenvolvimento
sustentável.
A metodologia do presente trabalho foi baseada em fontes secundárias de
diversas áreas do conhecimento: economia, história geral e do Brasil e história da
arquitetura moderna, com ênfase na arquitetura industrial nos contextos internacional
e nacional, além de publicações técnicas ligadas ao tema, sistematização das etapas
de um projeto arquitetônico industrial, seleção de exemplares representativos da
produção arquitetônica industrial paulista contemporânea e desenvolvimento dos
textos. O método utilizado também foi embasado em fontes primárias e dados a partir
da vivência da autora na elaboração e gerenciamento de projetos desta tipologia.
A maioria das pesquisas acadêmicas realizadas sobre Arquitetura Industrial
compreende relatos históricos, ainda sendo escassos materiais com a especificidade
técnica. Desta forma, pretende-se com esta dissertação contribuir com um material
14
técnico, inclusive quanto à relevância das transformações decorrentes pela
denominada Revolução 4.0, que possibilite novas investigações sobre este tema e
sirva de referência para as futuras gerações de arquitetos que venham realizar
trabalhos acadêmicos ou profissionais nesta área.
15
2 A INDÚSTRIA, O MODERNISMO E A ARQUITETURA INDUSTRIAL
Na década de 1780, como fala Hobsbawm (2014, p.59, 63), foram “retiradas as
correntes do poder produtivo das sociedades humanas, tornando rápida a capacidade
de multiplicação de homens, mercadorias e serviços”, conhecido pelos economistas
como a “partida para o crescimento autossustentável”. A Grã-Bretanha possuía as
condições sociais, políticas e econômicas adequadas para proporcionar as bases de
uma sociedade industrial. Em suas palavras:
Nenhuma sociedade anterior tinha sido capaz de transpor o teto que uma estrutura social pré-industrial, uma tecnologia e uma ciência deficientes, e consequentemente o colapso, a fome e a morte periódicas impunham à produção (HOBSBAWM, 2014, p.59).
O desenvolvimento das forças produtivas é o componente decisivo da evolução
social, onde causa e efeito agem um sobre o outro indefinidamente, é o que afirma
Gama (1985, p.152). Gama ainda reforça:
É preciso descobrir nas coisas feitas o como foram feitas. Essa descoberta permite (ou possibilita) vincular a uma determinada época econômica, por amarração direta ou por critérios excludentes, as coisas feitas [...]. A tecnologia moderna é a ciência do trabalho produtivo (GAMA, 1986, p.185).
Presume-se que a Revolução Industrial tenha tido o impulso necessário a
partir do regulador de esferas de James Watt (FIGURA 1), 1763-65, que determina a
pressão nas caldeiras, numa máquina a vapor (FIGURA 2).
16
FIGURA 1: REGULADOR DE ESFERAS DE JAMES WATT
FONTE: DORF, Richard C.; BISHOP, Robert H. Sistemas de Controle Modernos. Rio de Janeiro: LTC, 2009. p.4.
[...] Filho de um carpinteiro escocês, James Watt, a par de grande habilidade manual e certa inclinação para os estudos não tinha muito jeito para os negócios. Por isso mesmo, aceitou o emprego de construtor de aparelhos e instrumentos científicos na Universidade de Glasgow. Era o ambiente ideal para ele, pois podia exercer suas extraordinárias habilidades manuais e estabelecer relações com a brilhante inteligência dos cientistas escoceses [...] Watt concebeu sua primeira ideia revolucionária para a máquina a vapor. [...] Esse aperfeiçoamento concebido em 1763 e 1765 é patenteado só em 1769. (KATINSKY, 1997, p.50)
O dispositivo de Watt, que propulsiona a Revolução Industrial, acarretou
diversas modificações nos padrões de vida, no habitar, nos espaços de trabalho, nas
cidades.
A fábrica é o que pensamos de imediato quando tocamos neste tema, mas as
repercussões foram profundas e trouxeram na bagagem inúmeras alterações: nos
transportes com estrada de ferro, navios a vapor, e outros motores para a produção
serial, como o tear a vapor; alterações sociais com novas formas de trabalho e o
surgimento do operário urbano; outras formas de viver e se projetar cidades; “estas
transformações afetaram poderosamente a vida humana e abriram novas
17
possibilidades de escolha na ordenação de nosso destino coletivo”(BANHAM, 1975,
p. 11).
FIGURA 2: MÁQUINA A VAPOR DE JAMES WATT - 1859
FONTE: PEREZ, Nicolas. Máquina de Vapor. [s. l.]. 27 ago. 2004. Fotografia. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Maquina_vapor_Watt_ETSIIM.jpg. Acesso em: 03 abr. 2019.
A operação fabril já existia antes da Revolução Industrial, em algumas
atividades, de forma não expressiva, tanto no Oriente como no Ocidente, sendo que
neste último teve uma evolução lenta até chegarmos no que chamamos de ‘Revolução
Industrial’ propriamente dita.
Seus efeitos sobre o pensar e o sentir foram tão graves que ainda hoje não podemos avaliar a profundidade com que penetraram na natureza mesma do homem e as grandes mudanças desencadearam [...] ela tomou conta, por completo, do homem e do seu mundo. (GIEDION, 2004, p. 190).
O aparecimento desta nova atividade trouxe novas tipologias de edifícios, de
transportes, de planejamento urbano, de formas de gestão, de organizações de
trabalhadores, influenciou o campo da saúde laboral, segurança e até mesmo política.
Quando falamos de tipologia de edifícios que surgiram, podemos considerar desde a
18
parte formal e plástica até edificações para atender novas funções, por exemplo, aos
novos meios de transportes que despontaram, tais como: estações ferroviárias,
rodoviárias e até aeroportos, elencando estes dentro dos novos tipos que afloraram.
A Revolução Industrial definiu os rumos do Capitalismo Ocidental como
entendemos hoje. Esta oferta de produtos é proporcional ao contingente populacional
que os adquire e os consome e colaborou para a implantação de parques industriais
em diversos países, de acordo com as políticas econômicas de cada lugar.
Muitas tecnologias contribuíram para esta revolução doméstica mas, muitas delas produzem em nós um impacto sob a forma de pequenas máquinas – barbeadores, máquinas de cortar e secadores de cabelo; rádio, telefone, vitrola, gravadores e televisão; misturadores, amoladores, fogões automáticos, refrigeradores, aspiradores de pó, máquinas de polir...Uma dona de casa sozinha, frequentemente dispõe hoje de mais cavalos de força do que tinha um trabalhador na indústria no começo do século. (BANHAM, 1975, p. 13).
Os projetos das edificações fabris acompanharam a evolução sucessiva de
tecnologias, além das mudanças de pensamento decorrentes das alterações sociais.
Atravessaram-se períodos de guerras mundiais, desenvolvimentos e crises
econômicas, se ajustando aos momentos e aos requisitos de cada período.
As velocidades mecânicas desencadearam a indústria. Esta instalou-se ativa e desordenadamente nestes locais preexistentes porque aí se podiam encontrar minérios, abastecimentos e mão de obra, assim como os mil recursos sociais que uma concentração humana sempre proporciona. A inundação gigantesca do primeiro ciclo maquinista teve por consequência a congestão destas cidades. (LE CORBUSIER, 1969, p.8)
Inicialmente, no século XVIII, o projeto das edificações industriais era uma
realização de engenharia, só posteriormente os arquitetos começaram a elaborar
ornamentações nas fachadas.
As primeiras fábricas eram monoespaciais (século 18), ou seja, eram obras isoladas, onde todas as etapas e atividades de transformação se davam num único ambiente[...] Suas paredes eram em geral feitas de pedra, a cobertura de estrutura de madeira em duas águas e, normalmente, tinham péssimas condições de higiene, ventilação e luminosidade.(SANTOS, 2006, p. 18, 20).
Esta condição foi modificada ao longo do tempo, de acordo com tecnologias
que se sucederam e as necessidades construtivas para abrigá-las, tais como as
fábricas verticalizadas, em diversos pavimentos, que propiciavam a utilização da
energia hidráulica e maior aproveitamento da transmissão pelo eixo vertical, conforme
explica Santos (2006, p. 20). As indústrias utilizavam as rodas d´água e para isso
precisavam ser construídas junto aos rios, que também transportavam as suas
19
mercadorias e ainda, se baseavam nas formas utilizadas em habitações para
conceber edificações fabris (FIGURA 3).
FIGURA 3: RECONSTRUÇÃO DA MÁQUINA DE FIAR MOVIDA À ÁGUA
FONTE: ADDIS, B. Edificação: 3000 anos de Projeto, Engenharia e Construção, Tradução: Alexandre Salvaterra. Porto Alegre: Bookman, 2009. p.263.
O advento da máquina a vapor, por Watt, trouxe profundas alterações, mas
conforme Munce (1960, p.3), “o desejo dos proprietários das fábricas em economizar
significou tetos baixos, o espaço da janela foi reduzido ao mínimo, ventilação
inexistente e iluminação totalmente inadequada”1.
Com o surgimento do tear automático, Padin (2009, p. 14) expõe que se tornou
necessária a construção de salas de produção mais longas e com menor número de
interferências internas (FIGURA 4). A construção passa a utilizar o ferro fundido,
alvenaria de tijolos e surge o lanternim na cobertura, as fábricas começam a ser
localizadas junto às ferrovias e novos arranjos urbanos surgiram ao longo das
estradas de ferro e estações.
1 Do original: “the desire the factory owner to economize meant low ceilings, window space was reduced
to a minimum; ventilation was non-existent and lighting totally inadequate”. Tradução Nossa.
20
FIGURA 4: FÁBRICA TÊXTIL COM TEARES JACQUARD- 1900
FONTE: SCIENCE MUSEUM/SCIENCE AND SOCIETY PICTURE LIBRARY. Jacquard looms weaving muslin, 1900. Reino Unido, 2017. Fotografia. Disponível em:
http://www.makingthemodernworld.org.uk/stories/manufacture_by_machine/01.ST.01/?scene=10. Acesso em: 13 mar. 2019.
NOTA: Os vãos maiores começam a ser vencidos com aço, para isso se utilizava os trilhos de trens, precursores do perfil “I”.
Com o uso do ferro fundido, a partir do século XVIII [...] A construção generalizada de fábricas pelo mundo fez com que a tipologia industrial se desenvolvesse rapidamente, sendo muito rico o conjunto das variações e recorrências formais (tipologias), usadas para abrigar os diversos processos produtivos que surgiram ao longo da afirmação do sistema fabril. Com o ferro fundido, houve não só a difusão da arquitetura Industrial, mas da primeira Arquitetura Internacional. [...] com a longa chaminé da caldeira a vapor, a cobertura em sheds, ferro fundido na estrutura e extensas paredes de tijolos maciços sem revestimento afirmam-se as fábricas como elemento destacado na paisagem e do ambiente urbano (SANTOS, 2006, p. 21).
Segundo Frampton (2003, p.25, 29), as ferrovias surgem e no início do século
XIX, a evolução da seção do trilho resultou na viga “I”, mais larga na base que no topo
e a mesma passa a ter uso estrutural depois de 1854, seguida de evolução técnica,
experienciada para cobrir grandes vãos. Resgatando Benjamin, Frampton relata que
os trilhos das vias férreas foram utilizados nas estruturas de construções de galerias,
salões de exposições, estações ferroviárias e outros edifícios com finalidades
transitórias, exceto em moradias; a própria arquitetura fabril do início do século XIX
21
utilizou esta estrutura de ferro em armazéns de tijolos de vários pavimentos, como
forma de resistir melhor a eventuais incêndios. O uso destas estruturas de ferro junto
com o envidraçamento modular propiciou a pré-fabricação de edificações como:
mercados, galerias, entre outros, levando os países industrializados a exportarem
esses kits edificáveis para o mundo inteiro.
Benjamin (2018, p.54), em “Paris capital do século XIX”, descreve as galerias
comerciais francesas sobretudo como locais que comercializam “mercadorias de
luxo”. As galerias eram vias cobertas com telhados e claraboias de aço e vidro que,
na visão de Benjamin, seriam como cidades em miniatura. Elas surgiram
simultaneamente ao emprego do ferro na construção civil, o primeiro material artificial
utilizado na arquitetura. Nos primórdios, os trilhos dos trens tornaram-se os elementos
precursores do perfil “I” e foram utilizados como viga de sustentação. Benjamin
destaca ainda, que os arquitetos do tempo de Napoleão não “reconheceram a
natureza funcional do ferro, com o qual o princípio construtivo inicia sua dominação
na arquitetura”.
Para Benevolo (1976, p. 236) o arranha céu só foi possível com o aço na
arquitetura, que permitiu tanto as galerias quanto os arranha-céus que alteraram as
aparências das cidades ocidentais, cuja uma das primeiras amostras é o Home
Insurance Building (1885), em Chicago, projetado por Baron Jenney, engenheiro
formado em Paris, considerado o primeiro edifício com a estrutura completa de aço,
permitindo a construção de vários pavimentos em comparação à estrutura de paredes
portantes convencionais.
Ocorreram transformações no decorrer das décadas e, consequentemente,
surgiram soluções que apresentaram características mais humanizadoras na
concepção arquitetônica, preocupação com os ambientes de trabalho, somada ao
emprego do concreto armado, do vidro, do aço e da energia elétrica.
A Arquitetura Moderna trouxe novos conceitos que influenciaram diretamente
os projetos industriais. O conceito do racionalismo foi discutido por Argan nos
seguintes termos: ”1) um racionalismo formal, que possui seu centro na França e tem
à frente Le Corbusier; 2) um racionalismo metodológico-didático, que possui seu
centro na Alemanha, Bauhaus, e tem à frente W. Gropius; 3) um racionalismo
ideológico, o do Construtivismo soviético; 4) um racionalismo formalista, o do
Neoplasticismo holandês; 5) um racionalismo empírico dos países escandinavos, que
22
tem seu máximo expoente em Alvar Aalto; 6) um racionalismo orgânico americano,
com a personalidade dominante de Frank Lloyd Wright”. (ARGAN, 1992, p.264)
Cohen (2013, p.124) fala que Le Corbusier, a partir de 1924, trouxe: formas
puristas e funcionais, pilotis, terraço-jardim, planta livre, janela horizontal, fachada
livre, resultados das possibilidades que surgiram com o concreto armado, tais como:
“[...] luminosidade sem sombras difere do claro-escuro dos interiores tradicionais,
assim como a claridade das fábricas se distingue da penumbra das igrejas” (COHEN,
2013, p.127).
A questão social determinou funções e conceitos nos projetos, inclusive os
fabris como fala Le Corbusier:
Oficinas, fábricas, unidades industriais[...]ferramentas exatas submetidas às regras da biologia humana, assim como às dos transportes e da circulação. Estas ferramentas garantem a mais rápida e cuidada execução do trabalho e permitem a chegada e a partida dos materiais ou dos objetos fabricados; são obrigadas a corresponder a indispensáveis condições de higiene; mas, mais do que isso, devem ajudar ao nascimento da alegria no trabalho[...]. Áreas de pavimentos iluminados: ar salubre, evacuação das poeiras, chegada e partida pontuais dos materiais e dos produtos. A oficina pode ser ocupada por uma, por cinco ou por cem pessoas. Pode estar situada na vila ou na cidade, destinada a trabalhos artesanais: trabalhos de conservação e de reparação, ou uma atividade muito especialmente criadora. A oficina faz parte da própria vida da comuna ou da cidade [...] A fábrica exige as mesmas condições, mas concebe-se numa escala muito diferente. Pode agrupar um número ilimitado de operários ou de operárias. No entanto, o edifício não aumentará sem obedecer a uma regra fornecida pelas condições de controle. O controle (dar ordens e verificar a sua execução) é, no fim de contas, confiado a uma única individualidade: um contramestre. A distância formada pelos passos que durante o dia ele terá de repetir sem cessar e o limite do alcance do seu olhar determinam exatamente, na sequência da experimentação, qual a superfície que ele está em condições de vigiar. Surgem aqui unidades de área, variáveis conforme as indústrias. (LE CORBUSIER, 1969, p.68-70)
Outros arquitetos vislumbraram soluções diferenciadas que influenciaram a
maneira de se projetar, inclusive indústrias. Frank Lloyd Wright idealizou uma
arquitetura orgânica, a conexão interior-exterior, o balanço do concreto armado,
aclamou o vidro como o material moderno (FRAMPTON, 2003, p.225-232). Frampton
(2003, p. 281 - 282) lembra que Mies van der Rohe foi de projetos baseados na
“assimetria informal à monumentalidade simétrica” originando um “método construtivo
extremamente racional”, com domínio da tecnologia presente.
A Arquitetura Moderna impactou a arquitetura de indústrias e Frampton (2003,
p. 303) chega a discutir a questão da definição de um Estilo Internacional, onde ele
explica que este Estilo foi não somente uma expressão de uma modalidade
arquitetônica cubista que se espalhara por todo o mundo desenvolvido na época da
23
Segunda Guerra Mundial e que se adaptava a diferentes condições climáticas. Se
inicia em 1925 e se estende até 1965, e apesar de não ter sido homogêneo nos
diversos exemplos, trata o projeto como uma caixa aberta, que “se adaptada às
diferentes condições climáticas e culturais”, “[...] favorecendo a técnica leve, materiais
sintéticos modernos e as partes modulares padronizadas, de modo a facilitar a
fabricação e a construção”. (FRAMPTON, 2003, p.303)
Como explana Santos (2006, p. 22), seguindo os preceitos da Arquitetura
Moderna, a Arquitetura Industrial soma-se à produção individual de diversos
arquitetos, entre eles Behrens, Gropius e Albert Kahn, bem como escolas e grupos,
que também contribuíram para as novas correntes arquitetônicas que despontaram,
tais como a Bauhaus, e que tiveram uma estreita relação com a indústria, de forma
marcante.
Para Munce (1960, p. V), no século XX, um aspecto preponderante da
arquitetura industrial é que deixa de ser um único prédio e passa a ser um grupo de
edificações compostas, com suas massas e inter-relações2. As edificações auxiliares,
tais como a oficina de manutenção, casa de força, etc., se separaram do prédio
principal, onde ocorre o processo de transformação fabril, matéria prima que vira
produto acabado.
Contemplando conceitos distintos na concepção de edificações industriais, o
funcionalismo do início do século XX, na Alemanha, e o Taylorismo (método
concebido pelo engenheiro estadunidense Frederick Winslow Taylor), com a
organização do processo de trabalho, influenciaram diretamente a forma de se pensar
a produção industrial e a arquitetura correlata.
Entre os significativos projetos desenvolvidos e que apresentam as
transformações ocorridas, Cohen (2013, p. 82) cita Behrens, e os projetos que fez
para a AEG (Allgemeine Elektrizitätsgesellschaft, Companhia Geral de Eletricidade),
ressaltando a Fábrica de Turbinas (FIGURAS 5 e 6), em 1908-09, onde estabelece um
contraste entre massa e transparência, num vasto pano de vidro. Tem início uma
preocupação com a humanização dos espaços de trabalho, que se intensifica
atualmente, sendo um assunto que trataremos no quarto capítulo.
2 Do Original: “the building group – with its questions of massing and interrelationships – is the great
problem of the twentieth”. Tradução Nossa.
24
FIGURA 5: FACHADA DA FÁBRICA DE TURBINAS AEG
FONTE: METALOCUS. Vista Exterior - Fábrica de Turbinas AEG. Madrid, 1910. Fotografia. Disponível em: https://www.metalocus.es/es/noticias/fabrica-de-turbinas-aeg-hito-de-la-
industrializacion/. Acesso em: 03 jun. 2018.
NOTA: Imensos panos de vidro surgem nas fachadas, trazendo luz aos espaços de trabalho.
FIGURA 6: VISTA INTERNA DA FÁBRICA DE TURBINAS AEG
FONTE: METALOCUS. Vista Interior - Fábrica de Turbinas AEG. Madrid, 1910. Fotografia. Disponível em: https://www.metalocus.es/es/noticias/fabrica-de-turbinas-aeg-hito-de-la-
industrializacion/. Acesso em: 03 jun. 2018.
NOTA: Grandes vãos passam a ser vencidos com estrutura metálica e a iluminação zenital traz uma luz natural para os espaços de trabalho.
25
Um dos primeiros exemplares e de grande importância para a Arquitetura
Moderna Mundial, a fábrica de sapatos Fagus (FIGURAS 7 e 8), projetada por Walter
Gropius e Adolf Meyer (entre 1911-13), é outra amostra significante da nova forma de
se pensar o ambiente de trabalho que estava em evolução, possui mais
transparências que a Fábrica de Turbinas AEG, do tipo “parede cortina”, com volume
retilíneo e fachada envidraçada, trazendo novas diretrizes para o projeto fabril. “A
imagem de um prédio modular, com formas bem acentuadas e adequado às
exigências de produção, anunciava o advento de uma nova era na arquitetura
industrial”. (COHEN, 2013, p. 83)
FIGURA 7: VISTA EXTERNA DA FÁBRICA FAGUS
FONTE: JANSSEN, Carsten. Das Fagus-Werk - Hauptgebäude (Frontale). [s. l.]. 2007. Fotografia 1000 x 600 x (135421 bytes). Formato jpeg. Disponível em:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Fagus_Gropius_Hauptgebaeude_200705_wiki_front.jpg. Acesso em: 03 abr. 2019.
Gropius aplica suas ideias na Fábrica Fagus, onde a transparência toma conta
do prédio em volume retilíneo, o concreto passa a ser utilizado nas colunas internas
junto com o tijolo escuro nas fachadas e esquadrias em perfis de aço. O exterior
mostra a lógica do edifício.
Gropius, utilizou no projeto da fábrica Fagus o preceito de que estações de trem, lojas de departamentos e fábricas não deveriam mais ser construídas como as de décadas anteriores e precisavam evoluir e se adaptar às dinâmicas sociais e culturais em mudança; melhorar as condições de trabalho
26
através do aumento da luz do dia, ar fresco e higiene aos trabalhadores, o que repercutiria na produção3. (PASCUCCI, 2018, tradução nossa).
FIGURA 8: VISTA INTERNA DA FÁBRICA FAGUS
FONTE: NEOMICRO, Werkbänke an denen die Leisten im Fagus-Werk handgefertigt werden. [s. l.], 19 abr. 2018, 15:36:29. Fotografia. 4,032 × 3,024 (2.1 MB). Formato jpeg. Disponível em:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Werkb%C3%A4nke_Leisten_Herstellung_Fagus_Werk.jpg. Acesso em: 03 abr. 2019.
NOTA: Ambiente claro, visão externa, bancadas organizadas com postos de trabalho.
Após a queda da bolsa de Nova York, em 1929, os arquitetos começam a
considerar o ambiente de trabalho, segundo Munce (1960):
No período entre guerras, a indústria e os prédios fabris continuaram a se desenvolver. A depressão do final dos anos 1920 e início dos anos 1930 tiveram um efeito profundo sobre toda a indústria, sendo os desenvolvimentos mais significativos do ponto de vista sociológico e técnico. O arquiteto foi forçado a considerar não apenas a criação dos edifícios, mas também os
3 Do Original: “In his lecture, ‘Monumental Art and Industrial Construction’, he explained that train
stations, departments stores, and factories should no longer be built like those from previous decades and needed to evolve to suit changing societal and cultural dynamics. Gropius emphasized the social aspect to architectural design, suggesting that improving working conditions through increased daylight, fresh air, and hygiene would lead to a greater satisfaction of workers, and therefore, increase overall production. These are the theories that would guide his design of the Fagus Factory”. Tradução Nossa.
27
processos que ocorrem dentro dele e o bem-estar, a saúde e a integridade dos trabalhadores4. (MUNCE, 1960, p.10, tradução nossa)
A Fábrica Van Nellen (FIGURAS 9, 10 e 11), de embalagem de tabaco, café e
chá, em Roterdam, Holanda, concluída em 1929, e projetada por Johannes Brinkman
e Leendert Van der Vlugt, com cooperação de Mart Stam é um exemplo dessas novas
características, foi criada com objetividade, funcionalismo e preocupação com a
produção e com o bem-estar do trabalhador.
uma estrutura de concreto armado e colunas em forma de cogumelo[...] a estrutura e os sistemas de movimento eram explicitamente revelados, ainda que, naturalmente, num processo de embalagem, os agentes motores não fossem elevadores, mas esteiras envidraçadas que corriam diagonalmente, entre o muro de vedação do setor de embalagem e o armazém do canal (FRAMPTON, 2003, p. 162-163).
FIGURA 9: TRANSPORTADORAS ENVIDRAÇADAS - FÁBRICA VAN NELLE
FONTE: THE WORLD LARGEST ARCHITECTURE ENCYCLOPEDIA. Van Nelle Factory. [s. l.], [2018]. Fotografia. Disponível em: https://en.wikiarquitectura.com/building/van-nelle-factory///. Acesso
em: 16 mar. 2019.
4 Do Original: “the slump and depression of the late 1920´s and early 1930´s had a profound effect upon
the whole of industry, the most significant developments being on the sociological and technical side. The architect was forced to consider not only the fabric of the buildings, but also the processes taking place within it, and the well-being, health, and morale of the workers”. Tradução Nossa.
28
FIGURA 10: TRANSPORTADORAS ENVIDRAÇADAS - FÁBRICA VAN NELLE
FONTE: THE WORLD LARGEST ARCHITECTURE ENCYCLOPEDIA. Van Nelle Factory. [s. l.], [2018]. Fotografia. Disponível em: https://en.wikiarquitectura.com/building/van-nelle-factory///. Acesso
em: 16 mar. 2019.
FIGURA 11: VISTA EXTERNA DA FÁBRICA VAN NELLE
FONTE: THE WORLD LARGEST ARCHITECTURE ENCYCLOPEDIA. Van Nelle Factory. [s. l.], [2018]. Fotografia. Disponível em: https://en.wikiarquitectura.com/building/van-nelle-factory///. Acesso
em: 05 jun. 2018.
NOTA: A transparência toma conta das fachadas e até das áreas transportadoras de produtos. De dentro da fábrica pode se visualizar o exterior, a luz solar, a paisagem.
Nos Estados Unidos, nos primeiros anos do século XX, o arquiteto Albert Kahn
projetou um sortimento de edificações industriais englobando técnica e os preceitos
29
do fordismo (idealizado por Henry Ford, em 1914), uma forma de se organizar o
processo industrial visando à produção de massa, cujo reflexo é a adequação da linha
de montagem em esteiras rolantes, sendo muito aplicado na indústria automobilística.
Segundo Pancorbo Crespo e Martin Robles (2014, p.5, 6), as fábricas
projetadas por Kahn (FIGURAS 12,13,14 e 16) foram pensadas para crescer seguindo os
mesmos critérios de sua origem, sendo que as mesmas foram feitas com o foco no
estritamente necessário à produção, podiam ser ampliadas conforme a modulação do
projeto ou ainda se utilizar de áreas previstas na implantação do terreno que
permitissem novas instalações, conforme aumento no processo produtivo.
FIGURA 12: FÁBRICA DA FORD - DETROIT
FONTE: DETROIT PUBLISHING COMPANY. Ford Motor Company - Detroit, Michigan. Washington, [1920]. Fotografia. Vidro. 8 x10 in. Disponível em: http://loc.gov/pictures/resource/det.4a23964/.
Acesso em: 13 mar. 2019.
NOTA: A estrutura modular de concreto armado das vigas e pilares, com vãos preenchidos por tijolos e grandes caixilhos de ferro, propicia uma ampliação planejada, seguindo o mesmo modelo projetado
anteriormente.
30
FIGURA 13: LINHA DE MONTAGEM NA PARTE EXTERNA - FÁBRICA FORD - DETROIT
FONTE: NATIONAL ARCHIVES AND RECORDS ADMINISTRATION, RECORDS OF THE BUREAU OF PUBLIC ROADS. 1913 - Trying out the new assembly line. Detroit, 1913. Fotografia. Disponível em: https://www.archives.gov/exhibits/picturing_the_century/newcent/newcent_img5.html. Acesso em:
13 mar. 2019.
FIGURA 14: LINHA DE MONTAGEM FORD - INÍCIO SÉCULO XX
FONTE: VIVAN, André Luiz. Linha de Montagem para a Produção de Habitações em Light Steel Frame: Projeto e Otimização. 2016.Tese (Doutoramento em Estruturas e Construção Civil), Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2016. p.23.
Fotografia. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/306254428_Linha_de_Montagem_para_a_Producao_de_Ha
bitacoes_em_Light_Steel_Frame_Projeto_e_Otimizacao. Acesso em 18 mar. 2019.
NOTA: A estrutura modular favorecendo grandes vãos e abrigando a linha de montagem demarcada com pavimento em concreto e o restante do piso em lajota cerâmica.
31
A solução da fábrica da Ford, realizada nos Estados Unidos influenciou a
concepção da Fábrica da Fiat (Figura 15), no bairro de Lingotto, em Turim, Itália.
Projetada por Giácomo Mattè-Trucco, entre 1916 e 1923, de preceitos futuristas, em
estrutura modular e com a linha de montagem finalizada na cobertura, servindo de
pista de teste. (COHEN, 2013, p.200). Le Corbusier elogiou o edifício na L´Esprit
Nouveau, o chamando de “‘navio’ industrial de 800 metros de extensão por sua ‘forma
clara’, ‘simplicidade’, ‘ordem’ e ‘tensão moral’” (COHEN, 2013, p.200).
FIGURA 15: DESENHO DA FÁBRICA DA FIAT - TURIM
FONTE: DGTMEDIA - SIMONE, Rappresentazione artistica dello stabilimento del Lingotto nel
1928. [s. l.], 7 jul. 2008. Fotografia. 862×524×8 (337296 bytes). Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Fiat_Lingotto_veduta-1928.jpg. Acesso em 05 jun. 2018.
NOTA: A modulação estrutural e as esquadrias preenchendo os vãos seguem os preceitos de Albert Kahn.
Segundo Munce (1960, p.42), a partir dos anos 1930, nos Estados Unidos
foram projetadas grandes unidades fabris, com possibilidade de flexibilização de
espaços e com reservas de áreas para ampliação5. A disposição das edificações
industriais no lote já deixava espaço previsto para expansão a partir da necessidade
de crescimento da produção que poderia requerer, eventualmente, a duplicação de
5 Do Original: “This is because new methods of production are constantly evolved, and factories must
therefore be flexible”. Tradução Nossa.
32
linhas de fabricação e montagem, espelhando nas dimensões dos prédios. O arquiteto
Albert Kahn projetava as fábricas com modulações, considerando eventuais futuras
ampliações e contava com um grupo de especialista, inclusive engenheiro de
processo6 (MUNCE, 1960, p.40) (Figura 16).
FIGURA 16: FÁBRICA FORD - RIO VERMELHO - PROJETO ALBERT KAHN
FONTE: COLLECTION OF THE HENRY FORD. Ford Motor Company´s River Rouge Plant. Dearborn, 1931. Fotografia. Disponível em:
http://www.autolife.umd.umich.edu/Labor/L_Overview/Rouge_Plant2.htm. Acesso em 13 mar. 2109.
Enquanto em países como Inglaterra, França, Alemanha e Estados Unidos a
Arquitetura Moderna Industrial prosperava, no Brasil, ela chegará apenas nos anos de
1950. No cenário internacional, o projeto de arquitetura para indústrias adquiria uma
evolução expressiva, tanto no contexto do conceito a ser utilizado no edifício e seus
espaços, quanto nos métodos construtivos e técnicas empregadas para a construção,
no Brasil, ao contrário, o modelo de edificação fabril engatinhava devido aos anos de
restrição de implantação de fábricas no solo da colônia brasileira, impostos pela coroa
6 Do Original: “Kahn realized that the ideal factory could be achieved only by the integration and
collaboration of the specialist groups, including process engineers”. Tradução Nossa.
33
portuguesa, desde o “alvará de 1785, que proibia a fabricação de qualquer produto na
Colônia” (GOMES, 2014, p. 189)
Portugal, ainda na época da mudança da sede do reino unido português para
o Brasil, em 1808, não havia se inserido nas alterações provenientes na Revolução
Industrial. “Numa época em que a Revolução Industrial britânica começava a redefinir
as relações econômicas e o futuro das nações, os portugueses ainda estavam presos
ao sistema extrativista e mercantilista [...]” (GOMES, 2014, p. 54).
Discutiremos a seguir a Revolução Industrial e a evolução da Arquitetura
Industrial em São Paulo.
34
2.1 CONTEXTUALIZANDO A ARQUITETURA DE INDÚSTRIAS EM
SÃO PAULO
No Brasil Colônia a fabricação se resumia basicamente à produção de açúcar
nos engenhos e mineração, sendo outras atividades artesanais e manufatureiras de
caráter acessório e secundário, conforme Hardman e Leonardi (1991, p.22-23). A
indústria naval também teve algum desenvolvimento, até a assinatura do alvará
restritivo de 1785, tendo se iniciado a partir de reparos feitos em navios em trânsito e
chegando até a construção de embarcações maiores, tanto na Bahia, quanto no Rio
de Janeiro.
Os reflexos da Revolução Industrial europeia teriam chegado no Brasil apenas
em 1808, somente após a concessão de liberdade ao comércio e indústria em terra
brasileira, assinada por D. João VI e que revogou o Alvará de 1785, que proibia
qualquer fabricação no Brasil. Começaram então a despontar algumas fábricas como
a de ferro, em Minas Gerais, em 1811 e a Real Fábrica de Ferro de São João de
Ipanema (FIGURA 17), em Sorocaba-SP, em 1814, conforme Gomes (2014, p.189).
FIGURA 17: REAL FÁBRICA DE FERRO IPANEMA
FOTO: Bodegraven, Leda. Real Fábrica de Ferro Ipanema. Sorocaba (SP). 13 out. 2018
NOTA: Operou até 1895. Em tijolo de barro estrutural e cobertura com vigas de madeira e telhas
cerâmicas.
35
No entanto, de acordo com Hardman e Leonardi (1991, p. 28), o tratado de livre
comércio que a Inglaterra assinou com D. João VI em 1810, impedia a implantação
de indústrias para não competir em preço e qualidade com a Inglaterra. A incipiente
indústria se instala em solo brasileiro ao lado de latifúndios e de um regime escravista,
as cidades populosas se distanciavam muito entre elas, gerando poucos
consumidores ativos. A partir de 1840, começam a se estabelecer no país, fábricas
têxteis com máquinas importadas e trabalhadores livres. Após a Abolição dos
Escravos, em 1888, e o início da sociedade do trabalho assalariado, com a República
(1889), o Brasil passa a ter intensa imigração de europeus, que forneceu mão de obra
para a indústria, ao mesmo tempo que são consumidores da produção, devido seu
trabalho remunerado, além de terem contribuído para o desenvolvimento urbano.
(HARDMAN; LEONARDI, 1991, 29-40). Segundo Dean (1991), a transformação social
proporcionou a origem das primeiras fábricas, bem como deflagra o estilo urbano de
vida, em suas palavras:
As primeiras fábricas também se viram incalculavelmente beneficiadas pela transformação social já operada pelo café, em particular pela presença não só de uma mão-de-obra, assim imigrantes como nativa, afeita à necessidade do trabalho constante, mas também de um quadro de técnicos e contramestres contratados na Europa para superintender as plantações ou construir estradas de ferro, ou treinados nos novos institutos de educação superior de São Paulo.[...] A razão mais óbvia da preponderância de imigrantes no comércio, muito embora não explique a propensão deles para a manufatura, é a ausência quase completa de um quadro de paulistas nativos com um estilo urbano de vida [...] a classe operária da metrópole se constituía, na maior parte de imigrantes. (DEAN, 1991, p.15, 58-59)
Segundo Rodrigues (2011. p. 161), apenas no fim do século XIX, surgem, na
capital paulista, os primeiros galpões construídos com o objetivo de abrigar
instalações industriais (FIGURA 18), com máquinas, equipamentos e operários. Em
geral, eram edificações construídas com alvenaria portante de tijolos à vista, com
pequenas janelas laterais para iluminação, e cobertura com tesouras de madeira e
telhas francesas importadas.
Pouco antes da Proclamação da República (1889), São Paulo começa a
implantar sua malha ferroviária, iniciando em 1867 a São Paulo Railway, que circulava
entre Santos e Jundiaí e em 1899 se estabelece em São Paulo a The São Paulo Light
and Power Company Limited. A ferrovia e a energia elétrica deflagraram a
industrialização em São Paulo, no final do século XIX, conforme Rodrigues (2011,
p.154). Antes da São Paulo Railway a exportação do café brasileiro se dava através
do Rio de Janeiro, segundo Santos (2006, p. 24).
36
FIGURA 18: FÁBRICA NO BRASIL - 1880
FONTE: FERREZ, Marc. Fábrica no Brasil. [s. l.], 1880. Fotografia. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Fabrica_brasil_1880.jpg. Acesso em 30 jun. 2018.
Ambas as iniciativas, energia e ferrovia, têm vínculo direto com a produção
cafeeira que, à época, era o sustentáculo da economia do país. Segundo Dean:
O comércio do café não gerou apenas a procura da produção industrial: custeou também grande parte das despesas gerais, econômicas e sociais, necessárias a tornar proveitosa a manufatura nacional. A construção de estradas de ferro proveio, toda ela da expansão do café [...] o porto de Santos foi igualmente um empreendimento do café [...]. As companhias elétricas foram, amiúde, organizadas por cafeicultores [...] as de São Paulo e Sorocaba foram construídas por empresas europeias e norte americanas, cuja esperança de lucro se fundava, pelo menos indiretamente, no café, isto é, no crescimento urbano funcionalmente dependente do comércio do café. (DEAN, 1991, p.14)
Segundo Rodrigues (2011, p.154), a localização de São Paulo foi premente,
por ser próxima ao porto de Santos, por onde se exportava café e chegavam produtos
importados, desta forma as indústrias que surgiram foram sendo implantadas ao longo
das estradas de ferro, que desempenharam um importante papel no escoamento da
37
produção agrícola e industrial (LANGEBUCH, 1971, apud RODRIGUES, 2011, p.155).
As ferrovias e os transportes fluviais colaboraram para espraiar edificações metálicas
pré-fabricadas e importadas da Europa, que chegavam por navios com todos os
materiais, projetos e mão de obra. Entre algumas obras notáveis de estrutura metálica
da segunda metade do século XIX e início do XX, fabricadas na Europa, importadas
e montadas no Brasil, estão: a Estação Ferroviária de Bananal, de 1888, a Estação
da Luz de 1901 (Figura 19), e o Viaduto Santa Efigênia, em São Paulo, de 1913
(CANTUSIO NETO, 2008, p.4-5).
FIGURA 19: ESTAÇÃO DA LUZ - 1930
FONTE: PRUGNER, Gustavo. In Arquivo Nacional. Estação da Luz. São Paulo, 1930. Fotografia. BR_RJANRIO_O2_0_FOT_0448_d0034de0058.
NOTA: Processo Civilizador Industrial, com toda a estrutura metálica importada, vencendo o vão sobre os trilhos.
São Paulo passava por grandes transformações desde o final do século XIX,
quando a elite cafeicultora paulista passa a investir na indústria, a energia a vapor
estava em substituição pela elétrica, havia transporte público, diversidade de
comércio, bancos e profissionais liberais, além de um grande fluxo migratório
(RODRIGUES, 2011, p.154). Toledo (2004, p.174-175) descreve os “Projetos para
uma Metrópole” os quais foram empreendidos na cidade durante aquele período,
38
enquanto Lemos, no capítulo “A cidade que a República encontrou”, retrata uma
cidade provinciana, ainda alheia à Revolução Industrial:
Para a cidade de São Paulo, o café, logo depois de chegado à zona campineira, trouxe novidades próprias da Revolução Industrial e, a partir de 1885, imigrantes em levas cada vez maiores, somente espancadas com a Grande Guerra de 1914. (LEMOS, 1999, p.14)
Maffei (1982, p.23) explica que o investimento no setor industrial tinha
participação do capital estrangeiro, em busca de novos mercados e do capital gerado
pela agricultura nacional, concentrado em algumas famílias.
Parte considerável da elite cafeeira passou a ter residência na capital e diversificou seus negócios, investindo nas atividades comerciais e fabris, a Sociedades Anônimas São Paulo, afirmou-se também como polo comercial e financeiro de grande influência. (SANTOS, 2006. p.24).
Ao mesmo tempo, Rodrigues (2011, p. 156, 161, 165) conta que muitos
industriais pesquisavam fora do país com a intenção de obter as melhores soluções
em espaço, funcionalidade e modulação estrutural, inclusive projetos obtidos a partir
de catálogos de fabricantes de máquinas ou mesmo o projeto inteiro era importado.
FIGURA 20: MOINHOS MATARAZZO - 1900
FONTE: CLARO, Alana. Moinho Matarazzo face oeste para a Rua Monsenhor Andrade. São Paulo, 7 set. 2016. Fotografia. 3 264 × 2 448 (2,07 MB). Disponível em:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Moinho_Matarazzo_1.jpg?uselang=pt-br. Acesso em: 06 abr. 2019.
39
Após a Primeira Guerra Mundial, as importações ficaram mais difíceis e a partir
da década de 1920 em diante os modelos construtivos foram otimizados,
aproveitando-se o tijolo e o concreto armado, este último introduzido por italianos,
franceses e alemães, com a utilização de melhores modulações e possibilitando vãos
maiores, embora o resultado plástico não tenha sido tão alterado, mas passam a ser
pavilhões mais amplos, com shed na cobertura, propiciando iluminação natural interna
(FIGURA 20). Os setores que mais se desenvolveram foram: o têxtil, o alimentício e o
de bens de consumo durável e como cita Santos (2006, p.24), a partir da década de
1930, São Paulo se tornou o maior parque industrial da América Latina. Conforme
Versiani e Suzigan (1990, p.12), o desenvolvimento industrial foi auxiliado pela
atuação estatal em proteção ao café, a partir do final da década de 1920, quando
despontou a crise do setor agrícola exportador na economia brasileira, incrementada
pelos efeitos da Grande Depressão, após a queda da bolsa de Nova York, em 1929.
Com a formação do mercado nacional, iniciado na década de 1930 até a
década de 1950, segundo Pintaudi e Carlos (1995, p.10), as indústrias se
concentraram na região metropolitana de São Paulo, intensificando seu
desenvolvimento urbano e ainda com “incipiente base técnica”.
De acordo com Reis Filho (1976, p. 84 – 86), as indústrias construídas no Brasil,
entre 1920 e 1940, eram situadas nos lotes urbanos de forma tradicional, alinhadas
no limite das calçadas e vias públicas, em geral em construções de galpões únicos
construídos em tijolos e com aparência de residência, com preocupações com os
detalhes das janelas posicionadas mais altas, independente do estilo ser acadêmico
(neoclássico), neocolonial ou moderno, procurando-se evitar a visão interna pelos
transeuntes no passeio público externo. Os telhados eram escondidos pelas
platibandas e as janelas eram utilizadas como elemento de decoração, embora
fossem utilizadas como forma de iluminação interna, formando um bloco retangular
alongado, como o exemplar das Indústrias do Conde Siciliano (FIGURA 21). Mesmo
interiores montados em estrutura metálica eram dissimulados pelas fachadas frontais,
em geral voltadas para a rua, tendo os fundos também definidos, seguindo o modelo
residencial de implantação e linguagem arquitetônica eclética.
40
FIGURA 21: INDÚSTRIAS DO CONDE SICILIANO - 1920
FONTE: PILAGALLO, Oscar, A Indústria: Fábrica de Chaminés de Ferro, São Paulo: Folha de São Paulo, 2012. 1.ed., COLEÇÃO FOLHA FOTOS ANTIGAS DO BRASIL; v.10
“O parque industrial erguia-se e raramente os engenheiros destacavam a
fachada de alguma fábrica, pois os estabelecimentos industriais representavam
simplicidade de construção” (RODRIGUES, 2011, p.163), embora alguns arquitetos
projetassem fachadas de fábricas, de forma decorativa, as edificações eram
consideradas ‘construções’ e não arquitetura no Brasil daquela época.
Mais tarde, entre fins da década de 1930 e meados dos anos cinquenta, o Estado passou a financiar e a investir diretamente no desenvolvimento de algumas indústrias de insumos básicos (siderurgia, mineração, álcalis, petroquímica) e a reforçar a infraestrutura (energia e transportes). É importante ressalvar, entretanto, que a ação do Estado em favor da industrialização nesse período não obedeceu a uma estratégia de desenvolvimento industrial. Isto só viria a ocorrer a partir da segunda metade da década de 1950 (VERSIANI; SUZIGAN, 1990, p.12).
No Primeiro quartel do século 20, a arquitetura paulista era predominantemente
eclética. A Arquitetura Moderna que vinha se desenvolvendo na Europa, desde o final
do século XIX e início do século XX, cujos membros da Bauhaus e Le Corbusier são
expoentes, só chegaria ao Brasil anos mais tarde, com Lúcio Costa (1930), no Rio de
41
Janeiro e Rino Levi (1925) e Gregori Warchavchik (1925) em São Paulo, até então a
linguagem arquitetônica era o ecletismo. Estes arquitetos foram autores dos primeiros
manifestos em defesa da arquitetura e urbanismo modernos ao mesmo tempo que
recusavam a arquitetura eclética. Como podemos observar no trecho de Costa:
Da mesma forma com a arquitetura contemporânea. Essa feição industrial que, erradamente, lhe atribuímos tem origem - além daqueles motivos de ordem técnica já referidos [...] A produção industrial tem qualidades próprias: a pureza das formas, a nitidez dos contornos, a perfeição do acabamento. Partindo destes dados precisos e por um rigoroso processo de seleção, poderemos atingir, como os antigos - com a ajuda da simetria - as formas superiores de expressão contando para tanto com a indispensável colaboração da pintura e da escultura [...] (COSTA, In: XAVIER, 1987, p.38, 39).
Havia três tendências na arquitetura europeia da época, chamadas por Magro
(1930 apud FICHER, 2005, p. 117) de “passadistas, futuristas e moderados”, cuja
futurista não utilizava ornamentos e tornava as edificações “frias, inexpressivas, sem
motivo de interesse, com feição, até certo ponto, antipática”, justificando a regressão
às formas clássicas por alguns que não se conectaram com o modernismo, embora a
casa modernista da Rua Santa Cruz, do Warchavchik já tivesse sido construída. Nesta
época, os projetos no Brasil, eram elaborados pelos engenheiros – arquitetos, cuja
Escola Politécnica, em São Paulo formava estes profissionais a partir de 1896
(FICHER, 2005, P.27, 41, 46, 184, 185). Em 1947, a Universidade Mackenzie criou a
Faculdade de Arquitetura, desvinculando a formação dos engenheiros e dos
arquitetos, segundo Alvim, Abascal e Abrunhosa (2017, p.15).
‘Observando as máquinas do nosso tempo, automóveis, vapores, locomotivas etc., nelas encontramos, a par da racionalidade da construção, também uma beleza de formas e linhas. Verdade é progresso e tão rápido que tipos de tais máquinas, criadas ainda ontem, já nos parecem imperfeitos e feios. Essas máquinas são construídas por engenheiros, os quais, ao concebê-las, são guiados apenas pelo princípio da economia e comodidade, nunca sonhando em imitar algum protótipo. Esta é a razão por que as nossas máquinas modernas trazem o verdadeiro cunho de nosso tempo’, segundo Warchavchik, (WARCHAVCHIK. In: XAVIER, 1987, p. 23).
Aos poucos estas soluções de arquitetura fabril foram se alterando, quanto a
uma iluminação mais adequada e até soluções mais voltadas para atender às
máquinas. Ainda, segundo Reis Filho (1976, p.86), a partir da década de 1940, surgem
fábricas com ajardinamento e uma maior preocupação arquitetônica. “Nessa categoria
pode ser incluído o projeto do arquiteto Rino Levi para a Fábrica da Companhia Jardim
de Cafés Finos (FIGURA 22), em São Paulo, onde já se indicavam as tendências que
em breve iriam nortear a arquitetura industrial no Brasil”.
42
FIGURA 22: FÁBRICA CIA. JARDIM DE CAFÉS FINOS - SÃO PAULO - 1942
FONTE: ARANHA, Maria Beatriz de Camargo, A obra de Rino Levi e a Trajetória da Arquitetura Moderna no Brasil. 2008. Tese (Doutoramento em Arquitetura e Urbanismo), Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008, p. 30. Fotografia. Cia. Jardim de Cafés Finos. 1942.
Conforme Vila Nova (2016, p.48-50), a partir da década de 1940, marcada pelo
nacionalismo do governo do Presidente Getúlio Vargas, tentou-se implantar indústrias
de base no Brasil, em geral num modelo estatal. Ao mesmo tempo, houve intensa
industrialização e urbanização no país, entre os anos de 1940 e 1960, de acordo com
Reis Filho (1976, p.87), momento em que a arquitetura moderna procurava se
aproveitar dos novos recursos provenientes do sistema industrial que despontava.
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda, segundo Dias
(1993, p.9), nasce em 1946, construída por empresas estrangeiras e instala uma
fábrica de estruturas metálicas (FEM), com o objetivo de utilizar a produção do seu
laminado e disseminar seu emprego. Dentro da FEM foi criado um curso de
detalhamento de estruturas metálicas, para estimular a nova tecnologia, formando
profissionais especializados e possibilitando os projetos de grandes edificações de
aço no Brasil, trazendo um novo material e uma nova técnica a ser explorada e
43
utilizada na arquitetura industrial, rápida, limpa e que permitiria diversas soluções
plásticas e de requisitos de programa de necessidades.
A conjuntura apresentava uma ampliação no campo da arquitetura industrial,
com inovações nas ideias, nos materiais e nas tecnologias a serem empregadas.
44
2.2 ARQUITETURA MODERNA INDUSTRIAL E A CONTINUIDADE
Após o final da Segunda Guerra Mundial, o Brasil recebe arquitetos
estrangeiros, na maioria advindos da Europa, que chegavam por aqui atraídos pela
vanguarda da arquitetura brasileira e a possibilidade de trabalho, como nos relata
Segawa (2002, p.134 -139), entre os quais há quem deixou exemplares de arquitetura
industrial, como no caso de Franz Heep e Rino Levi, que também elaboraram diversos
projetos desta tipologia. Apesar desta vanguarda da arquitetura moderna brasileira ter
se concentrado na então capital da República, Rio de Janeiro, São Paulo apresentava
mais oportunidades aos arquitetos, devido ao seu arrojo econômico na época.
FIGURA 23: DESENHO FÁBRICA DE PAPEL ONDULADO DOS IRMÃOS KLABIN - 1953
FONTE: BARBOSA, Marcelo C., Adolf Franz Heep: Um arquiteto Moderno. São Paulo: Editora Monolito, 1.ed., 2017, p. 123.
45
FIGURA 24: ASTEN DO BRASIL - GUARULHOS - DÉCADA DE 1950
FONTE: BARBOSA, Marcelo C., Adolf Franz Heep: Um arquiteto Moderno. São Paulo: Editora Monolito, 1.ed., 2017, p. 123.
No panorama que tange a arquitetura industrial brasileira, vemos que várias
tentativas de planejamento de desenvolvimento industrial foram elaboradas pelo
governo brasileiro, atreladas a uma tentativa de progresso econômico, criando-se
conselhos sucessivos, carteiras de crédito, comissão mista com os Estados Unidos
para diagnóstico econômico, desencadeando na criação do BNDE (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico), nos anos que antecederam a década de 1950.
Outra iniciativa foi o Estado ter participado diretamente na implantação de indústrias
de base e geração de energia elétrica, embora não tenha sido implementada uma
política industrial, propriamente dita, mas foram realizados planejamentos
estratégicos de objetivos, através do Plano de Metas (1956-1960) (VERSIANI;
SUZIGAN, 1990, p.13-15). O governo do presidente Getúlio Vargas (1930 - 1945)
criou, além do Ministério do Trabalho, um conjunto de medidas e leis que vieram
contribuir para o modelo de indústria que surgiu nas décadas seguintes, embora as
intervenções do governo no ambiente econômico, segundo Dean (1971, p.219), não
tinham como propósito acelerar o processo da industrialização. Somente no Estado
Novo (1937- 1945), o período da Ditadura de Getúlio Vargas, houve uma reorientação
política do governo para o desenvolvimento da indústria (DEAN, 1971, p.230).
Entre os anos de 1951 e 1952 começaram a se formar as primeiras turmas das
Faculdades de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie e
46
da Universidade de São Paulo, fundadas respectivamente em 1947 e 1948, ampliando
assim, o número de profissionais arquitetos disponíveis para o estado paulista e para
o país.
Na década de 50, havia cursos de arquitetura no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Recife, Salvador e Porto Alegre. Esses centros, até meados dos anos 70, eram os principais formadores e irradiadores de profissionais para todo o Brasil. (SEGAWA, 1988, p.9)
No governo de Juscelino Kubitscheck, de 1956 a 1961, foi implementado o
Plano de Metas que identificou a necessidade de crescimento das indústrias de base,
para propiciar autonomia ao país. Com isto, a arquitetura industrial brasileira teve um
avanço significativo, impulsionada por esta política desenvolvimentista.
Juscelino Kubitschek venceu a eleição para a presidência da república com a promessa de que o país cresceria cinquenta anos em cinco. Nesses anos o PNB cresceu a uma taxa de 7,9% ao ano. A indústria de autopeças passou de 700 fábricas em 1955 para 1200 em 1960, tendo multiplicado por dez a mão de obra empregada. A produção de automóveis aumentou de 30.542 veículos em 1957 para 133.041 em 1960. Nos cinco anos do governo JK a rede de estradas pavimentadas aumentou em 300%. Essa política nacional desenvolvimentista, em que a personalidade entusiástica do presidente atuou como um catalisador de forças latentes, foi em boa parte financiada com capital estrangeiro dirigido à indústria automobilística, à construção de estradas, transporte aéreo, eletricidade e aço (BASTOS; ZEIN, 2010, p.85-86).
Com um pátio industrial formado por indústrias básicas, siderúrgicas, refino de
petróleo, mineração, químicas, de motores pesados e geração elétrica, implantadas
pelo estado (VERSIANI; SUZIGAN, 1990, p.14), contando-se ainda com incentivos
através de subsídios às iniciativas privadas e à diversificação da estrutura industrial,
como o caso do setor automobilístico (FIGURAS 25 e 26), que contribuiu com o
desenvolvimento econômico e gerou nova concentração territorial. A política de
industrialização favoreceu a implantação de indústrias estrangeiras e, ao mesmo
tempo, contribuiu para uma nova estruturação das cidades e com o traçado da rede
rodoviária, favorecendo ainda a concentração das indústrias em São Paulo.
(PINTAUDI; CARLOS, 1995, p.10 -11)
47
FIGURA 25: VISTA AÉREA - FÁBRICA DA DKW VEMAG - VILA PRUDENTE- SÃO PAULO - DÉCADA DE 1950
FONTE: SÃO PAULO ANTIGA. História da DKW Vemag. Vista Aérea da Fábrica da DKW Vemag. São Paulo, [1950]. Disponível em: http://www.saopauloantiga.com.br/vemag-uma-fabrica-que-
agoniza-no-tempo/. Acesso em 08 mai.2019.
NOTA: O projeto apresenta cobertura em shed nos diversos blocos edificados que compõem o conjunto fabril. A partir do ano de 1967, a Volkswagen incorpora a DKW e se instala nesse pátio,
como um segundo local para suas fabricações automobilísticas, até a década de 1980.
48
FIGURA 26: FÁBRICA DA DKW VEMAG - VISTA INTERNA - VILA PRUDENTE - SÃO PAULO - 1956
FONTE: SÃO PAULO ANTIGA. História da DKW Vemag. Linha de Produção DKW Vemag. São Paulo, [1950]. Disponível em: http://www.saopauloantiga.com.br/vemag-uma-fabrica-que-agoniza-
no-tempo/. Acesso em 08 mai.2019.
NOTA: Pilares de Concreto com alvenaria e telhas comuns abrigam o espaço da linha de montagem.
Ao mesmo tempo que surge uma maior oferta de materiais no mercado
brasileiro de produtos fabricados internamente, a arquitetura moderna brasileira passa
a ter disponíveis novos elementos fabricados no país, para sua utilização, como é o
caso do aço, cimento e vidro utilizados na construção civil e que permitiram a
expressão plástica da arquitetura moderna.
A construção de Brasília, a nova capital brasileira, inaugurada em abril de 1960,
pelo presidente Juscelino, trouxe definitivamente o reconhecimento da Arquitetura
Moderna do Brasil como expressão cultural. Segundo Graeff (1978, p.117), esta
arquitetura moderna, que se projetava no território brasileiro, era inspirada nas ideias
e na obra de Le Corbusier.
Entre 1953 e 1973, surge uma nova tendência na arquitetura, a Escola Brutalista
Paulista, que se provia de uma paleta restrita de materiais como o concreto, o aço e
o vidro, além do desejo da industrialização e serialização (ZEIN, 2005, p.15-19). Era
o momento pós Segunda Guerra Mundial e durante a Guerra Fria, como o próprio
49
Artigas (2004, p.60 - 62), principal expoente do brutalismo paulista, comenta que havia
a vontade dos arquitetos brasileiros em encontrar solução técnica e artística adequada
aos problemas da construção no Brasil, no qual o caráter inovador da nossa
arquitetura é o resultado do avanço no domínio da técnica e da ciência, entre elas a
técnica do concreto armado; a exuberância formal e a audácia técnica da nossa
arquitetura para contribuírem na melhoria da realidade social.
Naquela época, contudo, o edifício industrial não era considerado “uma
encomenda típica aos arquitetos” pois “a grande maioria das indústrias abrigava-se
em galpões antigos, improvisados ou adaptados” (SEGAWA, 2002, p.161). No
entanto, entre alguns exemplos elaborados no início da década de 1950, houve a
Fábrica Duchen (1950) (FIGURA 27), cujos autores são Oscar Niemeyer e Hélio Uchoa,
que contém uma edificação em estrutura composta por pórticos de concreto armado;
o Laboratório Paulista de Biologia, na Vila Guilherme, de 1956, projeto do Rino Levi,
Roberto Cerqueira César e Luís Roberto Carvalho Franco, que optou por solução em
edifícios isolados para atender às necessidades do programa, estruturados em
concreto armado, contendo brises e elementos vazados. Embora o uso do concreto
representasse a linguagem da arquitetura moderna, a fábrica Olivetti, de 1956, projeto
de Marco Zanuso, foi projetada com modulação em células definidas por triângulos
esféricos de cobertura, executados em tijolo armado revestido, em diferentes alturas,
permitindo entrada de iluminação e ventilação zenital, conforme Xavier et al. (1983,
p.23, 42, 44).
50
FIGURA 27: FÁBRICA DA DUCHEN - RODOVIA PRESIDENTE DUTRA - GUARULHOS - SÃO PAULO - 1953
FONTE: FLIEG, Hans Günther. Duchen. 1953. In São Paulo Antiga, Biscoitos Duchen - História e Demolição. São Paulo, [2018]. Fotografia. Disponível em: http://www.saopauloantiga.com.br/biscoitos-
duchen-historia-e-demolicao/ . Acesso em 08 mai.2019.
NOTA: Única obra industrial projetada por Oscar Niemeyer que ganhou prêmio na categoria Construção Industrial na 1ª Bienal de São Paulo, em estrutura de concreto, com colunas à mostra.
Após a inauguração de Brasília, segundo Taulois (1978, p.325), surgiram
escritórios que executavam projetos interdisciplinares. Estes passaram a montar
equipes técnicas com engenheiros e outros profissionais necessários à elaboração
dos trabalhos que executavam, inclusive arquitetos. Fragelli (1978, p.324- 326) explica
que no início da década de 1960, foi chamado inicialmente como consultor e depois
foi responsável pela montagem do Departamento de Arquitetura da Promon, um
grande escritório interdisciplinar, onde foram projetadas as primeiras estações do
metrô de São Paulo, indústrias e outros empreendimentos de grande porte. Ele diz
que para resolver um projeto de arquitetura industrial há menos liberdade formal,
devido ao programa e espaços definidos, embora possa ter um bom resultado
arquitetônico e “uma casa de força de uma hidroelétrica pode carregar mais
arquitetura do que uma igreja”. Em suas palavras: “Numa equipe interdisciplinar [...]
cada um está fazendo a sua parte [...] pode ter um arquiteto autor que dirige a intenção
plástica espacial.”
De acordo com Munce (1960, p.40 - 41), “o papel do arquiteto industrial foi
antecipado por Kahn que estudou os problemas da produção com a ajuda de um grupo
51
de especialistas com engenheiros de produção, estrutural, mecânico e elétrico e
obteve um rápido e eficiente resultado.”7 Kahn, no início do século XX, percebeu que
a solução ideal para um projeto de arquitetura industrial poderia ser obtida com uma
equipe de especialistas. “A arquitetura é intenção, mas depois é resultado. Na
passagem da intenção para o resultado é que está a ação do arquiteto e a sua
atividade [...] a ação é que permite que a intenção vire resultado.” (RÊGO, 1978,
p.168)
A disseminação da técnica de projetos metálicos na arquitetura industrial, com
a utilização de aço estrutural se consolidou, em sua maioria, desenvolvidos dentro de
grandes escritórios interdisciplinares, por arquitetos que faziam parte das equipes,
apoiados por engenheiros especialistas de estrutura metálica, adicionando um olhar
para a função, para o homem que trabalha na indústria e o ambiente onde a produção
ocorre. Num momento, que apesar do aço ser utilizado em projetos de arquitetura de
outras modalidades, nos exemplos de arquitetura industrial citados anteriormente:
Fábrica Duchen, Laboratório Paulista de Biologia e Fábrica da Olivetti, não foi
considerado.
O pós-Brasília se associa ao emprego do concreto aparente, à proeza estrutural dos grandes vãos e balanços, à ideia da estrutura como definidora da forma e à mudança do centro difusor da arquitetura do Rio de Janeiro para São Paulo [...] Este momento da arquitetura paulista, de fins dos anos de 1950 até meados dos anos de 1960, pela sua radicalidade, pela sua crença ideológica num novo homem e numa sociedade e no papel transformador que a arquitetura poderia assumir, se encontra mais próximo das vanguardas europeias que o início da arquitetura moderna brasileira. (BASTOS, 2003, p.5, 6)
A produção industrial no Brasil aumentou durante os anos de 1964 e 1985,
devido a uma nova política econômica implantada durante o governo militar, apoiada
por subsídios e incentivos, assim como foi criado um Conselho de Desenvolvimento
Industrial (CDI) (VERSIANI; SUZIGAN, 1990, p.18-19). Neste período, aconteceu o
que se chamou de ‘Milagre Econômico Brasileiro’ (1967-1973).
Com o 'milagre econômico' dos anos 1970, a expansão industrial patrocinou inúmeras encomendas de projetos a escritórios de arquitetura e empresas de consultoria de engenharia com quadros funcionais incluindo arquitetos. A experiência desse período redundou num certo grau de especialização de profissionais, sintonizados com técnicos de engenharia, tanto na elaboração de planos diretores conjuntos, layouts e plantas industriais, quanto projeto de edifícios complementares (áreas administrativas, refeitórios, centros sociais)
7 Do original: The role of the industrial architect today was anticipated by Kahn, who studied the production problem with the aid of a composite specialist group – production, structural, mechanical, and electrical engineers – and achieved a speedy and efficient result. Tradução nossa.
52
decorrentes da ausência inicial de planejamento físico dos complexos industriais. Segawa (2002, p. 163)
A partir de diagnósticos, foi implementado um Programa de Ação Econômica
do Governo (PAEG) e por ter sido favorecido pela próspera conjuntura econômica
internacional que havia no momento, aumentou o PIB, incentivou exportações e a
abertura ao capital externo, entre outras medidas.
A ampliação do campo de trabalho do arquiteto brasileiro, nas últimas décadas – um dos frutos comestíveis do “milagre” – deu-se tanto geográfica como programaticamente. Em aeroportos e hidroelétricas, subestações e viadutos, hospitais e indústrias, nas grandes cidades e no interior, nos setores industrializados e tecnologicamente avançados e nos setores pioneiros e exploratórios, bem ou mal, não há como faltar arquiteto. (ZEIN, 1985, p.13)
FIGURA 28: LABORATÓRIOS FARMACÊUTICOS ACHÉ - RODOVIA PRESIDENTE DUTRA - GUARULHOS - SÃO PAULO - 1970
FONTE: Foto CALAZANS. In: FARIAS, Agnaldo. La Arquitectura de Ruy Ohtake. Madrid: Celeste Ediciones, 1994, p.79.
NOTA: Em estrutura de concreto aparente, com uma praça interna onde circulam caminhões, funcionários e visitantes e por onde se tem visão global do complexo.
Como resultado, a área industrial sofreu uma transformação geral, como nos
explica Pintaudi (1995, p.12-13), havendo considerável aumento em bens de consumo
duráveis (automobilístico, eletrodomésticos, etc.), bens de capital e intermediários
(mecânica, material elétrico e eletrônica), química pesada, naval e siderúrgica. Inicia-
se, então, a partir de 1970, uma desconcentração e descentralização das indústrias
da Região Metropolitana de São Paulo para outras áreas no interior do Estado de São
53
Paulo, obtendo-se uma distribuição com uma refinaria de petróleo em Paulínia e outra
em São José dos Campos, um polo petroquímico em Cubatão, a siderúrgica Cosipa
já instalada anteriormente também em Cubatão, indústrias de bens de capital
próximas à Ribeirão Preto e Campinas, onde há concentração do plantio de cana de
açúcar8, indústrias do ramo de informática, microeletrônica e telecomunicações, nas
proximidades de Campinas, para ter apoio da Unicamp, e um complexo aeronáutico
e de material bélico no Vale do Paraíba. Foram estabelecidas, conjuntamente,
políticas municipais de incentivos à instalação de indústrias e à construção de Distritos
Industriais. A arquitetura industrial se expande pelo interior do Estado de São Paulo
(FIGURA 28).
Para Segawa, parte significativa dos projetos industriais era designada às
construtoras e empresas de engenharia, em suas palavras:
Examinando-se o conjunto de obras industriais divulgadas em publicações especializadas entre 1950 e 1970 (COSTA et al., 1974), há evidente predomínio de obras projetadas para a indústria automobilística, química, têxtil e alimentar. Boa parte dos projetos era atribuída a construtoras e empresas de engenharia. Pela complexidade das estruturas industriais que apostavam no Brasil como iniciativas estrangeiras, o layout industrial e as plantas eram elaboradas nas matrizes e transplantadas ou adaptadas para as condições do país. Predominava, também, o projeto do galpão industrial isolado – sem amplitude de um conjunto mais amplo de preocupações quanto à expansão das instalações, sistemas de segurança industrial e controle de emissão de resíduos, dependências de atendimento social e conforto dos operários. Segawa (2002, p.161)
Segawa (2002, p.160, 163) coloca que durante este ciclo de desenvolvimento
do governo militar, os arquitetos passam a desempenhar atividades em empresas de
engenharia consultiva que centralizavam o planejamento das grandes obras. Com o
‘milagre econômico’ (1970), a expansão industrial incrementou “as encomendas de
projetos a escritórios de arquitetura e empresas de consultoria de engenharia com
quadros funcionais incluindo arquitetos”. Esta aproximação dos arquitetos com
técnicos da engenharia resultou numa ‘especialização’ na elaboração de plantas
industriais, entre outras tipologias arquitetônicas.
A dispersão das indústrias da região metropolitana de São Paulo para o interior
do Estado de São Paulo e estados limítrofes se consolida na década de 1980, como
cita Pintaudi (1995, p.13) acarretando uma diminuição do número de
8 Num momento em que se instituiu o Proálcool (Programa Nacional do Álcool), uma iniciativa do governo brasileiro, para substituição dos derivados do Petróleo, durante o choque dos preços do Petróleo no Mercado Externo. Foram produzidos veículos movidos a álcool a partir de 1975. Disponível em: https://www.biodieselbr.com/proalcool/pro-alcool/programa-etanol. Acesso em: 08 mai. 2019.
54
estabelecimentos industriais na cidade de São Paulo, devido à oferta de terrenos
maiores e com infraestrutura, agregados de incentivos nessas outras regiões. Nos
anos 1980, do mesmo modo, o governo brasileiro abandonou o planejamento do
desenvolvimento industrial, desarticulando os incentivos, elevando taxas de juros que
impactaram na indústria, com o efeito do choque do petróleo, ocorrido entre 1973 e
1974 e que ocasionou aumento do custo das matérias primas, como analisam Versiani
e Suzigan (1990, p.20, 22), acarretando numa recessão na indústria brasileira. Em
1984, é regulamentada a Política Nacional de Informática que cooperou para a
implantação de indústrias nacionais deste setor. Nos anos entre 1985 e 1987, após o
fim do regime militar (1964-1985) e início do processo de redemocratização, o governo
formulou novas estratégias para dar continuidade ao desenvolvimento industrial,
porém elas não foram implementadas.
Bastos (2003, p.23, 28, 67) situa que os anos do período militar isolaram a
arquitetura brasileira do cenário internacional, por origem ideológica, em nome da
emancipação cultural e soberania nacional e que durante o ‘milagre’ houve tendência
ao exagero em obras de diversos arquitetos, como ‘equívoco de escala’. Ao
apresentar a década de 1970, informa o aparecimento de novas linguagens, como o
pensar e sentir os espaços pensando nos futuros usuários, em contraponto com a
concepção do desenho, então a arquitetura do concreto aparente deixa de ter
característica política-ideológica, há uma despolitização da arquitetura.
Suzigan (2000) expõe que a industrialização no Brasil passou por três fases até
1999, nas suas palavras:
Na primeira fase, a produção industrial teve um crescimento significativo, em parte, explicado pela base ainda incipiente. Na segunda fase, o crescimento da produção industrial passou a liderar o crescimento do PIB. E, na terceira fase, a produção industrial ficou praticamente estagnada, ou mesmo negativa, em termos per capita. (SUZIGAN, 2000, p.9)
O enfraquecimento do desenvolvimento industrial no Brasil, a partir da década
de 1980, com a perda de dinamismo para substituir importações e a instabilidade
econômica vigente, atingem a produção da arquitetura industrial brasileira. No final do
período do governo militar, o objetivo maior era de estabilização financeira, deixando
de existir um projeto nacional de industrialização, de acordo com Suzigan (2000, p.18)
sendo algumas políticas industriais anunciadas, mas não implementadas, havendo
cortes de recursos orçamentários para a indústria e desenvolvimento tecnológico.
55
Em 1988, foi promulgada uma nova constituição no país, outros planos
econômicos foram implantados visando conter a inflação que explodia. Embora a
crise, a indústria volta a crescer 7%, conforme Ângelo (1992, p.218-219, 227-229) e,
em São Paulo, o governo estadual investe na infraestrutura com construção de
estradas e usinas hidrelétricas, mas a oscilação na economia reflete nas indústrias e
na arquitetura que seria desenvolvida para abrigar esta atividade.
No campo da arquitetura, por outro lado, na década de 1980 em diante, de
acordo com Bastos (2003, p.122, 135), devido aos questionamentos e impulsionado
por pesquisas diversas, passa a ter um “pluralismo de expressões arquitetônicas”.
Ainda nesta década, as práticas e técnicas construtivas tradicionais passam a ser
revalorizadas, conjuntamente desperta-se uma conscientização ecológica e uma
busca por tecnologias alternativas. O concreto aparente é considerado inapropriado,
“caro, poluidor e consumidor de energia”. A arquitetura industrial é influenciada
diretamente por esta diversificação, no entanto, ainda há pouca tecnologia
disponibilizada referente às questões ecológicas.
Ainda no decorrer dos anos 80 e na década seguinte de 1990, há um
entendimento de uma arquitetura contemporânea brasileira em continuidade à
arquitetura moderna, não tendo quebra, há uma coerência construtiva, com
adequação ao clima e ao custo benefício. Não tem mais uma postura única, nem
possui discurso ideológico como a moderna. (BASTOS, 2003, p. 205, 255)
Cavalcanti e Lago (2005, p.47- 365) elencaram pontos que observaram como
características da arquitetura contemporânea brasileira dos anos de 1990, como: a
utilização de materiais tradicionais (madeira, telhas, azulejos, paredes brancas),
soluções que amenizam a temperatura, o uso de materiais rústicos, a utilização da
poesia na forma determinada pela solução estrutural (que pode ser também metálica,
não somente de concreto), a comunicação visual aplicada na arquitetura do edifício,
restauros que não escondem intervenções em construções antigas, viabilizando-as
para novas funções, projetos de intervenções urbanas monumentais e pontuais.
Para Biselli (2001, p.2-5), enquanto na década de 1980 a tendência na
arquitetura internacional era o pós-moderno, a partir do final desta mesma década e
avançando na próxima de 1990, o conceito básico do modernismo é retomado, desde
o high tech até expressões regionais. Ele ainda afirma que a arquitetura
contemporânea paulista dos anos de 1990 não tem a mesma motivação da
56
transformação social que houve nas décadas passadas, há uma produção de
vanguarda ao mesmo tempo que um neoclássico é levantado para atender as elites.
No entanto, podemos concluir que essa arquitetura paulista feita nos anos de 1990,
constitui um modernismo com a essência da brasilidade, quanto às técnicas e valores.
valores da urbanidade e da contemporaneidade[...]. É uma busca contida, disciplinada, onde a razão e o equilíbrio são os paradigmas, e a composição o método de trabalho [...] parte em busca do novo, da arte, do futuro, na melhor tradição da vanguarda moderna, da qual ela extrai seu impulso criativo. Seus conceitos chave são inovação, pesquisa, tecnologia; o arquiteto deseja criar, descobrir, avançar, confiadamente. Seu aspecto ‘utópico’ está geralmente traduzido para uma realidade atual, menos triunfante, mais modesta, afastando um pouco o caráter de modelo atemporal e a espacial, característico das vanguardas, por uma referenciação mais precisa à situação geográfica e social dada, e à pesquisa construtiva com materiais atuais e alternativos [...] conscientização ecológica, da preocupação com a natureza, do desejo de recuperar o saber fazer humano, valorizando os aspectos subjetivos, psicológicos e intuitivos do autor, do usuário, do meio cultural. (ZEIN, 1985, p.21, 22)
O século XXI trouxe novos desafios para a arquitetura industrial, questões
acerca do desenvolvimento sustentável e da agenda global 2030, ainda novas
técnicas e tecnologias de controle e automação, bem como inovações construtivas e
de materiais que surgiram, tem impactado a arquitetura industrial como veremos no
capítulo 4 desta dissertação.
57
3 O PROJETO ARQUITETÔNICO E O PROCESSO INDUSTRIAL
As pesquisas que tratam da industrialização e que fazem relação entre os
aspectos históricos e a tecnologia são poucas, no geral, consideram a tecnologia
como um elemento importante, porém não a tratam como a formadora do modelo
industrial, como explica Motoyama (1994, p.15).
No entanto, o projeto arquitetônico de indústrias precisa estar conectado com
a tecnologia e o processo de transformação industrial, garantindo os devidos fluxos
dos procedimentos e os espaços destinados aos maquinários, resultando em
funcionalidade. Cada projeto de arquitetura industrial é alimentado por critérios do
processo de fabricação com o objetivo de fornecer elementos para o
dimensionamento das edificações, estabelecer características nas suas formas de
acomodação dos equipamentos, informar se parte da operação precisa ser
verticalizada, instruir quanto aos acessos, circulação e saídas de veículos
transportadores, informar características estruturais específicas requeridas, entre
alguns aspectos que venham contribuir para a solução final a ser projetada. De acordo
com Mitchell:
Cada projeto pode ser visto como procedendo pelo desempenho de várias funções, cada uma delas realizando alguma meta identificável. O desempenho de cada função exige a execução de alguns procedimentos de design, que requer determinados dados como entrada, produz certos dados como saída e consome certos recursos. À medida que um projeto de design progride, a saída dos procedimentos se acumula e se torna extensa, complexa, assim a base de dados do projeto é construída. O projeto está completo quando esta base de dados contém descrição suficientemente completa, consistente e detalhada do edifício proposto [...]. Mitchell (1977 apud FRANZ, 1994, p.436)9
Atendida a complexidade inicial dos procedimentos produtivos, para cada tipo
de indústria há uma forma de operacionalização da produção e um sistema funcional
próprio. Conforme BALLESTERO – ALVAREZ (1990), o sistema é composto por
partes que podem interagir entre si ou funcionar independentes e juntos colaborarem
na elaboração de uma atividade.
9Do Original: Each project can be viewed as proceeding by the performance of various functions, each making the achievement of some identifiable goal. Performance of each function requires the execution of some design procedure, which requires certain data as input, produces certain data as output, and consumes certain resources. As a design project progresses, the output from procedures accumulate, and an extensive, complex, project data base is built up. The project is complete when this data base contains a sufficiently complete, consistent, and detailed description of the proposed building to form a basis for a contract and for actual construction work. Tradução Nossa.
58
Os sistemas são compostos de entradas (inputs), processo de transformação, saídas (outputs), e de um subsistema de retroalimentação /realimentação /feedback sobre todo o sistema. (BOIKO; TSUJIGUCHI; VAROLO, 2009)
Como cita Grube (1972, p.11)10, antes do projeto arquitetônico é necessário o
estudo do processo de produção com uma visão para o início da fabricação e a
previsão de expansão das práticas ali desenvolvidas, dentro de um determinado
período. Com base nessa análise se obtém as áreas úteis de produção, serviços
complementares e áreas para futura expansão, tanto relativas às edificações quanto
ao terreno onde será implantada a indústria.
Grube (1972, p.13)11 nos lembra que de acordo com os preceitos de desenho
funcional, muito utilizado pelo arquiteto Albert Khan nas fábricas da Ford nos Estado
Unidos no início do século XX, o objetivo de um edifício de indústrias é facilitar a
produção, abrigando o maquinário com eficiência. A elaboração do projeto
arquitetônico deve contemplar as dimensões das máquinas e dos processos fabris, os
dimensionamentos dos espaços, os percursos do processo, e desta forma definir as
áreas físicas para cada parte necessária à operação ou até mesmo edifícios isolados
específicos, bem como os requisitos de funcionamento de cada equipamento, além
de considerar o número de funcionários, seus trajetos, as áreas operacionais,
corporativas, sanitárias, destinadas à alimentação, ao descanso, funcionais e de
apoio. Portanto, é importante o conhecimento de critérios do Sistema de Produção,
para que o projeto arquitetônico tenha aderência ao mesmo e colabore para que as
atividades operacionais sejam executadas plenamente. Desta forma, veremos a
seguir alguns pontos referentes ao Processo Industrial e que podem refletir na
Arquitetura Industrial.
10 Do Original: Al processo de planeamento debe preceder um estúdio de los processos de producción que han de seguirse em el momento presente y em um futuro previsible, em base a este analisis se llegará a uma Concepción global del área útil necessária incluyendo las instalaciones de servicio y suministro. La coordinación de tales estúdios indicará qué extensión se reservará para futuras ampliaciones, un plazo no muy largo. Tradução Nossa.
11 Do Original: Aún hoy día, se basan em los mismos princípios enunciados por Albert Kahn hace casi cincuenta años: Diseño funcional. El objetivo de um edifício para indústria es facilitar la producción. Debe albergar la maquinaria de tal manera que le permita funcionar com eficiência. Hasta aqui, el esquema general es fundamental em todos sus aspectos y debe tener em cuenta: Producción lineal: Diversas secciones de operaciones sucessivas, dispuestas como para obtener um flujo de producción directo y simple, de manera que el transporte y la manipulación de las mercancias sea reducida al mínimo. Tradução Nossa.
59
3.1 O PROCESSO INDUSTRIAL
Os processos industriais influenciam em características das edificações que
compõem o conjunto em que ocorre a transformação, exatamente por peculiaridades
dos procedimentos exigirem condições dos edifícios onde serão instalados, para que
suportem a operação das máquinas ou da própria técnica de transição.
Através de dispositivos que se relacionam e se complementam, os sistemas de
produção convertem insumos em produtos ou serviços, monitorados por um
subsistema de controle, que assegura o cumprimento das programações de
fabricação, segundo Boiko et al. 2009 (FIGURA 29).
FIGURA 29: GRÁFICO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO
DESENHO: BODEGRAVEN, Leda. Gráfico Sistema de Produção.
FONTE: BOIKO, THAYS J.P.; TSUJIGUCHI, LUCAS T. A.; VAROLO, FERNANDO W. R.,
Classificação de Sistemas de Produção: Uma Abordagem de Engenharia de Produção. In: IV EPCT-
Encontro de Produção Científica e Tecnológica, 2009, Campo Mourão. FECILCAM – Faculdade
Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão, Paraná. NUPEM – Núcleo de Pesquisa
Multidisciplinar. Anais do IV EPCT, p.4. Disponível
em:http://www.fecilcam.br/nupem/anais_iv_epct/PDF/engenharias/08_BOIKO_TSUJIGUCHI_VAROL
O.pdf. Acesso em: 21 jun. 2018.
Quanto à classificação dos sistemas de produção relacionados com os fluxos
de operação, Perales (2001, p.1-4) relata as definições destas classificações por
diversos autores, apresentando maneiras diferenciadas de se caracterizar o
planejamento e a gestão da produção. No final, Perales conclui que dentro do
processo de transformação, o fluxo pode ser: contínuo (puro, com montagem ou
desmontagem, com diferenciação final), intermitente, misto e por projetos, sendo este
último utilizado no modelo para fabricação única e sem repetição. Ainda segundo
60
Perales, os fluxos contínuos, intermitentes e mistos “os equipamentos e mão-de-obra
geralmente têm localização fixa, enquanto existe um fluxo de materiais que passa de
um posto de trabalho a outro”, no entanto, no fluxo por projetos o produto fica em
determinado local e os materiais, equipamentos e mão-de-obra chegam até ele.
Moraes e Santoro completam:
em sistemas contínuos os itens são produzidos de maneira cadenciada. Sistemas contínuos normalmente são do tipo ‘produção para estoque’ (make-forstock) e utilizam predominantemente máquinas especiais (special purpose), enquanto sistemas intermitentes costumam ser do tipo “produção sob encomenda” (made-to-order) e empregam máquinas universais (general purpose) (MORAES; SANTORO. 2006, p.2).
Conforme Moreira (1998 apud PERALES, 2001, p.2), no caso de sistema
intermitente, são fabricados determinados produtos e após sua finalização outros
artigos diversos entram nesta linha de produção que foi desocupada.
Ainda no sistema contínuo, conforme Moraes e Santoro (2006, p.3), a linha de
fabricação é composta por um conjunto de máquinas automatizadas e sequenciais e
na linha de montagem a sequência se dá nos postos de operação interligados. Como
exemplo de sistemas contínuos também é incluída a indústria de processo química,
petroquímica e alimentícia (MORAES; SANTORO, 2006, p.2).
Grube (1972, p.10)12 cita que os processos industriais lineares são também, em
geral, utilizados em fábricas de papel, de vidro e em laminação de aço e, nesses
casos, é possível se determinar como se dará a ampliação da planta industrial.
Os sistemas precisam ser planejados considerando eventual aumento de
capacidade ou inclusão de novos produtos, aumento de turnos de trabalho, “pulmões”
no caso de falhas de movimentação, pois são itens que afetam o dimensionamento
das fábricas e suas edificações.
Resumindo, de acordo com os fluxos dos processos industriais, são formulados
os arranjos físicos dos equipamentos e atividades (FIGURA 30):
• Arranjo físico por processo, onde o recurso a ser transformado será localizado
junto a operações ou máquinas do mesmo tipo, agrupadas
12 Do Original: No es del todo imposible formular directrices generales para um planeamiento racional a largo plazo de las futuras ampliaciones. Respecto a la influencia de los processos de producción, pueden establecerse ciertas diferencias entre los que siguen uma dirección lineal, circular o semicircular. Los processos de producción totalmente lineales se dan principalmente em las fábricas de papel, de vidro o de laminados de acero. Em tales casos, es posible determinar com relativa precisión la dirección que tomará la futura ampliación y los nuevos procesos que podrán ser añadidos. Tradução Nossa.
61
• Arranjo físico por células ou agrupadas, onde o que será transformado terá
fluxo em partes específicas da operação, como se tivesse uma fábrica dentro
de outra.
• Arranjo físico linear, onde o produto se move através de uma sequência de
tarefas e equipamentos de forma contínua.
• Arranjo por projeto, o que será transformado fica estacionado e os
equipamentos e tarefas se movem até o produto em fabricação.
FIGURA 30: ILUSTRAÇÃO DOS ARRANJOS FÍSICOS
DESENHO: BODEGRAVEN, Leda. Arranjos Físicos. 25 set. 2019.
FONTE: Criação baseada em: SOUZA, Edilaine C.; SILVA, Flávia G. Planejamento e Implantações
de um Arranjo Físico (Layout). In: I Encontro Científico e I Simpósio de Educação Unisalesiano, 2007,
Lins, Index of - Encontro2007- Trabalhos Aceitos. Disponível em:
http://www.unisalesiano.edu.br/encontro2007/trabalho/aceitos/CC25582320881P.pdf Acesso em: 25
set. 2019.
Sintetizando a movimentação industrial num fluxograma (FIGURA 31), para
iniciar uma formulação das edificações, nos deparamos com um complexo central
onde ocorrem as transformações, sendo este miolo alimentado com as utilidades:
água, energia, gases, ar refrigerado. Este núcleo também elimina efluentes (tratados
ou não), resíduos do processo de transformação, águas pluviais e esgoto. Em geral,
possui um acesso por onde chega a matéria que será transformada e por outro lado
sai o resultado dessa transformação.
62
FIGURA 31: FLUXOGRAMA BÁSICO INDUSTRIAL
DESENHO: BODEGRAVEN, Leda. Fluxo na Indústria. 02 ago. 2019.
NOTA: Sintetização do Processo de Transformação Industrial apresentando as linhas de alimentação
e de saída dentro de um fluxo de produção, podendo ser contínua, intermitente ou mista.
Fransoo e Rutten (FRANSOO; RUTTEN,1993 p.48 apud BORGES; DALCOL,
2002, p.1) lembram que a indústria de processo é aquela que adiciona valor aos
materiais através da mistura, separação, conformação ou reações químicas e que
podem ser processadas por lotes intermitentes ou continuamente. As características
do processo refletem nos equipamentos que dão suporte à produção e quando se
observa as indústrias químicas de fluxo contínuo, comumente essa dinâmica é
constatada no seu leiaute. Toledo et al. expressam sobre o leiaute que:
A fábrica é dispersa e seus equipamentos pesados “explodem” para cima e para os lados, não se contendo na maioria das vezes no interior de qualquer edificação. Porém, convém notar desde logo, que sob a dispersão aparente dos equipamentos dessa indústria, oculta-se muitas vezes um alto nível de integração. (TOLEDO; TRUZZI; FERRO 1989 apud BORGES; DALCOL, 2002, p.4).
Podemos perceber a disposição dispersa, porém com procedimentos
interligados, através de tubulações, pipe-racks, bandejamento elétrico, esteiras
rolantes, equipamentos, tanques de contenção, entre outros elementos que circulam
e trabalham em conjunto (FIGURA 32) como um organismo vivo.
63
FIGURA 32: INDÚSTRIA PETROQUÍMICA
FOTO: BRASKEM BRASIL. Planta Braskem. Triunfo. 2013.
FONTE: BRASKEM BRASIL. Planta Braskem. Triunfo, 2013. 1 fotografia, 713 × 472 (169
KB). Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Planta_Braskem.jpg. Acesso em: 19 set.
2019. il.
Para o planejamento eficiente da edificação industrial, observa-se as
características do processo de fabricação, as necessidades de fluxos, as facilidades
para a circulação das matérias primas e dos produtos em transformação até a
finalização do processo, além das movimentações dos funcionários e equipamentos
pela área, através de rotas e percursos seguros pré-definidos. O ambiente precisa
levar em conta os operadores e suas necessidades operacionais, físico-psicológicas,
para garantir, desta forma, a saúde do trabalhador junto com a produtividade da
indústria.
Moreira (MOREIRA, 2000, apud BOIKO; TSUJIGUCHI; VAROLO 2009, p.3)
define que o Sistema de Produção é composto de atividades inter-relacionadas
envolvidas, inclusive, na produção de serviços, onde as ações de fabricação
convertem insumos ou entradas, através da transformação em produtos de bens ou
serviços.
64
Diferente de outros programas arquitetônicos onde a arquitetura resultante é
estática, sólida, pois não há processo de fluxo de modificação, as indústrias, assim
como os aeroportos, portos e hospitais, têm programas dinâmicos em perpétuo
movimento, o que resulta em uma arquitetura igualmente dinâmica, assemelhando-os
à cidade.
Outras edificações projetadas para fins diferentes do fabril possuem
características análogas à indústria, como em: aeroportos, estações de trem, metrô,
ou ainda hospitais, podendo se considerar que há uma espécie de processo de
transformação no esquema sintético de seus projetos, com fluxos (FIGURA 33) de
circulação de pessoas, de bagagem ou de equipamentos, o que não ocorre em
edificações residenciais, onde não há processo de modificação e sim a permanência
e o desfrute do espaço como objetivo fundamental.
FIGURA 33: FLUXOGRAMA BÁSICO DE AEROPORTO
DESENHO: BODEGRAVEN, Leda. Fluxo em Aeroporto. 16 set. 2019.
NOTA: Sintetização do Processo de Transformação em um aeroporto, onde por um lado ingressam
os portadores de bilhetes aéreos com suas bagagens e do outro lado saem os passageiros e suas
bagagens embarcadas em aviões.
Para se compreender as diferenças entre as diversas instalações em um
empreendimento industrial é importante o conhecimento de como se classificam as
indústrias, o que será explanado a seguir.
65
3.2 AS CLASSIFICAÇÕES DAS INDÚSTRIAS
Indústria é o “conjunto de atividades econômicas que têm por fim a
manipulação e exploração de matérias-primas e fontes energéticas, bem como a
transformação de produtos semiacabados em bens de produção ou de consumo”
(GRANDE DICIONÁRIO HOUAISS, 2019, on line). Conforme a tecnologia empregada
na produção e o investimento aplicado, pode ser artesanal, manufatureira ou fabril.
Por existirem diversos processos de transformação, são classificados sob alguns
aspectos específicos, como explica Borschiver et al.:
A sistematização de classificação industrial dá-se segundo uma ou mais características dos bens e serviços produzidos: a partir dos usos a que se destinam, e/ou dos insumos utilizados, e/ou da tecnologia empregada e/ou da organização da produção [...] as classificações de atividades econômicas são construídas para organizar as informações das unidades produtivas e institucionais.” (BORSCHIVER et al., 2004, p. 10, 11).
No Brasil, consideramos a Prodlist-Indústria do IBGE (2016, on line) que é uma
lista detalhada de bens e serviços industriais elaborada a partir de uma pesquisa feita
anualmente e que é derivada da Classificação Nacional de Atividades Econômicas -
CNAE e enquadra cada tipologia de fabricação em seus setores produtivos, conforme
o resumo que segue:
A. Indústrias Extrativas:
Carvão Mineral, Petróleo, Gás Natural e Minerais Não Metálicos (ferro,
alumínio, estanho, manganês, metais preciosos, minerais radioativos, outros minerais
não ferrosos, pedra, areia, argila, minerais para fabricação de adubos e fertilizantes,
refino de sal marinho e sal gema, pedras preciosas e semipreciosas).
B. Indústrias de Transformação:
Fabricação de Produtos Alimentícios (carne, pescado, conservas, óleos e
gorduras, laticínios, moagem, refino de açúcar, torrefação e moagem de café, outros
produtos alimentícios), Bebidas (alcóolicas e não alcóolicas), Produtos do Fumo,
Produtos Têxteis, Confecção de Artigos do Vestuário e Acessórios, Preparação de
Couros e Fabricação de Artefatos de Couro, Artigos para Viagem e Calçados,
Fabricação de Produtos de Madeira, Celulose, Papel e Produtos de Papel,
Impressão e Reprodução de Gravações,
Fabricação de Coque, de Produtos Derivados do Petróleo e de Biocombustíveis
(Coquerias, produtos derivados do petróleo, biocombustíveis),
66
Fabricação de Produtos Químicos (produtos químicos, resinas termoplásticas,
elastômeros, fibras, defensivos agrícolas, produtos de limpeza, sabões, tintas,
vernizes),
Fabricação de Produtos Farmo-químicos e Farmacêuticos,
Fabricação de Produtos de Borracha e de Material Plástico,
Fabricação de Produtos de Minerais Não-Metálicos (vidro, produtos do vidro,
cimento, artefatos de concreto, cimento, fibrocimento, gesso e materiais semelhantes,
produtos cerâmicos, aparelhamento de pedras, cal, gesso, outros),
Metalurgia, Siderurgia (ferro-gusa e ferro ligas, laminados, tubos, fundição),
Fabricação de Produtos de Metal, exceto Máquinas e Equipamentos (estruturas
metálicas, esquadrias, obras de caldeiraria, tanques, reservatórios, caldeiras, forjaria,
estamparia, usinagem, soldas, cutelaria, ferramentas, armas, munições),
Fabricação de Equipamentos de Informática, Produtos Eletrônicos e Ópticos,
Máquinas, Aparelhos e Materiais Elétricos (geradores, transformadores e motores
elétricos, pilhas, baterias, fios, cabos, condutores, lâmpadas, eletrodomésticos,
equipamentos e aparelhos elétricos), Máquinas e Equipamentos (máquinas,
equipamentos, motores, turbinas, válvulas, aparelhos de refrigeração e ventilação,
saneamento, tratores, equipamentos e máquinas agrícolas, máquinas de extração
mineral, construção e uso industrial),
Fabricação de Veículos Automotores, Reboques e Carrocerias, Outros
Equipamentos de Transporte, Exceto Veículos Automotores (embarcações, estruturas
flutuantes, locomotivas, vagões, aeronaves, turbinas e motores de aeronaves,
motocicletas, bicicletas, triciclos, outros equipamentos de transporte),
Fabricação de Móveis, Produtos Diversos (joalheria, bijuteria e semelhantes,
instrumentos musicais, artefatos para pesca e esporte, brinquedos e jogos recreativos,
materiais de uso médico e odontológico, escovas, pincéis, vassouras, equipamentos
de segurança pessoal).
C. Eletricidade e Gás
Geração, transmissão e distribuição de energia elétrica,
Produção e distribuição de combustíveis gasosos por redes urbanas,
Produção e distribuição de vapor, água quente e ar condicionado.
67
Segundo o IBGE (2018, on line), a Indústria ainda pode ser classificada
conforme sua produção, da seguinte forma:
● Bens de Produção (de Base ou Pesada): transforma a matéria bruta em matéria
prima para ser utilizada por outras indústrias, como a Siderurgia, que produz
chapas para o setor automobilístico ou equipamentos.
● Bens de Capital (Intermediária): transforma a matéria-prima em máquinas e
ferramentas para outras indústrias, por exemplo: equipamentos mecânicos.
● Bens de Consumo (Leve): fabrica itens que serão vendidos diretamente ao
consumidor e pode ser subdividida em bens duráveis (Ex.: automobilística),
semiduráveis e não duráveis (Ex.: têxtil, alimentícia, remédios).
Na sequência serão apresentadas as condicionantes do projeto arquitetônico
que contemplam as classificações acima citadas.
68
3.3 AS CONDICIONANTES DO PROJETO ARQUITETÔNICO
INDUSTRIAL
A definição do local onde será instalada a indústria passa por estudos
específicos e considerações de planejamento urbano e territorial, localização de
fontes de matéria prima, transporte, localidade com disponibilidade de mão de obra,
entre outros aspectos e que não são objetos de estudo desta dissertação, são fatores
determinantes anteriores à realização do projeto arquitetônico.
Como qualquer outro projeto de arquitetura o primeiro passo no início do
desenvolvimento de um Projeto de Arquitetura Industrial é o estabelecimento do
Programa de Necessidades do Projeto onde se determina o que será imprescindível
para a implantação da Indústria, os requisitos de produção e de operadores e outras
premissas para o começo do seu funcionamento.
O contratante da planta industrial, juntamente com sua equipe de engenharia
de produção, é, em geral, um parceiro deste tipo de projeto e pode informar pré-
requisitos, sendo que em alguns casos pode fazer observações constatadas em
experiências de instalação de outra unidade fabril semelhante, elaborada em outro
local e pontuar aspectos que agreguem valor e melhor performance na nova unidade.
Esta fase é bastante interligada com o Processo Industrial de transformação,
como explanado no subcapítulo 3.1, integrando com os estudos dos leiautes de
Engenharia de Processo, Engenharia Mecânica, Engenharia Elétrica, Proteção contra
Incêndio, Controle e Automação e Certificações onde se preveem os encaminhamento
das instalações, tanto quanto os arranjos de equipamentos que serão necessários na
fabricação, além das matérias primas, estoques, tubulações, encaminhamento
elétrico e hidráulico, e as estimativas de espaços para as instalações dos
equipamentos.
Os arranjos preliminares internos, as premissas das instalações, o
dimensionamento dos equipamentos e a sequência dos ambientes são apreciados
nesta fase inicial. A comunicação e o trabalho em grupo entre as disciplinas e áreas
de conhecimento envolvidas no projeto irão formular em conjunto às linhas básicas do
que está sendo criado. A arquitetura industrial é transdisciplinar e integra essas
diversas áreas do conhecimento que projetam em união, pois as condicionantes das
69
outras disciplinas atravessam o projeto arquitetônico com impacto, sendo impossível
não os contemplar.
Um dos documentos de engenharia produzidos no início das definições do
processo de transformação e que é fundamental para o desenvolvimento do projeto
da indústria, é o fluxograma de processo (FIGURA 34), que representa através de
símbolos gráficos a metodologia de funcionamento da indústria e os respectivos
procedimentos técnicos, abrangendo seus equipamentos, as linhas de fluxo de
operação, interligações da logística de funcionamento, proporcionando a observação
do conjunto e das compartimentações e agrupamentos necessários para o desenrolar
das atividades.
FIGURA 34: FLUXOGRAMA DE PROCESSO
FONTE: ADAMATI, Diana. Desenvolvimento de um jogo sério para modelagem, operação e manutenção de plantas industriais - Fluxograma-geral-de-processo-de-uma-unidade-flutuante-de-
producao. Rio Grande, on line. 2014. Disponível em: https://www.researchgate.net/figure/Fluxograma-geral-de-processo-de-uma-unidade-flutuante-de-producao-7-Estes-desenhos_fig4_281818191.
Acesso em: 20 set. 2019.
70
NOTA: Os fluxogramas apresentam os principais elementos do processo e podem ser detalhados em diagramas específicos para cada sistema.
Morin (2005) trata das complexidades dos fenômenos e a indústria é uma
somatória de complexidades, logo sua arquitetura decorrente é complexa, porém
organizada, mas não se decodifica somente olhando. Pelo próprio Morin:
será preciso perguntar-se se há complexidades diferentes umas das outras e se elas podem ser unificadas num complexo dos complexos. Será preciso, enfim, ver se há um modo de pensar, ou um método capaz de responder ao desafio da complexidade. (MORIN, 2005, p.6).
Para o funcionamento adequado dos equipamentos eletromecânicos é
necessária a consideração em conjunto das instalações elétricas que fornecerão a
energia para a produção. Entre estes dispositivos pode haver transformadores,
geradores, que demandarão acomodações próprias e que atendam às exigências
normativas e de segurança para instalação, funcionamento e manutenção.
A organização de áreas especiais ou dos edifícios no terreno é outro aspecto
importante, devendo serem analisados os fluxos de entrada do abastecimento das
matérias primas e a saída do produto final para a comercialização ou outro destino, a
localização e disposição dos prédios, a consideração da topografia existente,
observando-se insolação, ventos predominantes, circulações de pedestres e veículos,
segurança, entre outros itens e ser elaborado um projeto básico do arranjo das
edificações, a partir da planta de arranjo geral de equipamentos conforme o fluxo e as
informações constantes no fluxograma geral de processo.
Cada projeto industrial necessita de áreas e edificações que abrigam algum
equipamento ou atividade e todas em conjunto colaboram para o funcionamento
adequado da fábrica. A seguir serão apresentadas áreas e edificações mais comuns
que constam num projeto de arquitetura industrial, junto de parâmetros a serem
pensados nos projetos de arquitetura de cada uma delas.
71
3.3.1 AS PARTES DE UM PROJETO DE ARQUITETURA INDUSTRIAL
O Projeto de Arquitetura Industrial contemplando as áreas e edificações que
fazem parte do agrupamento fabril é resultante do atendimento ao programa de
necessidades, da concepção do partido arquitetônico que definirá o sistema
construtivo que será utilizado nos prédios que comporão a planta, no obedecimento
às normas técnicas e questões legais e acima de tudo a visão do homem que lá
trabalhará, integrado com o maquinário que irá operar. As características do que é
definido devem estar expressas no Projeto Básico de Implantação.
3.3.1.1. Plot Plan ou Projeto Básico de Implantação
O ‘projeto básico do arranjo das edificações’ ou ‘leiaute geral’ ou ‘plot plan’, ou
‘projeto básico de implantação’ e pode ter ainda outras denominações, deve
apresentar as condições explicitadas na legislação urbanística do município onde será
implantada a indústria, legislações estaduais, federais, normas técnicas. Como todo
projeto de arquitetura, embora com maior complexidade, devem ser considerados,
entre vários tópicos: a insolação, ventos predominantes, clima da região,
características geomorfológicas do terreno, nível do lençol freático, curvas
topográficas, as edificações que serão projetadas na área, a previsão das instalações,
localização dos acessos à área, circulações e todos os componentes que fazem parte
do projeto e estão previstos nas diversas áreas do conhecimento que estão em
desenvolvimento em conjunto.
72
FIGURA 35: PROJETO BÁSICO DE IMPLANTAÇÃO
FONTE: LOEBCAPOTE ARQUITETURA E URBANISMO. Knorr-Bremse-Implantação, em Itupeva (SP). Archdaily, on line. 2013. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-162200/knorr-
bremse-slash-loebcapote-arquitetura-e-urbanismo/52b2e53ae8e44ee5c7000002-knorr-bremse-loeb-capote-arquitetura-e-urbanismo-site-plan?next_project=no. Acesso em: 25 set. 2019.
NOTA: O desenho de Implantação mostra a edificação principal, os edifícios que abrigam atividades
auxiliares, o acesso principal e secundário, demais arruamentos, área de preservação ambiental,
área de docas e pátio de caminhões, lago para destino das águas pluviais, jardins e toda a
configuração como a fábrica se molda no lote.
No projeto básico de implantação (FIGURA 35) é apresentado o arranjo físico
inicial da planta industrial e se compõe das edificações principais e auxiliares que
serão construídas no complexo, a via principal que leva os veículos do acesso ao lote
até o prédio principal, os arruamentos internos, as curvas de nível com platôs e
taludes, as portarias de acesso de veículos e pedestres, as cercas do perímetro, os
portões principais e secundários, pipe-racks (estruturas distintas, independentes das
edificações e que suportam tubos) com o encaminhamento preliminar das tubulações,
áreas verdes, central de tratamento de efluentes, reservatórios de água, depósitos,
áreas de tancagem, equipamentos localizados fora de prédios, áreas de centrais
elétricas, passeios de pedestres, eventuais áreas de expansão, o norte de projeto e
qualquer outra informação que seja pertinente para compreensão do conjunto e sua
complexidade. As informações que fazem parte do documento gráfico são trabalhadas
73
e definidas em conjunto pelas diversas áreas de conhecimento envolvidas no
desenvolvimento do projeto, incluindo a arquitetura.
As edificações desenhadas neste arranjo apresentam caraterísticas do partido
arquitetônico do conjunto a ser desenvolvido para cada unidade especificamente.
Maffei elenca uma série de parâmetros a serem considerados para se iniciar o
projeto de arquitetura industrial:
Características físicas da região escolhida; características geomorfológicas; classificação do clima; temperatura máxima, média e mínima; umidade; ventos dominantes; insolação; regime anual de chuvas; precipitação máxima e média; poluição do ar; acesso rodoviário; acesso ferroviário; acesso hidroviário; porto marítimo; acesso aéreo; telecomunicações; características planialtimétricas; natureza do solo; vegetação a preservar; nível d´água de rios e riachos nas proximidades; linha de alta tensão; código de edificações; planos diretores regionais e locais; distância do núcleo urbano; rede de água; manancial de água; gaseodutos; oleodutos ou estações de carregamento; rios para receberem despejos industriais e esgoto sanitário tratados; armazém e distribuição do combustível na área; equipamentos industriais externos às edificações; unidades de processo; edifícios de produção; utilidades; edifícios administrativos; edifícios de apoio; chegada de matéria prima; saída do produto acabado; normas de segurança e higiene do trabalho; normas das concessionárias; normas do corpo de bombeiros; [...] (MAFFEI, 1982, p.47).
O dimensionamento da indústria é baseado nos cálculos da produção, no
volume que deverá ser produzido em determinado tempo, o volume de estoque de
matéria prima e do produto acabado, a quantidade de trabalhadores necessária para
realizar as atividades de fabricação, administrativas, de limpeza e demais que fizerem
parte para que a indústria funcione dentro do planejamento previsto.
A partir da definição dos volumes pela engenharia de produção, o projeto de
arquitetura trabalhará em conjunto estimando os dimensionamentos de cada área
dentro e fora dos prédios, as quantidades de sanitários, os vestiários, copas,
restaurantes e suas localizações, para que o empreendimento tenha operacionalidade
e funcionalidade para o contingente humano que lá trabalhará.
De início, a implantação considerará os prédios principais onde se dará o
processo de transformação, observando a topografia do terreno e as condições
favoráveis naturais. A circulação de pessoas e veículos dentro da planta industrial
devem ser projetadas de forma que não haja conflito e tenham riscos de acidentes
minimizados. Os estacionamentos para automóveis e outros veículos devem ser
localizados considerando os percursos a serem realizados pelos pedestres.
74
FIGURA 36: EXEMPLO DE DIAGRAMA PARA IMPLANTAÇÃO
DESENHO: BODEGRAVEN, Leda. Exemplo para Implantação de Indústria. 26 set. 2019.
Nesta fase tem início o estudo criterioso das legislações específicas do sítio
onde o empreendimento será implantado. As leis municipais estabelecem os devidos
recuos, taxas de ocupação, área construída permitida e demais aspectos que possam
definir o posicionamento das edificações na área. Somam-se Leis Estaduais, Leis
Federais, Leis Ambientais, Código Sanitário da Secretaria de Saúde do Estado de São
Paulo, Normas Regulamentadoras da Secretaria de Inspeção do Trabalho, Agência
Nacional de Vigilância Sanitária, Normas Técnicas da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT), Instruções Técnicas de Prevenção contra Incêndio do
Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, Normas Técnicas da Companhia
Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Normas das Concessionárias de Água,
Esgoto e Energia, Normas Regulamentadoras da Secretaria de Inspeção do Trabalho,
entre outras que se aplicam no trabalho que está em elaboração.
Além da Legislação oficial, existem normas corporativas, da própria empresa
contratante, que impactam no empreendimento e que precisam ser contempladas
durante seu planejamento.
Esse compêndio legal determina critérios para a implantação do complexo,
desde recuos e limites na área implantada e o percentual de ocupação do terreno até
às quantidades de vestiários, sanitários, refeitório, instalações de equipamentos,
75
tratamento dos efluentes, iluminação da área de operação, qualidade e controle do ar
e da temperatura e inúmeros itens aplicáveis, que devem ser objeto de pesquisa e
estudo ao se planejar uma indústria. Assim como há diversas leis a serem atendidas,
vários órgãos expedem alvarás de aprovação sobre o projeto, mediante à finalização
de um processo de análise de cada um, assegurando que o projeto atenda aos
requisitos normativos e legais solicitados.
Os outros prédios que abrigam atividades auxiliares são dispostos de acordo
com a melhor operacionalidade e todas as edificações são posicionadas conforme o
fluxo de produção, a orientação dos acessos de matéria bruta e a saída do produto
acabado, para tanto são estabelecidas as vias internas observando-se as rodovias e
vias externas próximas que conduzem os veículos de transportes de cargas ao lote,
bem como a saída da carga fabricada aos destinos finais.
A localização das entradas de cabeamento de energia e de tubulação de água
devem seguir as normas e critérios requisitados pelas concessionárias específicas e
que atendam à localidade onde será implantada a fábrica e analisada a forma de
interligação mais adequada destas ‘entradas’ com todas as edificações internas. Os
percursos dos esgotos, águas pluviais e efluentes são feitos considerando os
requisitos indicados pelas concessionárias e os pontos de ligação com a rede pública.
Os efluentes industriais devem ser tratados de acordo com as normas ambientais e
as exigências de descarte seguro, bem argumentado por Bruna:
Cada fluxo tem sua própria lógica, seu espaço necessário preferencial e seu custo de movimentação. Assim, por exemplo, as matérias-primas líquidas a granel são estocadas em tanques externos e transportados por tubulações, geralmente aéreas, em pipe-racks. As matérias-primas sólidas em pequenas quantidades são descarregadas em docas e transportadas por empilhadeiras em pallets. As matérias-primas geram espaços específicos dentro de uma fábrica: recebimento e controle, pátio de caminhões, pátio de tanques, docas, pipe-racks, elevadores, silos, esteiras rolantes, etc.[...] O fluxo das utilidades, como água, energia, vapor, ar comprimido, gases, etc., é gerado e transportado aos locais de utilização, de forma a haver a menor perda possível. Normalmente as utilidades são transportadas em tubulação apoiadas em suportes elevados, para não haver conflito de circulações. Finalmente, o fluxo, das pessoas que trabalham numa usina deve ser organizado de modo a unir vestiários, local de trabalho, sanitários, refeitórios, acesso a condições e de forma simples, curta, abrigada das intempéries e livre de acidentes (BRUNA, 1989, p.63 apud PADIN,2009, p.85).
Maffei (1982, p. 70-74) agrupou os tipos de indústria conforme suas
características de produção e como ela reflete na composição física dos espaços e
edificações, sendo:
76
• 6 processos nas indústrias de transformação químicas, petroquímicas e
similares: unidades de processo (edifícios verticais, com equipamentos,
vasos e tubulações controladas por uma casa de controle), estocagem de
matéria prima, estocagem de produto acabado, utilidades, apoio ao pessoal
da produção e administração.
• 5 processos nas indústrias de transformação de manufaturas, montadoras e
componentes: edifício de produção (um ou mais edifícios horizontais, linha
de montagem linear) e estocagem da matéria prima, estocagem do produto
acabado e carregamento, utilidades, administração.
• 5 processos nas indústrias extrativistas: extração (produção em jazida ou
mina, com edificação acoplada), estocagem e carregamento, utilidades,
apoio ao pessoal de produção e administração.
Entretanto, nem sempre as indústrias possuem estas configurações citadas
acima, pois dependem do processo de produção que será adotado, espelhados nos
seus fluxogramas, além das dimensões e formatos dos terrenos onde serão
instaladas, com a adição de ampla legislação urbanística e ambiental que se aplica
em cada projeto.
Falaremos a seguir sobre as características principais dos prédios mais
frequentes que constam numa planta industrial e cujas referências devem ser
adaptadas para cada caso específico aplicável.
3.3.1.2. O Edifício Principal ou Edifícios de Produção
Para a definição do partido arquitetônico adotado no complexo industrial, uma
série de condicionantes deverão ser levadas em conta. Começamos com a definição
do que é o partido arquitetônico em um projeto industrial, para isso resgatamos as
palavras de Lemos abrangendo qualquer tipologia de projeto arquitetônico:
Arquitetura seria, então, toda e qualquer intervenção no meio ambiente criando novos espaços, quase sempre com determinada intenção plástica, para atender a necessidades imediatas ou a expectativas programadas e caracterizada por aquilo que chamamos de partido. Partido seria uma consequência formal derivada de uma série de condicionantes ou de determinantes; seria o resultado físico da intervenção sugerida. (LEMOS, 1994, p. 40-41)
Lemos (1994, p. 41) ainda afirma que os 6 principais itens determinantes do
partido em qualquer projeto de arquitetura são:
77
• “Técnica construtiva”, em função da localização, disponibilidade de mão
de obra e material, transporte.
• “Clima”, reflete na forma, em coberturas, esquadrias, acessórios, como
na possibilidade de utilização de recursos naturais.
• “Condições Físicas e Topográficas” caracteriza a implantação e os
recursos naturais disponíveis no terreno.
• “Programa das Necessidades” que fornece as solicitações para o uso
• “Condições Financeiras” que estabelece os recursos disponíveis para a
execução dos projetos e da obra.
• “Legislação Regulamentadora e/ou normas” que determina limites e
atributos no conteúdo do projeto.
Em um projeto de Arquitetura Industrial podemos adicionar outros tópicos que
fomentam o partido a ser adotado:
• A tipologia do Processo de Transformação Industrial, que a fábrica em
planejamento se enquadra e seu maquinário com requisitos próprios.
• Maior número de Leis e Normas Técnicas envolvidas.
• As necessidades específicas das Utilidades e Instalações.
• A complexidade de interfaces entre todos os parâmetros.
• Um resultado que permite expansão e alterações provenientes de
inovações no processo industrial.
• Observações quanto ao procedimento técnico específico durante a
execução da obra.
Estes quesitos se relacionam entre si e, quando elaborados em conjunto, irão
resultar numa intenção plástica, que abriga conceitos e busca atender ao uso
solicitado para as edificações a serem instaladas no terreno, encabeçadas pelo
edifício da produção fabril.
A solução arquitetônica para o edifício principal deverá estar concatenada com
as instalações, equipamentos, tubulações e, principalmente, com o processo de
transformação que ela abrigará. O sistema estrutural adotado deverá atender aos
grandes vãos entre as colunas de apoio, que permitam manobras de trabalho e
flexibilidade na planta para eventuais alterações como, por exemplo, troca de
maquinário, no caso de modernizações do processo e outras inovações. A solução
adotada deve prever os vedos, os vãos, os fechamentos, ventilação e iluminação
78
naturais sempre que possível, obtendo um conjunto harmônico e que preencha os
requisitos da operação.
A tipologia de produção da indústria junto com a topografia e os recursos
naturais do terreno, determinam a base do arranjo físico e características específicas
deste prédio, que serão estabelecidas no partido arquitetônico adotado.
Inicialmente se projeta tendo em vista a linha de montagem ou produção e seus
equipamentos com os requisitos básicos, incorporando circulações, otimizações,
funcionalidades e características que agreguem valores ao projeto. Neste momento,
se observa as atividades do processo de produção e suas interligações, o fluxo dos
materiais e se estima as quantidades para se dimensionar e definir cada espaço, como
explica Bruna:
A movimentação dos produtos em fabricação dentro de uma indústria tem recebido uma atenção constante, visando sua racionalização e otimização. Assim, por exemplo: a verticalização de determinados processos de fabricação, de forma a aproveitar vantagens da força da gravidade, a robotização das transferências, a proximidade física das linhas de fabricação são preocupações constantes da engenharia de produção. Frequentemente, os edifícios devem responder a exigências, abrindo vazios e passagens para que as transferências ocorram eficientemente. Os produtos acabados devem ser estocados e expedidos de acordo com a sua própria natureza, gerando armazéns paletizados, silos e docas especiais (BRUNA, 1989, p.63 apud PADIN,2009, p.85)
Para se estabelecer o arranjo físico deve se analisar as inter-relações entre as
atividades, a proximidade entre elas, a configuração espacial do ambiente e o
posicionamento das áreas e dos equipamentos (FIGURA 37).
79
FIGURA 37: EXEMPLO DE DIAGRAMA PARA PRÉDIO PRINCIPAL
DESENHO: BODEGRAVEN, Leda. Exemplo para Prédio de Produção. 26 set. 2019.
Em alguns casos, os maquinários possuem partes enterradas que devem ser
acomodadas dessa forma para o seu funcionamento. Outro fator é a altura para a
instalação do conjunto de equipamentos que pode determinar o pé direito da
edificação, podendo resultar em várias dimensões, conforme o arranjo dos
maquinários. Alguns espaços pedem cobertura e fechamentos laterais, enquanto
outros sugerem somente uma cobertura permitindo melhor troca de ar do acessório
que será lá instalado.
A distribuição do sistema estrutural, com a definição das linhas de pilares,
coberturas, fechamentos, vãos, ventilações, iluminações, se faz dentro do partido
arquitetônico adotado, de maneira a se obter uma solução final harmônica e que
preencha os requisitos para operação. A arquitetura deve estar integrada com a
estrutura para determinar um único conjunto edificável e estabelecer, de preferência,
grandes vãos entre pilares, que permitam manobras de trabalho e flexibilidade na
planta para eventuais alterações, como troca de maquinário no caso de
modernizações do processo e outras inovações.
Tubulações, bandejamentos com fiação elétrica e mesmo peças do maquinário
de produção podem estar fixados nos pilares e vigas. Desta forma, o trabalho
integrado com as demais engenharias definirá soluções em conjunto para essas
instalações.
80
Acidental aquecimento dos maquinários pode ser minimizado com a inclusão
de grandes ventiladores na cobertura, eventual pouca ventilação pode ser atenuada
criando-se venezianas laterais de entrada de ar ou em locais específicos, associados
a ventiladores de cobertura ou ainda com a localização de outras áreas para saída de
ar; problemas de luminosidade podem ser solucionados com áreas de iluminação nas
paredes laterais ou zenitais ou também a colocação de telhas translúcidas. Embora
as opções sejam muitas, elas devem ser analisadas caso a caso para permitir conforto
térmico, acústico, boas condições de uma forma geral, pois estes itens tocam
diretamente no usuário que ali trabalha, como inclusive devem ser adequados às
exigências das legislações.
O partido do projeto arquitetônico precisa se integrar com os diversos itens que
determinam a solução final do conjunto, e se conceber a planta da edificação de forma
plena e harmônica com o sistema estrutural, tubulações e instalações.
A versatilidade considerada no projeto e a preocupação com futuras expansões
ou modificações são estratégias de planejamento que não podem ser esquecidas
levando-se em conta os investimentos despendidos nas implantações iniciais de uma
indústria, e consequentes novos recursos que podem ser minimizados, caso haja
necessidade de acréscimos de áreas ou pequenas mudanças no processo. Assim é
conveniente se prever a forma de expansão da arquitetura industrial integrada com o
sistema estrutural, fundação, instalações e, principalmente, com a engenharia de
produção.
Há esquemas indicativos para previsão de ampliação, o que Padin (2009, p.
111) fala em Sistemas Aditivos e Sistemas Integrativos e se referem ao leiaute e a
possibilidade de influenciar a expansão do edifício, contudo depende da tecnologia
adotada, do partido arquitetônico e do sistema estrutural utilizado. A previsão de
ampliação da edificação pode ser tanto na horizontalidade como na verticalidade, com
acréscimo de andares. No caso de aumento no número de pavimentos do prédio, este
pode vir acompanhado de escadas, elevadores e monta cargas, sendo importante os
espaços para eles serem dimensionados de acordo com o número de transeuntes ou
pelo volume de carga e observadas as legislações e normas técnicas que se aplicam.
Caso a edificação principal de processo tenha previsão para abrigar uma Sala
de Controle, esta deve ser posicionada em local estratégico para que dela se possa
visualizar toda a área a ser controlada. Normalmente estas salas são espaços
81
menores com vastas áreas envidraçadas e painéis tipo armários metálicos onde se
encontram os controles de determinados equipamentos. Podem contemplar locais
para permanência ou não de operadores, conforme o caso, assim como deve ser
prevista área suficiente para instalação e inclusive a manutenção das máquinas lá
instaladas. Muitas vezes estas salas possuem piso elevado devido ao cabeamento e
fiações que podem ser acessados e modificados quando necessários. São salas
confinadas e, em geral, precisam de sistema de ar condicionado devido sua
localização normalmente não ter aberturas para o exterior.
Em toda a área fabril, os sanitários para os operadores precisam ser previstos
em quantidades proporcionais ao número de pessoas que trabalham na indústria, de
acordo com as Normas Regulamentadoras da Secretaria de Inspeção do Trabalho
(NRs) que estabelecem os critérios para o dimensionamento. É necessário se projetar
sanitários próximos ao prédio principal, bem como aos outros edifícios, para que os
trabalhadores da indústria não tenham que percorrer grandes trajetos para alcançá-
los.
Os edifícios de produção e mesmo os auxiliares necessitam de portas de
acesso de pedestres e de equipamentos, bem como portas de saída de emergência,
devendo estas últimas serem projetadas conforme normas do Corpo de Bombeiros da
unidade federativa onde o município se localiza, além de posicionadas seguindo as
exigências das Normas Regulamentadoras (NRs) e possuir distância entre elas
suficiente para que possibilite escape do trabalhador numa casualidade.
Os pisos, as escadas e as rampas operacionais devem ser calculados para que
suportem as cargas que circulam por eles, além de ter acabamento antiderrapante,
para evitar riscos. As escadas e rampas devem ter corrimão e guarda corpo de
proteção, assim como as áreas abertas elevadas necessitam de guarda corpo e
devem ser projetados considerando os critérios das NRs.
As indústrias farmacêuticas, de cosméticos e de alimentos, possuem cuidados
específicos no planejamento das plantas industriais, necessitando adicionar a
aplicação das leis e regulamentações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), onde constam critérios que possam eliminar os riscos de contaminação que
eventualmente poderiam ocorrer e, desta forma, assegurar a fabricação de produtos
dentro dos controles de garantia de qualidade para a saúde dos consumidores.
82
Dentro das boas práticas de produção de fármacos e dos procedimentos são
requeridos ambientes e acessórios que o projeto precisa prever, um dos requisitos é
a restrição de circulação com as mesmas roupas e até sapatos dentro e fora da área
de produção, devendo serem criados vestiários com antecâmaras, até bancos de
travessia e para a troca de sapatos e rouparia, além de uso de ‘Equipamentos de
Proteção Individual’ (EPIs) dentro da área classificada de fabricação, onde há maior
risco de contaminação. O fluxo entre locais que possuam classificação de risco e
limpeza diferentes deve ser realizado através de antecâmaras, para evitar qualquer
contaminação.
Há atividades industriais que requerem ‘salas limpas’, que são ambientes com
absoluto controle contra contaminação de organismos e partículas de quaisquer
tipologias, regulação na qualidade do ar, temperatura e umidade, abrigando processos
fabris mais delicados. Estas salas são encontradas em indústrias farmacêuticas, de
alimentos, de cosméticos, de produtos nucleares e de componentes eletrônicos. São
ambientes que necessitam de piso, rodapé, pintura e controle de ar que sigam as
recomendações de descontaminação. É obrigatório para estes locais o atendimento
das normas da Anvisa, em especial a RDC50, bem como o acatamento das instruções
contidas na Norma ABNT, principalmente a NBR ISO 14644-4 (Salas Limpas e
Ambientes Controlados Associados, Parte 4 - Projeto, Construção e Partida). Também
devem ser atendidas as normas técnicas do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) e se tiver como meta a exportação, o Food and Drug
Administration (FDA).
No caso das Salas Limpas ou cleanrooms, como explica a norma ABNT NBR
ISO 14644-4 (2004, p. iv), devem proporcionar o controle da contaminação, para que
possibilite as atividades que podem gerá-la. Nestes ambientes é preciso se projetar a
movimentação adequada de material e pessoas entre área interna e zonas adjacentes
com o objetivo de minimizar riscos de transferência de contaminação, da mesma
forma, os fluxos de ar, níveis de umidade, temperatura, pressão, partículas em
suspensão e iluminação, para não interferir na composição química do que está sendo
analisado ou fabricado.
Junto à entrada da Matéria Prima no terreno onde se situa a indústria, costuma
existir um Pátio de Veículos que transportam os insumos para a produção e do lado
da saída dos produtos manufaturados, há outro pátio para a frota de transporte que
83
levará os artefatos fabricados para fornecimento ao mercado, num centro de
distribuição ou ainda para os depósitos dos clientes desta indústria. Junto às portas,
há possibilidade de serem projetadas e instaladas plataformas elevatórias de cargas,
de forma a facilitar a atividade de descarregamento e carregamento, principalmente
se levados em consideração peso e dimensão de alguns produtos, inclusive as
próprias portas precisam ser projetadas ou especificadas de acordo com os requisitos
de acesso, tamanho do caminhão ou outro veículo, proteção lateral, insuflamento de
ar e até mesmo o material de execução e acabamento delas considerando a
durabilidade, dependendo da qualidade da atmosfera do local.
Para a movimentação interna no prédio da produção, podem ser instaladas
talhas manuais ou elétricas, guinchos elevadores, pontes rolantes, plataformas
elevatórias ou conforme especificado pelos especialistas em engenharia mecânica e
para o transporte interno de produtos até chegar nos depósitos pode-se utilizar
empilhadeiras.
3.3.1.3. O Edifício Administrativo
O dado inicial para se projetar esta edificação ou mesmo se for um espaço
anexado ao prédio principal é se obter com o contratante uma previsão do número de
funcionários que ocupará este prédio, bem como suas funções e necessidades para
o desempenho das tarefas, como um organograma. A partir de então, serão
determinados os ambientes de trabalho (FIGURA 38), com os devidos tamanhos e
compartimentações que abriguem todo o staff, estudados os inter-relacionamentos
entre áreas e os fluxos internos, dimensionadas as instalações sanitárias, copas e
outros serviços de apoio conforme as NRs. A hierarquia de funcionários, conforme
estabelecida no referido organograma e a política interna da empresa é fator que pode
influenciar nas dimensões de ambientes ou localizações de algumas salas
específicas, pois é comum em algumas empresas determinar áreas de salas de
acordo com a ocupação hierárquica do funcionário, por exemplo: diretoria possui sala
de 4 x 6 metros e sanitário privativo, as salas dos gerentes são até 4 x 4 metros e
assim por diante. Outro ponto são as cores e até tipo de materiais que podem ser
referências de marketing corporativo e representar a imagem da empresa.
84
FIGURA 38: ESCRITÓRIO ADMINISTRATIVO
FONTE: LOEBCAPOTE ARQUITETURA E URBANISMO. Centro de Distribuição da Avon, em Cabreúva (SP). Revista Monolito. São Paulo: Editora Monolito, 2015, n.25, p.84.
O dimensionamento dos sanitários deve atender o exigido pelas Normas
Regulamentadoras da Secretaria de Inspeção do Trabalho, referente à quantidade de
peças e às dimensões de ambientes, circulação, ventilação e iluminação assegurando
assim as condições de atendimento da população alocada na área administrativa.
Junto com o edifício administrativo pode estar situado o restaurante e a
cozinha, caso seja um número pequeno de funcionários da empresa, pois ali se
preparará e fornecerá as refeições aos trabalhadores do complexo ou, caso seja um
número expressivo de funcionários, necessitará de um prédio independente.
As copas são áreas menores que podem abrigar máquinas de café, filtros de
água ou bebedouros e outros apoios aos trabalhadores daquele local.
Para os escritórios, o projeto pode se prever o mobiliário, divisórias de
ambientes, revestimentos de piso, cortinas e acessórios, caso faça parte do contrato,
sendo imprescindível atendimento à acessibilidade e ergonomia através da legislação,
NRs e Normas ABNT.
85
3.3.1.4. Vestiários
Em toda a área fabril, os sanitários e vestiários para os operadores precisam
ser previstos em quantidades proporcionais ao número de pessoas que trabalham na
indústria. Para tanto devem ser consultadas as Normas Regulamentadoras da
Secretaria de Inspeção do Trabalho (NRs) que estabelecem os critérios para o
dimensionamento e o quantitativo para cada tipologia de ocupação. Os sanitários e
vestiários poderão ser localizados em uma edificação exclusiva, de preferência
próxima à portaria e ao prédio principal, para que os trabalhadores da indústria os
acessem de imediato no ingresso na área e possam se trocar antes de se deslocarem
para as áreas de trabalho. Os vestiários possuem armários e deve ser escolhido o tipo
mais adequado e acomodados de maneira organizada no projeto, seguindo as NRs,
determinando espaços de circulação, locais de troca de roupas, divisões para
chuveiros, área molhada e área seca separadas, mas próximas umas das outras, para
que seja funcional.
O prédio dos vestiários necessita de sanitários e lavatórios, que podem ser
locados em um compartimento, de forma que facilite o acesso, estando
preferencialmente numa parte mais próxima à entrada.
A ventilação e iluminação desta edificação precisam estar em alturas que não
propiciem visibilidade interna, para garantir a privacidade dos usuários.
3.3.1.5. Restaurante e Cozinha
O restaurante e a cozinha que preparará e fornecerá as refeições aos
trabalhadores do complexo precisará ter um dimensionamento compatível com o
número de pessoas e turnos de trabalho na área, podendo ser um prédio
independente que funcione quase como uma pequena indústria alimentícia dentro do
complexo. A cozinha e restaurante (FIGURA 39) seguem as legislações e Normas da
Anvisa. São áreas que requerem prática no dimensionamento das instalações, muitas
vezes sendo fruto de consultoria específica, que estima os aparatos, tamanhos de
fogão, câmaras frigoríficas, estabelece o número de turnos de fornecimento das
refeições, entre outros pontos, estipulando os dados básicos para o projeto dos
espaços necessários a serem contemplados nesta edificação.
86
É conveniente que seu acesso seja fácil, pois receberá os alimentos através de
caminhões, que descarregarão em docas e depois deverão sair os dejetos também
através de outros caminhões.
A cozinha normalmente recebe os produtos na doca, ali são pesados,
selecionados e encaminhados para suas dispensas ou geladeiras ou câmaras frias.
Cada tipo de câmara fria possui temperatura e condições específicas para o alimento
que será nela guardado, tais como: carnes, laticínios, verduras, legumes e frutas.
Desde o início da entrada do alimento no prédio todas as atividades são
acompanhadas e controladas por nutricionistas. Os comestíveis são transportados
internamente para o pré-preparo, onde são selecionados, lavados, descascados,
depois preparados conforme receitas culinárias, posteriormente vão para a cocção e
depois de prontos são colocados em balcões aquecidos no restaurante, para
distribuição e serem servidos, segundo os critérios estabelecidos pela empresa
contratante e detalhados pelo especialista em cozinha industrial, determinando se
será um único salão com mesas e cadeiras ou mais salões para atender diferentes
hierarquias da empresa, determinados os números de ocupantes por ambiente e o
tipo de acomodação, serviço e turnos de refeição.
A louça limpa e os talheres são dispostos em geral próximos aos balcões de
distribuição e o recolhimento das bandejas pode ser feito com entrega na saída, em
local indicado ou retirado nas mesas por funcionários da cozinha, dependendo do
modelo adotado.
O pé direito da cozinha é delimitado em Norma da Anvisa e NR não podendo
ser inferior ao especificado. Devem ser previstos sistemas de exaustão, telas nas
esquadrias para evitar acesso de insetos aos recintos de produção de alimento.
87
FIGURA 39: SALÃO DO REFEITÓRIO
FONTE: LOEBCAPOTE ARQUITETURA E URBANISMO. Centro de Distribuição da Avon, em Cabreúva (SP). Revista Monolito. São Paulo: Editora Monolito, 2015, n.25, p.85.
Os equipamentos da cozinha, junto da circulação dos trabalhadores e o espaço
necessário para sua movimentação no preparo costumam necessitar de área com
dimensionamento expressivo, bem como instalações de água fria, quente e gás
encanado, para um funcionamento eficiente, sendo este um projeto que requer muitas
definições antes de ser iniciado, pois implicará em escolhas de equipamentos e
soluções espaciais e de detalhamento. Devem seguir as normas técnicas, legislação
da Anvisa, Instruções do Corpo de Bombeiros e NRs aplicáveis. Deve ser consultada
a eventual existência de legislação municipal para cozinha e restaurante.
3.3.1.6. Depósitos de Estoque de Matérias Primas e de Produto Acabado
Estas edificações podem ser independentes ou fazer parte do prédio de
produção, em geral são localizadas separadamente, ficando o estoque de Matérias
Primas próximo ao início da produção e o Depósito de Produto Acabado (FIGURA 40)
no final do Processo, abrigando o resultado produzido. Suas dimensões são reflexo
do volume que abrigarão em insumos ou produto fabricado, ambos calculados pela
88
engenharia de produção, estimando-se o tempo de recebimento e uso das matérias
primas e o tempo de guarda do produto acabado antes de ser transportado para o
destino final. Maffei (1982) explica essa relação:
Os dimensionamentos deverão ser feitos em função do volume de matéria prima e produto acabado a estocar, em função da demanda e da produção, em função de um período de tempo determinado pela engenharia de produção (uma semana, quinze dias, etc.), e o espaço definido com o estudo das circulações e equipamentos. (MAFFEI, 1982, p. 109)
Dependendo das características dos produtos são previstos seus
empilhamentos, manuseio, vãos estruturais, tipologia de acabamentos, umidade,
iluminação e ventilação.
Para eventuais áreas destinadas a materiais inflamáveis deverão ser atendidas
as Normas específicas e as Instruções do Corpos de Bombeiros, normalmente
utilizadas paredes corta-fogo, entre os critérios a serem previstos de acordo com os
riscos de cada substância.
Nos depósitos é usual a instalação de equipamentos para movimentação de
cargas, sejam elas brutas ou manufaturadas, para auxiliar nos carregamentos dos
veículos e nas operações internas. A equipe de engenharia mecânica especificará o
ferramental mais adequado para o volume e a tipologia do que está em fabricação,
que também pode ser especificado pela própria equipe de processo de produção,
caso seja um aparato indicado para a tipologia do que está sendo produzido pela
indústria. Da mesma forma, as empilhadeiras utilizadas para a circulação interna,
devem ser adequadas aos produtos, sendo que seus percursos e características
influenciarão nas dimensões do projeto, quanto ao empilhamento, guarda e altura da
edificação relativa à forma que serão estocadas as cargas, se será em porta-pallets
ou sistema automatizado, ressaltando que estes últimos, embora com custo mais
elevado refletem na otimização do espaço interno e no transporte seguro,
principalmente se for alguma substância com determinado tipo de risco. Contudo, são
fundamentais as informações básicas da engenharia de processo e do fabricante do
sistema para que o projeto contemple adequadamente esse instrumental.
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FIGURA 40: DEPÓSITO DE PRODUTO ACABADO
FONTE: LOEBCAPOTE ARQUITETURA E URBANISMO. Centro de Distribuição da Avon, em Cabreúva (SP). Revista Monolito. São Paulo: Editora Monolito, 2015, n.25, p.118.
Dependendo da tipologia da indústria e dos materiais, os estoques de matéria
prima e de produto industrializado podem vir a ser abertos, ou ainda com coberturas
parciais, limitados pelo tipo de piso ou por bacias de contenção caso haja possibilidade
de vazamentos.
90
3.3.1.7. Casa de Controle
As Casas de Controle são necessárias em instalações fabris que possuem
sistemas automatizados ou algum tipo de acompanhamento e ‘vigilância’ sobre as
atividades da operação para que haja intervenções das equipes caso sejam
requeridas. Na maioria das vezes, possuem uma área ampla envidraçada que permita
uma boa visibilidade e dependendo do processo fazem-se necessárias proteções
acústica e térmica para resguardar a saúde dos operadores que trabalharão ali. A área
envidraçada eventualmente poderá ter esquadrias e vidros especiais e que atendam
as especificações de conforto ambiental, não possibilitando aumento de ruídos
internos ou reflexos luminosos que venham atrapalhar o desempenho do
monitoramento. Outro aspecto é distribuir o sistema estrutural de maneira que não
cause interferência no arranjo dos equipamentos dentro da sala de operações e não
obstrua a visão dos trabalhadores que ali estão alocados, pois estes espaços podem
abrigar diversos painéis de controle do sistema de automação da linha de produção.
É importante a previsão de sanitário conjugado para minimizar o afastamento dos
funcionários das atividades de vigilância, bem como, proporcionar maior conforto a
eles.
3.3.1.8. Oficina de Manutenção
O edifício da Oficina de Manutenção (FIGURA 41) abriga as operações de
preservação e de correção de eventuais falhas nos equipamentos da indústria,
ferramental, mobiliários, edificações e demais instalações da área industrial. Seu
projeto deve prever bancadas de madeira onde podem ser desenvolvidos trabalhos
diversos, além de armários e prateleiras para as peças e ferramentas necessárias.
Neste espaço podem ser realizadas averiguações ou consertos de origem
mecânica, elétrica, de automação, de acabamento e até ajustes necessários.
Além das bancadas, armários e prateleiras, a oficina pode necessitar de partes
enterradas no solo ou talhas elétricas para movimentação de peças mais pesadas ou
volumosas, para a execução das benfeitorias. Alguns reparos poderão ser feitos in
loco e não na oficina, desta forma o instrumental poderá ser móvel e precisa ser
previsto o espaço para sua guarda no prédio da oficina.
É essencial o fornecimento pelos especialistas de mecânica, elétrica e
produção de uma listagem e um leiaute básico dos equipamentos com suas medidas
91
e premissas de instalação física e de utilidades, tais como: fonte de energia,
abastecimento de água, reservatório de óleo, ou outras que sejam pertinentes para a
utilização deles.
FIGURA 41: EXEMPLO DE OFICINA DE MANUTENÇÃO
FONTE: GONÇALVESMB. Conjunto Mecânico - EC725 Jaguar. [s. l.], set. 2014. 1 fotografia, 2 048 × 1 536 (6,48 MB). Disponível em:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Conjunto_Mec%C3%A2nico_-_EC725_Jaguar..png. Acesso em: 04 nov. 2019.
NOTA: A Oficina tem pé direito de 4 metros e possibilita a instalação de uma ponte rolante com capacidade de 500 Kg.
Dependendo do que será recuperado ou revisado na oficina poderá ser
necessário um espaçamento entre os pilares do sistema estrutural para que não
atrapalhe os serviços que ali serão realizados, da mesma forma as dimensões das
portas que permitem a entrada e saída de peças grandes.
Os pisos devem ter resistência que atenda às cargas que circulam no prédio e
com acabamento em geral lavável e antiderrapante, e ainda pode ser premissa algum
tratamento que evite faísca. As águas de lavagem desta área possivelmente irão para
92
a estação de tratamento de efluentes, para garantir o controle ambiental no solo, nas
redes de águas pluviais e esgoto.
3.3.1.9. Laboratório
O Laboratório, onde normalmente são feitos testes nos artigos fabricados pela
indústria, como também testes de desenvolvimento de novos produtos, pode ser
locado em uma sala ou uma edificação dependendo das atividades que são exercidas
ali.
A empresa contratante deve fornecer as premissas do tipo de testes que podem
ser desenvolvidos e a partir dos dados informados, ser feito um leiaute com
acomodação de bancadas e equipamentos que permitam os ensaios.
As bancadas devem ser projetadas seguindo critérios de ergonomia e de
normas técnicas e se atentar à necessidade de ‘capela’, um equipamento que protege
o operador em experimentos que necessitam exaustão. Verificar quais trabalhos serão
executados ‘de pé’ ou sentados para que o mobiliário seja pensado de forma a atender
a maneira como será executado. Os acabamentos das bancadas devem ser
especificados e detalhados, objetivando eficiência e durabilidade, por exemplo:
produtos agressivos ou abrasivos precisam ser testados sem danificar o local onde
estão sendo aplicados, devem propiciar limpeza e proporcionar eficácia.
As divisões internas de salas ou ambientes dentro do laboratório necessitam
ser funcionais e alguns equipamentos podem requerer infraestruturas de instalação,
tais como a construção de uma ‘gaiola de Faraday’, uma malha metálica que
encapsula uma determinada sala produzindo campo elétrico nulo interno a ela e
assim, evita interferências no campo magnético do aparelho. Outra condição, é a
instalação de coxins para que balanças não sofram trepidações ou ainda filtros no ar
condicionado entre outros requisitos.
A distribuição das bancadas precisa propiciar uma circulação dentro das
normas e a movimentação de carrinhos de apoio ou de recolhimento para lavagem
dos recipientes. A lavagem dos frascos pode ser feita em máquinas especiais e
também a desinfecção e esterilização. Dependendo do tipo da indústria e do
laboratório interno que será projetado, se faz necessário um sistema de aquecimento
exclusivo para este maquinário. Os materiais de acabamentos de piso e paredes num
laboratório podem variar dependendo do ambiente, assim como nas bancadas, por
93
este motivo é necessário entendimento dos procedimentos que lá serão executados
para se chegar na melhor solução.
3.3.1.10. Primeiros Socorros
Primeiros Socorros é a assistência imediata dada, no local da ocorrência, a
uma pessoa vítima de acidente ou mal súbito, segundo Rosa et al. (2001, p. 15). A
área destinada aos primeiros socorros é diferente de um posto de saúde ou de
consultórios para atendimento médico, podendo ser uma sala ou até uma edificação
com todas as instalações previstas para resolver emergências ou eventuais acidentes
que ocorram durante a operação industrial. No caso de sala de atendimento das
emergências, ela deverá conter os instrumentos e mobiliários para acolher os
envolvidos em um imprevisto até a chegada da ambulância para o transporte ao
hospital mais próximo.
Em situações em que a indústria está afastada da área urbana e não há
hospitais nas imediações, a área de primeiros socorros pode virar um pequeno pronto
socorro dentro do complexo industrial, para fornecer assistência mais abrangente aos
trabalhadores.
O formato organizacional desta área e o seu dimensionamento dependem do
número de funcionários que trabalham na indústria e dos riscos contidos nas
atividades de produção.
Segundo Rosa et al. (2001, p.20) há dispositivos legais que instruem a inclusão
dos primeiros socorros no ambiente da empresa, estabelecidos pela Organização
Mundial do Trabalho do qual o Brasil é signatário, também pelas Legislações
Trabalhistas e com critérios estabelecidos nas NRs. Nas palavras de Rosa et al.:
É sabido que os acidentes e as doenças podem ocorrer em qualquer lugar, com qualquer pessoa e a qualquer hora, apesar de toda as precauções tomadas para a proteção do trabalhador. A meta principal do primeiro socorro é afastar o paciente do perigo imediato, prevenir consequências maiores e colocar o indivíduo sob assistência médica (ROSA et al., 2001, p.6).
De forma geral, é no mínimo prevista uma sala com um leito, espaço para
armário de guarda de material clínico, além de equipamentos como desfibrilador, ou
outro que a equipe médica da empresa solicite. Uma mesa com cadeira para o médico
de plantão, também deve ser pensada. Deverão ser atendidas as Regulamentações
da Anvisa nos projetos e acabamentos das instalações.
94
A maleta com material básico de primeiros socorros para utilização nos casos
de urgência, bem como macas deverão estar disponibilizadas em locais estratégicos,
para acesso dos socorristas, quando necessário.
No caso de se projetar um pequeno pronto socorro com posto ambulatorial
dentro do complexo, o programa deverá ser estabelecido em conjunto com a empresa
contratante, mas podem estar contemplados: uma recepção, sala de atendimento
médico, sala de enfermagem, sala de administração de medicamentos, depósito de
medicamentos, depósito de roupas limpas, depósito de roupas sujas, sala de
intervenções, pequena sala cirúrgica (FIGURA 42), pequena central de gases
hospitalares, depósito de lixo hospitalar, depósito de lixo comum, sanitários
masculinos e femininos, vestiários masculinos e femininos para os funcionários da
área, área para ambulância.
FIGURA 42: SALA DE CIRURGIA
FONTE: E-SERGIPE. Sala de Cirurgia Hospital de Estância, Estância (Sergipe), abr. 2012, on line, 1 fotografia, 2,896 × 1,944 (1.9 MB). Disponível em:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sala_de_Cirurgia_Hospital_de_Est%C3%A2ncia.jpg. Acesso em: 01 out. 2019..
NOTA: A Sala de Cirurgia é prevista em projeto de pronto socorro interno nos Complexos Industriais.
95
Se o programa solicitado para o pronto socorro for complexo, pode ser
contratado especialista para determinar os equipamentos que serão instalados e
estabelecer suas premissas de acomodação, para que estejam contempladas todas
as utilidades e pontos de energia para o seu funcionamento. O pronto socorro precisa
ser provido dos gases medicinais, de água filtrada, água fria e quente e ar
condicionado com filtro, para que seja funcional.
3.3.1.11. As Utilidades
A área de Utilidades é composta por diversas edificações ou espaços
delimitados que contenham equipamentos que apoiam a produção e os
abastecimentos de água, energia, gases industriais utilizados durante o processo de
transformação de cada indústria. São pertinentes a este conjunto os reservatórios de
água, as subestações, as casas de geradores, sala de compressores, tancagem e
centrais de gases.
3.3.1.11.1 Subestação Elétrica e Geradores
A entrada da energia no complexo industrial deve seguir as normas da
concessionária de energia local.
A partir da entrada na área, esta energia segue para uma Subestação Elétrica,
que é uma área ou edificação onde estão situados equipamentos que modificam
tensão e corrente desta energia que chega da rede da concessionária e permite a
distribuição na área, conforme Duailibe (1999, p.4). Podem ser quanto à função:
‘transformadoras’ (converte a tensão para maior ou menor) ou ‘seccionadora’ (interliga
ou secciona circuitos). Como modo de instalação podem ser: ‘externa’ ou ‘ao tempo’
e ‘interna’ ou ‘abrigada’.
Os equipamentos e a opção do tipo de subestação são definidos pelo
especialista em engenharia elétrica, que fornecerá as dimensões para inspeção e
manutenção dos equipamentos e os detalhes para que o projeto de arquitetura esteja
alinhado com as condições técnicas das normas referentes à energização do
complexo.
A Anel recomenda que as Subestações sejam locadas junto ao limite da
propriedade com a via pública ou seguir recuo conforme exigências de poderes
públicos locais. As instalações (FIGURA 43) devem ser projetadas e executadas de
96
forma a permitir o acesso imediato e direto caso necessite leitura, manutenção ou
inspeção. (AES ELETROPAULO, 2011, p.25, 50)
As recomendações é que sejam elaboradas com materiais incombustíveis e
que tenham laje de concreto na cobertura, esquadrias que propiciem ventilação com
características de materiais e dimensões normatizadas.
Apesar da tipologia da Subestação deva ser definida pelos especialistas de
engenharia elétrica para cada projeto específico, somente para se ter conhecimento
das configurações mais usuais nas áreas industriais, aqui está exemplificada a
aplicação mais comum, onde é composta por dois ambientes contíguos, divididos por
paredes até o teto, sendo uma sala fechada e coberta, com painéis e quadros elétricos
e do lado externo uma área com baias para abrigar os transformadores, com divisões
entre elas feitas por paredes corta fogo. O piso da sala interna, em concreto com
acabamento sobre a superfície e da área dos transformadores, em geral, com brita
sobre concreto (se os transformadores forem movidos a óleo) ou concreto (para
equipamentos movidos a seco). Os pisos possuem várias canaletas enterradas e com
tampas removíveis, em geral, em chapa metálica, por onde passam cabos elétricos
que interligam os equipamentos com os quadros e painéis e deles com as áreas da
planta industrial que são energizadas. Dependendo do porte da Subestação e da
quantidade de quadros e painéis que nela estão locados, poderá ser necessário um
porão de cabos, pelo qual o cabeamento das ligações é disponibilizado em bandejas
elétricas sustentadas na laje de teto do porão, para melhor alojamento e serviços que
eventualmente sejam efetuados neles.
As baias dos transformadores devem ter um portão removível, para facilitar a
entrada do equipamento, em geral em estrutura metálica com miolo em material tipo
alambrado, com portão de pedestres integrado, para facilitar o acesso nos períodos
de manutenção.
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FIGURA 43: EXEMPLO DE PLANTA DE SUBESTAÇÃO DE ENTRADA DE ENERGIA
FONTE: AES ELETROPAULO. Fornecimento de Energia Elétrica em Tensão Primária. [s. l.]: AES ELETROPAULO. 2011. p.102. Anexos de Desenhos, Desenho 08, Planta. Disponível em:
https://www.eneldistribuicaosp.com.br/Documents/LIG_MT_2011_VAC.pdf. Acesso em: 13 out. 2019.
NOTA: A Planta da Subestação apresenta uma instalação convencional recomendada pela Enel.
A área destinada aos Geradores pode ser prevista contígua à Subestação,
necessitando verificação dos requisitos de instalação do modelo indicado para cada
indústria em projeto, para previsão das caixas de óleo ou outra espécie de apoio que
o produto demandar para funcionar. É mais usual se instalar os Geradores em
ambiente exclusivo e com tratamento de absorção acústica, devido ao ruído que ele
produz quando está ligado, mesmo as esquadrias devem ter tratamento acústico para
isolar o alto som que é originado pelos motores quando acionados, permitindo a
continuidade de operação quando falhar o fornecimento da energia da rede pública.
Os cuidados com a ventilação do ambiente são imprescindíveis, devido ao fato de
vários geradores utilizarem diesel ou gás para o seu acionamento.
3.3.1.11.2. Os Reservatórios de Água
O abastecimento de água é primordial numa indústria, desde a interação com
as atividades do processo como também no fornecimento para sanitários, vestiários e
restaurantes. De acordo com Côrtes et al. (2015, p.8) há uma deficiência no sistema
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de abastecimento de água da rede pública, muito pelo aumento da população,
necessidade de investimentos e efeito das mudanças climáticas, acarretando numa
necessidade de provisionamento próprio, apesar da água ser captada da rede pública
ou do subsolo.
Em geral os especialistas definem os tipos de reservatórios de água para
utilização no dia a dia, para contenção e utilização quando faltar água na rede pública
ou para atender uma eventualidade ou incêndio.
Podem ser previstas caixas d’água elevadas, tipo torre, caixas semienterradas,
ou subterrâneas. Para isso, estima-se a capacidade que deverá ser armazenada e
verificada a diferença de nível na topografia do terreno entre as edificações que serão
abastecidas e o local onde estarão localizados os reservatórios. Os especialistas
indicarão a melhor opção, no entanto, é usual a utilização de reservatório dividido em
2 ou 3 células para abastecimento de água potável, reserva de incêndio e água
industrial em separado ou junto com a potável ou com a reservada para incêndio.
As células recipientes de água devem ser impermeabilizadas, assim como os
reservatórios enterrados ou semienterrados, as coberturas, que inclusive podem ser
de concreto e também precisam ter sua impermeabilização bem definida e
especificada.
No caso do reservatório elevado, as formas e materiais podem ser variados,
tanto para a caixa, como para a estrutura de suporte. Ele costuma se destacar no
conjunto edificado devido à altura, podendo ter uma plástica relevante. O acesso na
parte superior deve estar resolvido no projeto através de escadas marinheiro ou
comum, que atendam as normas ABNT e NRs da Secretaria de Inspeção do trabalho.
3.3.1.11.3 Casa de Bombas
Conforme o tipo de reservatório a ser utilizado no complexo é necessário o
bombeamento da água para que ela chegue ao ponto com a pressão desejada, isto
quando a caixa de água for enterrada, mas também para a água destinada para
combater incêndio. Sendo assim, as bombas para este fim são acomodadas sobre
bases de concreto, em uma edificação composta de uma sala ampla, para suportar
suas cargas.
A edificação necessita de venezianas para ventilação e porta de acesso para
os equipamentos e para operadores executarem inspeção ou manutenção.
99
Especificidades da edificação devem ser discutidas com a equipe que estiver
projetando e dimensionando o sistema de incêndio, para que atenda todos os
requisitos legais e de normas técnicas.
3.3.1.11.4 Sistemas de Proteção contra Incêndio
O sistema de proteção contra incêndio deve ser projetado por profissionais
especialistas da área, no entanto seus componentes se integram com a arquitetura
devendo serem pensados de forma integrada para que não haja interferência, nem
obstruções nas localizações dos equipamentos. O atendimento aos sinistros precisa
ser eficiente, nas rotas de fuga, nas localizações de hidrantes, extintores, sinalizações
e quaisquer recursos que protejam as pessoas e as instalações.
As bombas de incêndio para alimentar os sprinklers e os hidrantes podem ser
acomodadas na Casa de Bombas, no entanto os outros elementos do sistema estão
distribuídos nas edificações da indústria e também no restante do terreno.
Complementando o sistema de proteção contra incêndio é necessário prever
rotas de fugas, com faixas sinalizadas, além de placas de comunicação visual e
elementos táteis e auditivos que contenham as informações de segurança.
3.3.1.11.5. Central de Ar Comprimido
Diversas indústrias utilizam ar comprimido em alguns de seus equipamentos,
como força motriz.
Os compressores são instalados numa sala ampla, sobre bases de concreto e
conforme indicações dos fabricantes. Estes ambientes devem ter grandes portas para
acesso dos equipamentos e em geral possuem venezianas automatizadas para
insuflamento e escape de ar do recinto ou ventiladores e exaustores, para manter a
temperatura máxima de operação do maquinário que costuma gerar muito calor e
ruído, também sendo necessário contemplar este ponto.
Outra possibilidade é ter uma talha mecânica fixada no teto que auxilie na
instalação dos compressores corretamente sobre as bases, quando eles forem de
grande porte. O espaço deve ser pensado de maneira que facilite a manutenção e a
circulação dos operadores, observando as especificações do fabricante para a correta
instalação com os devidos complementos.
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3.3.1.11.6 Central de Gases
A Central de gases acomoda os cilindros de gases que são utilizados na
fabricação, tais como: oxigênio, hidrogênio, glp e outros conforme o processo
industrial. A forma mais simples e usual é uma edificação pequena coberta, com
paredes em 3 lados, formando um “u”, podendo ter paredes mais baixas entre os
cilindros também. Na parte frontal há portões ou outro dispositivo que proteja os
cilindros, evitando-se assim riscos indevidos, apesar da localização da central dever
ser acessível para a troca dos recipientes dos gases.
As instalações dos cilindros envolvem normas técnicas e das concessionárias
que fornecem os gases. A distância entre os gases e entre a central e as edificações
deve ser contemplada conforme as normas técnicas, legislação e regras de apólice
de seguro, pois pode haver risco de explosão, de acordo com Maffei (1982, p.112).
3.3.1.11.7 Central de Ar Condicionado
O ar condicionado é um sistema que precisa ser dimensionado para que tenha
a capacidade adequada para resfriamento ou aquecimento das áreas projetadas.
Os dutos de distribuição são projetados com circulação internamente aos forros
de teto ou aparentes, ambas opções fazem parte da solução arquitetônica e precisam
ser definidas em conjunto, para se obter a aparência final que se pretende.
Existem diversos tipos de tecnologias e de equipamentos de resfriamento de ar
e precisa ser escolhido o melhor sistema para garantir a troca adequada de ar nos
ambientes e assim estabelecer a temperatura de conforto aos trabalhadores.
Quando definido um sistema central de condicionamento de ar é necessário um
ambiente para alojar os diversos equipamentos de resfriamento, condensação e
compressão. Os espaços entre eles são definidos pelos especialistas técnicos da área
e deve ser escolhida uma localização que seja melhor integrada com todo o conjunto
arquitetônico, podendo ser na cobertura ou no nível do terreno, a ser estabelecido em
conjunto, sendo levado em conta a proximidade aos dutos de distribuição.
Esta área poderá ser delimitada com fechamentos que propiciem troca de ar
adequadas aos requisitos das máquinas. Caso haja portões de acesso devem ter
dimensões suficientes para o ingresso dos aparelhos no ambiente e serem
encaixados sobre bases de concreto, projetadas para suas dimensões e pesos.
101
3.3.1.11.8. Área de Tancagem
A função dos tanques é conter líquidos e eventuais gases comprimidos
necessários no processo industrial. Em geral são cilíndricos e podem estar
acomodados na vertical ou horizontal, sobre uma base no solo e até possuir dique de
contenção, para proteger de eventuais extravasamentos. A área pode ser coberta ou
não, de acordo com a tipologia do material do tanque e do seu conteúdo. A bacia de
contenção deverá ser impermeabilizada atendendo as normas técnicas
Pode ser necessário que os tanques sejam esféricos, para armazenamento de
determinado produto. Eles são arranjados sobre bases metálicas ou de concreto e
dependendo da altura que tiverem de ser instaladas, serão necessárias escadas, em
geral metálicas, com guarda corpo e corrimão, atendendo as normas ABNT aplicáveis.
FIGURA 44: VISTA DE TANQUES ESFÉRICOS PARA ARMAZENAMENTO DE GLP NA REFINARIA DE CUBATÃO
FONTE: PERROUT; MARTINS. Entrevista: Prof. Paulo Sérgio Rodrigues Alonso. Agência Uerj de Notícias Científicas- AGENC, Rio de Janeiro, set. 2009, Faculdade de Engenharia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, on line. Disponível em: http://www.eng.uerj.br/entrevistas/pauloalonso/.
Acesso em: 03 out. 2019.
102
A área de tanques ou esferas (FIGURA 44) pode ter grande dimensão,
dependendo da indústria e se destacam na paisagem do complexo, portanto, é
importante ser considerada no projeto arquitetônico e paisagístico, embora as
definições técnicas sejam feitas pelos especialistas em mecânica e processo, como o
material, altura, tamanho, tipo e espessura do material. O projeto de arquitetura pode
trabalhar com as bacias de contenção, as impermeabilizações, coberturas, acessos e
principalmente o conjunto de tancagem, sua localização no terreno, circulações e
interferências.
3.3.1.12. Estação de Tratamento de Efluente (ETE)
A Legislação Ambiental exige o tratamento dos efluentes que são produzidos
pelo processo industrial. Há diversos modelos de estações que podem ser projetadas
ou adquiridas no mercado, mas mesmo estas requerem infraestruturas para as suas
instalações e operações.
Os especialistas desta área de conhecimento, conhecendo o Processo
Industrial que está definido para a fábrica, o circuito dos efluentes através das
edificações que fazem parte deste complexo, durante o processo de fabricação,
definirão a melhor solução de ETE e a localização mais adequada para ela ser
instalada no terreno. Esta definição do local onde será implantada será feita em
conjunto com o projeto arquitetônico, para estar integrada com os demais elementos
que são integrantes do conjunto.
FIGURA 45: FLUXOGRAMA SIMPLIFICADO DE ETE
DESENHO: BODEGRAVEN, Leda. Fluxograma de ETE.
FONTE: PEDROSO, Wagner de M., contido em: OTIMIZAÇÃO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO INDUSTRIAL DE UMA INDÚSTRIA METALÚRGICA: Estudo De Caso Na Volkswagen – São Bernardo Do Campo – SP, Novo Fluxograma do Processo de Tratamento. 2009. Dissertação
(Mestrado em Engenharia de Processos Químicos e Bioquímicos) - Escola de Engenharia Mauá, Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia, São Caetano do Sul. 2009. Disponível em:
https://maua.br/files/dissertacoes/otimizacao-de-estacao-de-tratamento-de-esgoto-industrial-de-uma-industria-metalurgica-estudo-de-caso-na-volkswagen-sao-bernardo-do-campo.pdf. Acesso em: 02
out. 2019.
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NOTA: O fluxograma apresenta as compartimentações do processo de tratamento e o desenho foi criado a partir de informações contidas na Fonte mencionada acima.
Com base nas diversas fases do tratamento (FIGURA 45), são estimados os
volumes para cada compartimento e definidos os formatos mais adequados, os
materiais de construção e os revestimentos dos ‘recipientes’. O efluente tratado
poderá ser posteriormente reutilizado na indústria, para tanto poderá sofrer ainda um
novo processo de adequação deste ‘líquido’.
3.3.1.13. Portaria e Acesso
A Portaria controla o acesso de veículos e pedestres à área do complexo
industrial, podendo ser subdividido em dois tipos de ingresso: de um lado uma via
trafegável, com portão duplo ou cancela para os caminhões e do outro lado um portão
para pedestres ou catracas para o controle de entrada de funcionários da empresa,
como outros transeuntes, sobre passeio acabado, antiderrapante.
A área de ingresso é dimensionada pelo número de pessoas que circulará
entrando e saindo, como também é definido o tipo de catraca e se será automatizada
ou mecânica. Antes do acesso na área com a passagem por esses equipamentos de
controle é preciso se deixar espaço para filas, caso o número de ingressantes seja
alto. É necessária a opção da tipologia do equipamento a ser instalado, para que
sejam previstas as infraestruturas de cabeamento compatíveis.
No lado de entrada dos veículos, o registro deles pode ser feito manualmente
ou por equipamentos de identificação automatizada do motorista e do tipo de
transporte e da carga, dependendo dos critérios estabelecidos pela empresa. Poderá
também ter uma balança que registre o peso da carga transportada na entrada e na
saída. A balança poderá ser instalada sobre o piso, embutida ou em alguns modelos
que requer um porão de acesso. Portanto é necessária a definição do equipamento
para que o projeto atenda às suas premissas de instalação.
No interior da edificação da portaria é contemplada uma sala para acomodação
do pessoal que trabalha no controle do acesso, com um sanitário conjugado. Algumas
empresas podem solicitar uma sala para guarda de equipamentos de segurança e
vestiário com armário, específico para a equipe de ‘guarda’, por isto, deve-se ter uma
estimativa de quantos funcionários estarão locados neste trabalho e conhecer como
será a operação de controle dos acessos, para que o projeto de arquitetura seja
realizado de maneira que propicie um bom desempenho desta atividade.
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3.3.1.14. Tubovias, Pipe Rack e Pipe way
Os tubos interligados, transportam gases ou líquidos e são chamados de
tubovias ou dutovias. Circulam pela área industrial, fora dos prédios, em pipe ways ou
sobre pipe racks.
O pipe way (FIGURA 46) é um encaminhamento no nível do solo, onde os tubos
são locados, interligando as centrais de utilidades aos edifícios de produção, e
precisam ter facilidade de acesso para as manutenções e inspeções.
FIGURA 46: VISTA DO PIPE WAY DA REFINARIA DUQUE DE CAXIAS
FONTE: PERROUT; MARTINS. Entrevista: Prof. Paulo Sérgio Rodrigues Alonso. Agência
Uerj de Notícias Científicas- AGENC, Rio de Janeiro, set. 2009, Faculdade de Engenharia da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, on line. Disponível em:
http://www.eng.uerj.br/entrevistas/pauloalonso/. Acesso em: 03 out. 2019.
105
As Tubovias podem também estar em um canal enterrado, construído de
concreto, em geral para suportar tubos de maiores dimensões ou ainda para conter
eventuais vazamentos, caso sejam produtos de maior risco ambiental.
A solução mais usual é o pipe rack, que é composto por estruturas tipo pórticos,
que podem ser projetados conjuntamente pelos profissionais da arquitetura e
estrutura, definindo um conjunto edificável que circula na área, atravessa ruas,
prédios, caminha por todo complexo, suportando a carga dos tubos alojados sobre
ele, de acordo com seus projetos específicos.
Os produtos que circulam nos tubos devem ser identificados pelas cores da
tubulação que segue a norma ABNT NBR 6493 (2018, p.2, 5) e os diferencie no
momento da montagem, como posteriormente facilite seus reconhecimentos para
inspeções e manutenções.
A referida norma estabelece para a pintura de cores nos tubos, de acordo com seus
conteúdos, conforme o seguinte:
FIGURA 47: CORES PARA PINTURA DE TUBULAÇÃO
DESENHO: BODEGRAVEN, Leda. Cores das Tubulações. FONTE: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6493: Emprego de
Cores para identificação de tubulações industriais. Rio de Janeiro: ABNT, 2018.
3.3.1.15. Circulação Interna
As vias de acesso internas ao lote onde se situa o complexo industrial, devem
equacionar os vários tipos de veículos e as cargas que eles transportam, de acordo
com o porte, fluxo, raios de curvatura, largura, para que o trânsito interno flua e se
Produto Cor
Água (exceto incêndio) Verde -emblema
Água (para incêndio) Vermelho-segurança
Ar comprimido Azul-segurança
Eletroduto Cinza-escuro
Gases liquefeitos Cor-de-alumínio
Gases não liquefeitos Amarelo-segurança
Inflamáveis Preto
Materiais fragmentados Marrom-canalização
Produtos químicos não gasosos Alaranjado-segurança
Vácuo Cinza-claro
Vapor Branco
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evite acidentes. Da mesma forma, os pavimentos precisam estar em sintonia com a
carga que trafega sobre eles, tipo de solo e podem, inclusive, ter alguma proteção
caso ocorram vazamentos de líquidos em determinados arruamentos. Os passeios de
pedestres precisam ser projetados interligando os prédios e as áreas de trabalho
proporcionando segurança e eficiência aos operadores, além da criação de rotas de
fuga em ocorrência de sinistros. No encaminhamento do arruamento e nos passeios,
é necessário um projeto de iluminação que proporcione visibilidade e segurança aos
transeuntes do complexo, integrado com o ajardinamento das áreas internas
pensadas para serem jardins e trechos que ficaram disponíveis para plantio.
O projeto de paisagismo deve selecionar espécies vegetais apropriadas aos
locais de plantio, a fim de não atrapalhar a visibilidade, nem a circulação, muito menos
as atividades de produção.
Também no projeto paisagístico pode ser criado um Cinturão Verde em locais
estratégicos, devido ao vento, insolação, vizinhança ou pela existência de mata nativa,
podendo ser integrado à área de lazer do complexo. O Cinturão Verde requer um
estudo bem amplo referente às espécies vegetais nativas, tipo do solo, replantios,
entre diversas circunstâncias.
3.3.1.16. Comunicação Visual
Para circular corretamente pela área é necessário ter informações posicionadas
nos locais apropriados, sejam visuais, táteis e auditivas.
Cada tipo de comunicação precisa estar disponibilizada para quem circular em
veículos ou pedestres, possibilitando a orientação de localização, informação de
segurança, informação de prevenção contra incêndio e escape de sinistro e outras
informações gerais. Devem seguir as normas e legislações pertinentes.
3.3.1.17. Diversos
Podem ser necessários outros elementos não citados neste trabalho, tais como:
central de energia solar, central de energia de vento ou outro tipo de edifício de apoio,
mas o projeto de arquitetura industrial sempre possibilita se pesquisar e buscar
soluções que melhor se adequem às suas premissas.
O projeto de arquitetura de uma fábrica tem complexidade em função do
número de variáveis que se trabalha para se chegar na solução. Resgatando Zanettini:
107
Encarar a indústria como um local onde se produz e o edifício industrial apenas como um invólucro da área de produção, organizada através de um layout que a resolva da melhor maneira possível, é minimizar o problema industrial e não vê-lo com todos os parâmetros e variáveis que o envolvem, desde o nível mais genérico do planejamento físico ao nível específico do projeto arquitetônico dos vários edifícios, e que contém uma série de aspectos históricos, técnicos, psicológicos e ecológicos que atinge não só esses edifícios e seus equipamentos, mas também o elemento humano que neles trabalha. (ZANETTINI, 2002, p.88)
Na sequência, veremos os sistemas de construções e os materiais que
poderão ser utilizados num projeto de arquitetura industrial.
108
3.4 AS CONSTRUÇÕES E ACABAMENTOS
A definição do partido Arquitetônico que será utilizado nas edificações do
Complexo Industrial permeia a definição do Sistema Estrutural, dos Materiais de
acabamentos e a seleção dos fechamentos que comporão o conjunto. Todas as
escolhas são realizadas por melhor se adequarem ao projeto, mas também à
execução, pois as condições locais, tipologia do terreno, rapidez na montagem,
economia financeira, ecologicamente recomendável e outros aspectos podem
determinar a preferência de um determinado material ou método de execução. A
seguir alguns exemplos mais utilizáveis de materiais estruturais, fechamentos e
acabamentos.
109
3.4.1 SISTEMAS ESTRUTURAIS
Em cada projeto de Arquitetura de Indústria, a escolha do sistema estrutural
para erguê-la acontece na definição do partido arquitetônico que já o contempla em
sua configuração, tendo em vista diversos enfoques para a decisão, entre eles:
conceito, suas características, método construtivo, os custos implícitos, durabilidade
e até a plástica que resultará de sua empregabilidade, como explica Lopes et al.:
O desejo de desafiar a gravidade e a manutenção eloquente desse desejo ao longo da vida de um edifício não surgem dissociados da solução formal. Mas nem sempre o comportamento estrutural transparece na forma: a compreensão de uma estrutura pode, às vezes, resultar surpreendente. [...] Distintos enquanto programas, afastados no tempo, representam uma arquitetura que compreende o desenvolvimento do projeto como clareza de que qualquer forma necessariamente nasce com uma estrutura proposta intrínseca a ela. (LOPES, João; BOGÉA, Marta; REBELLO, Yopanan. 2006, p.17, 36)
Dessa forma, podemos entender que não há formato recomendável ou
fórmulas prontas quando nos referimos ao sistema estrutural. Isto porque as soluções
projetuais estruturais decorrem de inúmeros condicionantes, cuja abordagem
detalhada extrapola os limites da presente dissertação. Assim vamos discorrer sobre
este tema de forma sintética.
O fato da arquitetura industrial ser transdisciplinar, propicia decisões mais
adequadas, considerando todos os condicionantes, a partir dos aconselhamentos dos
técnicos de conhecimentos diversos da equipe.
Borsato fala (2009, p.57) que este conceito da engenharia simultânea surgiu na
década de 1970, na indústria automobilística japonesa, que ao constituir equipes
multidisciplinares para o desenvolvimento dos projetos objetivava melhor qualidade e
minimização de custos. Esse trabalho realizado em conjunto permite uma melhor
percepção do ciclo de vida da edificação, pois ela é considerada desde a sua
concepção, seus projetos necessários, o preparo da sua produção, as atividades que
implicam na sua construção, a sua posterior utilização, descarte se houver ou
reaproveitamento, caso ocorra.
A escolha do Sistema Estrutural perpassa as decisões do partido arquitetônico,
e, como fala Borsato (2009, p. 64 - 69), contempla desde a disponibilidade e custo dos
materiais, análise do local da obra e os prováveis acessos, as previsões de possíveis
ampliações, compatibilidades com sistemas complementares, as manutenções e
110
eventuais reparos, os desperdícios, custos financeiros, como também seu
desempenho.
Os sistemas estruturais mais utilizados nos projetos de arquitetura industrial
são os seguintes, embora haja outras alternativas:
a) Sistema Convencional
A utilização de pilares e vigas de concreto num projeto de arquitetura, com parte
das paredes laterais em tijolos comuns ou mesmo blocos de concreto é bastante
usual, na maioria das vezes em edificações pequenas ou em locais com dificuldade
de transporte de produtos pré-fabricados, inclusive quando se trata de arquitetura
industrial. Necessita ser avaliado o emprego desta solução, caso sejam necessários
grandes vãos, ou com cargas de pontes rolantes nas vigas, acarretando num aumento
das dimensões das peças estruturais, acrescendo o custo e o tempo de execução.
Existe uma limitação nos vãos quando se leva em conta as alturas das vigas, que
acabam tendo um consumo maior de concreto, aço e formas para sua fabricação.
A construção convencional tem processos com custos maiores, propicia mais
desperdício e não possibilita o mesmo grau de planejamento e otimização que um
sistema industrializado.
b) Sistema Misto
É comum ser utilizado este sistema composto, com fundações em concreto,
pilares de concreto moldados in loco ou pré-moldados, complementados com vigas
metálicas na cobertura. Esta solução agiliza a construção, no entanto, é necessário
observar o requisito de pontes rolantes ou outros equipamentos que tenham
sustentação pela estrutura e que podem requerer vigas mais robustas, e neste caso
a utilização do concreto pode ser o melhor recurso, como bem argumentado por
Borsato:
Atualmente, os materiais aço e concreto são a combinação mais utilizada para compor as estruturas de edificações. Eles podem ser utilizados em uma estrutura com elementos compostos por um dos materiais e também formando elementos mistos, trabalhando em conjunto. (BORSATO, 2009, p.50)
c) Pré-moldados de Concreto
O partido arquitetônico da edificação com estrutura pré-fabricada de concreto
em todos os pilares e vigas (FIGURA 48) otimiza a produção do edifício em campo.
Todas as soluções de engenharias envolvidas devem estar totalmente resolvidas em
projeto, pois esta decisão estrutural, de pré-fabricação, não permite alterações
111
posteriores, as peças chegam prontas no canteiro de obras para serem montadas.
Vigas com recortes para passagens de tubulação ou suporte de trilhos de ponte
rolante e outro qualquer detalhe precisa estar definido previamente e ser informado à
equipe de engenharia estrutural para que conste nos cálculos e nos desenhos do
projeto e, consequentemente, sejam aplicados nas formas dos pilares e vigas, pois
estes serão manufaturados na fábrica de estruturas.
O transporte precisa ser levado em conta, consideradas as dimensões e cargas
das peças e dos veículos e das condições das vias para se chegar ao local da obra.
Os fabricantes de pré-moldados de concreto costumam ter um portfólio de
peças prontas para comercialização, mas é possível fabricação de componentes
conforme projeto.
FIGURA 48: PONTE ROLANTE EM GALPÃO INDUSTRIAL
FONTE: JORGESIL. EOTC- Ponte Rolante em um Galpão Industrial. [s. l.], dez. 2008. 1 fotografia, 1,544 × 1,024 (880 KB). Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:EOTC.jpg. Acesso
em: 13 out. 2019. NOTA: A utilização de estrutura pré-moldada de concreto torna a obra limpa, sem desperdício de
formas para concretagem. Uma vez fabricada e transportada até o local da obra sua execução é mais rápida.
d) Estrutura Metálica
A solução arquitetônica com estrutura metálica (FIGURA 50) tem um resultado
mais leve, mais rápido e pode permitir mais flexibilidade. As vigas e pilares chegam
prontos para a montagem. Suas ligações (FIGURA 49) podem ser através de soldas,
barras roscadas ou parafusos.
112
FIGURA 49: EXEMPLO DE LIGAÇÕES EM ESTRUTURA METÁLICA
FONTE: AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL – ABDI. Manual da
Construção Industrializada: Conceitos e Etapas - Volume 1: Estruturas e Vedação. Brasília, DF: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; Agência Brasileira de Desenvolvimento
Industrial, 2015. p.110.
NOTA: As peças de estrutura metálica são ligadas através de soldas, parafusos ou barras roscadas
As tesouras metálicas da cobertura podem ser projetadas para serem
montadas no nível do chão e içadas para seus postos no telhado, agilizando a
construção. A montagem do sistema estrutural metálico demanda equipamentos de
movimentação de carga, como informa a publicação da ABDI (2015):
A execução de obras em sistemas construtivos industrializados requer maior intensidade de mecanização das atividades. (ABDI, 2015, p.85)
Para o uso da estrutura metálica no projeto arquitetônico é necessário observar
se sua implantação será em área marítima ou sujeita à corrosão e especificar
corretamente o tipo de aço (Corten, Cosarcor) adequado a tolerar as agressividades
químicas do local, da mesma forma considerar as pinturas com proteções passivas
de resistência ao fogo.
113
O resultado plástico pode ser diverso e as peças podem ser fabricadas
conforme especificado no projeto de estrutura metálica, elaborado em conjunto com o
partido arquitetônico.
FIGURA 50: ESTRUTURA METÁLICA NO GALPÃO INDUSTRIAL
FONTE: GONÇALVESMB. Pórtico Rolante para as áreas do Hangar. [s. l.], set. 2014. 1 fotografia,
2,048 × 1,536 (6.46 MB). Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:P%C3%B3rtico_Rolante_para_as_%C3%A1reas_do_Hangar
..png. Acesso em: 04 nov. 2019.. NOTA: A utilização de estrutura metálica é esbelta, as estruturas de equipamentos eventualmente
necessitam ser independentes, conforme este pórtico apoiado no piso e não nos pilares ou vigas. Da mesma forma que a estrutura pré-moldada de concreto, após fabricada é transportada até o local da
obra, sua montagem é rápida.
É importante que o espaço interno gerado pelo partido arquitetônico e com o
sistema estrutural adotado permita flexibilidade, pois as tecnologias de produção se
modificam e a construção que será erguida a partir das premissas iniciais necessita
acompanhar a evolução tecnológica, propiciando novas maneiras de ocupação.
As formas vão aparecendo a partir da criação do partido adotado atendendo o
programa de necessidades e os requisitos e soluções das engenharias envolvidas
junto com os conceitos e plástica que a equipe de arquitetura modele.
114
Essa integração entre os profissionais que definem a arquitetura, os sistemas
estruturais, as fundações, as instalações e o planejamento da construção é
fundamental, como fala Usuda (2003 apud BORSATO, 2009) sobre a imprescindível
integração, comunicação e coordenação entre as engenharias:
A colaboração efetiva em projetos de engenharia requer gerenciamento eficiente da informação e hábil coordenação das atividades do grupo. Estas questões são particularmente difíceis de serem intermediadas na arquitetura e na engenharia civil, pois as partes envolvidas no processo de projeto e construção são multidisciplinares e representam várias centenas de projetos especializados. Dessa forma, a coordenação de projetos tem grande importância no processo de projeto, pois assegura a qualidade e integridade das informações produzidas em cada etapa do seu desenvolvimento. (USUDA, 2003, apud BORSATO, 2009, p. 46-47)
Compondo com o sistema estrutural os materiais de fechamento e acabamento
formam a plástica do conjunto. Em continuação eles serão retratados.
115
3.4.2 FECHAMENTOS E ACABAMENTOS
É incontestável a participação dos materiais de fechamentos e acabamentos
na plástica final de qualquer complexo arquitetônico. No caso da Arquitetura Industrial,
estes materiais precisam ter características de resistência a algum tipo de agente
agressor específico dos processos onde serão empregados, sejam eles químicos,
abrasivos ou outra tipologia. Citaremos alguns deles a título de exemplo orientativo,
pois há uma diversidade de opções a ser utilizada.
a) Paramentos
Nos fechamentos laterais dos prédios de produção é comum serem projetadas
paredes baixas ou de meia altura, em blocos de concreto, celular, cerâmico ou mesmo
tijolos comuns, como barrados que protegem os ambientes internos de quaisquer
colisões, além de propiciar uma acomodação para equipamentos, ou de pontos de
ligação elétrica, hidráulica ou gases.
Essas paredes são a divisão entre as áreas interna e externa e podem ser
pintadas com tintas de maior durabilidade ou que atendam a um requisito do local
onde está exposta, tais como epóxi ou outro revestimento que permita a longevidade
da pintura.
Internamente as divisões entre áreas podem ser feitas com vários materiais,
desde os costumeiros blocos de concreto, divisórias com requadros e telas metálicas,
até mesmo o corriqueiro dry wall, precisando ser escolhido o material de acordo com
o tipo de atividade que será desenvolvida no local. Da mesma forma, o revestimento
que será dado como acabamento trabalhará em conjunto com o material adotado para
a repartição de determinado pedaço da edificação.
Grizante (2010, p. 89) se preocupa com o ambiente do trabalho na indústria e
coloca que “uma das formas mais simples de criar ambientes esteticamente
agradáveis dentro de uma área de fabricação é a pintura de pisos e paredes”, pois as
cores além de proporcionarem conforto visual, diferenciam os ambientes, junto com a
temperatura, qualidade do ar, ruídos, iluminação e leiaute.
Nas áreas administrativas as divisões dos ambientes e espaços podem ser
realizadas através do uso de divisórias removíveis ou dry wall revestidos e pintados,
nas áreas molhadas são empregadas cerâmicas ou outro recobrimento lavável.
b) Pisos e Lajes
116
Os pisos no edifício de produção em geral são lajes de concreto armado, podem
ser também um contrapiso de concreto, inclusive serem reforçados com fibras ou até
mesmo serem metálicos se forem elevados, tamparem canaletas ou tiverem recortes
nos pisos. O projeto de arquitetura industrial se atenta às especificações dos
revestimentos, pinturas e acabamentos neste elemento, junto com a decisão do tipo
estrutural que será usado juntamente com a equipe de engenharia de cálculo de
estruturas em função das cargas e atividades que serão utilizadas sobre ele.
Nas demais edificações, depende dos programas de cada projeto, mas podem
ser previstas bases de concreto estrutural para os equipamentos e o restante do piso
ser pensado com contrapiso não estrutural, mas dependerá de cada prédio.
No edifício administrativo, é usual ter revestimentos vinílicos, de borracha,
cerâmicos ou outro compatível com as tarefas que são realizadas nos ambientes, mas
que sejam duráveis, com resistência compatível ao tráfego de pessoas sobre eles.
Nas áreas administrativas dos escritórios poderão ser especificados carpetes de alto
tráfego.
Nos sanitários, copas, cozinhas, os pisos devem ser laváveis utilizando-se, via
de regra, revestimentos cerâmicos. Na cozinha industrial, a cerâmica empregada
normalmente é especial, resistente à agressividade, à abrasão e à acidez dos
alimentos.
Nos projetos dos revestimentos dos pisos, na arquitetura industrial, estes
sempre precisam estar adequados às utilizações que serão dadas aos locais onde
serão instalados.
c) Forros e Lajes
Os forros das áreas industriais são em geral as lajes ou a telha da cobertura.
Em salas de controle ou de operação precisam de forros para acomodar fiações ou
luminárias, possibilitar conforto acústico e térmico para os operadores.
Nos escritórios pode se ter forro removível, mas também deixar as instalações
aparentes. O importante é que o conjunto dos acabamentos proporcionem conforto
para o desempenho dos trabalhos. As coberturas em telhas metálicas podem ser tipo
sanduíche ou que possuam algum atenuador de calor e ruído.
As normas NRs da Secretaria de Inspeção do Trabalho recomendam níveis de
ruídos e de iluminação adequados a cada prática laboral, desta forma é importante
consultá-las e utilizar suas bases, para que a empresa atenda as exigências legais
117
para seu funcionamento e os funcionários estejam trabalhando em local que propicie
as condições adequadas ao desenvolvimento das suas tarefas.
d) Esquadrias
Além das janelas com vidros, podem ser requeridas venezianas que façam a
troca do ar em determinadas áreas.
Muitas vezes são empregadas venezianas contínuas nas laterais ou nas
tesouras de cobertura das edificações industriais, por propiciarem ventilação e
iluminação natural. Estes elementos podem compor o partido arquitetônico.
As portas dos edifícios de produção, precisam ser projetadas em conformidade
com o que será atravessado por ela, tanto as das áreas internas, as de entrada das
matérias primas, quanto de saída dos produtos acabados, podendo ser corpulentas,
eventualmente necessitando trilhos nos pisos ou mesmo suspensos, pendurados na
estrutura do prédio. São esquadrias especiais, que precisam ser pensadas para
assistir às partes do processo de produção onde estão localizadas. Resgatando
Nouvel (1994) “um projeto deve sempre se basear numa análise precisa buscando
encontrar a solução mais simples que atenda às mais complexas demandas”
(NOUVEL, 1994 In: ZAERA-POLO, 2016, p. 113).
Em geral, apoiadas nos elementos estruturais caminham as instalações,
atravessando os espaços da indústria, o que será tratado a seguir.
118
3.5 INSTALAÇÕES
As instalações dentro de um complexo industrial seguem os percursos para
suprir o processo e seus apoios através de tubovias, como dito anteriormente no
capítulo 3.3.1.14. Tubovias, Pipe Rack e Pipe way, levando eletricidade, gases, água
e as distribuindo dentro das edificações.
FIGURA 51: INSTALAÇÕES DENTRO DE INDÚSTRIA
FONTE: LOEBCAPOTE ARQUITETURA E URBANISMO. Centro de Distribuição da Avon, em
Cabreúva (SP). Revista Monolito. São Paulo: Editora Monolito, 2015, n.25, p.117.
Os tubos têm suas identificações dos conteúdos que percorrem neles através
das cores pintadas externamente, possibilitando sua identificação na montagem e no
caso de manutenção. Usualmente a tubulação é pendurada na estrutura do prédio,
assim como o bandejamento elétrico. Caso sejam em grande número de tubos, o
partido arquitetônico pode pensar numa estrutura que considere os tubos como se
fosse um pipe rack.
Os cabos elétricos em geral são acomodados em bandejas metálicas, também
penduradas na estrutura da edificação.
A identificação dos tubos por cores é feita seguindo a norma da ABNT NBR
6493 (2018, p.2, 5) e a tabela de cores que está apresentada na FIGURA 47.
119
Todo esse emaranhado de tubos, cabos e fios são projetados e arranjados de
forma harmônica e dependendo da maneira que percorrem os prédios se integram ao
partido arquitetônico adotado, criando os ambientes de trabalho.
A seguir veremos como a Arquitetura Industrial se relaciona com o tema
Desenvolvimento Sustentável.
120
4 ARQUITETURA INDUSTRIAL E DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
Em 1965, o primeiro código ambiental (LEI Nº 4.771, de 15 de setembro de
1965) estabeleceu regras referentes à proteção de vegetação nativa em margens de
rios, lagos, mata ciliar, mas continuavam desprotegidos outros aspectos importantes.
Com este código, as indústrias, que até então se instalavam sem observar as
questões ambientais, passaram a utilizá-lo e com o respaldo dos novos cânones,
pode-se detectar problemas devastadores em determinadas áreas industriais, que
geravam poluição no ar, nas águas e no solo, acarretando que programas de controle
ambiental começassem a ser projetados e instalados nas indústrias, com o objetivo
de minimizar os impactos causados por atividades devastadoras da natureza.
Os preceitos modernistas falavam da implantação de indústrias observando a
natureza e o homem que ali trabalha, mas a visão da preservação dos recursos
naturais só veio a ser de fato utilizada mais tarde, após muita poluição ter sido gerada.
Lembrando as palavras de Le Corbusier:
É necessário tornar a obra humana solidária com a obra natural. A natureza fornece-nos ensinamentos ilimitados.[...] A indústria pesada, exigindo locais de formas variadas, pode, por sua vez, através da arquitetura e do urbanismo, aligeirar as mais rudes condições de trabalho: ter-se-ão então as ‘fábricas verdes’, nas quais as máquinas não serão as únicas consideradas como um valor, cuidadas e conservadas meticulosamente, mas onde os homens – a mão de obra – serão o ponto de concentração de fecundas iniciativas. O trabalho pode deixar de ser uma contrição. (LE CORBUSIER, 1969. p. 47, 70)
Na Arquitetura Contemporânea Paulista poucos arquitetos estavam
preocupados com o tema sustentabilidade, entre eles poderíamos citar como
exemplo: Lina Bo Bardi com o projeto da Casa Valéria Cirell (1958), Pitanga do
Amparo, Casa Célio Vieira (1979) e Vitor Lotufo, Casa Geodésica (1978) - arquitetos
alternativos à linha hegemônica da arquitetura paulista pesquisados por Edite Galote
Carranza (CARRANZA, 2013). No entanto, são obras de caráter alternativo,
sustentável e de pequeno porte.
Na sequência do tempo, novos instrumentos legais, órgãos de fiscalização, e
maior conscientização levaram à realização de estudos prévios ambientais, sociais,
econômicos, bem como avaliações dos reflexos na região onde novos complexos
industriais serão implantados.
121
4.1 NORMAS E LEGISLAÇÃO
São várias as normas e legislações que devem ser consideradas ao se projetar
e construir uma fábrica, necessitando ser feita uma breve pesquisa prévia a fim de
identificar quais se aplicam ao tipo de projeto que está em elaboração.
Abaixo seguem algumas referências de instâncias, leis, normas,
recomendações a serem verificadas e satisfeitas as suas exigências no
desenvolvimento dos trabalhos:
a) Leis federais: lei específica aplicável à região; Lei nº 10.098 e demais leis
referentes à Acessibilidade; Legislação Ambiental (são várias leis e
instrumentos legais com diversos focos: florestal, meio ambiente, resíduos
sólidos, recursos hídricos, estatuto da cidade, mudança do clima);
Legislação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa);
b) Leis estaduais: lei específica aplicável à região; Código Sanitário do Estado
de São Paulo; Legislação de Segurança contra Incêndio e Instruções do
Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo; Legislação Ambiental
Estadual (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB);
c) Leis municipais: Lei de Uso e Ocupação do Solo, Código de Obras,
Legislação Ambiental Municipal; Código Sanitário do Município;
d) Normas e Exigências das Concessionárias: Concessionária de Água
(Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP),
Concessionárias de Eletricidade, Telefonia, Provedor de Internet;
e) Normas Regulamentadoras da Secretaria de Inspeção do Trabalho (NRs);
f) Normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (relativas a
diversos itens do projeto, construção e instalações).
A listagem acima deve ser examinada, no entanto poderão ter ainda outras
normas ou leis que possam ter influência no projeto em pauta, inclusive normas da
própria corporação, proprietária da unidade fabril que está sendo projetada.
Além deste conjunto, ao se projetar edificações que almejam ser sustentáveis,
há uma série de organizações que certificam o projeto e a obra fornecendo atestados
e garantindo que os processos desenvolvidos seguiram critérios adequados com a
visão sustentável.
Há diversas organizações que certificam as edificações, cada uma contém
critérios próprios de aferição. As certificações aplicáveis aos projetos industriais
122
podem ser listadas resumidamente, iniciando pelas citadas por Tello e Ribeiro (2012,
p.80):
• Selo Leed (Leadership in Energy and Enviromental Design), fornecido
pelo Green Building Council;
• Processo Aqua, de origem francesa (HQE- Haute Qualité Environmental
-Green Building Council Mundial)13, realizado no Brasil pela Fundação
Vanzolini.
• Selo Procel Edifica, que classifica o nível de eficiência energética dos
edifícios.
• Banco Santander emite também o Selo Obra Sustentável.
Outros processos de certificação, que podem ser empregados em indústrias
avaliam questões relacionadas à gestão ambiental feita pela empresa, como a
International Organization for Standardization14 (ISO), uma entidade suíça de
padronização e a Occupational Health and Safety Assessment Series15 (OHSAS), da
entidade britânica ‘BSI Group’.
As boas práticas aferidas pelas certificações contribuem com os objetivos de
desenvolvimento sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações
Unidas (ONU), contidos no Plano de Ação da Agenda 2030 (ONU, 2015, on line).
No tocante a Projetos de Arquitetura Industrial, os ODS correspondentes são:
ODS 9 – Indústria, Inovação e Infraestrutura: construir infraestruturas
resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação
ODS 11 - Cidades e Comunidades Sustentáveis: tornar as cidades e os
assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis
ODS 12 – Consumo e Produção Responsáveis: assegurar padrões de
produção e de consumo sustentáveis.
O Brasil é signatário do Acordo de Paris (2015), ratificado em 2016, cuja
intenção é criar ações contra a mudança climática, expressas na Agenda 21 Brasileira,
do Ministério do Meio Ambiente (MMA), que vem a ser um dispositivo de planejamento
13 Alta Qualidade Ambiental – Conselho de Construção Sustentável Mundial. Tradução Nossa 14 Organização Internacional para Padronização. Tradução Nossa 15 Séries de Avaliação de Segurança e Saúde Ocupacional. Tradução Nossa
123
para o desenvolvimento sustentável e que se relaciona com a Agenda 2030 Global da
ONU e com os próprios ODS.
De forma geral, todas as legislações e normas têm como objetivo que o projeto
e a consequente construção sigam critérios que integrem o produto ‘socialmente’, no
território municipal, no estado e no país.
A seguir será investigada a relação da Arquitetura Industrial Paulista com os
Projetos Sustentáveis.
124
4.2 PROJETOS SUSTENTÁVEIS
A utilização de padrões sustentáveis também abrange a produção de Projetos
de Arquitetura com este viés, inclusive quando os projetos são para indústrias, a fim
de garantir os compromissos estabelecidos na esfera internacional para se alcançar
um desenvolvimento sustentável, conforme a Nova Agenda Urbana, realizada em
2016 na cidade de Quito, pela Organização das Nações Unidas - ONU (2016, p.7-8),
cuja proposta é “assegurar economias sustentáveis e inclusivas”, bem como questões
como a “alta produtividade, competitividade e inovação” visando “garantir a
sustentabilidade ambiental, promovendo o uso de energias limpas e o uso sustentável
da terra e dos recursos no desenvolvimento urbano; protegendo ecossistemas e a
biodiversidade”.
Esta pretendida economia industrial saudável implica em maior implementação
destes conceitos nos partidos arquitetônicos dos complexos fabris, além de um novo
olhar no processo de fabricação, pois mesmo com inúmeros exemplos terem sido
projetados sob esta ótica, ainda não é uma quantidade relevante, nem que incorpore
essa relação entre o edifício pronto e o meio ambiente.
Já existem ferramentas computacionais para desenvolvimento de projetos
como o BIM (Building Information Modeling), que executa simulações do
comportamento dos edifícios quanto à “redução de impactos socioambientais
negativos na fabricação dos materiais de construção, na produção em canteiro de
obra, na implantação do empreendimento, na operação da edificação e na sua
demolição e deposição dos resíduos finais” (ASBEA, 2012, p.9), praticamente uma
avaliação do ciclo de vida.
Foi realizada uma pesquisa com as construtoras do mercado brasileiro, em
2010, para se ter uma visão dos caminhos da construção sustentável realizada no
país. Os resultados constam na publicação do Centro de Tecnologia de Edificações,
CTE et al. (2015, p.26), em que podemos identificar que “63% das mesmas são
comerciais, 25% residenciais, 9% industriais e 3% são de infraestrutura. Ainda dentro
do conjunto industrial, 79% são galpões, 9% Data Center/CPD, 4% são Centros de
Distribuição, 4% são frigoríficos e 4% são Indústria”. Este panorama nos mostra que
ainda há muito a realizar nesta área.
125
O conceito do “green building“ é do final do século XX e significa uma edificação
ou espaço projetado ou construído que objetiva a sustentabilidade (FIGURA 52) social,
ambiental e econômica (BANCO REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO DO
EXTREMO SUL - BRDE, 2016, on line). Para se obter esta designação, são vários
aspectos compreendidos, entre os quais legislações, normas e critérios a serem
adotados para se adequar o resultado projetado aos cuidados com o meio ambiente
e com o trabalhador, que venham a ser aplicados nesse espaço construído para ser
usufruído, além de processos construtivos, materiais de construção e eficiência
energética.
FIGURA 52: FÁBRICA PROJETADA COM CONCEITOS SUSTENTÁVEIS
FONTE: SIDÔNIO PORTO ARQUITETOS ASSOCIADOS. GALERIA DA ARQUITETURA. Fábrica da
Ipel, em Cajamar (SP). Galeria da Arquitetura, on line. 2001. Disponível em: https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/sidonio-porto-arquitetos-associados_/ipel/2256.
Acesso em: 23 out. 2019.
NOTA: A Cobertura em shed propicia iluminação e ventilação naturais. O sistema construtivo utilizou painéis pré-moldados de concreto nos fechamentos acelerando a montagem.
Mesmo querendo obter alguma certificação, é importante a indagação de como
é possível melhorar o processo de projeto para reduzir os custos adicionais nos
projetos de edificação sustentável, conforme as observações de Yudelson (2013, p.
XVII).
Sharp (2013, p. XIII-XVI) chama de Dez Mandamentos os seguintes itens do
processo de elaboração para um projeto econômico de edificações sustentáveis:
126
1) Comprometimento, que deve ser formal e integrado aos processos de
aprovações e certificações;
2) Liderança do cliente ou do gerente do projeto, mantendo o critério
estabelecido no início e minimizando os riscos de desvios;
3) Obrigatoriedade de Prestar Contas, mantendo a transparência e
comunicação entre todos os envolvidos;
4) Gestão Do Processo, garante que não se perca oportunidades e maior
controle de custos;
5) Projeto Integrado, que pode gerar inovações e economias significativas;
6) Modelagem de Energia andando concomitante com o projeto integrado e a
avaliação do custo do ciclo de vida;
7) Testes de Desempenho da edificação realizados por um especialista. O
projeto necessita ter medições, monitoramento e controle;
8) Contratos e Especificações, atendimento às exigências do cliente e dos
órgãos aprovadores e certificadores;
9) Avaliação do Custo do Ciclo de Vida que deve ser estabelecido desde o início
e constar em contratos para ter avaliações contínuas;
10) Melhoria Contínua, lições aprendidas devem ser aproveitadas.
Esses ‘mandamentos’ são pontos conhecidos quando se desenvolve e se
gerencia um projeto de arquitetura industrial, no entanto, é a conceituação do projeto
expresso no partido arquitetônico e nos outros componentes do projeto como um todo
que irão caracterizá-lo como sustentável, como elencam Garcia et al. (2018, p.4) nos
princípios para elaboração de uma arquitetura sustentável:
1) Análise do Entorno; 2) Uso sustentável do terreno; 3) Planejamento
detalhado e integrado; 4) Adaptação às condições climáticas com desenho
bioclimático; 5) Atender às necessidades do usuário; 6) Atendimento às
normas e legislações; 7) Uso racional da energia; 8) Eficiência Hídrica; 9) Uso
racional dos materiais; 10) Uso de tecnologias inovadoras; 11) Paisagem
sustentável; 12) Priorizar a saúde e o bem estar dos ocupantes; 13)
Viabilidade Econômica; 14) Análise do ciclo de vida da construção; 15)
Promover a conscientização dos envolvidos no processo. (GARCIA; VAZ;
RANGEL, 2018, p.8)
127
O impacto ambiental que porventura venha a ser gerado na implantação de um
complexo industrial, pode ser minimizado com a implementação dos critérios
decididos para atenuá-lo, presentes no partido arquitetônico da indústria, quando
define determinado sistema de construção e os materiais a serem aplicados na
edificação e que gerem menor quantidade de resíduos, combinada com maior
eficiência energética e economia de água (FIGURA 53). São elementos que colaboram
para o atendimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
preconizados pela Agenda 2030 da ONU. (ONU, 2015, on line)
FIGURA 53: VISTA INTERNA DE FÁBRICA PROJETADA COM CONCEITOS SUSTENTÁVEIS
FONTE: PAULO BRUNA ARQUITETOS. Centeranel Raposo, São Paulo (SP). Galeria da
Arquitetura, on line. 2012. Disponível em: https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/paulo-bruna-arquitetos_/centeranel-raposo/2305. Acesso em: 23 out. 2019.
NOTA: Conjunto de Três Galpões Logísticos Industriais que possibilitam flexibilidade na ocupação. Possui Certificação Leed adquirida em 2012, gerencia os resíduos sólidos, reutiliza a água pluvial,
trata os efluentes, controla a energia elétrica, utiliza ventilação natural e possui projeto de luminotécnica que integra a iluminação artificial com a iluminação natural.
Para o Projeto de Indústrias, os ODS que mais se relacionam são os Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável 9 (Indústria, Inovação e Infraestrutura), os ODS 11
(Cidades e Comunidades Sustentáveis) e os ODS 12 (Consumo e Produção
Responsáveis), no entanto, estas metas globais dependem da nossa competência em
128
divulgá-las corretamente e conseguirmos implementá-las (GLOBAL TASKFORCE;
ONU HABITAT; PNUD, 2014 p.11 e 13).
Os instrumentos para que os projetos de arquitetura das edificações industriais
se consolidem dentro da sustentabilidade se encontram tanto na prancheta como
também no planejamento da execução da obra (FIGURA 54). As atividades se dão
através da definição do partido arquitetônico, com a escolha da solução construtiva
mais eficiente, a opção dos materiais que integrarão a edificação, bem como o
planejamento para aproveitamento dos resíduos e a modelagem dos processos para
se obter as certificações. As certificações criam referências metodológicas e valorizam
o resultado final, endossando os procedimentos e os caminhos escolhidos pelo projeto
e obra.
FIGURA 54: IMPLANTAÇÃO DE FÁBRICA PROJETADA COM CONCEITOS SUSTENTÁVEIS
FONTE: LOEBCAPOTE ARQUITETURA E URBANISMO. Novo Espaço Natura, Cajamar (SP). Galeria Da Arquitetura. on line. 2001. Disponível em:
https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/loebcapote_/novo-espaco-natura/81. Acesso em: 23 out. 2019.
NOTA: Projeto inovador com a implantação de 12 edificações integradas entre elas através de pontes e passarelas metálicas, com utilização de elementos de transparências, que se acomodam no terreno
de forma harmônica. Utiliza diversos conceitos de sustentabilidade.
129
Existe um crescimento do número de projetos de arquitetura industrial que são
conceituados dentro de princípios de sustentabilidade, em parte pela expansão da
conscientização e pela observação dos impactos que têm ocorrido no meio ambiente.
Há um compromisso da indústria com o desenvolvimento sustentável social,
econômico e ambiental e a ampliação de projetos de arquitetura industrial utilizando o
modelo ‘green building’, que favorecem o atendimento do compromisso brasileiro para
com a Agenda 2030.
Inovações surgem no século XXI, na Arquitetura Industrial com a Indústria 4.0.
É o que veremos no capítulo seguinte.
130
4.3 INDÚSTRIA QUATRO PONTO ZERO (4.0) E ARQUITETURA
INDUSTRIAL
A evolução dos processos de qualquer tipo de trabalho ou atividade é natural e
faz parte da historiografia que registra essas modificações que ocorreram na indústria
desde o seu surgimento até os dias atuais, com impacto direto nos Projetos de
Arquitetura elaborados para abrigar os processos de fabricação.
No século XXI, surge uma nova forma de abordar o processo industrial
utilizando tecnologia bastante desenvolvida para executar parte das tarefas antes
realizadas por humanos, assim como a robotização e outros apetrechos que implicam
numa modificação profunda dos métodos utilizados. São procedimentos de fabricação
que combinam a inteligência de pessoas e máquinas para executar os processos, com
o objetivo de aumentar a produtividade e consequente melhoria nos resultados
financeiros da fábrica, que se torna mais competitiva.
Segundo Marques (2017, on line), essa “alusão ao que seria uma quarta
revolução industrial” é chamada de Indústria 4.0, trazendo “impacto na forma de
produzir” semelhante ao surgimento da máquina a vapor, posteriormente quando foi
utilizada a energia elétrica e mais recente com a introdução da eletrônica e da
automação. Essa manufatura avançada combina tecnologias, como Marques explica:
Uma delas são os sistemas ciberfísicos, capazes de monitorar, por meio de sensores e softwares, um conjunto de dispositivos, máquinas e equipamentos em um processo de manufatura e fazer com que se comuniquem entre si [...]. Outras tecnologias envolvem a análise de Big Data para extrair tendências em enormes volumes de informações produzidas pelas máquinas; a computação em nuvem, em que dados são armazenados; a Internet das Coisas, que coleta e transfere dados a distância; a realidade aumentada, que sobrepõe gráficos e vídeos ao mundo real, ajudando a monitorá-lo; a impressão 3D, que permite a fabricação de produtos customizados, entre outras. (MARQUES, Fabrício, 2017, on line)
Esses recursos, entre várias modificações nos processos atuais, reduzem a
quantidade de estoque, implicando em menores depósitos de matéria bruta e produtos
acabados. A substituição de alguns postos de trabalho por tarefas robotizadas
também trará uma influência no espaço fabril, na quantidade de sanitários, no
dimensionamento de refeitórios e assim por diante.
131
FIGURA 55: ROBÔS EXECUTANDO TAREFAS EM FÁBRICA DE VIDROS
FONTE: ICAPLANTS, Robotized Float Glass Unloading. [s. l.], 2008. 1 Fotografia. 3 072 × 2 304 (1,11 MB). Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Float_Glass_Unloading.jpg. Acesso
em: 16 set. 2019
Segundo a FIESP (2017, p. 6), inicialmente serão transformadas indústrias
existentes, para que se tornem inteligentes, com substituição parcial do maquinário
dentro de determinado período de tempo.
A substituição do maquinário será apenas parcial porque a quarta revolução industrial trabalha em sua maior parte com tecnologias existentes. Estima-se uma substituição em torno de 40% a 50% nos próximos 10 anos (MCKINSEY, 2015 apud FIESP, 2017).
Se inicialmente serão somente substituídas as máquinas atuais, os espaços
internos das indústrias deverão ser adaptados aos novos modelos dos equipamentos.
No entanto, não se tem conhecimento se esses novos maquinários terão dimensões
muito diferentes dos que já estão em operação, ou se mesmo exigirão instalações
especiais. São projetos de adaptação para o novo momento, mas as fábricas novas a
serem projetadas possivelmente terão algumas partes menores, pelo menos quanto
aos depósitos e às áreas previstas para utilização dos trabalhadores, que
132
eventualmente deverão ter seus números reduzidos em função da robotização. Sem
dizer que alguns equipamentos que não precisarão estar agrupados nos mesmos
locais, poderão estar em diferentes áreas e trocarem informações em tempo real, ou
via nuvem, segundo Brito (2017, p. 91-96), o que resultará em um leiaute flexível que
se adapte às novas tecnologias.
Nos ambientes corporativos já acontece uma reformulação, onde as principais
tendências relacionadas com os health buildings estão sendo aplicadas: áreas
compartilhadas em estações de trabalho longilíneas (com mesas longas), ambientes
com áreas de lazer, de descompressão e contato com área externa. Essas vertentes
chegam nas áreas administrativas das indústrias e podem incorporar novas
predisposições a partir das mudanças que estão a caminho no ambiente industrial.
FIGURA 56: AUTOMAÇÃO EM FÁBRICA SUSTENTÁVEL
FONTE: LOEBCAPOTE ARQUITETURA E URBANISMO. Centro de Distribuição da Avon, Cabreúva (SP). Galeria da Arquitetura, on line. 2010. Disponível em:
https://www.galeriadaarquitetura.com.br/slideshow/newslideshow.aspx?idproject=78&index=2. Acesso em: 23 out. 2019.
NOTA: O Projeto foi elaborado dentro dos preceitos da sustentabilidade e recebeu certificação Leed Gold. Internamente possui alto grau de automação.
133
A FIESP (2017, p.15-16) fez a Análise de Swot16 da Quarta revolução Industrial
voltada para o contexto brasileiro e entre o que identificou se destacam o seguinte:
Forças: Tem uma das indústrias mais internacionalizadas do mundo; [...]; aumento da produtividade, da eficiência, da competitividade (global), e da receita; [...]; flexibilidade e controle de produção. Fraquezas: falta de Infraestrutura tecnológica, a exemplo de banda larga ineficiente em todo o país; [...]; elevados custos de desenvolvimento e implementação; [...]; Falta de trabalhador qualificado; Desemprego em todos os níveis; [...]. Oportunidades: Modernização do parque fabril [...]; redução no tempo de entrega devido à proximidade com o mercado consumidor; crescimento da demanda por empregos na área de engenharia, matemática e outras exatas. Ameaças: [...]; Risco de que a NR1217 prejudique a colaboração entre robôs e seres humanos, segurança cibernética, propriedade intelectual, privacidade dos dados; [...] e algumas indústrias não terem o conhecimento suficiente ou os meios para adaptar-se à Indústria 4.0 e, consequentemente ficarem para trás; [...]. (FIESP, 2017, p.15-16, grifo nosso)
Esta análise é uma avaliação dos efeitos da inovação gerada pela Indústria 4.0.
Resumindo Morais e Monteiro (2019, p. 15), a inovação é tudo aquilo que traz
impactos em bens, serviços e processos no atendimento aos mercados
consumidores. As inovações podem ser do produto, do processo, da posição
(mudança do contexto como bens e serviços são ofertados) e de paradigma (mudança
de modelos mentais). Duaibs, afirma que com essa inovação tecnológica, o
desemprego já acontece e há uma necessidade de reinvenção do trabalho, onde “os
caminhos que temos pela frente terão que ser trilhados a partir de uma profunda
discussão no interior da sociedade”:
A era digital já vem afetando, há bastante tempo, não só as relações de trabalho, mas as relações sociais de uma forma geral. Além do surgimento de novas formas de trabalho que já foram regulamentadas pela nova legislação trabalhista, como o teletrabalho, por exemplo, novos hábitos estão sendo incorporados e estão criando uma rotina de trabalho diferente [...] Estamos diante de uma revolução tecnológica, que não compreende apenas a indústria, mas também os demais setores. Quando falamos em tecnologia, automaticamente associamos esse termo aos conceitos de inteligência e desenvolvimento. E de fato há muito investimento em pesquisa e desenvolvimento direcionados à indústria 4.0. (DUAIBS, 2017, on line).
A inovação poderá trazer a minimização ou até a eliminação de erros, poderão
ser criadas alternativas de substituições tecnológicas para os trabalhos insalubres ou
16 Análise de Swot é uma Ferramenta de Gerenciamento de Projeto utilizada para se analisar Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças. 17 NR12 – Norma Regulamentadora 12 da Secretaria de Inspeção do Trabalho – Segurança do Trabalho em Máquinas e Equipamentos: “define referências técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores e estabelece requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto e de utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos.”
134
os que tragam risco aos operadores, no meio de possibilidades que serão
desenvolvidas, junto com a indústria 4.0, sabendo que várias dessas novas soluções
terão correspondência no leiaute e no espaço de trabalho da fábrica.
Soma-se a essas inovações o aumento nos projetos com fontes de energia
renováveis e novos materiais que surgem a partir de pesquisas, com cunho de
reutilização ou reciclagem.
FIGURA 57: PARTICIPAÇÃO DA INDÚSTRIA NO PIB BRASILEIRO
Fonte: IBGE, Evolução da Participação da Indústria de Transformação Brasileira no PIB (1947 a 2016). In: FIESP, Panorama da Indústria de transformação Brasileira, 14. ed. São Paulo:
FIESP- DEPECON, jun. 2017, p. 6.
A Indústria 4.0 é um processo irreversível e em curso nos países
industrialmente mais avançados no século XXI. Como vimos, a arquitetura industrial
paulista acompanha este processo de forma incipiente, devido ao cenário econômico
brasileiro marcado pela desindustrialização, conforme gráfico da Participação da
Indústria de transformação no PIB. (FIGURA 57). Desde o período desenvolvimentista
de Juscelino Kubitscheck, a participação da indústria de transformação brasileira no
PIB nacional teve períodos de evolução expressiva, como pode ser observado no
gráfico acima (FIGURA 57).
A Arquitetura Industrial acompanhou a evolução desse desenvolvimento
industrial mostrado no gráfico (FIGURA 57), se ajustando às inovações que surgiram
no transcorrer do tempo com as modernizações dos processos fabris, com as
135
legislações e normas que foram sendo criadas e que trouxeram melhorias técnicas e
proteção ao trabalhador, refletindo nas concepções adotadas nos projetos industriais.
136
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa considerou inicialmente a evolução da arquitetura industrial no
cenário internacional e a sua condução seguindo as inovações tecnológicas e as
consequentes modificações nos processos fabris que se sucederam no tempo, tais
como: a ampliação dos vãos entre colunas para receber máquinas têxteis (FIGURA 4),
o início do uso dos perfis metálicos e de materiais que foram surgindo e sendo
aplicados em novas alternativas de projeto e construção. Mostrou as primeiras
fábricas projetadas e construídas dentro dos preceitos modernos, a Fábrica de
Turbinas AEG (FIGURAS 5 e 6), a Fábrica Fagus (FIGURAS 7 e 8) e a Fábrica van Nelle
(FIGURAS 9, 10 e 11). Constatou que estes exemplares foram incorporados na
historiografia da arquitetura moderna, assim como a Fábrica da Fiat em Turim
(FIGURAS 15) ou as imensas fábricas da Ford, projetadas nos Estados Unidos por
Albert Kahn (FIGURAS 12 e 16).
Na sequência, expôs o início e a forma como transcorreu essa tipologia de
arquitetura no Brasil, em particular em São Paulo. Analisou o descompasso entre a
industrialização na Europa e Estados Unidos e o lento amadurecimento no Brasil, com
a transformação ocorrida ao longo dos anos, acompanhando a modernização na
produção e as implicações devido às mudanças políticas, econômicas e sociais que
aconteceram no país e que refletiram na industrialização e, consequentemente, no
projeto de arquitetura para as fábricas.
O trabalho ainda resgatou o crescimento da arquitetura moderna brasileira e a
construção de Brasília, durante o período desenvolvimentista do governo de Juscelino
Kubitscheck e a demanda por industrialização. Reviu exemplares de arquitetura
industrial projetadas aqui, com conceitos modernos (FIGURAS 22, 27, 28), bem como o
sucedido com a chegada no país de arquitetos estrangeiros depois da segunda guerra
mundial, o desmembramento dos cursos de arquitetura e engenharia, o surgimento
de escritórios que projetaram indústrias com equipes interdisciplinares contendo
arquitetos, a continuidade da produção posterior ao moderno e a diversificação nas
representações arquitetônicas.
Constatou-se então, um hiato no conhecimento dessa produção de arquitetura
industrial brasileira desenvolvida entre a década de 1980 e os dias atuais, em que
poucos projetos dessa tipologia, elaborados nesse período constam na nossa
historiografia, apesar de muitos complexos fabris terem sido projetados e construídos
137
no Brasil nesse ínterim, ainda permanecem em grande parte desconhecidos tanto os
edifícios, suas soluções técnicas de arquitetura, bem como suas autorias.
Após a contextualização da arquitetura industrial nos panoramas estrangeiro e
brasileiro, a pesquisa se aprofunda nos processos de produção industrial, e discorre
sobre questões tecnológicas. Sinalizou a relação entre a classificação das indústrias,
a metodologia para estabelecimento dos arranjos de produção e a afinidade dele com
os fluxos numa fábrica, a distribuição dos espaços, a circulação da matéria prima e do
produto acabado, as rotas das pessoas e a integração com o partido arquitetônico.
Procurou elencar os tópicos necessários e que diferem essa tipologia industrial
durante a concepção do seu partido arquitetônico.
No desenrolar do trabalho, mostrou que as premissas estabelecidas e o
programa de necessidades geram as informações básicas para o início do projeto,
junto com o fluxograma de processo. Elencou os tipos de edificações que
costumeiramente fazem parte de um complexo de produção industrial, a organização
e circunstâncias que determinam os elementos do projeto de arquitetura fabril para o
prédio principal de produção, os edifícios que abrigam atividades auxiliares e a
implantação do conjunto. Foram tratados os aspectos concernentes à técnica nessa
concepção do projeto de arquitetura industrial nos dias atuais e sua inter-relação no
atendimento às normas e legislação pertinentes durante o seu desenvolvimento.
Estabeleceu-se conexão entre os sistemas estruturais, os materiais de construção e
acabamentos com a solução final adotada no partido, integrando assim com as
diversas modalidades de instalações, tubulações e seus percursos que ocupam os
espaços internos e externos dos edifícios. Foram adicionadas, imagens de projetos
de arquitetura industrial no Estado de São Paulo, construídos e em uso (FIGURAS 35,
38, 39, 40 e 51), com o objetivo de elucidar os aspectos técnicos e a complexidade que
são apresentados no texto.
A pesquisa estabeleceu a relação da arquitetura pensada para indústria e o
desenvolvimento sustentável, argumentando sobre o papel das legislações e
certificações de forma a garantir que o projeto e a construção tenham no cerne o
compromisso de respeito aos princípios sustentáveis, traçando-se um paralelo com
as ODS e a agenda 2030 da ONU. São exibidas fotografias de construções de projetos
de arquitetura industrial (FIGURAS 52, 53 e 54), no Estado de São Paulo, que foram
certificadas, com o objetivo de ilustrar a relação entre o partido arquitetônico adotado
138
e os critérios seguidos para a sua implantação afim de se obter certificações que o
nomeiem como ‘green building’.
O desenvolvimento da investigação retratou as inovações que estão surgindo
e as expectativas que se revelam com a indústria 4.0. Colocou-se que a evolução dos
processos e equipamentos, até mesmo a robotização repercutem no mundo do
trabalho, trazendo indagações sobre o quanto essas modificações em curso refletirão
nos arranjos, espaços e na arquitetura industrial.
A pesquisa buscou contribuir com o material técnico explicando sobre a
tecnologia e a complexidade envolvidas na produção de projetos de arquitetura
industrial, posicionando-a na história e estabelecendo sua forma de inserção no
desenvolvimento sustentável e vislumbrando as novas condicionantes que aparecem
com a indústria 4.0. Esta integração entre teoria e prática, busca apresentar a
produção efetiva da arquitetura contemporânea.
Esta dissertação pretende ser fonte de referência para novas investigações
sobre o tema e para futuras pesquisas acadêmicas e trabalhos profissionais que
necessitem de informações sobre o assunto.
Aspira-se que este trabalho provoque estímulo para se recuperar os projetos
de arquitetura moderna industrial brasileira, bem como a produção dessa tipologia
ocorrida no período após a década de 1980, e que estes exemplares sejam
adicionados na historiografia da arquitetura brasileira, ampliando o conhecimento
sobre os caminhos que a arquitetura percorreu e ainda percorre no Brasil.
139
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