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Utilização dos Cuidados de Saúde em
Doentes com Multimorbilidade em
Portugal, em 2015
Mestrado em Saúde Pública
Guilherme Dias Quinaz Trigo Romana
Junho de 2019
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ii
Utilização dos Cuidados de Saúde em Doentes com Multimorbilidade em Portugal, em
2015
Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do
grau de Mestre em Saúde Pública, sob a orientação científica do Professor Doutor
Carlos Matias Dias.
Autor: Guilherme Dias Quinaz Trigo Romana
Orientador científico: Carlos Matias Dias
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iii
Resumo
Introdução: A presença de múltiplas doenças crónicas, em simultâneo, no mesmo
indivíduo é um problema de saúde pública cada vez mais relevante para os sistemas de
saúde. Os doentes com multimorbilidade têm necessidades de saúde acrescidas, o que
representa um ónus elevado na utilização dos cuidados de saúde. Tanto nos Estados
Unidos da América (EUA) como na Europa, estima-se que entre 70% a 80% do
orçamento total de saúde seja destinado às doenças crónicas. Na Europa, os doentes
com multimorbilidade são responsáveis por até 78% das consultas nos cuidados de
saúde primários. O seu peso é igualmente elevado nos cuidados hospitalares nos EUA,
com um risco até 14,6 vezes superior de internamento e com um tempo de
hospitalização 25 vezes mais longo em relação aos doentes sem doenças crónicas.
Métodos: Este estudo foca-se na análise da associação entre a multimorbilidade e a
utilização dos cuidados de saúde na população portuguesa, entre os 25 e os 74 anos
de idade, assim como na descrição da prevalência da multimorbilidade em Portugal e
na análise da utilização dos cuidados de saúde por grupo de doenças crónicas
específicas e por cada doença crónica adicional.
Trata-se de um estudo epidemiológico, observacional, analítico e transversal que tem
como fonte de informação a base de dados do Inquérito Nacional de Saúde com Exame
Físico (INSEF) cuja recolha de dados decorreu em 2015. Foi estudada a associação
entre as variáveis socioeconómicas e a utilização dos cuidados de saúde, nos doentes
com multimorbilidade. Foi construído um modelo de regressão logística estratificado
para o sexo e ajustado para as variáveis socioeconómicas.
Resultados: A prevalência de multimorbilidade na população portuguesa foi de 38,3%
(IC95% 35,4% a 41,3%). Nos doentes com multimorbilidade verificou-se uma maior
utilização de consultas de cuidados de saúde primários, consultas hospitalares e
internamentos. Nestes doentes foi observada associação estatisticamente significativa
entre o sexo feminino, escalões etários mais velhos e níveis educacionais mais baixos
e a maior utilização dos cuidados de saúde.
A utilização dos serviços de saúde era mais elevada no grupo das doenças do foro
mental e das patologias músculo-esqueléticas, embora não se tenha verificado o
aumento proporcional da utilização dos cuidados por doença crónica adicional.
Conclusões: Apesar da diversidade metodológica presente neste tipo de trabalhos, os
resultados observados neste estudo estão em linha com a literatura internacional. A
existência de evidência científica, para a realidade nacional, quanto à utilização dos
serviços de saúde por doentes com multimorbilidade, poderá sustentar alterações nas
políticas de saúde que permitam uma gestão mais eficiente destes doentes.
Palavras-chave: Serviços de Saúde, Multimorbilidade, Doenças Crónicas, INSEF
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iv
Abstract
Background: The presence of multiple chronic diseases in the same patient is a public
health problem increasingly recognized as relevant to health systems. Individuals with
multimorbidity have additional health needs, which represent a heavy burden for
healthcare use. It is estimated that between 70% to 80% of the total health expenditure
is used with chronic conditions, both in USA and in Europe. Patients with multimorbidity
are responsible for up to 78% of primary care appointments in Europe. These patients
are also high hospital services users, with up to 14.6 times more risk of hospitalization
and with longer periods of hospital stay (up to 25 times) in USA.
Methods: This study analyzes the association between multimorbidity and healthcare
use in the Portuguese population aged 25 to 75, as well as the description of the
prevalence of multimorbidity in Portugal and the analysis of healthcare use by group of
chronic diseases and by additional chronic disease.
An epidemiological, observational, analytic cross-sectional study was performed, based
on data from Inquérito Nacional de Saúde com Exame Fisico (INSEF) which had data
collected in 2015. In patients with multimorbidity, the association between
socioeconomic variables and healthcare use was studied using logistic regression
models, stratified by sex and adjusted for socioeconomic confounding variables.
Results: The prevalence of multimorbidity in the Portuguese population was 38.3% (95%
CI 35.4% to 41.3%). In patients with multimorbidity there was a more frequent use of
primary health care consultations, hospital consultations and hospitalizations. In these
patients an association was established between female sex, older age groups and lower
educational levels, and increased use of healthcare.
A more frequent healthcare use was observed with mental health and musculoskeletal
diseases, although not showing a proportional increase in healthcare use for each
additional medical condition.
Conclusion: Despite the methodological diversity present in these type of works, the
results found in this study are in line with the international literature. The availability of
scientific evidence, in Portuguese context, regarding the use of healthcare services by
multimorbidity patients, may support health policy changes which could allow a more
efficient management of these patients.
Key Words: Healthcare, Multimorbididy, Chronic Conditions, INSEF
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v
Índice
Resumo ...................................................................................................................................... iii
Abstract.......................................................................................................................................iv
Índice ........................................................................................................................................... v
Índice de Quadros ....................................................................................................................vi
Índice de Figuras ......................................................................................................................vi
Índice de Anexos ......................................................................................................................vi
Lista de Siglas Acrónimos e Abreviaturas ....................................................................... vii
Agradecimentos ..................................................................................................................... viii
Introdução .................................................................................................................................. 1
Racional ................................................................................................................................... 1
Quadro Conceptual ................................................................................................................ 3
Pergunta de Investigação ..................................................................................................... 5
Hipótese de Estudo ................................................................................................................ 5
Objetivos..................................................................................................................................... 7
Materiais e Métodos ................................................................................................................. 7
Tipo de Estudo ........................................................................................................................ 7
Unidade de Observação ........................................................................................................ 7
População Alvo ....................................................................................................................... 7
Fonte dos Dados .................................................................................................................... 8
Critérios de Inclusão .............................................................................................................. 8
Critérios de Exclusão ............................................................................................................. 8
Amostragem ............................................................................................................................ 8
Recolha de Dados .................................................................................................................. 9
Variáveis de Estudo ............................................................................................................. 10
Plano de Análise de Dados ................................................................................................. 10
Questões Éticas e Deontológicas ...................................................................................... 13
Resultados ............................................................................................................................... 15
Discussão ................................................................................................................................. 27
Limitações do Estudo ........................................................................................................... 31
Referências bibliográficas ................................................................................................... 33
Anexos ...................................................................................................................................... 37
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vi
Índice de Quadros
QUADRO 1 - QUADRO RESUMO: ANÁLISE DE DADOS POR OBJETIVO DO ESTUDO ................ 12
QUADRO 2 - DESCRIÇÃO DA AMOSTRA ........................................................................... 15
QUADRO 3 - MULTIMORBILIDADE POR SEXO, IDADE, REGIÃO, EDUCAÇÃO E RENDIMENTO. .. 17
QUADRO 4 - MÉDIA DO NÚMERO DE INTERNAMENTOS; NÚMERO DE CONSULTAS
HOSPITALARES E NÚMERO DE CONSULTAS DE MGF POR MULTIMORBILIDADE, SEXO,
IDADE, EDUCAÇÃO, RENDIMENTO E REGIÃO. ............................................................ 19
QUADRO 5 - REGRESSÃO LOGÍSTICA PARA A VARIÁVEL "UTILIZAÇÃO CONSULTA MGF",
ESTRATIFICADA POR SEXO, AJUSTADA ÀS VARIÁVEIS IDADE, EDUCAÇÃO, RENDIMENTO E
REGIÃO. ................................................................................................................ 21
QUADRO 6 - REGRESSÃO LOGÍSTICA PARA A VARIÁVEL "UTILIZAÇÃO CONSULTA
HOSPITALAR", ESTRATIFICADA POR SEXO, AJUSTADA ÀS VARIÁVEIS IDADE, EDUCAÇÃO,
RENDIMENTO E REGIÃO. ......................................................................................... 22
QUADRO 7 - REGRESSÃO LOGÍSTICA PARA A VARIÁVEL "INTERNAMENTOS", ESTRATIFICADA
POR SEXO, AJUSTADA ÀS VARIÁVEIS IDADE, EDUCAÇÃO, RENDIMENTO E REGIÃO. ....... 23
QUADRO 8 - UTILIZAÇÃO DE CONSULTAS MÉDICAS POR GRUPO DE DOENÇAS E POR DOENÇA
CRÓNICA ADICIONAL ............................................................................................... 25
Índice de Figuras
FIGURA 1 - QUADRO CONCEPTUAL: RELAÇÃO ENTRE MULTIMORBILIDADE E CUIDADOS DE
SAÚDE .................................................................................................................... 4
Índice de Anexos
ANEXO 1 - OPERACIONALIZAÇÃO DE VARIÁVEIS .............................................................. 37
ANEXO 2 - PARECER COMISSÃO DE ÉTICA ..................................................................... 40
ANEXO 3 - MÉDIA DE UTILIZAÇÃO DOS CUIDADOS DE SAÚDE POR DOENÇA CRÓNICA .......... 42
ANEXO 4 - PUBLICAÇÕES .............................................................................................. 44
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vii
Lista de Siglas Acrónimos e Abreviaturas
CAPI Computer-assisted personal interview
EHES European Health Examination Survey
EUA Estados Unidos da América
INSEF Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico
MGF Medicina Geral e Familiar
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
RA Região Autónoma
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viii
Agradecimentos
Aos colaboradores do Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional de
Saúde Doutor Ricardo Jorge pela afabilidade com que me receberam e por todo o apoio
na elaboração da presente dissertação.
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1
Introdução
Racional
A presença de múltiplas doenças crónicas coexistentes no mesmo indivíduo, e
o expectável aumento da frequência do diagnóstico de doenças crónicas ao longo dos
próximos anos é, cada vez mais, reconhecido como um problema fundamental da saúde
pública e dos cuidados de saúde nas sociedades modernas.1,2
Os indivíduos com multimorbilidade terão uma maior probabilidade de
necessidades de saúde acrescidas e de serem responsáveis por um maior volume de
trabalho dos serviços de saúde.3,4 Não obstante os avanços médicos, estes indivíduos
têm maior risco de complicações e maior dificuldade na adesão terapêutica.5 Os estudos
existentes acerca do peso que os utentes com multimorbilidade representam para os
cuidados de saúde revelam valores distintos. No entanto, todos apontam para uma
elevada utilização dos serviços de saúde. O tratamento dos doentes com doenças
crónicas é responsável por até 75% de todo o orçamento gasto em saúde nos EUA.4
Neste país, estima-se que o valor médio anual gasto em saúde por um doente com uma
doença crónica seja de 850$, passando para 6178$ com três doenças crónicas e
atingindo os 12699$ com quatro ou mais doenças crónicas.6 Na Europa, estima-se que
estas patologias representem 70 a 80% da despesa em saúde em países como a
Dinamarca e sejam a causa de 8 em cada 11 internamentos hospitalares no Reino
Unido.4
Os doentes com multimorbilidade são responsáveis por até 78%3 das consultas
nos cuidados de saúde primários com uma média de contactos que pode variar entre
as 4,63 e as 18,65 consultas por ano. Estes doentes revelam também um elevado
número de prescrições de medicamentos e de referenciações hospitalares, estimando-
se uma média anual de 27,5 prescrições farmacológicas e 0,5 referenciações
hopitalares.5 De referir, no entanto, que a literatura não é unanime quanto à tradução do
maior número de doenças crónicas no aumento da utilização dos cuidados de saúde
primários.4,5,7 A explicação para o aumento não proporcional da utilização dos cuidados,
poderá residir no facto de certas patologias crónicas terem perfis fisiopatológicos
semelhantes, sendo um tratamento benéfico e utilizado para mais que uma doença
coexistente na mesma pessoa.5
A existência de multimorbilidade tem igualmente uma importância significativa
na utilização dos cuidados hospitalares, não apenas nas consultas externas como
também no número de internamentos.4,8 Nos hospitais norte-americanos, 66% de todas
as altas hospitalares referem-se a doentes com duas ou mais doenças crónicas. Estes
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2
doentes têm, ainda, maior tempo médio de internamento e maiores custos associados.9
Dados semelhantes são observados na Europa, em que o número de doenças crónicas
está associado diretamente ao número e duração dos internamentos.10 Os doentes com
três ou mais doenças crónicas poderão ter um risco até 14,6 vezes superior de
internamento, com o tempo de hospitalização 25 vezes mais longo, em comparação
com doentes sem doenças crónicas.11
A evolução da medicina e das condições socioeconómicas permitiram um
aumento sustentável da esperança média de vida nas sociedades mais desenvolvidas.
Este facto, associado à diminuição da taxa de natalidade, contribui decisivamente para
o aumento da proporção da população idosa.12 Da mesma forma, uma importante parte
desta população tem múltiplas patologias em simultâneo.13 A multimorbilidade torna-se
progressivamente mais presente com a idade, associando-se ao aumento da
mortalidade e da redução da capacidade funcional.14 Segundo dados de 2006, 36% da
população portuguesa tem três ou mais doenças crónicas sendo o sexo feminino mais
afectado – 42,5% versus 27,4% –, assim como a população com mais de 65 anos –
55,2% versus 14,8% –.15 Um trabalho mais recente, que analisou os dados do Inquérito
Nacional de Saúde de 2014, revelou uma prevalência de multimorbilidade em Portugal,
na população com 35 ou mais anos, de 52,2%, com 42,5% nos homens e 60,4% nas
mulheres.16 Um outro estudo nacional, apenas focado na população que frequenta os
cuidados de saúde primários, concluiu que 72,7% dessa população apresenta duas ou
mais doenças crónicas e 57,2% apresentam três ou mais doenças crónicas. O mesmo
estudo aponta ainda a existência de associação estatística entre níveis educacionais
baixos e rendimento económico insuficiente, e maior prevalência de multimorbilidade.17
A nível internacional os estudos apresentam valores distintos, estando a prevalência
entre os 20% e 40%.18 Os estudos de prevalência mostram, também, a existência de
uma relação entre indivíduos desfavorecidos e com baixas habilitações literárias, e a
presença de multimorbilidade10,19, em linha com os resultados nacionais.
Estes doentes apresentam limitações importantes da sua capacidade
funcional.20 No entanto, os dados existentes sobre a carga de doença associada à
multimorbilidade, por exemplo através da medição por DALY, são escassos.21 Esta
omissão do peso da multimorbilidade, no cálculo individual dos DALY por patologia,
acaba por sobrestimar a carga da doença e introduzir um viés nas análises de custo
efetividade, o que pode afetar o planeamento e as politicas de saúde. Enquanto que
muitos dos estudos dedicados ao peso da doença, medidos por anos de vida perdidos
(YLL) ou anos de vida perdidos por incapacidade (YLD), não têm em consideração a
multimorbilidade, outros mostraram que a existência de múltiplas doenças crónicas está
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3
associada à diminuição da capacidade funcional e incapacidade,22 com um risco
superior de mortalidade, após ajuste para a idade.23 Está também descrita a associação
entre multimorbilidade e a redução da qualidade de vida, através de questionários de
auto reporte (QoL).24
Ao tentar corresponder às exigências médicas de um cada vez maior número de
doentes com múltiplas doenças crónicas, os serviços de saúde, originalmente
desenhados para lidar com episódios de doença aguda, enfrentam desafios complexos
de organização e financiamento.12 O envolvimento de vários prestadores de serviços de
saúde na gestão de múltiplas patologias torna-se, assim, inevitável, e resulta
frequentemente em tratamentos redundantes; comunicação e coordenação deficitária
entre serviços, fragmentação dos cuidados ou a desnecessária repetição de exames
complementares de diagnóstico.5
O aumento do conhecimento quanto à epidemiologia e ao impacto dos doentes
com multimorbilidade tem especial relevância para orientar a forma como os cuidados
de saúde são organizados e prestados.3
Quadro Conceptual
Não existe atualmente uma definição rigorosa de multimorbilidade.18 Esta é
apresentada habitualmente como a presença de múltiplas doenças crónicas no mesmo
doente. Porém, estão descritas diferenças quanto ao número e tipo de patologias a
considerar para que se possa classificar a comorbilidade presente como
multimorbilidade. Por estes motivos, a multimorbilidade pode ser medida de formas
distintas.25 No entanto, sobretudo no contexto da investigação, é importante a existência
de um consenso quanto à definição de multimorbilidade que permita a sua medição e
comparação. Quanto ao número mínimo de doenças existentes no mesmo indivíduo, a
ocorrência de duas ou mais patologias é a definição operacional mais vezes utilizada na
literatura médica26, sendo por isso a definição que foi aplicada no presente estudo. No
que respeita ao tipo de doenças crónicas elegíveis, foram analisadas as patologias
presentes na base de dados do Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico
(INSEF), cuja seleção se baseou nos anteriores Inquéritos Nacionais de Saúde e no
Inquérito Europeu de Saúde por Entrevista (EHES), assim como no Plano Nacional de
Saúde 2013-2016.27
Diversos estudos focaram-se na prevalência de multimorbilidade em diferentes
países. Estes obtiveram diferentes conclusões mediante o desenho de estudo, o leque
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4
de patologias incluídas e as bases de dados utilizadas1. Embora alguns estudos sejam
baseados em inquéritos populacionais19,28, a maioria usa registos clínicos com números
relativamente pequenos de doentes29. Em estudos de maior dimensão, o foco encontra-
se na prevalência e nos determinantes da multimorbilidade, tendo um menor número de
trabalhos estudado a relação com a utilização dos cuidados de saúde.3
Para estudar esta associação entre a multimorbilidade e a utilização dos
cuidados de saúde, o presente estudo analisou três variáveis distintas, duas
relacionadas com a utilização de cuidados hospitalares (número de consultas com
médico especialista hospitalar e número de internamentos) e uma variável relacionada
com os cuidados de saúde primários (número de consultas com médico de Medicina
Geral e Familiar).
Existe evidência em como a idade e o sexo estão associados tanto à
multimorbilidade como à utilização dos cuidados de saúde.30 Também diferentes
condições socioeconómicas mostram ter relação com o problema em estudo.10,19 Assim,
torna-se relevante ter em consideração estas variáveis para a presente análise.
Este estudo foca-se na análise da associação entre a multimorbilidade e a
utilização dos cuidados de saúde na população portuguesa, entre os 25 e os 75 anos,
considerando os cofatores idade, sexo, educação, rendimento adulto equivalente e
região de saúde. A extensão das conclusões do trabalho acerca deste tema, para a
realidade nacional, poderão contribuir para o debate quanto ao paradigma existente de
tratamento, baseado em episódios de doenças específicas e com reduzido enfoque nas
comorbilidades presentes, em especial se estas não estiverem relacionadas na sua
etiopatogenia, tratamento e prógnóstico.31
Figura 1 - Quadro Conceptual: relação entre multimorbilidade e cuidados de saúde
Sexo Variáveis
Socioeconómicas Idade
Doença Crónica 1
Doença Crónica 2
Doença Crónica n
Multimorbilidade Cuidados de Saúde
Região de Saúde
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5
Pergunta de Investigação
A multimorbilidade associa-se à maior utilização de cuidados de saúde, na
população portuguesa com idades entre os 25 e os 74 anos, no ano de 2015?
Hipótese de Estudo
A multimorbilidade associa-se à maior utilização de cuidados de saúde, na
população portuguesa com idades entre os 25 e os 74 anos, no ano de 2015.
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Objetivos
Objetivo principal:
Estudar a associação entre a multimorbilidade e a utilização dos cuidados de
saúde, na população portuguesa com idades entre os 25 e os 74 anos, no ano de 2015.
Objetivos específicos:
1- Estimar a prevalência de multimorbilidade em Portugal em 2015, por sexo,
idade, região administrativa, educação e rendimento.
2- Descrever a utilização dos cuidados de saúde por grupos de doença crónica
em Portugal em 2015.
3- Analisar o aumento da utilização dos cuidados de saúde por cada doença
crónica adicional em Portugal em 2015.
4- Medir a associação entre a multimorbilidade e a utilização dos cuidados de
saúde, estratificada para o sexo, e ajustada à idade e às variáveis
socioeconómicas em Portugal em 2015.
Materiais e Métodos
Tipo de Estudo
Estudo epidemiológico, observacional, analítico, transversal.
Unidade de Observação
O presente estudo tem como unidade de observação todos os indivíduos que
responderam ao Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico, desenvolvido pelo
Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge entre 2013 e 2016 e cuja recolha de
dados decorreu em 201527,32.
População Alvo
A população alvo deste estudo corresponde a toda a população residente em
Portugal, cuja idade está no intervalo entre os 25 e os 74 anos.
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8
Fonte dos Dados
O Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico (INSEF), cuja fase de recolha
de dados decorreu em 2015, é um estudo epidemiológico observacional, transversal de
prevalência e que tem como finalidade a “melhoria da Saúde Publica em Portugal
através da disponibilização de informação epidemiológica de qualidade quanto ao
estado de saúde, determinantes de saúde e utilização de cuidados de saúde”.27 Este
inquérito inclui três componentes distintos: o exame físico; a colheita de sangue e um
questionário geral de saúde. Os procedimentos executados foram realizados em
conformidade com as recomendações do Inquérito Europeu de Saúde com Exame
Físico (EHES).27
As variáveis em estudo têm origem no questionário geral de saúde do INSEF,
tendo sido obtidas por auto-reporte.
Critérios de Inclusão
Idade compreendida entre os 25 e os 74 anos.
Residência em Portugal Continental ou nas Regiões Autónomas dos Açores e
da Madeira, pelo menos, nos 12 meses anteriores à entrevista realizada pelo
INSEF.
Critérios de Exclusão
Não falar a língua portuguesa.
Indivíduos institucionalizados.
Ser incapaz de dar consentimento informado ou acompanhar a entrevista,
exame físico ou colheita de sangue por incapacidade física, doença mental,
demência ou outra condição que afete de forma séria a capacidade de
compreensão e a credibilidade das respostas ou a validade das medições.
Amostragem
Dimensão: A dimensão da amostra foi estabelecida de forma a ser possível
estimar uma prevalência esperada de 50%, com uma precisão absoluta de 5% para um
intervalo de confiança a 95%, em cada região de saúde do continente ou Região
Autónoma, considerando um efeito do desenho da amostra de 1,5. O cálculo da
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dimensão da amostra resultou em 600 indivíduos a nível regional e 4200 a nível
nacional, sendo a amostra efetiva final de 4911 indivíduos.27
Desenho da amostra A seleção dos participantes do INSEF foi feita por
amostragem probabilística por grupos em duas etapas distintas, estratificada por região
de saúde e tipologia de área urbana. Na primeira etapa foram selecionadas
aleatoriamente 7 unidades primárias de amostragem (áreas geográficas
correspondentes à área de influência dos antigos Centros de Saúde) por região, com
probabilidade de seleção proporcional à dimensão da população residente com idade
elegível. Na segunda etapa, as unidades secundárias de amostragem – indivíduos –
foram selecionados por amostragem aleatória simples com base nos números de utente
do Serviço Nacional de Saúde.27
Recolha de Dados
O estudo baseia-se uma análise secundária dos dados do INSEF 2015.
Os dados do INSEF foram colhidos entre fevereiro e dezembro de 2015 e
incluíam medidas antropométricas e análises sanguíneas. As variáveis de interesse
para o presente estudo foram colhidas no INSEF através de um questionário estruturado
por entrevista assistida por computador (CAPI). O questionário incluiu 23 secções, com
base em instrumentos padronizados e testados. A área de inquirição referente à doença
crónica teve como objetivo recolher informações sobre a existência, ou não, de doenças
crónicas com mais de 6 meses de duração. Quanto aos serviços de saúde, foi objetivo
do questionário compreender a utilização tanto dos cuidados de saúde primários como
dos cuidados hospitalares. A recolha de dados foi realizada por profissionais de saúde
que completaram um programa de formação para o efeito.27
Os indivíduos selecionados foram convidados a participar por carta duas
semanas antes do início da recolha de dados. Uma semana depois, foram contactados
por telefone para garantir a sua elegibilidade e para a marcação da entrevista. Os
indivíduos que não aceitaram participar foram também convidados a preencher um
breve questionário.27
Os detalhes metodológicos de INSEF estão publicados e podem ser consultados
em insef.pt33 ou em insa.pt34.
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Variáveis de Estudo
Variáveis Dependentes
Internamentos - Número de internamentos nos 12 meses anteriores à
entrevista.
Consultas Hospitalares - Número de consultas com médico especialista
hospitalar nas 4 semanas anteriores à entrevista.
Consultas MGF - Número de consultas com médico de medicina geral e familiar
nas 4 semanas anteriores à entrevista.
Variáveis Independentes
Variáveis de doença:
Doenças Crónicas – Número de doenças crónicas diagnosticadas por médico.
Doenças Específicas Diagnosticadas por Médico – (Sim; Não): Hipertensão
arterial; Enfarte Agudo do Miocárdio; Acidente Vascular Cerebral; Disritmia
Cardíaca; Diabetes; Insuficiência Renal Crónica; Cirrose; Hepatite Crónica;
Asma; Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica; Dor Crónica; Osteoporose; Artrite
Reumatóide; Artrose; Cancro; Depressão; Ansiedade Crónica; Úlcera Gástrica
ou Duodenal; Hipercolesterolémia; Alergia.
Variáveis de caracterização sociodemográfica dos indivíduos:
Sexo – (Masculino; Feminino)
Idade – Escalões etários (25-34; 35-44; 45-54; 55-64; 65-74)
Educação – Habilitações literárias (Não sabe ler nem escrever/1ºciclo;
2ºciclo/3ºciclo; Secundário; Superior)
Rendimento – Segundo escala OCDE35 (Baixa (<334€); Média-baixo (335-
530€); Média (531-700,2€); Média-alta (700,3-1025€); Alta (≥1026€))
Região – Região de Saúde (Centro; Lisboa e Vale do Tejo; Alentejo; Algarve;
RA Madeira; RA Açores)
O plano de operacionalização de variáveis encontra-se no anexo 1.
Plano de Análise de Dados
Para responder aos objetivos enunciados a análise de dados no presente estudo
foi realizada em três fases diferentes e sequenciais, que de seguida se enumeram.
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Os dados foram trabalhados estatisticamente através do software IBM SPSS
Statistics (versão 24) no módulo complex samples e através do software Stata (versão
15.1) no módulo survey data analysis [SVY].
Análise univariável: A análise univariável permitiu descrever as variáveis em
estudo, através do cálculo de frequências absolutas e relativas e intervalos de confiança
de 95%.
Análise bivariável: A análise bivariável foi efetuada entre as diferentes variáveis
independentes e cada uma das três variáveis dependentes em estudo – número de
internamentos, número de consultas com médico especialista hospitalar, número de
consultas com MGF – avaliando-se a existência de diferenças estatisticamente
significativas, considerando-se como nível de significância p<0.05.
Por se verificar uma distribuição não paramétrica, através do teste de Shapiro-
Wilk, foram usados, para as variáveis independentes categóricas, os testes de Mann-
Whitney e de Kruskal-Wallis.
A interpretação dos resultados da análise bivariável permitiu a inclusão das
variáveis independentes no modelo de análise multivariável, respeitando os seguintes
critérios:36
1- Variáveis com resultados estatisticamente significativos, p<0.05.
2- Variáveis que embora não sejam estatisticamente significativas tenham um valor
p baixo, até p<0.2.
3- Variáveis com resultados não estatisticamente significativos, mas com
relevância para o estudo.
Para a resposta ao objetivo “descrever a prevalência de multimorbilidade em
Portugal em 2015, por sexo, idade, região, educação e rendimento” foi realizada a
análise entre as variáveis independentes sexo, idade e região e a variável dependente
número de doenças crónicas na sua forma categórica (duas ou mais doenças crónicas:
multimorbilidade). Recorreu-se ao teste do Qui-quadrado. As medidas de associação
pesquisadas foram o Odds Ratio (OR), interpretado como uma razão de razões de
possibilidades complementares, e respetivo intervalo de confiança para um nível de
confiança de 95%.37
Na análise da utilização dos cuidados de saúde por cada doença crónica
adicional foi construída a variável dependente “número de consultas” a partir da variável
“número de consultas de MGF” e “número de consultas hospitalares” como variável
única. Nesta análise foram agrupadas as diversas doenças crónicas pelos seus
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mecanismos fisiopatológicos comuns. O limite de 4 ou mais doenças adicionais foi
selecionado por conter 94% da amostra. Estatisticamente recorreu-se ao teste de
Kruskal-Wallis.
Análise multivariavel: O modelo de análise multivariavel permitiu estudar a
associação entre a variável independente em estudo – multimorbilidade – e as três
variáveis dependentes, estratificado para o sexo4,13,29 e ajustado às variáveis
socioeconómicas, idade e região de saúde.
Na seleção do modelo a utilizar para esta análise foram considerados os
modelos de regressão de Poisson e de Poisson de zeros inflacionados; o modelo de
regressão binomial negativa e binomial negativa de zeros inflacionados e o modelo de
regressão logística. Através da análise dos valores do Akaike information criterion
(AIC)38, que permite estudar a qualidade dos modelos estatísticos, verificou-se que o
modelo que mais se ajusta à análise e dados em questão é a regressão logística.
Foi utilizado, assim, um modelo de regressão de logística, tendo sido obtidos os
valores de Odds Ratio ajustado (ORA) e respetivo intervalo de confiança a 95%.
Quadro 1 - Quadro resumo: análise de dados por objetivo do estudo
Objetivo Análise
Descrever a prevalência de
multimorbilidade em Portugal em 2015,
estratificada pelas categorias das
variáveis sexo, idade, região, educação
e rendimento.
Univariável (medidas de frequência
absoluta e relativa, e intervalos de
confiança) e Bivariável (teste Qui-
Quadrado)
Descrever a utilização dos cuidados de
saúde estratificada por grupos de
doença.
Bivariável (teste de Kruskal-Wallis para
médias.)
Analisar o aumento da utilização dos
cuidados de saúde por cada doença
crónica adicional.
Bivariável (teste de Kruskal-Wallis para
médias.)
Medir a associação entre a
multimorbilidade e a utilização dos
cuidados de saúde, estratificada pela
variável sexo, e ajustada às variáveis
socioeconómicas e idade.
Bivariável (testes de Mann-Whitney e
de Kruskal-Wallis) e multivariável
(regressão logística)
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Questões Éticas e Deontológicas
O estudo analisou dados pertencentes a uma base de dados já existente, o
INSEF, sem recolha de nova informação. O INSEF foi aprovado pela Comissão Nacional
de Proteção de Dados (Autorização Nº 199/2011), pelas Comissões de Ética para a
Saúde do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Nota Interna Nº 7/2011),
Administração Regional de Saúde do Norte (Parecer Nº 91/2014), Administração
Regional de Saúde do Centro (Parecer Nº 44/2014), Administração Regional de Saúde
de Lisboa e Vale do Tejo (Parecer Proc.097/CES/ASS/2014), Administração Regional
de Saúde do Alentejo (Parecer Nº 17/2014), Administração Regional de Saúde do
Algarve (Ofício Nº 2742 de 04/03/2015), Serviço de Saúde da Região Autónoma da
Madeira (Parecer Nº 32/2014), Hospital da Horta (Ofício Sai-HH/2015/40) e Centro
Hospitalar de Lisboa Ocidental (CES CHLO 22/07/2015).
Todos os participantes no INSEF assinaram uma declaração de consentimento
informado referente ao exame físico, colheita de sangue e entrevista de saúde.
Não obstante o já descrito, o presente estudo tem o parecer favorável específico
da Comissão de Ética do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. (Anexo 3)
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Resultados
Quadro 2 - Descrição da amostra
Freq* (n) n IC95%
Multimorbilidade 2 ou mais doenças crónicas 38,3% 1862 (35,4% a 41,3%)
Doenças Crónicas
0 doenças crónicas 42,2% 2055 (39,5% a 45,0%)
1 doença crónica 19,4% 930 (17,7% a 21,3%)
2 doenças crónicas 17,0% 838 (15,4%a 18,7%)
3 doenças crónicas 10,4% 474 (8,8% a 12,2%)
4 doenças crónicas 5,2% 264 (4,4% a 6,1%)
5 doenças crónicas 3,0% 139 (2,2% a 4,1%)
6 doenças crónicas 1,3% 68 (0,9% a 2,0%)
7 doenças crónicas 0,7% 46 (0,4% a 1,2%)
8 doenças crónicas 0,4% 21 (0,2% a 0,7%)
9 doenças crónicas 0,3% 10 (0,2% a 0,5%)
Sexo Masculino 47,5% 2646 (46,0% a 49,1%)
Feminino 52,5% 2245 (50,9% a 54,0%)
Idade
25-34 18,3% 714 (17,2% a 19,5%)
35-44 23,5% 1135 (21,9% a 25,1%)
45-54 22,4% 1193 (21,0% a 23,9%)
55-64 19.9% 1098 (18,2% a 21,7%)
65-74 15,9% 771 (14,8% a 17,1%)
Educação
Não sabe ler nem escrever /1ºciclo
27,7% 1516 (26,0% a 29,4%)
2ºciclo/3ºciclo 31,5% 1595 (29,9% a 33,3%)
Secundário 21,4% 958 (19,3% a 23,5%)
Superior 19,4% 838 (16,9% a 22,2%)
Rendimento
Baixa 19,8% 1092 (17,7% a 22,1%)
Média-baixo 18,4% 929 (16,6% a 20,2%)
Média 20,4% 872 (18,5% a 22,4%)
Média-alta 19,7% 837 (18,0% a 21,6%)
Alta 21,7% 914 (19,0% a 24,7%)
Região
Norte 35,4% 777 (30,6% a 40,5%)
Centro 16,2% 706 (14,4% a 18,1%)
Lisboa e Vale do Tejo 34,8% 650 (29,2% a 40,9%)
Alentejo 4,6% 690 (4,1% a 5,1%)
Algarve 4,2% 644 (3,7% a 4,8%)
RA Madeira 2,5% 695 (2,1% a 2,9%)
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RA Açores 2,3% 749 (1,6% a 3,4%)
* Frequências relativas ponderadas para a distribuição da população portuguesa por região de
saúde, sexo e grupo etário em 2015.
A amostra é constituída na maioria por mulheres - 52,5%. A faixa etária mais
representada é a dos 35-44 anos com 23.5%, seguida dos escalões etários 45-54
(22,4%) e 55-64 (19.9%). Cerca de um terço da amostra tem como habilitações literárias
o segundo e terceiro ciclos (31,5%), seguida pelo grupo dos indivíduos que não sabem
ler nem escrever, ou têm apenas o 1º ciclo (27,7%). Quanto ao rendimento, a classe
média tem a maior representatividade – classe média-baixa 18,4%; média 20,4% e
média-alta 19,7% –. A classe baixa surge com 19,8% e a classe alta com 21,7%. A
maioria dos indivíduos da amostra residem na região Norte do país (35,4%). A segunda
e terceira regiões mais representadas são, respetivamente, Lisboa e Vale do Tejo e o
Centro.
Os resultados revelam uma prevalência de 38,3% (IC95%:35,4 a 41,3%) de
multimorbilidade na população. 17% (IC95%:15,4% a 18,7%) dos portugueses
apresentam duas doenças crónicas e 10,4% (IC95%:8,8% a 12,2%) três doenças
crónicas. A frequência decresce com o aumento do número de patologias, até aos 0,3%
(IC95%:0,2% a 0,5%) no caso de nove doenças crónicas em simultâneo.
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Quadro 3 - Multimorbilidade por sexo, idade, região, educação e rendimento.
Multimorbilidade (2 ou mais doenças crónicas)
Freq* (n) p** OR IC95% Freq* (n) p** OR IC95%
Sexo
Masculino [REF]
32,7% (728)
<0,001
1
Feminino 43,4%(1134) 1,64 (1,37 a 1,96)
Masculino Feminino
Idade
25-34 [REF] 9,5 (24)
<0,001
1 9,4% (30)
<0,001
1
35-44 15,2% (64) 1,72 (0,66 a 4,45) 18,0% (122) 2,10 (1,07 a 4,15)
45-54 24,3% (134) 3,07 (1,01 a 9,36) 43,3% (271) 7,31 (4,33 a 12,35)
55-64 60,5% (277) 14,64 (5,66 a 37,86) 71,2% (394) 23,72 (12,74 a 44,13)
65-74 65,5% (229) 18,16 (6,94 a 47,50) 82,3% (394) 44,60 (23,48 a 84,72)
Região
RA Madeira [REF]
33,6% (119)
0,144
1 32,6% (201)
0,065
1
Centro 27,7% (101) 1,42 (0,95 a 2,11) 35,5% (120) 1,14 (0,76 a 1,69)
RA Açores 35,1% (109) 1,16 (0,79 a 1,70) 41,2 % (170) 1,45 (1,08 a 1,96)
Norte 35,3% (110) 1,87 (1,38 a 2,55) 44,3% (201) 1,65 (1,29 a 2,11)
Lisboa e Vale do Tejo
21,3% (80) 1,99 (1,24 a 3,22) 46,0% (160) 1,77 (1,18 a 2,65)
Algarve 33,3% (108) 1,84 (1,25 a 2,71) 47,4% (169) 1,87 (1,27 a 2,74)
Alentejo 23,9% (91) 2,02 (1,42 a 2,87) 48,9% (177) 1,98 (1,46 a 2,69)
Educação
Não sabe ler nem escrever /1ºciclo [REF]
57,8% (370)
<0,001
1 70,0% (537)
<0,001
1
2ºciclo/3ºciclo 26,9% (201) 0,27 (0,20 a 0,36) 42,9% (315) 0,32 (0,27 a 0,47)
Secundário 19,7% (102) 0,18 (0,12 a 0,27) 28,0% (142) 0,17 (0,12 a 0,20)
Superior 21,6% (54) 0,20 (0,13 a 0,31) 25,0% (139) 0,14 (0,09 a 0,22)
Rendimento
Baixa [REF] 30,2% (137)
0,196
1 48,9% (292)
0,080
1
Média-baixo 38,2% (139) 1,43 (0,99 a 2,06) 43,4% (235) 0,80 (0,63 a 1,02)
Média 29,5% (119) 0,95 (0,67 a 1,39) 39,9% (195) 0,70 (0,54 a 0,92)
Média-alta 31,2% (142) 1,05 (0,78 a 1,42) 46,5% (167) 0,71 (0,48 a 1,05)
Alta 33,7% (143) 1,17 (0,86 a 1,61) 37,0% (160) 0,62 (0,46 a 0,83)
* Frequências relativas ponderadas para a distribuição da população portuguesa por região de
saúde, sexo e grupo etário em 2015.
**p corresponde ao valor prova de teste Qui-quadrado adaptado para as amostras complexas.
[REF]: Categoria de referência.
Na análise da multimorbilidade observa-se uma maior frequência no sexo
feminino (43,4% vs 32,7%) a que corresponde um OR de 1,64 (IC95%: 1,37 a 1,96).
O aumento da idade associa-se também à maior frequência de multimorbilidade
com um OR, para a faixa etária dos 55-64 anos, de 14,64 (IC95%: 5,66 a 37,86) nos
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18
homens e 23,72 (IC95%: 12,74 a 44,13) nas mulheres. Para a faixa etária dos 65-74
anos, os resultados mostram um OR de 18,16 (IC95%: 6,94 a 47,50) nos homens e
44,60 (IC95%: 23,48 a 84,72) nas mulheres. Ambos os valores em comparação com o
escalão etário 25-34 anos.
A prevalência de multimorbilidade era mais elevada nos grupos populacionais
com menores habilitações literárias. Os indivíduos com o ensino secundário completo
apresentam um OR de 0,18 (IC95%: 0,12 a 0,27) no sexo masculino e de 0,17 (IC95%:
0,12 a 0,22) no sexo feminino, tendo como referência o nível de ensino “não sabe
ler/escrever ou tem apenas o 1ºciclo”. Tal representa, para ambos os sexos, uma
possibilidade de multimorbilidade cerca de cinco vezes inferior. Quem terminou o ensino
superior apresenta um OR de 0,20 (IC95%: 0,13 a 0,31) no sexo masculino e de 0,14
(IC95%: 0,09 a 0,22) no sexo feminino, também com o mesmo nível de ensino como
referência. As mulheres com o ensino superior têm, aproximadamente, uma
possibilidade sete vezes inferior de terem duas ou mais doenças crónicas, em
comparação com as mulheres com o nível de ensino mais baixo.
Não se verificou associação estatisticamente significativa entre a
multimorbilidade e o rendimento e entre a multimorbilidade e a região de saúde.
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Quadro 4 - Média do número de internamentos; número de consultas hospitalares e número de consultas de MGF por multimorbilidade, sexo, idade, educação, rendimento e região.
Número de
Internamentos
no último ano
Número de
consultas
Hospital nas
últimas 4
semanas
Número de
consultas
MGF nas
últimas 4
semanas
Média (DP) p* Média (DP) p* Média (DP) p*
Multimorbilidade
0 doenças
crónicas 0.09 (0.33)
<0,001
0.12 (0.39)
<0,001
0.11 (0.35)
<0,001
1 doença
crónica 0.14 (0.76) 0.18 (0.43) 0.16 (0.41)
2 ou mais
doenças
crónicas
0.17 (0.61) 0.25 (0.51) 0.28 (0.47)
Sexo Masculino 0.14 (0.68)
0,564 0.14 (0.40)
<0,05 0.15 (0.38)
<0,001 Feminino 0.12 (0.39) 0.21 (0.49) 0.22 (0.45)
Idade
25-34 0.14 (0.47)
0,122
0.15 (0.44)
<0,001
0.13 (0.36)
<0,001
35-44 0.08 (0.31) 0.15 (0.43) 0.15 (0.41)
45-54 0.16 (0.73) 0.16 (0.44) 0.17 (0.42)
55-64 0.18 (0.70) 0.22 (0.48) 0.23 (0.44)
65-74 0.12 (0.35) 0.23 (0.47) 0.26 (0.46)
Educação
Não sabe ler
nem escrever
/1ºciclo
0.13 (0.39)
0,311
0.17 (0.43)
<0,001
0.26 (0.47)
<0,001 2ºciclo/3ºciclo 0.14 (0.44) 0.15 (0.43) 0.19 (0.44)
Secundário 0.13 (0.60) 0.17 (0.43) 0.14 (0.36)
Superior 0.14 (0.74) 0.25 (0.53) 0.11 (0.36)
Rendimento
Baixa 0.15 (0.47)
0.214
0.15 (0.43)
<0,05
0.25 (0.47)
<0,001
Média-baixo 0.17 (0.74) 0.13 (0.36) 0.21 (0.47)
Média 0.11 (0.37) 0.17 (0.40) 0.19 (0.41)
Média-alta 0.15 (0.77) 0.19 (0.48) 0.15 (0.36)
Alta 0.11 (0.36) 0.24 (0.53) 0.13 (0.38)
Região
Norte 0.12 (0.39)
<0,05
0.21 (0.49)
<0,05
0.23 (0.44)
<0,001
Centro 0.11 (0.35) 0.12 (0.35) 0.16 (0.40)
Lisboa e Vale
do Tejo 0.17 (0.77) 0.18 (0.45) 0.15 (0.39)
Alentejo 0.10 (0.34) 0.15 (0.46) 0.25 (0.58)
Algarve 0.12 (0.45) 0.17 (0.47) 0.19 (0.43)
RA Madeira 0.08 (0.35) 0.15 (0.40) 0.12 (0.35)
RA Açores 0.09 (0.09) 0.13 (0.36) 0.12 (0.34)
*p corresponde ao valor prova do teste de Mann-Whitney ou de Kruskal-Wallis,
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20
adaptados para as amostras complexas.
Na análise bivariável observa-se uma maior utilização dos cuidados de saúde
por doentes com multimorbilidade, com médias de internamento no ano anterior de 0,17;
de utilização de consultas hospitalares nas quatro semanas anteriores de 0,25 e de
utilização de consultas de MGF nas quatro semanas anteriores de 0,28. Estes valores
contrastam com as médias apresentadas pelos doentes sem doenças crónicas,
respetivamente 0,09; 0,12 e 0,11 e dos doentes com apenas uma doença crónica,
respetivamente 0,14; 0,18 e 0,16.
O sexo feminino apresenta uma maior utilização dos cuidados de saúde, com
valores estatisticamente significativos para o número de consultas hospitalares e
número de consultas de MGF. Não foi observada associação estatisticamente
significativa entre o sexo e o número de internamentos.
Também os escalões etários mais velhos mostram uma maior utilização dos
cuidados de saúde, apresentando, tal como na variável sexo, valores estatisticamente
significativos para o uso das consultas hospitalares e de MGF.
Estes resultados mostram, ainda, um gradiente de utilização das consultas
hospitalares e de MGF quanto ao nível de educação e de rendimento. Os grupos
populacionais com maior rendimento e maiores habilitações literárias utilizam mais
frequentemente as consultas hospitalares e menos as consultas de MGF, já as
populações com menores rendimentos e menores habilitações literárias revelam
resultados opostos.
As regiões de saúde com maior utilização de consultas hospitalares e
internamentos são as regiões Norte, Lisboa e Vale do Tejo e Algarve. A região Norte,
Alentejo e Algarve têm a maior utilização de consultas de MGF.
Quanto à utilização dos cuidados de saúde por doença específica (anexo 2),
verifica-se que as patologias responsáveis por maior número de internamento são o
cancro 0,70 (p<0,001); a artrose 0,31(p<0,05) e a DPOC 0,24 (p<0,05). Quanto a
consultas hospitalares, destaca-se o cancro 0,55 (p<0,001); o enfarte agudo do
miocárdio 0,39 (p<0,05) e a dor crónica 0,32 (p<0,001). Por último, considerando as
consultas de MGF, as patologias que mais contribuem para a sua utilização são a
osteoporose 0,31(p<0,05); a artrose 0,31 (p<0,001) e a depressão 0,30 (p<0,05).
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21
Quadro 5 - Regressão logística para a variável "Utilização Consulta MGF", estratificada por sexo, ajustada às variáveis idade, educação, rendimento e região.
Utilização Consulta MGF
Masculino Feminino
OR(IC95%)* p OR(IC95%)* p
Multimorbilidade
0 doenças crónicas [REF] 1 1
2 ou mais doenças crónicas 3,66 (2,32 a 5,80) <0,001 2,59 (1,57 a 4,26) <0,001
Multimorbilidade
1 doenças crónicas [REF] 1 1
2 ou mais doenças crónicas 2,42 (1,32 a 4,44) <0,05 1,73 (1,05 a 2,84) <0,05
Idade
25-34 [REF] 1 1
35-44 0.97 (0,40 a 2,38) 0,943 0,82 (0,56 a 1,22) 0,319
45-54 0,77 (0,25 a 2,31) 0,628 0,68 (0,39 a 1,20) 0,180
55-64 1,62 (0,65 a 4,03) 0,295 0,52 (0,34 a 0,78) <0,05
65-74 1,33 (0,59 a 3,02) 0,480 0,78 (0,40 a 1,54) 0,469
Educação
Não sabe ler nem [REF]
escrever /1ºciclo 1 1
2ºciclo/3ºciclo 0,97 (0,54 a 1,76) 0,919 0,86 (0,60 a 1,24) 0,413
Secundário 1,03 (0,58 a 1,81) 0,917 0,68 (0,40 a 1,17) 0,159
Superior 0,55 (0,19 a 1,58) 0,257 0,47 (0,27 a 0,81) <0,05
Rendimento
Baixa [REF] 1 1
Média-baixo 0,50 (0,30 a 0,84) <0,05 0,87 (0,53 a 1,40) 0,548
Média 0,76 (0,46 a 1,26) 0,281 0,66 (0,34 a 1,29) 0,219
Média-alta 0,52 (0,30 a 0,92) <0,05 0,62 (0,38 a 1,03) 0,064
Alta 0,48 (0,28 a 0,84) <0,05 0,66 (0,35 a 1,25) 0,193
Região
Norte [REF] 1 1
Centro 0,64 (0,36 a 1,10) 0,104 0,76 (0,50 a 1,17) 0,209
LVT 0,54 (0,32 a 0,94) <0,05 0,67 (0,46 a 0,97) <0,05
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22
Alentejo 0,84 (0,56 a 1,28) 0,412 0,95 (0,58 a 1,53) 0,817
Algarve 0,80 (0,46 a 1,39) 0,415 0,71 (0,55 a 0,93) <0,05
RA da Madeira 0,58 (0,39 a 0,87) <0,05 0,40 (0,26 a 0,59) <0,001
RA dos Açores 0,54 (0,28 a 1,04) 0,065 0,43 (0,31 a 0,61) <0,001
*Odds Ratio ajustado. [REF]: Categoria de referência.
Quadro 6 - Regressão logística para a variável "Utilização Consulta Hospitalar", estratificada por sexo, ajustada às variáveis idade, educação, rendimento e região.
Utilização Consulta Hospitalar
Masculino Feminino
OR(IC95%)* p OR(IC95%)* p
Multimorbilidade
0 doenças crónicas [REF] 1 1
2 ou mais doenças crónicas 1,90 (1,07 a 3,37) <0,05 2,87 (2,03 a 3,88) <0,001
Multimorbilidade
1 doenças crónicas [REF] 1 1
2 ou mais doenças crónicas 1,17 (0,76 a 1,81) 0,460 1,63 (1,21 a 2,19) <0,05
Idade
25-34 [REF] 1 1
35-44 1,04 (0,42 a 2,60) 0,925 1,01 (0,71 a 1,42) 0,966
45-54 1,66 (0,70 a 3,94) 0,240 0,84 (0,40 a 1,77) 0,637
55-64 2,50 (1,17 a 5,33) <0,05 0,99 (0,65 a 1,52) 0,978
65-74 2,74 (1,19 a 6,32) <0,05 0,86 (0,55 a 1,36) 0,512
Educação
Não sabe ler nem [REF]
escrever /1ºciclo 1 1
2ºciclo/3ºciclo 1,17 (0,74 a 1,86) 0,493 1,12 (0,77 a 1,42) 0,522
Secundário 1,29 (0,70 a 2,38) 0,399 1,60 (1,02 a 2,50) <0,05
Superior 2,80 (1,30 a 6,02) <0,05 1,72 (1,07 a 2,76) <0,05
Rendimento
Baixa [REF] 1 1
Média-baixo 0,586 (0,253 a 1,361) 0,206 1,25 (0,83 a 1,88) 0,282
Média 1,02 (0,44 a 2,34) 0,966 1,28 (0,84 a 1,95) 0,246
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23
Média-alta 0,90 (0,38 a 2,13) 0,810 1,33 (0,94 a 1,87) 0,107
Alta 1,10 (0,43 a 2,83) 0,840 1,52 (0,93 a 2,46) 0,090
Região
Norte [REF] 1 1
Centro 0,51 (0,24 a 1,08) 0,078 0,671 (0,56 a 0,81) <0,001
LVT 0,75 (0,42 a 1,33) 0,317 0,682 (0,49 a 0,81) <0,001
Alentejo 0,59 (0,30 a 1,17) 0,129 0,518 (0,33 a 0,82) <0,05
Algarve 0,62 (0,35 a 1,08) 0,091 0,702 (0,50 a 0,99) <0,05
RA da Madeira 0,54 (0,29 a 1,02) 0,058 0,933 (0,69 a 1,27) 0,652
RA dos Açores 0,60 (0,33 a 1,08) 0,088 0,604 (0,40 a 0,91) <0,05
*Odds Ratio ajustado. [REF]: Categoria de referência.
Quadro 7 - Regressão logística para a variável "Internamentos", estratificada por sexo, ajustada às variáveis idade, educação, rendimento e região.
Internamentos
Masculino Feminino
OR(IC95%)* p OR(IC95%)* p
Multimorbilidade
0 doenças crónicas [REF] 1 1
2 ou mais doenças crónicas 1,78 (1,18 a 2,68) <0,05 1,69 (0,91 a 3,11) 0,092
Multimorbilidade
1 doenças crónicas [REF] 1 1
2 ou mais doenças crónicas 1,58 (0,85 a 2,91) 0,140 1,51 (0,92 a 2,49) 0,100
Idade
25-34 [REF] 1 1
35-44 1,31 (0,54 a 3,17) 0,537 0,37 (0,23 a 0,52) <0,001
45-54 2,201 (0,93 a 5,21) 0,071 0,48 (0,27 a 0,83) <0,05
55-64 2,09 (1,17 a 3,75) <0,05 0,56 (0,30 a 1,03) 0,062
65-74 1,32 (0,50 a 3,53) 0,562 0,39 (0,19 a 0,78) <0,05
Educação
Não sabe ler nem [REF] escrever /1ºciclo
1 1
2ºciclo/3ºciclo 1,08 (0,62 a 1,87) 0,793 1,04 (0,64 a 1,77) 0,897
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24
Secundário 0,86 (0,37 a 1,98) 0,714 1,25 (0,70 a 2,24) 0,443
Superior 1,36 (0,57 a 3,26) 0,486 0,69 (0,37 a 1,31) 0,248
Rendimento
Baixa [REF] 1 1
Média-baixo 0,87 (0,59 a 0,28) 0,466 1,18 (0,76-1,83) 0,461
Média 0,59 (0,40 a 0,89) <0,05 0,90 (0,50 a 1,65) 0,735
Média-alta 0,57 (0,37 a 0,88) <0,05 1,13 (0,59 a 2,16) 0,699
Alta 0,65 (0,39 a1,08) 0,095 1,18 (0,70 a 1,99) 0,530
Região
Norte [REF] 1 1
Centro 0,78 (0,48 a 1,25) 0,293 1,29 (0,64 a 2,62) 0,464
LVT 1,01 (0,73 a 1,41) 0,953 1,26 (0,75 a 2,12) 0,379
Alentejo 0,66 (0,39 a 1,10) 0,108 0,98 (0,59 a 1,62) 0,922
Algarve 0,84 (0,37 a 1,92) 0,667 1,01 (0,67 a 1,51) 0,975
RA da Madeira 0,38 (0,27 a 0,53) <0,001 0,84 (0,53 a 1,35) 0,463
RA dos Açores 0,64 (0,44 a 0,95) <0,05 0,81 (0,50 a 1,30) 0,369
*Odds Ratio ajustado. [REF]: Categoria de referência.
No modelo de regressão logística, a análise foi ajustada para a idade, educação,
rendimento e região de saúde, tendo os doentes com multimorbilidade apresentado um
OR de 3,66 (IC95%:2,32 a 5,80) no sexo masculino e de 2,59 (IC95%:1,57 a 4,26) no
sexo feminino para a utilização das consultas de MGF em relação aos doentes sem
doenças crónicas. Quando a análise foi realizada tendo como referência o grupo de
doentes com 1 doença crónica, os doentes com multimorbilidade apresentam um OR
de 2,42 (IC95%:1,32 a 4,44) no sexo masculino e 1,73 (IC95%:1,05 a 2,84) no sexo
feminino, para a utilização das consultas de MGF (quadro 5).
Utilizando o mesmo modelo, mas tendo como variável dependente a utilização
de consultas hospitalares, observou-se associação estatisticamente significativa nos
indivíduos com multimorbilidade e nos indivíduos mais diferenciados. O OR dos doentes
com multimorbilidade em relação aos doentes sem patologias crónicas é de 1,90 IC95%
(1,07 a 3,37) no sexo masculino e de 2,87 IC95% (2,03 a 3,88) no sexo feminino. Já
tendo com referência o grupo de doentes com 1 doença crónica, o OR dos doentes com
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25
multimorbilidade é de 1,63 (IC95%:1,21 a 2,19) no sexo feminino, não existindo
associação no caso do sexo masculino.
A análise aos internamentos mostra um OR de 1,78 (IC95%:1,18 a 2,68) dos
doentes com multimorbilidade em relação aos doentes sem doenças crónicas no sexo
masculino. Não foi encontrada associação quanto ao sexo feminino.
Quadro 8 - Utilização de consultas médicas por grupo de doenças e por doença crónica adicional
Número de consultas
Doenças Crónicas Adicionais
0 Média(DP) 1 Média(DP) 2 Média(DP) 3 Média(DP) 4 ou mais
Média(DP) p
Doenças cérebro
cardiovasculares1 0,29 (0.077) 0,44 (0,049) 0,46 (0,048) 0,60 (0,067) 0,67 (0,088) <0,001
Doenças pulmonares2 0,36 (0,129) 0,48 (0,201) 0,54 (0,122) 0,47 (0,235) 0,63 (0,140) 0,196
Doenças gástricas3 0,30 (0,148) 0,24 (0,073) 0,60 (0,149) 0,68 (0,175) 0,56 (0,083) <0,05
Doenças músculo-esqueléticas4 0,46 (0,105) 0,42 (0,067) 0,59 (0,063) 0,58 (0,055) 0,52 (0,079) <0,05
Doenças de saúde mental5 0,44 (0,063) 0,44 (0,055) 0,58 (0,076) 0,57 (0,071) 0,80 (0,085) <0,001
Doenças endocrinas6 0,31 (0,059) 0,39 (0,058) 0,52 (0,035) 0,54 (0,084) 0,71 (0,074) <0,001
Doença renal7 1 (0,000) 1,56 (0,877) 0 0 0,51 (0,506) *
Dor crónica 0,41 (0,102) 0,53 (0,163) 0,81 (0,107) 0,57 (0,084) 0,79 (0,111) 0,228
Neoplasias 0,56 (0,135) 0,58 (0,167) 0,84 (0,229) 0,67 (0,150) 0,72 (0,196) 0,942
Doenças alérgicas 0,27 (0,044) 0,42 (0,118) 0,53 (0,093) 0,54 (0,131) 0,69 (0,144) <0,001
1-HTA; enfarte agudo do miocárdio; acidente vascular cerebral e disritmia cardíaca. 2- Asma e DPOC. 3- Cirrose; hepatite crónica e úlcera gástrica ou duodenal. 4 - Osteoporose; artrose e artrite reumatóide. 5 - Depressão e ansiedade crónica. 6- Diabetes e hipercolesterolémia. 7- Insuficiência renal crónica. * tendo em conta as frequências encontradas, o teste estatístico não é passível de ser realizado.
Os grupos de doenças com maior utilização de consultas são os grupos das
patologias músculo-esqueléticas e de saúde mental.
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26
Os dados mostram que, embora haja um aumento da utilização dos cuidados de
saúde por doença crónica adicional, este aumento da utilização não é proporcional ao
maior número de doenças. Verifica-se, no entanto, que o grupo dos doentes com
patologias do foro mental apresenta um maior número de consultas quando
acompanhado de 4 ou mais doenças crónicas adicionais. Por outro lado, os doentes
com patologia músculo-esquelética têm a média mais baixa de consultas quando
apresentam 4 ou mais doenças crónicas adicionais.
Importa referir que o número de doenças crónicas adicionais inclui patologias do
grupo que lhe deu origem.
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27
Discussão
Os valores de multimorbilidade observados neste estudo para a população
portuguesa (38,3%) ilustram a dimensão deste problema no nosso país. O mais recente
trabalho que aborda a prevalência da multimorbilidade em Portugal, com dados de um
outro inquérito de base populacional, revelou valores ainda mais elevados.16 Embora tal
possa ser explicado pela faixa etária considerada – neste caso acima dos 35 anos –,
estes resultados reforçam a extensão do problema.
No panorama europeu, o trabalho de Puth et al., na Alemanha, também com
base num inquérito populacional, revelou uma prevalência de multimorbilidade de
39,6%, com um aumento da frequência com a idade – 49,2% dos adultos entre os 50-
59 anos apresentavam-se com multimorbilidade – e em indivíduos com menores
habilitações literárias.39 Dados da população espanhola, num trabalho cuja fonte de
dados foi o inquérito populacional COURAGE, revelaram um valor de multimorbilidade
inferior ao encontrado no presente estudo: 20,0%.40 Também Barnet et al. concluiu que
a prevalência de multimorbilidade na Escócia é de 23,3%. Este trabalho mostra ainda a
associação entre multimorbilidade e fatores socioeconómicos: os indivíduos que
residem em áreas desfavorecidas apresentam-se com multimorbilidade 10 a 15 anos
antes, quando comparados com os que habitam noutras zonas.14 Os resultados obtidos
estão em consonância com os estudos supracitados ao mostrarem uma prevalência
superior de multimorbilidade nos indivíduos mais velhos e com habilitações literárias
mais baixas. Níveis educacionais mais elevados associam-se a um melhor estado de
saúde, provável consequência de adoção de comportamentos mais saudáveis e de
maior literacia,41 o que pode justificar uma prevalência inferior de multimorbilidade.
Se tivermos em consideração a variável idade, a prevalência de multimorbilidade
encontrada na população mais idosa é superior. A associação entre a maior prevalência
de multimorbilidade e a idade é conhecida. Tal deve-se ao aumento do número de anos
vividos com o acumular de doenças crónicas.1,29 Dados de 16 países europeus mostram
que a média de prevalência de multimorbilidade é de 22,7%, na faixa etária entre os 50
e os 59 anos de idade, passando para 52,8% nos indivíduos com 70 ou mais anos.10
Em Portugal, os resultados recentemente publicados de uma coorte focada na
população mais idosa, mostram que a prevalência de multimorbilidade nestes indivíduos
é de 78,3%42, valor este semelhante aos resultados encontrados neste estudo.
Quanto ao sexo, a maior prevalência obtida no sexo feminino é coincidente com
os dados da literatura.43 As mulheres têm uma esperança média de vida mais elevada,
que aliada a fatores biológicos específicos, contribuem para um maior número de
![Page 36: Utilização dos Cuidados de Saúde em Doentes com ......atingindo os 12699$ com quatro ou mais doenças crónicas.6 Na Europa, estima-se que estas patologias representem 70 a 80%](https://reader033.vdocuments.net/reader033/viewer/2022053118/609da622f987d7173d02d090/html5/thumbnails/36.jpg)
28
doenças crónicas concomitantes, tais como patologias músculo-esqueléticas ou de
saúde mental.44 Uma outra explicação prende-se com uma maior vigilância para as
questões da saúde, o que leva a um maior auto reporte.45
Os resultados agora observados revelam uma associação entre a utilização dos
cuidados de saúde e a presença de multimorbilidade. Estes doentes têm mais consultas
de medicina geral e familiar, mais consultas hospitalares e mais internamentos.
Não obstante a limitação de dados quanto à realidade portuguesa nesta área, a
literatura internacional é coincidente nas conclusões quanto à utilização dos cuidados
de saúde. A maior utilização dos cuidados de saúde, tanto no nível dos cuidados de
saúde primários como hospitalares, encontra-se descrita.10 Esta associação é explicada
pela maior complexidade dos doentes e pela maior necessidade de tratamentos.
Embora exista uma tendência comum, os valores descritos são variáveis dependendo
do contexto de cada país e das especificidades de cada sistema de saúde.12
Na comparação com a realidade europeia, o trabalho de Bahler et al., cuja base
de dados é composta pelos indivíduos com mais de 65 anos pertencentes a um
determinado sistema de seguros suíço, mostrou que os doentes com multimorbilidade
têm, em média por ano, 7,4 consultas médicas nos cuidados de saúde primários; 5,1
consultas hospitalares e 1,5 internamentos.46 Outros dois estudos apresentam
resultados quanto à utilização das consultas de medicina geral e familiar nos indivíduos
que frequentam os cuidados de saúde primários na Holanda. Nestes, são referidos
valores ano de 8,5447 e 4,85 consultas entre os doentes com multimorbilidade. Glynn et
al. publica resultados semelhantes para a Escócia, com uma média anual de consultas
médicas nos cuidados de saúde primários de 6,88 para os doentes com
multimorbilidade.4
Os resultados encontrados neste trabalho de 0,28 consultas de Medicina Geral
e Familiar e 0,25 consultas hospitalares, não poderão ser diretamente confrontados com
a literatura supracitada por terem como espaço temporal de referência, no questionário
utilizado, apenas quatro semanas. No entanto, e assumindo a fragilidade desta
extrapolação, tendo em conta a expectável cadência sistemática das consultas por
doença crónica, bem como o facto das entrevistas realizadas no INSEF terem tido lugar
ao longo de todo o ano, poderemos inferir que os valores encontrados correspondem a
uma média anual de 3,36 consultas de MGF e 3 consultas hospitalares. Quando nos
referimos aos internamentos, os valores anuais obtidos (0,17), mostram-se também
inferiores em comparação com a literatura4,5,46.
![Page 37: Utilização dos Cuidados de Saúde em Doentes com ......atingindo os 12699$ com quatro ou mais doenças crónicas.6 Na Europa, estima-se que estas patologias representem 70 a 80%](https://reader033.vdocuments.net/reader033/viewer/2022053118/609da622f987d7173d02d090/html5/thumbnails/37.jpg)
29
Estes resultados, inferiores dos encontrados na literatura consultada, poderão
ser explicados pela fonte de dados ser de base populacional e pela metodologia de
colheita utilizada, nomeadamente o auto reporte.
Os fatores socioeconómicos, a idade e o sexo surgem referenciados como
importantes cofatores desta associação. Tanto o aumento da idade29 como a existência
de condições socioeconómicas frágeis48 estão associados, como já verificado, à maior
prevalência da multimorbilidade e à maior utilização dos cuidados de saúde. Uma das
razões para a associação entre o contexto socioeconómicos e multimorbilidade poderá
residir na maior prevalência de fatores de risco, para numerosas doenças crónicas, em
populações com piores condições socioeconómicas.46 Na realidade nacional observou-
se uma maior utilização dos cuidados de saúde primários, entre os indivíduos menos
diferenciados, em detrimento das consultas hospitalares, já os doentes com maiores
rendimentos e mais habilitações literárias utilizam mais os serviços hospitalares que as
consultas de medicina geral e familiar. Esta discrepância poderá ser explicada por um
problema de acesso aos serviços49, existindo uma parte da população que recorre
diretamente aos cuidados secundários. Fjaer et al. relata um padrão semelhante de
utilização dos cuidados de saúde a nível europeu, explicando-o pela maior
disponibilidade de recursos nos indivíduos mais diferenciados, que lhes permite recorrer
diretamente a médicos especialistas.50
Quanto ao sexo, a utilização dos cuidados de saúde é, usualmente, descrita
como mais elevada nas mulheres,30 o que vai ao encontro dos resultados encontrados.
As diferenças encontradas na utilização dos cuidados de saúde entre as diversas
regiões de saúde carecem de maior investigação. As características demográficas,
nomeadamente o índice de envelhecimento, e as características socioecónomicas não
justificam a maior utilização dos cuidados de saúde nas regiões Norte, de Lisboa e Vale
do Tejo e Algarve.51
Quando ajustado para as variáveis socioeconómicas, verificou-se que a
possibilidade dos doentes com multimorbilidade recorrerem aos serviços de saúde se
mantem elevada. Esta apresenta valores mais altos no caso da consulta de MGF, com
uma possibilidade de uso da consulta cerca de 3,5 vezes maior nas mulheres e 2,5
vezes nos homens, em relação aos doentes sem doenças crónicas. Encontramos
valores semelhantes para a realidade hospitalar, com a possibilidade dos doentes com
multimorbilidade utilizarem estas consultas, ser aproximadamente 2 vezes superior nas
mulheres e 3 vezes superior nos homens, também quando comparado com doentes
sem doenças crónicas.
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30
Verificou-se que a utilização dos cuidados de saúde por doença crónica adicional
não aumentou de forma proporcional. O aumento do número de doenças crónicas
traduziu-se numa diminuição do número de utilizações de consultas por doença. Tal
poderá dever-se aos mecanismos fisiopatológicos semelhantes entre doenças,
potenciando os tratamentos efetuados, ou pela priorização de certas doenças crónicas,
tanto pelos doentes como pelos médicos, em detrimento de outras.5
Enquanto nos anos 2000 a maioria do crescimento dos gastos em saúde se
devia à prestação de cuidados em contexto de internamento, sabemos atualmente que
esta tendência se tem vindo a alterar para um aumento significativo dos custos com os
doentes com múltiplas doenças crónicas em ambulatório52. Para que seja possível
atender às suas necessidades abrangentes, é importante identificar estes doentes mais
complexos e encontrar soluções para melhor gerir a multimorbilidade.
Estes doentes, com multimorbilidade e maior utilização dos cuidados de saúde,
são os que mais beneficiam de cuidados de saúde integrados.47 Torna-se pertinente
chegar a um compromisso com o doente não só quanto ao seu plano de tratamento,
tendo em consideração as suas expectativas e prioridades, como também em relação
ao profissional de saúde que gere o doente e que é responsável pela comunicação e
coordenação dos cuidados entre os diversos serviços envolvidos.53 É igualmente
possível atuar na prática médica, através da reformulação das recomendações clínicas.
As recomendações existentes para diferentes patologias devem conter referências
cruzadas, quando existem efeitos sinérgicos ou contraditórios entre elas, assim como
identificar possíveis interações entre os tratamentos recomendados e fármacos de
prescrição comum. Estas normas deverão salvaguardar e destacar combinações
frequentes de comorbilidades.54
Em Portugal, alguns esforços têm vindo a ser desenvolvidos na melhoria do
tratamento destes doentes. Em 2016 foi criado o Plano Individual de Cuidados que
propõe facilitar o percurso dos doentes com multimorbilidade nos serviços de saúde,
através da participação, em conjunto com os profissionais de saúde, na identificação
dos seus problemas de saúde; na definição dos cuidados necessários e na avaliação
dos resultados obtidos.55
Assim, a relevância deste estudo assenta na produção de evidência científica,
para a realidade nacional, quanto à multimorbilidade e utilização dos cuidados de saúde.
Esta evidência permitirá contribuir para a atual discussão quanto à necessidade do
sistema de saúde se adaptar a estes doentes, com alteração de políticas que permitam
tratar melhor e com maior eficiência.
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31
Limitações do Estudo
A inexistência de uma definição consensualmente aceite para a multimorbilidade
limita a comparação deste com outros trabalhos.18 O recurso a diferentes métodos de
medição para o mesmo problema, com a utilização de amostras populacionais distintas
e diferente número e tipo de comorbilidades estudadas, dificulta a extrapolação dos
resultados e pode justificar os valores diferentes de prevalência obtidos em diferentes
estudos.30 Também as fontes de dados utilizadas pelos diferentes autores podem
justificar esta diferença nos resultados. Embora existam diversos estudos baseados em
inquéritos populacionais28,39,40, muitos dos trabalhos nesta área têm como base registos
clínicos que possibilitam um levantamento mais exato do número de contactos dos
utentes com os serviços de saúde, sobretudo pela ausência de um viés de
memória.3,5,14,17
A precisão do estudo prende-se com a existência de erros aleatórios. O erro
aleatório encontra-se amenizado no INSEF pela existência de uma dimensão de
amostra adequada, obtida por amostragem aleatória, e pela recolha de informação
através de protocolos sistemáticos.
Tratando-se de um estudo baseado num inquérito populacional (INSEF), existe
a possibilidade dos participantes serem distintos dos não participantes. Para limitar esta
hipótese, foi também realizado um inquérito aos indivíduos não participantes,27 podendo
ser assim possível a análise de eventuais desvios entre os dois grupos. De forma a
diminuir a possibilidade de diferenças entre a amostra e a população alvo, foram
utilizados ponderadores para a idade, sexo e região.27
Para este estudo, em concreto, assinala-se como relevante a possibilidade dos
indivíduos que aceitaram participar no INSEF serem os utentes que mais utilizam os
serviços de saúde. Também o modo de seleção da amostra, com base no Registo
Nacional de Utentes e realizado em centros de saúde, poderá ter deixado de fora os
utentes que, preferencialmente, utilizam os serviços de saúde privados ou do sector
social: 60% das consultas de especialidade em Portugal ocorrem no sector privado ou
social, 26% da população portuguesa é subscritora de seguros de saúde voluntários56
e 27% dos medicamentos dispensados nas farmácias têm origem em prescrições da
medicina privada.57 Outra limitação importante é a exclusão dos indivíduos com mais de
75 anos, o que pode subdimensionar a prevalência de multimorbilidade e a própria
utilização dos serviços de saúde.
O modo de colheita de dados quanto às doenças crónicas não contempla a
gravidade das mesmas. A necessidade de cuidados e subsequente utilização dos
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32
serviços poderá ser modificada pela gravidade das patologias. De mencionar,
igualmente, o facto das perguntas que originam as variáveis de utilização das consultas
de MGF e de consultas hospitalares, se referirem apenas às 4 semanas anteriores à
colheita de informação, o que pode resultar na subestimativa da utilização dos serviços
de saúde. O tamanho da amostra e a realização das perguntas em diferentes pontos do
tempo pode mitigar esta limitação. Estatisticamente foi também possível lidar com esta
limitação através da utilização de testes não paramétricos.
Os inquiridos respondem com informação relativa ao seu passado, tal poderá
pressupor a existência de um viés de memória. O viés de confundimento está presente
quando tanto a variável independente, como a variável dependente, estão associadas
a uma terceira variável.58 Foram consideradas como covariáveis, para esta análise, as
variáveis idade, sexo, educação, rendimento e região de saúde. Para limitar este viés
foi usado um modelo estratificado de regressão logística ajustado para as variáveis
mencionadas.
Por se tratar de um estudo transversal não é possível estabelecer relações de
causalidade entre as variáveis. Ao proceder à medição das variáveis no mesmo
momento, este tipo de estudos não permite provar a existência de uma sequência
temporal.
A metodologia utilizada no desenho do INSEF permitiu selecionar uma amostra
representativa da população portuguesa, entre os 25 e os 75 anos de idade. Assim, os
resultados do estudo poderão ser extrapolados para a população nacional, na faixa
etária descrita. O desenho do estudo permitirá também a sua replicação noutros
contextos.
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37
Anexos
Anexo 1 - Operacionalização de Variáveis
Variável Descrição Tipo Valores
Sexo Sexo Categórica 0 Feminino
1 Masculino
Idade Grupo Etário em
anos
Categórica 1 25-34
2 35-44
3 45-54
4 55-64
5 65-74
Educacao
Habilitações literárias
(último grau de
escolaridade
completo)
Categórica 99 Não sabe/Não responde
1 Não sabe ler nem escrever
/1ºciclo
2 2ºciclo/3ºciclo
3 Secundário
4 Superior
Rendimento
Rendimentos por
adulto (escala
OCDE)
Categórica 99 Não sabe/Não responde
1 Baixa
2 Média-baixo
3 Média
4 Média-alta
5 Alta
Regiao Região de Saúde
Categórica 1 Norte
2 Centro
3 Lisboa e Vale do Tejo
4 Alentejo
5 Algarve
6 RA Madeira
7 RA Açores
Doencas_Cronicas
Número de doenças
cronicas
diagnosticadas por
médico
Numérica
Doencas_Cronicas_Cat
Número de doenças
cronicas
diagnosticadas por
médico
Categórica 0 0 doenças crónicas
1 1 doença crónica
2 2 ou mais doenças crónicas
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38
Internamentos
Número de
internamentos nos
últimos 12 meses
Numérica
Medico_hospitalar
Número de consultas
com médico
especialista
hospitalar nas
últimas 4 semanas
Numérica
MGF
Número de consultas
com MGF nas
últimas 4 semanas
Numérica
Hipertensao
Hipertensão
diagnosticada por
médico
Categórica 99 Não sabe/Não responde
0 Não
1 Sim
Enfarte_Agudo_do_Miocárdio EAM diagnosticado
por médico
Categórica 99 Não sabe/Não responde
0 Não
1 Sim
Acidente_Vascular_Cerebral AVC diagnosticado
por médico
Categórica 99 Não sabe/Não responde
0 Não
1 Sim
Disritmia_Cardíaca
Disritmia Cardíaca
diagnosticado por
médico
Categórica 99 Não sabe/Não responde
0 Não
1 Sim
Diabetes
Diabetes
diagnosticado por
médico
Categórica 99 Não sabe/Não responde
0 Não
1 Sim
Insuficiencia_Renal_Cronica IRC diagnosticado
por médico
Categórica 99 Não sabe/Não responde
0 Não
1 Sim
Cirrose
Cirrose
diagnosticado por
médico
Categórica 99 Não sabe/Não responde
0 Não
1 Sim
Hepatite_Cronica
Hepatite Crónica
diagnosticado por
médico
Categórica 99 Não sabe/Não responde
0 Não
1 Sim
Asma Asma diagnosticado
por médico
Categórica 99 Não sabe/Não responde
0 Não
1 Sim
Doença_Pulmonar_Obstrutiva_Cronica DPOC diagnosticado
por médico
Categórica 99 Não sabe/Não responde
0 Não
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39
1 Sim
Dor_Cronica
Dor crónica
diagnosticado por
médico
Categórica 99 Não sabe/Não responde
0 Não
1 Sim
Osteoporose
Osteoporose
diagnosticado por
médico
Categórica 99 Não sabe/Não responde
0 Não
1 Sim
Artrite_Reumatoide
Artrite Reumatóide
diagnosticado por
médico
Categórica 99 Não sabe/Não responde
0 Não
1 Sim
Artrose
Artrose
diagnosticado por
médico
Categórica 99 Não sabe/Não responde
0 Não
1 Sim
Cancro
Cancro
diagnosticado por
médico
Categórica 99 Não sabe/Não responde
0 Não
1 Sim
Depressao
Depressão
diagnosticado por
médico
Categórica 99 Não sabe/Não responde
0 Não
1 Sim
Ansiedade_Cronica
Ansiedade Crónica
diagnosticado por
médico
Categórica 99 Não sabe/Não responde
0 Não
1 Sim
Ulcera_Gastrica_ou_Duodenal
Ulcera Gástrica ou
Duodenal
diagnosticado por
médico
Categórica 99 Não sabe/Não responde
0 Não
1 Sim
Hipercolesterolemia
Hipercolesterolémia
diagnosticado por
médico
Categórica 99 Não sabe/Não responde
0 Não
1 Sim
Alergia
Alergia
diagnosticado por
médico
Categórica 99 Não sabe/Não responde
0 Não
1 Sim
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40
Anexo 2 - Parecer Comissão de Ética
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41
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42
Anexo 3 - Média de utilização dos cuidados de saúde por doença crónica
Número de
Internamentos
no último ano
Número de
consultas
Hospitalares
nas últimas
4 semanas
Número de
consultas
MGF nas
últimas 4
semanas
Média (DP) p* Média (DP) p* Média (DP) p*
Hipertensao Não 0,12 (0,01)
<0,05 0,17 (0,01)
<0,05 0,15 (0,01)
<0,001 Sim 0,18 (0,03) 0,21 (0,02) 0,29( 0,03)
Enfarte_Agudo_do_Miocárdio Não 0,13 (0,01)
0,243 0,18 (0,01)
<0,05 0,18 (0,01)
0,382 Sim 0,28 (0,13) 0,39 (0,09) 0,26 (0,09)
Acidente_Vascular_Cerebral Não 0,13 (0,01)
0,083 0,18 (0,01)
0,553 0 (0)
0.094 Sim 0,25 (0,08) 0,21 (0,07) 0 (0)
Disritmia_Cardiaca Não 0,13 (0,01)
0,152 0,17 (0,01)
0,051 0,18 (0,01)
0,240 Sim 0,17 (0,05) 0,29 (0,06) 0,26 (0,06)
Diabetes Não 0,13 (0,01)
0,175 0,17 (0,01)
<0,05 0,18 (0,01)
0,106 Sim 0,19 (0,05) 0,25 (0,03) 0,26 (0,05)
Insuficiencia_Renal_Cronica Não 0,13 (0,01)
0,095 0,18 (0,01)
0,278 0,18 (0,01)
0,251 Sim 0,65 (0,27) 0,55 (0,32) 0,30 (0,10)
Cirrose Não 0,13 (0,01)
0,532 0,18 (0,01)
0,057 0,18 (0,01)
0,610 Sim 0,29 (0,26) 0,66 (0,22) 0,34 (0,28)
Hepatite_Cronica Não 0,14 (0,01)
0,905 0,18 (0,01)
0,728 0,18 (0,01)
0,193 Sim 0,11 (0,07) 0,12 (0,10) 0,10 (0,05)
Asma Não 0,13 (0,01)
<0,05 0,18 (0,01)
<0,05 0,18 (0,01)
0,054 Sim 0,17 (0,08) 0,29 (0,08) 0,29 (0,08)
Doenca_Pulmonar_
Obstrutiva_Cronica
Não 0,13 (0,01) <0,05
0,18 (0,01) 0,934
0,18 (0,01) <0,05
Sim 0,24 (0,07) 0,19 (0,07) 0,28 (0,04)
Dor_Cronica Não 0,13 (0,01)
0,235 0,16 (0,01)
<0,001 0,13 (0,01)
<0,001 Sim 0,14 (0,03) 0,32 (0,04) 0,14 (0,03)
Osteoporose Não 0,13 (0,01)
0,244 0,17 (0,01)
<0,001 0,18 (0,01)
<0,05 Sim 0,19 (0,05) 0,31 (0,04) 0,31 (0,05)
Artrite_Reumatoide Não 0,13 (0,01)
0,262 0,17 (0,01)
<0,05 0,18 (0,01)
0,972 Sim 0,26 (0,13) 0,44 (0,10) 0,17 (0,05)
Artrose Não 0,16 (0,01)
<0,05 0,17 (0,01)
<0,05 0,16 (0,01)
<0,001 Sim 0,31 (0,03) 0,24 (0,03) 0,31 (0,03)
Cancro Não 0,12 (0,01)
<0,001 0,17 (0,01)
<0,001 0,18 (0,01)
0,460 Sim 0,70 (0,24) 0,55 (0,09) 0,15 (0,04)
Depressão Não 0,14 (0,01)
0,920 0,16 (0,01)
<0,001 0,17 (0,01)
<0,05 Sim 0,12 (0,03) 0,29 (0,03) 0,30 (0,04)
Ansiedade_Cronica Não 0,13 (0,01)
0,970 0,17 (0,01)
0.068 0,18 (0,01)
<0,05 Sim 0,14 (0,05) 0,28 (0,06) 0,27 (0,04)
Ulcera_Gastrica_ou_Duodenal Não 0,14 (0,01)
0,976 0,18 (0,01)
0,620 0,18 (0,01)
<0,05 Sim 0,12 (0,03) 0,18 (0,04) 0,29 (0,04)
![Page 51: Utilização dos Cuidados de Saúde em Doentes com ......atingindo os 12699$ com quatro ou mais doenças crónicas.6 Na Europa, estima-se que estas patologias representem 70 a 80%](https://reader033.vdocuments.net/reader033/viewer/2022053118/609da622f987d7173d02d090/html5/thumbnails/51.jpg)
43
Hipercolesterolemia Não 0,13 (0,01)
0,076 0,17 (0,01)
<0,05 0,15 (0,01)
<0,001 Sim 0,16 (0,03) 0,22 (0,02) 0,28 (0,03)
Alergia Não 0,13 (0,01)
0,727 0,16 (0,01)
<0,05 0,18 (0,01)
0,659 Sim 0,15 (0,03) 0,26 (0,03) 0, 19 (0,03)
*p corresponde ao valor prova do teste de Mann-Whitney adaptado para as amostras
complexas.
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44
Anexo 4 - Publicações
Quinaz Romana G, Kislaya I, Cunha Gonçalves S, Salvador MR, Nunes B, Matias Dias C.
Healthcare use in patients with multimorbidity. Eur J Public Health. 2019 Jun 25.
doi:10.1093/eurpub/ckz118. [Epub ahead of print]
Quinaz Romana G, Kislaya I, Salvador MR, Cunha Gonçalves S, Nunes B, Matias Dias C.
Multimorbilidade em Portugal: Dados do Primeiro Inquérito Nacional de Saúde com
Exame Físico. Acta Med Port 2019 Jan;32(1):30-37
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45