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Web-Revista SOCIODIALETO www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 Volume 4 Número 12 maio 2014 Edição Especial Homenageado F E R N A N D O T A R A L L O Web-Revista SOCIODIALETO: Bach., Linc., Mestrado Letras UEMS/Campo Grande, v. 4, nº 12, mai. 2014 612 VERTENTES DA SOCIOLINGUÍSTICA NO BRASIL Ricardo Cavaliere (UFF) [email protected] RESUMO: Este texto discorre sobre as origens da Sociolinguística, com referência aos fatores de caráter historiográfico que deram oportunidade a seu surgimento como área específica da Linguística no século XX. Em aditamento, o texto oferece um breve panorama da Sociolinguística no Brasil, suas vertentes teóricas, sua presença no ensino da língua vernácula e na formação do professor de português. PALAVRAS-CHAVE: Sociolinguística; origens, Brasil. ABSTRACT: This text discusses the origins of sociolinguistics, with reference to the main historiographical factors that gave opportunity to its emergence as a specific área of linguistics in the 20 th century. In addition, the text offers a brief overview of sociolinguistics in Brazil, including its theoretical aspects, its presence in the teaching of vernacular language and in the training of language teachers. KEYWORDS: Sociolinguistics; origins; Brazil 1. Breve relato sobre as origens da Sociolinguística Em um de seus estudos sobre a história recente da Linguística (1991), Konrad Koerner traça instigante comentário sobre o surgimento da Sociolinguística como ramo bem definido da Linguística no século XX. A análise oferecida por Koerner se faz introduzir por uma lamentosa (e recorrente) constatação de que há entre os linguistas uma insaciável busca de novidade, de novas ideias e teorias, fato que, aliado à pouca importância que ordinariamente se confere ao estudo histórico da ciência, acaba por dar ares de ineditismo a teses que, rigorosamente, não vão além de uma nova “rotulagem” de antigos conceitos. Como atesta Koerner, “o passado é logo esquecido, e as pessoas ficam felizes por pertencer a um presente ultramoderno que nos oferece a promessa de tornar-se o futuro” (1991, p. 57) 1 . 1 No original, “the past is soon forgotten, and people are happy to be part of a trendy present which holds out the promise of becoming the future”.

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E d iç ã o E s p ec i a l • Hom e n a g e a d o F E R N A N D O T A R A L L O

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VERTENTES DA SOCIOLINGUÍSTICA NO BRASIL

Ricardo Cavaliere (UFF)

[email protected]

RESUMO: Este texto discorre sobre as origens da Sociolinguística, com referência aos fatores de caráter

historiográfico que deram oportunidade a seu surgimento como área específica da Linguística no século

XX. Em aditamento, o texto oferece um breve panorama da Sociolinguística no Brasil, suas vertentes

teóricas, sua presença no ensino da língua vernácula e na formação do professor de português.

PALAVRAS-CHAVE: Sociolinguística; origens, Brasil.

ABSTRACT: This text discusses the origins of sociolinguistics, with reference to the main

historiographical factors that gave opportunity to its emergence as a specific área of linguistics in the

20th

century. In addition, the text offers a brief overview of sociolinguistics in Brazil, including its

theoretical aspects, its presence in the teaching of vernacular language and in the training of language

teachers.

KEYWORDS: Sociolinguistics; origins; Brazil

1. Breve relato sobre as origens da Sociolinguística

Em um de seus estudos sobre a história recente da Linguística (1991), Konrad

Koerner traça instigante comentário sobre o surgimento da Sociolinguística como ramo

bem definido da Linguística no século XX. A análise oferecida por Koerner se faz

introduzir por uma lamentosa (e recorrente) constatação de que há entre os linguistas

uma insaciável busca de novidade, de novas ideias e teorias, fato que, aliado à pouca

importância que ordinariamente se confere ao estudo histórico da ciência, acaba por dar

ares de ineditismo a teses que, rigorosamente, não vão além de uma nova “rotulagem”

de antigos conceitos. Como atesta Koerner, “o passado é logo esquecido, e as pessoas

ficam felizes por pertencer a um presente ultramoderno que nos oferece a promessa de

tornar-se o futuro” (1991, p. 57)1.

1 No original, “the past is soon forgotten, and people are happy to be part of a trendy present which holds

out the promise of becoming the future”.

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A par desse fato, verifica-se igualmente que um dado ramo da ciência

linguística costuma subdividir-se em subáreas no decurso do tempo, que posteriormente

se tornam tão distintas entre si que dificilmente alguém alheio aos estudos

historiográficos poderá imaginar que tenham partilhado o mesmo berço. No caso da

Sociolinguística, hoje, podemos identificar a vertente laboviana2, conhecida como

Sociolinguística variacionista, além do ramo mais vinculado à Sociologia, a que

Koerner prefere denominar Sociologia da Linguagem3; tome-se, ainda, o programa

baseado na Antropologia e na Etnografia4, sem contar com a mais recente abordagem

interacionista, vinculada ao contato interpessoal direto em situações discursivas

específicas, cujos vínculos também se associam à Análise do Discurso.

A história da Sociolinguística no século XX, como assinala Koerner (1991:57),

carece de estudos mais aprofundados. As informações disponíveis dão conta de uma

Sociolinguística derivada dos estudos românicos, em especial os dedicados à

dialetologia, mas as fontes de que nos servimos, decerto, não são definitivas a respeito

dessa origem, não obstante viável do ponto de vista historiográfico. Koerner conduz-nos

à leitura dos extensíssimos três volumes que compõem a coletânea Sociolinguistics

(2006[11988]), organizada por Ulrich Ammon, Norbert Dittmar, Klaus J. Mattheiere

Peter Trudgill, no qual há uma seção dedicada à história da Sociolinguística.

Uma pesquisa mais acurada sobre as fontes da Sociolinguística que floresceu na

segunda metade do século XX conduz o historiógrafo à interseção de vertentes de

pesquisa linguística, geográfica e antropológica (com sensível viés etnográfico) a partir

da segunda metade do século XIX. A rigor, a concepção de língua como fato social,

presente na obra de William Dwight Whitney (1827-1894) e, mais tarde utilizada por

2 Atribui-se ao texto The Social Stratification of English in New York City (1966), publicado por Labov na

década dos anos 60, o ponto de partida da Sociologia variacionista, que viria a ser mais sedimentada

teoricamente no texto Sociolinguistic Patterns (1972). 3 Esta corrente, pautada nas teses de Basil Bernstein (1960) sobre comportamento humano e padrões de

linguagem, gerou vários trabalhos na área da criminologia, em frequente associação com princípios

comportamentais agasalhados pela Psicolinguística (Cf. Brown, 1990). Sobre a visão sociolinguística de

Bernstein e seus conflitos com a Linguística teórica, leia Atkinson (1985). 4 Em especial, a obra de Hymes (1977, 1983).

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Ferdinand de Saussure (1857-1913) na edificação da dicotomia langue-parole5, resulta

de uma contrarreação às ideias naturalistas de August Schleicher (1821-1868), que

concebiam a língua como organismo vivo, portanto independente do homem e dotado

de autonomia do ponto de vista ontológico. Daí advém, decerto em face de um candente

embate de epistemes nos últimos decênios do século XIX, uma concepção humanística

de língua, absolutamente antagônica à concepção biológica, que a situaria como fruto da

organização do homem em sociedade.

A mudança de paradigmas que se observa nesse momento da história da

Linguística dá oportunidade a uma inevitável aproximação entre os estudos sobre a

língua e as pesquisas antropológicas que cuidavam da expansão e espraiamento da

cultura humana em várias regiões do globo terrestre, de que decorrem os primeiros ecos

de uma Geografia Linguística de caráter eminentemente sociológico. O estudo da

mobilidade humana, de seu inventário cultural e de sua expressão pela língua criam as

bases de uma Sociolinguística que, em princípio, ocupou-se primacialmente das

questões dialetológicas e dos fundamentos da mudança linguística. Vale aqui lembrar

uma passagem de Whitney (1867, p. 404) que bem expressa essa nova visão do

fenômeno linguístico:

A fala não é propriedade pessoal, mas social; ela pertence não ao indivíduo,

mas ao membro da sociedade. Nenhum elemento de uma língua existente

resulta do indivíduo; por tal motivo, podemos enfaticamente asseverar que

tal elemento não pertence à língua enquanto não for aceito e utilizado pelos

demais membros da sociedade. O desenvolvimento total da fala, embora

deflagrado por atos individuais, é operado pela comunidade6

Não se estaria, pois, distante da verdade ao se afirmar que as fontes da

Sociolinguística que se sedimentaria nos novecentos estão no amplo campo da

5 Tem-se acatado a hipótese de que Saussure tomou ciência do conceito de fait social não em Durkheim,

mas pela leitura da obra de Whitney (cf. Koerner, 1973), mas não se pode asseverar que a mera omissão

de Durkheim em Saussure signifique que o mestre genebrino desconhecia a obra do sociólogo francês. 6 No original: “Speech is not a personal possession, but a social; it belongs, not to the individual, but to

the member of society. No item of existing language is the work of an individual; for what we may

severally choose to say is not language until it be accepted and employed by our fellows. The whole

development of speech, though initiated by the acts of individuals, is wrought out by the community”.

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Geografia linguística do século XIX, aqui entendida em sentido lato, que envolve

igualmente os trabalhos na área da Antropologia Linguística e da Etnolinguística, os

quais buscavam, em perspectiva histórica, descrever a formação da civilização ao longo

do tempo. Destaquem-se, assim, no tocante à participação da Linguística nesse cenário

tão amplo e diversificado, os estudos dialetológicos, intimamente ligados às questões

macroculturais que estavam no escopo dos cientistas, tais como religião, arte e moral.

Entender as variantes linguísticas decerto contribuía para o igual entendimento dos

valores que conferiam distinção entre povos e mesmo entre grupos étnicos dentro de

uma mesma comunidade social7.

A linha genealógica que vincula a Geografia linguística do século XIX à

Sociolinguística XX é convincentemente descrita por Konrad Koerner (1991:62), que,

em magistral demonstração de acurada pesquisa biobibliográfica, estabelece vínculos

acadêmicos entre linguistas que tinham como traço comum o interesse pelo dialetologia

e pela mudança linguística. A relação entre Saussure e Whitney, já aqui referida, teria

germinado o conceito social de língua que o mestre genebrino desenvolveria no Cours;

durante o período em que trabalhou na École dês Hautes Études de Paris, entre 1881 e

1891, Saussure teve como aluno mais brilhante o francês Antoine Meillet(1866-1936),

que, a seu turno, foi professor de André Martinet (1908-1999). A importância da ligação

entre Saussure e Martinet para a história da Sociolinguística, segundo Koerner, está no

fato de que o linguista francês estudou variantes dialetais do francês, e também porque

“Labov, assim como Meillet e Martinet, sempre se interessou particularmente pelas

questões relacionadas à mudança linguística” (Koerner, 1991, p. 61)8.

Em prosseguimento à linhagem genealógica proposta, Koerner destaca o fato de

André Martinet haver lecionado na Universidade de Columbia, onde foi professor de

Uriel Weinreich (1926-1967), cuja tese de doutoramento seria publicada sob o título de

Languages in contact (Weinreich, 1953). Por fim, basta arrematar com a informação de

que William Labov desenvolveu seus estudos avançados em Linguística sob orientação

7 Uma preciosa bibliografia sobre a relação entre a Linguística, a Antropologia e a Etnologia (até os anos

60 do século passado) é oferecida por Goodell (1964). 8 No original, “Labov, like Meillet and Martinet, has always been particularly interested in questions of

language change”.

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de Weinreich, com quem, inclusive, publicou, em companhia de Marvin Herzog (1927-

2013), um dos clássicos da teoria contemporânea sobre mudança linguística (Weinreich

et ali, 1968). Desses fatos, chega-se à seguinte linhagem9:

De Whitney a Labov

Whitney

Saussure

Meillet

Martinet

Weinreich

Labov

Figura 1: Genealogia da Sociolinguística segundo Konrad Koerner (1991, p. 62)

O foco da análise laboviana, que também se pode atribuir a Weinreich, é a

variação de uso da língua no contexto social e as implicações que essa variação projeta

no percurso da mudança da língua. Evidente que os resultados de uma pesquisa

desenvolvida segundo esses parâmetros nos confere ganhos significativos no tocante ao

próprio conhecimento do sistema linguístico, de que decorre hoje termos uma profícua

literatura linguística, atinente a línguas particulares, que descrevem acuradamente

formas variáveis no âmbito da fonologia, da morfologia, da sintaxe, etc., a par de

estabelecerem com exação em que segmentos da variação diastrática e diatópica essas

formas se manifestam.

A Sociolinguística variacionista, pois, é um modelo que trabalha no âmbito da

microlinguística, razão por que jamais contribuiu – sequer era seu escopo fazê-lo – para

9 O próprio Konrad Koerner reconhece a relativa “simplicidade” desta relação genealógica entre a

Geografia linguística e a Sociolinguística, que se revela carente de maiores evidências biográficas e

bibliográficas. A proposta, entretanto, a par de sua verossimilhança histórica, respalda-se nas reiteradas

referências e agradecimentos que Labov dedica em sua obra às figuras de Weinreich, Meillet e Saussure.

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o entendimento da linguagem humana em âmbito universal. Por outro lado, o modelo

laboviano auferiu o mérito de construir uma linguística a um tempo sincrônica, já que

afeita à descrição de uma estado de língua (notadamente o estado contemporâneo) e

diacrônica10

, pois carregava, como ainda carrega, para o âmbito da mudança linguística

as conquistas da análise empírica. Entende-se assim como e por que as línguas mudam

mediante estudo de suas variantes de uso.

Esse o fundamento de uma “linguística pancrônica”, ou de uma “sincronia a

serviço da diacronia”, conforme define acertadamente Mary Kato: “se a língua em cada

fase apresenta variação entre formas velhas e novas, é possível buscar no presente as

pistas para a língua do passado" (Kato, 1993, p.14). O variacionismo, assim, cuidou dos

usos das formas linguísticas unitárias, identificando os fatores de caráter linguístico e

extralinguístico que dão cabimento à variação. A lacuna do modelo está justamente na

relação entre os resultados da descrição variacionista e o funcionamento do sistema

linguístico. Em outros termos, a Sociolinguística de Labov espraia-se amplamente na

descrição da língua em uso, mas não dá conta de uma indagação: o falante usa a unidade

linguística de acordo com a função que ela tem no sistema, ou essa função é

determinada justamente pelo uso que dela faz o falante?

A busca da resposta a essa indagação representa um desvio de rota na genealogia

da Sociolinguística que nos oferece Konrad Koerner no quadro 1, especificamente na

pessoa de André Martinet (1908-1999). Rigoroso crítico do formalismo

“ensimesmado”, Martinet adverte que o estudo das unidades linguísticas só tem

cabimento em face da função que elas exercem no discurso, na construção frasal eleita

pelo falante, ou seja, uma unidade só pode ser considerada linguisticamente relevante se

for usada com valor funcional específico na construção do texto11

. De certa forma, a

linha que vincula o estruturalismo ao funcionalismo de Martinet está na avaliação das

unidades sistêmicas ou estruturais da língua; a distinção está em que, no estruturalismo

10

Não poucos a denominam “pancrônica”. Nessa linha, leia Borba (1967:44). 11

Nas palavras de Martinet, a concepção realista da estrutura linguística como traço distintivo da

realidade da língua corre o perigo de ser confundida com a ingênua suposição de que tudo que está

fisicamente presente na língua é parte dessa realidade, sem leva em conta se exerce uma função e qual é

essa função (1971, p. 18).

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dogmático, as unidades são avaliadas no plano da langue saussureana, ao passo que, na

ótica funcional, são consideradas pela função que desempenham no sistema em uso, ou

seja, no plano da parole saussureana.

Surge, assim, o conceito de pertinência comunicativa, decorrente do uso que o

falante faz das unidades linguísticas (no plano fonológico, sintático etc.)12

. Situa-se, no

funcionalismo de Martinet, a ponte que vincula o formalismo estruturalista com os

fundamentos da Sociolinguística, uma vez que somente pelo estudo da língua em uso,

no corpo social, se pode verificar a pertinência comunicativa das unidades linguísticas a

que se refere o linguista francês. Em outros termos, o funcionalismo em Martinet

constitui uma vertente do estruturalismo que Sociolinguística distinta da que se

desenvolveu a partir de Labov, menos afeita ao empiricismo dos dados estatísticos e das

variantes de uso, mas igualmente livre das amarras que prendiam os modelos formais

aos limites do sistema.

O avanço de um estruturalismo funcionalista, simpático à análise da língua no

corpo da sociedade, para um funcionalismo efetivamente vinculado ao campo da

sociolinguística evidencia-se na obra de Eugenio Coseriu (1921-2002), Simon Cornelis

Dik (1940-1995), Michael Halliday, entre outros linguistas contemporâneos que fundam

o denominado funcionalismo europeu13

. Conclui-se, assim, que em Martinet a

Sociolinguística subdivide-se em uma bifurcação que conduz de um lado ao

variacionismo de Labov e, de outro, ao funcionalismo de Coseriu, Dik e Halliday14

.

2. A Sociolinguística no Brasil: influências e parâmetros.

12

Nas palavras de Martinet, a concepção realista da estrutura linguística como traço distintivo da realidade

da língua corre o perigo de ser confundida com a ingênua suposição de que tudo que está fisicamente

presente na língua é parte dessa realidade, sem leva em conta se exerce uma função e qual é essa função

(1971, p. 18). 13

O Funcionalismo europeu distingue-se do denominado “Funcionalismo Baseado no Uso” ou

Funcionalismo da Costa Oeste Norte-Americana, conforme afirma Joan Bybee (1999), por uma distinção

teleológica: enquanto o Funcionalismo europeu atribui o desempenho linguístico do falante às

possibilidades que lhe confere o sistema, o Funcionalismo Norte-Americano acredita que é o sistema se

amolda à maneira como a língua é usada pelo falante. 14

Leia, a respeito Feuillard (2012). Advirta-se, entretanto, não haver, do ponto de vista biográfico,

qualquer evidência de um contato direto entre Coseriu e Martinet.

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Dos nomes até aqui citados, muitos tornaram-se fonte doutrinária direta dos

estudos sociolinguísticos no Brasil. A influência sobretudo de Coseriu e sua visão

linguística tridimensional em “sistema, norma e fala” (1979) deixa marcas teoréticas

bem nítidas na produção linguística brasileira do final do século XX, pelo que se

percebe, por exemplo, em Bechara (1999), cujas teses sobre descrição linguística

seguem os parâmetros estabelecidos pelo mestre romeno, sobretudo quanto à presença

de uma exemplaridade normativa no corpo da sociedade, que se expressa por um

conjunto de isoglossas consolidado historicamente e que se estabiliza pela escolha de

gerações sucessivas por cumprir o papel de comunicação mais eficientemente.

Com justeza, reconhece Maria Helena de Mouta Neves (1999) o pioneirismo de

Evanildo Bechara, ao lado de Rafael Eugenio Hoyos Andrade, quanto à aplicação da

vertente funcionalista nos estudos linguísticos brasileiros, o primeiro quanto às teses

coserianas, o segundo na linha teórica de André Martinet. O funcionalismo em Coseriu

e Martinet, como vimos, é uma rota oblíqua do estruturalismo que buscava analisar os

elementos sistêmicos em face de sua função, não apenas nos limites de sua forma ou

organização estrutural, de que resultou necessariamente levar em conta a figura do

falante como atribuidor dessas funções várias que uma mesma forma estrutural assume

no discurso. Aqui, situa-se a porta aberta que propiciou ao funcionalismo acesso à seara

mais ampla da sociolinguística.

A Linguística de Labov, por seu turno, chegou-nos indiretamente pela

construção de modelos de pesquisa de campo15

, destinados ao levantamento dos fatos

linguísticos à luz de variáveis sociais. Desses modelos, puderam-se estabelecer

parâmetros de uso do português brasileiro em face de caraterísticas pessoais do falante,

tais como sexo, nível de escolaridade, idade, origem geográfica etc., de que decorreu,

15

Cite-se aqui o Projeto de Estudo da Norma Linguística Culta de Algumas das Principais Capitais do

Brasil. Implantado no Brasil sob inspiração do Proyecto de Estudio Del Habla Culta de lãs Principales

Ciudades de Hisponamerica, idealizado por Juan Blanch, o Projeto Nurc, como ficou posteriormente

conhecido, instalou-se sob coordenação geral de Nélson Rossi e, no Rio de Janeiro, sob responsabilidade

de Celso Cunha (1917-1989). Um relato sobre a formação do Nurc encontra-se em Silva (1996); em

aditamento, faculta-se ao consulente a consulta ao corpus do Nurc do Rio de Janeiro em

http://www.letras.ufrj.br/nurc-rj/.

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posteriormente, uma ampla construção de corpora de pesquisa em língua oral que até

hoje vêm sendo usados em trabalhos de descrição linguística.

Coube a Fernando Tarallo (1951 – 1992), no hoje clássico A pesquisa

sociolinguística (1985), trazer para os leitores brasileiros os fundamentos do

variacionismo laboviano em obra de caráter didático e bem objetivo, sem descurar da

exposição conceitual aprofundada acerca do objeto de pesquisa e da metodologia com

que se busca analisá-lo. Decerto que antes de Tarallo, como já se observou, as ideias de

Labov já habitavam os meios acadêmicos, mas não com a dimensão exponencial que

passaram a usufruir após a publicação do opúsculo com que Tarallo discorre acerca de

questões práticas, tais como a operacionalização do modelo variacionista, o conceito de

variável, informante, encaixamento etc., bem como a metodologia de aplicação de testes

e formulação de questionários. Talvez tenha sido a feição extremamente prática e

objetiva de A pesquisa sociolinguística que não só tenha tornado o livro um grande

sucesso editorial, como também um potente propulsor da pesquisa variacionista no

Brasil, o que se comprova facilmente pelo número de projetos, grupos de pesquisa, teses

e dissertações que se vêm produzindo nesse campo nas últimas três décadas16

.

Após a obra pioneira de Tarallo, outros compêndios deram seguimento à difusão

da teoria laboviana no Brasil (cf. Molica e Braga, 2003), de que decorreu maior difusão

das bases teóricas e metodológicas que dão amparo à pesquisa de campo. Essa

contribuição, sem dúvida, atuou positivamente na criação de inúmeros grupos de

pesquisa ora em pleno funcionamento, a maioria de cunho interinstitucional, dedicados

ao levantamento das variantes de uso do português brasileiro em todas as áreas do

estudo linguístico, sobretudo a da fonética e da sintaxe17

.

Refira-se aqui, necessariamente, a um depoimento expressivo da Prof.ª Cláudia

Roncarati (1947- 2011) sobre o panorama dos estudos sociolinguísticos no Brasil18

, em

face de seu desenvolvimento nos últimos decênios. Nesse documento, Roncarati confere

16

Um tentáculo da Sociolinguística variacionista se estende na Sociolinguística quantitativa, campo em

que se desenvolvem instrumentos estatísticos destinados ao tratamento dos dados obtidos em pesquisa.

Sobre o tema, leia necessariamente Zilles e Guy (2007). 17

Sobre grupos de pesquisa brasileiros dedicados à Sociolinguística variacionista, leia Salomão (2011). 18

Entrevista à Revista Icarahy. Niterói: Universidade Federal Fluminense, n. 5, 2011.

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um perfil mais amplo aos domínios da Sociolinguística brasileira, nos quais se inscreve

uma macroárea que inclui a dialectologia, a crioulística, o bilinguismo e

multilinguismo e a linguística histórica. A presença da linguística histórica na ótica de

Roncarati talvez se justifique em face das recentes aplicações de conceitos

sociolinguísticos à sócio-história do português do Brasil, campo de ampla e pujante

produção nos últimos anos19

.

No plano internacional, a macroárea sociolinguística vislumbrada por Roncarati

decerto comporta o estudo das variantes de uso do português no âmbito da lusofonia,

com reflexos para a difusão da língua de Camões em todos os veículos de comunicação,

bem como a sua avaliação como instrumento de convergência em um cenário cultural

tão diversificado como o que nos oferecem os países lusofalantes. Nesse sentido, o

estudo das variedades do português europeu, americano, africano e asiático decerto

contribui bastante para aproximar culturalmente os povos que falam essa língua em

dimensões distintas, seja como língua veicular predominante, seja como língua oficial

de Estado restrita a uma minoria.

Será também no âmbito dessa “macrossociolinguística” que se inscreverá uma

vertente dedicada à política linguística, acentuadamente inspirada nas teses de Louis-

Jean Calvet (1995), cujo escopo reside no estudo da língua como instrumento de poder

na interação social, a que se aliam temas conexos, tais como norma gramatical e ensino,

preconceito linguístico, intervenção estatal em questões de linguagem, entre outros. O

Brasil, nessa área, tem produzido muitos trabalhos de grande valor para a reformulação

do ensino do português, a que se aliam outros de teor polêmico, não raro devido ao

radicalismo, para não dizer fundamentalismo, com que tais temas são trazidos à mesa de

discussão20

.Por vezes, a atestação de que a diversidade de uso linguístico não pode ser

motivo de discriminação do indivíduo no seio da sociedade conduz a ações afirmativas

que, em vez de convalidar a voz de quem se vê oprimido, resultam em indesejável

sonegação pedagógica que condena o falante a uma opressão pelo avesso.

19

Sobre o tema, leia-se especialmente Roncarati e Abraçado (2003), Mattos e Silva (2004). 20

Entre as inúmeras obras dedicadas a esta vertente, cite-se Possenti (1996), Bagno (2001), Silva e Moura

(2002) e Bortoni-Ricardo (2004) e Scherre (2005).

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Verifica-se, pois, que o panorama atual da Sociolinguística em solo brasileiro é

diverso e enriquecedor, tendo em vista sua vasta abrangência. A rigor, os cursos de

Letras não podem prescindir das disciplinas ligadas ao campo da Sociolinguística na

formação do professor de língua materna, visto que o papel do docente, hoje, vai bem

além da mera transmissão de regras gramaticais ou do ensino da metalinguagem. Cabe

ao professor apresentar a língua como expressão verbal em que se revela a diversidade

cultural que nos caracteriza, e nada mais adequado para semelhante tarefa do que o

tratamento adequado das variantes de uso, seja em plano diatópico ou diastrático. É

nesse sentido que a Sociolinguística exerce papel relevante de caráter pedagógico.

Enfim, verifica-se que, debaixo do amplo “guarda-chuva” em que se

transformou a Sociolinguística contemporânea – talvez devido à concepção de uma

macroárea em que se pode incluir toda pesquisa que, de alguma maneira, implique a

noção de uso linguístico –, coexistem setores díspares, de caráter teleológico bem

distintos, fato que confere a essa vertente da Linguística, hoje, o perfil mais eclético

entre todas que habitam o ambiente acadêmico dedicado ao estudo da língua no Brasil.

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Recebido Para Publicação em 20 de abril de 2014.

Aprovado Para Publicação em 9 de maio de 2014.