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Working Papers: Modelos Funcionais Baseados no Uso - Eliaine de Morais Belford Gomes Revista Linguística Rio, Volume 2, Número 1, Outubro de 2015 – ISSN 2358-6826 13 13 Working Papers Modelos Funcionais Baseados no Uso A estrutura [SN sujeito + pronome anafórico + verbo] em gêneros dos domínios religioso, jornalístico e acadêmico na modalidade oral . Eliaine de Morais Belford Gomes Doutoranda em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro RESUMO: O objetivo deste artigo é apresentar uma pesquisa de doutorado que vem analisando um tipo de Construção de Tópico, representada pela estrutura [SN (sujeito) + pronome anafórico + verbo], geralmente conhecida como Deslocamento à Esquerda (DE). Em tal estrutura, verifica-se a retomada do elemento inicial em uma sentença-comentário: “As orientações curriculares, então, elas têm uma forma bastante interessante.”. Nesse exemplo, houve um deslocamento à esquerda do sujeito da oração com retomada do componente inicial na sentença-comentário na forma do pronome elas. Tal estudo propõe uma análise empírica, baseada em gravações recentes (a partir de 2010) de diferentes falantes brasileiros, inseridos nos seguintes contextos comunicativos: sermões religiosos, entrevistas televisivas e aulas. Uma vez que consideramos a estrutura em análise em variação na fala (presença ou ausência de pronome), a pesquisa segue a Teoria Variacionista Laboviana associada a princípios da Linguística Funcional e a alguns estudos sobre Gêneros Discursivos. Nossa análise investiga o significado de fatores gramaticais e discursivos na referida estrutura. Em particular, neste artigo, apresentaremos algumas hipóteses e resultados preliminares no intuito de apresentar possíveis elementos motivadores para a seleção das variantes em questão. Acreditamos que os futuros resultados vão reafirmar a relevância da noção de tópico na organização do Português Brasileiro em sua modalidade oral. PALAVRAS-CHAVE: tópico; variação; funcionalismo; gênero Introdução As Construções de Tópico têm sido objeto de estudo de diversos autores nos últimos anos. Várias pesquisas, com a utilização de distintos corpora, têm buscado apresentar evidências de que o Português Brasileiro (doravante PB), em sua modalidade oral, está se caracterizando cada vez mais como uma língua de tópico e afastando-se da estrutura tradicional de Sujeito + Verbo + Complemento. Propomo-nos, também, a agregar nossa contribuição para tais estudos, realizando uma pesquisa sobre um dos tipos de Construções de Tópico (doravante CTs), classificado pela teoria linguística como Deslocamento à Esquerda (DE) de sujeito, à qual nos referimos como estrutura [SN(sujeito) + pronome anafórico + verbo]. A título de exemplo, veja-se a construção abaixo, encontrada na fala do Português Brasileiro: 1. “O cérebro, como máquina, ele tem que ser tratado de forma que você entenda em que momento...

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WorkingPapers:ModelosFuncionaisBaseadosnoUso-EliainedeMoraisBelfordGomes

Revista Linguística Rio, Volume 2, Número 1, Outubro de 2015 – ISSN 2358-6826 1313

Working Papers

Modelos Funcionais Baseados no Uso

A estrutura [SN sujeito + pronome anafórico + verbo] em gêneros dos domínios religioso,

jornalístico e acadêmico na modalidade oral .

Eliaine de Morais Belford Gomes Doutoranda em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro

RESUMO: O objetivo deste artigo é apresentar uma pesquisa de doutorado que vem analisando um tipo de Construção de Tópico, representada pela estrutura [SN(sujeito) + pronome anafórico + verbo], geralmente conhecida como Deslocamento à Esquerda (DE). Em tal estrutura, verifica-se a retomada do elemento inicial em uma sentença-comentário: “As orientações curriculares, então, elas têm uma forma bastante interessante.”. Nesse exemplo, houve um deslocamento à esquerda do sujeito da oração com retomada do componente inicial na sentença-comentário na forma do pronome elas. Tal estudo propõe uma análise empírica, baseada em gravações recentes (a partir de 2010) de diferentes falantes brasileiros, inseridos nos seguintes contextos comunicativos: sermões religiosos, entrevistas televisivas e aulas. Uma vez que consideramos a estrutura em análise em variação na fala (presença ou ausência de pronome), a pesquisa segue a Teoria Variacionista Laboviana associada a princípios da Linguística Funcional e a alguns estudos sobre Gêneros Discursivos. Nossa análise investiga o significado de fatores gramaticais e discursivos na referida estrutura. Em particular, neste artigo, apresentaremos algumas hipóteses e resultados preliminares no intuito de apresentar possíveis elementos motivadores para a seleção das variantes em questão. Acreditamos que os futuros resultados vão reafirmar a relevância da noção de tópico na organização do Português Brasileiro em sua modalidade oral. PALAVRAS-CHAVE: tópico; variação; funcionalismo; gênero

Introdução

As Construções de Tópico têm sido objeto de estudo de diversos autores nosúltimos anos. Várias pesquisas, com a utilização de distintos corpora, têm buscadoapresentarevidênciasdequeoPortuguêsBrasileiro(doravantePB),emsuamodalidadeoral,estásecaracterizandocadavezmaiscomoumalínguadetópicoeafastando-sedaestruturatradicionaldeSujeito+Verbo+Complemento.

Propomo-nos, também, a agregar nossa contribuição para tais estudos,realizandoumapesquisasobreumdostiposdeConstruçõesdeTópico(doravanteCTs),classificadopelateorialinguísticacomoDeslocamentoàEsquerda(DE)desujeito,àqualnos referimos como estrutura [SN(sujeito) + pronome anafórico + verbo]. A título deexemplo,veja-seaconstruçãoabaixo,encontradanafaladoPortuguêsBrasileiro:

1.“Océrebro,comomáquina,eletemquesertratadodeformaquevocêentendaemquemomento...”

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Nesse exemplo, verifica-se a ocorrência de um pronome (ele) que faz umareferência anafórica ao SNsujeito (O cérebro). Por estar se tornando cada vez maiscomumna faladoPB, tal estrutura temsidooobjetodeestudodenossapesquisadedoutorado, que tem como corpus amostras de fala extraídas dos gêneros sermão,entrevistatelevisivaeaula.

Diante disso, nossa proposta neste artigo é a de fazer uma apresentação dosresultadospreliminaresqueforamdemonstradosdurantenossoexamedeQualificação.Para tanto, opresenteartigoestáorganizadoda seguintemaneira:naprimeira seção,explicitamosofenômenoemestudo;nasegundaseção,apresentamosabaseteóricaquenorteia o desenvolvimento da pesquisa; na terceira seção, explicitamos o corpus e ametodologiautilizados;naquartaseção,apresentamosalgunsresultadospreliminares;e, por fim, na quinta e última seção, tecemos algumas considerações finais sobre odesenvolvimentodapesquisa.

1.Sobreaestrutura[SN(sujeito)+pronomeanafórico+verbo] Devido ao fato de haver classificações distintas com relação ao termo tópico,

apresentamos,aseguir,umabreveexplanaçãosobreoconceitoaplicadonestetrabalho.Sintaticamente,asCTssãoconstituídasporumSintagmaNominal(SN)acompanhadodeumasentença-comentário,diferenciando-se,assim,daestruturasintáticaatribuídapelatradiçãogramaticalàlínguaportuguesa,queéadesujeito-predicado.Noqueserefereaoaspectodiscursivo,otópico(representadosintaticamenteporumSN)atraiparasiaatenção do ouvinte, determinando o elemento sobre o qual se faz um comentário,elaboradoemsentençacomsujeitoepredicado.

A estrutura [SN(sujeito) + pronome anafórico + verbo] constitui um dos tipos deCTs.Deummodogeral, asCTs sãodivididas emquatro tiposde acordo coma teorialinguística.TaltipologiafoipropostaemPontes(1987)eéretomadaporVasco(1999,2006)eOrsini(2003).

Os dois primeiros tipos são considerados como estruturas que apresentamumvínculosintáticoentreotópicoeocomentário:

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DeslocamentosàEsquerda(DEs)ouestrutura

[SN(sujeito)+pronomeanafórico+verbo]Nesse caso, verifica-se a retomada do elementoinicialnasentença-comentário.Éoqueocorrenosexemplos: (2) “Os livros, eles estão em cima damesa.”1; (3) “Meu sogro coitado ele já fez tantacoisanavida,”,nosquaishouveumdeslocamentoàesquerdado sujeitodasorações comretomadadocomponente inicial na sentença-comentário naformadospronomeseleseele.

Topicalizações(TOPs)

Nesse tipo, pode-se reconstituir o movimento dotermo topicalizado, sem retomada do componenteinicial na sentença-comentário. É o que temosnosexemplos:(4)“Dessacervejaeunãobebo.”;(5)“Aroupa a escola faz;”, nos quais os complementos(indireto e direto) sãodeslocadospara o início daoração,invertendo,assim,aordemcanônicadoPBqueseriaSVO(Sujeito+Verbo+Objeto).

Anacolutoou“DuploSujeito”

OterceirotipodeCTscaracteriza-sepornãohavervínculosintáticoentretópicoecomentário.Nãoseverificanematopicalizaçãonemodeslocamentodenenhum elemento. É o que acontece em: (6) “Euagora,cabôdesculpadeconcurso,né?”;(7)“Eessemenino,agentemexiacomosoutrosnoônibus,àsvezesosoutrospassava,agentemexia,agenteria.”Os Sintagmas Nominais (SNs) Eu e esse meninonãoapresentamvínculosintáticocomocomentárioposterior,sendoarelaçãopuramentesemântica

Construçõesdetópico-sujeito

Oquartoeúltimo tipoéochamado tópico-sujeito.Tal caso caracteriza as CTs de maneira que aestrutura sintática sugere a reanálise doselementostopicalizadoscomosujeitosgramaticais.O tópico assume, assim, alguns traços de sujeito,como, por exemplo, a concordância verbal,colaborandoparaamanutençãodaordemcanônicado PB (SVO). Nos exemplos a seguir, temos: (8)“Essa casa bate bastante sol.”; (9) “... e a carnesecajádeuumafervura,játirouaquelagordura,...”.Aqui,pode-seinterpretarEssacasaeacarnesecacomo sujeitos devido à ordem canônica SVO, ouseja,essetipodeCTapresentaestruturassintáticasaparentemente semelhantes à ordemmais naturaldoportuguês.Dosquatrotiposacimaapresentados,nos limitamos ao estudo do primeiro, por virmosobservando seu uso crescente em alguns gênerosnalínguafalada.

2.Pressupostosteóricos

Umadascorrentes teóricasàqualnossapesquisaestávinculadaéaTeoriadaVariaçãoeMudançaLinguística,quepodeserapresentadanaseguintedefinição:

1 Todos os exemplos citados nesta seção (2 ao 9) foram retirados do Projeto PEUL/UFRJ (ano 2000) e de Pontes (1981,1987).

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A variação em todo o nível da organização do sistema linguístico constitui ocampo predileto da pesquisa sociolinguística. É essencialmente por meio davariaçãoquesemanifestamosparâmetrosdediferenciaçãosocial,osprocessosdinâmicosdevariaçãoestilísticaeainteraçãodefatoresdosistemalinguístico.Éporissoquesedenominamvariacionistasostrabalhosdepesquisarealizadosdentro desse modelo... (A análise da variação). Apoia-se, sem se limitar, nasdescobertasda teoria linguística abstrata, e supõe como critériode validaçãoda teoria a convergência dos resultados de análise empíricos realizadosindependentementesobredistintoscorpora.

Cedergren(1983:149);apudBentivoglio(1987:7)

Consideramos que a estrutura que estamos analisando [SN(sujeito) + pronomeanafórico+verbo]apresenta-seemvariaçãonafaladoPB,umavezque,observamosomesmofalante,produzindoasseguintesoraçõesnummesmoeventocomunicativo2:

10. “Océrebro, comomáquina,ele temqueser tratado de formaquevocê entendaemquemomento...”(SN(sujeito)+pronomeanafórico+verbo)11.“Océrebrotemtodaumatécnica,umanecessidadeparaqueelefuncionemelhor...”(SN(sujeito)+verbo)

Diante da alternância dessas duas estruturas nomesmo contexto linguístico esocial,propomo-nosasistematizartalvariação,numatentativadeidentificarosfatoresquepodempropiciaraocorrênciadopronomeanafóricoqueéoelementodiferenciadorentreasorações.

Àorientaçãoteórico-metodológicadaTeoriadaVariaçãoeMudançaLinguística,associaremosalgunsaspectosdaLinguísticaFuncionalparaconduziranossaanálise,pois consideramos que a mesma deseja, segundo Dijk (1997: 3): “revelar ainstrumentalidadedalinguagemnoquedizrespeitoaosqueaspessoasfazemerealizam

aousá-lanainteraçãosocial”.Ofuncionalismooualinguísticafuncionalconstituiumaabordagemdalinguística

direcionadaparaouso,observandoalínguadopontodevistadocontextolinguístico,noqual a sintaxe varia em virtude da interação discursiva. Givón (1979) afirma que asintaxeexisteparadesempenharumacerta função,eéesta funçãoquedeterminasuamaneiradeser.

Pode-se, de um modo geral, apresentar as características fundamentais dofuncionalismolinguísticocomoumaabordagemque:

dada a ênfase à língua como comunicação, deve estar preocupadaprincipalmentecomarelaçãoentrepadrãolinguísticoecontextosdeuso,(…)oconhecimentolinguísticoenvolvidovaimuitoalémdoconhecimentodasregrassintáticas,semânticas,morfológicasefonológicas,paraincluiroconhecimento

2 Ambas as orações (10 e 11) foram produzidas por um professor, durante uma aula sobre “Técnicas de memorização”.

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decomoessasregraspodemserapropriadamenteusadasemtiposparticularesde contexto. (…) escolhas são feitas, em eventos reais de comunicação, deacordocomfatorescontextuais.

Butler(2003:5)

Umdosaspectosdofuncionalismoqueestamosutilizandoemnossapesquisaéaquestãodofluxodainformação.

Tal aspectodiz respeitonãoapenasao conteúdodoqueé compartilhadopelosfalantesnomomentodainteração,mas,nalinguagemdeChafe(1976:28):omodocomooconteúdoé“empacotado”eapresentadoaoouvinte.

Esseparâmetropodeserassimdefinido:O fluxo de informação diz respeito, pois, aos aspectos cognitivos e sociais do‘empacotamento’queaspessoasfazemdoconteúdoideacional,quandofalam.Em outras palavras,mais do que como conteúdo ideacional do enunciado, ofluxodeinformaçãotemrelaçãocomaorganizaçãoqueneleobtêmcategoriascomo “tópico e comentário”, “sujeito e predicado”, “informação dada einformação nova”, ou, ainda, “unidades de entonação”, “orações”, “frases” e“parágrafos”.

MouraNeves(1997:34)

Ograudeconhecimentocompartilhadodesempenhaumpapelmuitoimportantenummodelonoqualsedáimportânciaaodiscurso:

A questão da informatividade é abordada na linguística funcionalistaprincipalmente a partir da classificação semântica e da codificação dereferentes no discurso, demonstrando que a forma como um referente éapresentado no discurso é determinada por fatores de ordem semântico-pragmática.

Cunha,Costa&Cezario(2003:44)

Emparticular,nonossoestudo,lançamosmãodostrabalhosdePrince(1981e1992).Aautoraapresentaummodelopara classificarasentidades informacionaisdodiscurso, classificandoeorganizandoos referentesdiscursivosem trêsgrupos:novos,evocadoseinferíveis3.

Entende-se por um referente novo – ou entidade nova – um elemento que éintroduzidopelaprimeiraveznodiscurso.Umreferentepodeserevocado–ouvelho–sejátiverocorridonotexto(textualmenteevocado)ouseestiverdisponívelnasituação

3 Na verdade, o que apresentamos acima é uma proposta simplificada do modelo de Prince, poisoriginalmente,elapropõeaentidadenovaquepodeserdivididaemnão-usadaetotalmentenova(estaaindasedivideemtotalmentenovaancoradaetotalmentenovanãoancorada);aevocadaquepodeserevocada textualmente ouevocada situacionalmente; e a inferívelque tambémpode serdedoistipos:ainferívelnãoincluidoraeainferívelincluidora.

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defala(situacionalmenteevocado).Epodedenominar-seinferívelaoseridentificado,por um processo de inferência, com base em outras informações já dadas ou emesquemascognitivosjáacionados.

Tais classificações de Prince nos auxiliarão a analisar se os SNs em destaquerepresentamumaentidadevelha(evocada),inferívelounovanodiscurso,observando,assim, se a retomadaanafórica, realizada atravésdopronome, estaria associada aumdosgrausdeinformaçãocompartilhados.

Além da orientação teórico-metodológica da Teoria da Variação e MudançaLinguística e dos conceitos da Linguística Funcional apresentados, estamos utilizandoalgunsconceitosdaanálisedeGênerosDiscursivos.

Tomamos como base os estudos de Bakhtin (2003). Nesse trabalho, o autordefendequeavontadediscursivadofalanteserealizaantesdetudonaescolhadecertogênerodediscurso,oqueeledefinecomoformasrelativamenteestáveisdeenunciados:

Nós assimilamos as formas da língua somente nas formas das enunciações ejustamente com essas formas. As formas da língua e as formas típicas dosenunciados, isto é, os gêneros do discurso, chegam à nossa experiência e ànossaconsciênciaemconjuntoeestreitamentevinculadas.

Bakthin(2003:282,283)

Outrotrabalhoquetomamoscomobase, também,éodeMarcuschi(2008).Emseusestudossobregênerosdiscursivos,apresenta-nosanoçãodegênero textual, tipotextualedomíniodiscursivo.O tipo textualseriaumaespéciedeconstruçãoteórica,oque conhecemos comonarração, argumentação e descrição, por exemplo. Já o gênerotextual corresponde aos textos que encontramos em nossa vida diária como umtelefonema,umacartapessoal,umbilhete,entreoutros.Eporfim,odomíniodiscursivoseria, citandoBakhtin (2003),uma“esferadaatividadehumana”, indicando instânciasdiscursivas, como por exemplo, discurso jurídico, discurso jornalístico, discursoreligioso etc. Em nosso estudo, utilizamos tais distribuições, em que um domíniodiscursivo dá origem a vários gêneros. Os três domínios e gêneros com que estamostrabalhando, em particular, são: o religioso (gênero sermão), o jornalístico (gêneroentrevistatelevisiva)eoacadêmico(gêneroaula),natentativadenelesinseriropapeldaestruturaqueestamospesquisando.

Outroaspectoqueestamosconsiderandoéoníveldeplanejamentodosgêneros.Porisso,relevanteparanossaanálise,tambémtemosotrabalhodeOchs(1979)sobrediscursoplanejadoenão-planejado,noqualaautoraapresentaasseguintesdefinições

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(1979:55):discursorelativamentenão-planejadoéodiscursoemqueháaausênciadepremeditaçãoepreparaçãoorganizacional;discursorelativamenteplanejadoéodiscurso em que há premeditação e é organizado (preparado) previamente. Estamosutilizandoseuestudoparaverificarseosgênerosaquianalisadoscaracterizam-seporumplanejamentopréviodeconteúdo,masnãodeforma,oquefavoreceriaaretomadaanafórica.

Assim,estamosfazendousodosgênerosnão“comomodelosestanquesnemcomoestruturas rígidas,mas como formasculturais e cognitivasdeação social corporificadas

nalinguagem,[...]gêneroscomoentidadesdinâmicas,”(MILLER,1984;apudMARCUSCHI,2008:151)paraanalisaraestrutura[SN(sujeito)+PronomeAnafórico+Verbo].

3.OCorpuseametodologia

Os dados que estão sendo utilizados em nossa pesquisa provêm de amostrasatuaisdefala(apartirde2010)emdiferentescontextosdiscursivos,selecionadas,emsuamaioriadosite«www.youtube.com».

Algumasestratégiasestãosendoutilizadasparapadronizarashorasdegravaçãodonossocorpus.Emparticular,paranossoexamedeQualificação,umadelas foi,parasermõeseaulas,consideraros30primeirosminutosdegravação.Jáparaasentrevistase,também,paraalgunssermõeseaulascommenortempodeduração,unimosdoisoutrês para que equivalessem ao mesmo tempo de gravação. Para os dados queapresentaremos na seção 4, totalizamos cerca de 3 horas de gravação, dividindo umahora para cada gênero. Foram selecionados os SNs que se encaixavamnas estruturas[SN(sujeito)+pronomeanafórico+verbo]e[SN(sujeito)+verbo].

Paraaanálisedosdadosdofenômeno,estamosutilizandoopacotedeprogramasestatísticos denominadoGoldvarb (versão X) (Sankoff, D., Tagliamonte, S.& Smith, E.,2005), que realiza uma contagem das ocorrências e o cálculo das percentagens deaplicaçãoparaosfatoreslinguísticosformulados.

Por fim, reconhecendo que a inserção do pronome após um SN tem seapresentado como um traço característico da fala atual do PB, formulamos algumashipóteses para analisar sua ocorrência. Nossas hipóteses são delineadas pelopensamentodeque tal inserçãoseriamotivadaespecialmentepor fatoresdiscursivos,mastambémporaspectosgramaticaisesemânticos.

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Paraesteartigo,apresentaremososdadosencontradoscomrelaçãoàsseguinteshipóteses: (a) a extensão do SN favoreceria o uso do pronome; (b) a presença dematerialinterveniente(elementointerferente)entreoSNeoverboseriaumpropulsorpara a CT em análise; (c) o status informacional do SN poderia favorecer o uso dopronomeanafórico.

4.AnálisedeAlgunsResultadosPreliminares

UmavezquetomamoscomoumadenossasbasesteóricasaTeoriadaVariação,apresentamos a seguir os grupos de fatores linguísticos que podem contribuir para aocorrênciadasestruturasqueseverificamemvariação.

AvariávellinguísticaéformadapeloSNdeumaoração,comousempronomeanafórico, cujas variantes são a estrutura [SN + pronome anafórico + verbo] e aestrutura [SN+verbo], ou seja, analisamos estruturasnasquais ora o SN é retomadoporumpronomeanafórico,oraoSNnãoéretomado,nãorepresentandoumaCT.

Apresentamos as hipóteses eos resultados iniciais encontrados,até o momento, numa perspectivageral dos três domínios discursivosanalisados4. Identificamos 421ocorrências do fenômeno variável,comopodeserobservadonatabelaaseguir:

4.1DimensãodoSN

Ahipótese emquestão é a de que SNsmais extensos (formadospor ummaiornúmero de sílabas)5 favoreceriam o aparecimento de um pronome co-referencial.Apresentamos a seguir três fatores para tal grupo, adaptando a proposta de Braga(1987):

4 Os resultados apresentados nesse primeiro momento referem-se a dados coletados dos três gêneros discursivos indiscriminadamente, como uma amostra inicial no exame de Qualificação. Até o término da pesquisa, pretendemos realizar análises separadas para cada um dos gêneros em questão. 5 A divisão em sílabas chegou a esses 3 fatores depois de uma trabalho de análise mais minucioso em que SNs foram vistos separadamente.

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a)OSNcontématé3sílabas.12.“queador...elaécomumemtodososlugares.”

13.“Acruzéumarealidade.”

b)OSNcontémdequatroaseissílabas.14.“queessapalavra...elavemcairassim...”15.“Osofrimentofiguranavidahumana...”

c)OSNcontém7oumaissílabas.(16)“Otemadessamanhãeleémuitoclaro.”(17)“Omontedasagoniasnãoéumarepresentação.”

Veja-seatabelaabaixo.Análises prévias têm

apontado em diferentes direçõesquanto a esse fator. O primeirotrabalho a considerar a dimensãodoSNnoestudodasCTs foiBraga(1987). Utilizando exemplosobtidosdodiscursooraldefalantes

não-adultoseadultos, encontradosnasamostrasdoacervodoProjetoPEUL/UFRJ,dadécadade80(Amostra80ouAmostraCenso),aautoraapresentouevidênciasdequeSNsmaislongostenderiamafavoreceroaparecimentodeumpronomeco-referencial.

Outra autora a considerar a extensão do SN em seus estudos sobre as CTs foiOrsini(2003).EstaencontraresultadosdiferentesdosapresentadosporBraga(1987),mostrandoevidências, combase emdados coletados equantificados em suapesquisa(ProjetoNURC/UFRJ,falacultadoPB),queonúmerodesílabasdoSNnãoinfluenciariaaretomadaanafóricaatravésdousodopronome,nãosendopossível,assim,vinculararetomadadoSNàsuaextensão.

Por sua vez, Belford (2006), nossa dissertação de mestrado, considerou aextensãodoSNcomopossibilidadeparaaretomada.BelfordutilizouosdadosdeumaamostramaisrecentedoProjetoPEUL/UFRJ(Amostra00),que,emboranãotenhasidocomposta pelos mesmos falantes da Amostra Censo, os mesmos parâmetros deestratificação social (sexo, idade e escolaridade) e os mesmos procedimentos foramusados, de forma que se pudesse garantir uma comparação das amostras de fala.Olhandoparaessaamostramaisrecente,aautoraencontrouresultadosqueapontavamparaomesmosentidodeBraga(1987),noqualadimensãodoSNpareciafavorecerousodopronomeanafórico.

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Poroutrolado,CunhaVieira(2014),jáutilizandodadosdoséculoXXI,analisaogêneroPodcastNerdcastcomocorpusdepesquisa.OautorsugerequeSNsextensosnãomaisrepresentamumdosprincipaismotivadoresdaestruturacompronome,umavezque, apesar de ainda encontrar SNs extensos, com dimensão de 7 sílabas ou mais, onúmerodeestruturascompronomeecomSNsmenoresébemmaissignificativo.

Após essa revisitação a resultados de estudos anteriores que levaram emconsideraçãoadimensãodoSNemseusestudosdasCTsecomparandocomosnossosresultadospreliminaressegundoatabela2,verifica-sequeSNsmaisextensosparecemfavorecer a retomadaanafóricanos gênerosque estamos analisando.Relacionando-setodos esses resultados, pode-se dizer que a influência de tal fator no fenômeno emestudopode sugerir uma associação a um certo gênero discursivo e tambéma certosparâmetrosdeestratificaçãosocial.

4.2Presença/ausênciadematerialintervenienteentreoSNeoverbo

Para este grupo, ahipótesequevemsendoanalisadaé adequeapresençadeelementosinterferentesentreoSNeoverbofavoreceriaaocorrênciadopronomeco-referencial. Dois fatores são propostos, adaptando o trabalho de Braga (1987), queapresentaecaracterizaoselementosinterferentes:

a)AusênciadeelementointerferenteentreoSNeoverbo.

(18)“Àsvezes,oprofessoreleéumfalantenãopadrão.”(19)“Apessoafaladentrodeumadinâmicadalíngua.”b)PresençadeelementointerferenteentreoSNeoverbo.

(20)“...porqueoimpulsivo,porsisó,eleéaquelequepodecometerexcessos...”(21)“Muitoscomentadores,nomeiodessacontrovérsia,fizeram...”

Noqueserefereaestavariável,vemososresultadosaseguir.

Dentre os autores quelançaram mão do fator‘presença / ausênciadeelemento interferente entre oSN e o verbo’, podemos citarBraga (1987), Vasco (2006),

Belford(2006)eCunhaVieira(2014).

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A pesquisa de Braga (1987), baseada em entrevistas sociolinguísticas, apontaessefatorcomofavorecedordaretomadaanafórica.Vasco(2006),quetrabalhoucomamodalidade oral do PB popular carioca, também afirma que a presença de materialintervenienteentreoSNeoverboapresentounúmerossignificativosemsuapesquisa,mostrando-se um fator favorecedor à retomada desse SN. Belford (2006), analisandoentrevistassociolinguísticas,encontroupercentuaisqueapontaramparaatendênciadopronomeanafóricoaparecerquandodaocorrênciadeelementointerferenteentreoSNe o verbo. Por sua vez, Vieira (2014), em sua análise do gênero Podcast Nerdcast,sugeriuqueaocorrênciadopronome,retomandooSNnãoserelacionamaisàpresençade material interveniente entre o SN e o verbo, o que pode ser uma característicapeculiaraogêneroestudadoemsuapesquisa.

Relacionando tais resultados prévios aos percentuais da tabela 3 acima, apresença de elemento interferente entre o SN e o verboparece favorecer a retomadaanafóricanosgêneroscomosquaisestamostrabalhando.ValeremeteraPontes(1987)que,natentativadeapresentarpossíveisfunçõesdopronomeanafórico,sugereque,suaocorrênciapodeserentendidajustopeladistânciaentreoSNeoverbo,numatentativa,porpartedofalante,dedeixarclarooreferente.OelementointerferentedistanciaoSNdoverbo, levandoofalanteautilizaropronomecomorecursoparaconfirmarsobreoqueeleteceumcomentário.

4.3OstatusinformacionaldoSN

Noqueserefereaestegrupodefatores,ahipótesequeapresentamoséadequea estrutura [SN + pronome + verbo] tenderia a envolver entidades evocadas (velhas)maisqueentidadesinferíveise,excepcionalmente,entidadesnovas.

Assim,essegrupoécompostode3fatores:

a)Evocado

22.Repórter:(...)Éoquelivromeconta.Entrevistado:Exato,exato.Esselivroeh...comosediz,eledemora...23.(Oraçõesseguidasduranteumsermão):“Osofrimentofiguranavidahumanacomoumadasrealidadesmaisrecorrentes.”“Osofrimentosemprefoiumtema,umarealidadequenosfezpensar...”b)Inferível

24.(Umpadrefalandosobreagravidezeomomentodonascimento.):

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“O seu organismo sabemuito bem que chega omomento em que ele não pode continuarmaiscomoestava,eleprecisamudar.Eoquequeele fazparasuperaro limite?Eleexpulsa: ‘Saiquevocê jánãomepertencemais.Saiqueessecorponãotepertence.Nãoéassim?Onascimento,minhagente,eleétodoenvoltoemsofrimento.”

25.(Umpadrefalandosobreocrescimentodaigreja.):“A primeira pregação de Pedro havia 120 homens, sem contar as mulheres e as crianças. A

segundapregaçãoeram3.120.Aterceirapregaçãojáeram8.120.Aigrejacresciaemgraça,emconhecimento...”

c)Novo

26. “Os atletas, minha gente, eles trabalham sempre para superar...” (1 minuto de fala sem nenhumareferênciaanterior.)

27.“Asindústriasdecosméticosaindanãoinventarammaquiagens...”(SNsemnenhumamençãoprévianodiscurso)

Quantoaestavariável,vemososresultadosnatabela4,abaixo.Ahierarquiapercentualverificadanatabela

4 acima, no que se refere ao grau de informaçãocompartilhada (velho-inferível-novo) foiprimeiramente apresentada nos dados de Braga(1987). Nas entrevistas sociolinguísticas, os SNstextualmente evocados favoreciam, em primeirolugar,aocorrênciapronominal.

Interessante colocar que, Cunha Vieira, emseu corpus do gênero Podcast Nerdcast, também encontrou uma porcentagemmuitobaixadedadoscomreferentenovo,oqueseidentificacomosnúmerosdatabelaacima.

Dessa forma,o fatorstatus informacionaldoSNpareceseroúnicoamanter-seconstante em diferentes contextos, sejam eles de parâmetros sociais, sejam eles degêneros discursivos. Os SNs evocados (velhos, dados) propiciam mais a retomadaatravésdopronomeanafóricodoqueSNsinferíveisounovos.

Tais resultados continuam reiterando Prince (1979), em que, numa sentença,espera-sequeoelementoevocado (velho)venhanaposição inicial.Objetosnovosemposiçãoinicialrepresentariamumaquebradeexpectativas.

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5.Consideraçõesfinais

Nesteartigo,buscamosapresentarapesquisadetesededoutoradoqueestamosrealizando sobre um dos tipos de Construções de Tópico: a estrutura [SN(sujeito) +pronomeanafórico+verbo],utilizandocomocorpus3gênerosdamodalidadeoral.

Paratanto,explicitamoso fenômenoemanálise;apresentamosospressupostosteóricosquetomamoscombaseparadesenvolverapesquisa;explicitamosocorpuseametodologia que estão sendo utilizados para análise dos dados; e, por fim,demonstramosalgunsdosresultadospreliminares,encontradosediscutidosemnossoexamedeQualificação.

Para analisar a referida estrutura, estamos utilizando a Teoria da Variação eMudançaLinguística,aLinguísticaFuncionaleEstudossobreGênerosDiscursivos.Combaseemummaterialrecentedefalaespontâneadefalantesbrasileiros,nossoobjetivoestá sendo investigarpossíveis elementosmotivadoresparaaocorrênciadopronomeanafórico,naproduçãodosgênerossermão,entrevistatelevisivaeaula.

Atéopresentemomento,trêsfatorestêmsemostradofavorecedoresaousodopronome anafórico retomando o SN: a dimensão do SN, a presença/ausência deelementosinterferentesentreoSNeoverboeostatusinformacionaldoSN,nosquais,respectivamente,SNsmaisextensos,apresençadeelementosinterferentesentreoSNeoverboeostatusevocadodoSNparecemfavorecerousodopronome.

Pretendemos,futuramente,buscarevidênciasparaaocorrênciadopronome,nãosó das hipóteses apresentadas, bem como de outras, em cada gênero separadamente.Dessaforma,poderemoscontinuardialogandocomtrabalhosanteriores,verificandoastendênciasatuaisdaretomadaanafóricadoSNemcontextosdiscursivosdistintos.

Por fim, acreditamos que nossos resultados poderão contribuir para oconhecimento do uso dessa estrutura, destacando sua natureza discursiva,principalmente quando observadas em relação à composição de diferentes gênerosdiscursivos.

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ABSTRACT: The aim of this article is to present an on-going PhD research which analyzes one kind of topic, which is represented by the structure [subjectNP + anaphoric pronoun + verb]. This structure is usually known as left-dislocation (LD), in which we can see the resumption of the initial element in a comment-sentence: “As orientações curriculares, então, elas têm uma forma bastante interessante.” In such example, there was a left-dislocation of the subject with the resumption of the initial element in the comment-sentence represented by the pronoun elas. This study discusses the proposal of an empirical analysis, based on recent recorded religious sermons, TV interviews and classes from different Brazilian speakers from 2010 on. As we consider that the structure under analysis shows variation in speech (presence or absence of a pronoun), the study follows the Labovian Variationist Theory associated to functionalist principles and some studies of discursive genres. Our analysis investigates the significance of grammatical and discursive factors in the referred structure. Particularly in this article, we present some hypothesis and preliminary results in order to show possible motivational elements to the selection of variants. We believe the results will reassure the relevance of the topic notion in discourse organization of spoken Brazilian Portuguese. KEYWORDS: topic; variation; functionalism; genre

submetido no dia 2 de Agosto de 2015 aprovado no dia 10 de Setembro de 2015