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 X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                            p.1         APRENDIZAGEM DE CONCEITOS CIENTÍFICOS NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: CONSIDERAÇÕES A PARTIR DE VYGOTSKY     Resumo Este artigo relaciona o processo de aprendizagem de conceitos científicos de Vygotsky com as práticas pedagógicas na modalidade de ensino a distância. Caracterizase como um estudo teórico exploratório, elaborado por meio de pesquisa bibliográfica. Conforme os pressupostos vygotskyanos, os conceitos científicos originamse nos processos de ensino e a apropriação dos conhecimentos científicos possibilita o desenvolvimento das funções psicológicas superiores. Justificase a preocupação desse estudo a partir do fato de muitos estudantes manterem os mesmos conceitos espontâneos depois de terem estudado os conceitos científicos; saem das universidades com os mesmos conhecimentos do senso comum ou com insuficiente elaboração de conceitos científicos. Por isso considerase necessário o professor compreender como o ser humano aprende e se desenvolve, para relacionar este saber às possibilidades tecnológicas e poder aprimorar a qualidade de sua prática pedagógica na EaD. Reiterase a importância da mediação pelo coletivo visando ao trabalho interativo na Zona de Desenvolvimento Proximal dos estudantes da educação a distância, bem como a exploração aprofundada do potencial das TICs como ferramenta de mediação, podendo auxiliar em uma melhor estruturação do processo de ensino dos conteúdos.  Palavraschave: Palavras Chave: Vygotsky, Mediação, Aprendizagem, Educação a Distância, TICs.   Luciana dos Santos Rosenau IFPR [email protected]    Tania Stoltz UFPR [email protected]   

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X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.1 

 

 

 

 

    APRENDIZAGEM DE CONCEITOS CIENTÍFICOS NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: CONSIDERAÇÕES A PARTIR DE VYGOTSKY    

 

Resumo Este  artigo  relaciona  o  processo  de  aprendizagem  de conceitos  científicos  de  Vygotsky  com  as  práticas pedagógicas  na  modalidade  de  ensino  a  distância. Caracteriza‐se  como  um  estudo  teórico  exploratório, elaborado por meio de pesquisa bibliográfica. Conforme os pressupostos  vygotskyanos,  os  conceitos  científicos originam‐se  nos  processos  de  ensino  e  a  apropriação  dos conhecimentos  científicos  possibilita  o  desenvolvimento das  funções  psicológicas  superiores.  Justifica‐se  a preocupação  desse  estudo  a  partir  do  fato  de  muitos estudantes manterem  os mesmos  conceitos  espontâneos depois  de  terem  estudado  os  conceitos  científicos;  saem das universidades com os mesmos conhecimentos do senso comum  ou  com  insuficiente  elaboração  de  conceitos científicos.  Por  isso  considera‐se  necessário  o  professor compreender como o ser humano aprende e se desenvolve, para  relacionar este  saber às possibilidades  tecnológicas e poder aprimorar a qualidade de sua prática pedagógica na EaD.  Reitera‐se  a  importância  da  mediação  pelo  coletivo visando ao trabalho interativo na Zona de Desenvolvimento Proximal  dos  estudantes  da  educação  a  distância,  bem como  a  exploração  aprofundada  do  potencial  das  TICs como  ferramenta  de mediação, podendo  auxiliar  em  uma melhor estruturação do processo de ensino dos conteúdos.  Palavras‐chave: Palavras Chave: Vygotsky, Mediação, Aprendizagem, Educação a Distância, TICs.  

 Luciana dos Santos Rosenau 

IFPR [email protected] 

   

Tania Stoltz UFPR 

[email protected]  

 

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APRENDIZAGEM DE CONCEITOS CIENTÍFICOS NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: CONSIDERAÇÕES A PARTIR DE VYGOTSKY  Luciana dos Santos Rosenau ‐ Tania Stoltz 

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1. INTRODUÇÃO 

O  tema  abordado  neste  artigo  versa  sobre  a  aprendizagem  de  conceitos 

científicos  na  Educação  a  Distância  por  meio  do  diálogo  com  Lev  Semyonovich 

Vygotsky1(1991, 1996, 2009 e 2010).  

O  interesse  pelo  estudo  decorre  da  atuação  profissional  como  professora  e 

coordenadora  adjunta  de  curso  na  modalidade  de  ensino  a  distância  e  como 

coordenadora  da  equipe  de  professores  que  realizam  Tutoria  On‐line  (Síncrona  e 

Assíncrona2)  em  cursos  profissionalizantes  a  distância  de  uma  Instituição  de  Educação 

Federal.  A  atuação  profissional  cotidiana  levou  a  algumas  indagações,  e  entre  elas 

destaca‐se  o  processo  de  aprendizagem  dos  conceitos  científicos,  por  acreditar  que  o 

ensino desses conceitos é uma das principais funções da escola. Por ser a escola local de 

acesso ao conhecimento elaborado, na qual o professor é o mediador do processo é que 

surge a preocupação em viabilizar condições para a efetiva aprendizagem em cursos a 

distância.  Por  que  em  cursos  a  distância?  Porque  esta  modalidade  de  ensino  possui 

especificidades3 próprias, diferentes das conhecidas no ensino presencial, e, além disso, 

pode‐se afirmar que é algo relativamente novo no ensino formal brasileiro. Foi somente 

em 1996, com a homologação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96, 

no artigo 80, que a Educação a Distância foi, pela primeira vez, legalmente mencionada. 

  Nessa perspectiva, há a preocupação com a metodologia de ensino dos cursos a 

distância,  pois  “a  experiência  prática  mostra  que  o  ensino  direto  de  conceitos  é 

impossível  e  infrutífero.  Um  professor  que  tenta  fazer  isso  geralmente  não  obtém 

qualquer  resultado,  exceto  o  verbalismo  vazio,  uma  repetição  de  palavras(...)” 

(VYGOTSKY,  1998, p.104). Nesse sentido,  fica claro que os conceitos científicos não são 

aprendidos mecanicamente. Assim, é necessário pensar em meios e estratégias de ensino 

                                                            1  Vygotsky  nasceu  em Orsha,  na  Rússia,  1896. O momento  histórico  vivido  pós‐revolução  (Rússia  1917) 

também  contribuiu para o  interesse pelo estudo e  reflexão em diversas áreas  como direito, história, filosofia, literatura, arte, linguagem e psicologia pedagógica. (adaptado de VEER & VALSINER, 2001, p.17‐30) 

2 Tutoria Síncrona: em tempo real, por meio do uso ferramentas como telefone, salas de bate‐papo e rádio web. Tutoria Assíncrona em tempos alternados, por meio do uso de ferramentas como fóruns, e‐mails, recados, enquetes, vídeos, wikis, etc. Disponíveis na Trilha de Aprendizagem do AVA da EaD. 

3  Pode‐se  destacar  como  especificidades  da  Educação  a  Distância  a  distância  física  entre  professor  e estudantes, as formas de estudo e o uso constante das Tecnologias de Informação e Comunicação como meio interativo. 

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que possibilitem  aos  estudantes dos  cursos  a distância  uma  vigorosa  atividade mental 

para que os conceitos científicos possam ser construídos.  

O objetivo deste estudo  é discutir  as proposições  teóricas  sobre o processo de 

aprendizagem  de  conceitos  científicos  a  partir  de  Vygotsky,  enfocando  as  práticas 

pedagógicas na modalidade de ensino a distância.  Intenciona‐se com este estudo trazer 

subsídios teóricos que  irão contribuir para as discussões em torno das metodologias de 

ensino na EaD,  com o uso das Tecnologias da  Informação e Comunicação  (TICs)  como 

ferramentas complementares para a mediação do conhecimento, de forma a apresentar 

caminhos para as condições essenciais da aprendizagem significativa nessa modalidade 

de ensino. 

O  estudo  possui  enfoque  exploratório  e  foi  realizado  por  meio  de  pesquisa 

bibliográfica de obras vygotskyanas. O enfoque exploratório visa obter um conhecimento 

teórico mais  consistente  sobre  a  temática  estudada  “a  fim  de  que  se  possa  formular 

problemas mais  precisos  ou  criar  hipóteses  que  possam  ser  pesquisadas  por  estudos 

posteriores”  (GIL,  1999,  p.  43).  Apresentam‐se  inicialmente  os  principais  conceitos  da 

teoria  sociointeracionista  de  Vygotsky  com  a  intenção  de  situar  o  leitor  na  tese 

vygotskyana de forma a contribuir para o entendimento dos conceitos científicos na EaD. 

   

 

2. CONCEPÇÃO SÓCIO‐HISTÓRICA DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO  

O enfoque nessa teoria se deve ao fato de considerar Vygotsky como um ícone do 

legado  interacionista que se tem hoje sobre os aspectos relacionados à aprendizagem e 

desenvolvimento humanos.  

Vygotsky é reconhecido como um autor  interacionista por considerar o processo 

de aprendizagem e desenvolvimento a partir da  interação com o meio social e cultural, 

portanto  fruto  da  relação  recíproca  entre  sujeito  e meio. O  foco  está  na  interação. A 

cultura é a essência nesta teoria. É a interação entre sujeito e meio que vai determinar o 

que ele vai aprender e como vai se desenvolver.  

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APRENDIZAGEM DE CONCEITOS CIENTÍFICOS NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: CONSIDERAÇÕES A PARTIR DE VYGOTSKY  Luciana dos Santos Rosenau ‐ Tania Stoltz 

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Na  construção  teórica  de  Vygotsky,  a  abordagem  da  cultura  e  sua articulação  no  conjunto  das  categorias  por  ele  usadas  podem  ser percebidas pelo menos em duas relações — a cultura no social (histórico) e a cultura na aprendizagem — sendo que em ambos os casos, a cultura está envolvida na mediação. O que se percebe é que Vygotsky, ao utilizar a  cultura,  não  se  dedicou  a  explicitar  um  conceito  de  cultura, mas  a mostrar como ela está envolvida no desenvolvimento histórico‐social, no desenvolvimento  das  funções  mentais  e  na  aprendizagem,  enfim  na transformação do ser humano biológico em ser humano social (cultural). Há  certa  concordância  entre  alguns  autores  quanto  à  imprecisão conceitual de Vygotsky no que se refere ao conceito de cultura. Sirgado (2000) considera que Vygotsky tornou essenciais dois conceitos, o social e  o  cultural,  mas  não  estabeleceu  precisamente  a  significação  dos mesmos. Wertsch e Tulviste  (2001) apontam que uma explicitação mais geral de cultura não foi bem desenvolvida por Vygotsky. O que ele fez foi demonstrar como o cultural e o social estão implicados um no outro.(...) Explicitar o  termo  cultura é  condição para explicitar o  termo  social em Vygotsky. Todavia, é  indispensável situá‐los no contexto teórico em que Vygotsky os utiliza  (SIRGADO,  2000). Nesse  sentido Wertsch  e Tulviste (2001)  ponderam  que,  ainda  que  não  tenha  desenvolvido  bem  a categoria, revela‐se o entendimento da cultura por Vygotsky como algo concreto  em  processos  sociais.  Sugerem  também  que  se  leve  em consideração que o uso da cultura por Vygotsky consistiu em uma parte do trabalho de elaborar a categoria mediação (FREITAS, 2004, p.03).  

Para Vygotsky os sistemas de signos produzidos na cultura são os formadores da 

atividade psicológica do sujeito; nesta perspectiva, o ser humano é síntese de múltiplas 

determinações, resultado de um processo histórico, social e cultural. Oliveira (2009, p.42) 

enfatiza que “o psiquismo é postulado como sendo construído ao  longo de sua própria 

história, sendo essa história constitutiva da psique humana”. 

O  problema  central  da  indagação  vygotskyana  é  “obter  uma  explicação  sócio‐

histórica  da  constituição  das  funções  psicológicas  superiores4  a  partir  das  inferiores” 

(CASTORINA, 2002, p.14). A tese de Vygotsky busca saber como se dá o desenvolvimento 

psicológico a partir da transição de uma regulação social externa sobre o  indivíduo para 

uma  regulação  social  interna. O acesso à cultura é entendido como causa  fundamental 

das diferenças mentais entre pessoas pertencentes a diferentes contextos.  

                                                            4  Funções  psicológicas  superiores:  Consideradas  especificamente  humanas,  como  a  atenção,  memória 

voluntária,  linguagem, consciência, personalidade, pensamento abstrato, comportamento  intencional, afetividade, pensamento generalizante, etc. 

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A atividade humana é explicada com referência a influências sociais e culturais pela 

reconstituição  de  seu  desenvolvimento  histórico  na  filogenia5  e  ontogenia6.  Ao 

mencionarem‐se as influências externas, é importante destacar que não se trata de puro 

determinismo social e cultural, pois a  imagem de homem que deriva dessa teoria é a do 

homem como um ser racional que assume o controle de seu próprio destino e emancipa‐

se para além dos limites restritivos da natureza (VEER & VALSINER, 2001). 

Para  Vygotsky  (1998),  a  interação  social  fornece  a  matéria‐prima  para  o 

desenvolvimento psicológico do indivíduo. O fundamento do funcionamento psicológico 

tipicamente  humano  é  social  e,  portanto,  histórico.  A  cultura  fornece  ao  indivíduo  o 

universo de significações que lhe permite construir a interpretação do mundo real.  

De acordo com Castorina (2002, p. 12),  

 a  teoria  de  Vygotsky  aparece  como  uma  teoria  histórico‐social  do desenvolvimento que, pela primeira vez, propõe uma visão da formação das funções psíquicas superiores como internalização mediada da cultura e,  portanto,  postula  um  sujeito  social  que  não  é  apenas  ativo  mas sobretudo interativo.    

Nesse sentido compreende‐se que o ser humano surge a partir do meio, e que o 

sujeito  somente  passa  a  ser  humano  se  convive  com  outros  seres  humanos,  onde  a 

cultura é a essência (VYGOTSKY, 1998). 

    O  conceito  de  mediação  é  um  conceito  central  para  a  compreensão  das 

concepções  vygotskyanas  sobre  o  funcionamento  psicológico.  Em  termos  genéricos, 

mediação é o processo de intervenção de um elemento intermediário numa relação, que 

deixa de ser direta e passa a ser mediada por esse elemento. Vygotsky  trabalha com a 

noção de que  a  relação do homem  com o mundo não é uma  relação direta, mas uma 

relação mediada.  “A  presença  de  elementos mediadores  introduz  um  elo  a mais  nas 

relações homem/meio, tornando‐as mais complexas” (OLIVEIRA, 1997, p.27). 

A mediação determina o grau de  impacto que a atividade  interativa terá sobre o 

sujeito. A mediação pode  ser  entendida  como um  intérprete entre  a  relação estímulo‐

                                                            5 Filogenia: Desenvolvimento da espécie. História da espécie. 6 Ontogenia: Desenvolvimento do ser. História de vida. 

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resposta. Conforme Ratner (1995, p.16), “há três espécies de mediação: a consciência (ou 

atividade mental), a cooperação social (socialidade) e os instrumentos (tecnologia)”.  

A consciência ou atividade mental permite a percepção geral e o processamento 

da  informação.  É  capaz  de  analisar,  sintetizar,  deliberar,  interpretar,  planejar,  lembrar, 

sentir,  decidir  e  ser  autoconsciente.    A  consciência  possui  caráter  mediado,  vê 

características físicas como figuras simbolizadas, todos os estímulos são compreendidos 

como símbolos investidos de significados e de valores.  

A cooperação social ou socialidade caracteriza‐se por ser atividade conjunta, com 

a  participação  estruturada  de  outros  sujeitos.  Essa  socialidade  envolve  comunicar‐se, 

cooperar, dividir, doar‐se e cuidar do outro, adaptar‐se e moldar‐se a partir da  interação 

com o outro, compreender as  intenções, metas, sentimentos e pensamentos dos outros 

sujeitos. A cooperação social contribui para a criação e uso de instrumentos. 

Os  instrumentos ou  tecnologia são  ferramentas  físicas usadas para aumentar as 

capacidades natas do organismo físico do homem. Os  instrumentos também são signos 

psicológicos  que  transcendem  o  organismo  físico;  esses  símbolos mentais  podem  ser 

representados em  forma de  registros  físicos. As diversas perspectivas de atividade das 

construções  artificiais  ampliam  a  possibilidade  de  desenvolvimento  da  consciência. Os 

instrumentos não são somente resultados de símbolos conscientes, eles também geram 

mudanças no pensamento consciente e afetam profundamente a sociedade. 

A consciência, a cooperação social e os instrumentos são interdependentes. Esses 

mediadores  formam  a  sensibilidade,  a  percepção,  a  compreensão,  a  memória  e  as 

reações aos elementos internos e externos. Portanto, essas três dimensões da mediação 

organizam a reatividade humana em relação às coisas, tornando o homem diferente dos 

animais determinados biologicamente (RATNER, 1995).  

    De acordo com Stoltz (2010 b, p.40), 

 Essa mediação  conta  com  instrumentos  físicos  (por  exemplo,  caneta, serrote,  papel,  computador,  etc.)  e  instrumentos  psicológicos (linguagem como sistema de signos) que vão possibilitar a transformação do contexto e do próprio homem. Por isso a educação é fundamental. A educação  vai  iniciar  a  criança nos  conhecimentos que  a humanidade  já 

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construiu,  para  que  ela  parta  destes  para  ir  mais  além  e  crie  outros conhecimentos.  A  escola  também  vai  permitir  o  conhecimento  e apropriação  de  diferentes  instrumentos,  fundamentais  para  viver  em sociedade.  Entre  a  criança  e  o mundo  há  uma  cultura  que  fala  deste mundo para ela. Ter ou não acesso a este conhecimento  implica em ser ou não excluído da sociedade.  

O termo instrumento advém do conceito marxista de trabalho, no qual a atividade 

de transformação da natureza se dá a partir de instrumentos (OLIVEIRA, 1997).  Vygotsky, 

“caracteriza  o  uso  e  a  invenção  dos  instrumentos  associados  ao  trabalho  e  o  uso  de 

signos mediadores como marcas do fim do período de desenvolvimento exclusivamente 

biológico  da  espécie  e  da  transição  para  o  desenvolvimento  histórico  do  homem” 

(OLIVEIRA,  1999,  p.55).  A  consciência  geral  está  relacionada  ao  uso  de  instrumentos 

físicos  e/ou  psicológicos,  uma mediação  consciente  voluntária. O  uso  de  instrumentos 

fortalece a consciência, pois permite que o sujeito perceba o domínio sobre as coisas e 

passe  a  planejar  seu  uso.  Portanto  o  uso  de  instrumentos  estimula  o  pensamento 

abstrato de diversas maneiras (RATNER, 1995).  

Portanto, a  transformação do ser biológico em um ser cultural é propiciada pela 

interação social com instrumentos físicos e psicológicos, essa mediação se dará por meio 

do exercício da atividade e da linguagem. Para Vygotsky, as duas categorias fundamentais 

que  explicam  o  processo  de  aprendizagem  e  desenvolvimento  do  pensamento  são  a 

atividade e a linguagem (STOLTZ, 2008). 

A atividade é configurada como ação propriamente humana por meio do trabalho 

e  caracteriza‐se  por  ser  planejada,  intencional  e  por  utilizar  instrumentos  físicos  e 

psíquicos.  “O  instrumento  é  um  elemento  interposto  entre  o  trabalhador  e  o  seu 

trabalho,  ampliando  as possibilidades de  transformação da natureza”  (OLIVEIRA,  1997, 

p.29).  

Ao mencionarmos atividade em Vygotsky, estamos nos referindo a uma atividade 

mental  que  permite  a  transformação  interna,  a  partir  de  instrumentos  de  mediação 

externa. É uma atividade de domínio dos  instrumentos de mediação. Nessa perspectiva 

podemos  afirmar que a    atividade é um  caráter da  internalização dos  instrumentos de 

conhecimento  e  ao  mesmo  tempo  constitui  o  conhecimento  como    apropriação  da 

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APRENDIZAGEM DE CONCEITOS CIENTÍFICOS NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: CONSIDERAÇÕES A PARTIR DE VYGOTSKY  Luciana dos Santos Rosenau ‐ Tania Stoltz 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.8 

 

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matéria‐prima cultural   “ou mesmo como domínio dos  instrumentos que formam a ação 

mediatizada “(CASTORINA, 2002, p.31). 

A  linguagem, enquanto elemento  fundamental de mediação, constitui‐se por um 

sistema de signos que permite o pensamento; a  linguagem é o sistema simbólico básico 

de  todos os grupos humanos. Tanto os conceitos espontâneos como os científicos são 

adquiridos  e  formados  a  partir  de  elementos  da  linguagem.  Para  Vygostsky  (1998),  a 

linguagem  organiza,  estrutura  e  dá  significado  ao  pensar.  É  o  instrumento  do 

pensamento.  

A origem do próprio processo de pensar racional humano depende da linguagem, 

é somente o acesso à linguagem que vai possibilitar o pensamento racional. Ratner (1995) 

expressa que “a escrita permite que nos distanciemos da mensagem  registrada e, com 

isso,  a  examinemos  racionalmente”.  Em  Vygotsky  observa‐se  que  a  “generalização  e 

abstração ocorrem somente pela linguagem” (STOLTZ, 2010 c, p.176). 

 Vygotsky (2009, p.148‐149) conclui que “o desenvolvimento do pensamento e da 

linguagem depende dos instrumentos de pensamento e da experiência sociocultural (...)”; 

e “(...) que o pensamento verbal não é uma  forma natural e  inata de comportamento, 

mas uma forma histórico‐social (...)”.   Por  isso é fundamental a atividade e a  linguagem 

presente no outro, no meio social. 

  Assim  sendo,  é  a  interação  que  vai  permitir  a  construção  da  inteligência,  da 

afetividade,  da  capacidade  de  socialização,  da  consciência  e  da  personalidade, 

confirmando  a  hipótese  vygotskyana  de  que  o  homem  sociohistórico,  para  além  do 

biológico se constrói a partir da  interação com o outro, ou seja, para tornar‐se humano 

ele  precisa  do  outro. Da mesma  forma,  a  partir  das  necessidades  humanas  o  homem 

aprimorou as suas atividades e modificou o meio. 

Segundo Stoltz  (2010 a), o acesso a determinada cultura possibilitará o acesso a 

determinada história. Serão as trocas entre as pessoas que possibilitam a primeira forma 

de regulação, a regulação externa. O sujeito parte de uma negociação com a cultura que 

vai  permitir  um  desenvolvimento  próprio.  A  consciência  está  antes  no  meio,  ela  é 

emprestada  do  meio  e  parte  de  uma  regulação  externa  para  ser  internalizada.  A 

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APRENDIZAGEM DE CONCEITOS CIENTÍFICOS NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: CONSIDERAÇÕES A PARTIR DE VYGOTSKY  Luciana dos Santos Rosenau ‐ Tania Stoltz 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.9 

 

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consciência de si  implica o processo de autorregulação a partir da regulação externa. O 

sujeito começa a agir a partir das trocas efetivadas de forma ativa. 

De acordo com Vygotsky, o ser constrói um conhecimento novo a partir de algo 

anterior, não é um novo  começo e  sim uma  continuidade. Por  isso é  social, o novo  se 

estabelece considerando uma interação anterior do sujeito, ou seja, há a consideração de 

uma trajetória prévia (STOLTZ, 2010 a). 

Para  explicar  o  processo  de  aprendizagem  e  desenvolvimento  e  suas  relações, 

Vygostky  (1991)  apresenta  o  conceito  de  Nível  de  Desenvolvimento  Real  e  Nível  de 

Desenvolvimento Potencial. O Nível de Desenvolvimento Real refere‐se às elaborações já 

constituídas pelo  sujeito,  sendo  capaz de agir e aplicar um  conhecimento adquirido de 

forma  independente. A Zona de Desenvolvimento Proximal  indica o potencial do sujeito 

para elaborar novas funções; permite‐nos vislumbrar novos conhecimentos em processo 

de maturação.  

Assim a Zona de Desenvolvimento Proximal é a distância entre o desenvolvimento 

real  e  o Nível  de  Desenvolvimento  Potencial  (VYGOTSKY,  1991).  Esta  distância  não  só 

difere entre as pessoas, mas também podemos observar várias ZDPS em cada sujeito, por 

isso não existe turma homogênea.  

 Assim,  a  zona  de  desenvolvimento  proximal  permite‐nos  delinear  o futuro  imediato da criança e  seu estado dinâmico de desenvolvimento, propiciando  o  acesso  não  somente  ao  que  já  foi  atingido  através  do desenvolvimento,  como  também  àquilo  que  está  em  processo  de maturação (Vygostky, 1991, p.96).  

Nessa perspectiva,  a Zona de Desenvolvimento Proximal  (ZDP) é um espaço de 

possibilidade  de  aprendizado,  onde  a  interferência  desses  outros  indivíduos  é  mais 

transformadora.  Por  isso,  Vygotsky  (1991,  p.98)  afirma  que  “aquilo  que  é  a  Zona  de 

Desenvolvimento Proximal hoje, será o nível de desenvolvimento real amanhã”, ou seja, 

aquilo  que  um  indivíduo  pode  fazer  com  assistência  hoje  será  capaz  de  fazer  sozinho 

amanhã. 

Trabalhar  a  partir  da  perspectiva  do  desenvolvimento  potencial  do  estudante 

significa ter o olhar prospectivo, trabalhar a partir das possibilidades potenciais, ou, nas 

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X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.10 

 

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palavras  de  Oliveira  (2002,  p.  60),  é  o  interesse  nos  ““brotos”  ou  “flores”  do 

desenvolvimento ao invés de seus frutos”. 

Diante  disso,  ressalta‐se  que  a  Zona  de  Desenvolvimento  Proximal  permite‐nos 

planejar  o  processo  de  ensino  do  estudante  a  partir  de  suas  potencialidades, 

possibilitando  o  acesso  ao  que  já  foi  atingido  e  ao  que  está  em  processo  de 

desenvolvimento. Infelizmente a educação se esquece do potencial e somente resgata o 

que o estudante já tem. 

Para  Vygotsky  (1991),  uma  profunda  compreensão  do  conceito  de  zona  de 

desenvolvimento proximal possibilita a  reconsideração da  imitação no aprendizado. Ele 

diz que 

 as  crianças podem  imitar uma variedade de ações que vão muito além dos limites de suas próprias capacidades. Numa atividade coletiva ou sob a orientação de adultos, usando a  imitação, as crianças  são capazes de fazer muito mais coisas (VYGOTSKY, 1991, p.99).    

Assim,  considera‐se  a  imitação  positiva,  não  como  uma  imitação  robotizada  de 

processos mecânicos, mas  sim  como  uma  das  formas  para  aprender.  Vygotsky  (1991) 

expressa  que  uma  pessoa  só  consegue  imitar  aquilo  que  está  no  seu  nível  de 

desenvolvimento. Nessa perspectiva, o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal 

se  justifica, pois nessa teoria a aprendizagem  leva ao desenvolvimento, e a  iniciação ao 

novo  depende  do  outro  que  conhece mais.  Será  a  interação mediada  pelo  outro  que 

conhece mais que permitirá o acesso ao que ainda não conheço.  

Conforme  Stoltz  (2010  a),  as  ZDPs  são  diferentes  em  cada  um  de  nós,  porque 

alguns conseguem beneficiar‐se mais de uma  troca do que outros. Assim  sendo,  faz‐se 

necessário  perceber  como  o  estudante  responde  a  situações  de  aprendizagem  com  o 

outro, e enfatizar a interação entre pares por meio de jogos e situações problema. Tudo 

começa a partir do aprendizado com o outro.  

Portanto os estudantes podem ir muito além de suas capacidades visíveis quando 

participam de atividades cooperativas. A  imitação, orientada por um professor‐tutor ou 

colega que domine o conteúdo, durante as trocas coletivas contribui para que os demais 

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X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.11 

 

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estudantes sejam capazes de ir além.  

Vygotsky  (1991)  expressa  que  o  bom  ensino  é  aquele  que  se  adianta  ao 

desenvolvimento. A  partir do conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal, fica claro 

que o processo de desenvolvimento não corresponde de forma idêntica aos processos de 

aprendizagem. O desenvolvimento avança gradativamente e não constitui  igual medida 

ou é paralelo ao processo de aprendizagem. A aprendizagem e o desenvolvimento são 

interdependentes, integrando relações dinâmicas e complexas.   

Portanto,  na  concepção  sócio‐histórica  de  homem  a  origem  do  processo  de 

“desenvolvimento de suas características humanas está na aprendizagem que faz imerso 

em  um  contexto  social  e  cultural”  (STOLTZ,  2009,  p.4).  Destaca‐se  que  o 

desenvolvimento dependerá das possibilidades de aprendizagem dos bens culturais, da 

passagem do interpsíquico (entre as pessoas) para o intrapsíquico (no sujeito), estando a 

cultura  na  passagem  do  social  para  o  individual,  entendida  aqui  como  uma  atividade 

mental  em  transformação.  No  processo  de  internalização  ocorre  a  transformação  do 

sujeito a partir de sua negociação com a cultura. Por outro lado, o sujeito é um ser ativo 

que influencia o contexto cultural. 

Essa compreensão possibilta perceber  a necessidade de mudanças no método de 

ensino na educação a distância. Pois, muitas  instituições ainda concebem seus métodos 

de  ensino  de  forma  prescritiva,  voltados  para  o  “observar  e  fazer”.  Em  trabalhos 

realizados  no  ensino  a  distância  constatou‐se  que  as  ferramentas  apresentadas  como 

elementos mediadores para a aprendizagem dos estudantes da EaD não são utilizadas em 

todo o seu potencial, pois há a prevalência da comunicação unidirecional. Nesta forma de 

comunicação,  há  um  alto  fluxo  de  informações  disponibilizadas  pelos  diversos 

instrumentos tecnológicos7 em relação a um fluxo mínimo de atividades voltadas para a 

comunicação com professores e cooperação social entre colegas de curso.  

Essa prática pedagógica denuncia que há uma compreensão equivocada de como 

se  internaliza  o  conhecimento  externo  e    se  desenvolvem  as  capacidades  dos  alunos, 

                                                            7  Refere‐se  a  instrumentos  tecnológicos  que  possibilitam  o  acesso  aos Materiais  Didáticos  do  Curso  a 

Distância: Livros didáticos, Videoaulas, Atividades e Exercícios que ficam disponíveis no site  interno do curso, o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem. 

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X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.12 

 

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parecendo  haver  pouca  compreensão  de  como  a  aprendizagem  escolar  estimula  o 

processo  de  desenvolvimento  para  constituir,  transformar  e  ampliar  as  funções 

psicológicas superiores.  

 

 

3. APRENDIZAGEM  DE CONCEITOS CIENTÍFICOS NA EAD 

As práticas pedagógicas na modalidade de ensino a distância têm buscado atingir 

seu principal objetivo que está relacionado à apropriação dos conteúdos previstos em sua 

matriz curricular para o desenvolvimento da autorregulação. Muitas dessas  instituições 

de ensino a distância utilizam diversos recursos para otimizar seu processo de ensino.  

De  acordo  com  Vygotsky  (2010),  os  conceitos  científicos  originam‐se  nos 

processos de ensino; contudo o ensino expositivo não  interativo tem gerado somente o 

mero  verbalismo  dos  conceitos. Nesse  sentido  é  importante  refletir  sobre  as  práticas 

pedagógicas  da  modalidade  de  ensino  a  distância  que  poderão  desencadear  este 

processo. 

Pode‐se  compreender  o  conceito8  como  um  autêntico  e  completo  ato  de 

pensamento. O conceito é resultado de transformações  intelectuais que se  iniciaram na 

infância. Os  conceitos  são  generalizações,  são  instrumentos  culturais.  Vygotsky  (2010) 

esclarece que o conceito é também orientador da ação do sujeito e sua interlocução com 

o mundo. 

A formação conceitual é o resultado de uma intensa e complexa operação mental 

com  o  signo  e  requer  a  participação  de  todas  as  funções  intelectuais  básicas.  Assim, 

aprender  conceitos  não  é  acumular  conhecimentos,  mas  tomar  posse  do  nível  de 

consciência  neles  potencializado  ao  longo  de  sua  formação.  O  conceito  surge  num 

processo de solução de uma tarefa que se coloca para o pensamento do estudante.  

                                                            8 Este  artigo utiliza  a definição  epistemológica do  significado de  conceito  a partir das obras  “Psicologia 

Pedagógica” e “A construção do Pensamento e da Linguagem” de Vygotsky.   

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X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.13 

 

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Vygotsky  (1998, p.104)  ressalta que  “um  conceito é um  ato  real e  complexo de 

pensamento que não pode ser ensinado por meio de treinamento”, e que uma aparente 

assimilação da palavra correspondente ao conceito é apenas o começo da formação do 

mesmo, pois a palavra possui um significado maior, a compreensão é contextual, e seu 

uso é o começo da apropriação do conceito. 

 No entanto, para Vygotsky (2009), a preocupação maior das instituições de ensino 

não deve ser com o produto final da formação desse conceito e sim em compreender os 

processos que levam à sua formação, para planejar estratégias docentes mais ativas. 

Conforme Cavalcanti (2005, p. 196), 

 os experimentos realizados por Vygotsky e colaboradores revelaram que a  formação  de  conceitos  é  um  processo  criativo  e  se  orienta  para  a solução de problemas. O desenvolvimento dos processos que  resultam na  formação  de  conceitos  inicia‐se  na  infância,  mas  as  funções intelectuais básicas para isso só ocorrem na puberdade. É relevante, pois, para a reflexão sobre o ensino, considerar que os conceitos começam a ser formados desde a infância, mas só aos 11, 12 anos a criança é capaz de realizar abstrações que vão além dos significados ligados a suas práticas imediatas. Mas  isso não se dá pela  idade simplesmente, é preciso  levar em  conta  a  experiência.  Ou  seja,  o  contexto  histórico‐cultural  do indivíduo vai colocando as situações em que, pela atividade intersubjetiva do  sujeito,  seja  a  criança  ou  o  adulto,  ocorre  a  apropriação  de significados  da  linguagem que,  é  a matéria‐ prima para  a  formação  de conceitos desse sujeito.   

Assim, a partir das proposições acima, ressalta‐se que nos referimos ao processo 

de aprendizagem de conceitos científicos do estudante, em idade adulta e em cursos de 

EaD.  Durante  o  processo  de  formação  de  conceitos  científicos  é  importante  o 

desenvolvimento de uma atividade mental consciente, capaz de  internalizar a atividade 

externa  de  forma  abstrata.  Esta  capacidade  de  pensamento  abstrato  permite  a 

representação,  a  antecipação  e  o  planejamento  de  uma  possível  ação  a  qual  estará 

integrada  a  um  complexo  sistema  de  relações,  fruto  das  muitas  generalizações  de 

conceitos  já  constituídos.  Entretanto,  é  um  conjunto  de  conhecimento  sempre 

incompleto, flexível, reestruturável e em permanente construção. 

Vygotsky (1996) diz que há um erro comum na explicação do desenvolvimento do 

pensamento do adolescente, que se refere à ruptura entre forma e conteúdo. Isso foi mal 

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compreendido porque se atribuía valor à quantidade de informações; contudo o excesso 

de  dados  distorce  a  essência  do  conceito. O  conceito  é  a  imagem  sintetizada  de  um 

objeto em  toda  a  sua  complexidade, em outras palavras,  isto  significa que  a  síntese é 

possibilitada somente quando o conceito também é formado.  

O  conceito é  compreendido a partir da  lógica‐dialética na  relação entre   geral e 

particular, de abstrato e concreto. Por  isso pensar em conceitos é considerado como a 

melhor maneira de conhecer a  realidade, pois ao mesmo  tempo em que se  identifica a 

essência,  se  estabelecem  relações  com  tudo  o  que  está  vinculado  a  ele  (VYGOTSKY, 

1996).  Esse  pensar  por  conceitos  permite  compreender  a  dinâmica  do  objeto  e  sua 

ligação no mundo.  

Vygotsky  (2010)  atribui  diferenças  quanto  aos  tipos  de  conceito:  conceitos 

espontâneos  ou  conceitos  científicos. Antes  de  se  apresentarem  as  diferenças  entre  os 

conceitos  espontâneos  e  conceitos  científicos  é  importante  alertar  que  não  podemos 

absolutizar  suas  diferenças,  pois  além  dos  aspectos  em  comum,  estes  possuem  uma 

interação dinâmica entre si. 

Os  conceitos  espontâneos  são  aqueles  que  surgem  na  experiência  cotidiana  do 

sujeito,  sem  o  planejamento  de  um  ensino  intencional.  Suas  principais  características 

envolvem a ação prática inconsciente que parte do concreto para o abstrato, descentrada 

do ato de pensamento, em um movimento ascendente (VYGOTSKY, 2009).  

Os conceitos científicos sucedem o processo de aprendizagem, trata‐se de um “(...) 

nível criado pelas condições do ensino”  (VYGOTSKY, 2009, p. 244). Vygotsky acreditava 

que a partir de uma ação  intencional de ensino na escola há maiores condições para a 

formação dos conceitos científicos. O ensino de conceitos científicos  inicia‐se a partir da 

mediação  em  um  campo  já  conhecido;  entretanto  caracterizam‐se  por  realizar  um 

movimento oposto aos conceitos espontâneos, partem do abstrato para o concreto, de 

forma descendente.  

É, portanto, uma atividade que exige atenção no ato de pensar, e de trabalhar a 

consciência  reflexiva.  Essa  consciência  visa  à  generalização  para  a  constituição  do 

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APRENDIZAGEM DE CONCEITOS CIENTÍFICOS NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: CONSIDERAÇÕES A PARTIR DE VYGOTSKY  Luciana dos Santos Rosenau ‐ Tania Stoltz 

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conceito, o qual integrará um conjunto de conceitos já constituídos, tornando‐se parte de 

um sistema de relações. 

Os  conceitos  espontâneos  e  científicos  interagem  dialeticamente  e  possibilitam 

realizações que não poderiam ser efetivadas sem os dois processos. É no encontro entre 

o movimento ascendente dos conceitos espontâneos e o movimento descendente dos 

conceitos  científicos  que  surgem  os  conceitos  verdadeiros,  síntese  entre  abstrato  e  o 

concreto.  Neste  sentido,  tem‐se  o  movimento  que  parte  do  concreto,  passa  pela 

abstração e volta ao concreto, agora pensado. 

A  importância  do  enfoque  na  aprendizagem  dos  conceitos  científicos  está  na 

busca  da  aquisição  de  habilidades  especializadas  para  o  pensamento.  As   mediações 

culturais  transformam  as  funções  psicológicas  superiores  impulsionando  o 

desenvolvimento intelectual. 

Oliveira  (2009,  p.192),  a  partir  de  suas  pesquisas,  afirma  que  “nem  sempre  a 

escolarização  ajuda  a  pensar  melhor”.  A  qualidade  do  processo  de  escolarização  é 

fundamental.  Essa  autora  observou  que  a  hipótese  de  que  a  presença  de  diferentes 

modos de organização conceitual entre adultos com nível de escolarização mais elevados, 

em comparação com adultos com nível de escolarização mais baixo, não foi verificada em 

sua pesquisa. Por outro  lado, Oliveira  (2009) observa que os  estudantes universitários 

apresentam  respostas  “mais  elaboradas”  que  poderiam  ser  fruto  de  uma  teoria  que 

fundamentava  seus  conceitos;  contudo  apresentaram  reflexões menos  densas  que  os 

adultos com nível de escolarização mais baixo, demonstrando haver pouca sofisticação 

intelectual. 

Portanto  a  aprendizagem  dos  conceitos  científicos  possibilita  a  constituição  de 

estruturas de generalização do pensamento conceitual abstrato, codificado em palavras, 

possuindo  critérios  e  capacidade  mental  de  antecipar  a  ação.  Este  desenvolvimento 

intelectual contribui para o domínio voluntário e consciente de si mesmo, da natureza e 

da cultura. 

Conforme  Vygotsky  (2010),  a  tomada  de  consciência  dos  conceitos  formados 

possibilitam:  a  libertação  do  contexto  perceptual  imediato  a  partir  da  capacidade  de 

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transcender o mundo da experiência  imediata; um complexo  sistema de  inter‐relações, 

ou seja, como rede de significados, conjunto de teorias do sujeito; a construção conjunta 

de significações, conjunto de conhecimento incompleto, flexível e reestruturável. 

  A partir da  compreensão de que  a  formação dos  conceitos  científicos  contribui 

para  o  desenvolvimento  das  funções  psicológicas  superiores,  ressalta‐se  que  a 

preocupação deste estudo  reside no  fato de muitos estudantes manterem os mesmos 

conceitos  espontâneos  depois  de  terem  estudado  os  conceitos  científicos.  Saem  das 

universidades  com  os mesmos  conhecimentos  do  senso  comum  ou  com  insuficiente 

elaboração de conceitos científicos.   

  Vygotsky (1996) diz que o pensamento lógico é a única atividade capaz de revelar 

um conceito. Para ele o pensamento lógico é o conceito em ação. Assim, em crianças só é 

possível  perceber  pseudoconceitos,  pois  estas  ainda  necessitam  de  longo  período  de 

desenvolvimento físico e social.  

É  importante  no  ensino  estabelecer  relações  com  a  realidade  do  estudante, 

principalmente para o estudante adulto. Considerar seus conhecimentos e experiências 

de  vida  irá  possibilitar  a  compreensão  do  significado  e  a  construção  do  sentido  do 

conceito ensinado.   Nos atendimentos de  tutoria  tem‐se observado que os professores 

que  contextualizam  suas  aulas  com  exemplos  do  cotidiano  dos  alunos  são  melhor 

compreendidos  do  que  aqueles  que  adotam  uma  postura  conceitual  desprovida  de 

relações  com o  cotidiano.  Isso porque é  importante  saber que os  conceitos  científicos 

não surgem de um campo desconhecido. Nesse sentido é relevante ter conhecimento do 

perfil dos estudantes do curso antes do planejamento da aula e elaboração de materiais 

didáticos. 

Vygotsky  (2010)  infere  que  ao  ensino  falta  a  relação  com  o  que  os  estudantes 

trazem. Isso denota que os professores muitas vezes não conseguem realizar a mediação 

adequada no início de um novo conceito. Ele sugere que na sala de aula são essenciais as 

características  do  discurso,  como  a  demonstração  e  apresentação  de  desafios  aos 

estudantes e elementos iniciais de sua solução.   

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Compreende‐se  que  na  educação  o  professor  tem  o  papel  de  mediador  que 

organiza as atividades de ensino por meio de  instrumentos físicos e psicológicos. Infere‐

se  que  nos  processos  de  escolarização  em  que  a  interação  é  restrita,  o  processo  de 

desenvolvimento é limitado. Por isso a necessidade desta compreensão dos docentes que 

atuam em cursos a distância, de modo a poderem planejar um ensino ativo que vá além 

da apresentação de teleaulas e elaboração de material didático.    

A  formação  de  conceitos  é  o  elemento  principal  de  todas  as  mudanças  que 

ocorrem  no  desenvolvimento  das  funções  mentais  dos  adolescentes.  Nesse  sentido 

almeja‐se  que  a  educação  formal  possa  fornecer  condições  para  que  essas mudanças 

conceituais ocorram (VYGOTSKY, 1996). 

Enfatiza‐se que mais  interação de qualidade contribui para mais aprendizagens. E 

que  a  proposição  dos  conteúdos  como  desafios  e  situações‐problema  permite  que  o 

estudante desenvolva  sua  capacidade de  reflexão. A auto‐observação e percepção dos 

próprios processos mentais exigem o desenvolvimento do pensamento  lógico, por  isso 

os processos de autorregulação mais avançados se constituem a partir da adolescência  

(VYGOTSKY, 1996). 

De acordo com Martins (2003), na educação a distância concebe‐se a ação do tutor 

presencial como a de um orientador acadêmico, ao qual compete constituir comunidades 

de  aprendizagem  e  realizar  acompanhamento  individualizado  dos  estudantes  com 

dificuldades de aprendizagem.  O orientador deverá ir além das atividades operacionais e 

assumir as múltiplas tarefas que a atividade de professor‐tutor requer. 

Conforme Cortelazzo (2008), o tutor presencial desempenha papel de motivador, 

docente,  supervisor,  orientador  e  avaliador.  O  tutor/Orientador  irá  complementar, 

atualizar, facilitar e possibilitar a aprendizagem de conceitos científicos. Por isso todas as 

atividades  que  envolvam  e  tenham  como  objetivo  a  aprendizagem  dos  estudantes  é 

considerada prática tutorial.  

Atividades  coletivas,  como  aulas  inaugurais,  seminários,  grupos  de  estudo, 

debates de reportagens/vídeos, orientações quinzenais por grupos de alunos e eventos 

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podem  contribuir  para  este  objetivo.  Nas  tutorias  online  é  importante  estabelecer 

contato por meio telefônico e mensagens de texto em fóruns, chats e e‐mails.  

Todas essas ações são importantes, pois com as atividades do mundo moderno o 

que não é acionado é esquecido. Conforme Vygotsky (1996), observa‐se que o processo 

de resolução de um problema muda quando o sujeito passa da linguagem interna para a 

linguagem  externa,  portanto  a  socialização  progressiva  do  pensamento  produz  a  sua 

intelectualização. 

Reitera‐se a importância da mediação pelo coletivo visando ao trabalho interativo 

na Zona de Desenvolvimento Proximal dos estudantes da educação a distância. Portanto 

os  diálogos  de  reflexão  coletiva  realizados  presencialmente  e  virtualmente,  podem 

contribuir para o estudante ampliar seu potencial de aprendizagem.  

A exploração aprofundada do potencial das TICs como ferramenta de 

mediação pode auxiliar na melhor estruturação do processo de ensino dos 

conteúdos.  Infere‐se  que  a  variedade  das  estratégias  de  ensino mediadas 

pelas  TICs  possibilita  diversificadas  operações  mentais  e  contribui  

positivamente para os resultados dos estudantes de cursos a distância.  

  Ressalta‐se que o uso das TICs como  ferramenta de mediação para o ensino dos 

conceitos  científicos  na  EaD  pode  contribuir  para  minimizar  o  ensino  meramente 

informativo  que muitas  teleaulas  ainda  proporcionam.    Infere‐se  que  a  proposição  de 

situações problema, por meio de  livros digitais e a construção de mapas conceituais de 

forma interativa e colaborativa em Ambientes Virtuais de Aprendizagem9 (AVA) poderão 

auxiliar na prática pedagógica para estimular a atividade mental necessária à apreensão 

do conceito científico estudado.  

Observa‐se  que  um  dos maiores  desafios  nas  instituições  de  ensino  tem  sido  a 

criação de materiais didáticos dialógicos e interativos que possam ser disponibilizados aos 

estudantes de  forma a melhorar a  interação via web. O ensino de conceitos científicos 

                                                            9 AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem é um espaço  fecundo de significação onde seres humanos e 

objetos interagem potencializando, assim, a construção de conhecimentos. Os AVAs agregam interfaces que permitem a produção de conteúdos e canais variados de comunicação (SANTOS, 2003). 

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utiliza a palavra como signo mediador, portanto todas as formas de comunicação serão 

essenciais,  o  que  implica  um  planejamento  prévio  e  diversificado  na  elaboração  e 

produção do material didático para os estudantes dos  cursos a distância. A  intenção é 

transcender o livro10 didático, ir além deste de forma que o AVA torne‐se a “sala de aula” 

do estudante da Educação a Distância nos momentos em que ele não está no Polo de 

Apoio Presencial.   

Entende‐se  o  AVA  como  ferramenta  que  possibilita  uma  rede  de  interações 

constantes entre os estudantes, esse portal educacional permite  infinitas possibilidades 

de  elaboração  material  para  mediação  dos  conteúdos.  Destacam‐se  entre  estas 

possibilidades: a estruturação pedagógica por meio da Trilha de Aprendizagem11, a criação 

de Objetos de Aprendizagem12 para a ilustração concreta de conceitos e a elaboração de 

Livros Digitais13 (e‐books) com a intenção de filtrar, selecionar, organizar e hierarquizar as 

informações mais pertinentes a temática estudada. 

 

 

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

O objetivo deste estudo  foi discutir as proposições  teóricas sobre o processo de 

aprendizagem  de  conceitos  científicos  a  partir  de  Vygotsky  e  enfocar  as  práticas 

pedagógicas  na  modalidade  de  ensino  a  distância.  A  intenção  foi  contribuir  para  as 

discussões  em  torno  das  metodologias  de  ensino  na  EaD,  de  forma  a  apresentar 

caminhos para as condições essenciais da aprendizagem significativa nessa modalidade 

de ensino. 

                                                            10  Algumas  Instituições  oferecem  o  livro  didático  impresso  para  cada  disciplina.  É  uma  prática  positiva 

quando os livros são de qualidade e o curso não se restringe somente a este recurso. 11 A trilha de aprendizagem é visualizada por ícones organizados semelhante a uma página web, construída 

com o objetivo de estruturar todos os  links e as potencialidades de um ambiente virtual em um único local. A Trilha de Aprendizagem tem função formativa e possibilita múltiplas formas de aprendizagem.  

12  Objetos  de  Aprendizagem  são    uma  coleção  de  itens  de  conteúdo,  prática,  e  avaliação  que  são combinadas  com  base  em  um  único  objetivo  de  aprendizagem.  São  unidades  de  aprendizagem interdisciplinares e reutilizáveis. Foi intitulado por Wayne Hogins em 1992 (NASCIMENTO, 2007). 

13 Os  “livros  digitais”  têm  estrutura  e  função  diferente  dos  tradicionais,  possibilitam  a  apresentação  de sínteses  do  tema  estudado  a  partir  da  ideia  de  navegação  em  rede  (por  meio  de  hipertextos)  e aplicações práticas dos conteúdos estudados (atividades e animações). 

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Abordou‐se  a  teoria  de  Vygotsky  a  partir  da  compreensão  de  que  o 

desenvolvimento dos processos psicológicos superiores é uma elaboração humana que 

se  dá  por  meio  da  participação  em  interações  sociais  e  uso  de  instrumentos.  O  ser 

humano se distingue dos animais por não possuir um comportamento pré‐determinado e 

esperado, como ocorre com os animais. O homem é um ser com  infinitas possibilidades 

de desenvolvimento a partir das aprendizagens apreendidas por seu meio de trocas.  E é a 

atividade psicológica  construída  a partir das  trocas  com o meio que  irá  representar os 

mediadores dos estímulos internos e externos, como uma espécie de filtro que seleciona 

a  informação a ser  interpretada.  Isto porque os processos psicológicos  já existentes se 

inter‐relacionam com os novos, as relações ocorrem e se  interpenetram de forma que a 

vida  social  é  incorporada  na  constituição  psicológica.  O  potencial  biológico  do  ser 

humano  é  amplo  e possui  um  leque  infinito de possibilidades, mas  não  se desenvolve 

sozinho  e  automaticamente,  ele  se  constrói  a  partir  da  cultura.    As  alterações  sociais 

geram alterações na natureza humana.  

A  interação  social  com  os  instrumentos  físicos  e  psicológicos  transforma  o  ser 

biológico em ser cultural, e essa mediação se dá por meio do exercício da atividade e da 

linguagem. A  formação dos  conceitos  científicos  contribui para o desenvolvimento das 

funções psicológicas  superiores. Os conceitos espontâneos  são aqueles que surgem na 

experiência cotidiana e partem do concreto para o abstrato. Já os conceitos científicos, 

caracterizam‐se por  realizar um movimento oposto aos conceitos espontâneos, partem 

do  abstrato  para  o  concreto,  de  forma  descendente.  Os  conceitos  espontâneos  e 

científicos  interagem  dialeticamente  e  possibilitam  realizações  que  não  poderiam  ser 

efetivadas  sem  os  dois  processos.  Neste  sentido,  estes  dois  grupos  de  conceitos 

dependem um do outro e se objetivam na práxis.  

A formação de conceitos científicos prevê o planejamento e a ação intencional do 

professor. Requer uma sistematização do saber com o objetivo de possibilitar regulações 

e  autorregulações  em  busca  do  desenvolvimento  das  funções mentais. Nesse  sentido 

quanto maior a interação de qualidade, maior será a aprendizagem do sujeito.  

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Por  isso  considera‐se  necessário  o  professor  compreender  como  o  ser  humano 

aprende  e  se  desenvolve,  para  relacionar  este  saber  às  possibilidades  tecnológicas  e 

poder aprimorar a qualidade de sua prática pedagógica na EaD. 

A educação tem muito a avançar no sentido de contribuir e criar novas Zonas de 

Desenvolvimento Proximal, as quais  implicam aumento da autorregulação dos  sujeitos. 

Cabe, a partir deste estudo  teórico, verificar quais as práticas pedagógicas na EaD que 

têm contribuído para a formação de conceitos científicos dos estudantes, considerando 

que  outras  operações mentais  são  ativadas  com  o  uso  dos mediadores  das  TICs  e  da 

metodologia de ensino a distância. 

 

 

REFERÊNCIAS 

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APRENDIZAGEM DE CONCEITOS CIENTÍFICOS NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: CONSIDERAÇÕES A PARTIR DE VYGOTSKY  Luciana dos Santos Rosenau ‐ Tania Stoltz 

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APRENDIZAGEM DE CONCEITOS CIENTÍFICOS NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: CONSIDERAÇÕES A PARTIR DE VYGOTSKY  Luciana dos Santos Rosenau ‐ Tania Stoltz 

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