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01-03-2016
Revista de Imprensa01-03-2016
1. (PT) - Público, 01/03/2016, Ministro apresenta centros de referência de doenças hereditárias metabólicasa 11 de Março
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2. (PT) - Jornal de Notícias, 01/03/2016, Raras - Avançam os centros de referência 2
3. (PT) - Diário de Notícias, 01/03/2016, Médicos e enfermeiros querem horas extras a pagar a 100% 3
4. (PT) - Jornal de Notícias, 01/03/2016, 58,5% foi a parte... 4
5. (PT) - Jornal de Notícias, 01/03/2016, Autarcas pedem mais médicos 5
6. (PT) - Jornal de Notícias, 01/03/2016, BE diz que faltam médicos e remédios 6
7. (PT) - Jornal de Notícias, 01/03/2016, Greve na cantina do Hospital Santos Silva com grande adesão 7
8. (PT) - Jornal de Notícias, 01/03/2016, Liga "Maria Pia" vai fazer gala para ajudar crianças 8
9. (PT) - Jornal de Notícias, 01/03/2016, Enfermeiro admite ter visto eutanásia em hospital 9
10. (PT) - Jornal de Notícias, 01/03/2016, Eutanásia sai de baixo do pano 12
11. (PT) - Público, 01/03/2016, Ainda sobre a eutanásia 13
12. (PT) - Público, 01/03/2016, Ordem desconhece caso de médico que ajudou amigo a morrer 14
13. (PT) - i, 01/03/2016, Bastonária dos Enfermeiros afinal nega que exista eutanásia no SNS 16
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No dia em que se assinala o Dia das
Doenças Raras, o ministro da Saú-
de, Adalberto Campos Fernandes,
avançou ontem que o resultado do
concurso para a criação dos centros
de referência para doenças heredi-
tárias metabólicas será anunciado
a 11 de Março. “Os centros de refe-
Ministro apresenta centros de referência de doenças hereditárias metabólicas a 11 de Março
rência serão apresentados dia 11 de
Março. Está marcada a data e serão
apresentados publicamente”, disse o
governante, à margem de uma visita
à Associação Raríssimas, na Moita.
Os médicos do Núcleo de Estudos
de Doenças Raras (NEDR) da Socie-
dade Portuguesa de Medicina Interna
(SPMI) questionaram o atraso na defi -
nição dos centros de referência para
doenças hereditárias metabólicas,
já que as candidaturas ao concurso
para a sua criação foram apresenta-
das em Setembro de 2015, não ha-
vendo até agora publicação dos re-
sultados. “É do nosso conhecimento
estarem aprovados os centros para
as áreas de oncologia de adultos e
Dia das Doenças RarasSara Silva Alves
Centros de referência para outros tipos de doença estão mais adiantados, protestam médicos internistas
pediátrica, para a epilepsia, doenças
cardiovasculares, transplantes de ór-
gãos, e paramiloidose familiar”, afi r-
mou Luís Brito Avô, coordenador do
NEDR. No entanto, o concurso para
doenças hereditárias metabólicas,
que afectam centenas de pessoas em
Portugal, “de extrema importância
para as doenças raras, parece estar
bloqueado”, acrescentou o especia-
lista. “A defi nição destes centros é
fundamental para o melhor trata-
mento dos portadores de doenças
hereditárias metabólicas.”
O Dia das Doenças Raras foi tam-
bém assinalado a norte com a confe-
rência “A voz dos doentes — Junte-se
a nós para dar voz às doenças raras!”,
organizada pela Aliança Portuguesa
de Associações das Doenças Raras
em parceria com o i3S — Instituto de
Investigação e Inovação em Saúde,
da Universidade do Porto.
Marta Jacinto, presidente da
“Aliança”, apresentou resultados do
projecto europeu Europlan sobre as
doenças raras em Portugal, que con-
clui que os doentes devem ser ouvi-
dos e representados por instituições.
A dirigente também destaca a impor-
tância da criação dos centros de refe-
rência, onde os doentes possam ser
diagnosticados e acompanhados, e
considera “essencial” a implemen-
tar um plano para as doenças raras.
com Lusa
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Raras Avançam os centros da referginda
• O ministro da Saúde, Adal-berto Campos Fernandes, dis-se ontem que os centros de re-ferência para doenças heredi-tárias metabólicas serão apre-sentados a 11 de março. E a Ra-rissimas-Associação Nacional de Deficiências Mentais e Ra-ras assinou um protocolo para a criação de um consórcio.
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Primeiro-ministro vê-se confrontado com propostas de vários grupos profissionais para que haja alterações no Orçamento do Estado 2016
E
Médicos e enfermeiros querem horas extras pagas a 100% 08 206. Sindicatos aproveitam discussão do Orçamento para fazer aprovar algumas medidas. Enfermeiros apresentam hoje uma proposta ao ministério. Médicos propõem discussão em reunião
JOANA CAPUCHO
Professores, enfermeiros, guardas e médicos querem aproveitar a dis-cussão do Orçamento de Estado na especialidade e o ambiente de abertura do governo para receber propostas de partidos e sindicatos, para fazer passar algumas medidas que reclamam há anos. Depois de a Federação Nacional dos Profes-sores ter proposto turmas mais pe-quenas e a reforma sem cortes aos 40 anos de serviço, agora é a vez de os enfermeiros reivindicarem a mobilidade entre instituições do SNS, a reposição dos valores inte-grais das horas penosas e a pro-gressão na carreira. Já os médicos gostariam de ver incluída a reposi-ção dos salários e o pagamento das horas extra a 100%.
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) deverá apresen-tar ainda hoje três propostas. "Uma tem que ver com a possibilidade de haver mobilidade entre institui-ções do Serviço Nacional de Saú-
de", disse ao DN Guadalupe Si-mões, explicando que, com a pas-sagem dos hospitais a EPE (Entida-des Públicas Empresariais), deixou de ser possível transferir uma vaga de um hospital para outro. Outra prende-se com a "reposição dos va-lores integrais das horas penosas", cortadas em 50%. Por último, o SEP mantém a luta pela progressão na carreira. "É uma exigência pela va-lorização do trabalho dos enfer-meiros."
Considerando que o OE é "mui-to genérico", a Associação dos Pro-fissionais da Guarda (APG/GNR) pediu alguns esclarecimentos. Cé-sar Nogueira mostra-se cético em relação ao aumento de operacio-nais nas ruas. "Não é o primeiro go-verno que tenta fazer isso. E o que tem acontecido é o contrário", afir-mou o representante da APA.
A Associação está também preo-cupada com a suspensão da passa-gem à reserva de militares da GNR prevista no OE, uma medida que pode contribuir para um efetivo cada vez mais desmotivado. César
Nogueira questionou, ainda, a re-dução de 2,3 milhões de euros na verba disponível para combustível. "Ou há alguma alternativa que não estava descrita ou será muito dificil chegar ao final do ano", admitiu.
Se por um lado há uma abertura dos principais sindicatos, como a CGTP, em relação ao governo, por
Professores pedem descongelamento das progressões na carreira e reposição dos salários
outro, há uma cedência do PS rela-tivamente às propostas que che-gam dos partidos à esquerda.
Na semana passada, a Federa-ção Nacional da Educação reu-niu-se com o Bloco de Esquerda para discutir cerca de 20 medidas com impacto orçamental. Nesta semana, é a vez de se encontrar com o CDS-PP. "Estamos a apre-
sentar propostas concretas aos grupos parlamentares", adiantou João Dias da Silva, presidente da FNE. Uma escola que pretende ser de sucesso, prosseguiu, "precisa de recursos humanos e não pode vi-ver na precariedade".
Entre as preocupações da FNE destacam-se o facto de "não haver progressão na carreira e a reposi-ção de salários ser feita ao longo do ano", bem como a redução no ensi-no básico e secundário, o recurso aos contratos emprego-inserção e a necessidade da existência de re-cursos que permitam contratação de qualidade no ensino superior.
Já os médicos não escondem que gostavam de ver refletidas no OE as propostas que têm vindo a fazer desde que o novo governo to-mou posse. Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Inde-pendente dos Médicos (SIM), ma-nifestou "desilusão" em relação ao OE 2016. "É menor do que no ano passado e há a necessidade de in-cluir a reposição dos salários e o pa-gamento das horas extraordinárias
PROPOSTAS
ENFERMEIROS A reposição integral do valor
das horas penosas, as progres-sões na carreira e a mobilidade entre instituições do SNS são as propostas do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.
MÉDICOS > A FNAM apela à reposição dos salários e ao pagamento das horas extraordinárias a 100%. E o SIM lamenta, ainda, que se mantenha o congela-mento das carreiras.
GNR > Os Profissionais da Guarda questionam três pontos: a sus-pensão da passagem de alguns guardas à reserva, os elevados cortes no combustível e se efeti-vamente haverá aumento de operacionais nas ruas.
PROFESSORES > Entre outras medidas, a Fenprof pede reforma sem cor-tes aos 40 anos de serviço e re-dução do número de alunos por turma. Também a FNE tem apre-sentado um conjunto de medidas aos grupos parlamentares.
MAGISTRADOS > O Sindicato dos Magistrados do Ministério Público considera que o OE é manifestamente insu-ficiente: há carências de funcio-nários, magistrados, no sistema informático, nos equipamentos e no sistema prisional.
JUÍZES > A Associação Sindical dos Juízes está satisfeita por não haver cortes e considera que neste ano não há razões para apresentar um parecer negativo.
a 100%, porque está a ser feito a 50%."Além disso, o representante lamenta, ainda, "que se mantenha o congelamento das carreiras". Já Merlinde Madureira, presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), manifesta preocupações semelhantes e não coloca de parte a hipótese de na próxima reunião de executivo vir a ser elaborada uma proposta de alteração ao do-cumento.
Maria José Costeira, presidente da Associação Sindical dos Juízes, diz que a organização não apre-sentará qualquer parecer público, uma vez que o OE não inclui cortes ' que, como aconteceu em anos an-teriores, eram considerados in-constitucionais. O Sindicato dos Magistrados do Ministério Público também não irá apresentar qual-quer sugestão, mas considera que o Orçamento é "manifestamente insuficiente." Do número de ma-gistrados ao sistema prisional, o presidente, António Ventinhas, diz que " há carências identificadas em quase todas as áreas". •
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foi a parte de cirurgias em regime de ambu-
latório no total das intervenções em 2015. O tema estará em debate numa reunião nado-nal de cirurgia ambulatória, a 14 de março.
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Alto Támega Autarcas pedem mais médicos
• Os autarcas do Alto Tâmega (Boticas. Chaves. Ribeira de Pena. Valpaços e Vila Pouca de Aguiar) reivindicaram ao Ministério da Saúde mais mé-dicos para os centros de saúde de Boticas e Ribeira de Pena e o reforço das competências do hospital de Chaves, segundo anunciaram ontem os municí-pios.
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BE diz que faltam médicos e remédios GUIMARÃES O Bloco de Esquerda apresentou um projeto de resolu-ção na Assembleia da República onde exorta o Governo a investigar e resolver alegados problemas constantes de denúncias que aque-le partido recebeu, referentes ao Hospital de Guimarães.
Em causa está, sobretudo, a ale-gada falta de profissionais e medi-camentos. Ontem. à porta do hos-pital, o deputado Pedro Soares de-nunciou a "carência de pessoal li-gado à medicina e enfermagem". Contudo, a administração do hos-pital fez saber que, "nos últimos três anos, foram admitidos mais de 120 profissionais" nessas áreas.
O projeto de resolução do BE também pretende agilizar as já
anunciadas obras nas Urgências e pugna pelo alargamento do inter-namento. Exige, ainda, o fim da "poupança na aquisição dos medi-camentos". "Tem havido queixa de que o hospital teria rarefeito o for-necimento de alguns medicamen-tos, em alguns casos de doenças crónicas', acrescenta.
A administração também nega essa acusação, e comprova-o com os 17 milhões de euros de remédios que, todos os anos, são entregues de forma gratuita aos utentes. "So-mos o hospital do pais que, em ter-mos proporcionais. mais disponi-biliza medicamentos gratuitos aos utentes. Falamos de 90% do orça-mento anual para medicamentos". garante Delfim Rodrigues. D.N.
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Greve na cantina do Hospital Santos Silva com grande adesão GAIA A adesão à greve dos traba-lhadores da Uniself, com funções na cantina do Hospital Santos Silva, em Vila Nova de Gaia, foi quase to-tal e os serviços mínimos ficaram assegurados, disse à Lusa fonte sin-dical. Segundo Francisco Figueire-do, presidente da direção do Norte do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria. Turismo. Restaurantes e Similares do Norte, a paralisação chegou quase aos 100%. "Num universo de cerca de 40 funcionários", estiveram "dois a trabalhar". acrescentou.
Os trabalhadores reivindicam "aumentos salariais e melhores Piquete começou greve na entrada
condições de trabalho", lê-se no comunicado de imprensa daquele sindicato, referindo que a empresa Uniself "não dá aumentos salariais há seis anos".
O piquete de greve arrancou pe-las 7 horas à porta do Hospital San-tos Silva, com a presença dos pró-prios trabalhadores, disse fonte sindical, referindo que as catego-rias daqueles profissionais na can-tina do hospital não lhes estão a ser dadas.
"Há falta de condições mínimas de saúde e segurança no trabalho" e há trabalhadores que "não estão classificados de acordo com as fun-ções efetivamente exercidas", de-nuncia ainda o sindicato, acrescen-tando que "há trabalhadores que não recebem devidamente o traba-lho noturno".
Questionado pela Lusa. Francis-co Figueiredo referiu que, ontem, a empresa Uniself não tinha dado qualquer resposta às reivindica-ções dos trabalhadores em greve.•
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Liga "Maria Pia" vai fazer gala para ajudar crianças PORTO No próximo dia 19. pelas 20 horas, realiza-se uma gala de soli-dariedade com o objetivo de anga-riar fundos para ajudar crianças e famílias carenciadas, no hotel She-raton. Tem a organização da Liga de Amigos das Crianças e Famílias Rainha Maria Pia.
Não tendo apoio governamental. esta instituição de solidariedade conta. somente, com o apoio da so-ciedade civil para chegar com as ajudas necessárias a todas as crian-ças carenciadas e às suas famílias em situações de dificuldade econó-mica. Desde 2002, ano da tomada de posse da atual direção, já foram disponibilizados mais de um mi-lhão de euros em diversas ações de apoio a pessoas com necessidades de várias ordens.
Estes apoios são efetuados no Centro Materno Infantil do Norte. no Centro Integrado de Cirurgia de Ambulatório e no Departa-mento de Pedopsiquiatria do Cen-tro Hospitalar do Porto que acolhe crianças e adolescentes com pro-blemas mentais.
Embora com maior foco na zona
do Porto, a Liga Rainha Maria Pia preocupa-se em expandir as suas atividades para o resto do pais.
Várias das ações desenvolvidas por esta instituição concentram-se em ajudas na alimentação, medi-cação, suplementos alimentares, transportes para deslocação ao hospital, vestuário, calçado e ma-terial lúdico. Além disso, a "Casa das Famílias" proporciona estadia aos familiares de crianças interna-das no Centro Hospitalar do Porto.
A par deste tipo de eventos, a Liga Rainha Maria Pia obtém recei-tas dos seus associados para conti-nuarem o trabalho que têm desen-volvido até agora. Com o mesmo fim, está a organizar também um Chá de Beneficência, ainda sem data marcada. c.m.
Evento marcado para dia 19 visa recolher fundos para famílias
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Bastonário dos Médicos diz que em Portugal são poucos os doentes que pedem
ara morrer
• • • • et ti lir 1
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e Eutanásia e suicídio assistido
Pôr termo à vida com a ajuda direta ou indireta de outra pessoa
A eutanásia é a prática através da qual se põe termo á vida de um doente incurável, de forma controlada, com recurso direto a um especialista na área da saúde. O tema é polémico face às ques- tões éticas que se colocam, neste âmbito, aos médicos que le- galmente estão obrigados a proteger a vida dos doentes. lá o suicídio assistido ocorre quando um especialista fornece ab doente a substancia que lhe causará a morte, não participando diretamente na sua administração.
Primeiro Plano
Polémica Palavras da bastonária dos Enfermeiros provocam reações da tutela e dos médicos, levando a pedidos de investigação
Eutanásia Denúncias motivam inquéritos Ana Gaspar e Pedro Sales Dias [email protected]
► A onda de choque provocada pelas declarações da bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, so-bre a-eutanásia levou a reações da tu-tela, da Ordem dos Médicos e do Par-tido Socialista, tendo a Inspeção-Ge-ral das Atividades em Saúde (IGAS) aberto ontem um "processo de escla-recimento" sobre a existência de mor-te assistida nos hospitais portugueses.
Num debate emitido pela Rádio Re-nascença no sábado passado. Ana Ri-ta Cavaco disse que a aplicação da eu-tanásia era discutida no seio das equi-pas constituidas por médicos e enfer-meiros. Não ficou, porém, percetível nas suas declarações se tinha ou não assistido a esta prática nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Ontem, a bastonária assegurou que as suas palavras tinham sido mal inter-pretadas [ver texto ao ladol.
Mas a correção não evitou os pedi-dos de averiguações feitos pelo Minis-tério da Saúde à IGAS e pela Ordem dos Médicos, que além de recorrer àquela entidade, também encami-nhou o caso para o Ministério Público (MP) e para os órgãos disciplinares competentes da Ordem dos Enfermei-ros. O MP terá aberto um inquérito-crime, na sequência das declarações.
Contactada pelo IN. a Procuradoria-Geral da República respondeu que "sempre que tem conhecimento de factos suscetíveis de integrarem a prá-tica de crimes, age em conformidade através da instauração do competente inquérito". A IGAS, além de revelar a abertura do "processo de esclareci-mento", acrescentou que "não existem registos de qualquer denúncia ante-rior relacionada com esta matéria".
Da parte da manhã, o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, manifestou confiança nos profissio-nais de saúde. "Não acreditamos que os profissionais do SNS não façam aquilo que a lei determina, que a sua
o que diz a lel
"Direito à vida- • Não estando a euta-násia legalizada em Portugal, a sua even-tual prática vai contra o que está previsto na Constituição da Repú-blica. Esta garante o "direito à vida", esta-belecendo que a "vida humana é Inviolável". A lei fundamental as-segura que "todos tém direito à proteção da saúde e o dever de a defender e promover".
Nemickli• • No âmbito penal, a prática da eutanásia poderá corresponder, dependendo da deci-são que a justiça tiver em cada caso, a um crime de homicídio. O Código Penal estabe-lece, por exemplo, uma pena de oito a 16 anos de prisão (homicídio simples) para quem matar outra pessoa.
Código deontológica • 0 código deontoló-gico da Ordem dos Médicos estabelece que constitui "falta deontológica grave" a prática da eutanásia, não sendo considera-da eutanásia "a abs-tenção de qualquer terapêutica não Mi-dada, quando tal re-
sulte de opção livre e consciente do doente ou do seu represen-tante legal".
consciência exige e que os princípios da ética e rigor profissional exigem. Por isso, vamos ter serenidade", disse, citado pela Agência Lusa.
A Ordem dos Médicos, por seu lado, assegurou que "desconhece qualquer caso de eutanásia explicita ou encapo-tada nos hospitais do SNS ou noutras instituições de saúde, pelo que consi-dera que os portugueses devem manter a total confiança nos profissionais".
O bastonário José Manuel Silva de-fendeu a necessidade do esclareci-mento dos cidadãos, porque "há mui-
tas pessoas que defendem a eutanásia porque confundem.o desligar da má-quina com a eutanásia". "Desligar a máquina não é para provocar a morte, é para permitir que a pessoa morra com dignidade, porque já é um doen-te em coma que só está vivo por cau-sa das medidas artificiais de suporte de vida", explicou ao IN.
Garante o médico que não há mui-tos casos de doentes a pedirem aos profissionais para os ajudarem a pôr termo à vida. "É raro. A mim nunca me aconteceu. Vou admitir que haja doen-
tes que peçam. mas não é uma situa-ção frequente. Trabalhei numa enfer-maria de medicina interna, com doen-tes terminais, e dois anos e meio no IPO, e nenhum doente pediu eutaná-sia. Não faz parte da nossa cultura".
O Partido Socialista requereu. com caráter de urgência, a audição da bas tonaria dos Enfermeiros ao Parlamen-to. para um "cabal esclarecimento" so bre as declarações que "sugerem que a eutanásia possa ser uma prática pon-tualmente aceite por profissionais de saúde". •
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imunx
\R. \I)1'1\ - IRO
Morte assistida retratada no cinema
A eutanásia já inspirou vários filmes, com destaque para a obra espanhola "Mar Adentro" (2004), que retrata a história verídica de Ramón Sampedro, que ficou tetraplégico num mer-gulho e lutou na justiça para pôr termo à vida. O tema surge tam-bém num filme do mesmo ano, "Million Dollar Baby."
Ana Rita Cavaco garante que não conhece casos
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7213 assinaturas na petição
Até à noite de ontem, a petição que pede a despenalização e regulamentação da morte assistida registava 7243 assinaturas. O documento foi lançado a 21 de fevereiro e alcançou em menos de dois dias as quatro mil assinaturas necessárias para que a questão seja debatida na Assembleia da República. No texto, os signatários descrevem a morte assistida como um "ato de, em res-posta a um pedido do próprio - informado, consciente e reiterado -, antecipar ou abreviar a morte de doentes em grande sofrimento e sem esperança de cura'.
01410.- eutanásia lá fora : A eutanásia ou o suicídio assistido são permitidos em sete países. A Holanda foi o primeiro a legalizar a prática, mas a Suiça é mais conhecida neste âmbito, devido a um associa-ção que ajuda doentes terminais a pôr termo à vida.
Enfermeiro diz ter presenciado vários casos em hospital central TESTEMUNH:, Um enfermeiro que trabalhou vários anos num conhe-cido hospital central garantiu ao IN que "a eutanásia já se pratica em Portugal pelo menos desde meados dos anos 1970".
O profissional de saúde, que só aceitou falar na condição de se ga-rantir o seu anonimato, conta que entrou para o hospital em causa em 1975 e que "foram vários os pacien-tes" que viu desde então serem "ajudados a morrer".
Diz o enfermeiro que "existem várias formas, indolores", de "aju-dar a morrer", mas "uma das técni-cas" que terá visto ser mais utiliza-da era a "injeção de ar nas veias do paciente", que provocava "uma morte sem dor" e que, na eventua-lidade de alguém querer "ir mais longe" no apuramento das causas, indicariam "ataque cardíaco".
Os "vários casos" que este enfer-
Bastonária afirma não estar preocupada
MVESTIGAÇÃO A bastonária da Ordem dos Enfermeiros disse on-tem que não está preocupada com a investigação aberta pela Inspe-ção-Geral das Atividades em Saú-de. por se tratar de um inquérito a uma situação que garante não ter referido. Em declarações à Rádio Renascença e à SIC Noticias. Ana Rita Cavaco (que não esteve dispo-nível para falar com o IN) assegu-rou ontem que nunca quis dizer que tinha conhecimento de casos de eutanásia em Portugal.
melro conheceu aconteceram "normalmente, com pessoas mui-to idosas, sem apoio e sem qual-quer esperança". Conta, no entan-to - "mas sem conhecimento dire-to" - casos com "pacientes a sofrer de forma Inumana", que implora-riam a morte, alegadamente "por saberem que era o único remédio" para pôr fim ao sofrimento.
Parecendo procurar justificação para o que diz ter acontecido "várias vezes", alude a um "dilema insolú-vel" e a "um enorme problema de consciência" quando veem "pessoas sofrer. muitas das vezes de forma atroz", e a pedir "para acabar com aquilo". O enfermeiro, que reconhe-ce "ter havido uma enorme evolu-ção no tratamento da dor", afirma haver "ainda casos" em que, "para quem tem sentimentos", é penoso resistir "a certos apelos, de tão lan-cinantes que são". OSCAR QUBROS
Confrontada com a questão co-locada pela jornalista da Renascen-ça - no debate emitido sábado, so-bre a existência de casos de euta-násia no Serviço Nacional de Saúde - respondeu: "Não fui só eu que disse isso publicamente. (...) Vale a pena nós admitirmos que há coisas que não estão legisladas e portan-to escondemos". A bastonária veio agora garantir que se estava apenas a referir ao debate que existe den-tro das equipas sobre a hipótese de se administrar insulina aos doen-tes, para se lhes provocar um coma glicémico.
"O que eu quis dizer é que Por-tugal não gosta de discutir temas fraturantes. Nunca disse que vi pra-ticar, que se praticava, que admi-nistraram, que vi administrar, que isso evidentemente é um crime e não me podem ser imputadas afir-mações que eu não disse", Insistiu, em declarações à SIC Notícias. •
Deputados rejeitaram legalizar a eutanásia O Parlamento londrino rejeitou em setembro do ano passado uma proposta para legalizar a prática de suicídio assistido. De acordo com a BBC,118 deputados vota-ram a favor e 330 votaram contra o projeto, que visava permitir que adultos com doenças terminais pudessem pôr termo à vida
Primeiro país a legalizar em 2002 A Holanda foi o primeiro país a legalizar a eutanásia, em abril de 2002. Na altura, descriminalizou também o suicídio assistido. A lei holandesa impõe várias condiçôes, entre elas a de a doença diagnosticada ser incu-rável e, nesse contexto, o doente estar a sofrer uma dor insupor-tável, sem que exista qualquer perspetiva de melhorar
OUTROS PA ,5F5 Luxemburgo, Alemanha e Colômbia Também o Luxemburgo tem, desde 2009, leis para a eutaná-sia e o suicídio assistido seme-lhantes à Bélgica. Na Alemanha o suicídio assistido é possível, mas a eutanásia não lá na Co-lômbia, o Ministério da Saúde autorizou o primeiro suicídio as-sistido em julho de 2015 a um doente terminal de 79 anos.
BÉLGICA E SUÍÇA Eutanásia para crianças Vinte portugueses e legalização por estados pediram para morrer A Bélgica descriminalizou a euta- A lei na Sulca permite o suicidio násia em 2002, tendo sido o se- assistido e o pais tornou-se, gundo país a fazé-lo. Mas ficou neste tema, muito conhecido mais conhecida por ter legalizado devido à associação Dignitas, a eutanásia também para crian- que ajuda doentes terminais a ças, em 2010. Já nos Estados pôr termo à vida. Segundo o Unidos da América, o suicídio as- "Diário de Notícias-, até agora, sistido é apenas permitido em vinte portugueses pediram a cinco estados: Washington, Ore- essa associação suíça que os gon, Vermont, New México e ajudasse a morrer e aguardam Montana. pelo procedimento.
- Bolas de morfina dão conforto e antecipam a morte
O recurso a uma in-jeção com ar, para provocar uma crise cardíaca ao paciente, começou a ser subs-tituído por outro pro-
cedimento, ainda de acordo com o enfer-meiro ouvido pelo 1N. Agora, e sobretudo nos casos de doentes oncológicos terminais ou pacientes com in-suficiência respirató-ria, são dadas bolas de morfina, que con-fortam o doente e an-tecipam a morte.
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Enfermeiro admite ter visto eutanásia em hospital Paes
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lorrsaltle Notícias • Fundado em 1888
Paia Favdra Editora-executiva-adjunta
A abrir
Eutanásia sai de baixo do pano
Abastonária da Ordem dos Enfermeiros disse apenas o que há muito suspeitávamos. Nos hospitais, os profis-sionais de saúde, médicos ou enfermeiros - neste caso não importa -, ajudam quem se encontra em sofrimen-
to, sem esperança de algum dia reverter a doença, a encurtar o caminho para a morte. Um gesto de humanidade, assim deve ser entendido. Ditas da forma qué foram ditas, aos microfones da Rádio Renascença, as palavras de Ana Rita Cavaco assumi-ram a importância que a formalidade do cargo amplifica. E têm importância por isso. Numa altura em que cerca de sete mil portugueses assinaram uma petição para que a morte assisti-da seja despenalizada, as palavras da bastonária são um alerta para a necessidade de discutir o assunto, com frontalidade e clareza - deixando de ser tratado "debaixo dos panos', como tem acontecido até agora.
As declarações da bastonária são graves, sem dúvida, quando garante ter ouvido alguns médicos sugerirem que se aplicasse insulina a doentes para provocar um choque insu-línico. Como de costume, às palavras da bastonária seguiu--se um verdadeiro desfile-de abertura de inquéritos. Todos o vão fazer, do Ministério da Saúde à Procuradoria-Geral da República.
No atual quadro legislativo, Ana Rita Cavaco está a dizer que nos hospitais públicos se assiste à prática do crime de homicí-dio e é, por isso, tratada às escondidas. Independentemente dos resultados dos inquéritos, agora em curso, e dos esclareci-mentos no Parlamento, uma vez que o PS chamou a represen-tante dos enfermeiros de urgência à Assembleia da República. Ana Rita Cavaco suaviza o discurso.
Confrontada com a gigantesca onda de reações provocada pelas suas palavras à Renascença, a bastonária dos enfermei-ros veio ontem aligeirar o quadro: esclarecendo não o que dis-se, pois isso não pode modificar, mas o que pretendia dizer. Para sossegar as consciências, garante que a eutanásia não é praticada no Serviço Nacional de Saúde, nem debaixo dos pa-nos. Mas dentro das unidades hospitalares. locais de vida e de cura, muitos a discutem e equacionam como o caminho para pór fim ao sofrimento. E. não menos importante, permitir uma morte digna.
É essa a discussão. Se um médico ou enfermeiro, perante o consentimento consciente do enfermo pode ajudar alguém a morrer. Sem que o ato constitua um crime - tal como aconte-ce em alguns países da União Europeia.
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Ainda sobre a eutanásia
Há momentos em que
circunstâncias terríveis de
sofrimento, aliadas a uma
iminência da morte por
completa falta de solução
médica para o caso, levam o
paciente a não querer viver
mais.
Então, a aprovação do
recurso à eutanásia exige
que se considere a decisão do próprio,
enquanto expressão de liberdade
individual, por sua vez essencial para
que se possa falar de dignidade da pessoa
humana, um valor a que nenhum outro
pode sobrepor-se, no circunstancialismo.
Complicado, sem dúvida, porque pode
haver vida sem liberdade mas não há
liberdade sem vida. Mas adiante.
Partindo do princípio de que a decisão
de morrer se pode considerar livre, o que
ressalta nesta postura é que aquilo que
é decisivo, para que se legitime a opção
pela morte, são as circunstâncias da vida.
Será então, tudo, uma questão de grau de
qualidade de vida.
O que signifi ca que a vida em si e só por si
não tem valor, não é um bem em si. O que
teria valor seria então, só, “uma vida com o
mínimo de qualidade”.
A partir daqui surgirá um primeiro
problema: quem defi ne o grau de qualidade
de vida ainda suportável?
Se é o próprio, estará legitimado o
suicídio, sempre que alguém considere
ter uma vida sem qualidade, seja por que
razões forem. Obviamente, também será
sempre lícita a ajuda ao suicídio.
Terrível esta postura, porque desmobiliza
na ajuda que se deve prestar a quem está
em difi culdades. Mas, sobretudo, terrível,
porque a vida da pessoa não é, para si
mesma, uma coisa de que, como tal, deva
poder dispor. Ninguém começou a viver por
obra sua.
Ora, se não é o próprio que é ouvido na
opção de morrer, e a decisão não é pois
dele, então a eutanásia tem tudo a ver
com o homicídio. Eventualmente com a
atenuante da compaixão (o que relevará a o
nível da culpa do agente), mas mantendo-se
incólume a ilicitude do facto, pelo menos
até ver. A questão da eutanásia é, no fi m
de toda a refl exão, uma questão jurídica e
jurídico-penal.
A Constituição consagra o direito à vida
mas não um direito à morte, “para o caso
de a vida deixar de ter qualidade”. Por
isso é errado falar desse suposto direito à
morte, porque ele não existe. E ainda que
se acrescente “medicamente assistida”, isso
em nada altera o fundamental da questão.
Deve continuar a ser assim, porque se a
vida não for um valor absoluto, cortando
rente através de uma construção jurídica
eticamente fundada, estará aberta a porta
a que se considere um número cada vez
maior de vidas, vidas sem interesse, e se
legitime a sua eliminação.
E, ainda que à margem, não nos podemos
também esquecer de que quem legitima
essa eliminação, seja normativamente,
seja já em cima do caso concreto, pode
estar a atender a razões, de comodidade de
terceiros ou economicistas, que estão muito
para além da pessoa cuja vida está em vias
de ser apagada.
Se a vida humana de cada um,
individualmente considerado, não for
considerada valor intocável (não estando
evidentemente em causa a defesa da vida
de outros), caímos inevitavelmente no
seguinte binómio: há vidas que vale a pena
serem vividas, e que consequentemente
se protegem, e
há vidas que não
vale a pena serem
vividas e que
portanto podem ser
eliminadas. E será
então em face desta
realidade que se irá
optar.
Ora, tal dicotomia
apresenta, entre
outros, o seguinte
problema: a
segunda opção leva
a um desfecho que
é a morte, com a
característica da
irreversibilidade.
Tal
irreversibilidade,
porque respeita ao
bem jurídico mais
valioso de todos
ao que mereceram
consagração, altera
completamente os
dados do problema,
a ponto de se não
poder falar de
duas saídas, ambas
legítimas para a
questão.
Juiz-conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça
PAULO PIMENTA
Debate Morte assistidaJosé Souto de Moura
Por outras palavras: a resposta a uma vida
que se mantém com enorme sofrimento
deve ser sempre a alteração, dentro
do possível, dessas circunstâncias de
sofrimento. O sofrimento físico, antes do
mais, e daí o recurso a cuidados paliativos.
Mas não só. Impõe-se a ajuda psicológica,
a proximidade afetiva e, para quem o
reclamar, o apoio de tipo religioso.
Com a “eminente dignidade da pessoa
humana”, pedra angular de todo o
sistema jurídico civilizado, acontece
algo de complementar e semelhante, na
perspetiva do grande risco que envolve,
nestes domínios, a abertura de exceções.
Por isso o direito sentiu a necessidade de
acrescentar logo àquela fórmula, que essa
dignidade era sempre a mesma, porque era
“de toda a pessoa humana”. Sabemos que
direitos humanos sempre houve, só que...
não eram de todos os humanos.
Existem pessoas muito diferentes
umas das outras, quer do ponto de vista
biológico quer psicológico, e por isso, numa
perspetiva meramente descritiva e portanto
científi ca, podem e devem estabelecer-se
diferenças entre as pessoas.
Mas se fôssemos transferir essas
diferenças para o campo da valoração
normativa, ao defi nir o essencial do
essencial da proteção da pessoa, teríamos
que poder dizer que umas pessoas “têm
mais dignidade” que outras.
Estaria aberta a porta ao maior dos
retrocessos, de que a história nos deu, de
sobejo, exemplos muito tristes. Porque
haveria sempre alguém que iria decidir,
do ponto de vista jurídico, quem tem, e
quem não tem maior dignidade. E esse,
integrar-se-ia naturalmente no grupo dos
primeiros. E esse, tenderia a por ao serviço
dos seus interesses, os que têm menor
dignidade, porque menos protegidos e
portanto mais fracos.
A terminar: estamos na ponta de
uma evolução cultural e civilizacional,
no ocidente, cujas conquistas importa
protegera todo custo. Porquê? Porque têm
por detrás o desejo de se obter, de facto,
para o maior número de pessoas sem
excluir ninguém, o máximo de felicidade
(não confundir com bem estar material).
Cabe ao direito proporcionar os
instrumentos efi cazes, porque coativos,
que previnam as derivas tentadoras
de grupos ou mesmo de indivíduos
isolados, movidos por interesses que são
só setoriais ou particulares, num mundo
que queremos manter de tolerância e
pluralismo cultural.
A inviolabilidade da vida, sublinho, de
toda a vida humana tal como a dignidade
de toda a pessoa humana são criações
jurídicas (para além de outras fontes) que
não podemos deixar cair.
A resposta a uma vida que se mantém com enorme sofrimento deve ser sempre a alteração, dentro do possível, dessas circunstâncias de sofrimento
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NUNO FERREIRA SANTOS
Ordem desconhece caso de médico que disse ter ajudado amigo a morrer
O bastonário da Ordem dos Médicos
(OM), José Manuel Silva, assume que
desconhecia o caso de um médico
que, há uma semana, admitiu ao Ex-
presso ter ajudado um amigo a mor-
rer, depois de este, com um cancro
terminal no pâncreas, lhe ter pedido
ajuda para pôr fi m à vida. A trabalhar
na unidade de cuidados intensivos
do Hospital de São José (Lisboa), o
médico explicou que acedeu ao pe-
dido do amigo como homem, não
como profi ssional de saúde.
O que pretende fazer a Ordem dos
Médicos em relação a este caso? José
Manuel Silva afi rma que vai ser ne-
cessário analisar a situação, perceber
se se tratou de “uma sedação termi-
nal ou de um caso de eutanásia”, se o
caso “já prescreveu ou não” (o prazo
de prescrição é de três anos), para
depois poder decidir se manda abrir
um inquérito.
Ao Expresso, o médico contou que
muitas vezes ouviu da boca de doen-
tes a “súplica, sentida, consciente,
para que lhes terminasse com a vi-
da”, mas que apenas acedeu ao pedi-
do do “melhor amigo” que defi nhava
com um cancro no pâncreas e com a
morfi na “a entorpecer o mal sem o
travar”. Nessa altura tinha 40 anos.
“Foi muito duro, muito difícil. Mas
ele pediu-me e eu fi z”, recordou.
Já em Dezembro passado a revis-
ta Sábado tinha feito fez capa com o
caso de um médico que admitia ter
ajudado a morrer quatro doentes.
Mas em relação a este caso a Ordem
dos Médicos nada poderá fazer, por-
que o clínico prestou declarações sob
anonimato. “Há aqui uma confusão
de conceitos. A forma como a men-
sagem [sobre a morte assistida] está
a ser transmitida é mistifi cadora”,
contesta José Manuel Silva, que já tor-
nou claro que é contra a prática da
eutanásia, depois de um movimen-
to cívico ter lançado um manifesto e
uma petição pela despenalização da
eutanásia e do suicídio medicamente
assistido. O bastonário insiste que o
tema tem de ser debatido e admite
fazer um referendo interno sobre a
eutanásia.
O assunto voltou à ordem do dia
depois de ontem a Ordem dos Mé-
dicos ter reagido de forma contun-
dente às declarações da bastonária
que possa fazer um “cabal esclare-
cimento” e “evitar o alarme social”.
Do lado de alguns representantes
de médicos e de enfermeiros, as reac-
ções foram de perplexidade. “Insuli-
na? Isso é estranho. Nunca ouvi falar
na insulina como forma de abreviar a
vida e estou no SNS há quase 43 anos.
O que se faz nos hospitais é prestar
medidas de conforto aos doentes, se-
dação, até para retirar a dor, mas daí
a dizer que a dose de morfi na é para
matar... O que os médicos fazem em
situações irreversíveis é parar com
os suportes artifi ciais [de vida], até
porque não podem insistir no encar-
niçamento terapêutico [distanásia]”,
explica a dirigente da Federação Na-
cional dos Médicos (FNAM), Merlinde
Madureira, que assinou o manifesto
pela despenalização da morte assis-
tida. “Esta é uma questão de liberda-
des individuais”, precisou.
Sublinhando que já testemunhou
muitas situações de doentes que di-
zem “eu quero morrer em casa” e
que acabam por morrer nos hospi-
tais porque se acredita que, ali, os
cuidados são melhores, Merlinde
Madureira conta que também já ou-
viu muitos pacientes afi rmarem que
estão “fartos” e pedirem: “Deixem-
me ir.” “Já dei a mão a muita gente
que vai morrer”, acentua a dirigente
da FNAM, que é especialista em me-
dicina interna.
Guadalupe Simões, da direcção do
Sindicato dos Enfermeiros, assume
que recebeu as declarações da basto-
nária com “profunda preocupação”.
“A forma como foram feitas as afi rma-
ções e como estão a ser interpretadas
põe em causa toda uma profi ssão cuja
missão é salvar vidas”, lamentou.
Guadalupe Simões assevera que
nunca “um enfermeiro recorreu ao
sindicato dizendo que tinha sido co-
locado perante uma situação seme-
lhante” de administrar insulina em
doentes terminais, para induzir o co-
ma. Além disso, esclarece, no Código
Deontológico dos Enfermeiros, está
dito que um enfermeiro tem a obri-
gatoriedade expressa de comunicar
à Ordem tudo o que possa colocar
em causa a profi ssão e a segurança
dos doentes. A dirigente sindical sa-
lienta a diferença que existe entre
a eutanásia, de que falou Ana Rita
Cavaco, e a administração terapêu-
tica a doentes para reduzir a dor
no âmbito dos cuidados paliativos.
com Ana Dias Cordeiro
que Ana Rita Cavaco afi rmou que as-
sistiu “pessoalmente” a situações em
que “houve médicos que sugeriram
por exemplo administrar insulina a
doentes para lhes provocar um coma
insulínico”. “Não estou a chocar nin-
guém porque quem trabalha no SNS
sabe que estas coisas acontecem”,
acentuou no programa Em Nome da
Lei, para logo acrescentar: “Eu não
estou a dizer que as pessoas o fazem,
estou a dizer que temos de falar so-
bre essas situações.” “Sabemos que
isto existe e existe debaixo do pano,
por isso vamos falar abertamente”,
insistiu.
Mais tarde, e já depois do comuni-
cado muito crítico da OM e de se sa-
ber que o Ministério Público ia abrir
um inquérito, Ana Rita Cavaco asse-
gurou que foi mal interpretada e que
aquilo que pretendia dizer era apenas
que esta discussão se faz dentro das
equipas formadas por médicos e en-
fermeiros nos hospitais do SNS. “Dis-
cutir não é crime”, acentuou ao PÚ-
BLICO, garantindo que não assistiu
a casos de eutanásia nos hospitais do
públicos, em “18 anos de profi ssão”.
Em comunicado, a OM anun-
ciou ia apresentar uma partici-
pação ao Ministério Público
e à Inspecção-Geral das
Actividades em Saúde (IGAS) con-
tra a bastonária dos Enfermeiros,
por considerar as suas declarações
“gravíssimas”. Frisando que desco-
nhece qualquer caso de “eutanásia
explícita ou encapotada nos hospi-
tais do SNS ou noutras instituições de
saúde”, a OM defendeu que, “inde-
pendentemente das posições indivi-
duais relativamente à legalização da
eutanásia, o teor destas declarações
é extraordinariamente grave, pois en-
volve médicos e enfermeiros na ale-
gada prática encapotada de crimes
de homicídio em hospitais do SNS”.
Já o ministro Adalberto Campos
Fernandes disse não acreditar que
os profi ssionais de saúde não cum-
pram a lei no caso da eutanásia e as-
segurou que a bastonária da Ordem
dos Enfermeiros terá oportunidade
de explicar melhor as suas pala-
vras. “Solicitei à inspectora-geral das
actividades em saúde uma primeira
iniciativa para esclarecer eventuais
dúvidas que possam existir”, disse o
ministro, para quem a bastonária dos
Enfermeiros é uma pessoa “muito
inteligente” que em breve “terá oca-
sião de explicar melhor as suas pala-
vras”. O PS entregou, entretanto, um
requerimento para ouvir no Parla-
mento Ana Rita Cavaco, de forma a
Profissionais ouvidos pelo PÚBLICO dizem nunca ter ouvido falar de indução do coma por insulina
Ordem dos Médicos anunciou queixa contra bastonária dos Enfermeiros por esta ter falado de eutanásia nos hospitais. José Manuel Silva desconhecia que médico admitiu a jornal ter ajudado amigo a morrer
Morte assistidaAlexandra Campos
“Quem trabalha no Serviço Nacional de Saúde sabe que estas coisas acontecem”Ana Rita CavacoBastonária da Ordem dos Enfermeiros
da Ordem dos Enfermeiros que, no
sábado, num programa da Rádio
Renascença, disse ter presenciado
situações em que estaria em causa
a prática de eutanásia em hospitais
públicos.
A forma como se exprimiu desen-
cadeou grande polémica uma vez
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A polémica está instalada depois de a bastonária da Ordem dos Enfermeiros ter falado, em entrevista, da eutanásia nos hospitais públicos e de médicos terem apresentado queixa p6
Ordem desconhececaso de médico queajudou amigo a morrer
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Eutanásia. Revelação de
bastonána gera críticas e força
investigação do MP Ana Rita Cavaco começou por dizer que a sua voz era apenas uma a
juntar-se à de outras "figuras públicas" a falar abertamente sobre a prática da eutanásia. Depois veio rever as suas palavras. Mas era tarde
PEDRO RAINHO
pedro.rainho(d)ionline.pt
O Ministério Público (MP) vai investigar as declarações da bas-tonária da Ordem dos Enfermei-ros (0E), que disse ter "vivido pes-
soalmente situações" em que a eutanásia foi uma possibilidade ponderada por médicos e enfer-meiros do Serviço Nacional de Saúde. Ana Rita Cavaco veio entre-tanto explicar• que se estava a refe-rir à "discussão" que existe "den-tro das equipas", mas as ondas
de choque da suas palavras à Rádio Renascença multiplica-ram-se nas últimas horas.
As primeiras declarações da bas-tonária sugeriram que a eutaná-sia era praticada nos hospitais por-tugueses Num painel em que se discutia a eutanásia, Ana Rita Cava-co deu o seu testemunho: "Eu vivi situações pr~linente. Não pre-ciso de ir buscar outros exemplos em que, em conjunto - nós traba-lhamos em equipa, enfermeiros e médicos -, houve médicos que sugeriram administrar insulina àqueles doentes para lhes provo-car um coma insulínico."
A um comentário da jornalista, que sublinhou o facto de estarem em causa atasque constituem cri-me, a bastonária acrescentou: "É um crime, sim, mas há efetiva-mente isso em todos os setores da sociedade, e mais vale discu-tirmos." Ana Rita Cavaco desta-cou ainda o facto de haver "mais figuras públicas" a admitir a exis-tência dc situações-limite em que a morte dos doentes passa a ser uma opção para os profissionais de saúde. "Sabemos que isto exis-te e que existe por baixo do pano, por isso vamos falar abertamen-te sobre elas", concluiu.
MI:, VAI INVESTIGAR Ficas primei-ras declarações da bastonária for-
çaram o IVfinisiério Público a tornar uma posição. Em resposta ao i, a Procuradoria-Geral da Repúbli-ca admitiu uma investigação aos casos mencionados por Ana Rita Cavaco. "O Ministério Público.
sempre que tem conhecimento de factos suscetíveis dc integra-rem a prática de crimes, age em conformidade através da instau-ração do competente inquérito."
O relato que a bastonár•ia da Ordem dos Enfermeiros parti-lhou no programa "Em nome da lei" pode configurar os crimes de homicídio a pedido da vítima, por um lado, ou incitamento ou aju-da ao suicídio, por outro. No pri-meiro caso, a moldura penal é dc três anos de prisão (a pnipria ten-tativa, mesmo que não consuma-da, é igualmente punida). No segundo, quem incitar ao suicí-dio ou ajudar alguém a pôr ter-mo à própria vida incorre numa pena que pode ir até aos cinco anos de prisão, nos casos em que a pessoa incitada ou ajudada for menor de 16 anos "ou tiver, por qualquer motivo, a sua capacida-de de valoração ou de determi-nação sensivelmente diminuída".
Práticas de eutanásia podem ser punidas com penas de prisão
até cinco anos
Bastonária dos Enfermeiros
garante que nunca assistiu a nenhum caso de eutanásia
Nos restantes casos, a pena máxi-ma é de três anos.
MAIS INVESTIGAÇÕES E CRÍTICAS
Já ontem, a bastonária veio escla-recer as suas declarações, reafir-
mando a vários meios de comu-nicação social que elas teriam sido mal interpretadas e que nunca assistiu a qualquer prática ilegal.
Novamente à Renascença, e questionada sobre o conhecimen-
to dc casos em que médicos ou enfermeiros tenham praticado a
eutanásia, Ana Rita Cavaco negou que alguma vez tal tivesse acon-tecido. "Com certeza que não, porque, se tivesse, é evidente que tinha a obrigação, não só como cidadã, mas uma obrigação deon-tológica e ética de o comunicar imediatamente", referiu.
No entanto, as consequências já se tinham multiplicada O Minis-tério da Saúde foi o primeiro a agir, pedindo que, "com caráter de urgência e tendo em vista o cabal esclarecimento dos cida-dãos", a Inspeção-Geral das Ati-vidades em Saúde investigasse as declarações da bastonária.
O próprio ministro da Saúde falou sobre a questão para con-firmar a abertura do inquérito e pedir serenidade. "Não acredita-mos que os profissionais do SNS não façam aquilo que a lei deter-mina, que a sua consciência exi-ge e que os princípios da ética e rigor profissional exigem", disse Adalberto Campos Fernandes.
O bastonário da Ordem dos Médicos, representante de parte dos profissionais envolvidos nes-ta questão, foi o mais crítico da congénere. "Surpreendido" com as declarações de Ana Rita Cava-co, José Manuel Silva disse que, "se tem [conhecimento de] casos concretos", a bastonária "devia tê-los denunciado, pela defesa e dignidade dos enfermeiros."
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Droga está disponível na Internet 1) R
Portugal na lista de clientes de droga que provoca morte imediata
Bastonária da Ordem dos Enfermeiros diz que são os próprios doentes que pedem para morrer ,11i-TTERtiTk
Citações
"Vivi situações, não preciso de ir buscar outros exemplos, em que em conjunto — trabalhamos em equipa, enfermeiros e médicos — houve médicos que sugeriram administrar insulina àqueles doentes para lhes provocar um coma insulínico" - "E um crime, sim, mas há efetivamente isso em todos os setores da sociedade, e mais vale discutirmos [esta questão]" Ana Rita Cavaco BASTONAKA DA ORDEM DOS ENFERMEIROS
É ilegal mas também de fácil acesso. Instituto de Medicina Legal já confirmou quatro mortes por consumo da droga Nos últimos sete anos, quatro pessoas morreram em Portu-gal pelo consumo de uma dro-ga ilegal comercializada na internet. Segundo dados dis-ponibilizados pelo Instituto de Medicina Legal a que a revis-ta "Visão" teve acesso, "houve quatro casos [de mortes por consumo desta substância] entre 2009 e 2015. dois deles suicídios".
Tailândia, China, México, Peru: a origem é variada e o mercado de consumo ainda mais - pelo menos 18 países, entre a Ásia, os Estados Uni-dos e a Europa, Portugal incluí-do. À revista "Visão", Philip Nitschke (um antigo médico e reconhecido militante pró--eutanásia que por essa bata-lha ganhou a alcunha de "Dr. Morte") diz que a organização Exit International tem 30 regis-tos diferentes de potenciais clientes da droga com mora-da em Portugal "Cerra de meta-de dos membros inscritos com-praram o nosso livro, e geral-mente todos o fazem com o fim de obter a droga", refere Nitschke, deixando em aber-to a possibilidade de alguns poderem tê-Ia tomado. "Sabe-mos que alguns indivíduos a receberam e, como nunca mais ouvimos falar deles, acredita-mos que, provavelmente, a dro-ga terá sido usada"
DROGA RARA ANIAWS Usar a dro-ga no mundo da veterinária é uma prática recorrente. O fim é o mesmo: a morte de animais de grande porte (ainda que possa ser usada apenas para
anestesiar estes animais). O produto está disponível no
mercado portuguès, mas a aqui-sição está restringida a médi-cos veterinários. "Há medica-mentos veterinários que con-tém a mesma substância ativa, mas são de uso exclusivo por médicos veterinários e adqui-ridos nos distribuidores auto-rizaclos pelo Infarrned, median-te receita médico-veterinária especial e seguindo os requi-sitos obrigatórios para a aqui-sição de estupefacientes", refe-riu à "Visão" a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária.
RISCOS DO MERCADO NEGRO
Regra geral, a droga é vendi-da na sua forma líquida (mas cm alguns casos também está disponível em pó).
Com a quantidade adequa-da (entre 10 e 12 gramas, segun-do o próprio "Dr. Morte"), uma toma basta para que se consi-ga o efeito desejado: a morte. E o resultado é obtido em pou-cos segundos.
Mas o processo não é isento de riscos. Sobretudo porque. estando em causa a compra e venda através da internei, a qualidade do produto que se está a adquirir não pode ser garantida a todo o momento (a Exit International mantém um registo atualizado dos pon-tos seguros de venda, mas o acesso a essa lista tem um cus-to associado).
O consumo de produtos nes-te mercado negro "acarreta vários riscos, nomeadamente a auséncia da substância ati-va, a sua presença numa quan-tidade inadequada e a possibi-lidade de os fármacos estarem contaminados com substân-cias tóxicas", referiu àquela revista a presidente da Socie-dade Portuguesa de Anestesio-logia, Rosário Órfão.
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Bastonária dos Enfermeiros afinal nega que exista eutanásia no SNS
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