22 / nov veloce · ministério da cultura e itaú apresentam presto 22 / nov veloce 23 / nov...
TRANSCRIPT
PRESTOVELOCE
2 2 / N O V
2 3 / N O V
F O R T I S S I M O N º 2 1 — 2 0 1 8
PIOTR ILITCH TCHAIKOVSKY
Cláudio Cruz, regente convidado
Daniel Müller-Schott, violoncelo
Ministério da Cultura eItaú apresentam
PRESTO2 2 / N O V
VELOCE2 3 / N O V
P R O G R A M A
I N T E R V A L O
JOHANNES BRAHMS
JOHANNES BRAHMS
ALEKSANDR GLAZUNOV
Variações sobre um tema de Haydn, op. 56a
Sinfonia nº 3 em Fá maior, op. 90Allegro con brio
Andante
Poco allegretto
Allegro
Duas peças para violoncelo, op. 20Melodia
Serenata Espanhola
Variações sobre um tema Rococó, op. 33
Com a participação de dois músi-
cos que retornam a BH depois de
grande sucesso em nosso palco, a
Filarmônica presta uma homena-
gem a alguns dos mais importantes
compositores românticos. Abrindo
e encerrando o programa, duas
obras emblemáticas de Johannes
Brahms. Suas Variações sobre um
tema de Haydn mostram o apego
que o compositor alemão tinha
às tradições clássicas da música
germânica que o antecederam. Já
em sua Terceira Sinfonia Brahms
Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra F i larmônica de Minas Gerais desde sua criação, em 2008, Fabio Mechetti posicionou a orquestra mineira no cenário mundial da música erudita. Além dos prêmios conquistados, levou a Filarmônica a quinze capitais brasileiras, a uma turnê pela Argen-tina e Uruguai e realizou a gravação de oito álbuns, sendo três para o selo internacional Naxos. Natural de São Paulo, Mechetti serviu recentemente como Regente Principal da Filarmônica da Malásia, tornando-se o primeiro
regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática.
Nos Estados Unidos, Mechetti esteve quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville e, atualmente, é seu Regente Titular Emérito. Foi tam-bém Regente Titular das sinfônicas de Syracuse e de Spokane, da qual hoje é Regente Emérito. Regente Associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington, com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio. Da Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente. Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Sinfônica de Nova Jersey. Continua dirigindo inú-meras orquestras norte-americanas e é convidado frequente dos festivais de verão norte-americanos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York.
Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmem, Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème, Madame Butterfly, O barbeiro de Sevilha, La Traviata e Otello.
Suas apresentações se estendem ao Canadá, Costa Rica, Dinamarca, Escócia, Espanha, Finlândia, Itália, Japão, México, Nova Zelândia, Suécia e Venezuela. No Brasil, regeu todas as importantes orquestras brasileiras.
Fabio Mechetti é Mestre em Regência e em Composição pela Juilliard School de Nova York e vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, da Dinamarca.
revela toda a sua verve romântica,
numa das mais célebres sinfonias
do repertório sinfônico.
O violoncelista alemão Daniel
Müller-Schott nos presenteia com
duas obras-primas escritas para
o instrumento: a charmosa peça
de Glazunov e a célebre Variações
Rococó de Tchaikovsky.
Uma noite para sair assobiando…
FABIO MECHETTI
FABIO MECHETTI
Diretor Artístico e Regente Titular
FOTO
: RAF
AEL
MO
TTA
CAROS AMIGOS E AMIGAS,
FOTO
: UW
E AR
ENS
DANIEL MÜLLER-SCHOTT
Daniel Müller-Schott está entre os melho-res violoncelistas do mundo e pode ser ouvido nos mais importantes palcos. The New York Times o considera “um artista destemido com técnica de sobra”.
Daniel é convidado de importantes or- questras, entre elas as de Nova York, Boston, Cleveland, Chicago, Filadélfia, San Francisco e Los Angeles; Filarmô-nica de Berlim, Gewandhaus de Leipzig, orquestras das rádios de Berlim, Munique, Frankfurt, Stuttgart, Leipzig, Hamburgo, Copenhague e Paris, Filarmônica e Sinfônica de Londres, sinfônicas da Cidade de Birmingham, Nacional da Espanha, NHK, Nacional de Taiwan, de Sydney e de Melbourne. Apresentou-se com a Filarmônica em 2013 e 2015.
Trabalha com maestros como Kurt Masur, Lorin Maazel, Yakov Kreizberg, Vladimir Ashkenazy, Thomas Dausgaard, Charles Dutoit, Christoph Eschenbach, Iván Fischer, Alan Gilbert, Gustavo
Gimeno, Bernard Haitink, Neeme Järvi, Dmitrij Kitajenko, Susanna Mälkki, Andris Nelsons, Gianandrea Noseda, Andrés Orozco-Estrada, Kirill Petrenko, André Previn, Michael Sanderling e Krzysztof Urbański.
Dedicado à expansão do repertório do violoncelo, recebeu composições de Sir André Previn, Peter Ruzicka, Sebastian Currier e Olli Mustonen.
Nesta temporada ele realiza concertos com a Orquestra Tonhalle de Zurique, Filarmônica Real, sinfônicas de Dallas, St. Louis e RTV Espanhola. Fará turnês com Julia Fischer, Nils Mönkemeyer, Baiba Skride e Xavier de Maistre. No Carnegie Hall, tocará com Anne-Sophie Mutter e Lambert Orkis.
Daniel recebeu o Prêmio Aida Stucki 2013 da Fundação Anne-Sophie Mutter. Estudou com Walter Nothas, Heinrich Schiff, Steven Isserlis e Mstislav Ros-tropovich. Aos quinze anos, recebeu o primeiro prêmio no Concurso Interna-cional Tchaikovsky para Jovens Músicos.
Daniel Müller-Schott se apresenta com o violoncelo Ex Shapiro feito por Matteo Goffriller em Veneza, 1727.
FOTO
: JEF
ERSO
N C
OLA
CCIC
O
Cláudio Cruz é Regente Titular e Diretor Musical da Orquestra Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo. Ocupou o cargo de spalla da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) entre 1990 e 2014.
O maestro tem atuado como regente convidado de orquestras como a Sinfonia Varsovia, New Japan Philharmonic, Hyogo Academy, Hiroshima Symphony, Svogtland Philharmonie, Alemanha, Jerusalem Symphony, Orquestra de Câmara de Osaka, Orquestra de Câmara de Toulouse, Sinfônica de Avignon, Northern Sinfonia, Inglaterra, entre outras. No Brasil, regeu a Osesp, a Sinfônica do Paraná, Sinfô-nica Brasileira, Sinfônica Municipal de São Paulo, Sinfônica de Porto Alegre e Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro. Cláudio Cruz conduziu a Filarmônica de Minas Gerais em 2016.
Entre suas participações em festivais, dirigiu a Orquestra Acadêmica do Festival Internacional de Campos de Jordão em 2010 e 2011. No exterior, apresentou-se no Festival de Verão da Carinthia, Áustria, e no Festival Internacional de Música de
Cartagena, Colômbia, onde atuou como camerista e regente convidado da Osesp.
Cláudio Cruz foi regente e diretor artístico da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas, da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto e da Orquestra de Câmara Villa-Lobos. Com elas gravou CDs contendo obras de Carlos Gomes, Beethoven, Mozart, Tom Jobim e Edino Krieger.
Atuou como diretor artístico e regente nas montagens das óperas Lo Schiavo e Don Giovanni em Campinas, Rigoletto e La Bohème em Ribeirão Preto.
Cláudio Cruz foi premiado pela Associa-ção Paulista de Críticos de Artes (APCA), Prêmio Carlos Gomes, Prêmio Bravo, Grammy Awards, entre outros.
CLÁUDIO CRUZ
Piccolo, 2 flautas, 2 oboés,
2 clarinetes, 2 fagotes,
contrafagote, 4 trompas,
2 trompetes, tímpanos,
percussão, cordas.
V A R I A Ç Õ E S S O B R E U M T E M A D E H A Y D N , O P . 5 6 A1873 / 17 minutos
Instrumentação
Com as Variações sobre um tema de
Haydn, Brahms alimenta, de modo
eloquente, a discussão em torno
de um importante motor de sua
produção musical: o jogo de forças
representado pelo Classicismo e
pelo Romantismo. Com efeito, os
ideários dessas forças, com tudo
que representam em termos da
diversidade de concepções estéti-
cas e de realizações composicionais,
parecem estar no cerne da criação
brahmsiana. Se considerarmos ainda
seu compromisso com a história e
com as transformações da lingua-
gem musical, aliado à sua reverên-
cia a Beethoven, em particular às
sinfonias do ilustre predecessor –
que lhe impuseram um longo
período de gestação à Primeira
Sinfonia –, acrescentaremos um
dado importante ao contexto das
Variações. É durante esse período
que Brahms prepara-se para a sinfo-
nia, mas o faz assumindo o desafio
em outro domínio no qual Beethoven
também havia atingido uma arte
consumada. As transformações às
quais é submetido um tema alcan-
çam, nas variações beethovenianas,
um tal grau de complexidade, que a
semelhança com o ponto de partida
diminui, ao longo do percurso, e o
compositor muitas vezes mantém
apenas traços do original – entre
os quais fragmentos melódicos,
estruturas harmônicas, motivos
rítmicos – nem sempre perceptíveis,
senão após várias audições. O tema
das Variações, cuja autoria, hoje, é
atribuída a um aluno de Haydn, foi
extraído do segundo movimento de
um Divertimento para instrumentos
de sopro. Dele, a harmonização de
uma singela melodia de peregrinos –
Coral de Santo Antônio – é mantida
na íntegra por Brahms. As notas
repetidas, ao final do Tema, são o
traço comum entre este e a Primeira
Variação, mas o compositor já nos
conduz a um terreno distante. Aqui,
não apenas a orquestração oferece
um contraste marcante com o Tema,
mas também as transformações me-
lódicas e a textura polifônica. Em
1872, em carta a Clara Schumann,
Brahms havia mencionado a assi-
duidade com a qual se dedicava
ao estudo do contraponto. No
ano seguinte, com as Variações, o
compositor legou-nos uma de suas
realizações mais importantes no
domínio da escritura contrapon-
tística, que permeia toda a obra.
Quanto à variedade e aos contras-
tes, tratados segundo um princípio
de unidade na diversidade, a consi-
deração de Schoenberg a respeito
da observância, em Brahms, da
“concepção sistemática do aspecto
global de um movimento” bem se
aplica às Variações. A ideia de um
todo coeso é plenamente realizada,
ainda que cada variação caracte-
rize-se seja pela rítmica – vigorosa
como um movimento de marcha,
na Sexta Variação, ou leve como um
movimento de dança, na Siciliana
da Sétima Variação –, seja pela
mudança de modo – como na
tonalidade menor das Variações
II, IV e VIII –, seja ainda por carac-
terísticas particulares de melodia
e de orquestração. Rigorosa em
sua arquitetura formal de linhas
clássicas, a obra segue um cami-
nho no qual a alma brahmsiana
deixa aflorar um quê do pathos
romântico e, no Finale, vai buscar
em uma das formas mais caras ao
período Barroco, a Passacalha, os
passos, a partir de um tema solene,
para conduzir as Variações à sua
grandiosa conclusão.
Referências
Para ouvir
MP3 Johannes Brahms –
Symphony nº 4; Haydn
Variationen; Tragische
Ouvertüre – Berliner
Philharmoniker –
Herbert von Karajan,
regente – Deutsche
Grammophon –
1988/2010
Para assistir
Philadelphia Orchestra –
Riccardo Muti, regente
Acesse: fil.mg/bvariacoes
Editora Breitkopf & Härtel
com a Filarmônica
Primeira apresentação
Para ler
D. J. Grout & C. V.
Palisca – História da
Música Ocidental –
Gradiva – 1994
Para ler
Styra Avins – Johannes
Brahms: Life and
Letters – Oxford
University Press –
2004
Oiliam Lanna Compositor, professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.
BRAHMSJ O H A N N E S
Hamburgo, Alemanha, 1833 – Viena, Áustria, 1897
Referências
2 flautas, 2 oboés,
2 clarinetes, 2 fagotes,
4 trompas, harpa, cordas.
D U A S P E Ç A S P A R A V I O L O N C E L O , O P . 2 01888 / 10 minutos
Aleksandr Glazunov foi um dos mais
festejados compositores russos de
seu tempo. Sua mãe, Elena Pavlovna,
era uma excelente pianista ama-
dora, enquanto o pai, Konstantin,
tocava violino e descendia da mais
tradicional família de editores de
São Petersburgo. Nesse lar afortu-
nado, Glazunov pôde desfrutar de
vantagens excepcionais, como ter o
talento musical desenvolvido e apoi-
ado por eminentes compositores,
tais como Mily Balakirev e Nikolai
Rimsky-Korsakov. O primeiro grande
sucesso de Glazunov foi sua Sinfonia
nº 1, escrita em 1881, quando tinha
dezesseis anos de idade. A obra,
estreada no ano seguinte, causou
sensação em São Petersburgo e
chamou a atenção do editor musi-
cal Belyayev, que a partir de então
promoveu amplamente a música
de Glazunov. Em 1884, Belyayev
levou Glazunov em uma longa
viagem, visitando diversos países
entre Marrocos e Espanha, a fim
de divulgar sua obra. Em Weimar,
Belyayev realizou a estreia alemã
da Primeira Sinfonia de Glazunov:
“o mundo falará deste compositor”,
disse Franz Liszt na ocasião.
Após o êxito da Primeira Sinfonia,
Glazunov obteve reconhecimento
pela composição de seu primeiro
Quarteto de cordas: “o talento de
Glazunov é inegável”, reconheceu
Tchaikovsky ao examinar a parti-
tura dessa obra, escrita pelo jovem
de dezessete anos. O Quarteto de
Glazunov foi estreado por grandes
nomes, entre eles o violinista Leopold
Auer – ao qual dedicaria seu Concerto
para violino, uma de suas compo-
sições mais populares – e o violon-
celista Alexander Wierzbilowicz,
músico do czar e professor no
Conservatório de São Petersburgo. Em
gratidão a Wierzbilowicz, Glazunov
compôs Duas peças para violoncelo e
orquestra, op. 20: Mélodie, de 1887, e
Sérénade espagnole, de 1888, assim
como Chant du Ménestrel, de 1901.
Tais obras são executadas tanto na
versão para violoncelo e orquestra
quanto na redução para violoncelo
e piano, realizada por Glazunov, e
denotam o domínio do compositor
sobre a escrita para o instrumento,
assim como a equilibrada orques-
tração e a clareza contrapontística.
Mélodie é uma peça curta, encanta-
dora e delicadamente orquestrada.
Lírica e calma, possui um toque da
melancolia russa, prenunciando
Rachmaninov. Glazunov, além de
suas ligações com os compositores
nacionalistas russos, foi influenciado
pela música folclórica espanhola,
húngara e asiática. Enquanto a
primeira peça, Mélodie, apresenta
colorações modais e um idioma
mais cosmopolita, a segunda e
breve Sérénade espagnole evoca
lembranças da visita de Glazunov
à Espanha. Na orquestração, o
compositor utiliza a harpa e os
pizzicatti das cordas para efeitos
da guitarra flamenca. No trecho
central da Sérénade surge uma nova
e marcante melodia, cuja linha e
acompanhamento assemelham-se
à canção popular andaluza El paño
– a mesma utilizada por Manuel de
Falla décadas mais tarde em seu
ciclo de canções. Sérénade espagnole,
posteriormente, recebeu letra de
Mikhail Ulitsky e uma adaptação da
parte solo para violino, realizada
pelo célebre violinista austríaco
Fritz Kreisler, versão tão famosa
quanto a original.
Instrumentação
Para ler
Attila C. Sampaio
e Dietmar Holland –
Guia Básico
dos Concertos –
Civilização Brasileira –
1995
GLAZUNOVA L E K S A N D R
São Petersburgo, Rússia, 1865 – Paris, França, 1936
Marcelo Corrêa Pianista, Mestre em Piano pela Universidade Federal de Minas Gerais, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais.
Para ouvir
CD – Tchaikovsky,
Glazunov, R-Korsakov,
Cui – The Chamber
Orchestra of Europe –
John Eliot Gardiner,
regente – Steven
Isserlis, violoncelo –
Virgin Classics – 1990
Editora Belaieff
com a Filarmônica
Primeira apresentação
Referências
Para assistir
Orquesta Freixenet de
la Escuela Reina Sofía –
Pablo Ferrández,
violoncelo – Zubin
Mehta, regente –
Acesse: fil.mg/tvariacoes
Para ler
Anthony Holden –
Piotr Ilitch
Tchaikovsky: uma
biografia – Record –
1999
2 flautas, 2 oboés,
2 clarinetes, 2 fagotes,
2 trompas, cordas.TCHAIKOVSKYP I O T R I L I T C H
V A R I A Ç Õ E S S O B R E U M T E M A R O C O C Ó , O P . 3 3
Votkinsk, Rússia, 1840 – São Petersburgo, Rússia, 1893
1876 / 18 minutos
Em 1876 Tchaikovsky vivia em
Moscou havia dez anos e ganhava a
vida como professor do Conservató-
rio. Desencantado com os recentes
fracassos de suas obras, iniciou
a composição de uma peça para
violoncelo e pequena orquestra,
à moda antiga, com o intuito de
fazer-se conhecido: as Variações
sobre um tema Rococó. No final
do século XVIII e início do XIX, as
séries de variações sobre uma ária
famosa de ópera, ou uma canção
folclórica, foram extremamente
populares como forma de exibição
dos virtuoses. A composição das
variações, muitas vezes, ficava a
cargo do próprio solista, que criava
os mais incríveis malabarismos em
seu instrumento para uma melhor
demonstração dos seus dotes de
instrumentista.
Tchaikovsky e Wilhelm Fitzenhagen
deviam ter algo parecido em men-
te quando decidiram juntar esfor-
ços em uma nova composição.
Fitzenhagen era concertista e pro-
fessor de violoncelo no Conservatório
de Moscou. Os dois desenvolveram
uma sólida amizade, e Tchaikovsky
parecia confiar em Fitzenhagen
sempre que precisava escrever para
o violoncelo. Fitzenhagen, que já
havia estreado alguns quartetos
de cordas de Tchaikovsky, recebeu
deste a permissão para alterar a
parte do violoncelo de sua recém-
composta Variações Rococó. No
entanto, Fitzenhagen parece ter
tomado liberdades exageradas,
pois, além de modificar considera-
velmente a composição, eliminou a
oitava variação e alterou a ordem
das restantes. Dessa maneira, a
concepção original de Tchaikovsky,
que consistia em introdução, tema,
oito variações e coda, ganhou o
seguinte plano: Introdução, tema,
variação 1, variação 2, variação 6,
variação 7, variação 4, variação 5,
variação 3 e coda (reduzida).
Nem o tema nem as variações são
verdadeiramente rococó, embora
o tema traga consigo algumas
características do estilo, tais como
leveza, elegância e graciosidade.
Trata-se de um tema composto
por Tchaikovsky naquele tipo de
visão estilizada da arte antiga, tão
comum no século XIX.
A obra foi composta entre dezem-
bro de 1876 e março de 1877. O
sucesso da estreia, em 1877, das
apresentações seguintes e a pro-
jeção do nome de Tchaikovsky no
exterior parecem ter convencido
o ainda desconhecido e inseguro
compositor a manter as alterações
de Fitzenhagen quando a obra foi
publicada, em 1878, na versão para
violoncelo e piano. A publicação da
partitura de orquestra, em 1889,
selou para sempre o destino da obra.
As alterações que Fitzenhagen fez
na obra visavam mais que uma mera
exibição de virtuosismo. Nos concer-
tos do século XIX eram comuns os
aplausos no meio da música sem-
pre que surgia um momento de
especial bravura. A reorganização
que Fitzenhagen fez na ordem das
variações buscava produzir um
maior impacto na plateia. Sua ver-
são é brilhante, enquanto a original
é mais coesa e formalmente mais
dramática. A versão de Tchaikovsky/
Fitzenhagen é a mais conhecida
e, praticamente, a única que foi
executada desde 1877. Apenas
recentemente veio à tona a ver-
são original como Tchaikovsky a
concebeu.
Instrumentação
Guilherme Nascimento Compo-sitor, Doutor em Música pela Unicamp, professor na Escola de Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e Música menor.
Para ouvir CD Dvorák
Cellokonzert;
Tchaikovsky Rokoko
Variationen – Berliner
Philharmoniker –
Herbert von Karajan,
regente – Mstislav
Rostropovich,
violoncelo – Deutsche
Grammophon – 1996
Editora Muzgiz
Última apresentação
09/12/2014
Fabio Mechetti, regente
Asier Polo, violoncelo
Referências
Para assistir
Wiener Philharmoniker
– Leonard Bernstein,
regente – Acesse:
fil.mg/bsinf3
Para ler
Roland de Candé –
História Universal
da Música – Martins
Fontes – 1994
2 flautas, 2 oboés,
2 clarinetes, 2 fagotes,
contrafagote, 4 trompas,
2 trompetes, 3 trombones,
tímpanos, cordas.BRAHMSJ O H A N N E S
S I N F O N I A N º 3 E M F Á M A I O R , O P . 9 0
Hamburgo, Alemanha, 1833 – Viena, Áustria, 1897
1883 / 35 minutos
As sinfonias de Brahms foram con-
cebidas sob o signo do paradoxo.
Nelas, o compositor verte a alma
romântica que perpassa sua exten-
sa produção de canções, sem deixar
de lado a missão que se impôs de
dar seguimento à longa tradição sin-
fônica, representada por Schumann,
Schubert e, em seu caso particular,
por Beethoven. Brahms quase nada
acrescenta ao efetivo orquestral
beethoveniano, mas aprende a lição
deste que, em cinco de suas sinfo-
nias, emprega a orquestra de Haydn,
mas o faz com um espírito único,
integrador da ideia musical e de sua
orquestração. Mais ainda, Beethoven
busca, a cada nova obra, recriar a
Sinfonia, dando-lhe vida e perso-
nalidade próprias. Brahms procede
de modo semelhante. Suas quatro
sinfonias são criações individuais,
fruto de uma elaboração longa e
cuidada. Sua orquestra explora uma
técnica instrumental em desenvol-
vimento, como podemos observar
nesta Terceira Sinfonia, levando os
violinos ao registro extremo agudo,
ou dando relevo, como no terceiro
movimento, a melodias entregues
às trompas.
Do ponto de vista da linguagem
musical, Brahms se afasta do per-
curso apontado pelos arautos de
uma nova música – naquele mo-
mento representados por Liszt e
Wagner. Brahms viu seu nome in-
dissoluvelmente ligado à tradição,
e o discurso que poderia ser um
elogio foi um passo para a associação
de seu nome a posicionamentos
estéticos conservadores, associação
de que se valeram os detratores
do compositor. No entanto, uma
necessária reavaliação do lugar que
Brahms ocupa na história da música
logo se fez notar já nos primeiros
decênios do século XX. Webern
chama atenção para a complexi-
dade das relações harmônicas em
Brahms; Alban Berg mostra, em sua
Sonata em si menor, o quanto deve
à escritura pianística de Brahms.
Mas é Schoenberg que, ao falar de
seu próprio percurso composicional,
ressalta o aprendizado com a obra
brahmsiana. Aponta, inclusive, al-
guns traços distintivos, possíveis de
ser detectados na Terceira Sinfonia:
“a irregularidade do número de com-
passos”; a peculiaridade de “não
regatear, não economizar quando
a clareza exige mais espaço e levar
cada figura às suas últimas conse-
quências” – como podemos constatar
pelos processos de desenvolvimento
temático e pela presença e trans-
formações do mesmo tema inicial,
ao longo do primeiro movimento e
por seu retorno, com nova textura,
para a conclusão da Sinfonia.
Para o ouvinte, esta Terceira Sinfonia
apresenta inúmeras outras particu-
laridades possíveis de ser observa-
das, mesmo em uma primeira audi-
ção. Chama atenção, por exemplo,
o fato de que todos os movimentos
terminam em dinâmicas suaves. Por
outro lado, impossível não apre-
ciar a cantilena singela que abre
o segundo movimento, ou mesmo
não reter a melodia de abertura do
terceiro. Melodias que, diga-se de
passagem, exemplificam um dos
aspectos mais ricos e pregnantes
das obras de Brahms, ao lado de
uma orquestração que alterna pas-
sagens em tutti e em meias tintas. A
forma fica apenas como referência.
O todo da composição fica como um
testemunho do rigor que, parado-
xalmente, não impediu o exercício
da liberdade.
Instrumentação
Para ouvir CD Brahms – The
Symphonies – Chicago
Symphony Orchestra –
Sir Georg Solti, regente
– London Records –
1991
Editora Breitkopf & Härtel
Última apresentação
20/05/2014
Kazuyoshi Akiyama,
regente convidado
Extraído do texto de Oiliam Lanna Compositor, professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.
ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS
Diretor Artístico e Regente Titular
Regente Associado
Fabio Mechetti
* principal ** principal associado *** principal assistente **** principal assistente substituta ***** musicista convidado (a)
Marcos Arakaki
Fortissimo
O Fortissimo está
indexado aos
sistemas nacionais
e internacionais de
pesquisa. Você pode
acessá-lo também
em nosso site.
Este programa
foi impresso em
papel doado pela
Resma Papéis.
Novembro nº 21 / 2018
ISSN 2357-7258
Editora Merrina
Godinho Delgado
Edição de texto
Berenice Menegale
Conselho
Administrativo
Presidente emérito
Jacques Schwartzman
Presidente
Roberto Mário
Gonçalves Soares Filho
Conselheiros
Angela Gutierrez
Arquimedes Brandão
Berenice Menegale
Bruno Volpini
Celina Szrvinsk
Fernando de Almeida
Ítalo Gaetani
Marco Antônio Pepino
Marco Antônio Soares da
Cunha Castello Branco
Mauricio Freire
Octávio Elísio
Paulo Brant
Sérgio Pena
Diretoria Executiva
Diretor Presidente
Diomar Silveira
Diretor Administrativo-
financeiro
Estêvão Fiuza
Diretora de Comunicação
Jacqueline Guimarães
Ferreira
Diretora de Marketing
e Projetos
Zilka Caribé
Diretor de Operações
Ivar Siewers
Equipe Técnica
Gerente de
Comunicação
Merrina Godinho
Delgado
Gerente de
Produção Musical
Claudia da Silva
Guimarães
Assessora de
Programação Musical
Gabriela de Souza
Produtor
Luis Otávio Rezende
Analistas de
Comunicação
Fernando Dornas
Mariana Garcia
Renata Gibson
Renata Romeiro
Analista de Marketing
de Relacionamento
Mônica Moreira
Analistas de
Marketing e Projetos
Itamara Kelly
Mariana Theodorica
Assistente de Produção
Rildo Lopez
Auxiliares de Produção
André Barbosa
Jeferson Silva
Equipe Administrativa
Gerente Administrativo-
financeira
Ana Lúcia Carvalho
Gerente de
Recursos Humanos
Quézia Macedo Silva
Analistas
Administrativos
João Paulo de Oliveira
Paulo Baraldi
Analista Contábil
Graziela Coelho
Secretária Executiva
Flaviana Mendes
Assistente
Administrativa
Cristiane Reis
Assistente de
Recursos Humanos
Vivian Figueiredo
Recepcionista
Meire Gonçalves
Auxiliar Administrativo
Pedro Almeida
Auxiliares de
Serviços Gerais
Ailda Conceição
Rose Mary de Castro
Mensageiro
Douglas Conrado
Jovem Aprendiz
Geovana Benicio
Sala Minas Gerais
Gerente de
Infraestrutura
Renato Bretas
Gerente de Operações
Jorge Correia
Técnicos de Áudio
e de Iluminação
Diano Carvalho
Rafael Franca
Assistente Operacional
Rodrigo Brandão
Oscip — Organização da Sociedade Civil de Interesse Público - Lei 14.870 / Dez 2003
OS — Organização Social - Lei 23.081 / Ago 2018
INSTITUTO CULTURAL FILARMÔNICA
Primeiros Violinos
Anthony Flint – Spalla
Rommel Fernandes –
Spalla associado
Ara Harutyunyan –
Spalla assistente
Ana Paula Schmidt
Ana Zivkovic
Arthur Vieira Terto
Dante Bertolino
Joanna Bello
Luis Andres Moncada
Roberta Arruda
Rodrigo Bustamante
Rodrigo M. Braga
Rodrigo de Oliveira
Wesley Prates
Segundos Violinos
Frank Haemmer *
Hyu-Kyung Jung ****
Gideôni Loamir
Jovana Trifunovic
Luka Milanovic
Martha de Moura
Pacífico
Matheus Braga
Radmila Bocev
Rodolfo Toffolo
Tiago Ellwanger
Valentina Gostilovitch
Laura Von Atzingen *****
Maressa Portilho *****
Violas
João Carlos Ferreira *
Roberto Papi ***
Flávia Motta
Gerry Varona
Gilberto Paganini
Katarzyna Druzd
Luciano Gatelli
Marcelo Nébias
Nathan Medina
Violoncelos
Philip Hansen *
Robson Fonseca ***
Camila Pacífico
Camilla Ribeiro
Eduardo Swerts
Emília Neves
Lina Radovanovic
Lucas Barros
William Neres
Contrabaixos
Nilson Bellotto *
André Geiger ***
Marcelo Cunha
Marcos Lemes
Pablo Guiñez
Rossini Parucci
Walace Mariano
Flautas
Cássia Lima*
Renata Xavier ***
Alexandre Braga
Elena Suchkova
Oboés
Alexandre Barros *
Públio Silva ***
Israel Muniz
Clarinetes
Marcus Julius Lander *
Jonatas Bueno ***
Ney Franco
Alexandre Silva
Fagotes
Catherine Carignan *
Victor Morais ***
Andrew Huntriss
Francisco Silva
Trompas
Alma Maria Liebrecht *
Evgueni Gerassimov ***
Gustavo Garcia Trindade
José Francisco dos Santos
Lucas Filho
Fabio Ogata
Trompetes
Marlon Humphreys *
Érico Fonseca **
Daniel Leal ***
Tássio Furtado
Trombones
Mark John Mulley *
Diego Ribeiro **
Wagner Mayer ***
Renato Lisboa
Tubas
Eleilton Cruz *
Rafael Mendes *****
Tímpanos
Patricio Hernández
Pradenas *
Percussão
Rafael Alberto *
Daniel Lemos ***
Sérgio Aluotto
Werner Silveira
Harpa
Clémence Boinot *
Teclados
Ayumi Shigeta *
Gerente
Jussan Fernandes
Inspetora
Karolina Lima
Assistente
Administrativo
Risbleiz Aguiar
Arquivista
Ana Lúcia Kobayashi
Assistentes
Claudio Starlino
Jônatas Reis
Supervisor
de Montagem
Rodrigo Castro
Montadores
Hélio Sardinha
Klênio Carvalho
Restaurantes
NO CONCERTO...Seja pontual. Cuide da
Sala Minas Gerais.
Desligue o celular (som e luz).
Deixe para aplaudir ao fim de cada obra.
Traga seu ingresso ou cartão de assinante.
Não coma ou beba.
Não fotografe ou grave em áudio / vídeo.
Se puder, devolva seu programa de concerto.
Nos dias de concerto, apresente seu
ingresso em um dos restaurantes parceiros
e obtenha descontos especiais.
Faça silêncio e evite tossir.
Evite trazer crianças menores de 8 anos.
Rua Pium-í, 229Cruzeiro
Rua Juiz de Fora, 1.257Santo Agostinho
A TEMPORADA 2019 ESTÁ CHEGANDO
FOTO
: RAF
AEL
MO
TTA
RenovaçãoDe 8 a 20 de novembro
TrocaDe 21 a 30 de novembro
Novas assinaturasDe 3 de dezembro de 2018 a 26 de janeiro de 2019
Pela internet:filarmonica.art.br/assinaturas
Na bilheteria da Sala Minas GeraisDe terça a sexta, das 12h às 20hSábado, das 12h às 18hEm dias de concerto:Quintas e sextas, das 12h às 22hSábados, das 12h às 21hDomingos, das 9h às 13h
CONFIRA AS DATAS E GARANTA SUA ASSINATURA.
COMOASSINAR:
AGENDANovembro / 2018
DIA 4, 11h Concertos para a Juventude
DIAS 8 E 9, 20h30 Allegro e Vivace
DIAS 13 E 14, 20h30 Filarmônica e
Cirque de la Symphonie
DIA 17, 18h Fora de Série / Brasil
DIAS 22 E 23, 20h30 Presto e Veloce
DIA 25, 11h Concertos para a Juventude
DIAS 29 E 30, 20h30 Allegro e Vivace
N A C A P A
Casa onde nasceu Brahms, em Hamburgo
ENCERRADA
/ filarmonicamgRua Tenente Brito Melo, 1.090 - Barro Preto
CEP 30.180-070 | Belo Horizonte – MG
(31) 3219.9000 | Fax (31) 3219.9030
Sala Minas Gerais
WWW.FILARMONICA.ART.BR
Online
CO
MU
NIC
AÇ
ÃO
IC
F
PATROCÍNIO MÁSTER
REALIZAÇÃO
DIVULGAÇÃO INCENTIVO
PROJETO EXECUTADO POR MEIO DA
LEI ESTADUAL DE INCENTIVO À CULTURA
DE MINAS GERAIS. CA 0063/001/2017