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THORIES ET PRATIQUES DE LA TRADUCTION LITTRAIRE EN FRANCE (2003)

INS OSEKI-DPR NARCELI PIUCCO, ANDERSON DA COSTA (TRADUTORES) I ns Oseki-Dpr nasceu em So Paulo, de famlia japonesa. Fez ps-graduao em Letras Neolatinas na Universidade de So Paulo e concluiu o doutorado em 1971 na Frana, em Aix-en-Provence, sobre a obra de Michel Butor. professora de literatura geral e comparada na Universit dAix-Marseille e membro da Sociedade Francesa de Literatura Geral e Comparada. Tradutora literria, especializada em poesia e lnguas romnicas, tem interesse especial em autores portugueses e brasileiros, tendo publicado diversos artigos, entrevistas, crnicas etc sobre o assunto. Publicou tambm a obra te- rica sobre traduo De Walter Benjamin nos jours. (Essais de Traductolo- gie) (2007). Traduziu grandes obras de autores de lngua portuguesa para o francs: Premires histoire (1982) de Joo Guimares Rosa, Iracma (1985) de Jos de Alencar, Lettres la fiance (1989), de Fernando Pessoa, Galaxies (1998), de Haroldo de Campos (prmio Roger Caillois, melhor obra potica estrangeira na Frana); poemas de Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Pagu, Jo- o Cabral de Melo Neto, Nelson Ascher, Augusto de Campos, Dcio Pignatari, outros de Haroldo de Campos etc. Colaborou com tradues para a maior anto- logia bilngue de poesia brasileira jamais produzida La Posie du Brsil. An- thologie bilingue du XVIe au XXe sicle (2012). O artigo Thories et pratiques de la traduction littraire en France foi publicado na revista Le franais aujourdhui (2003/3, nmero 142) e resume uma pequena parte de seu livro intitulado Thories et pratiques de la traduction littraire (1999), com a vantagem de apresentar de maneira sincrnica e dia- crnica as prticas da traduo francesa. Trata-se de um panorama histrico do pensamento que guiou a produo de tradues literrias na Frana e traz de- talhes da histria do pensamento sobre a traduo antes da instaurao do francs como lngua oficial, do sculo XVI at o sculo XX.

Scientia Traductionis, n.13, 2013 http://dx.doi.org/10.5007/1980-4237.2013n13p95 THORIES ET PRATIQUES DE LA TRADUCTION EN FRANCE

INS OSEKI-DPR

Scientia Traductionis, n.13, 2013

Scientia Traductionis, n.13, 2013

THORIES ET PRATIQUES DE LA TRADUCTION LITTRAIRE EN FRANCE La traduction est la fois impossible et ncessaire1. Jacques Derrida

Prliminaires Bien avant linstauration du franais comme langue officielle au XVIe sicle, la pratique de la tra- duction ( la fois activit et produit), sest vue osciller entre deux ples, deux ralits, deux tendances et ce jusquau XXe sicle. Tout dabord orale (interpr-tation), elle est devenue crite vers 3000 ans av. J.-C., date laquelle on trouve des traits signs entre Hittites et gyptiens, rdigs en deux langues, faisant apparatre ses deux modalits : traduction (crite) et interprtariat (orale). Plusieurs fois duelle, cette pratique comprend deux textes, ce- lui du dpart, celui de larrive, deux langues, puis une opration traductive double, intralinguistique (qui consiste dans la traduction dune langue dans les termes de la mme langue) suivie dune activit proprement traductive, inter-linguistique2 (R. Jakobson, 1963). Il est remarquer quen France, bien des traducteurs con- naissent bien mieux le franais que la langue dite de dpart. Cela pro- viendrait de lancienne distinction scolaire entre ce quon appelait le thme et la version. J.-R. TEORIAS E PRTICAS DA TRADUO LITERRIA NA FRANA

A traduo ao mesmo tempo impossvel e necessria. Jacques Derrida Preliminares Muito antes da instaurao do francs como lngua oficial no s- culo XVI, a prtica da traduo (ao mesmo tempo atividade e produto), oscilou entre dois polos, duas reali- dades, duas tendncias, e isso at o sculo XX. De incio oral (interpretao), tornou-se escrita cerca de 3.000 a.C., de quando encontramos trata- dos assinados entre hititas e egp- cios, redigidos em duas lnguas, re- velando suas duas modalidades: traduo (escrita) e interpretao (oral). Muitas vezes dual, essa prti-ca compreende dois textos, o de partida e o de chegada, duas ln- guas, e depois uma operao tradu- tiva dupla, intralingustica (que consiste na traduo de uma lngua com palavras da mesma lngua), se- guida por uma atividade prpria de traduo, inter-lingustica (Jakob- son, 1963). Vale notar que na Frana muitos tradutores conhecem muito melhor o francs do que a lngua di- ta de partida. Isso adviria da velha distino escolar entre o que era chamado de tema5 e de verso. Jean Ren Ladmiral (1979) salienta,

1 J. Derrida (1985), Des tours de Babel, Difference and Translation, Cornwell Presse, Edi-tions Joseph Graham. 2 R. Jakobson (1972), On translation (Aspects linguistiques de la traduction), in Essais de linguistique gnrale, Paris, ditions de Minuit, p. 78.

Ladmiral (1979)3 rappelle, en effet, la diffrence fondamentale qui dis- tinguait jadis le fort en thme, sorte de mathmaticien de la langue, du dou pour la version, llve sensible, littraire, imagina- tif, capable de mettre en bon fran- ais nimporte quel auteur tran- ger. La traduction qui nous int- resse ici est la version, avec tout ce que cela comporte comme appren- tissage et pratique scolaires. Cette distinction, si elle a disparu de lenseignement secondaire (o lon ne traduit plus), est maintenue luniversit et est lorigine dune troisime opposition4. Pour en revenir la dualit structurelle de la traduction, la plus importante entre toutes est incontes- tablement celle, trs ancienne, qui oppose les traductions tournes vers loriginal (source oriented) et celles tournes vers la langue darrive (target oriented), et elle demeurera tout au long des sicles penchant tantt dun ct, tantt de lautre, faisant lobjet de textes et pa- ratextes nombreux. Cette situation ne changera en France quau XXe sicle, la suite de quelques prcurseurs, partisans du littralisme et de la thorisation de leurs travaux. com efeito, a diferena fundamental que antigamente distinguia o bom em tema, uma espcie de matem- tico da lngua, do talentoso para a verso, o aluno sensvel, literrio, imaginativo, capaz de verter em bom francs qualquer autor es- trangeiro. A traduo que nos inte- ressa aqui a verso, com tudo o que ela implica como aprendizado e prtica escolar. Essa distino, em desuso no no ensino secundrio (onde no se traduz mais), se man- tm na universidade, e a fonte de uma terceira oposio6.

Para retornar dualidade es- trutural da traduo, a mais impor- tante de todas , sem dvida, aque- la, muito antiga, que ope as tradu- es orientadas para o original (source oriented) e aquelas orien- tadas para a lngua de chegada (tar- get oriented), e que continuar in- clinando-se ao longo dos sculos ora para um lado, ora para outro, sendo o objeto de numerosos textos e paratextos. Na Frana, essa situa- o vai mudar apenas no sculo XX, na esteira de alguns precurso- res, defensores da literalidade e da teorizao de seus trabalhos.

5 Exerccio escolar que consiste em traduzir um texto de sua lngua materna em uma lngua es-trangeira. 3 J.-R. Ladmiral (1979), Traduire : Thormes pour la traduction, Paris, Payot, p. 15. 4 Entre les partisans dune traduction source oriented et ceux qui privilgient la langue darrive (target oriented). 6 Entre os partidrios de uma traduo source oriented e aqueles que privilegiam a lngua de chegada (target oriented). Bref aperu de la traduction en France Thories classiques ou prescriptives Dire de la traduction, comme le dit J.-R. Ladmiral, que sa finalit est de nous dispenser de la lecture de loriginal7, ne dit pas, par ail-leurs, quelle correspond une op- ration de transformation (transfert, transposition) dun texte dune langue dans une autre ce qui a pour consquence que pour comprendre son volution travers les sicles, force nous est de nous intresser aux thories qui leur sont sous- jacentes selon un rapport de forces idologique (religieux, politique), la dominance de lun ou des deux ples sur lautre. Le prsent article rsume une petite partie dun ouvrage8 (I. Ose- ki-Dpr, 1999) o il y a lieu de distinguer trois types de thories se-lon quelles se caractrisent par la dominance de lun des trois aspects suivants, savoir prescription, des- cription ou prospection. Cette pr- sentation offre lavantage de suivre en synchronie et en diachronie lvolution des pratiques de la tra- duction franaise. Il faudra ici sou- ligner deux points : cest la pratique traduisante qui engendre aprs coup la formulation de la thorie ; ce sont les thories prescriptives qui tmoi- gnent le mieux de cette volution. On peut considrer que font partie de ces thories, les thories que lon appellera classiques. Ces thories permettent de bien comprendre lvolution de la pra- tique du traduire notamment en Breve esboo da traduo na Frana Teorias clssicas ou prescritivas Dizer sobre a traduo, como o faz Jean Ren Ladmiral, que o seu objetivo o de nos dispensar a lei- tura do original no informa, por outro lado, que ela corresponde a uma operao de passagem (trans- ferncia, transposio) de um texto de uma lngua para outra, o que tem por consequncia que, para com- preender sua evoluo atravs dos sculos, somos forados a voltar nossa ateno para as teorias que lhes so subjacentes, segundo uma relao de foras ideolgicas (reli- giosas, polticas), a predominncia de um ou dois polos sobre outro. Este artigo resume uma pe- quena parte de uma obra8 (Ins Oseki-Dpr, 1999) em que se dis- tinguem trs tipos de teorias, carac-terizadas pela predominncia de um dos trs aspectos seguintes, a saber: prescrio, descrio ou prospec- o. Esta apresentao oferece a vantagem de acompanhar, em sin- cronia e em diacronia, a evoluo das prticas da traduo francesa. Ser necessrio enfatizar aqui dois pontos: a prticatradutria que engendra posteriormente a formula- o da teoria, e so as teorias pres- critivas que melhor atestam essa evoluo. Pode-se considerar como par-te dessas teorias as teorias que so chamadas de clssicas. Essas teo- rias permitqem compreender bem a evoluo da prtica do traduzir, so- bretudo na Frana, e a referncia ,

7 J.-R. Ladmiral, loc. cit. p. 11. 8 I. Oseki-Dpr (1999), Thories et pratiques de la traduction littraire, Paris, Armand Colin, coll. U.

France et la rfrence est, bien sr, Cicron (106-43 av. J.-C.), car il reste incontestablement le premier thoricien de ce courant, chez qui lon peut trouver, en prface sa traduction des Discours de Dmos- thne et dEschine9, les propos sui- vants : Je ne les ai pas rendus en simple traducteur (ut interpres), mais en crivain (sed ut orator) res- pectant leurs phrases, avec les figures de mots ou de penses, usant toutefois de termes adap- ts nos habitudes latines. Je nai donc pas jug ncessaire dy rendre chaque mot par un mot (verbo verbum reddere); pourtant, quant au gnie de tous les mots et leur valeur, je les ai conservs Jai cru, en effet, que ce qui importait au lecteur, ctait de lui en offrir non pas le mme nombre, mais pour ainsi dire le mme poids (Non enim adnumerare sed tanquam ad-pendere)11. (Cicron, 53 av. C.) Si Cicron est la rfrence des traducteurs franais ultrieurs, de- puis saint Jrme, cinq sicles plus tard, jusqu un courant (majori- taire) de traducteurs contemporains, il aura une influence marquante sur le XVIIe sicle. Chez saint Jrme (347-420 ap. J.-C.), le traducteur de la Vulgate, la question est plus am- bivalente en raison de la dichotomie qui sinstalle ds avant lavnement du christianisme entre la traduction des textes religieux et la traduction des textes profanes. Pour lui, en ef- fet, il y a lieu de distinguer le texte religieux o lordre des mots est aussi un mystre des autres (non verbum de verbo, sed sensum ex- claro, Ccero (106-43 a.C.), pois ele permanece sendo, sem dvida, o primeiro terico dessa corrente, e de quem se encontra, no prefcio de sua traduo de Discurso de De-mstenes e de squino10, as seguin-tes observaes:

Eu no os verti como um sim- ples tradutor (ut interpres), mas como escritor (sed ut orator) respeitando suas frases, com as figuras de palavras ou de pen- samentos, utilizando, contudo, termos apropriados aos nossos usos latinos. Logo, no julguei necessrio traduzir palavra por palavra (verbo verbum reddere); entretanto, quanto ao gnio de todas as palavras e seu valor, eu os conservei... Acreditei que, de fato, o que importava ao leitor, era oferecer-lhe no o mesmo nmero, mas, digamos, o mes- mo peso (Non enim adnumerare sed tanquam adpendere)12 (C-cero, 53 a.C.). Se Ccero a referncia dos tradutores franceses posteriores a ele, a partir de So Jernimo, cinco sculos depois, at chegar numa corrente (majoritria) de tradutores contemporneos, este ter uma in- fluncia marcante no sculo XVII. Para So Jernimo (347-420 d.C.), o tradutor da Vulgata, a questo mais ambivalente em razo da dico- tomia que se instala, desde antes do advento do cristianismo, entre a traduo de textos religiosos e a traduo de textos profanos. Para ele, de fato, necessrio distinguir o texto religioso, em que a ordem das palavras tambm um mist- rio, dos outros (non verbum de

9 Orateurs de lcole attique dont la joute semble, aux yeux de Cicron, lexemple suprme de lart oratoire grec et quil sagit pour les Romains dimiter. 10 Oradores da escola tica cuja justa parece, aos olhos de Ccero, o exemplo supremo da arte oratria grega e que os romanos tratam de imitar. 11 Cest nous qui soulignons. 12 Itlico nosso. primere de sensu). La dualit se place ici entre le mot pour le mot de la traduction religieuse, ou le sens pour le sens, des autres traductions, dualit entre traduction fidle pour le sacr, traduction libre, pour le texte profane.

En ralit, la question est bien plus ardue et saint Jrme se voit souvent partag entre les deux posi- tions, mme lorsquil sagit du texte religieux. verbo, sed sensum exprimere de sensu). A dualidade se situa aqui entre o palavra por palavra da tra- duo religiosa, ou o sentido por sentido das outras tradues, duali- dade entre a traduo fiel, para o sagrado, e livre, para o texto pro- fano. Na realidade, a questo bem mais difcil e So Jernimo v-se muitas vezes dividido entre as duas posies, mesmo quando se trata do texto religioso. Il est malais quand on suit les lignes traces par un autre, de ne pas sen carter en quelque en- droit ; il est difficile que ce qui a t bien dit dans une autre langue garde le mme clat dans une traduction. [] Si je traduis mot mot, cela rend un son ab- surde ; si, par ncessit, je modi- fie si peu que ce soit la construc- tion ou le style, jaurai lair de dserter le devoir de traduc-teur.13 (M. Ballard, 1991, p. 61) incmodo quando seguimos as linhas traadas por outro no nos desviarmos em algum lugar; difcil que o que foi bem dito em outra lngua mantenha o mesmo brilho na traduo. [...] Se eu traduzir palavra por pala- vra, isso produzir um discurso absurdo; se, por necessidade, eu modificar um pouco que seja a construo ou o estilo, parecerei abandonar o dever de tradutor. (Michel Ballard, 1991, p 61.) Ces propos thoriques, tout en sappuyant sur des confessions personnelles, confirment leur carac- tre prescriptif partir dune argu- mentation qui prne llgance et/ou ladaptation aux habitudes de la langue darrive au dtriment dune exactitude qui serait en quelque sorte trique14 La position de saint Jrme relative au texte religieux prvaut durant tout le Moyen ge (du IXe au XVe sicles), pendant lequel la traduction doit respecter au nombre prs les mots, voire les lettres. Selon M. Ballard (1991) : Il ny a l rien dlabor sur le plan thorique tout au plus la cons- cience chez le traducteur dune exi- gence de littralisme, impose par Essas observaes tericas, apoiadas em confisses pessoais, validam seu carter prescritivo a partir de uma argumentao que preconiza a elegncia e/ou a adap- tao aos usos da lngua de chega- da, em detrimento de uma exatido que seria, por assim dizer, estrei- ta. A posio de So Jernimo quanto ao texto religioso prevalece durante toda a Idade Mdia (dos s- culos IX ao XV), quando a traduo deve respeitar de perto o nmero de palavras e at mesmo o de letras. Segundo Michel Ballard (1991): Nessa poca no se elabora nada no plano terico, quando muito h a conscincia pelo tradutor de uma exigncia de literalidade imposta

13 M. Ballard, (1991), De Cicron Benjamin, PUL, p. 61. 14 M. Ballard, loc. cit., p. 57-58.

les institutions et lusage, mais dont il ose parfois scarter par souci de clart. Lon sait que les premires translations franaises sont des traductions caractre religieux: La Cantilne de sainte Eulalie (883) du latin en vulgaire; Le Pome de saint Alexis (1050), une copie en langue romance de dcasyllabes la- tins. Des sicles plus tard, lglise changera sa position vis--vis du texte sacr et, avec la divulgation et le proslytisme religieux, on passe- ra une traduction du premier type (souvent accessible au public, voir E. Nida, 1975). Il faut dire ici que le littralisme, tel quil tait prati- qu jusquici, aboutissait souvent lobscurcissement du texte original. De son ct, lcole arabe des tra- ducteurs, cre vers le IXe sicle, suit plutt les principes classiques : leffort pour aboutir une expres- sion naturelle en langue darrive. Lcole de Tolde et les traducteurs italiens galement. La premire traduction pro-prement littraire franaise date de 1370 et cest la traduction des uvres dAristote, faite par N. dOresme, prcde dune prface. Cette traduction est faite selon un programme dans lequel la lisibilit, cest--dire, la clart et llgance du texte darrive, doivent en tre les qualits principales. Mais on devra . Dolet, tra- ducteur humaniste du XVIe sicle, les premiers prceptes pour bien tra- duire. Ainsi, si le terme de traduc- tion est utilis pour la premire fois par cet humaniste en 1540, il est ac- compagn de rgles dont on peut pelas instituies e pelo uso, mas da qual ele ousa por vezes se distanci- ar, preocupado com a clareza. Sabe-se que as primeiras translaes francesas so tradu- es de carter religioso: La Can- tilne de sainte Eulalie (883) do la- tim ao vulgar;15 Le Pome de saint Alexis (1050), uma cpia em lngua romance16 dos decasslabos latinos. Sculos mais tarde, a igreja mudar sua posio em relao ao texto sa-grado e, com a divulgao e prose- litismo religiosos, passar-se- a uma traduo do primeiro tipo (muitas vezes acessvel ao pblico [ver Eugene Nida, 1975]). preciso dizer que o literalismo, como prati- cado at aqui, muitas vezes resulta- va no obscurecimento do texto ori- ginal. Por sua vez, a escola rabe de tradutores, criada por volta do scu- lo IX, segue antes os princpios clssicos: o esforo de alcanar uma expresso natural na lngua de chegada. A Escola de Toledo e os tradutores italianos tambm. A primeira traduo francesa propriamente literria data de 1370; a traduo das Obras de Aristteles feita por Nicolas dOresme e precedida por um pre- fcio. Essa traduo foi feita segun- do um projeto em que a legibilida- de, isto , a claridade e elegncia do texto de chegada, deviam ser suas qualidades principais. Mas deve-se a tienne Dolet, tradutor humanista do sculo XVI, os primeiros preceitos para traduzir bem. Assim, o termo traduo usado pela primeira vez pelo huma- nista, em 1540, acompanhado de regras das quais se pode dizer que

15 A Cantilena de Santa Eullia o texto potico preservado mais antigo da lngua francesa. A lngua um vernculo derivado do latim que eventualmente deu origem ao francs antigo. (N.T.) 16 Dialeto ou conjunto de dialetos derivados do latim, que se tornaram a lngua vulgar de um pa-s; romano; lngua romnica. O idioma provenal. (N.T.) dire, qu la fois elles reprennent celles de Cicron tout en tant va- lables de nos jours : s comprendre parfaitement le sens du texte et largument trait par lauteur quon se dispose tra- duire; s connaitre parfaitement aussi bien la langue originale que la langue dans laquelle on va traduire ; s prceptes qui ont un rapport la comptence du traducteur. Puis : s ne pas sasservir au point de rendre loriginal mot pour mot ; s viter les nologismes, latinismes, adopter la bonne langue franaise dusage commun; s observer les orateurs, chercher le beau style, souple, lgant, sans trop de prtention et surtout uni- forme.

Les deux derniers prceptes mritent dtre retenus en ce quils prconisent la neutralisation, lgalisation, luniformit, caractris- tiques du beau style qui seront lapanage de la traduction classique. la mme poque, on con-nait le rle de premier plan occup par J. Du Bellay, considr comme lun des plus grands potes de la Pliade17. Pour aborder la thorie traductive de J. Du Bellay, il est n- cessaire, toutefois, de sintresser sa potique, qui nen est pas spa- rable, mme si, pour lui, traduire est une activit laquelle il sadonne quand linspiration lui manque. ecoam aquelas de Ccero, ao mes- mo tempo permanecem vlidas atu- almente:

s compreender perfeitamente o sig- nificado do texto e a matria tra- tada pelo autor que se prope tra- duzir; s conhecer perfeitamente tanto a lngua original, quanto a lngua para a qual se traduz; s preceitos que se relacionam com a competncia do tradutor. Depois: s no se subjugar a ponto de verter o original palavra por palavra; s evitar os neologismos, os latinis-mos; adotar a boa lngua francesa de uso comum; s observar os oradores, buscar o be- lo estilo, suave, elegante, sem muita pretenso e especialmente uniforme. Os dois ltimos preceitos me-recem ser memorizados, pois pre- conizam a neutralizao, a igualiza- o, a uniformidade, caractersticas do belo estilo que viro a ser o apa- ngio da traduo clssica. Nessa mesma poca, conhe-ce-se o papel de primeiro plano ocupado por Joachim Du Bellay, considerado um dos maiores poetas da Pliade18. Para abordar a teoria tradutiva de J. Du Bellay necess- rio, no entanto, interessar-se por sua potica, que no lhe separvel, mesmo se para ele traduzir seja uma atividade qual se entrega quando a inspirao lhe falta.

17 Mouvement que lon pourrait considrer comme esthtiquement rvolutionnaire , selon les termes de P. Bourdieu (1992, Les Rgles de lart, Paris, Seuil, coll. Libre examen ), compa- rable celui du XIXe sicle, constitu par C. Baudelaire, T. Gautier, G. Flaubert, des jeunes potes instruits en rupture avec le milieu dorigine. ceci prs, qu la Renaissance, leur oppo-sition est plutt esthtique et non sociale. 18 Movimento que pode ser considerado esteticamente como revolucionrio, nas palavras de P. Bourdieu (1992, Les Rgles de lart, Paris, Seuil, coll. Libre examen ), comparvel quele do sculo XIX, constitudo por Charles Baudelaire, Thophile Gautier, Gustave Flaubert, jovens poetas instrudos em ruptura com o meio de origem. Exceto que no Renascimento sua oposio , sobretudo, esttica e no social.

La thorie de J. Du Bellay, de faon trs marque, est intimement lie au contexte socioculturel19 de cette priode de la Renaissance, contexte qui se caractrise, entre autres choses, par linstauration du franais comme langue officielle20. Ce nouveau regard, par ail-leurs, est port sur la posie et reste profondment li la diffusion de la pense noplatonicienne en France: le Phdre, traduit et prfac par R. le Blanc en 1546, devient une vritable religion de la posie, conue comme traduction inspire de la parole divine et de sa cration. La difficult pour les traducteurs humanistes est grande : comment, en effet, transposer les mmes ides et les mmes effets dans un langage autre? Comment maintenir, donc, le lien indestructible entre les choses et les mots?

Parmi les grandes ides de la Deffence (J. Du Bellay, 1549), apparait le rle de limitation, en- tendre comme le prconisait Aris- tote: on ne se contente pas dimiter le rel, ft-il idalis, il sagit de le transcender; on retrouve ici le mme dsir que chez Cicron, la traduction ntant quun pis-aller, devant linaccessibilit de lori- ginal. Pour les potes de la Pliade, donc, il sagit tout aussi bien dimiter les Anciens que la posie A teoria de J. Du Bellay, de maneira distinta, est intimamente ligada ao contexto sociocultural21 desse perodo da Renascena, con- texto que se caracteriza, entre ou- tras coisas, pela instaurao do francs como lngua oficial22. Por outro lado, esse novo olhar est dirigido poesia e per- manece profundamente relacionado divulgao do pensamento neo- platnico na Frana: as fbulas de Fedro traduzidas e prefaciadas por R. le Blanc, em 1546, tornou-se uma verdadeira religio da poesia, concebida como traduo inspirada pela palavra de Deus e sua criao. A dificuldade para os tradutores humanistas grande: como, de fato, transportar as mesmas ideias e os mesmos efeitos para outra lngua? Como manter, portanto, o vnculo indissolvel entre as coisas e as pa- lavras? Entre as grandes ideias de De- fesa e ilustrao da lngua francesa (Dfense et illustration de la langue franaise (Joachim Du Bellay, 1549), aparece o papel da imitao, conforme defendido por Aristte- les: no nos contentamos em imitar o real, fosse ele idealizado: trata-se de transcend-lo. Encontra-se aqui o mesmo desejo de Ccero; a tradu- o apenas um tapa-buraco di- ante da inacessibilidade do original. Para os poetas da Pliade, portanto,

19 Ce que Jauss appelle horizon dattente , dans Pour une esthtique de la rception, Paris, Gallimard, 1978. 20 Une dualit bien plus importante sinstaure ici, qui voluera au cours et au gr de lhistoire au fur et mesure de laffirmation de la langue franaise au dtriment du latin dans un premier temps (Franois Ier et lOrdonnance de Villers-Cotterts, 1539) ; et plus tard, comme le rappelle P. Bourdieu, loc. cit., au dtriment des patois, dialectes, parlers rgionaux (sous la Rvolution franaise, partir de 1789). 21 O que Jauss chama de horizon dattente (horizonte de espera), em Pour une esthtique de la rception, Paris, Gallimard, 1978. 22 Uma dualidade muito mais importante se instaura aqui, que evoluir ao longo da histria e du- rante a afirmao da lngua francesa em detrimento do latim num primeiro momento (Franois I e Decreto de Villers-Cotterts , 1539) e, mais tarde, como lembra P. Bourdieu, loc. cit., em de- trimento dos patos, dialetos, falares regionais (durante a Revoluo Francesa, a partir de 1789). ne, Rhetorica ad Herennium, ou ainda De Oratore. Scientia Traductionis, n.13, 2013

Scientia Traductionis, n.13, 2013

italienne, linstar de C. Marot, M. Scve et les potes lyonnais.

Mais J. Du Bellay se d- marque de la position humaniste courante en proposant la thse de la diffrence des langues. De ce fait, il sagit de crer une langue nouvelle, car les mots ne sont que des instru- ments interchangeables et perfec- tibles : Toute leur vertu est ne au monde du vouloir et arbitre des mortels ce qui le pousse sint- resser aux deux parties de llo- quence, qui sont linvention et llocution23. Il est intressant noter, lors-quon aborde la thorie de la tra- duction prsente par J. Du Bellay, que limitation tant prdominante, la traduction, dans la mesure o elle ncessite la mdiation du traduc- teur, se pose en prescription nga- tive. En effet, en cette poque, o limprimerie rend accessibles les auteurs classiques, et o lon assiste au foisonnement de traductions des auteurs grecs et latins, J. Du Bellay affirme, dans le chapitre V, que chacune langue a je ne scay quoy propre seulement elle , ce qui peut se perdre dans la traduction. Ainsi, dans sa Deffence et Illustration de la langue franoyse, le traducteur de lnide consacre plusieurs pages une mise en garde contre les mauvais traducteurs (les traditeurs), qui, malgr leur diligence, et lutilit de leur labeur pour instruire les igno- trata-se igualmente de imitar tanto os Antigos quanto a poesia italiana, a exemplo de Clment Marot, Mau- rice Scve e dos poetas lioneses. Mas J. Du Bellay se distancia da posio humanista da poca, propondo a tese da diferena das lnguas. A partir da, trata-se de cri- ar uma lngua nova, pois as pala- vras so apenas instrumentos inter- cambiveis e perfectveis: Toda sua virtude veio ao mundo do que- rer e do rbitrio dos mortais o que o leva a interessar-se por duas par- tes da eloquncia, que so a inven-o e a elocuo24. interessante notar, quando se discute a teoria da traduo apre- sentada por J. Du Bellay, que sendo a imitao predominante, a tradu- o, na medida em que requer a mediao do tradutor, apresenta-se como prescrio negativa. Na ver- dade, nessa poca, quando a im- prensa torna acessvel os autores clssicos, e quando se assiste a pro- liferao de tradues dos autores gregos e latinos, J. Du Bellay afir- ma, no captulo V, que toda lngua tem um je ne sais quoi prprio somente a ela que se pode perder na traduo. Assim, na sua Deffence et Illustration de la langue franoyse, o tradutor da Eneida de- dica vrias pginas a um alerta con- tra os maus tradutores (os traido- res), que, apesar de sua diligncia, e da utilidade de seu labor para in- struir os ignorantes de lnguas es-

23 Les cinq parties qui la constituent sont, on le rappelle, linvention, (art de trouver les topiques ou arguments et procds pour traiter son sujet), la disposition (art de composer son discours), llocution (organisation des mots dans la phrase, le style), la mmoire (art de la prsence desprit pour trouver les arguments) et la prononciation (talent de lorateur en acte), Cicron, De Inventione, Rhtorique Hrmius, ou encore De Oratore. 24 Lembremos que as cinco partes que a constituem so a inveno (arte de encontrar os tpicos ou argumentos e mtodos para tratar um assunto), a disposio (arte de compor seu discurso), a elocuo (organizao das palavras na frase, o estilo), a memria (arte da presena de esprito para encontrar os argumentos) e a pronncia (talento do orador em ao), Ccero, De Inventio-

rants des langues estrangeres, ne parviendront pas donner la nostre (langue) ceste perfection et, comme font les peintres leurs ta- bleaux, ceste dernire main, que nous dsirons . Et ce dans la mesure o ce qui fait la beaut du style dun au- teur (mtaphores, allgories, compa- raisons, similitudes, nergies) : Je ne croirai jamais quon puisse bien apprendre tout cela des traduc- teurs [sic] Ainsi, la posie, et dans une certaine mesure, la traduc- tion, est nuisible si elle ne tient pas compte des deux objectifs qui lui sont assigns en tant que cration et ce deux gards : dun ct la consti- tution dune langue franaise forte ; dun autre ct, la fonction du pote dans la socit, oraculaire, fonction que, par dfinition, le traducteur ne peut remplir. Pour conclure et en reprenant les mots de J. Rieu (1995, p. 35), la traduction est un art de lapproxi- mation, o limportant est de m- nager des effets analogues, mme sils ne se trouvent pas exactement au mme endroit. Il sagit donc dun exercice daccommodation ef- fectue dans le but dobtenir les mmes effets que loriginal. Dans ce sens, il faut accorder une grande place lnergie, qui dsigne la figure par laquelle on rend les choses prsentes, soit dans leur dy- namique, par un style en action (comme pour Aristote), soit au moyen de leur reprsentation en image, comme dans un tableau25. Grce elle, la traduction peut pro-voquer la mme motion que trangeiras, no conseguiro dar nossa (lngua) aquela perfeio, e, como fazem os pintores em seus quadros, essa ltima demo que desejamos. E isso com relao ao que d forma beleza do estilo de um autor (metforas, alegorias, comparaes, semelhanas, energi- as ...): Jamais acreditarei que se possa ter conhecimento disso pelos tradutores... [sic] Desse modo, a poesia, e em certa medida a tradu- o, danosa se no leva em conta os dois objetivos que lhe so atribu- dos enquanto criao, e isso em dois aspectos: de um lado a consti- tuio de uma lngua francesa forte; e do outro a funo do poeta na so- ciedade, oracular, funo que, por definio, o tradutor no pode cum- prir. Em concluso e retomando as palavras de Josiane Rieu (1995, p. 35), a traduo uma arte da aproximao, em que o importante alcanar efeitos semelhantes, mesmo que eles no estejam exa- tamente no mesmo lugar. Trata-se, pois, de um exerccio de acomoda- o efetuado de modo a se obter os mesmos efeitos que o original. Nes- se sentido, preciso conceder um grande espao energia, que designa a figura pela qual torna- mos as coisas presentes, seja na sua dinmica, por um estilo em ao (como para Aristteles), seja atra- vs de sua representao pictrica, como num quadro26. Graas a ela, a traduo pode causar provocar a mesma emoo que o original. Dois

25 J. Rieu (1995), LEsthtique de Du Bellay, Paris, Sedes, p. 35. Lensemble sinscrit dans la querelle des Anciens et des Modernes. En fait, les affrontements entre T. Sbillet et J. Du Bel- lay, sils ont pu tre violents, nont pas dur longtemps. Ds 1553, il y a rconciliation autour des mmes ides. 26 J. Rieu (1995), LEsthtique de Du Bellay, Paris, Sedes, p. 35. O conjunto faz parte da querela dos Antigos e Modernos. Na verdade, os confrontos entre T. Sbillet e J. Du Bellay, se foram violentos, no duraram muito tempo. Desde 1553, h reconciliao em torno das mesmas ideias. Scientia Traductionis, n.13, 2013

de Iscrates, por Giry em 1640, les Controverses (Controvrsias) de Sneca, (1639), les Verrines (Verrinas) (1640) por Lesfargues (loc. cit.). Scientia Traductionis, n.13, 2013

loriginal. Deux principes donc : lun, technique, lautre idologique. Cette position connaitra un retournement la premire moiti du XVIIe sicle avec lavnement de la prose et la naissance des belles infidles. Ceci tant, ds le XVI e sicle, on essaye de btir des rgles pour bien traduire, par-tir de lide que la traduction est un art. Selon Mlle de Gournay : Bien traduire, cest vraiment in-venter, cest engendrer une uvre de nouveau.27 Curieusement, les exemples de la Pliade sont rests sans suite, ce qui est normal tant donn la place que J. Du Bellay ac- corde la traduction et cest la pen- se d. Dolet qui, comme on la dj signal, servira ds lors de r- frence. Le XVIIe sicle se caractrise par la perte de prestige de la posie et la monte de celui des traduc- teurs. Selon R. Zuber (1968), cest l quest ne la prose franaise et ce, grce la traduction. On traduit tout en prose. Il est certain que dans cet esprit les rgles traductives de- meurent plutt implicites. Certes, le sicle a fourni ses prescripteurs, dans la personne des grammairiens, plus rationalistes et favorables une traduction plus juste ou plus exacte. Ainsi, de Mziriac, que lon verra parmi les thoriciens du sicle (auteur dune description de proc- ds) et Gaspard de Tende ; ainsi les jansnistes, frus des rglementa- tions. De mme, le procd du mot mot, prescrit par la traduc- tion des textes saints, bien que fai- sant frmir dhorreur ces nouveaux traducteurs-auteurs, na jamais t abandonn pour la traduction de la sainte criture (Le Vayer conseille princpios, pois: um tcnico, o outro ideolgico. Essa posio vai experimentar um retorno na primeira metade do sculo XVII, com o advento da pro- sa e o surgimento das belles in- fidles. Isto , desde o sculo XVI, tenta-se criar regras para bem tra- duzir, a partir da idia de que a tra- duo uma arte. Conforme Marie de Gournay: Traduzir bem real- mente inventar, criar uma obra de novo.27 Curiosamente, os exem-plos da Pliade permaneceram sem continuao, o que normal consi- derando o lugar que J. Du Bellay concede traduo, e o pensa- mento de tienne Dolet que, como j assinalamos, servir desde ento como referncia.

O sculo XVII caracteriza- do pela perda de prestgio da poesia e pelo aumento daquele dos tradu- tores. De acordo com Roger Zuber (1968), foi nessa poca que nasceu a prosa francesa, e isso graas tra- duo. Tudo traduzido em prosa. certo que nesse esprito as regras tradutivas mantm-se bastante im- plcitas. Com efeito, esse sculo produziu seus prescritores, na pes- soa dos gramticos, mais racionalis- tas e favorveis a uma traduo mais precisa ou mais exata. Esse o caso de Mziriac, que ver-se- entre os tericos desse sculo (autor de uma descrio de procedimentos) e de Gaspard de Tende; igualmente os jansenistas, entusiastas das re- gulamentaes. Da mesma forma, o procedimento do palavra por pa- lavra, prescrito pela traduo de textos sagrados, embora fizesse tremer de horror esses novos tradu- tores-autores, jamais foi abandona-

27 Apud R. Zuber (1995), Les Belles Infidles et la formation du got classique, Paris, Albin Mi-chel, (1re dition 1968), p. 37

de respecter dans les saintes Lettres, le moindre iota).

On parle de clart, de simpli- cit, de bon sens, et surtout de bon gout, ce qui atteste que la rception prime pour guider le traducteur dans sa tche. Le souci de lAca- dmie est le style. Concrtement, les traducteurs (comme Giry, par exemple), procdent, eux, dun c- t, la transposition des mots tech- niques inintelligibles; de lautre, ladoucissement des mtaphores ridicules. Et certains traducteurs auront une attitude double : rigueur et fid- lit (littrale) pour les documents dhistoire ; libert pour les pices dloquence, qui sont abondam- ment traduites en ce sicle, en par- ticulier les textes de Cicron, dont les Huit Oraisons, parues en 1638, traduites par Giry, DAblancourt, Patru et Du Ryer ont servi de mani- feste la traduction et ont ouvert aux traducteurs leur entre lAcadmie28. Peser les mots et non pas les compter, voil la de-vise suivie par DAblancourt, Br- val, La Mnardire. Et, si dun ct, cette grande libert permet aux ta- lents littraires de spanouir, il va de soi que la qualit de chaque tra- duction dpend du talent dcrivain de chaque traducteur. Mais, nen est-il pas toujours ainsi ? Cette attitude implique encore lusage de certains procds comme les additions, les suppressions et les modifications, employs au nom de do para a traduo das Sagradas Es- crituras (Le Vayer aconselha respei- tar nas santas Letras qualquer vrgula). Fala-se de clareza, simplici- dade, bom senso, e, acima de tudo, bom gosto, o que atesta que a re- cepo prima por guiar o tradutor em sua tarefa. A preocupao da Academia o estilo. Concretamen- te, os tradutores (como Giry, por exemplo) por um lado, procedem transposio de palavras tcnicas ininteligveis, e por outro suaviza-o de metforas ridculas. E alguns tradutores tero uma atitude dupla: rigor e fidelidade (li- teral) para os documentos histri- cos; liberdade para peas de elo- qncia, abundantemente traduzi- das nesse sculo, em particular os textos de Ccero, cujas Oraes (Huit Oraisons), publicadas em 1638, traduzidas por Giry, DAblancourt, Patru et Du Ryer, serviram de manifesto traduo e abriram aos tradutores sua entrada na Academia29. Pesar as palavras e no cont-las, o lema seguido por DAblancourt, Brval, La Mnardire. E se por um lado essa grande liberdade permite aos talen- tos literrios desabrocharem, no preciso dizer que a qualidade de ca- da traduo depende do talento de escritor de cada tradutor. Mas, no sempre assim? Essa atitude implica ainda o uso de certos procedimentos, como as adies, as supresses e as modi- ficaes, empregados em nome do

28 R. Zuber cite, parmi dautres: les Philippiques, les Paradoxes de Cicron par P. Du Ryer (1639-40), De la louange dHlne et de Busire dIsocrate, par Giry en 1640, les Contro- verses de Snque, (1639), les Verrines (1640) par Lesfargues (loc. cit.). 29 R. Zuber cita, entre outros: les Philippiques, les Paradoxes (Filpicas, Paradoxos) de Ccero por P. Du Ryer (1639-40), De la louange dHlne et de Busire (O elogio de Helena e Busiris) THORIES ET PRATIQUES DE LA TRADUCTION EN FRANCE la biensance (Ce qui est galand decoro (O que galante em Roma

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Rome est quelquefois ridicule Pa- ris, dit Scudry avec dautres). On peut y ajouter encore: lennoblisse- ment, la majest de la traduction; la recherche dun nouveau rythme. Dans le souci de lart, on nvitera pas la paraphrase (allon- geante)30. La consquence pour le texte traduit, selon R. Zuber, cest le faonnement dune belle prose, la mise en valeur du hros, par lutilisation des verbes la voix ac- tive , qui influenceront y compris des auteurs comme Racine ou Cor- neille, la modernisation, quelque- fois des altrations, des murs afin que le sicle puisse sen inspirer et les mes, grandir. Ainsi, durant le vivant de Ri-chelieu sest cre la faon dite classique de traduire, faon polie, explicite, claire, simple, de bon gout. Mais, aprs sa mort, la que- relle entre les tenants de la fidlit et les tenants de linfidlit dans la traduction reprend son cours, ce qui fait que DAblancourt est critiqu au nom dune nouvelle exigence de savoir (Miramion), absente des propos cicroniens. partir de la deuxime moiti du sicle, cette exigence de rigueur va saccroitre et apparait sous la forme de rgles manant essentiellement des traduc- teurs jansnistes. Lre de la libert sachve ainsi provisoirement. s vezes ridculo em Paris, disse Scudry junto de outros). Pode-se acrescentar ainda: o enobrecimento, a majestade da traduo, a busca por um novo ritmo. No cuidado com a arte, no se evitar a parfrase (alongadora)31. A conseqncia para o texto tradu- zido, segundo Roger Zuber, a construo de uma bela prosa, a va- lorizao do heri, pela utilizao dos verbos na voz ativa (que in- fluenciaro autores como Racine ou Corneille), a modernizao, por ve- zes alteraes, dos meios retricos, para que o sculo possa neles se inspirar e as almas se engrandece- rem. Assim, durante o tempo de vida de Richelieu, criou-se a manei- ra de traduzir dita clssica, ma- neira polida, explcita, clara, sim- ples, de bom gosto. Mas aps sua morte, a querela entre os defensores da fidelidade e os defensores da in- fidelidade na traduo retoma o seu curso, o que faz com que DAblancourt seja criticado em nome de uma exigncia nova por saber (Miramion), ausente dos propsitos ciceronianos. A partir da segunda metade do sculo, essa exigncia de rigor vai aumentar e aparece na forma de regras que emanam principalmente de traduto- res jansenistas. Assim, a era da li- berdade termina provisoriamente.

30 On a compris, la traduction classique, en raison de la tendance du franais expliciter, en rai- son de son aspect plutt analytique (contrairement au latin, langue dclinaisons), en raison de lemploi de la paraphrase, rsulte en un texte deux fois plus long que loriginal. Ainsi, pour les traductions du texte de Tacite, l o lauteur latin utilise 84 mots, Fauchet emploie 164, Bau- doin, 182, Le Maistre, 159, Brval 195 et DAblancourt 174. 31 Compreende-se a traduo clssica devido tendncia do francs em explicitar, em razo do seu aspecto bastante analtico (ao contrrio do latim, lngua de declinao), em razo do emprego da parfrase, resultando um texto duas vezes maior que o original. Assim, para as tradues do texto de Tcito, onde o autor utiliza 84 palavras em latim, Fauchet emprega 164, Baudoin, 182, Le Maistre, 159, Breval 195 e DAblancourt 174. Scientia Traductionis, n.13, 2013

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La grande nouveaut quintroduisent les jansnistes sur le plan de la thorie, cette poque, est la prescription de lquivalence. Nous ne sommes plus ici la tho- rie de la pese des mots, car chaque image, chaque mtaphore, chaque beaut du texte original doit correspondre une image, une mtaphore, une beaut dans le texte darrive32. Le fait est que les mots, ntant plus pess, mais compts, il faut faire changer lauteur de langue sans le faire changer de pense et de Sacy, qui a un trs beau style, sexplique sur la difficult dobtenir une traduc- tion la fois juste et belle. Les rgles contraires, en re- vanche, et comme on la dj vu, exprimes par Tende, soulignent la ncessit de traduire les quiva- lences, de pntrer lesprit de lauteur, de ne pas allonger ni em- bellir. Le Maistre, par la suite, for- mulera dix rgles dans le prolon- gement de Tende. Pour ce dernier la premire chose quoi il faut prendre garde dans la traduction franaise : cest dtre extrmement fidle et littral, cest--dire, dexprimer en notre langue, tout ce qui est dans le latin, et de le rendre si bien que si, par exemple, Cicron avoit parl notre langue, il et parl de mme que nous le faisons parler dans notre traduction34 (R. Zuber, 1995, p. 143). Nessa poca, a grande novi- dade introduzida pelos jansenistas no plano da teoria a prescrio da equivalncia. Aqui j no estamos mais na teoria do peso das pala- vras, pois para cada imagem, cada metfora, cada beleza do texto original, deve corresponder uma imagem, uma metfora, uma bele-za no texto de chegada33. O fato que, com as palavras no sendo mais pesadas, mas contadas, pre- ciso fazer mudar o autor de lngua sem faz-lo mudar de pensamento, e de Sacy, que tem um estilo muito belo, explica-se sobre a dificuldade em se obter uma traduo ao mes- mo tempo precisa e bela As regras contrrias, no en- tanto, como j vimos, expressadas por Gaspar de Tende, enfatizam a necessidade de traduzir as equiva- lncias, de penetrar o esprito do escritor, de no alongar nem embe- lezar. Antoine Le Maistre, mais tar- de, vai formular dez regras a partir daquelas de Tende. Para este ltimo, a primeira coisa que preciso ter cuidado na traduo francesa ser extrema- mente fiel e literal, isto , exprimir em nossa lngua tudo o que se tem em latim, e faz-lo to bem que se, por exemplo, Ccero tivesse falado nossa lngua, teria falado como ns o fazemos falar em nossa tradu-o34. (R. Zuber, 1995, p. 143). Peu peu, les conseils accen- tuent les efforts faire pour conser- ver lquilibre, les proportions, pour viter les rptitions, les sons dsagrables, bref, intervenir dans le texte darrive. Pouco a pouco, os conselhos acentuam os esforos necessrios para manter o equilbrio, as propor- es, para evitar a repetio, os sons desagradveis, em suma, para intervir no texto de chegada.

32 On pourrait y voir, en revanche, une position anctre de celle quadoptera Meschonnic. 33 Pode-se ver, no entanto, uma posio ancestral daquela que ser adotada por Meschonnic. 34 Introduction lIliade, A. Leide, Weistein et fils, 1766, apud Mounin, loc. cit., Les Belles In-fidles, Marseille, Cahiers du Sud, 1959, p. 5. de la traduction se modifie. Aprs le modelage de la prose franaise, avec ses rgles, son style, le sicle des Lumires mprise la traduction faite au dtriment de lexpression de la pense et considre comme lexpression de seconde main . La traduction devient ainsi activit secondaire et totalement dpen- dante du gout et des usages (o la fidlit nest plus de mise). Cest que les traducteurs du XVIIIe sicle ont, entre autres choses, satisfaire au gout du public lettr, devant non seulement se plier aux rgles grammaticales, stylistiques, rhto- riques en vigueur dans leur sicle, mais aussi bien travestir au nom de la biensance le contenu des textes traduits, savoir les textes de lAntiquit grco-romaine. Il sagit dun sicle o la traduction nest plus lactivit prestigieuse (socia- lement et artistiquement) quelle a pu tre durant les sicles antrieurs. Lun des traducteurs les plus connus et exemplaires cette poque est une traductrice, Mme Dacier, A. Tanneguy-Lefebvre (1651-1720), pouse dA. Dacier avec qui elle a traduit La Vie des hommes illustres de Plutarque, aprs Amyot. MmeDacier a, de son ct, entrepris plusieurs traductions, de Plaute, Aristophane, Trence et enfin de lIliade et de lOdysse qui lui valurent la gloire. Dfenseur des Anciens et particulirement dHomre, la traductrice de lIliade, expose deux types de difficults rencontres dans sa traduction : la premire, dordre potique ; la se- conde, de lordre des valeurs thi- co-esthtiques de lpoque (morale et rceptive) quelle attribue la faiblesse de la langue franaise. ria da traduo se modifica. Aps a constituio da prosa francesa, com suas regras e seu estilo, o sculo das Luzes despreza a traduo feita em detrimento da expresso do pensa- mento, e a considera como uma ex- presso de segunda mo. A tra- duo torna-se atividade secundria e totalmente dependente do gosto e dos usos (em que a fidelidade no mais aceita). que os tradutores do sculo XVIII tm, entre outras coi- sas, de satisfazer o gosto do pblico letrado, devendo no somente se submeterem s regras gramaticais, estilsticas e retricas em vigor em seu sculo, mas tambm disfarar, em nome da decncia, o contedo dos textos traduzidos, a saber os textos da antiguidade greco- romana. Trata-se de um sculo em que a traduo no mais (social- mente e artisticamente) a atividade prestigiosa que foi nos sculos ante- riores. Um dos tradutores mais co- nhecidos e exemplares dessa poca uma tradutora, Madame Dacier, Anne Tanneguy-Lefebvre (1651-1720), esposa de Andr Dacier com quem traduziu As vidas dos homens ilustres de Plutarco, aps Amyot. Madame Dacier, por sua vez, reali- zou vrias tradues de Plauto, Aristfanes, Terncio e, finalmente, da Ilada e da Odissia, que lhe renderam a glria. Defensora dos antigos e particularmente de Home- ro, a tradutora da Ilada enuncia dois tipos de dificuldades encontra- das em sua traduo: a primeira, de ordem potica; a segunda da ordem dos valores tico-estticos da poca (moral e de recepo) que ela atri- bui fraqueza da lngua francesa.

Ce que Mme Dacier entend par faiblesses de la langue fran- aise ne se situe pas seulement au ni- veau de la langue proprement par- ler, comme on a pu voir par la ri- chesse de sa littrature. Ce quelle entend par la langue, ce sont les usages devenus puristes, confor- mistes : Que doit-on attendre dune traduction en une langue comme la ntre, toujours sage, ou plutt timide, et dans laquelle il ny a presque point dheureuse hardiesse, parce que tou- jours prisonnire dans ses usages, elle na pas la moindre libert35? Cette faon de traduire, on la trouve galement chez Rivarol, tra- ducteur de Dante, disciple de labb Delille dans lart de tout dire avec lgance. La dualit qui sannonce partir de ce moment et qui sera pa- tente au XVIIIe sicle, le sicle des belles infidles, ne se situe plus entre les mots et les sens, mais plus insidieusement, entre les mots du texte, la lettre, et les sens tels que prconise la langue officielle36 la-quelle nest pas, comme on le sait, la langue de tous les Franais, mais la langue de la Cour, la langue du Droit, de lAdministration, de lArme. Entre texte et lusage donc. Cet tat de choses, que lon observe en diachronie, montre la tnacit de la position classique quillustrent toutes ces thories qui se trouvent la base des normes du systme traductif franais et dont les tendances dformantes de la traduction franaise analyses par A. Berman (1985) ne sont que lenvers. Une position traductive dite libre mais qui, au cours des sicles, est devenue de plus en plus servile, lorigine de la fameuse O que Madame Dacier en- tende por fraquezas da lngua francesa no se situa apenas no nvel da lngua propriamente dita, como vimos pela riqueza de sua literatura. O que ela quer dizer com lngua so os usos, que se tornaram puristas, conformistas: O que devemos esperar de uma traduo para uma lngua como a nossa, sempre sbia, ou antes t- mida, e na qual quase nenhuma ousadia feliz, pois sempre presa em seus usos sem a menor liber-dade35? Essa maneira de traduzir encontrada tambm em Rivarol, tradutor de Dante, discpulo do abade Delille na arte de dizer tudo com elegncia. A dualidade que se anuncia a partir desse momento, e que ser evidente no sculo XVIII, o sculo das belles infidles j no se situa entre as palavras e os sentidos, mas, de maneira mais insidiosa, entre as palavras do texto, a letra, e os sentidos tal como preconiza a ln- gua oficial, que no , como se sa- be, a lngua de todos os franceses, mas a lngua do Tribunal, a lngua do Direito, da Administrao, do Exrcito. Logo, entre texto e usos.

Esse estado de coisas, obser- vado em diacronia, revela a tenaci- dade da posio clssica que ilus- tram todas essas teorias que esto na base das normas do sistema tra- dutrio francs, e de que as ten- dncias deformadoras da traduo francesa analisadas por Antoine Berman (1985) so apenas o inver- so. Uma posio tradutiva dita livre mas que ao longo dos sculos tor- nou-se cada vez mais servil, na ori- gem da famosa dualidade diante da

35 I. Oseki-Dpr, loc. cit., p. 158ss. 36 P. Bourdieu (1982), Ce que parler veut dire, Paris, Fayard. THORIES ET PRATIQUES DE LA TRADUCTION EN FRANCE dualit devant laquelle le traducteur qual o tradutor tem de escolher: a

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devra choisir : la source ou la cible. Il aura fallu attendre le XIXe sicle pour que la pense sur la traduction se modifie. Ainsi, la suite de la Rvolution, pour plusieurs raisons, dont linfluence du romantisme allemand, on souvre vers lAutre, ltranger, vers dautres cultures37. Le grand nom qui se dtache dans le sicle est celui de Franois Ren de Cha- teaubriand qui innove plus dun titre : non seulement par le dsir de dcrire la faon dont il a traduit Le Paradis perdu de J. Milton38, mais par laffirmation de lavoir traduit littralement . Chateaubriand es- time quil a rvolutionn la faon de traduire, mais ce qui lui importe davantage, cest la description des procds quil a mis en uvre pour le faire. On peut compter parmi ses procds, le respect, voire le calque de la syntaxe anglaise au dtriment des rgles du bon usage franais, lactivation de lintertextualit (S- nque, la Bible), la cration de no- logismes, le respect des mots hor- ribles et des mots communs, donc des diffrents niveaux du texte de Milton, ainsi que de lobscur (Dieu). Chateaubriand est le pre- mier traducteur de la Modernit se rclamer dune traduction mot mot, quun enfant pourrait suivre avec le doigt et il est considr par A. Berman, minent traductologue contemporain, comme le traduc- teur exemplaire. fonte ou o alvo. Ser preciso esperar at o s- culo XIX para que o pensamento sobre a traduo se modifique. As- sim, aps a Revoluo, por vrias razes, incluindo a influncia do romantismo alemo, h uma abertu- ra para o Outro, o estrangeiro, para outras culturas39. O grande nome que se destaca nesse sculo o de Franois Ren de Chateaubriand, que inova de mais uma forma: no somente pelo desejo de descrever como traduziu O paraso perdido de John Milton38, mas pela afirma-o de t-lo traduzido literalmen- te. Chateaubriand julga que ter re- volucionado a forma de traduzir, mas o que mais lhe importa a des- crio dos mtodos que utilizou pa- ra faz-lo. Podemos contar entre os seus procedimentos, o respeito, at mesmo do calque da sintaxe inglesa em detrimento das regras do bom uso francs, a ativao da intertex- tualidade (Sneca, a Bblia), a cria- o de neologismos, o respeito s palavras horrveis e s palavras comuns, portanto dos diferentes nveis do texto de Milton, assim como ao obscuro (Deus). Chateau- briand foi o primeiro tradutor da Modernidade a se referir a uma tra- duo palavra por palavra, que uma criana poderia seguir com o dedo, e considerado por Antoine Berman, eminente tradutlogo con- temporneo, como o tradutor exemplar.

37 Dans notre ouvrage (loc. cit.), nous considrons Chateaubriand comme un prcurseur des thoriciens de la description en traduction littraire. 38 F. R. de Chateaubriand (1983), Remarques sur la traduction de Milton, Po&sie, n 23, Pa-ris, Belin, p. 112 et sq. 39 Em nosso livro (loc. cit.), consideramos Chateaubriand como um precursor dos tericos da descrio na traduo literria.

Thories descriptives, naissance de la traductologie Au XXe sicle la naissance de la linguistique va permettre la tra- ductologie de natre et de se dve- lopper. Entre laprs-guerre et les annes 1970, lintrt pour la tra- duction de la part de linguistes et philosophes du langage se dve- loppe en France et ltranger. Dabord tourne vers les problmes linguistiques (mthodes, pdagogie, philologie), elle sintresse peu peu (1980) laspect proprement littraire de la traduction (esth- tique, potique) et laspect philo- sophique (thique). La faon clas- sique de traduire est remise en cause et la rvolution annonce par Chateaubriand permet au philo- sophe A. Berman de condamner les positions traditionnelles comme tant ethnocentriques (1985). partir dune rflexion qui lui est propre, mais qui converge vers celle de W. Benjamin40 (1926) et laide des propos tenus par les potes al-lemands dfenseurs dune pratique littraliste du traduire comme cons- titutive de la culture, A. Berman propose la critique de la traduction travers la traductologie comme forme ou champ de savoir, rap-procher de ces formes de discours rcents que sont larchologie de M. Foucault, la grammatologie de J. Derrida ou la potologie dve- loppe en Allemagne par B. Alle- man (1984). Ce savoir, il le dfinit dans son ouvrage, de parution pos- thume, Pour une critique des tra- ductions : John Donne, Gallimard (Paris, 1995) comme un savoir discursif et conceptuel essayant de conqurir une scientificit propre. Cette critique va ouvrir un nouvel Teorias descritivas, o nascimento da tradutologia No sculo XX, o nascimento da lingustica vai permitir o surgi- mento e o desenvolvimento da tra- dutologia. Entre o ps-guerra e os anos 70, o interesse pela traduo por parte dos linguistas e filsofos da linguagem se desenvolve na Frana e no exterior. Primeiramente voltada aos problemas lingusticos (mtodos, pedagogia, filologia), pouco a pouco ela se interessa (1980) pelo aspecto propriamente literrio da traduo (esttica, po- tica) e pelo aspecto filosfico (ti- co). A maneira clssica de traduzir recolocada em causa e a revolu- o anunciada por Chateaubriand permite ao filsofo Antoine Berman condenar as posies tradicionais como etnocntricas (1985). A partir de uma reflexo prpria, mas que converge para a de Walter Ben-jamin42 (1926), e com a ajuda das opinies sustentadas pelos poetas alemes que defendiam uma prtica literalista do traduzir como consti- tuidora da cultura, Antoine Berman prope uma crtica da traduo atravs da tradutologia como forma ou rea de conhecimento, aproximando-se destas formas de discurso recentes que so a arqueo- logia de Michel Foucault, a grama- tologia de Jacques Derrida ou a po- etologia desenvolvida na Alemanha por B. Alleman (1984). Esse saber, ele o define em seu livro, publicado postumamente, Pour une critique des traductions: John Donne, Gal- limard (Paris, 1995), como um sa- ber discursivo e conceitual que ten- ta conquistar uma cientificidade prpria. Essa crtica vai abrir um novo espao terico e prtico da

40 La redcouverte du texte benjaminien (La tche du traducteur) a t essentielle pour la tra-duction littraire contemporaine. THORIES ET PRATIQUES DE LA TRADUCTION EN FRANCE

INS OSEKI-DPR

espace thorique et pratique de la traduction littraire en France41. Une nouvelle faon de traduire, la fois littraliste et libre nait en France avec les traductions de M. Deguy, de J. Risset, de P. Klossows- ki, de J. Roubaud, qui pratiquent une traduction la fois isomorphique et tourne vers lavenir : ni littrale, ni libre, mais structurellement lie loriginal et sur laquelle il y aurait beaucoup dire, mais les limites de cet expos nous interdisent de le faire44.

***** traduo literria na Frana43. Uma nova forma de traduzir, ao mesmo tempo literal e livre, nasce na Frana com as tradues de Michel Deguy, Jacqueline Risset, Pi- erre Klossowski, Jacques Roubaud, que praticam uma traduo tanto isomrfica quanto voltada para o futuro: nem literal, nem livre, mas es- truturalmente ligadas ao original, e sobre a qual haveria muito a dizer, mas os limites deste nos probem de faz-lo45. Ins Oseki-Dpr [email protected] Tradutora literria e Profa. Dra., Universit de Aix-en-Provence Traduo de: Narceli Piucco [email protected] Doutoranda, Universidade Federal de Santa Catarina Anderson da Costa [email protected] Ps-doutorando, Universidade Federal de Santa Catarina Fonte: Oseki-Dpr, Ins. Thories et pratiques de la traduction littraire en France, in Le franais aujourdhui, 2003/3 n 142, pp. 5-17. DOI: 10.3917/lfa.142.0005

42 A redescoberta do texto benjaminiano (A tarefa do tradutor) foi essencial para a traduo li-terria contempornea. 41 Son premier ouvrage important, Lpreuve de ltranger, Paris, Gallimard, coll. essai , 1984, consiste en une analyse trs fructueuse du Romantisme allemand et des auteurs qui ont accord la traduction une place primordiale aussi bien dans le dveloppement de la pense que dans celui de la culture en gnral. 43 Sua primeira grande obra, Lpreuve de ltranger, Paris, Gallimard, coll. essai , 1984, uma anlise muito bem sucedida do Romantismo alemo e dos autores que concederam traduo um lugar primordial, tanto no desenvolvimento do pensamento quanto da cultura em geral. 44 On peut citer comme exemple la traduction du Qohlet de J. Roubaud (Bible, Bayard, 2000), dans laquelle ce qui est traduit relve la fois de lorganisation et de la poticit de loriginal. 45 Podemos citar como exemplo a traduo do Qohlet (Eclesiastes) de J.Roubaud (Bible, Bayard, 2000), na qual o que traduzido releva a organizao e a poeticidade do original.

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