50 anos de televisão
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50 Anos de Televisão:Um Inventário da Programação Infantil
Lara Maria - [email protected]: Prof. Dr. José Salvador Faro.UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULOCurso de Pós-Graduação em Comunicação SocialSão Bernardo do Campo, 2000
Dissertação apresentada em cumprimento parcial às exigências do Programa de Pós-
Graduação em Comunicação Social, da UMESP-Universidade Metodista de São Paulo, para
obtenção do grau de Mestre
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televisão, desde sua criação, vem ocupando um espaço cada vez maior na vida
das pessoas, tornando-se quase imprescindível, visto que permite a ligação do
indivíduo com o mundo. Vários são os fatores que determinam sua programação,
e a busca pelos diversos segmentos a serem explorados é uma constante.A
A partir de nossas leituras, bem como da participação em discussões, seminários e
congressos, percebemos uma lacuna nos registros sobre os programas infantis, embora
alguns destes já tinham sido fonte de análise. Por isso, o propósito de nossa pesquisa foi
inventariar os programas televisivos produzidos especificamente para o público infantil.
Pesquisamos os programas infantis veiculados nas emissoras de televisão com sinal
aberto na cidade de São Paulo, desde as extintas TVs Tupi, Excelsior, Paulista e Manchete,
como também as emissoras em funcionamento, TVs Record, Globo, Cultura, Bandeirantes,
CNT/Gazeta, SBT e a recente Rede TV!.
Os programas pesquisados foram aqueles elaborados no Brasil para o público infantil.
Desta forma, não foram considerados os desenhos animados ou enlatados veiculados
durante a apresentação dos programas.
Para realizar a pesquisa, escolhemos o método histórico-descritivo. Utilizamos como
recurso materiais fornecidos pelas emissoras, depoimentos de pessoas que participaram dos
programas infantis (diretores, elenco, produção etc.), pesquisa na programação publicada no
jornal O Estado de S. Paulo, através de consultas disponibilizadas no Arquivo do Estado de
São Paulo, durante os primeiros cinqüenta anos de TV brasileira, bem como, recortes de
vários outros jornais e revistas. Pesquisamos ainda, os acervos do Centro Cultural São
Paulo, além das várias pesquisas bibliográficas.
Quando usamos os depoimentos tivemos o cuidado de comparar as informações
recolhidas nestes com as disponíveis nas fontes escritas, evitando a subjetividade e
parcialidade pertinentes à memória dos protagonistas.
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O presente estudo tem, em essência, um caráter quantitativo, embora, em alguns
momentos, foi necessária a intervenção qualitativa.
Visando os objetivos propostos, fizemos um levantamento e uma identificação dos
vários programas infantis apresentados, ao longo da história, pelas emissoras de São Paulo.
Enfocamos, também, o estilo dos programas apresentados, o que permitiu perceber, em
grande parte deles, sua duração e as mudanças ocorridas em sua programação.
Ao fazer a análise, percebemos que a história da TV brasileira é pontuada por lacunas
informativas, seja pela dificuldade de registros nos primeiros momentos, seja pela falta de
interesse por uma memória ou ainda devido a fatores intervenientes, como incêndios que
destruíram muitos arquivos. Esta limitação torna praticamente impossível, neste estágio do
conhecimento acumulado sobre o tema, determinar quantitativamente o que já chegou a ser
recuperado. Este estudo resgata grande parte, mas não representa a totalidade da
programação infantil.
A dificuldade de se desenvolver uma pesquisa histórica no Brasil - e especificamente
sobre televisão - é algo que já vem sendo sentido há tempos por vários pesquisadores. Luiz
Nagib Amary e Ana Maria Belluzzo (Silva, 1981, p.3) já disseram que
a nossa TV não tem história; para reconstruir seu passado, especialmente o
período anterior ao videtape, é preciso um grande esforço de pesquisa. Afinal, a
televisão não era levada a sério pelas pessoas que estudavam a cultura
brasileira e ninguém se preocupou em documentar os seus passos. Hoje, temos
de confiar basicamente no depoimento dos profissionais responsáveis pela sua
criação e desenvolvimento – cuja memória nem sempre é fiel – para escrever
essa história.
Dos programas identificados alguns não chegaram a ser descritos neste inventário.
Isto se deve a duas ordens de fatos: a escassez quase absoluta de material de consulta e a
dificuldade de recuperação de depoimentos confiáveis dos protagonistas envolvidos.
Todavia, essa lacuna não invalida a compreensão atual do levantamento feito, tendo em
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vista sua representatividade diante do quadro da programação infantil da TV brasileira. (vide
anexo I a relação geral dos programas não descritos)
Esperamos com este trabalho contribuir para que outros pesquisadores possam
aprofundar os estudos sobre a televisão brasileira, que adentra aos lares brasileiros como
veículo fundamental de comunicação e que vem ganhando novas possibilidades graças aos
avanços tecnológicos. A internet que se associa a esse meio e logo possibilitará a criação de
novos formatos; a TV por assinatura que com seus canais especializados segmenta seu
público e muitas vezes possibilita que este seja mais seletivo e até mais exigente por opções
mais criativas e melhor elaboradas, revelando-nos um público com perfil mais preocupado
com conteúdo, mesmo diante da TV aberta. 1
Uma vez que a televisão no Brasil é um veículo de comunicação que alcança
praticamente 99% do território nacional, vimos a importância de estudar esse meio
inventariando sua programação infantil produzida nessa trajetória de cinqüenta anos de TV.
Percebemos que o segmento infantil integra a própria história das emissoras que compõem
os canais televisivos que marcaram e marcam presença nesse sistema de sinal aberto de
televisão. A programação infantil é evidenciada em todas emissoras. Mesmo que estas não
tenham o público infantil como foco principal, em algum momento ele é pensado.
As produções realizadas para o público infantil, nas várias emissoras, apresentam de
maneira geral uma diversidade na sua proposta, embora o inventário tenha permitido
identificar alguns padrões inseridos nos programas infantis que mais se repetem do que
inovam fórmulas que ao mesmo tempo que são fáceis coexistem com propostas refinadas e
educativas.
1 O presente trabalho está assim apresentado: No capítulo I, um breve histórico sobre a televisão no Brasil, com destaque de momentos marcantes em sua trajetória, percebendo elementos de entretenimento e educação que a permeiam. Por meio dessa exposição, contextualizamos nosso objeto de estudo: os programas infantis. No capítulo II, abordamos a importância do papel da televisão no mundo infantil, bem como sua presença nas instituições sociais, como na família e na escola. Refletimos também sobre a televisão como referência para sociedade e como instrumento de consumo. E no capítulo III, reconstituímos a memória da programação infantil, apresentando os programas infantis com as informações disponibilizadas referentes a cada programa. Observe-se que não estabelecemos um padrão para compô-los, visto que as fontes e as informações variam para cada programa. Procuramos também contextualizar historicamente a trajetória de cada emissora que formou os 50 anos de televisão no Brasil.
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Através do levantamento também pudemos observar que as fórmulas comerciais –
que são predominantes – escapam de certa forma do projeto inicial idealizado por seus
criadores e produtores, deixando entrever que a TV comercial brasileira não se mostra capaz
de trabalhar efetivamente com todo potencial educativo que o veículo permite.
Ao refletir a trajetória da televisão e as várias etapas sofridas como resultado de sua
evolução, o veículo ganha possibilidades e até modificações graças a implicações do avanço
tecnológico. O exemplo é a internet associada a esse meio que logo possibilitará a
elaboração de novos programas, além da opção TV por assinatura, que permite a
segmentação do público com a conseqüente criação de um novo padrão. Esses canais
especializados podem “roubar” a audiência, inclusive a infantil. Percebemos assim uma
preocupação maior por parte de algumas emissoras com os programas infantis, podendo-se
visualizar uma produção mais criativa e de melhor elaboração. Fica claro que buscam um
enquadramento num contexto mais educativo-cultural, o que nos revela uma preocupação
em inserir elementos antes só imaginados nas telas das TVs Educativas ou segmentadas.
A TV Cultura, por exemplo, chega a conquistar até doze pontos de audiência no
horário nobre com sua programação especializada nos infantis. O crescimento do público da
TV Cultura comprova que o telespectador está mais seletivo e interessado numa
programação de qualidade. Essa ascensão da audiência revela uma mudança no perfil de
uma parte do público que está se preocupando mais com o conteúdo do que simplesmente
com o formato.
Essa tendência começa a ser observada pelas emissoras de sinal aberto e estas
passam a dedicar uma maior atenção às suas programações infantis, inserindo elementos
que vão além do simples entretenimento. Além de começarem a oferecer uma diversidade
em termos de horários e faixas etárias melhor delimitadas ocupando inclusive os horários
nobres da TV.
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A TV Tupi foi a emissora pioneira e desde seu início a programação infantil fazia parte
de seus programas. Seguia os mesmos moldes dos programas para adultos, como o
teleteatro. Foi o caso de "Fábulas Animadas", entre outros. As telenovelas infantis também
compuseram sua programação, como, por exemplo "Pollyana", “O Jardineiro”, etc.. Havia
outros programas nos quais os personagens viviam episódios, que podiam, ou não ter
continuidade no dia seguinte, mas o que marcava era a convivência comum e o envolvimento
de uns com os outros, como se observa no "O Sítio do Pica-Pau Amarelo", “Nos tempos da
vovó”, "Segredos do Vovô'', e outros.
Muitos programas eram de auditório, como uma herança do rádio. Como foi o caso do
primeiro programa infantil, o "Gurilândia”, que foi uma versão para televisão baseado no
"Clube do Papai Noel", um programa infantil de rádio que, uma vez por ano, era apresentado
na TV como um especial. Vários programas de auditório se desenvolveram a partir disso e
passaram a compor o quadro diário da programação da TV, como “Os Melhores da Semana”
e muitos outros foram surgindo. É importante ressaltar que foi também na TV Tupi que os
programas com modelo circense ganharam vida, como foi o caso de "Fuzarca e Torresmo" e
"Cirquinho Bom-Bril", entre outros.
“Sabatinas Maisena” era outro tipo de programa que envolvia a disputa entre escolas,
propondo avaliação de conhecimento e tarefas a ser cumpridas. Outro modelo era
intercalado por desenhos, tarefas, brincadeiras, concursos; sempre com um cenário
dinâmico, que estimulava a imaginação da criança para outros mundos: “Capitão Aza”,
“Meire, Meire, Queridinha” etc.
Apesar de encontrarmos na programação de TV publicada diariamente no jornal O
Estado de São Paulo, referências à vários programas como "Circo Os Pankecas", "Arco Íris",
da TV Tupi, entre outros apresentados nas TVs Paulista, Record, Globo, Bandeirantes,
CNT/Gazeta, SBT e Manchete, não conseguimos informações que nos permitissem compor
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sua descrição, pois só estava disponível o mês e o ano em que eram apresentados (ver
anexo I a relação do títulos encontrados sem descrição dos mesmos).
Segundo Fábio Sabag, a TV Paulista manteve também um teleteatro, o "Teatro
Infantil", na década de 50, o que era comum em todas as emissoras. Depois, quando a
emissora foi comprada pela Globo em 1966, a memória da TV Paulista praticamente se
perdeu, ou se confundiu. A Globo manteve alguns programas e, entre os infantis, estavam
“Capitão Furacão” e “Zás Tráz”.
A TV Record não definiu uma perfil para a programação infantil, pois parece não era
seu foco principal. Pode ser que esta afirmação não seja totalmente verdadeira, devido a
falta de dados concretos sobre a programação, visto que essa emissora passou por diversos
donos e a preservação de sua memória em momento algum foi preocupação central de seus
dirigentes.
Mesmo no livro comemorativo da emissora sobre os seus 40 anos, não há dados
significativos. Apenas mencionam, além dos recentes, o programa “Pullmann Jr”, “Gincana
Kibon” e “O Cirquinho do Arrelia”. Deste último programa conseguimos mais dados, pois
entrevistamos o próprio Arrelia que recordou momentos dos dez anos em que o programa
esteve no ar.
Da programação da TV Excelsior só foram encontrados dois programas infantis: "Tia
Gladys e Seus Bichinhos" e "Essa Gente Inocente", talvez porque seu ponto forte, em sua
época áurea, fossem as novelas, além do fato de que a emissora viveu apenas nove anos e
não se encontram registros de suas produções.
A programação infantil sempre esteve presente na TV Globo, sendo que sua estréia,
no Rio de Janeiro, foi com o programa "Uni-Duni-Tê", em 1965. O programa era uma sala de
aula, com alunos, reproduzindo situações cotidianas e brincadeiras sob o comando de uma
professora, modelo este que muito veio a se “aperfeiçoar” na emissora.
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O entretenimento sempre foi a característica marcante das produções da TV Globo,
embora em alguns momentos tenham surgido programas de caráter educativo, como “Vila
Sésamo” e “Sítio do Pica-pau Amarelo”, nas décadas de 70 e meados de 80. Já nos anos 90
é com o programa “Angel Mix”, comandado pela apresentadora Angélica, que a emissora
procura ajustar, em alguns quadros, afim de se amoldar a um programa educativo, sem, no
entanto, perder o caráter de entretenimento e estimulador do consumo diferentemente dos
dois primeiros citados.
A emissora se destaca por fazer de seus programas infantis um verdadeiro show,
gerando ídolos, como Xuxa, a quem se dá o título de “rainha dos baixinhos”; vida fetichista à
cachorra “Priscila”, do programa “TV Colosso”; promove pessoas e objetos com um apelo
carismático capaz de seduzir com o imaginário do lúdico.
É importante ressaltar que na década de 80, os musicais infantis marcaram a
programação da emissora, com cantores, ou conjuntos, como “Arca de Noé” e
“Pirlimpimpim”, com cenários temáticos que foram propulsores da venda de milhares de
discos, gerando um novo estilo em que os apresentadores cantavam, transformando-se
mesmo alguns em cantores de sucesso, mesmo quando não tinham qualidade para tal.
Em todos os momentos de sua programação, a TV Globo preocupou-se em manter
programas infantis, mas dificilmente investiu em mais de um ao mesmo tempo; quando isso
aconteceu tratou-se de uma fase de transição, em que um programa estava saindo, dando
lugar a outro, mantendo assim o público cativo.
A TV Cultura diferencia-se das demais emissoras por seu caráter educativo, voltado
para as diversas faixas do público infantil, envolvendo desde questões de comportamento,
relacionamento social, familiar, até o conhecimento sistematizado de História e Ciências, por
exemplo. Seus programas, em geral, são interativos, porque estimulam a criança a fazer, a
experimentar, a tentar; são ricos na mescla de gêneros, utilizando-se do auditório, da
dramatização, de bonecos e de vários outros recursos, que podem prender a atenção da
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criança. Se comparada à programação das emissoras comerciais concorrentes, percebemos
que seus programas mantém uma constância, talvez por terem um projeto educativo que os
norteia. É comum, também, que sejam reprisados com certa constância, tornando-se
atemporais.
Na TV Bandeirantes não se observa uma preocupação relevante com os programas
infantis, limitando-se, em muitos momentos, á exibição de desenhos animados para
preencher lacunas de sua programação, em horários tipicamente destinados ao público
infantil. Apesar disso, houve algumas iniciativas e de caráter educativo, como no primeiro
investimento da emissora no gênero infantil, no final da década de 60, com o “Sítio do Pica-
pau Amarelo”, mas que não logrou êxito. Depois, ainda buscando uma proposta educativa,
trouxe da TV Cultura, no final dos anos 70 e início dos anos 80, a “Turma do Lambe Lambe”,
programa idealizado e comandado pelo artista plástico Daniel Azulay que, atualmente,
retorna à emissora com o programa “Oficina de Desenho”. De maneira geral, os demais
programas infantis apresentados pela emissora tiveram uma característica circense.
Quanto à TV CNT/Gazeta os dados encontrados referem-se apenas a quatro
programas: “Brincando na Paulista”, “Tudo por Brinquedo”, “Gincana Estrela” e “Hugo”, os
três primeiros de auditório e o último de estúdio, com interatividade, utilizando-se de games.
Fora o programa “Brincando na Paulista”, os outros foram gerados depois da união das duas
TVs, não havendo dados anteriores, pois segundo informações obtidas junto à emissora, só
agora estão sendo feitos registros da programação.
No caso do SBT, praticamente todas as informações foram obtidas por meio da
publicação da programação no jornal O Estado de São Paulo, visto que a emissora alega
não ter nenhum registro. O SBT, desde seu surgimento, tem como ponto forte a transmissão
de desenhos animados, mas é importante salientar que uma figura que se destacou desde o
início da emissora como animador e apresentador dos desenhos foi o “Bozo”, que se fez
presente também na Record, visto que, na época, ambas pertenciam ao mesmo empresário.
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É interessante notar que no SBT, embora sempre tenha recorrido ao gênero infantil
para preencher sua grade de programação não se percebe uma constância na apresentação
dos programas como se não houvesse necessariamente um comprometimento com a
criança como público alvo, mas uma preocupação com o preenchimento dos horários. A
programação infantil do SBT é irregular, ou seja, não têm uma seqüência na apresentação.
Alguns programas ficam poucos meses no ar, saem, retornam, sem inovar ou alterar seu
perfil. Muitos voltam apenas com nomes diferentes, como é o caso dos programas
comandados pela “Vovó Mafalda” e os da apresentadora “Simonny”.
Somente em meados da última década, se estruturando no final dela, é que os
programas assumem um caráter de uma programação planejada para a criança, como
acontece, por exemplo, com a contratação das apresentadoras infantis Mara, Angélica e
Eliana, todas seguindo os moldes da Xuxa, programa da Globo, que já tinha alcançado
sucesso.
O programa das “Chiquititas” foi um fenômeno que estourou no SBT, sendo baseado
no enlatado “Carrossel”, que envolve emoções com as quais a criança se depara no
cotidiano. É, na verdade, uma novela cujos personagens centrais são crianças, com
características pertinentes a essa faixa etária: arte, amor, brigas, carinho, raiva, vingança,
etc. – os mesmos ingredientes das novelas destinadas ao público adulto.
Na TV Manchete, de certa forma, podemos dizer que programação infantil foi sinônimo
de “Clube da Criança”, este que acompanhou a emissora em sua breve trajetória, embora
tenha passado por várias reformulações e em alguns momentos até fora do ar, mas sempre
permanecendo. O “Clube da Criança” foi descobridor de talentos como Xuxa, Angélica e
outras apresentadoras infantis. Também num período foi um dos programas que rendia à
emissora os mais altos índice de audiência. A Manchete fez outras tentativas no gênero
infantil, mas todas tiveram vida curta.
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A Rede TV! A mais rescente, tendo comprado a Manchete. Em 2000 estva apenas
com um programa infantil, o “Alô Galera”, marcado por quadros com bonecos e cenários
onde acontecem várias situações.
Muitos programas são recriações de outros que deram certo, como é o caso do
“Pullmann Jr”, que aparece em mais de uma emissora, em épocas diferentes, porém não há
registro de seu estilo em nenhuma delas, exceto o primeiro da TV Record. Podemos citar
também o caso de “Circo Alegre”, que aparece na Bandeirantes e na Manchete embora sem
informações disponíveis para compor sua descrição. Também o “Patati Patatá”, na
Bandeirantes, Gazeta e no SBT, mas e nenhuma informação sobre ele. Há ainda casos
como o programa “Sítio do Pica-Pau Amarelo” que teve várias versões, a primeira na TV
Tupi, depois na TV Bandeirantes e, enfim, na TV Globo, inicialmente de parceria com a TV
Cultura, todas com produções próprias e características distintas além de transmissões em
diferentes épocas como se pode observar em suas descrições.
Podemos notar que os programas infantis na televisão brasileira não seguem um
padrão determinado, mas buscam no tempo e no espaço o modelo mais adequado, que
envolva a criança do presente momento em ela está sendo pensada. Notamos, também, que
não são neutros: os programas infanto-juvenis são produções da cultura e obedecem as
contingências e a lógica do mercado.
Em muitos programas o mundo da criança é semelhante ao do adulto, seguindo seus
padrões. Os programas infantis em sua trajetória precisaram, pois, adaptar-se
constantemente as transformações naturais de sua época, afim de se manter o público.
Se formos pensar numa caracterização dessas cinco décadas trilhadas pela
programação infantil na televisão podemos dizer que a década de cinqüenta foi marcada
fortemente pelo teleteatro, por caraterísticas que eram inerentes à evolução da TV, até então
suas com transmissões ao vivo. O teleteatro nesse momento, assumiu diferentes faces,
desde o teatro tradicional, com apresentação de peças clássicas, como o teleteatro com
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episódio, em forma de séries e em formatos de novelas. Tudo na intenção de dar uma
variedade ao seu público alvo. Também foi na década de cinqüenta que aparecem os
primeiros programas de auditório, entre disputas escolares, os circenses, entre outros.
Na década de sessenta, ainda se encontra o teleteatro, mas em menor escala, gênero
que se divide com os crescentes programas de auditório. É neste momento que surgem os
primeiros seriados gravados em películas para o público infantil, como “Falcão Negro” e, em
alguns momentos, o “Capitão Furacão”; e outros que foram surgindo nas décadas seguintes.
É nessa década que nascem os primeiros embriões de formatos tão conhecidos hoje em dia:
a fórmula do apresentador, mais brincadeiras, jogos e desenhos animados. Que foi se
aprimorando e ganhando glamour em sua trajetória. São eles “Zás Trás”, o “Capitão Aza” e o
“Uni-Dini-Te” da Globo, do tipo “professoral”, maternal. Esse tipo de projeto foi substituído
pelas apresentadoras alegres, divertidas e com uma linguagem muito parecida com a infantil.
A década de setenta é o período que se observa menor número de produções de
programas infantis; em contrapartida é nesta década que nasceram os consagrados “Vila
Sésamo” e o “Sítio do Pica-pau Amarelo”. Mas os investimentos nos programas infantis de
um modo geral ainda eram baixos e as emissoras ainda recorriam aos desenhos animados e
às séries enlatadas.
Mas foi na década de oitenta que os programas infantis assumiram um caráter
praticamente de puro entretenimento. É aqui que surge o fenômeno Xuxa, modelo que
começa a se repetir nas outras emissoras desencadeando um novo estilo na programação
infantil. Entre os desenhos e brincadeiras a "venda" é um elemento presente e constante de
produtos vários como iogurtes, chocolate, meias, sandálias, grupos musicais, brinquedos de
todos os tipos de comércio, o merchandising dos próprios personagens destacados no
decorrer do programa. As apresentadoras tornam-se ídolos nacionais e passam a ditar
comportamentos muitas vezes questionáveis para o público em questão.
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A década de oitenta ficou marcada também pela presença da música nos programas
infantis praticamente em todas emissoras. Foram vários os musicais apresentados pela TV
Globo. A TV Cultura apresentou, “Toquinho e o Coral Brasileiro”. Além dos muitos programas
cuja música era o ponto forte como o “Milke Shake”, e o “Lupu Limpim Clapa Topô” da TV
Manchete, “Balão Mágico”, da Globo, “Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá Simonny”, do SBT, entre
outros. Foi na década de oitenta que muitos personagens e apresentadores são
transformados em bonecos. E de forma implícita ou explícita dedicam horas semanais à
veiculação de comerciais de toda ordem, direcionadas sobre as crianças, e em nome do
afeto e da amizade as apresentadoras infantis estimulam em seu público os mais variados
desejos.
Na década de 90, os programas seguiram o estilo do líder infantil, permeado por
brincadeiras, desenhos animados e apelos ao consumo. As emissoras, para garantir seu
espaço, precisaram inovar adaptando-se rapidamente ao estilo do momento para competir
com as demais. Neste período, os programas são marcados por uma infra-estrutura
fantástica tendo à disposição variedades em recursos técnicos.
Cada geração traz em si necessidades que precisam ver satisfeitas; por isso as
emissoras acabam por acompanhar as mudanças, mas de qualquer maneira percebemos
que apesar das transformações tecnológicas, o mito, a fantasia, o show, continuam
permeando o universo
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Anexo I
Tabela dos Programas Infantis por Décadas (descritos no trabalho)
EMISSORA/DÉC. DÉCADA DE 50
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TV TUPI(1950/1980)
Gurilândia De Mãos Dadas O Clube do Papai Noel Fábulas Animadas Sítio do Pica-pau Amarelo Façamos hoje o homem de amanhã Trapalhadas do Chiquinho e do Benedito Teatrinhos de fantoches Fuzarca & Torresmo Cirquinho Bom-Bril Nos Tempos da Vovó Sessão Zig-Zag Era Uma Vez / Teatro da Juventude Passeando pela história Sabatinas Maisena Os melhores da semana Pim Pam Pum Teatrinho Trol O Palhaço Pollyanna Pequeno Lord O Jardineiro EspanholAngelika O Jardim Encantado Tia Gladys e seus bichinhos *ver Excelsior
TV PAULISTA(1952/1966)
Teatro Infantil
TV RECORD(1953/em funcionamento)
Teatro InfantilCirquinho do Arrelia Capitão Sete Ginkana Kibom
EMISSORA/DÉC. DÉCADA DE 60
TV TUPI(1950/1980)
Segredo do VovôSerelepe Pablo, o índio Vigilante Rodoviário Meire, Meire Queridinha Falcão Negro Clube do Capitão Aza
TV PAULISTA(1952/1966) - - - - -
TV RECORD(1953/em funcionamento)
Dr. Cacareco e Cia. Pulmann Jr. A Turma do 7
TV EXCELSIOR(1960/1969)
Tia Gladys e seus bichinhosEssa gente inocente
TV GLOBO(1965/em funcionamento)
Uni-Duni-Te Capitão Furacão Zás TrásMister Show
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TV BANDEIRANTES(1967/em funcionamento)
Sítio do Pica-Pau AmareloTic Tac
EMISSORA/DÉC. DÉCADA DE 70TV TUPI(1950/1980)
Jerônimo, Herói do SertãoO Velho, o Menino e o Burro
TV RECORD(1953/em funcionamento) - - - - -
TV GLOBO(1965/em funcionamento)
Shazan, Xerife e Cia. Vila Sésamo Globinho Fantasminha Pluft Sítio do Pica-pau Amarelo
TV CULTURA(1967/em funcionamento)
Jardim Zoológico Vila Sésamo *ver TV Globo Turma do Lambe Lambe *ver TV Bandeirantes
TV BANDEIRANTES(1967/em funcionamento)
Titio Molina O Grande Circo
CNT/GAZETA(Gazeta 1970 - CNT 1975
CNT/Gazeta 1995, ambas em funcionamento)
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EMISSORA/DÉC. DÉCADA DE 80
TV RECORD(1953/em funcionamento)
Pintando o Sete
TV GLOBO(1965/em funcionamento)
Arca de Noé I e IIPirlimpimpimPlunct Plact Zuum I e II Balão MágicoVerde Que Te Quero Verde Pererê Viagem ao Corpo Humano Canção Para Todas as Crianças Xou da Xuxa
TV CULTURA(1967/em funcionamento)
Bambalalão Curumim Sítio do Pica-pau Amarelo *ver Rede GloboCaleidoscópio Catavento Revistinha Enigma de Papai Noel Toquinho e o coral brasileiro
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TV BANDEIRANTES(1967/em funcionamento)
Meu Pé de Laranja Lima Turma do Lambe Lambe Tutti Frutti TV Criança TV Fofão Top GigioZYB Bom
CNT/GAZETA (Gazeta 1970 - CNT 1975CNT/Gazeta 1995, ambas emfuncionamento)
Brincando na Paulista
SBT(1980/em funcionamento)
Bozo Show Maravilha OradukapetaDó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Simonny*
TV MANCHETE(1983/1999)
Clube da Criança Lupu Limpim Chapá TopêA Nave da Fantasia Milke Shake Cometa Alegria
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EMISSORA/DÉC. DÉCADA DE 90TV RECORD
(1953/em funcionamento)Acthim & Cia. Infantil ao Vivo Tarde Criança com Mariane Agente G Mundo Maravilha Vila Esperança Eliana & Alegria Eliana no Parque
TV GLOBO(1965/em funcionamento)
Show do Malandro Paradão da Xuxa Mundo da Lua *ver TV Cultura Colosso Xuxa Park Angélica/Angel Mix (Angélica)*
TV CULTURA Rá-Tim-Bum Glub-Glub Mundo da Lua X-Tudo Castelo Rá-Tim-Bum Lá vem a históriaCocoricó
TV BANDEIRANTES(1967/em funcionamento)
Oficina de Desenho Daniel Azulay
CNT/GAZETA(Gazeta 1970 - CNT 1975
CNT/Gazeta 1995, ambas em funcionamento)
Tudo Por Brinquedo Hugo Gincana Estrela TV Fofão *ver Bandeirantes
SBT(1980/em funcionamento)
Vovó Mafalda Bom Dia & Cia. (Eliana)*Casa da Angélica Programa Sérgio Malandro Passa ou Repassa Chiquititas Disney Club
TV MANCHETE(1983/1999)
Dudalegria
REDE TV(1999/em funcionamento) Alô Galera
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