a atividade física como fator de qualidade de vida e saúde do trabalhador
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A ATIVIDADE FSICA COMO FATOR DE QUALIDADE DE VIDA E
SADE DO TRABALHADOR
BARROS, Mauro V. G. de
Ncleo de Pesquisa em Atividade Fsica & Sade NuPAF (CDS/UFSC)
Doutorando EPS/UFSC Ergonomia ([email protected])
SANTOS, Saray G. dos.
Ncleo de Pesquisa em Atividade Fsica & Sade NuPAF (CDS/UFSC)
Doutoranda EPS/UFSC Ergonomia ([email protected])
ABSTRACT
This bibliographic study discussed the evidence presented in the literature about the
importance of physical activity in leisure hours to prevent psychosomatic illnesses. The
information sources were limited to bibliographies from the last ten years including books,
periodicals, thesis, dissertations and congress books. In order to reach the objective of this
study the discussion was grouped into the following items: inter-relations in environment,
lifestyle and health-related work; benefits of physical activity to control stress and prevent
psychosomatic illnesses. The investigated literature proved that psychosomatic illnesses
are caused by ones work conditions and low quality of life. In order to revert this picture
some changes are required: on the organizational level provide for the worker, among other
things, satisfaction with his job; and regarding the worker help restructure his lifestyle, by
adopting new habits, especially by regular physical activity.
Key - words: physical activity, health-related work, quality of life
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INTRODUO
Para discusso do tema atividade fsica como fator preventivo das doenas
psicossomticas relacionadas ao trabalho, faz-se necessrio, anteriormente, discutir uma
temtica mais ampla, a qualidade de vida do trabalhador.
Quando se fala em Qualidade de Vida (QV), pode-se recair no discurso
comum, devido a complexidade e impreciso associada definio de um conceito de
qualidade de vida. SHEPHARD (1996), define QV como resultante da percepo das
condies de sade, capacidade funcional e outros aspectos da vida pessoal e familiar.
NAHAS (1995), tambm salienta a dificuldade de estabelecer um conceito preciso de QV,
mas tenta defini-la como resultante de um conjunto de parmetros individuais,
socioculturais e ambientais, que caracterizam as condies em que vive o ser humano, uma
comunidade ou uma nao.
Pode-se deduzir que so muitos os fatores que influenciam a qualidade de
vida de um indivduo, incluindo-se aspectos mais objetivos (condio de sade, salrio,
moradia) e aspectos mais subjetivos (humor, auto-estima, auto-imagem). Entretanto,
independente do enfoque - global (qualidade de vida) ou especfico (qualidade de vida
relacionada sade) os fatores scio-ambientais e, mais especificamente, o contexto onde
se estabelecem as relaes e as vivncias de trabalho, parecem ter impacto significativo na
QV. Basta lembrar que a maioria dos adultos (no Brasil, infelizmente tambm as crianas e
adolescentes) destinam grande parte de suas vidas ao trabalho (KERR, GRIFFITHS &
COX, 1996).
Ergonomia definida como estudo da adaptao confortvel e produtiva
entre o ser humano e as condies do seu trabalho (MARIN, 1998). Os estudos
ergonmicos, tendem a focalizar sobre os distrbios de sade associados ao trabalho,
visando no s o aumento da produo, mas, sobretudo, a qualidade de vida do
trabalhador.
No que concerne a sade do trabalhador, o comportamento demonstrado
tanto dentro como fora do ambiente de trabalho o que reflete as condies fsicas e
psquicas do sujeito, pois segundo FIALHO & CRUZ (1999) da mesma forma que as
condies da vida familiar, transporte e moradia tm conseqncias no trabalho, a vida
profissional tambm se reflete na vida fora do trabalho.
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Assim, de acordo com CODO (1997), no trabalho o sujeito se transforma e
transformado pela ao recproca do sujeito e/ou do objeto. FIALHO & CRUZ (1999),
citam que os homens no reagem s situaes tais quais elas so, mas tais quais eles as
percebem (p.21).
Neste contexto, os estudos publicados apresentam diferentes enfoques, h
aqueles direcionados s questes inerentes a sade fsica, como os que visam analisar a
interferncia das cargas de trabalho na sade fsica do trabalhador (BARREIROS,
BATISTA & BRITO,1992; DUARTE et al.,1998); os que analisam a postura corporal dos
trabalhadores (MATOS et al., 1998) e as desordens musculoligamentares (PAVAN, 1996)
frente s solicitaes inerentes ao posto de trabalho; os que estudam os hbitos em termos
de atividade fsica, tais como SILVA (1996), NAHAS et al. (1997), ALVAREZ &
DUARTE (1997), BARROS (1999), dentre outros. Por outro lado, identifica-se na
literatura a existncia de estudos que analisam os distrbios mentais associados s
demandas do trabalho (AZEVEDO, 1994; BORGES & JARDIM, 1997).
Na literatura especializada, existe relativo consenso quanto importncia da
utilizao do tempo livre em relao sade mental dos trabalhadores. Neste sentido,
DEJOURS (1992), coloca que a compensao natural das violncias do trabalho
acontece no tempo livre, alis est uma das caractersticas do lazer instrumental, tpico
da era industrial.
Segundo EDGINTON et al. (1995), durante a chamada Era Industrial
aconteceram duas mudanas importantes na relao tempo de trabalho tempo de livre (ou
de lazer): o trabalho tornou-se tedioso, cansativo e repetitivo; e, o tempo livre passou a ser
utilizado na realizao de atividades visando a compensao para a insatisfao com o
trabalho e a manuteno pessoal ou da famlia.
A partir da dcada de 50, com ingresso na Era Tecnolgica, a televiso e,
mais recentemente os computadores, alteraram bastante o modo de vida das pessoas.
Observando-se uma drstica diminuio das demandas fsicas no trabalho e uma reduo
das oportunidades de interao social (paralelamente a um incremento das oportunidades
de interao eletrnica).
Nesse estudo bibliogrfico, pretende-se discutir as evidncias apresentadas
na literatura quanto importncia das atividades fsicas no perodo de lazer para promoo
da sade e qualidade de vida do trabalhador. Delimitou-se como fonte de informao
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bibliogrfica: livros, peridicos, teses, dissertaes, anais e documentos eletrnicos. A
extenso temporal da busca foi limitada aos ltimos 10 anos.
DESENVOLVIMENTO
Com a finalidade de atingir o objetivo proposto neste trabalho, optou-se por
agrupar a discusso em torno dos seguintes temas: inter-relao ambiente - estilo de vida
sade do trabalhador; e, benefcios da prtica de atividade fsica a nvel geral, no
controle do estresse e na preveno de doenas somticas.
Sade do Trabalhador
Em relao ao conceito de sade, percebe-se que estamos longe de
estabelecer um consenso. Todavia, parece ser universal o entendimento de que sade no
se resume apenas ausncia de doena. H uma tendncia em se mudar de um paradigma
biolgico para ecolgico, definindo sade como uma condio multidimensional, avaliada
numa escala contnua, resultante de complexa interao de fatores hereditrios, ambientais
e do estilo de vida (Bouchard et al. apud NAHAS, 1997).
Ao considerar sade com esta amplitude, admiti-se que muitos fatores (a
nvel individual ou coletivo) podem influencia-la. Aspectos coletivos importantes so a
poluio ambiental e a infra-estrutura do local de moradia (gua encanada, saneamento e
coleta de lixo). Do ponto de vista psicossocial, aparecem os diversos nveis de exigncias
da vida em sociedade e das relaes com outros seres humanos, seja a nvel comunitrio ou
no trabalho, capazes de gerar ansiedade e estresse. A nvel individual, os fatores mais
importantes relacionam-se com o estilo de vida pessoal, incluindo a dieta, atividades
fsicas, comportamento preventivo e controle do estresse (BOUCHARD et al., 1990;
BRASIL, 1995; NIEMAN, 1990; ORNISH et al., 1990).
As chamadas doenas crnico-degenerativas (doena arterial coronariana,
acidente vascular cerebral, cncer, diabetes e as doenas pulmonares obstrutivas crnicas),
lideres em mortalidade precoce nos pases industrializados, esto associadas ao hbito de
fumar, dieta inadequada e inatividade fsica. Conforme PEGADO (1990), tambm
relacionam-se ao estilo de vida moderno alguns distrbios psquicos (ansiedade, depresso
e neurose), as doenas psicossomticas (gastrite, lcera e dermatites), alteraes dos
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lipdeos sangneos, doenas nutricionais (obesidade, bulimia e anorexia) e os distrbios
osteoarticulares (artrites, artroses, algias da coluna e hrnia de disco).
Agentes Estressores
Estresse um termo amplamente utilizado na linguagem atual e nos meios
de comunicao. Seu uso tem diferentes significados, mas no contexto do presente
trabalho, adota-se o conceito estabelecido a partir das experincias de Hans Selye, que
desenvolveu a noo de estresse relacionada s agresses agudas promovidas pelos
chamados agentes estressores (ROCHE, 1995).
O controle do estresse fundamental para a manuteno e/ou melhoria da
QV, relacionando-se a funo imunolgica e a uma menor prevalncia de algumas doenas
(NIEMAN, 1990; ORNISH, 1990).
Quando o estresse fisiolgico, a resposta adaptativa, permitindo ao
indivduo elaborar reaes adequadas para alcanar um equilbrio satisfatrio, aps uma
demanda qualquer. No entanto, diante de estresse patolgico, a resposta do indivduo
parece insatisfatria ou mal adaptada, sendo impossvel conseguir de imediato, um novo
equilbrio. Desenvolve-se uma disfuno relativamente intensa, que transportada ao nvel
psquico, fsico e comportamental, levando a distrbios transitrios ou duradouros
(ROCHE, 1995).
De acordo com LIPP (1990), ROSSI (1994) e DELBONI (1996), dentre
outros, o estresse pode ser originado a partir de fontes externas ou internas. As externas so
aquelas representadas pelo que nos acontece na vida (acidentes, demisso) ou pelas
pessoas com as quais nos relacionamos (familiares, colegas de trabalho). As causas
internas so aquelas relacionadas ao nosso tipo de personalidade e ao modo como reagimos
vida, referem-se viso que temos de mundo, s nossas crenas e valores morais.
As fontes externas so aquelas que ocorrem independente da nossa vontade.
BAUK (1985), denomina essas fontes como fatores de contexto, pois so originados no
ambiente onde vive o indivduo, podendo variar em amplitude, consistindo em uma
famlia, uma empresa, uma nao ou at todo o mundo.
DELBONI (1996), cita como fatores que podem levar a condio de
estresse:
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a) fatores sociais, incluindo deficincia dos meios de transporte, falta de segurana nas
cidades, trnsito, guerras ou conflitos sociais, dificuldades financeiras, desemprego,
acidentes, problemas organizacionais no trabalho;
b) fatores familiares e afetivos, incluindo doenas na famlia, problemas conjugais,
separaes e a morte de um ente querido
As fontes internas, so aquelas relacionadas ao tipo de personalidade de
cada indivduo e ao modo como se reage vida. Segundo DELBONI (1996), a influncia
religiosa e uma educao extremamente machista na formao das pessoas, contribui para
que conceitos como perfeio, culpa e punio, sejam incorporados como verdades
absolutas. Consequentemente, todo esse processo distorcido favorece o surgimento de
reaes inadequadas aos sentimentos com os quais no se sabe lidar. Para LIPP (1990),
muitas vezes no o acontecimento em si que provoca nervosismo ou aborrecimento, mas
sim a maneira como se interpreta o acontecimento, o que se pensa sobre determinada
situao que ir fazer com que esta seja classificada como sendo boa ou ruim.
Essas formas pessoais e especficas de reao, so denominadas por DE
ROSE JUNIOR et al.(1996) como padres de comportamento, que podem ser do tipo A
ou do tipo B. Segundo esse autor, os padres de comportamento so compostos pelo
temperamento (estrutura biolgica que determina a forma, a velocidade e a especificidade
neurotransmissora de sua reao comportamental) e pela personalidade (forma de
autocontrole internalizada com a finalidade de modelar o comportamento intuitivo,
espontneo, impulsivo, original, transformando-o em comportamento social adequado).
Para DE ROSE JUNIOR et al.(1996), vrios autores j comprovaram isto, no havendo
mais dvidas sobre a relao entre esse padro de comportamento e a elaborao
psicofisiolgica que determina o processo de estresse no interior do indivduo.
ROSSI (1994) e DE ROSE JUNIOR et al. (1996) citam estudo de Friedman
& Rosenman, intitulado O Comportamento Tipo A e o Seu Corao, abordando a
relao entre estresse, doena e comportamento do tipo A. Nos indivduos com esse padro
de comportamento, evidencia-se um extremo sentido de urgncia, pressa, impacincia,
competitividade intensa, propenso hostilidade, irritabilidade e uma preocupao
constante com medidas de sucesso quantificveis.
BAUK (1985), inclui tambm a idade, nvel de educao, tipo de atividade
que o indivduo exerce e hereditariedade como fontes internas ou como ele prprio
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tambm denomina "fatores de vulnerabilidade" aos agentes estressores. Essa
vulnerabilidade individual muito varivel, desse modo, o estresse depende muito mais da
interao contexto - vulnerabilidade estressor, explicando assim porque um agente
estressor para um indivduo e no para outro.
Sem dvida, a adeso a programas de atividades fsicas, esportes e
exerccios fsicos traz benefcios tanto fsicos (PAFFENBARGER et al.,1986; BLAIR et
al.,1989) quanto mentais (BOUCHARD, SHEPHARD & STEPHENS, 1994). Berger &
Macinman apud SAMULSKI et al.(1996), dentre outros, afirmam que o exerccio fsico
reduz os nveis de ansiedade, depresso e raiva.
DELBONI (1997), enfatiza a importncia de alternativas de tratamento com
objetivo de tentar minimizar os sintomas advindos do estresse, que incluem mudanas no
estilo de vida e prticas alternativas, tais como: cromoterapia, florais, homeopatia,
massagens, atividades fsicas relaxantes (yoga, tai-chi-chuan). Alm das referncias
citadas, sugere-se a leitura do trabalho de NASCIMENTO & QUINTA (1998), que
discutem a importncia de exerccios fsicos para preveno e ou reduo dos altos nveis
de estresse.
Processo de Somatizao de Doenas
Segundo Foucault apud GAIGHER FILHO (2000), a doena tem como
contedo o conjunto de reaes de fuga e de defesa atravs das quais o doente responde
situao na qual se encontra. E a partir destas reaes que preciso compreender e dar
sentido s regresses evolutivas que surgem nas condutas patolgicas.
De acordo com BIRMAN (1980) a psicossomtica estabelece algumas
teorias para explicar a gnese de certas doenas. Na primeira teoria, parte-se do
pressuposto que a existncia de determinados padres de conflitos que seriam
caractersticos de certas enfermidades, estariam presentes em diferentes tipos de
personalidade.
Na segunda teoria, coloca-se como causa predisponente da doena, a
presena de uma dimenso somtica de origem hereditria, congnita ou adquirida, sendo
necessria uma descarga psquica, atravs das vias neuroendcrinas e neurovegetativas, de
modo a produzir uma disfuno ou uma leso.
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A terceira teoria, supe que para que uma enfermidade se instale, seria
necessria a existncia de uma situao desencadeante que funcionaria como causa
precipitante. Isto significa que o conflito interno do sujeito, que no pode ser elaborado no
plano psicolgico se descarrega como tenso sobre a estrutura corporal.
Com este enfoque, delimitando seu espao, a psicossomtica construiu seu
campo emprico, assim apenas algumas enfermidades eram psicossomticas. Nesta
perspectiva foram estudadas constelaes psicodinmicas em sete enfermidades: lcera
gstrica e duodenal; colite ulcerosa; asma bronquica; hipertenso arterial; artrite
reumatide; neurodermatite e hipertireoidismo.
De acordo com KELEMAN (1994) as pessoas adoecem em funo de no
saberem remodelar, reorganizar suas vidas, e isso ocorre ou por no receberem auxlio ou
por no terem conhecimento do processo de reorganizao somtica em fases crticas de
suas vidas.
Trabalho
De acordo com ARENDT (1989) o trabalho uma das condies bsicas
para a vida humana. O trabalho produz um mundo artificial de coisas buscando transcender
as vidas individuais. Ao acrescentar objetos ao mundo, o trabalho possibilita a criao de
um ambiente de coisas permanentes com as quais nos familiarizamos atravs do uso.
Para Altafulla apud BENITO & SCHMIT (1997), o trabalho pode ser
considerado basicamente como o conjunto de aes que levam produo de bens
individuais e coletivos, promovendo o desenvolvimento pessoal, familiar e at de uma
nao.
Por outro lado, as variveis intervenientes no trabalho podem gerar
agresses ao trabalhador, e, neste sentido, DEJOURS (1992) esclarece que a organizao
do trabalho pode estabelecer uma relao de dominao da vida psquica do sujeito e da
ocultao de seus desejos. Como psicopatologista do trabalho, Dejours recomenda o estudo
da psicodinmica do trabalho, com o intuito de relacionar os processos psquicos e a
realidade de trabalho vivenciada pelo sujeito.
A satisfao no trabalho tem importncia fundamental na relao sade -
trabalho. De acordo com DEJOURS (1992), a organizao do trabalho, exerce sobre o
homem uma ao especfica, cujo impacto o aparelho psquico. O sofrimento mental
comea quando o homem, no trabalho, j no pode fazer nenhuma modificao na sua
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tarefa no sentido de torn-la conforme s suas necessidades fisiolgicas e a seus desejos
psicolgicos, isto , quando a relao homem trabalho bloqueada.
O homem um ser que tem necessidades, medida que uma delas
satisfeita, logo surge outra em seu lugar, neste sentido MASLOW (1970), classificou-as
em uma escala de importncia. Em um nvel inferior colocou as necessidades fisiolgicas
(dormir, comer, exercitar-se); acima delas, as necessidades de proteo (estabilidade no
emprego, favoritismo ou discriminao no trabalho); quando as necessidades fisiolgicas e
de proteo esto satisfeitas, passam a ser mais importantes as necessidades sociais; acima
destas, as necessidades egocntricas (auto-estima, auto realizao, confiana,
independncia, reputao, status, aprovao, respeito).
No contexto das sociedades urbanas dos pases industrializados, as
necessidades sociais e egocntricas so raramente satisfeitas. As condies de vida
moderna do uma limitada possibilidade de satisfao destas necessidades, deixando-as
adormecidas (McGREGOR, 1973).
Conforme BORGES & JARDIM (1997), um trabalho no qual a pessoa no
gosta do que faz, precisando realizar tarefas em ritmo acelerado, exigindo pouco ou muito
de suas capacidades, submetendo-se a problema inter-relacionais com superiores, pode
levar ao estresse e loucura. DEJOURS (1992), enfatiza que os problemas organizacionais
e de relacionamento contribuem para as tenses no ambiente de trabalho e menciona,
ainda, que at indivduos dotados de uma slida estrutura psquica podem ser vtimas de
uma paralisia mental induzida pela organizao do trabalho (p. 45).
Atividade Fsica
Atividade Fsica (AF) representa qualquer movimento corporal que
produzido pela contrao da musculatura esqueltica e que aumenta substancialmente o
gasto energtico (US DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 1996).
Incluindo atividades da vida diria (banhar-se, vestir-se), atividades realizadas no trabalho
(andar, levantar, carregar objetos) e atividades de lazer (exercitar-se, praticar esportes,
danar).
O termo exerccio fsico, inadequadamente usado como sinnimo de
atividade fsica, representa uma das formas de AF. Caracterizada por se tratar de uma
modalidade de AF que , em geral, planejada, estruturada e repetitiva, tendo por objetivo a
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melhoria da aptido fsica ou a reabilitao orgnico-funcional (CASPERSEN, POWELL
& CHRISTENSON, 1985).
Segundo NAHAS (1997), as formas mais comuns de AF do ser humano
podem ser classificadas em atividades de trabalho e de lazer. Estas distines so
importantes para estudos epidemiolgicos, haja vista que as evidncias atuais sugerem que
diferentes formas de atividade fsica esto associadas a diferentes aspectos da sade.
A prtica de AF regular est associada reduo do risco de
desenvolvimento de diversas doenas crnicas, muitas das quais causas principais de morte
prematura e dependncia funcional em vrios pases do mundo, inclusive o Brasil.
A prtica da AF regulares (6 a 7 dias na semana), em intensidades
moderadas, de forma contnua ou acumulada, mesmo no promovendo mudanas nos
nveis de aptido fsica, tem se mostrado benfica na reduo do risco de diversas doenas
(American Heart Association apud NAHAS, 1997).
As demandas e o contexto da vida nas grandes cidades, propicia pouca ou
nenhuma oportunidade para o envolvimento em atividades fsicas, sobretudo no perodo de
lazer. No trabalho, exige-se menor atividade muscular e cada vez mais capacidades
intelectuais e de deciso na operao de equipamentos informatizados e automatizados. O
fato da populao no estar envolvida em trabalhos ativos fisicamente no traria tantas
conseqncias, se o lazer no fosse tambm sedentrio e o dia a dia cheio de
comportamento agressivos ou danosos sade (COX, SHEPHARD & COREY, 1987;
BRASIL, 1995).
A inatividade fsica (assim como a hipertenso, a dislipidemia e o fumo)
considerada um fator de risco para as doenas coronarianas. BERLIN & COLDITZ (1990)
e POWELL et al. (1987), demonstraram que os sedentrios em comparao aos indivduos
regular e moderadamente ativos, apresentam aproximadamente o dobro de chances (Risco
Relativo=1,9) de sofrerem um ataque cardaco, independente de outros fatores de risco.
CONSIDERAES FINAIS
Nos tpicos abordados anteriormente, foram apresentadas algumas das
evidncias mencionadas na literatura especializada sobre a importncia da AF (incluindo-
se a prtica de exerccios fsicos) para a sade e QV do trabalhador e seu papel na
preveno das doenas psicossomticas.
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Apesar do reconhecimento da importncia da AF, estudos tm demonstrado
que os trabalhadores apresentam, em geral, baixos nveis de atividade fsica e esto
expostos a outros fatores comportamentais de risco sade (incluindo-se o etilismo, fumo,
percepo de baixo nvel de sade e exposio a cargas de estresse elevadas).
BARROS (1999), em estudo envolvendo amostra de trabalhadores da
indstria catarinense, verificou que cerca de 2/3 dos sujeitos so insuficientemente ativos
no perodo de lazer. Curiosamente, observou-se que apenas 13,9% percebem estar expostos
a nveis elevados de estresse.
Com relao a utilizao do tempo livre para aliviar as presses advindas do
trabalho, DEJOURS (1992) destaca que quando o homem condicionado ao
comportamento produtivo pela organizao do trabalho, fora dele, ele conserva-se da
mesma forma. Segundo Dejours so muitos os empregados submetidos
despersonalizao, mantendo um programa de tempo livre onde as atividades e, at o
repouso, so cronometrados. Dessa forma, mantm-se uma espcie de vigilncia
permanente para no deixar apagar o condicionamento mental visando o comportamento
produtivo.
Obviamente, a prtica de AF no garante um bom nvel de QV e sade. A
AF um dos fatores que associados dieta adequada, organizao somtica (referida por
KELEMAN, 1994), favorecem a adoo de outros comportamentos e atitudes favorveis
QV e sade.
Existem evidncias apontadas na literatura, demonstrando que ao incorporar
um comportamento favorvel sade, as pessoas acabam operando outras mudanas em
seu estilo de vida que so concorrentes com melhores nveis de sade e QV. Exemplo
disso, so os trabalhos demonstrando que entre os sujeitos fisicamente ativos, est tambm
a maior proporo de pessoas que se alimenta adequadamente, que no fumam e adotam
outros comportamentos preventivos. Quanto a esse assunto, sugere-se consultar os
trabalhos de PATTERSON, HAINES & POPKIN (1994), NIEMAN (1999) e BARROS
(1999).
Uma das formas de alterar a prevalncia de comportamentos de risco nas
populaes de trabalhadores atravs dos Programas de Promoo da Sade no Trabalho
(sobre esse assunto consultar CHENOWETH, 1998). No Brasil, so poucas as iniciativas
em larga escala visando a promoo da sade dos trabalhadores, a maioria das experincias
restrita a uma empresa, ou mais comumente, a um setor de uma empresa.
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A nvel nacional, temos o programa Agita So Paulo, criado em 1997 pelo
Centro de Estudos do Laboratrio de Aptido Fsica de So Caetano do Sul e pela
Secretria de Estado da Sade de SP, um programa de promoo de atividades fsicas que
agrega iniciativas visando alterar outros comportamentos de risco. Em Santa Catarina,
temos o Lazer Ativo, dirigido aos trabalhadores da indstria catarinense, um programa do
Servio Social da Indstria que visa promover a prtica da AF, reduo do consumo de
bebidas alcolicas e melhoria da qualidade da alimentao desse grupo de trabalhadores.
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RESUMO
Nesse estudo de cunho bibliogrfico, discutiu-se as evidncias apresentadas na literatura
quanto importncia das atividades fsicas no perodo de lazer para preveno de doenas
psicossomticas. Delimitou-se como fonte de informao bibliogrfica: livros, peridicos,
teses, dissertaes e anais. A extenso temporal da busca foi limitada aos ltimos 15 anos.
Para atingir o objetivo proposto, optou-se por agrupar a discusso em torno dos seguintes
temas: inter-relao ambiente - estilo de vida - sade; e, benefcios da prtica de atividade
fsica a nvel geral, no controle do estresse e na preveno de doenas somticas. A
literatura pesquisada evidenciou as doenas psicossomticas advindas do trabalho e da m
qualidade de vida do trabalhador. Para reverter o quadro, so necessrios mudanas, tanto a
nvel organizacional, propiciando ao trabalhador, dentre outros fatores, a satisfao no
trabalho; quanto e principalmente a nvel do trabalhador, reorganizando seu estilo de vida.
Para a referida reorganizao, um fator essencial, dentre outros, a adoo de novos
hbitos, e inerente a estes, est a prtica de atividades fsicas.
Palavras Chave: Atividade Fsica, Sade do Trabalhador, Qualidade de Vida