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1 A HIPÓTESE DOCUMENTÁRIA DO PENTATEUCO

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Page 1: A Hipotese Documentaria 1

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A HIPÓTESE

DOCUMENTÁRIA

DO PENTATEUCO

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O NOME YAHWÉH NO LIVRO DE GENESIS:

A QUANTIDADE DE VEZES QUE APARECE O NOME YAHWÉH ANTES DA REVELAÇÃO DO NOME DADO A MOISÉS NO LIVRO DE EXODO É SIMPLESMENTE IMPRESSIONANTE, COMO SERIA ISTO POSSIVEL ABRAÃO, ISAQUE E JACÓ CONHECEREM O NOME MESMO ANTES DELE TER SIDO REVELADO? O QUE ESTÁ POR TRÁS DESTE TREMENDO ANACRONISMO? OBSERVE A QUANTIDADE DE TEXTOS DO LIVRO DE GENESIS ONDE APARECE O NOME YAHWÉH: Gênesis 2:4 Esta é a gênese dos céus e da terra quando foram criados, quando Yahwéh Deus os criou. Gênesis 2:5 Não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois ainda nenhuma erva do campo havia brotado; porque Yahwéh Deus não fizera chover sobre a terra, e também não havia homem para lavrar o solo. Gênesis 2:7 Então, formou Yahwéh Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente. Gênesis 2:8 E plantou Yahwéh Deus um jardim no Éden, na direção do Oriente, e pôs nele o homem que havia formado. Gênesis 2:9 Do solo fez Yahwéh Deus brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal. Gênesis 2:15 Tomou, pois, Yahwéh Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar. Gênesis 2:16 E Yahwéh Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, Gênesis 2:18 Disse mais Yahwéh Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea. Gênesis 2:19 Havendo, pois, Yahwéh Deus formado da terra todos os animais do campo e todas as aves dos céus, trouxe-os ao homem, para ver como este lhes chamaria; e o nome que o homem desse a todos os seres viventes, esse seria o nome deles. Gênesis 2:21 Então, Yahwéh Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. Gênesis 2:22 E a costela que Yahwéh Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe. Gênesis 3:1 Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que Yahwéh Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? Gênesis 3:8 Quando ouviram a voz dYahwéh Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença dYahwéh Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim. Gênesis 3:9 E chamou Yahwéh Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? Gênesis 3:13 Disse Yahwéh Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi. Gênesis 3:14 Então, Yahwéh Deus disse à serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida. Gênesis 3:21 Fez Yahwéh Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu. Gênesis 3:22 Então, disse Yahwéh Deus: Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal; assim, que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente. Gênesis 3:23 YAHWÉH Deus, por isso, o lançou fora do jardim do Éden, a fim de lavrar a terra de que fora tomado. Gênesis 4:1 Coabitou o homem com Eva, sua mulher. Esta concebeu e deu à luz a Caim; então, disse: Adquiri um varão com o auxílio dYahwéh. Gênesis 4:3 Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe Caim do fruto da terra uma oferta aYahwéh. Gênesis 4:4 Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Agradou-se Yahwéh de Abel e de sua oferta; Gênesis 4:6 Então, lhe disse Yahwéh: Por que andas irado, e por que descaiu o teu semblante? Gênesis 4:9 Disse Yahwéh a Caim: Onde está Abel, teu irmão? Ele respondeu: Não sei; acaso, sou eu tutor de meu irmão? Gênesis 4:13 Então, disse Caim aYahwéh: É tamanho o meu castigo, que já não posso suportá-lo. Gênesis 4:15 YAHWÉH, porém, lhe disse: Assim, qualquer que matar a Caim será vingado sete vezes. E pôs Yahwéh um sinal em Caim para que o não ferisse de morte quem quer que o encontrasse.

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Gênesis 4:16 Retirou-se Caim da presença dYahwéh e habitou na terra de Node, ao oriente do Éden. Gênesis 4:26 A Sete nasceu-lhe também um filho, ao qual pôs o nome de Enos; daí se começou a invocar o nome dYahwéh. Gênesis 5:29 pôs-lhe o nome de Noé, dizendo: Este nos consolará dos nossos trabalhos e das fadigas de nossas mãos, nesta terra que Yahwéh amaldiçoou. Gênesis 6:3 Então, disse Yahwéh: O meu Espírito não agirá para sempre no homem, pois este é carnal; e os seus dias serão cento e vinte anos. Gênesis 6:5 Viu Yahwéh que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração; Gênesis 6:6 então, se arrependeu Yahwéh de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração. Gênesis 6:7 Disse Yahwéh: Farei desaparecer da face da terra o homem que criei, o homem e o animal, os répteis e as aves dos céus; porque me arrependo de os haver feito. Gênesis 6:8 Porém Noé achou graça diante dYahwéh. Gênesis 7:1 Disse Yahwéh a Noé: Entra na arca, tu e toda a tua casa, porque reconheço que tens sido justo diante de mim no meio desta geração. Gênesis 7:5 E tudo fez Noé, segundo Yahwéh lhe ordenara. Gênesis 7:16 eram macho e fêmea os que entraram de toda carne, como Deus lhe havia ordenado; e Yahwéh fechou a porta após ele. Gênesis 8:20 Levantou Noé um altar aYahwéh e, tomando de animais limpos e de aves limpas, ofereceu holocaustos sobre o altar. Gênesis 8:21 E Yahwéh aspirou o suave cheiro e disse consigo mesmo: Não tornarei a amaldiçoar a terra por causa do homem, porque é mau o desígnio íntimo do homem desde a sua mocidade; nem tornarei a ferir todo vivente, como fiz. Gênesis 9:26 E ajuntou: Bendito seja Yahwéh, Deus de Sem; e Canaã lhe seja servo. Gênesis 10:9 Foi valente caçador diante dYahwéh; daí dizer-se: Como Ninrode, poderoso caçador diante dYahwéh. Gênesis 11:5 Então, desceu Yahwéh para ver a cidade e a torre, que os filhos dos homens edificavam; Gênesis 11:6 e Yahwéh disse: Eis que o povo é um, e todos têm a mesma linguagem. Isto é apenas o começo; agora não haverá restrição para tudo que intentam fazer. Gênesis 11:8 Destarte, Yahwéh os dispersou dali pela superfície da terra; e cessaram de edificar a cidade. Gênesis 11:9 Chamou-se-lhe, por isso, o nome de Babel, porque ali confundiu Yahwéh a linguagem de toda a terra e dali Yahwéh os dispersou por toda a superfície dela. Gênesis 12:1 Ora, disse Yahwéh a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; Gênesis 12:4 Partiu, pois, Abrão, como lho ordenara Yahwéh, e Ló foi com ele. Tinha Abrão setenta e cinco anos quando saiu de Harã. Gênesis 12:7 Apareceu Yahwéh a Abrão e lhe disse: Darei à tua descendência esta terra. Ali edificou Abrão um altar aYahwéh, que lhe aparecera. Gênesis 12:8 Passando dali para o monte ao oriente de Betel, armou a sua tenda, ficando Betel ao ocidente e Ai ao oriente; ali edificou um altar aYahwéh e invocou o nome dYahwéh. Gênesis 12:17 Porém Yahwéh puniu Faraó e a sua casa com grandes pragas, por causa de Sarai, mulher de Abrão. Gênesis 13:4 até ao lugar do altar, que outrora tinha feito; e aí Abrão invocou o nome dYahwéh. Gênesis 13:10 Levantou Ló os olhos e viu toda a campina do Jordão, que era toda bem regada (antes de haver Yahwéh destruído Sodoma e Gomorra), como o jardim dYahwéh, como a terra do Egito, como quem vai para Zoar. Gênesis 13:13 Ora, os homens de Sodoma eram maus e grandes pecadores contra Yahwéh. Gênesis 13:14 Disse Yahwéh a Abrão, depois que Ló se separou dele: Ergue os olhos e olha desde onde estás para o norte, para o sul, para o oriente e para o ocidente; Gênesis 13:18 E Abrão, mudando as suas tendas, foi habitar nos carvalhais de Manre, que estão junto a Hebrom; e levantou ali um altar a Yahwéh. Gênesis 14:22 Mas Abrão lhe respondeu: Levanto a mão a Yahwéh, o Deus Altíssimo, o que possui os céus e a terra, Gênesis 15:1 Depois destes acontecimentos, veio a palavra de Yahwéh a Abrão, numa visão, e disse: Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, e teu galardão será sobremodo grande. Gênesis 15:2 Respondeu Abrão: Yahwéh Deus, que me haverás de dar, se continuo sem filhos e o herdeiro da minha casa é o damasceno Eliézer? Gênesis 15:4 A isto respondeu logo Yahwéh, dizendo: Não será esse o teu herdeiro; mas aquele que será gerado de ti será o teu herdeiro. Gênesis 15:6 Ele creu emYahwéh, e isso lhe foi imputado para justiça. Gênesis 15:7 Disse-lhe mais: Eu sou Yahwéh que te tirei de Ur dos caldeus, para dar-te por herança esta terra. Gênesis 15:8 Perguntou-lhe Abrão: Yahwéh Deus, como saberei que hei de possuí-la? Gênesis 15:18 Naquele mesmo dia, fez Yahwéh aliança com Abrão, dizendo: À tua descendência dei esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates:

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Gênesis 16:2 disse Sarai a Abrão: Eis que Yahwéh me tem impedido de dar à luz filhos; toma, pois, a minha serva, e assim me edificarei com filhos por meio dela. E Abrão anuiu ao conselho de Sarai. Gênesis 16:5 Disse Sarai a Abrão: Seja sobre ti a afronta que se me faz a mim. Eu te dei a minha serva para a possuíres; ela, porém, vendo que concebeu, desprezou-me. Julgue Yahwéh entre mim e ti. Gênesis 16:7 Tendo-a achado o Anjo de Yahwéh junto a uma fonte de água no deserto, junto à fonte no caminho de Sur, Gênesis 16:9 Então, lhe disse o Anjo de Yahwéh: Volta para a tua senhora e humilha-te sob suas mãos. Gênesis 16:10 Disse-lhe mais o Anjo de Yahwéh: Multiplicarei sobremodo a tua descendência, de maneira que, por numerosa, não será contada. Gênesis 16:11 Disse-lhe ainda o Anjo de Yahwéh: Concebeste e darás à luz um filho, a quem chamarás Ismael, porque Yahwéh te acudiu na tua aflição. Gênesis 16:13 Então, ela invocou o nome de Yahwéh, que lhe falava: Tu és Deus que vê; pois disse ela: Não olhei eu neste lugar para aquele que me vê? Gênesis 17:1 Quando atingiu Abrão a idade de noventa e nove anos, apareceu-lhe Yahwéh e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê perfeito. Gênesis 18:1 Apareceu Yahwéh a Abraão nos carvalhais de Manre, quando ele estava assentado à entrada da tenda, no maior calor do dia. Gênesis 18:13 Disse Yahwéh a Abraão: Por que se riu Sara, dizendo: Será verdade que darei ainda à luz, sendo velha? Gênesis 18:14 Acaso, para Yahwéh há coisa demasiadamente difícil? Daqui a um ano, neste mesmo tempo, voltarei a ti, e Sara terá um filho. Gênesis 18:17 Disse Yahwéh: Ocultarei a Abraão o que estou para fazer, Gênesis 18:19 Porque eu o escolhi para que ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, a fim de que guardem o caminho de Yahwéh e pratiquem a justiça e o juízo; para que Yahwéh faça vir sobre Abraão o que tem falado a seu respeito. Gênesis 18:20 Disse mais Yahwéh: Com efeito, o clamor de Sodoma e Gomorra tem-se multiplicado, e o seu pecado se tem agravado muito. Gênesis 18:22 Então, partiram dali aqueles homens e foram para Sodoma; porém Abraão permaneceu ainda na presença dYahwéh. Gênesis 18:26 Então, disse Yahwéh: Se eu achar em Sodoma cinqüenta justos dentro da cidade, pouparei a cidade toda por amor deles. Respondeu Yahwéh: Não o farei se eu encontrar ali trinta. Gênesis 18:31 Continuou Abraão: Eis que me atrevi a falar aYahwéh: Se, porventura, houver ali vinte? Respondeu Yahwéh: Não a destruirei por amor dos vinte. porventura, houver ali dez? Respondeu Yahwéh: Não a destruirei por amor dos dez. Gênesis 18:33 Tendo cessado de falar a Abraão, retirou-se Yahwéh; e Abraão voltou para o seu lugar. Gênesis 19:13 pois vamos destruir este lugar, porque o seu clamor se tem aumentado, chegando até à presença de Yahwéh; e Yahwéh nos enviou a destruí-lo. Gênesis 19:14 Então, saiu Ló e falou a seus genros, aos que estavam para casar com suas filhas e disse: Levantai-vos, saí deste lugar, porque Yahwéh há de destruir a cidade. Acharam, porém, que ele gracejava com eles. Gênesis 19:16 Como, porém, se demorasse, pegaram-no os homens pela mão, a ele, a sua mulher e as duas filhas, sendo-lhe Yahwéh misericordioso, e o tiraram, e o puseram fora da cidade. Gênesis 19:24 Então, fez Yahwéh chover enxofre e fogo, da parte de Yahwéh, sobre Sodoma e Gomorra. Gênesis 19:27 Tendo-se levantado Abraão de madrugada, foi para o lugar onde estivera na presença de Yahwéh; Gênesis 20:18 porque Yahwéh havia tornado estéreis todas as mulheres da casa de Abimeleque, por causa de Sara, mulher de Abraão. Gênesis 21:1 Visitou Yahwéh a Sara, como lhe dissera, e Yahwéh cumpriu o que lhe havia prometido. Gênesis 21:33 Plantou Abraão tamargueiras em Berseba e invocou ali o nome de Yahwéh, Deus Eterno. Gênesis 22:11 Mas do céu lhe bradou o Anjo de Yahwéh: Abraão! Abraão! Ele respondeu: Eis-me aqui! Gênesis 22:14 E pôs Abraão por nome àquele lugar—YAHWÉH Proverá. Daí dizer-se até ao dia de hoje: No monte de Yahwéh se proverá. Gênesis 22:15 Então, do céu bradou pela segunda vez o Anjo de Yahwéh a Abraão Gênesis 22:16 e disse: Jurei, por mim mesmo, diz Yahwéh, porquanto fizeste isso e não me negaste o teu único filho, Gênesis 24:1 Era Abraão já idoso, bem avançado em anos; e Yahwéh em tudo o havia abençoado. Gênesis 24:3 para que eu te faça jurar por Yahwéh, Deus do céu e da terra, que não tomarás esposa para meu filho das filhas dos cananeus, entre os quais habito; Gênesis 24:7 YAHWÉH, Deus do céu, que me tirou da casa de meu pai e de minha terra natal, e que me falou, e jurou, dizendo: À tua descendência darei esta terra, ele enviará o seu anjo, que te há de preceder, e tomarás de lá esposa para meu filho.

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Gênesis 24:12 E disse consigo: Yahwéh, Deus de meu senhor Abraão, rogo-te que me acudas hoje e uses de bondade para com o meu senhor Abraão! Gênesis 24:21 O homem a observava, em silêncio, atentamente, para saber se teria Yahwéh levado a bom termo a sua jornada ou não. Gênesis 24:26 Então, se inclinou o homem e adorou a Yahwéh. Gênesis 24:27 E disse: Bendito seja Yahwéh, Deus de meu senhor Abraão, que não retirou a sua benignidade e a sua verdade de meu senhor; quanto a mim, estando no caminho, Yahwéh me guiou à casa dos parentes de meu senhor. Gênesis 24:31 E lhe disse: Entra, bendito de Yahwéh, por que estás aí fora? Pois já preparei a casa e o lugar para os camelos. Gênesis 24:35 YAHWÉH tem abençoado muito ao meu senhor, e ele se tornou grande; deu-lhe ovelhas e bois, e prata e ouro, e servos e servas, e camelos e jumentos.

O NOME YAHWÉH APARECE NUM TOTAL DE 140 VEZES ANTES DA REVELAÇÃO DO NOME DADO A MOISÉS NO MONTE SINAI, OU SEJA, ISTO É UM TREMENDO DE UM ANACRONISMO.

CABERIA OUTRA PERGUNTA AQUI: A QUEM YAHWÉH REVELOU PRIMEIRO SEU NOME? TERIA SIDO A MOISÉS OU A ENOS? REPARE NOS DOIS TEXTOS ABAIXO:

Gênesis 4:26 A Sete nasceu-lhe também um filho, ao qual pôs o nome de Enos; daí se começou a invocar o nome do Yahwéh. Exôdo 6: 2 Falou mais Deus a Moisés e lhe disse: Eu sou Yahwéh. 3 Apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó como El Shadday; mas pelo meu nome, Yahwéh não lhes fui conhecido.

Com certeza deve haver alguma coisa errada. Como pode aparecer o nome Yahwéh no livro de Genesis dezenas de vezes antes do nome ter sido revelado a Moisés no monte Horebe. Outra pergunta que não quer calar como poderia Moisés no livro de Deuteronômio narrar a sua própria morte? Uma última pergunta como pode o Pentateuco ou Torah ser narrado na 3ª pessoa, se tivesse sido Moisés o autor estaria narrado na 1ª pessoa? Por causa de perguntas como estas feitas por estudiosos e filósofos do século 14 em diante é que surgiram as pesquisas com uma leitura critica do Pentateuco. E é exatamente disto que trata esta simples apostila que é um resumo de tais pesquisas.

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A HIPÓTESE DOCUMENTÁRIA DO PENTATEUCO

A Hipótese documentaria ou Hipótese documental (DH) propõe que os primeiros cinco livros do Antigo Testamento (Génesis, Éxodo, Levítico, Números e Deuteronomio, que juntos se conhecem como a Torá ou Pentateuco) são uma combinação de documentos que provem de quatro fontes de origem independente. De acordo com a influente versão da hipótese documentaria formulada por Julius Wellhausen (1844 - 1918), estas fontes e a data aproximada de sua composição, foram:

Julius Wellhausen, teólogo protestante alemão que deu forma final à Hipótese documentaria.

Tradição yahvista (J); escrita ca. 950 a. C. no sudeste do reino de Judá (abreviada J, pois o nome Jehová (Yahveh) começa com J no idioma alemão nativo de Wellhausen.)

Tradição elohista (E); escrita ca. 850 a. C. no nordeste do reino de Israel.

Tradição deuteronómica (D); escrita ca. 621 a. C. em Jerusalém durante um período de reforma religiosa.

Tradição sacerdotal ou presbiterial (P); escrita ca. 450 a. C. pelos sacerdotes de Aarón.

O redator Final que combinou as diversas fontes do final do Pentateuco, que pode muito bem ter sido Esdras; abreviado com (R), de redator. «A partir da simples questão de como conciliar as incoerencias do texto, e recusando aceitar explicações forçadas, para harmonizar o texto, os estudiosos chegaram finalmente à teoria de que a Torá estava integrada por vários textos selecionados que foram costurados, alinhavados e entrelaçados, às vezes incoerentemente, de fontes que tratam do mesmo assunto e de temas relacionados.

O raciocinio seguido neste tipo de análise é similar ao dos sábios talmúdicos e, mais tarde, os rabinos, quem sustentaram que estas cláusulas

incompativeis e a terminología em um sozinho parágrafo da Mishná tem que se ter originado por diferentes sábios, e reconhecem que Moisés não pôde

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ter escrito os bilhetes da Torá pois contém informação não disponível para o mesmo, como o último capítulo de Deuteronomio, que descreve sua morte

e suas consequências.» –Jeffrey Tigay.[1]

Segundo Wellhausen, as quatro fontes mostram uma imagem da história religiosa israelita, de uma a cada vez maior centralização e poder sacerdotal. A hipótese de Wellhausen converteu-se na opinião dominante sobre a origem do Pentateuco durante grande parte do século XX. A maioria de experientes contemporâneos aceitaram, de alguma maneira, a hipótese documental da Biblia,[2] e os académicos seguem recorrendo à terminología de Wellhausen e seus conhecimentos.

Índice

1 Composição da Torá

1.1 Tradição yahvista (J)

1.2 Tradição elohista (E)

1.3 Tradição deuteronómica (D)

1.4 Tradição sacerdotal (P)

1.5 Redactor (R)

2 Antes de Wellhausen

2.1 Autoria Mosaica

2.2 Os inícios da Hipótese documental

3 A Hipótese de Wellhausen

3.1 Classificação das fontes

3.2 Datas das fontes

4 Após Wellhausen

5 Notas

6 Referências

7 Veja-se também

8 Enlaces externos

8.1 Críticas

8.2 Hipóteses alternativas

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Composição da Torá

Seguindo a Hipótese de Wellhausen, os estudiosos falam de quatro fontes da Torá.

Tradição yahvista (J)

A fonte mais antiga, trata de narrações, que constituem a metade do Génesis e do Éxodo, mais alguns poucos fragmentos de Números. Descreve um Deus parecido a um ser humano, chamado Yahweh (ou mais bem YHWH) em todas partes, e tem um especial interesse no território do reino da Judéia e pessoas relacionadas com sua história. Tem um estilo eloquente. Originalmente composto ca. 950 a. C.[3]

Tradição elohista (E)

É paralela a tradição J, com freqüência duplicando as descrições. Constitui uma terceira parte do Génesis e a primeira metade do Éxodo, além de fragmentos de Números. Descreve um Deus parecido a um ser humano, inicialmente chamado Elohim, e Yahveh após o incidente da sarça ardente, onde Elohim se revela a si mesmo como Yahveh. Centra-se no reino de Israel e no sacerdocio de Shiloh, tem um estilo moderadamente eloquente. Originalmente composto ca. 850 a. C.[4]

Tradição deuteronómica (D)

D toma a forma de uma série de sermôes a respeito da lei, e consiste na maior parte do Deuteronomio. Seu termo distintivo para Deus é YHWH ELOHENO, traduzido como "O senhor nosso Deus". Originalmente composto ca. 650-621 a. C.[5]

Tradição sacerdotal (P)

Preocupados com a centralizacão do sacerdocio, e com listas (especialmente genealógicas), datas, números e leis. P descreve um Deus distante e implacável, a quem chamam Elohim. P cópia partes de J e E, mas altera detalhes para ressaltar a importância do sacerdócio. P consiste em cerca de um quinto do Génesis, partes substanciais de Éxodo e Números, e quase todos o Levítico. P tem um baixo nível de estilo literário. Composto ca. 550-400 a. C.[4]

Redactor Final (R)

O redator final da Torá começa com a combinação de J e E para criar JE, ca. 750 a. C. A adição de D gerou JED. Os redatores denominados P, puseram o trabalho em sua forma definitiva ca. 400 a. C.

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Antes de Wellhausen

Baruch (ou Benedicto) Spinoza propõe no Tractatus theologico-politicus (1670) que Esdras, não Moisés, foi o autor do Pentateuco.

Autoria Mosaica "Mosaic authorship"

Antes do século XVII tanto judeus como cristãos aceitavam a opinião tradicional, segundo a qual Moisés tinha escrito a Torá sob a direta inspiração e inclusive mandato de Deus. Poucos rabinos e filósofos perguntaram-se como poderia ter descrito Moisés sua própria morte, ou como deu uma lista de reis de Edom, antes de que esses reis vivessem; mas ninguém duvidava da veracidade da tradição, e o propósito dos estudos era sublinhar a antigüidade e a autoridade dos ensinos do Pentateuco, e não demonstrar quem escreveu os livros."[6]

Os inícios da Hipótese documental

Em 1651, Thomas Hobbes, no capítulo 33 de Leviatán, mostrou um conjunto de provas monstando que todo o Pentateuco nunca podia ter sido escrito por Moisés, com observações de bilhetes como Deut. 34:6 ("nenhum homem conhece seu sepulcro até o dia de hoje", o que implica que o autor viveu bastante tempo após a morte de Moisés); Gene 12:6 ("e os Cananeus ocupavam o território"), implicando que o autor vivia quando os cananeus já não estavam nesse território; e Num. 21:14 (referindo ao livro anterior aos Fatos, de Moisés), concluindo que nenhum destes textos pôde ter sido escrito por Moisés. Outros, entre eles Isaac da Peyrère, Baruch Spinoza, Richard Simon, e John Hampden, chegaram à mesma conclusão, mas seus trabalhos foram condenados, vários deles foram encarcerados e forçados a retratarse, inclusive se atentou contra a vida de Spinoza.[7]

Em 1753 Jean Astruc publicou (anonimamente) Conjectures sul lhes memoires originaux, dont il parait que Moses s'est servi pour composer lhe livre da Genèse ("Conjectura das memórias originais onde aparece Moisés garantindo a si mesmo como compositor do livro do Génesis"). os motivos de Astruc foram refutar a Hobbes e Spinoza -"a doença do último século", como chamou a seu trabalho. Para levar a cabo isto, aplicou ao Génesis ferramentas da análise literária que os estudiosos já usavam com textos clássicos, como a Ilíada, para peneirar as variantes tradicionais e chegar ao texto mais autêntico.

Começou por identificar dois marcadores que pareciam caracterizar variações coerentes: o uso do nome "Elohim" ou o nome "YHWH" (Yahvé) como o nome de Deus, e o aparecimento de histórias duplicadas, como os dois relatos da Criação no primeiro e segundo capítulos do Génesis, os dois relatos do

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diluvio onde em um relato o diluvio durou 40 dias e 40 noites e em outro relato durou 150 dias, e os dois relatos de Sara e de um rei estrangeiro (Gene. 12 e Gene. 20). A seguir, estabeleceu colunas, e atribuiu a estas os versículos de "Elohim" em uma coluna, e os de "YHWH" em outra, e os dos relatos duplicados em outras duas colunas, ao lado destes. As quatro colunas paralelas assim construídas continham duas narrações longas e duas curtas. Astruc sugeriu que estes eram os documentos originais usados por Moisés, e o Génesis que Moisés tinha escrito ver-se-ia exatamente assim, quatro relatos paralelos destinados a ser lidos separado. Segundo Astruc, mais tarde, um redator final combinou as quatro colunas em uma única narração, criando a fusão e as repetições observadas por Hobbes e Spinoza.[8]

As ferramentas adotadas por Astruc para a critica das fontes bíblicas foram amplamente desenvolvidas pelos seguintes estudiosos, a maioria alemães. Desde 1780 em adiante Johann Gottfried Eichhorn estendeu a análise de Astruc para além do Génesis a todo o Pentateuco, e por volta de 1823 chegou à conclusão de que Moisés não tinha participado na escritura deste. Em 1805 Wilhelm de Wette concluiu que a Tradição deuteronómica representava uma terceira fonte independente. Por 1822, Friedrich Bleek identificou o Livro de Josué como uma continuação do Pentateuco através do Deuteronomio, enquanto outros identificavam sinais da Tradição deuteronómica em livro dos Juízes|Juízes]], Samuel, e Reis.

Em 1853 Hermann Hupfeld sugeriu que a Tradição elohista era em realidade duas fontes que deveriam ser separadas, assim, isolou a Tradição sacerdotal; Hupfeld também enfatizou a importância do "Redator Final", ou último editor, na produção da Torá desde as quatro fontes. Não todo o Pentateuco se remontava a uma das quatro fontes: numerosas seções mais pequenas foram identificadas, como o Código de santidade contido em Levíticos 17 a 26.[9]

Os estudiosos também trataram de identificar a sequência de datas das quatro fontes, e propor quem pudesse as ter escrito, e por quê. De Wette tinha chegado à conclusão em 1805, que nenhum dos textos do Pentateuco foi composto antes dos tempos de David; Desde Spinoza, D estava ligado com os sacerdotes do templo de Jerusalém, durante o reinado de Josías em 621 a. C.; depois, os estudiosos argumentaram várias composições, na ordem PEJD, ou EJDP, ou JEDP: mas o tema está longe de resolver-se.[10]

A Hipótese de Wellhausen (ou de Graf-Wellhausen)

Em 1876/77 Julius Wellhausen publicou Die Komposition dês Hexateuch ("A composição do Hexateuco"), onde se estabeleceu a hipótese das quatro fontes da origem do Pentateuco; que foi seguido em 1878 por Prolegomena zur Geschichte Israels ("Introdução à história de Israel"), um trabalho que rastrea o desenvolvimento da religião dos antigos israelitas a partir de um ponto de vista totalmente secular, não sobrenatural. Wellhausen contribuiu com poucas novidades, mas peneirou e combinou os estudos de séculos anteriores de forma coerente, e completou uma teoria tão convincente das origens da Torá e do judaísmo, que dominou o debate académico sobre o tema nos seguintes cem anos.

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Classificação das fontes

Os critérios de Wellhausen para distinguir entre as diversas fontes foram desenvolvidos por seus predecessores durante os séculos anteriores: o estilo (incluindo a opção do vocabulario ainda que não exclusivamente), nomes divinos, e duplicatas (e ocasionalmente triplicatas). J foi identificado com um rico estilo narrativo; E era algo menos eloquente; P tinha uma linguagem seca e legalista.

Temas de vocabulario, como o uso de diversos nomes de Deus, ou o uso da denominação monte Horeb (E e D) ou bem a de monte Sinaí (J e P) a montanha de Deus; objectos ritualisticos, como o Arca da aliança, mencionado frequentemente em J, mas nunca em E; o estatus dos Juízes (nunca mencionado em P) e profetas (mencionados só em E e D); o meio de comunicação entre Deus e os homens (o Deus de J se reune em pessoa com Adán e Abraham, o Deus de E comunica-se por médio dos sonhos, o de P somente pode aproximar-se por meio dos sacerdotes): todos estes e outros mais formam o conjunto de ferramentas para distinguir entre as fontes e os versículos atribuídos a elas.[11]

Datas das fontes

Manuscrito da Biblia Hebréia com Tárgum no século XI.

O ponto de início de Wellhausen para datar as fontes foi o tema descrito em 2 Reis 22:8-20: um "rollo de Torá" (que pode ser traduzido como "instrução" ou "Lei") descoberto no templo de Jerusalém pelos altos sacerdotes Hilkiah no ano dezoito do reino de Josías, quem ascendeu ao trono quando mal tinha oito anos. Narra que Josiah iniciou uma campanha de reforma religiosa, destruindo todos os altares, exceto o do Templo, proibindo todo o sacrifício, exceto no Templo, fazendo questão da exclusiva adoração a Yahweh.

No século IV Jerónimo especulou que a instrução do "rollo" poderia ter estado no Deuteronomio; de Wette, em 1805, sugeriu que poderia ter sido somente o código de leis do Deuteronomio 12-26, que Hilkiah encontrou, ou talvez ele mesmo o tenha escrito, sozinho ou com a colaboração de Josías. Os historiadores deutoromistas duvidaram em dar o crédito a Josías: em I Reis 13 Josias é nomeado como o que seria enviado por Yahveh para massacrar os sacerdotes apóstatas de Beth-o, em uma profecia feita, supostamente, 300 anos antes de seu nascimento.[12]

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Com D datado na História, Wellhausen continuou a situar as fontes restantes. O aceita a conclusão de Karl Heinrich Graf, que as fontes foram escritas nesta ordem: JEDP. Isto contradizia a opinião geral dos estudiosos da época, que viam a fonte P como a primeira, "a guia oficial aprovada para o culto divino", e a discussão que sustentou Wellhausen para situar P foi a grande inovação dos Introduções expositivas,[13] atribuindo J e E aos inícios da monarquia, aproximadamente para J 950 a. C., e para E 850 a. C.; P é situado a princípios do período pós-exilío persa, cerca de 500 a. C.

Argumentou estas datas baseando-se no que naquele tempo se conhecia como a evolução natural da prática religiosa: na sociedade pré-monárquica e a princípios da descrita no Génesis, os Magistrados e Samuel, levantaram altares onde os patriarcas ou heróis elegiam, como Josúe; qualquer um podia oferecer sacrifícios, e eram oferecidas partes a sacerdotes como oferenda do sacrifício; durante a monarquia tardia começa a centralização dos sacrifícios e a serem controlados pelo sacerdocio. Enquanto festividades israelitas, como a Pascoa, foram instituídas para vincular ao povo com a monarquia em uma celebração comum da história nacional; nos tempos do pós-exílio, o templo de Jerusalém estava firmemente estabelecido como o único santuário, e só os descendentes de Aarón podiam oferecer sacrifícios, as festividades estavam vinculadas ao calendário, em vez de as estações, e o calendário dos direitos sacerdotais era estritamente atribuído.[14]

As quatro fontes foram combinadas por uma série de "redatores" (editores), primeiro J com E para formar JE, depois JE com D para formar o texto JED, e finalmente JED com P para formar JEDP, a Torá final na forma como a conhecemos hoje. Retomando uma tradição académica que se remonta a Spinoza e Hobbes, Wellhausen chamou a Esdras o redator final, o líder do pós-exílio, quem restabeleceu a comunidade judia em Jerusalém a instâncias do imperador persa Ciro em 458 a. C.

Após Wellhausen

Durante grande parte do século XX, a hipótese de Wellhausen criou o marco onde se discutiu a origem do Pentateuco, e inclusive o Vaticano, um firme critico do estudo bíblico secular no século XIX, chegou a aceitar os métodos, mas não os resultados, da fonte e da crítica formada.[15] Algumas modificações importantes foram introduzidas, em particular por Albrecht Alt e Martin Noth, quem defendem pela transmissão oral das antigas crenças fundamentais o Éxodo desde o Egipto, a conquista da Terra prometida, os pactos, a revelação no Sinaí, Horeb, etc.[16] Ao mesmo tempo, os trabalhos da Escola de Arquelogía Biblica Norte-americana, como o de William F. Albright e Ciro Gordon parecem confirmar que, ainda que ao Génesis e ao Éxodo se lhes deu sua forma definitiva no primeiro milénio a. C., seguem firmemente a realidade material do segundo milénio[17] O efeito de tais melhoras, foi ajudar a ampliar a aceitação da hipótese básica, de tranquilizar aos crentes, que inclusive se a forma final do Pentateuco não se deveu ao mesmo Moisés, e "apesar da data tardia do Pentateuco, podemos recuperar uma imagem crível da época de Moisés e inclusive da Idade patriarcal. Daí que a oposição à Hipótese documental diminuísse gradualmente, e em meados do século XX, foi aceita quase universalmete."[18]

O consenso começa a entrar em colapso no final dos anos 1960, com a propagação das novas ferramentas de estudo e um crescente reconhecimento das limitações do marco de trabalho analítico de Wellhausen. O resultado têm sido propostas que modificam tanto o modelo documental que é irreconhecível, ou inclusive o abandonar inteiramente a favor de modelos alternativos onde se vê o Pentateuco como produto de um único autor ou

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como o ponto final de um processo de criação de toda a comunidade. Cabe mencionar algumas figuras das últimas décadas do século XX, H. H. Schmid quase completamente eliminou J, deixando só um último "redator" Deutoronomista;[19]

Rolf Rendtorff e Erhard Blum viram o desenvolvimento do Pentateuco desde um aumento gradual de pequenas unidades e trabalhos cada vez maiores, um processo que elimina tanto a J como a E, e implica um modelo fragmentario em vez de um modelo documental para as origens do Antigo testamento;[20] e John Vão Seters, usando um modelo diferente, prevê um processo contínuo da administração de suplementos, no que os últimos autores modificaram as primeiras composições e mudaram o enfoque da narração.[21] A proposta contemporânea mais radical veio de Thomas L. Thompson, quem sugeriu que a redação final da Tora ocorreu ao princípio da monarquia Hasmoneana.

O desafio no consenso de Wellhausen foi quiçá melhor resumido por R. N. Whybray, quem assinalou que dos vários modelos possíveis para a composição do documental do Pentateuco, –documental, complementar e fragmentario– o documental foi o mais difícil de demonstrar, por um tempo os modelos complementar e fragmentario propõem modelos relativamente simples, lógicos e podem explicar a desigualdade do texto final, o processo previsto por DH é complexo e muito específico em suas suposições sobre o antigo Israel e o desenvolvimento de sua religião. Whybray continuava afirmando que estas suposições eram ilógicas e contraditorias, e não ofereciam autêntico poder explicativo: por exemplo, porque os verdadeiros autores das diferentes fontes evitariam a duplicação, enquanto o "redator" final aceita-as? "Portanto, a hipótese somente pode manter-se supondo que, enquanto a coerência é a característica distintiva das diversas fontes, a incoerencia era o selo distintivo dos "redatores"[22]

A hipótese documental ainda tem muitos seguidores, especialmente nos Estados Unidos, onde William H. Propp tem completado dois volumes de tradução e comentários sobre o Éxodo editado pela prestigiosa Anchor Bible Séries dentro de um marco DH, [21] e Antony F. Campbell e Mark A. Ou'Brien têm publicado Fontes do Pentateuco a apresentação da Torá contínua ordenados nas seguintes fontes de divisões Martin Nort.

Elliott Richard Friedman, em "Who Wrote the Bible?" Quem escreveu a Biblia(1987) e "The Bible with Sources Revealed" A Biblia com fontes reveladas(2003) é, em esencia, uma extensa resposta para Whybray, explicando, em termos baseados na história do Antigo Israel, como os redatores puderam tolerar a incoerencia, contradição e repetição, efetivamente, estavam obrigados a isso pelo marco histórico no que trabalhavam.

As clássicas divisões em quatro fontes de Friedman difieren de Wellhausen em aceitar as datas de Yehezkel Kaufmann de P para o reino de Hezekiah;[23] Isto, em si mesmo, não é uma pequena modificação de Wellhausen, para quem umas das datas posteriores de P eram essenciais para o desenvolvimento do modelo histórico de religião de Israel. Friedman argumento que J aparece um pouco antes de 722 a. C., seguido por E, e combinado JE pouco depois. P foi escrito, refutando a JE (c. 715-687 a. C.), e D era o último a aparecer, no momento de Josías (c. 622 a. C.), antes do "redator final", que Friedman identifica com Esdras, compusesse a Torá final.

Mas enquanto a terminología e hipótese documental seguem sendo debatidos pelos académicos, sobre a origem do Pentateuco já não domina esse debate, tal como ocorria durante os dois primeiros terços do século XX. As verdades consagradas na introdução (o tema das origens do Pentateuco) têm

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desaparecido, e em seu lugar enfrentam-se os estudiosos de numerosas teorias que são extremamente complexas e, com freqüência, redigidas em um estilo expositivo que não é apto para os covardes (segundo John Van Seter, a descrição de um trabalho seminal).[24]

HIPÓTESE DOCUMENTÁRIA II

Uma análise literária mostra que o Pentateuco (Torá escrita) não foi escrito somente por uma pessoa, mas por várias. Linhas múltiplas de tradições

foram combinadas para produzir e finalizar a Torá.

A visão mais convincente para a maioria dos eruditos que são críticos ao Pentateuco é chamada de Hipótese Documentária, ou a Hipótese de Graf-

Wellhausen, nome dado aos acadêmicos do século XIX que puseram a hipótese na sua forma clássica.

Em resumo, a Hipótese Documentária vê a Torá sendo redigida por uma série de editores retirados de quatro grandes linhas de tradições literárias ou

fontes. Estas tradições são conhecidas como J, E, D, e P. O diagrama com suas relações aparece abaixo:

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J (o Javista ou a fonte de Jerusalém) usa o Tetragrama (YHWH) como o nome de Deus. O interesse da fonte indica que ela foi ativa no reino do sul de Judá na época do reinado dividido. J é responsável pela maioria do Gênesis. E (o Elohista) usa Elohim ("Deus") como o nome divino até Êxodo 3-6, onde o Tetragrama é revelado a Moisés e a Israel. Essa fonte parece ter vivido no reino do norte de Israel durante o reinado dividido. E escreveu o conto da aquedá (a atadura de Isaque) e outras partes de Gênesis, e bastante de Êxodo e Números. J e E foram combinados como um só trabalho bem cedo, aparentemente depois da queda do reino do norte em 722 AEC. É geralmente bastante difícil de separar as histórias de J e E depois da fusão. D (o Deuteronomista) escreveu quase todo o livro de Deuterônimo (e provavelmente também os livros de Josué, Juízes, Samuel, e Reis). Acadêmicos muitas vezes associam Deuterônimo com o livro achado pelo Rei Josias em 622 AEC (veja 2 Reis 22) P (a fonte Sacerdotal) forneceu o primeiro capítulo de Gênesis, levítico e outras seções com informação genealógica da classe de sacerdotes e culto. De acordo com Wellhausen, P foi a informação menos antiga. Os sacerdotes colocaram a Torá na sua forma final um pouco depois de 539 AEC. R (o Redator Final) pode ser a mesma pessoa que P, mas foi quem juntou todos os trabalhos de J, E, P, e D para concluir a Torá que conhecemos hoje em dia. Eruditos críticos mais contemporâneos não concordam com Wellhausen e entre eles próprios, especialmente no detalhe de quem foi adicionado por último, se D ou P. Mas todos eles concordam que o que é abordado em geral pela Hipótese Documentária é a melhor explicação pelas histórias dúplicatas, tríplicatas, contradições, diferenças na terminologia e teologia, e os interesses geográficos e históricos que encontramos em várias partes da Torá. Estas são algumas diferenças entre as quatro linhas de tradição: J (Javista):

Escritos se focam na humanidade.

Pode possivelmente ser uma mulher. Os escritos dele(a) mostra mais sensitividade as mulheres do que E.

Dá ênfase a Judá (sul).

Dá ênfase aos líderes.

Fala de Deus em maneira antropomórfica, ou seja, Deus se manifesta de forma humana.

Deus anda e fala com as pessoas e até come com elas.

Deus é YHWH.

Usa "Sinai".

O hebraico usado foi provavelmente escrito entre 848 AEC e 722 AEC.

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E (Eloista):

Era um homem.

Dá ênfase ao Reinado de Israel (norte).

Dá ênfase a profecias.

Escreveu os 10 mandamentos em Êxodo 20.

Fala de Deus em uma forma aprimorada.

Deus se comunica com humanos nos sonhos.

Deus é Elohim (até Êxodo 3).

Hebraico provavelmente escrito entre 922 AEC e 722 AEC.

Pode ser um sacerdote que vê Moisés como um ancestral espiritual.

Sinai é "Horeb" P (Sacerdotal):

Era um sacerdote que identificava Aarão como seu ancestral espiritual.

Não concordava com o trabalho de J, E, e D; criou uma história alternativa.

Viveu depois de J, E, e D porque conhecia os livros dos profetas que os outros não conheciam.

Viveu quando a religião chegou ao estágio Sacerdotal/Jurídico, antes da destruição de Jerusalém em 587 AEC.

Dá ênfase a Judá (sul).

Dá ênfase ao culto.

Fala de Deus de forma majestosa.

Vê um Deus distante, menos pessoal que J e E; algumas vezes crítico e severo. A palavras "misericórdia", "graça", e "arrependimento" não aparecem nos seus escritos (embora aparecem 70 vezes nos escritos de J, E, e D).

Aborda Deus através de cultos.

Deus é El Shadai e Elohim.

Tem geneologias e listas. D (Deuteromomista):

Viveu depois de J e E, porque sabia sobre acontecimentos mais recentes na história de Israel.

Viveu em uma época em que a religião do antigo Israel estava em seu estágio espiritual/ético (cerca de 622 AEC).

Era provavelmente um sacerdote levítico. Talvez Jeremias.

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Um segundo escritor editou o texto original depois da destruição de Jerusalém em 587 AEC.

Põe ênfase em um santuário central.

Promove fidelidade à Jerusalém.

Fala de Deus lembrando de Seu trabalho.

Método moralista.

Deus é YHWH.

Inclui longos sermões. R (Redator):

Foi um sacerdote Aaronita, o que significa que era um homem.

Juntou os trabalhos de J, E, D, e P para finalizar a Torá como ela é hoje. HIPÓTESE DOCUMENTÁRIA III 1. Título

Geralmente esta seção do AT é comumente conhecido como Toráh (Lei). O substantivo toráh se deriva da raiz yarah, “lançar” ou “projetar”, e significa orientação, lei, instrução. Edward J. Young observa que como designação dos cinco primeiros livros da Bíblia, esse termo é empregado em sentido mais restrito para destacar o elemento legal que forma tão grande porção desses livros. Esse emprego do termo, porém, não exclui as seções históricas ou de narrativa; antes, inclui-as, visto que formam o segundo plano ou arcabouço apropriado para a legislação.[1]

A palavra “Pentateuco” é uma derivação de duas palavras gregas “pente” (cinco) e “teuchos” (volume). Seu primeiro uso se encontra, talvez, nos escritos de Orígenes, a respeito de Jo 4:25, “do Pentateuco de Moisés”.

O Pentateuco é uma obra contínua, completa, produzida por um só autor inspirado. É possível que se tenha feito o uso de fontes orais e escritas sob orientação divina.

2.1. Negação da Autoria Mosaica

2.1.1.Origem do Desenvolvimento da Teoria Documentária

Alguns movimentos como o Deísmo e Racionalismo forneceram o cenário, e contribuíram para o surgimento da Teoria Documentária. Estas duas correntes de pensamento, embora diferentes, concordam numa coisa: a negação de uma relação sobrenatural de Deus com o homem.

Negando a premissa sobrenatural, não se pode sustentar a doutrina da inspiração, profecias, a providência divina, etc. A Bíblia torna-se um livro meramente humano. Foi quando começaram a questionar a autoria mosaica, e a sua data de escrita, como também a veracidade de seu conteúdo.

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Thomas Hobbes em sua obra Leviathan (1651) afirmou que o Pentateuco havia sido editado por Esdras a partir de fontes antigas.

Benedicto Spinoza declarou em Tractatus Theologico-Politicus (1670) que Esdras havia editado o Pentateuco com interpolação de Deuteronômio, questionando a autoria mosaica.

2.1.2.Teoria Documentária Primitiva

Jean Astruc, médico francês, foi o primeiro a dar expressão literária a essa teoria (em 1753). Limitou suas dúvidas apenas a autoria de Gn 1. Sua tese era que Moisés havia compilado o livro de Gênesis a partir de duas memórias ou fontes (memoires), e outros documentos menores. Astruc identificou 2 fontes principais: Fonte A, com o uso da palavra Elohim, e fonte B, com o uso da palavra Yahweh. Todavia, aceitava Moisés como autor do livro todo. Alegava ter encontrado em Gênesis mais de dez fontes e outras interpolações textuais!

Johann G. Eichorn em sua Einleitung (1780-1783), expandiu as idéias de Astruc a todo o Pentateuco e não apenas ao Gênesis. Negou a autoria mosaica. Dividiu Gn e Êx 1-2 em fontes designadas J e E, e afirmou que estas foram editadas por um autor desconhecido.

2.1.3.Teoria Fragmentária

Alexander Geddes, padre católico escocês, investigou as “memoires” de Astruc. Em 1792-1800 e desenvolveu a teoria fragmentária. Segundo a Teoria Fragmentária o Pentateuco consiste em fragmentos lendários, desconexos entre si e de muitos autores desconhecidos, mas possuindo apenas um redator. Foi o primeiro a sugerir a existência de um Hexateuco. Segundo Geddes o Pentateuco foi compilado por um redator desconhecido a partir de numerosos fragmentos que tiveram sua origem em círculos diferentes, um elohístico, e o outro javístico. A data da composição final do “Hexateuco” teria ocorrido em Jerusalém, durante o reinado de Salomão.

J. Vater (1802-1805) fez a divisão do Pentateuco em 39 fragmentos. A data da composição final do Pentateuco foi no exílio babilônico, sendo que nesta época adquiriu a forma que hoje conhecemos.

A.T. Hartmann foi o primeiro a dizer que a escrita era desconhecida no tempo de Moisés entre os israelitas (1831). Segundo ele, o Pentateuco era constituído de um grande número de pequenos documentos pós-mosaicos, a que foram feitas adições, de tempos em tempos, até se tornarem nos cinco livros. Considerava o Pentateuco como lenda e mito.

2.1.4.Teoria suplementar

Wilhelm M. L. De Wette (1780-1849) em 1805 escreveu um livro, acerca de Deuteronômio, dando este livro como pertencente ao tempo de Josias e escrito um pouco antes da sua reforma religiosa, em 621 a.C.

Heinrich Ewald (+1875) rejeitou a autoria mosaica. Segundo ele o Pentateuco é composto de muitos documentos, mas enfatizando o documento E como sendo básico.

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Tuch foi quem deu expressão clássica à teoria. Deu ênfase a dois documentos básicos, o E e o J, tendo datado o E no tempo de Saul, e o J no tempo de Salomão.

Representa uma volta a Teoria Documentária primitiva. Segundo essa teoria, o documento básico, original era um só, o documento E (elohista), combinado com um suplemento principal que era o documento J (javísta) formavam a base para o Pentateuco. No decorrer dos séculos novas adições foram feitas a estes documentos, terminando na cristalização do atual conjunto de cinco livros. Todos estes críticos negaram a autoria mosaica do Pentateuco.

2.1.5.Teoria Documentária Modificada

Esta teoria defende que de três a quatro documentos principais e contínuos foram combinados por um redator.

Hermann Hupfeldt, em 1853, ensinou que, além do Deuteronômio, havia três documentos contínuos que eram J,E1 e E2, combinados por um único redator.

E. Riehm (1854) defendeu que os documentos contínuos eram quatro e não três. Foi o primeiro a apresentar um quarto documento principal, chamado D. A forma dos documentos seria E1, E2, J, D.

2.1.6.Teoria Documental em seu Estado Final

Segundo esta teoria, quatro ou cinco documentos principais, mais outros documentos secundários foram combinados por quatro redatores principais e mais outros redatores secundários.

Reuss (1850) acreditava em cinco documentos principais J, E1, E2, D, P. Foi o primeiro a sugerir o documento P como sendo documento básico e também como sendo o último deles. Atribuiu ao tempo de Esdras como data final da redação do Pentateuco.

Karl H. Graff, em 1865, afirmou que a literatura de Êxodo, Levítico e Números, não pertenciam ao período de Josias, mas ao cativeiro babilônico. Rejeitou o documento E1 como sendo um documento independente. Para ele o E1 é igual ao P, um documento procedente do período do reinado de Josias. Para Graff a ordem dos documentos seria P–histórico, E, J, D, P-legal.

Abraham Kuenen (1869-1870) desenvolveu a teoria de Graff e a difundiu, principalmente na Alemanha. Em sua obra “A Religião de Israel” (1869) argumentou que o P-histórico não poderia ser separado do documento P-legal. Sua teoria resultou em J, E, D, P.

Julius Wellhausen foi quem deu uma popular formulação literária à teoria, em sua obra Die Composition dês Hexateuchs, em 1876. Com ele a teoria adquiriu o nome de Graff-Kuenen-Wellhausen. Causou um grande impulso ao criticismo moderno.

2.1.7.Teoria Documentária no Século XX[2]

Herman Gunkel (1862-1932) e Hugo Gressmann (1877-1927) posicionaram-se contra as tendências do wellhausenismo clássico. Os grandes expoentes na crítica das fontes. Defendiam a necessidade de se descobrir o Sitz im Leben (contexto vital). Comparação com a mitologia antiga.

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Otto Eissfeldt em sua Einleitung in das Alte Testament (1934) defendia a classificação da literatura do AT em vários gêneros e categorias. Tenta traçar o desenvolvimento (a influência pré-história literária) dos diferentes documentos. Propõem a existência de um documento L (fonte leiga). Não possui uma concepção adequada da revelação, considera a literatura do AT como de origem meramente humana.

R.H. Pfeiffer em Introduction to the Old Testament (1941) mostra erudição e apologia, basicamente anti-cristã. Ensinou a existência de um documento S (Sul ou Seir), mas obteve aceitação popular. Nega a revelação, milagres, etc., segundo Pfeiffer estas são coisas subjetivas, sem prova científica.

Gerhard Von Rad (1934) defendeu a existência de mais dois documentos Pa e Pb. Propôs a teoria do Hexateuco.

Aage Bentzen publicou em 1941 uma obra que esposa o método histórico-crítico que presta dedicada atenção ao estudo das supostas formas da literatura do AT.

Atualmente o liberalismo predomina nos estudos do AT em todo o mundo. Todavia, há vozes conservadoras que se fazem ouvir com vasta erudição. Temos em português algumas obras acadêmicas publicas sobre IAT:

1.Liberais: Negam a unidade e autoria mosaica

1.1. Klaus Homburg, Introdução ao AT, Ed. Sinodal, 1981

1.2. Aage Bentzen, Introdução ao AT, ASTE, 1968, 2 vols

1.3. E. Sellin & G. Fohrer, Introdução ao Antigo Testamento, Ed. Paulinas, 1978, 2 vols.

1.4. Werner H.Schmidt, Introdução ao AT, Ed. Sinodal.

2.Conservadores: confirmam a unidade e autoria mosaica

1.1. Edward J. Young, Introdução ao AT, Ed. Vida Nova, 1964

1.2. Clyde T. Francisco, Introdução do VT, JUERP, 1969

1.3. Gleason L. Archer, Merece Confiança o AT?, Ed. Vida Nova, 1991

1.4. Stanley A. Ellisen, Conheça Melhor o AT, Ed. Vida, 1996

1.5. W.S. Lasor, D.A. Hubbard & F.W. Bush, Introdução ao AT, Ed. Vida Nova, 1999 (conservador?)

É necessário fazermos uma breve observação a título de orientação. A “Introdução ao Antigo Testamento” de Lasor, Hubbard e Bush, recentemente editada (1999), pela Edições Vida Nova, deve ser estudada com ressalvas. Embora, seja indicado “para alunos, professores e estudiosos evangélicos

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conservadores”[3] e os três autores pertencessem ao renomado Seminário Teológico Fuller de seguimento conservador[4]. Esta obra não pode ser considerada como totalmente conservadora, por alguns motivos muito relevantes:[5]

1. Nega a autoria fundamental de Moisés, pág.10;

2. Adota a “teoria documentária” proposta pelo teólogo liberal alemão Martin Noth, chamada “Tetrateuco” (Gn, Êx, Lv, Nm) e “História Deuteromística” (Dt, Js, Jz, Sm, Rs), págs.11-14;

3. Defende uma “unidade temática-histórica”, pág.3-6, e uma “unidade estrutural”, págs.14-15, mas não “literária-textual”;

4. Adota o pressuposto evolucionista hegeliano, pág.10;

5. Enfatiza que a formação do Pentateuco “é uma antologia literária” e o produto de “comunidade de fiéis ao longo de muitos séculos”(p.14).

6. Aceita como premissa a teoria da “crítica canônica” de B.S. Childs (neo-ortodoxo). Afirma que o importante é o produto final (i.é., o cânon, pág.14), sem importar com o método utilizado, embora, não rejeita os pressupostos e métodos básicos da teoria documentária de Martin Noth (veja as notas 17-19, na pág. 754 da obra).

2.1.8. Características dos “supostos” documentos

Resumidamente, segue abaixo um resumo sobre os supostos documentos que compõe o Pentateuco, segundo os adeptos da teoria documentária.

Documento J (Jeová, Jeovista)

1.Data: 950 ou 850 a.C.

2.Local escrita: Judá

3.Autoria: é atribuído a um historiador desconhecido, pertencente ao reino do Sul

4.Conteúdo: começa com a criação e vai até o fim do reino de Davi (Gn 2 a Nm 22-24).

5.Natureza: uma coleção de literatura épica, demonstrando forte sentimento nacionalista. Contém dramatização vívida, apresentações antropomórficas de Deus, em que Deus é descrito em termos humanos. Prefere usar o nome Yahweh para Deus. Ressalta a continuidade do propósito de Deus desde a criação, passando pelos patriarcas, até o papel de Israel como seu povo. Essa continuidade leva ao estabelecimento da monarquia com Davi.

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Documento E (Elohista)

1.Data: 850 ou 750 a.C.

2.Autoria: atribuída a um sacerdote desconhecido de Betel (Reino do Norte), ou a um profeta, sob a influência de Elias.

3.Local escrita: Efraim

4.Conteúdo: começa com Abraão e termina com Josué

5.Natureza: Usa-se a história na forma épica. Este documento possui uma variedade de detalhes, grande interesse no ritual e uma teologia mais abstrata, que evita antropomorfismo e usa visões e anjos como meios de revelação. É a narrativa da tradição de Israel (reino do Norte) em paralelo com documente J. Prefere Elohim como nome de Deus até a revelação de seu nome Yahweh a Moisés (Êx 3), depois disso passa a empregar ambos os nomes de Deus.

Documento D (Deuteronomista)

1.Data: 650 a.C.

2.Autoria: atribuída a um sacerdote desconhecido.

3.Local escrita: Jerusalém

4.Conteúdo: é o material núcleo do livro de Deuteronômio 12-26.

5.Natureza: tem interesse teológico pelo Templo de Jerusalém, e forte oposição contra a idolatria. O estilo literário é prosaico, prolixo, paranético (repleto de exortações ou conselhos). Seria o tal livro descoberto no reinado do rei Josias no ano 621 a.C.

Documento P (do inglês Priestly [Sacerdotal])

1.Data: 525 ou 450 a.C.

2.Autoria: desconhecida

3.Conteúdo: composto de tradições mosaicas antigas depois do Exílio.

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Introdução ao Pentateuco P E N T A T E U C O- INTRODUÇÃO

Pentateuco é o nome dado ao conjunto dos cinco primeiros livros da Bíblia - Palavra de Deus. Os judeus chamam o Pentateuco de TORAH, palavra hebraica

que traduzida para o Português significa "Lei". Esta palavra dá idéia que o Pentateuco é um apanhado de leis, pelas quais os judeus se deixavam conduzir. No

entanto, no Pentateuco, na verdade, se encontra narrações de histórias vividas pelos judeus. Quando Moisés perguntou a Deus pelo seu Nome, Ele

respondeu: "Eu Sou Aquele que Age", isto é, pela tua história, pelo que Eu Serei contigo e com o teu povo, descobrirás quem Eu Sou.

À primeira vista, esta obra nos parece homogênea, isto é, uma só. Entretanto, ela foi escrita por vários autores, é composta de diversas camadas escritas em

épocas diferentes.

Apesar da História de Israel ter começado bem antes, vamos tomar como ponto de partida o Século X, porque foi a partir dele que se escreveram as primeiras

unidades literárias e também porque foi nele que Isreal começou a ler suas histórias.

Há uma hipótese documentária que diz que a Torah é uma obra composta em cinco partes, baseada em quatro documentos erigidos em épocas diferentes.

Esta hipótese é a mais aceita pelos Teólogos e pelos estudiosos da Bíblia. Ela fala que a Torah foi escrita por quatro grupos com Tradições diferentes:

a) tradição Javista (J);

b) tradição Eloísta (E);

c) tradição Sacerdotal (P);

d) tradição Deuteronomista (D).

O documento Javista foi escrito no final do Século X e narra toda a história do Rei Salomão e da Corte de Jerusalém.

O documento Eloísta já foi escrito no final do Século IX ou meados do Século VIII, narra os acontecimentos dos meios proféticos do Reino do Norte, onde

encontramos Elias, Eliseu, Oséias...

O documento Sacerdotal narra todos os acontecimentos e as preocupações dos meios sacerdotais saídos de Jerusalém. Foi composto também durante o

Exílio da Babilônia, mas por volra do Século VI.

Page 24: A Hipotese Documentaria 1

24

Enfim, o documento Deuteronomista retrata a história de Moisés e a ligação do povo à Lei de Deus. Este documento foi composto no Reino do Norte e foi

somente no reinado do Rei Ezequias que sua redação terminou. A edição final se deu no Exílio da Babilônia, entre os anos 587 e 538 aC, portanto, no Século

V.

Para que estes cinco livros, de quatro tradições, pudessem se tornar uma única obra literária, foi preciso fazer algumas fusões.

A fusão J-E aconteceu por volta do ano 700aC, no reinado do Rei Ezequias. Estes dois documentos são narrações de histórias paralelas, de modo que é

possível fazer uma sinopse entre ambos.

O documento D tem muito em comum com a tradição E.

Já no Século IV, houve a fusão J-E com P.

Nasce então a Torah na forma de cinco livros. Provavelmente, o responsável por este magnífico trabalho foi Esdras, porque era considerado "secretário da Lei

do Deus do Céu" (Esd 7,12). O Rei Persa, Artaxerxes II, em 398aC, incumbiu Esdras de fazer um Estatuto para os judeus, tanto aos que tinham voltado do Exílio

como aqueles que tinham permanecido no País.

TRADIÇÃO JAVISTA - J - As primeiras obras literárias sobre a história de Israel aparecem no Século X. O grande personagem deste século foi David, ungido rei em Hebron, por volta de 1010 e reconhecido como tal pelas tribos do sul - Judá (2Sm 2,1-4). Ele

reinou sete anos e seis meses (2Sm 2,11; 5,5) e foi neste período que algumas tradições foram colocadas por escrito, nascendo assim o Documento Javista.

David era um homem de habilidade política inigualável. Tal habilidade o fez rei também do Reino do Norte - Israel (2Sm 5,1-4). David conseguiu manter uma

espécie de "reino-unido" que perdurou até o fim do reinado de seu filho Salomão.

David conquista Jerusalém, que está situada entre Judá e Israel, e a transforma na Capital do Reino (2Sm 5,6-9), reinando nela 33 anos (2Sm 5,5) e Salomão

reina durante 40 anos (de 972 a 933).

David desenvolveu uma política de conquistas e foi transformando muitos povos estrangeiros em vassalos: filisteus, cananeus, amonitas, jebuseus, moabitas,

arameus entre outros.

Salomão, quando herdou o reino, procurou organizá-lo, estruturá-lo e desenvolvê-lo comercialmente.

Page 25: A Hipotese Documentaria 1

25

Todo este universalismo tem o seu ponto negativo: o sincretismo. O culto a YaHWeH, sem dúvida nenhuma, foi sofrendo algumas mudanças estruturais, às

vezes, até imperceptíveis, ao longo dos anos, por inculturações religiosas dos outros povos pagãos.

David construiu para si um enorme palácio, copiando os reis pagãos da época: da mesma maneira, ele quis construir um Templo para YaHWeH, copiando

também os cananeus, no entanto, esta idéia foi rejeitada pelo povo através do Profeta Natã (2Sm7).

A idéia de "prender" "Deus num Templo" dá a impressão de um Deus estático, passivo, parado, preso, controlado pelos homens; por isso, há uma luta para

manter a liberdade de Deus - de um Deus que guiou seu povo e que pode continuar a guiá-lo, se não for um prisioneiro.

Este é o contexto histórico do Século X, dominado pela figura imperativa do Rei David.

* * *

O Documento Javista começa em Gn 2,4b e termina com a narração de Balaão (Nm 22; 24), incluindo a narração da falta de Israel em Baal-Fegor (Nm 25,1-5). Os textos que constituem o Documento Javista devem ser procurados entre Gn 2,4b e Nm 25. Deus chamado de YaHWeH (Gn 4,26; Ex 3,14; 20,2-3; Dt 5,6-7). Sabe-se que o Documento Javista apareceu na segunda metade do reinado de Salomão (mais ou menos por volta de 950). Seu autor é um judeu que conhece

o processo da instituição da monarquia e sua ideologia.

Exatamente durante o reinado de Salomão, em Judá, que a Tradição Javista compõe sua obra.

O Texto-Chave do Documento Javista é Gn 12,1-3 e a Palavra Chave é Bênção.

Deus ordena que Abraão saia de sua terra, do meio de seus parentes e vá para um lugar que Ele mesmo mostraria. Abraão obedece sem questionar, porque a

"promessa de Deus" domina tudo.

A palavra povo, em hebraico, designa laços de parentesco entre os membros de um grupo. Deus promete que faria de Abraão uma grande nação. Ser nação

significa que este povo vai ter um território e vai ser politicamente organizado.

Notamos que os Documentos Javista e Sacerdotal estão entrelaçados nos onze primeiros capítulos de Gênesis.

O ciclo das origens vai de Gn 2-11 e tem seu ápice na narração da Torre de Babel etermina relatando a confusão das línguas e a dispersão dos povos sobre

toda a terra. Gn 12,1-3 não é considerado somente a conclusão, mas também a verdadeira chave desse ciclo.

Quando analisamos os textos,

percebemos que estamos diante de

uma obra original, cujo autor soube

organizar e completar uma

Tradição mais antiga.

O ciclo das Origens é o

da maldição, portanto, o

ciclo do pecado.

Page 26: A Hipotese Documentaria 1

26

À bênção, cinco vezes mencionada em Gn 12,1-3, corresponde a maldição cinco vezes mencionada em Gn 2-11 (Gn 3,14.17; 4,11; 5,29; 9,25), onde são

amaldiçoados: a serpente, o solo, Caim e Canaã.

O ciclo patriarcal vai de Gn 12-36, onde encontramos as narrações sobre Abraão, Isaque e Jacó/Israel. Neste ciclo, o texto de Gn 12,1-3 é repetido duas vezes: Gn 18,18; 28,14.

O ciclo de Abraão notamos o sinal da bênção, quando ele entrega para Lót a melhor parte da terra. Abraão foi abençoado por Deus, tornou-se rico e

próspero. Além disso, Abraão torna-se bênção para seu sobrinho ao lhe entregar a "Planície do Jordão".

Dentro deste ciclo também vemos que há lugar para a maldição de Deus: Abraão mente para o faraó dizendo que Sara é sua irmã, quando, na verdade, era

sua esposa. Deus cobre com maldição o faraó e todo o Egito.

Estudando o ciclo de Isaque vemos que Abimelek, rei dos filisteus, reconhece a bênção de Deus que está sobre Isaque. Este é símbolo da bênção, porque é

descendente de Abraão.

O ciclo de Jacó mostra que Jacó herdou a bênção de Isaque através de um ritual de bênção. Jacó obtém a bênção de Isaque enganando-o e fazendo-se passar

por Esaú. Este ciclo mostra o aspecto de transferência de bênção de um povo a outro.

A bênção chega aos arameus (Labão) por intermédio de Jacó. A bênção de Deus deve alcançar os povos vizinhos pela promessa que Ele fez aos Patriarcas.

Quando nos debruçamos sobre a história de José (Gn 37-50), notamos que ele também foi uma bênção aonde quer que tenha andado. A bênção de Deus alcançou até o Egito através da pessoa de José. Deus está disposto a derramar suas bênçãos sobre todos que reconhecerem a ação de Israel. Até mesmo na saída do Egito (Ex 1-17), vemos que isto acontece: se o faraó tivesse reconhecido a ação de Israel, Deus não teria mandado as pragas, que na

Tradição Javista são 7, a saber: a água transformada em sangue (7,14-18.21a.24-25); as rãs (7,26-27; 8,4-5a.6.7a.8.9-11a); os mosquitos (8,16-28, exceto 18b);

a peste dos animais (9,1-7); a chuva de pedras (9,13.17.18.23b.24b.25b.26.28-29.33-34); os gafanhotos (10,1a.3-11.13b14-19) e a morte dos primogênitos

(11,4-7a.8b; 12,29-30).

Desta forma, Moisés torna-se sinal da bênção de Deus. De uma maneira bem clara vemos isto no Sinai/Horeb: o acontecimento sinaítico simboliza o

derramamento das bênçãos de Deus sobre o povo de Israel.

Balaque, rei de Moab, procura o vidente Balaão para conseguir a maldição sobre Israel, entretanto, o vidente não pôde retirar a bênção de Deus que estava

sobre o povo. O papel da bênção é

fundamental dentro da

Tradição Javista

Page 27: A Hipotese Documentaria 1

27

Mesmo para Israel receber a bênção de Deus, é preciso comprometer-se diante de Deus.

Concluindo, para ficar bem gravado, quero frisar que a palavra-chave da Tradição Javista é bênção e o texto-chave é Gn 12,1-3.

A temática da Bênção perpassa todos os textos da Tradição Javista, como vimos até aqui.

Quanto ao estudo do Javismo, centralizamos nossa atenção na Promessa de Deus a Abraão em Gn 12,1-3. Esta Promessa se estende, sem dúvida, na aliança

de Isaque com o rei dos filiteus, na astúcia de Jacó junto de Labão, o arameu, na missão de José do Egito.

Vimos que o Século X é o século do Rei David, e Gn 12,1-3 se estende também a David e a todo o seu Império.

Podemos fazer uma leitura cristã e até mesmo Cristológica do Documento Javista: Abraão e Moisés prefiguram o Rei David, enquanto Israel espera por um

"Novo David", que, para os cristãos, é Jesus Cristo.

Mais poderosos do que nós

A BENÇÃO DE ABRAÃO Genesis 12: 1 Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; 2 de ti farei uma

grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! 3 Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem;

em ti serão benditas todas as famílias da terra.

SERÁ UMA PODEROSA NAÇÃO Genesis 18: 17 Disse o SENHOR: Ocultarei a Abraão o que estou para fazer, 18 visto que Abraão certamente virá a ser uma grande e poderosa nação, e nele

serão benditas todas as nações da terra?

Repare na palavra “virá a ser uma grande e poderosa” este tema será o fio condutor que permeará todo o documento Javista.

A BENÇÃO PASSA PARA ISAQUE Genesis 26: 16 Disse Abimeleque a Isaque: Aparta-te de nós, porque já és muito mais poderoso do que nós.

A BENÇÃO PASSA PARA JACÓ Genesis 30:27 Labão lhe respondeu: Ache eu mercê diante de ti; fica comigo. Tenho experimentado que o SENHOR me abençoou por amor de ti. 30 Porque

o pouco que tinhas antes da minha vinda foi aumentado grandemente; e o SENHOR te abençoou com os meu passos.

Page 28: A Hipotese Documentaria 1

28

A BENÇÃO PASSA PARA JOSÉ NO EGITO Genesis 39: 5 E aconteceu que, desde que o pusera sobre a sua casa e sobre tudo o que tinha, o Yahwéh abençoou a casa do egípcio por amor de José; e a bênção de Yahwéh foi sobre tudo o que tinha, na casa e no campo. A BENÇÃO PASSA PARA ISRAEL JÁ COMO POVO Êxodo 1:9 Ele disse ao seu povo: Eis que o povo dos filhos de Israel é mais numeroso e mais forte do que nós.

Números 22: 5 Enviou ele mensageiros a Balaão, filho de Beor, a Petor, que está junto ao rio Eufrates, na terra dos filhos do seu povo, a chamá-lo, dizendo:

Eis que um povo saiu do Egito, cobre a face da terra e está morando defronte de mim. 6 Vem, pois, agora, rogo-te, amaldiçoa-me este povo, pois é mais

poderoso do que eu; para ver se o poderei ferir e lançar fora da terra, porque sei que a quem tu abençoares será abençoado, e a quem tu amaldiçoares será

amaldiçoado.

Esta é a plataforma do documento ou camada Javista, ou seja, a benção de Israel que deveria ser mais poderosa que seus vizinhos: Moabitas, Amonitas, Arameus, Filisteus

e Egipicios.

TEXTO CHAVE DA CAMADA JAVISTA Gênesis 12: 1 Ora, disse Yahwéh a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; 2 de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! 3 Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra. TEXTOS CHAVES:

1. ABENÇOAR 2. SE TORNAR GRANDE 3. ENGRADECER

(Conforme Genesis 18: e 28:14) Genesis 26: 12 Semeou Isaque naquela terra e recolheu no mesmo ano cento por um; e Yahwéh o abençoou. 13 Engrandeceu-se o homem e ia-se crescendo mais e mais nos bens, até que se tornou muito grande; 14 tinha possessões de rebanhos e possessões de gados, e era grande o número de seus servos. Os filisteus tinham-lhe inveja. OBSERVE OS TEXTOS CHAVES APARECENDO DE NOVO:

1. ABENÇOOU 2. ENGRADECEU 3. SE TORNOU GRANDE

Page 29: A Hipotese Documentaria 1

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Como poderiam os filisteus invejarem Isaque se nessa época os filisteus não haviam ainda chegado nas terras de Canaã? Filisteus que dizer povos do mar, e eles chegaram naquelas regiões vindos pelo mar por volta do anão 1100 a. C. Preste atenção nossa história dos patriarcas acontece cerca de aproximadamente 2000 /1900 a. C. Genesis 26: 15 Ora todos os poços que os servos de seu pai tinham cavado nos dias de Abraão, seu pai, os filisteus haviam atulhado e enchido de terra. 16 Disse Abimeleque a Isaque: Aparta-te de nós, porque tu és mais poderoso do que nós. Genesis 30: 27 Então, lhe disse Labão: Se, agora, tenho achado graça a teus olhos, fica comigo. Tenho experimentado que Yahwéh me abençoou por amor de ti. 28 E disse mais: Determina-me o teu salário, que to darei. 29 Então, lhe disse: Tu sabes como te tenho servido e como passou o teu gado comigo. 30 Porque o pouco que tinhas antes de mim é aumentado até uma multidão; e Yahwéh te tem abençoado por meus passos.

OBSERVE OS TEXTOS CHAVES APARECENDO DE NOVO: 1. ME ABENÇOOU PO AMOR DE TI 2. É AUMENTADO ATÉ UMA MULTIDÃO 3. ABENÇOADO POR MEUS PASSOS

Deus abençoou Labão por causa de Jacó. A benção de Abraão passara para Jacó. Genesis 39: 5 E aconteceu que, desde que o pusera sobre a sua casa e sobre tudo o que tinha, o Yahwéh abençoou a casa do egípcio por amor de José; e a bênção de Yahwéh foi sobre tudo o que tinha, na casa e no campo. Genesis 41: 56 Havendo, pois, fome sobre toda a terra, abriu José tudo em que havia mantimento e vendeu aos egípcios; porque a fome prevaleceu na terra do Egito. 57 E todas as terras vinham ao Egito, para comprar de José, porquanto a fome prevaleceu em todas as terras. Todas as terras e povos foram abençoados através da benção de Abraão que estava sobre José.

Exôdo 1: 8 Entrementes, se levantou novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José. 9 Ele disse ao seu povo: Eis que o povo dos filhos de Israel é mais numeroso e mais forte do que nós. Exôdo 12:32 Levai também convosco vossas ovelhas e vosso gado, como tendes dito; ide-vos embora e abençoai-me também a mim.

Deuteronômio 26:5 Então responderás: Um arameu, prestes a perecer, era meu pai, e desceu ao Egito, para ali peregrinar com pouca gente. Ali veio a ser nação grande, forte e numerosa.

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Assim o documento Javista em seu todo é muito bem elaborado e organizado e tem um sentido teológico que assusta, ou seja, por certo o documento foi muito bem redigido pelos sacerdotes da época de Davi e Salomão.

ENGRANDECEREI O TEU NOME Gênesis 11: 4 E disseram: Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre, cujo cume chegue até o céu, e façamo-nos um nome; para que não sejamos

espalhados sobre a face de toda a terra.

Os homens desejavam fazer um nome para si, porem por méritos próprios, a esse desejo corresponde a promessa feita a Abraão:

Gênesis 12:2 E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção.

Promessa esta renovada a Davi:

2 Samuel 7:9 por onde quer que andaste, tenho estado contigo para exterminar os teus inimigos de diante de ti; e te farei um grande nome como o dos grandes que há na terra.

O CICLO DA MALDIÇÃO DO LIVRO DE GENESIS 5 VEZES A TERRA É AMALDIÇOADA 1ª Maldição - Genesis 3: 14 Então, o SENHOR Deus disse à serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida. 2ª Maldição - Genesis 3: 17 E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. 3ª Maldição - Genesis 4: 11 És agora, pois, maldito por sobre a terra, cuja boca se abriu para receber de tuas mãos o sangue de teu irmão. 12 Quando lavrares o solo, não te dará ele a sua força; serás fugitivo e errante pela terra. 4ª Maldição - Gênesis 5:29 pôs-lhe o nome de Noé, dizendo: Este nos consolará dos nossos trabalhos e das fadigas de nossas mãos, nesta terra que o SENHOR amaldiçoou. 5ª Maldição - Genesis 9: 21 Bebendo do vinho, embriagou-se e se pôs nu dentro de sua tenda. 22 Cam, pai de Canaã, vendo a nudez do pai, fê-lo saber, fora, a seus dois irmãos. 23 Então, Sem e Jafé tomaram uma capa, puseram-na sobre os próprios ombros de ambos e, andando de costas, rostos desviados, cobriram a nudez do pai, sem que a vissem. 24 Despertando Noé do seu vinho, soube o que lhe fizera o filho mais moço 25 e disse: Maldito seja Canaã; seja servo dos servos a seus irmãos. 26 E ajuntou: Bendito seja o SENHOR, Deus de Sem; e Canaã lhe seja servo.

5 VEZES DEUS ABENÇOA ABRAÃO PARA TIRAR A MALDIÇÃO DA TERRA QUE FORA AMALDIÇOADA 5 VEZES

Page 31: A Hipotese Documentaria 1

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Gênesis 12: 1 Ora, disse Yahwéh a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; 2 de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! 3 Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra. O CICLO DA BENÇÃO ATRAVES DE ABRAÃO/ ISAQUE / JACÓ/ JOSÉ/ ISRAEL

1. ABRAÃO 2. ISAQUE 3. JACÓ 4. JOSÉ 5. ISRAEL COMO POVO / NAÇÃO

5 VEZES SÃO ABENCOADOS SUCESSIVAMENTE ABRAÃO, ISAQUE, JACÓ, JOSÉ E ISRAEL COMO UM NAÇÃO, COMO UM POVO. ISRAEL TINHA TAMBÉM UMA MISSÃO DE ABENCOAR OS POVOS VIZINHOS E ASSIM EXTENDER A BENÇÃO DE ABRAÃO. OBSERVE OS POVOS QUE FORAM ABENCOADOS PELA BENÇÃO DE ABRAÃO:

1. EGIPICIOS ATRAVÉS DE ABRAÃO 2. AMONITAS ATRAVES DAS FILHAS DE LÓ 3. MOABITAS ATRAVES DAS FILHAS DE LÓ 4. FILISTEUS ATRAVÉS DE ISAQUE 5. ARAMEUS ATRAVES DE JACÓ

E POR ULTIMO ISRAEL AGORA COMO NAÇÃO ABENÇOA TAMBÉM AO EGITO: Exôdo 12:32 Levai também convosco vossas ovelhas e vosso gado, como tendes dito; ide-vos embora e abençoai-me também a mim.

Page 32: A Hipotese Documentaria 1

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CHAVE DE LEITURA PARA GENESIS 2:4b -3:24 CAMADA JAVISTA - A CRIAÇÃO

1. O DESERTO ARIDO

4b quando o YAHWÉH ELOHIM os criou. 5 Não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois ainda nenhuma erva do campo havia brotado; porque o YAHWÉH ELOHIM não fizera chover sobre a terra, e também não havia homem para lavrar o solo. 6 Mas uma neblina subia da terra e regava toda a superfície do solo.

1. O DESERTO ARIDO

AQUI O DESERTO ARIDO REPRESENTA O EGITO E OS 40 ANOS NO DESERTO QUE ISRAEL TEVE QUE PASSAR E ALI APRENDER A SER UMA NAÇÃO.

2. A FORMAÇÃO DO HOMEM

7 Então, formou o YAHWÉH ELOHIM ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente.

2. A FORMAÇÃO DE ISRAL

ISRAEL CRESCEU E PASSOU DE UMA FAMILIA OU CLÃ DE 70 PESSOAS PARA SER UMA NAÇÃO NO EGITO E OS 40 ANOS NO DESERTO

3. A CRIAÇÃO DO ÉDEM

8 E plantou o YAHWÉH ELOHIM um jardim no Éden, na direção do Oriente

3. O ÉDEM REPERESENTA CANAÃ

A TERRA QUE MANA LEITE E MEL

4. DEUS COLOCA O HOMEM NO ÉDEM

e pôs nele o homem que havia formado. 9 Do solo fez o YAHWÉH ELOHIM brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal. 10 E saía um rio do Éden para regar o jardim e dali se dividia, repartindo-se em quatro braços. 11 O primeiro chama-se Pisom; é o que rodeia a terra de Havilá, onde há ouro. 12 O ouro dessa terra é bom; também se encontram lá o bdélio e a pedra de ônix. 13 O segundo rio chama-se Giom; é o que circunda a terra de Cuxe. 14 O nome do terceiro rio é Tigre; é o que corre pelo oriente da Assíria. E o quarto é o Eufrates. 15 Tomou, pois, o YAHWÉH ELOHIM ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar

4. DEUS COLOCA ISRAEL NA TERRA

TERRA ESTA QUE É A TERRA PROMETIDA DE CANAÃ, TERRA QUE MANA LEITE E MEL E DE TUDO TEM FARTURA.

Page 33: A Hipotese Documentaria 1

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5. DEUS DÁ O MANDAMENTO AO HOMEM

16 E o YAHWÉH ELOHIM lhe deu um mandamento: De toda árvore do jardim comerás livremente, 17 mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.

5. DEUS DÁ A TORAH A ISRAEL

OS MANDAMENTOS AQUI SIMBOLIZAM A LEI (TORAH) RECEBIDA NO MONTE SINAI DE ACORDO COM A TRADIÇÃO

6. A CRIAÇÃO DA MULHER

18 Disse mais o YAHWÉH ELOHIM: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea. 19 Havendo, pois, o YAHWÉH ELOHIM formado da terra todos os animais do campo e todas as aves dos céus, trouxe-os ao homem, para ver como este lhes chamaria; e o nome que o homem desse a todos os seres viventes, esse seria o nome deles. 20 Deu nome o homem a todos os animais domésticos, às aves dos céus e a todos os animais selváticos; para o homem, todavia, não se achava uma auxiliadora que lhe fosse idônea. 21 Então, o YAHWÉH ELOHIM fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. 22 E a costela que o YAHWÉH ELOHIM tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe. 23 E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. 24 Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne. 25 Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam.

6. A CRIAÇÃO DA FAMILIA

ESTA PASSAGEM FAZ NITIDA ALUSÃO AOS CASAMENTOS JUDAICOS, OU SEJA, ASSIM COMO ADÃO CASOU COM UMA MULHER QUE ERA OSSOS DO SEUS OSSOS E CARNE DA SUA CARNE, ISRAEL AGORA NÃO PODERIA SE MISTURAR COM AS NAÇÕES VIZINHAS E CONTRAIR CASAMENTOS MISTOS. VEMOS ASSIM A JUSTIFICATIVA PARA SE CONTRAIR CASAMENTOS ENTRE FAMILIARES, COMO É O CASO DE ABRAÃO, ISAQUE, JACÓ E ETC...

7. A SERPENTE E A ARVORE DO CONHECIMENTO

CAPITULO 3:1 Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o YAHWÉH ELOHIM tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? 2 Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, 3 mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais. 4 Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. 5 Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal.

7. ASHERÁH E A IDOLATRIA DE ISRAEL

A SERPENTE ENVOLVIDA E TRANÇADA NA ARVORE FAZ UMA CLARA ALUSÃO AO CULTO DESENVOLVIDO E PRATICADO POR ISRAEL À ESPOSA DE BAAL QUE ERA A DEUSA ASHERÁH, A DEUSA DA FERTILIDADE, OU SEJA, A SERPENTE NA ARVORE REPRESENTA ESTA DEUSA TANTO VENERADA EM ISRAEL.

Page 34: A Hipotese Documentaria 1

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6 Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu. 7 Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si. 8 Quando ouviram a voz do YAHWÉH ELOHIM, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do YAHWÉH ELOHIM, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim.

8. DEUS SE APRESENTA COMO JUIZ

9 E chamou o YAHWÉH ELOHIM ao homem e lhe perguntou: Onde estás? 10 Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi.

8. DEUS SE APRESENTA COMO JUIZ

A PROVA QUE ADÃO E EVA NÃO ERAM INICENTES FOI QUE ELES AO OUVIREM A VOZ DE EDUS SE ESCONDERAM COM MEDO DE DEUS, POIS SABIAM QUE TINHAM TRANSGREDIDO O MANDAMENTO

9. A CAUSA DO JUIZO; A QUEBRA DO MANDAMENTO

11 Perguntou-lhe Deus: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses? 12 Então, disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi. 13 Disse o YAHWÉH ELOHIM à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi. 14 Então, o YAHWÉH ELOHIM disse à serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida. 15 Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. 16 E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará. 17 E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que

9. A CAUSA DO JUIZO; A QUEBRA DA TORAH

NA TORAH ESTÁ EXPLICITO QUE ISRAEL DEVE ESCOLHER ENTRE A BENÇÃO E A MALDIÇÃO, ENTRE A VIDA E A MORTE... É DITO NA TORAH TAMBÉM QUE SE ISRAEL FOR FIEL AOS MANDAMENTOS ELE TERÁ A TERRA QUE DEUS LHES DÁ POR HERANÇA, TERRA ESTA QUE MANA LEITE E MEL, PORÉM SE ISRAEL FOR INFILE E TRANSGREDIR OS MANDAMENTOS DEUS ENVIARIA O JUIZO E OS EXPULSARIA PARA FORA DA BOA TERRA QUE DEUS LHES DÁ.

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eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. 18 Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. 19 No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás. 20 E deu o homem o nome de Eva a sua mulher, por ser a mãe de todos os seres humanos. 21 Fez o YAHWÉH ELOHIM vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu.

10. SENTENÇA; A EXPULSÃO DO ÉDEM

22 Então, disse o YAHWÉH ELOHIM: Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal; assim, que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente. 23 O YAHWÉH ELOHIM, por isso, o lançou fora do jardim do Éden, a fim de lavrar a terra de que fora tomado. 24 E, expulso o homem, colocou querubins ao oriente do jardim do Éden e o refulgir de uma espada que se revolvia, para guardar o caminho da árvore da vida.

10. SENTENÇA: A EXPULSÃO DA TERRA

A EXPULSÃO DA TERRA E O E XILIO DE ISRAEL OCORRERIA SEMPRE QUANDO ELE FOSSE INFIEL E TRANSGREDISSE A TORAH, ASSIM SE PROSTITUINDO COM OUTROS DEUSES OU DEUSAS

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TRADIÇÃO ELOÍSTA - E - O reino unido de David e Salomão, com a morte deste último em 933, divide-se em Reino do Norte e Reino do Sul. No Século IX, os reis, suas famílias e seus funcionários começam a se distanciar de YaHWeH. Jezabel, segundo 1Rs 18,19, sustenta 450 profetas de Baal. O

povo corria perigo de acompanhar o rei e de prestar culto a YaHWeH e a Baal ao mesmo tempo (1Rs 18,21).

O Documento Eloísta começa com um texto composto, ou seja, não é um texto eloísta puro - Gn 15 - Ciclo de Abraão. O primeiro texto eloísta puro está em

Gn 20.

O fim do documento não é fácil de ser identificado, pois encontramos ainda fragmentos dele em Nm 25 e 32.

A redação eloísta foi feita no Reino do Norte, bem depois da divisão dos Reinos de Judá e de Israel.

A presença de Deus acontece através dos seus enviados: os homens de Deus, como Moisés ou Abraão ou os Profetas, como Elias, Eliseu, Oséias...

Nesta Tradição, Deus é chamado, inicialmente, como ELOHIM (Ex 3,6.9-15. No v. 15, Deus se apresenta como YaHWeH). Elohim era o nome usado para as

divindades não israelitas.

Podemos situar a redação do Documento Eloísta na primeira metade do Século VIII aC e a palavra-chave dele é temor de Deus.

No ciclo de Abraão notamos: Abimelek é rei dos filisteus, enquanto Abraão é considerado profeta, portanto representa Israel. Surge um conflito entre os

dois, provocado por uma afirmação de Abraão, que aponta Sara como sua irmã. Isto gera um problema moral entre povos que não têm a mesma fé. A

intenção da Lei é incutir o temor de Deus no coração de todos os povos. A situação de Abraão é humilhante, haja visto o fato de ter que pedir perdão a

Abimelek por ter duvidado que ele, apesar de não ser israelita, tenha o temor de Deus.

Naamã, rei de Arã, foi curado da lepra, apesar de ser inimigo de Israel, foi procurar a cura em Samaria e alcançou a cura por causa do temor de Deus. Apesar

de Naamã ser rei, ele reconhece o poder de curar do "nabi" - profeta.

Da mesma forma, Abimelek, que tem o temor de Deus, deve reconhecer que o "profeta" Abraão é importante, porque é o único que pode interceder por sua

cura (Gn 20,17).

Vemos que a questão do temor é um tanto complexa, pois até mesmo entre os não judeus pode existir este temor.

O Documento Eloísta constitui

uma aproximação para uma

leitura cristã da redenção

Page 37: A Hipotese Documentaria 1

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Temor de Deus designa a obediência às normas morais, que tem como guardiã a divindade, e que deve ser observada tanto por judeus como por não-judeus.

Abraão aparece aqui como alguém que se submete totalmente a Deus.

No ciclo de Jacó vemos muito forte também a temática do temor de Deus. Este tema é uma nota característica do eloísta. Pertencem à Tradição Eloísta

também a estada de Jacó em Maanaim (Gn 32,2-3), o envio de presentes a Esaú (32,14b-22); elementos de combate a Jaboque (32,24.25a.26b.30a.31-32).

Jacó chega a Siquém (33,19-20); e vai a Betel (35,1-4.14-15), onde nasce Benjamim (35,16-20).

Estudando a história de José do Egito vemos também muito forte a presença do temor de Deus: o próprio José disse que temia a Deus (Gn 42,18b). Aqui

poderíamos acrescentar ao temor de Deus o tema da Salvação.

No que concerne à pessoa de Moisés vemos que o temor de Deus paira até mesmo antes do seu nascimento. As parteiras, temendo a Deus, não entregaram Moisés ao faraó. A obediência a Deus aqui passa pela desobediência ao faraó, por isto as parteiras foram abençoadas por Deus. Esta Tradição fala apenas de cinco pragas: a água transformada em sangue (7,15b.17b.20b.24); a chuva de pedras (9,22-23a.24a.25a.27b.31-32.35a); os

gafanhotos (10,12b.14a.15), as trevas (10,21-23.27), os primogênitos (4,23), que é associada à partida dos israelitas e à Pascoa.

No acontecimento do Sinai/Horeb, Moisés é visto como um grande profeta e a Lei de Deus vai incutir no povo o temor de Deus. A ausência do temor de Deus

é chamada de "pecado", questão do temor a Deus: aqui nesta relação entra a Arca.

O Decálogo (Ex 20,2-17; Dt 5,6-18) e o Código da Aliança (Ex 20,22-23,19). O primeiro texto é um texto vivo, marcado pelo uso no culto, o que o conservou. O

Decálogo é qualificado como moral porque interpela o homem a respeito de suas atitudes para com Deus e o próximo.

O segundo texto recebe o nome de Código da Aliança por causa de Ex 24,3-5, onde Moisés lê ao povo o "Livro da Aliança".

Podemos reconhecer uma certa ordem neste código:

a) em todo lugar que Deus se manifestar deve ser erigido um altar a Deus;

b) nota-se que muitas sentenças começam por "Se...", indicando um direito casuístico muito parecido com as Leis Mesopotâmicas;

c) vemos as prescrições litúrgicas (Ex 23,14-19).

Assim, o Código se abre e se encerra com prescrições cultuais.

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TEMOR A DEUS O FIO CONDUTOR DO DOCUMENTO ELOISTA

Gênesis 20:11 Respondeu Abraão: Eu dizia comigo mesmo: Certamente não há temor de Deus neste lugar, e eles me matarão por causa de minha mulher. Gênesis 22:12 Então, lhe disse: Não estendas a mão sobre o rapaz e nada lhe faças; pois agora sei que temes a Deus, porquanto não me negaste o filho, o teu único filho.

Gênesis 42:18 Ao terceiro dia, disse-lhes José: Fazei o seguinte e vivereis, pois temo a Deus.

Exodo 1: 17 As parteiras, porém, temeram a Deus e não fizeram como lhes ordenara o rei do Egito; antes, deixaram viver os meninos. 21 E, porque as parteiras temeram a Deus, ele lhes constituiu família.

O DOCUMENTO ELOISTA

A OPOSIÇÃO ENTRE REIS E PROFETAS NO REINO DO NORTE

Até a escolha da capital do reino do norte foi difícil, veja: Siquém é a capital do reino do norte: 1 Reis 12:25 Jeroboão edificou Siquém, na região montanhosa de Efraim, e passou a residir ali; dali edificou Penuel. Fanuel é a capital do reino do norte: 1 Reis 12:25 Jeroboão edificou Siquém, na região montanhosa de Efraim, e passou a residir ali; dali edificou Penuel. Tirza aqui era a capital: I Reis 16: 23 No trigésimo primeiro ano de Asa, rei de Judá, Onri começou a reinar sobre Israel e reinou doze anos. Em Tirza, reinou seis anos.

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Omri compra Samaria e a faz capital: I Reis 16: 24 De Semer comprou ele o monte de Samaria por dois talentos de prata e o fortificou; à cidade que edificou sobre o monte, chamou-lhe Samaria, nome oriundo de Semer, dono do monte.

No final Omri compra o monte de Samaria e ali faz a sua fortaleza a qual se torna a capital de Israel do norte. O reino do norte fez várias alianças com seus vizinhos. Aliança estas que acabaram em casamentos. Veja: Aliança com os Sidônios na Fenicia que acaba em casamento: 1 Reis 16: 29 Acabe, filho de Onri, começou a reinar sobre Israel no ano trigésimo oitavo de Asa, rei de Judá; e reinou Acabe, filho de Onri, sobre Israel, em Samaria, vinte e dois anos. 30 Fez Acabe, filho de Onri, o que era mau perante o SENHOR, mais do que todos os que foram antes dele. 31 Como se fora coisa de somenos andar ele nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi, e serviu a Baal, e o adorou. 32 Levantou um altar a Baal, na casa de Baal que edificara em Samaria. 33 Também Acabe fez uma Asherah, de maneira que cometeu mais abominações para irritar ao SENHOR, Deus de Israel, do que todos os reis de Israel que foram antes dele.

Politica de paz com o reino de Judá que acaba em outro casamento: 2 Reis 8: 16 No ano quinto do reinado de Jorão, filho de Acabe, rei de Israel, reinando ainda Josafá em Judá, começou a reinar Jeorão, filho de Josafá, rei de Judá. 17 Era ele da idade de trinta e dois anos quando começou a reinar e reinou oito anos em Jerusalém. 18 Andou nos caminhos dos reis de Israel, como também fizeram os da casa de Acabe, porque a filha deste era sua mulher; e fez o que era mau perante o SENHOR.

No século IX, principalmente no tempo do rei Acabe (875-853), o reino de Israel conheceu um grande boom econômico. Mas o poder real é exercido segundo os costumes cananeus e o episódio da vinha de Nabote é um bom exemplo dos processos de exação. Em decorrência, sem duvida, do comércio com os fenícios, emerge uma classe rica. O camponês israelita, especialmente nos períodos de seca, fica muitas vezes à mercê dos ricos, devendo tomar dinheiro a juros elevados, hipotecar suas terras e até mesmo vender-se como escravo conforme 2 Reis 4:1, veja: 2 Reis 4: 1 Certa mulher, das mulheres dos discípulos dos profetas, clamou a Eliseu, dizendo: Meu marido, teu servo, morreu; e tu sabes que ele temia ao SENHOR. É chegado o credor para levar os meus dois filhos para lhe serem escravos.

No plano religioso, a política adotada é de abandono total da adoração de Yahwéh por parte do rei, de sua família e de seus funcionários; Jezabel segundo 1 Rs 18:19, sustenta 450 profetas de Baal. O povo corria o perigo de acompanhar o rei e de prestar culto a Yahwéh e a Baal ao mesmo tempo, veja: 1 Reis 18: 18 Respondeu Elias: Eu não tenho perturbado a Israel, mas tu e a casa de teu pai, porque deixastes os mandamentos do SENHOR e seguistes os baalins. 19 Agora, pois, manda ajuntar a mim todo o Israel no monte Carmelo, como também os quatrocentos e cinqüenta profetas de Baal e os quatrocentos profetas do poste-ídolo que comem da mesa de Jezabel. 20

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Então, enviou Acabe mensageiros a todos os filhos de Israel e ajuntou os profetas no monte Carmelo. 21 Então, Elias se chegou a todo o povo e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o SENHOR é Deus, segui-o; se é Baal, segui-o. Porém o povo nada lhe respondeu. 22 Então, disse Elias ao povo: Só eu fiquei dos profetas do SENHOR, e os profetas de Baal são quatrocentos e cinqüenta homens.

As forças de resistência vieram dos círculos proféticos, onde dominavam as figuras de Elias e Eliseu.

Veja ciclo de Elias: 1 Rs 17:22 – 2 Rs 1:16.

Veja ciclo de Elizeu: 2 Rs 2:1-25; 4:1-8,15; 9:1-13; 13:14-21. É um irmão profeta, enviado por Elizeu quem unge Jeú, um dos chefes militares rebelados contra Omri. Veja: 2 Reis 9: 1 Então, o profeta Eliseu chamou um dos discípulos dos profetas e lhe disse: Cinge os lombos, leva contigo este vaso de azeite e vai-te a Ramote-Gileade; 2 em lá chegando, vê onde está Jeú, filho de Josafá, filho de Ninsi; entra, e faze-o levantar-se do meio de seus irmãos, e leva-o à câmara interior. 3 Toma o vaso de azeite, derrama-lho sobre a cabeça e dize: Assim diz o SENHOR: Ungi-te rei sobre Israel. Então, abre a porta, foge e não te detenhas. 4 Foi, pois, o moço, o jovem profeta, a Ramote-Gileade. 5 Entrando ele, eis que os capitães do exército estavam assentados; ele disse: Capitão, tenho mensagem que te dizer. Perguntou-lhe Jeú: A qual de todos nós? Respondeu-lhe ele: A ti, capitão! 6 Então, se levantou Jeú e entrou na casa; o jovem derramou-lhe o azeite sobre a cabeça e lhe disse: Assim diz o SENHOR, Deus de Israel: Ungi-te rei sobre o povo do SENHOR, sobre Israel. 7 Ferirás a casa de Acabe, teu senhor, para que eu vingue da mão de Jezabel o sangue de meus servos, os profetas, e o sangue de todos os servos do SENHOR.

Há um descontentamento geral e Jeú recebe o apoio de todos os grupos Yahwistas para derrubar a dinastia de Omri. Existia, portanto uma oposição dos círculos proféticos contra à realeza, com raízes no espírito tribal, que nunca desaparecera totalmente e que, graças à situação dos profetas, herdeiros de Moisés, era animada de grande coerência religiosa. Os profetas eram, de fato, os juízes da monarquia, na medida em que permaneciam fiéis a Deus e à herança mosaica conforme 1 Rs 19. 1 Reis 19: 1 Acabe fez saber a Jezabel tudo quanto Elias havia feito e como matara todos os profetas à espada. 2 Então, Jezabel mandou um mensageiro a Elias a dizer-lhe: Façam-me os deuses como lhes aprouver se amanhã a estas horas não fizer eu à tua vida como fizeste a cada um deles. 3 Temendo, pois, Elias, levantou-se, e, para salvar sua vida, se foi, e chegou a Berseba, que pertence a Judá; e ali deixou o seu moço. 4 Ele mesmo, porém, se foi ao deserto, caminho de um dia, e veio, e se assentou debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte e disse: Basta; toma agora, ó SENHOR, a minha alma, pois não sou melhor do que meus pais. 5 Deitou-se e dormiu debaixo do zimbro; eis que um anjo o tocou e lhe disse: Levanta-te e come. 6 Olhou ele e viu, junto à cabeceira, um pão cozido sobre pedras em brasa e uma botija de água. Comeu, bebeu e tornou a dormir. 7 Voltou segunda vez o anjo do SENHOR, tocou-o e lhe disse: Levanta-te e come, porque o caminho te será sobremodo longo. 8 Levantou-se, pois, comeu e bebeu; e, com a força daquela comida, caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus. 9 Ali, entrou numa caverna, onde passou a noite; e eis que lhe veio a palavra do SENHOR e lhe disse: Que fazes aqui, Elias? 10 Ele respondeu: Tenho sido zeloso pelo SENHOR, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida. 11 Disse-lhe Deus: Sai e põe-te neste monte perante o SENHOR. Eis que passava o SENHOR; e um grande e forte vento fendia os montes e despedaçava as penhas diante do SENHOR, porém o SENHOR não estava no vento; depois do vento, um terremoto, mas o SENHOR não estava no terremoto; 12 depois do terremoto, um fogo, mas o SENHOR não estava no fogo; e, depois do fogo, um cicio tranqüilo e suave. 13 Ouvindo-o Elias, envolveu o rosto no seu manto e, saindo, pôs-se à entrada da caverna. Eis que lhe veio uma voz e lhe disse: Que fazes aqui, Elias? 14 Ele respondeu: Tenho sido em extremo zeloso pelo SENHOR, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida. 15 Disse-lhe o SENHOR: Vai, volta ao teu caminho para o deserto de Damasco e, em chegando lá, unge a Hazael rei sobre a Síria. 16 A Jeú, filho de Ninsi, ungirás rei sobre Israel e também Eliseu, filho de Safate, de Abel-Meolá, ungirás profeta em teu lugar. 17 Quem escapar à espada de Hazael, Jeú o matará; quem escapar à

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espada de Jeú, Eliseu o matará. 18 Também conservei em Israel sete mil, todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que o não beijou. 19 Partiu, pois, Elias dali e achou a Eliseu, filho de Safate, que andava lavrando com doze juntas de bois adiante dele; ele estava com a duodécima. Elias passou por ele e lançou o seu manto sobre ele. 20 Então, deixou este os bois, correu após Elias e disse: Deixa-me beijar a meu pai e a minha mãe e, então, te seguirei. Elias respondeu-lhe: Vai e volta; pois já sabes o que fiz contigo. 21 Voltou Eliseu de seguir a Elias, tomou a junta de bois, e os imolou, e, com os aparelhos dos bois, cozeu as carnes, e as deu ao povo, e comeram. Então, se dispôs, e seguiu a Elias, e o servia.

MÉTODO DE IDENTIFICAÇÃO DA CRITICA LITERARIA

CAMADA JAVISTA EXODO 3: 7 Disse ainda o YAHWÉH: Certamente, vi a aflição do meu povo, que está no Egito, e ouvi o seu clamor por causa dos seus exatores. Conheço-lhe o sofrimento; 8 por isso, desci a fim de livrá-lo da mão dos egípcios e para fazê-lo subir daquela terra a uma terra boa e ampla, terra que mana leite e mel; o lugar do cananeu, do heteu, do amorreu, do ferezeu, do heveu e do jebuseu. Além da diferença usada nos nomes de Deus, ou seja, a camada javista usa YAHWÉH enquanto a camada eloísta usa Deus /ELOHIM, existe em cada camada uma concepção diferente de Deus. Na camada javista Deus é visto de forma antropomórfica, ou seja, tomando formas e costumes humanos como por exemplo: Deus passeia no jardim do Édem fala com Adão como se fosse um homem, Deus como uma refeição oferecida por Abraão e etc. No caso do nosso texto acima Deus desce para livrar seu povo, porém não é a única vez que o javista usa esta linguagem de Deus descendo, veja os outros exemplos: Quando a torre de Babel estava sendo construída “YAHWÉH desceu” Gn 11:5; em Gn 18:21 diz que ele próprio descerá a Sodoma; em Gn 19:230 “YAHWÉH desceu sobre a montanha do Sinai. A mesma palavra hebraica, usada nos três casos, indica a teologia antropomórfica do javista, segundo a qual o próprio YAHWÉH desce à terra e se preocupa com os seres humanos. CAMADA ELOISTA EXODO 3: 9 Pois o clamor dos filhos de Israel chegou até mim, e também vejo a opressão com que os egípcios os estão oprimindo. 10 Vem, agora, e eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito. 11 Então, disse Moisés a Deus: Quem sou eu para ir a Faraó e tirar do Egito os filhos de Israel? Ao contrario da visão javista a visão eloísta conf Ex. 3:9-10, como é típico do eloísta, Deus se mantém â distancia e se vale de um mensageiro que, no caso, é Moisés. Não é YAHWÉH, mas sim Moises quem conduz Israel para fora do Egito. Deste modo, surge uma teologia mais refletida, na qual Deus aparece mais distante. Ele fala a Abimelec em um sonho Gn. 20:3-6; apenas uma íngreme escada une a terra ao céu Gn. 28:11ss; um anjo é enviado para salvar Israel dos egípicios Ex. 14:19; José descobre que mesmo nas intrigas de seus irmãos, Deus se revela secretamente presente. Assim o eloísta mostra sua profunda preocupação com o fato de Deus se esconder.

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CAMADA SACERDOTAL EXODO 6: 2 Falou mais Deus a Moisés e lhe disse: Eu sou o YAHWÉH. 3 Apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó como Deus Todo-Poderoso; mas pelo meu nome, O SENHOR, não lhes fui conhecido. 4 Também estabeleci a minha aliança com eles, para dar-lhes a terra de Canaã, a terra em que habitaram como peregrinos. 5 Ainda ouvi os gemidos dos filhos de Israel, os quais os egípcios escravizam, e me lembrei da minha aliança. 6 Portanto, dize aos filhos de Israel: eu sou o SENHOR, e vos tirarei de debaixo das cargas do Egito, e vos livrarei da sua servidão, e vos resgatarei com braço estendido e com grandes manifestações de julgamento. 7 Tomar-vos-ei por meu povo e serei vosso Deus; e sabereis que eu sou o SENHOR, vosso Deus, que vos tiro de debaixo das cargas do Egito. 8 E vos levarei à terra a qual jurei dar a Abraão, a Isaque e a Jacó; e vo-la darei como possessão. Eu sou o SENHOR. O documento sacerdotal, por outro lado, vê o êxodo como o cumprimento da aliança feita com Abraão conf. 6:4. Os acontecimentos do êxodo são interpretados principalmente como o começo do dom da Terra: o país onde os patriarcas eram estrangeiros será propriedade de Israel conf. 6:8. Tal era a mensagem para a comunidade no exílio Babilônico. Pois os judeus exilados esperavam ansiosamente retornar a terra que mana leite e mel.

TRADIÇÃO SACERDOTAL - P - Apareceu em Jerusalém uma outra corrente judaica, que apresentou a "Lei de Santidade" (Lv 17-26), antes do Exílio, e a "História Sacerdotal" durante e

após o Exílio. Uma figura muito forte nesta corrente é a pessoa do Profeta Ezequiel.

A estrutura da Lei da Santidade se aproxima da estrutura do Código Deuteronômico. Ela se abre e se fecha com prescrições cultuais (Lv 17,1-16; 26,1-2);

apresenta-se como um discurso de Moisés ao povo (17,1-2) e é seguida de bênçãos e maldições (26,3-45).

Quanto ao conteúdo, o texto se preocupa com o culto e suas observâncias. Esta lei trata de uma codificação de costumes e de práticas ligadas ao Santuário

de Jerusalém e centradas no culto e na instituição sacerdotal. A Lei da Santidade se refere à santidade de Deus e à sua transcendência. Como Deus é Santo, o

povo de Deus é santo (19,2).

Lv 19,2 é o versículo-chave desta corrente e as palavras-chaves são santo, santidade, aliança.

* * *

A Tradição Sacerdotal é designada pela letra P, pois vem de Priester Kodex, cuja tradução é Código Sacerdotal. A História Sacerdotal aconteceu na Babilônia,

antes do final do Exílio, ou seja, antes de 538.

Em 587 o rei da Babilônia, Nabucodonozor, toma Jerusalém e deporta seus habitantes. Só conseguimos entender a História Sacerdotal quando

compreendermos a relação com o choque produzido pela queda de Jerusalém e pelo Exílio. Os exilados estavam numa situação desastrosa: seu rei estava

A vida toda é apresentada

como devendo ser vivida

sob o olhar de Deus.

Page 43: A Hipotese Documentaria 1

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preso, o templo estava destruído, a terra - dom de Deus estava a centenas de quilômetros de distância. Em meio a tantas tribulações, houve quem visse tudo

com desânimo e descrédito; por outro lado, muitos tentaram encontrar no passado de Israel uma motivação para uma fé e uma esperança capazes de

enfrentar a crise pela qual estavam passando. Este papel de animar o povo a enfrentar toda a sua tribulação coube aos sacerdotes de Jerusalém exilados em

Babilônia, entre os quais Ezequiel. Assim, antes do Exílio, portanto em 538, foi elaborada a História de Israel.

A Tradição Sacerdotal insiste em mostrar sempre que aquelas pessoas pertencem a um povo e se preocupa em manter a identidade de Israel em Babilônia a

fim de evitar a dissolução do povo e permitir a Deus realização de suas promessas. O sábado se torna um tempo consagrado a Deus, já que o templo não

existe; a circuncisão é o sinal que o povo pertence a Deus; a Palavra de Deus desempenha a função do templo. Já que o povo está vivendo em terra estranha,

os sacerdotes procurar levar o povo a compreender o desígnio de Deus. É todo um ideal teocrático que existe e os exilados procuram guardar no coração,

com a ajuda dos sacerdotes, a fé em Deus e em sua lei.

Vamos desenvolver agora alguns pontos sobre as características da História Sacerdotal: os textos sacerdotais caracterizam-se pelo uso de datas tiradas do

calendário sacerdotal, que não é nem monárquico e nem babilônico; os meses são designados por números e não por nomes (Gn 7,11; 8,13; Ex 16,1; Nm 1,1).

O estilo é seco, sem detalhes e é recheado pelos números, pelas enumerações, pelas listas; já o vocabulário é preciso e técnico - alguns termos são próprios

de P. A preocupação com as genealogias é exacerbada e nos desconcerta, mas demonstra quais são as raízes do povo. Neste sentido dá para entender as

proibições do casamento com estrangeiros, pois isto colocava o povo em perigo. Há uma inserção enorme de leis nas narrações. Estas leis ou instituições

realçam os valores religiosos: lei da fecundidade (1,28), do sábado (2,3), circuncisão (17,9-14), lei sobre a Páscoa (Ex 12,1-13).

Uma grande parte das leis e das prescrições está ligada à organização do culto, à construção do santuário e às questões relativas ao sacerdócio (Ex 25-31; 35-

40). A obra que os autores sacerdotais criaram não é fruto de sua imaginação, mas da reflexão sobre a tradição do passado.

Parece certo que a obra de P vai da criação até a morte de Moisés (Dt 34,7-9).

Sabemos que a História Sacerdotal está permeada de aliança. Em Gn 9, Deus faz, através de Noé, uma aliança com seu povo. A única cláusula dessa aliança é o respeito à vida e ao sangue, também no abate não sacrifical de animais e a proibição de derramar o sangue de humanos, porque o homem é imagem de Deus. É uma aliança de Salvação. Deus também fez uma aliança com Abraão (Gn 17) e o sinal desta aliança é a circuncisão.

Uma última aliança que Deus fez e não poderíamos deixar passar foi a aliança com Moisés. No monte Sinai/Horeb, Moisés recebe as leis que têm por

finalidade a construção de um santuário (Ex 25,8; 24, 15-18) e a consagração a Araão: a perspectiva é cultual e institucional. Para Israel, o sinal desta aliança é

exatamente ver o santuário repleto da glória de Deus (Ex 40,24-35).

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A expressão "reino de sacerdotes" mostra que o poder real está não nas mãos de um rei, mas nas mãos dos sacerdotes que dirigiam o povo de Israel.

Depois de 587, os sacerdotes sabiam que a aliança mosaica não podia mais assegurar o futuro da comunidade no Exílio. O problema de Israel é o seu pecado,

a sua revolta contra Deus. Diante desta situação, o sacerdócio de Araão (Nm 17,25), torna-se o ponto mais importante. O sinal desta aliança é a vara (do

hebraico mathé, que significa tribo). Este sinal foi necessário por causa da murmuração do povo que não aceitava a função de Araão.

Em Gn 1,28 encontramos a fórmula-chave da compreensão da mensagem de toda a Tradição Sacerdotal. Essa proclamação foi dada a um povo exilado, sem

raízes, longe de sua terra e sem esperança no seu Deus. A finalidade desta fórmula é fazer o povo entender que Deus não o esqueceu, mas novamente vai lhe

dar uma terra. Isto aconteceu com o Edito de Ciro, em 538, acabando assim com o Exílio, o povo pôde voltar para sua terra e reconstruir o Templo - que

aconteceu em 515.

Entre os textos legislativos anteriores a P, podemos citar a lei dos sacrifícios (Lv 1-7); a lei da pureza (Lv 11-16); e as prescrições sobre as festas (Nm 28-29).

a) YaHWeH é igual aos deuses não israelitas: Gn 1,1;

b) a Abrão, Deus se apresenta como El Shadai. No meio de tantos, YaHWeH é o mais poderoso: Gn 17,1;

c) para Moisés, Deus se apresenta como YaHWeH - o único: Ex 6,2-7.

TRADIÇÃO DEUTERONOMISTA - D - O Rei Josias reina de 640 a 609 e se torna um rei segundo o coração de Deus. Ele manda fazer restaurações no Templo de Jerusalém e durante o trabalho,

Hilquias descobre um livro "Livro da Lei", que faz chegar nas mãos do rei (2Rs 22,3-10).

Há uma grande probabilidade de ter sido encontrado em 622 este magnífico Livro da Lei ou Livro da Aliança (2Rs 22-23), que deve ter sido depositado no

Templo durante o reinado de Ezequias - 722. Houve durante o reinado de Ezequias um grande desenvolvimento literário: a fusão de J e E, a coleção dos

Provérbios (Pr 25,1).

Em 622 houve uma celebração solene da Páscoa e a partir deste ano, o Deuteronômio primitivo serviu de lei para o povo e entrou oficialmente para o

patrimônio religioso de Israel.

No Século V, Neemias usou este livro de lei para resolver uma pendência entre israelitas; no Século IV, quando foi formado o Pentateuco, o Deuteronômio

foi o livro que deu o desfecho do grupo dos cinco rolos que formaram a Torah.

O sacerdócio deve lembrar o povo o

seu pecado e levá-lo ao perdão de

YaHWeH.

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Dentro do Deuteronômio encontramos o Código Deuteronômico (Dt 12-26). Este código começa e termina com prescrições cultuais (12,1-16,17; 26,1-15). A

estrutura deste código lembra a do Decálogo, mas é inegável que é uma compilação de leis já existentes. Por outro lado, o código não pode ser separado de

seu contexto: ele faz parte de uma estrutura mais vasta que é a da aliança.

Não só o código como todo o Deuteronômio é uma reflexão sobre a infidelidade de Israel. Infidelidade que levou ao desaparecimento do Reino do Norte. O

código pode simbolizar até a Salvação do povo, pois se este tivesse obedecido as leis, nada lhe teria acontecido.

Sabemos que o Código Deuteronômico foi redigido em 722, depois da queda de Samaria e provém do Reino do Norte. O Código se impôs no Reino de Judá,

antes do Exílio, mas não conseguiu a adesão popular. O Reino do Norte desapareceu e o único santuário de pé é o de Jerusalém e o povo que resta é o de

Judá.

O Livro do Deuteronômio se aproxima muito da estrutura dos tratados de vassalagem que estavam em uso na época. A aliança instaura uma relação entre

dois grupos humanos ou entre duas pessoas.De uma aliança entre tribos, reconhecendo YaHWeH como Deus de Israel, passa-se para uma aliança entre

YaHWeH e Israel.

Parece que os autores do Deuteronômio estão preocupados em manter as características principais do povo de Israel: um povo, um Deus, uma terra, uma lei,

um templo...

Há a experiência original de Deus e de sua Palavra transmitida por Moisés.

Deus escolheu o seu povo do meio do povo. Essa escolha faz de Israel o povo de Deus e o torna assim responsável pela figura de Deus neste mundo. Este

povo escolhido é uma comunidade estruturada que vive em uma terra e é uma assembléia convocada por Deus no Horeb (5,22; 9,10; 10,4). Esta comunidade

tenta viver a fraternidade, tendo no seu meio o juiz, o rei, o sacerdote-levita, o profeta (16,18-18,22). A Lei se torna o princípio desta vida em comunidade: a

Torah deve estar no coração, o Nome de YaHWeH nos lábios e um só santuário nacional constituem o ideal do Deuteronômio.

CONCLUSÃO

O Pentateuco terminou então depois da fusão dos quatro documentos: Javista (P); Eloísta (E); Sacerdotal (P); Deuteronomista (D). Entre 722 e 700, houve a

fusão dos dois documentos J-E. No final do Exílio, J-E juntam-se ao Documento Sacerdotal (P). Por fim, o Documento Deuteronomista (D) encontrado no tempo

de Ezequias, por volta de 716-687, junta-se ao processo formando a Torah.

A formação dos textos do Pentateuco é magnífica. Escrita por vários autores. No decorrer de vários séculos. Nota-se que são portadores de uma Tradição

viva.

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Torna-se claro que a estruturação do Pentateuco se realiza aos poucos - das origens até a morte de Moisés. A morte de Moisés vem mostrar que o povo não

deve contentar-se com o que tem, mas deve permanecer disponível para uma ação de Deus sempre imprevista.

A leitura da Torah mostra seriedade que a fé exige do homem no trato com Deus, a necessidade do perdão numa relação que constantemente está

ameaçada.

Finalmente, o Pentateuco está aberto para uma leitura cristã, onde as idéias determinadas de cada documento convergem para Jesus Cristo, filho de David.

Jesus se enquadra dentro dos quesitos do rei segundo o coração de Deus, que o Javista aponta. O caminho cheio de provações e sofrimento indicado pelos

Eloístas prefigura o ministério e a paixão de Cristo.

No Deuteronômio, vemos o retrato de uma comunidade unida e unânime com relação ao serviço de Deus.

O Documento Sacerdotal leva o povo a refletir sobre seus erros e o leva à reconciliação com Deus, a exemplo de Cristo - único Sacerdote capaz de reconciliar o

povo definitivamente com Deus.