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1 A importância da iluminação em residências de pessoas idosas dezembro/2014 ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014 A importância da iluminação em residências de pessoas idosas Breno Damázio Leite [email protected] Pós-Graduação em Iluminação e Design de Interiores Instituto de Pós Graduação IPOG Recife, PE, 02 de Abril de 2014. Resumo Este trabalho mostra dados relacionados ao envelhecimento populacional, relata que o processo de envelhecimento provoca diversos problemas de saúde, dentre estes alguns ocorrem no olho humano, provocado por doenças ou pelo próprio envelhecimento natural, a visão do idoso é prejudicada. O artigo pretende mostrar algumas orientações no ambiente interno residencial com relação a iluminação que favoreçam aos idosos a terem uma maior segurança ao caminhar, pois um ambiente com uma iluminância média adequada propicia ao idoso enxergar melhor os objetos, como também favorecer aos idosos verem as cores e realizar as tarefas de forma mais natural. As referências bibliográficas descrevem afirmativas e aspectos técnicos abordados por alguns autores. Alguns pontos foram posto em questionários, esse aplicado em entrevista posta para 25 pessoas entre a faixa etária de 60 a 82 anos, de classes sociais média. Este artigo desperta a atenção dos idosos, bem como alertar os projetistas em iluminação para elaboração de um bom projeto de iluminação, observando aspectos característicos dessa faixa de idade, mostrando que um projeto bem elaborado permite ao idoso a ter uma maior independência e segurança em desempenhar as tarefas do cotidiano, auxiliando o idoso a ter uma melhor qualidade de vida. Palavras-chave: Idoso; Iluminação; Residência. 1. - Introdução De acordo com os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2002, a esperança de vida ou expectativa de vida dos brasileiros é, em média, de 71 anos, para ambos os sexos em 2012 passou para 74,6. Ou seja, em um intervalo de dez anos, a expectativa de vida do brasileiro cresceu 3,6 anos(IBGE,2013). Vários fatores exercem influência direta na expectativa de vida da população de um país: serviços de saneamento ambiental, alimentação, índice de violência, poluição, serviços de saúde, educação, entre outros. Portanto, o aumento da expectativa de vida está diretamente associado à melhoria das condições de vida da população. Os avanços nesses dados estão sendo obtidos desde 1950, em que se constatou, em 2010, um aumento de mais de 20 anos na expectativa de vida da população mundial nesse período (1950 2010). No entanto, esse aumento ocorreu de forma desigual entre os países desenvolvidos, em desenvolvimento e as nações subdesenvolvidas. Segundo Projeções das Nações Unidas (Fundo de Populações), em 2012, 810 milhões de pessoas tinham 60 anos ou mais, constituindo 11,5% da população global. Projeta-se que esse número alcance 1 bilhão em menos de dez anos e mais que duplique em 2050, alcançando 2 bilhões de pessoas ou 22% da população global. Já no Brasil, segundo pesquisa do IBGE, a população idosa totaliza 23,5 milhões de pessoas o que corresponde: a cada oito brasileiros

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A importância da iluminação em residências de pessoas idosas dezembro/2014

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014

A importância da iluminação em residências de pessoas idosas Breno Damázio Leite – [email protected]

Pós-Graduação em Iluminação e Design de Interiores

Instituto de Pós Graduação – IPOG

Recife, PE, 02 de Abril de 2014.

Resumo

Este trabalho mostra dados relacionados ao envelhecimento populacional, relata que o

processo de envelhecimento provoca diversos problemas de saúde, dentre estes alguns

ocorrem no olho humano, provocado por doenças ou pelo próprio envelhecimento natural, a

visão do idoso é prejudicada. O artigo pretende mostrar algumas orientações no ambiente

interno residencial com relação a iluminação que favoreçam aos idosos a terem uma maior

segurança ao caminhar, pois um ambiente com uma iluminância média adequada propicia ao

idoso enxergar melhor os objetos, como também favorecer aos idosos verem as cores e

realizar as tarefas de forma mais natural. As referências bibliográficas descrevem

afirmativas e aspectos técnicos abordados por alguns autores. Alguns pontos foram posto em

questionários, esse aplicado em entrevista posta para 25 pessoas entre a faixa etária de 60 a

82 anos, de classes sociais média. Este artigo desperta a atenção dos idosos, bem como

alertar os projetistas em iluminação para elaboração de um bom projeto de iluminação,

observando aspectos característicos dessa faixa de idade, mostrando que um projeto bem

elaborado permite ao idoso a ter uma maior independência e segurança em desempenhar as

tarefas do cotidiano, auxiliando o idoso a ter uma melhor qualidade de vida.

Palavras-chave: Idoso; Iluminação; Residência.

1. - Introdução

De acordo com os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2002,

a esperança de vida ou expectativa de vida dos brasileiros é, em média, de 71 anos, para

ambos os sexos em 2012 passou para 74,6. Ou seja, em um intervalo de dez anos, a

expectativa de vida do brasileiro cresceu 3,6 anos(IBGE,2013).

Vários fatores exercem influência direta na expectativa de vida da população de um país:

serviços de saneamento ambiental, alimentação, índice de violência, poluição, serviços de

saúde, educação, entre outros. Portanto, o aumento da expectativa de vida está diretamente

associado à melhoria das condições de vida da população.

Os avanços nesses dados estão sendo obtidos desde 1950, em que se constatou, em 2010, um

aumento de mais de 20 anos na expectativa de vida da população mundial nesse período

(1950 – 2010). No entanto, esse aumento ocorreu de forma desigual entre os países

desenvolvidos, em desenvolvimento e as nações subdesenvolvidas.

Segundo Projeções das Nações Unidas (Fundo de Populações), em 2012, 810 milhões de

pessoas tinham 60 anos ou mais, constituindo 11,5% da população global. Projeta-se que esse

número alcance 1 bilhão em menos de dez anos e mais que duplique em 2050, alcançando 2

bilhões de pessoas ou 22% da população global. Já no Brasil, segundo pesquisa do IBGE, a

população idosa totaliza 23,5 milhões de pessoas o que corresponde: a cada oito brasileiros

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uma pessoa é idosa. Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS/OPAS Brasil,2005),

para países em desenvolvimento, uma pessoa idosa é aquela com mais de 60 anos. Nesse cenário de crescimento da população idosa no Brasil, aguça a consciência humana para

a implementação de ações e ferramentas adequadas e, medidas concretas que favoreçam a

promoção da inclusão e independência da pessoa idosa pelo maior tempo possível.

Observando as limitações existentes das características dessa faixa etária como: diminuição da

estabilidade e lentidão nas reações, a redução da capacidade visual e auditiva e dificuldade de

locomoção. "O risco de cair aumenta significantemente com o avanço da idade, o que

coloca esta síndrome geriátrica como um dos grandes problemas de saúde pública,

devido ao aumento expressivo do número de idosos na população e sua maior

longevidade, competindo por recursos já escassos e aumentando a demanda por

cuidados de longa duração." ( PERRACINI, 2006 apud STAMATO,2007).

Desse modo, é necessário a implementação de residências que possuam uma infraestrutura

adequada, que atendam não apenas a essa faixa etária, mas, com tudo que seja adaptável e

flexível ao máximo para atender aos requisitos de quaisquer faixas etárias, pois, os idosos

geralmente convivem nos mesmos ambientes das outras pessoas, na sua maioria, por

exemplo, fazem suas refeições, dormem e trabalham na convivência dos ambientes em

comum. Assim, verifica-se uma grande necessidade e preocupação na adequação das

projeções dos espaços, bem como do ponto de vista da luminotécnico, ter um projeto

adequado permita uma boa iluminação que possibilite a visualização do ambiente para que as

pessoas consigam se mover com segurança e possam desempenhar as tarefas estabelecidas.

(RIBEIRO,2006)

Conforme descrito na própria Norma Brasileira (NBR 8995-1-20013) estabelece que: “Uma

boa iluminação propicia a visualização do ambiente, permitindo que as pessoas vejam, se

movam com segurança e desempenhem tarefas visuais de maneira eficiente, precisa e segura,

sem causar fadiga e desconforto.”

Uma residência projetada com uma iluminação eficiente, permite a redução dos acidentes

(principalmente quedas) e aumenta sobretudo a confiança e segurança do idoso, propiciando –

o a uma melhor qualidade de vida, pois em um ambiente com condições ideais de iluminação

o idoso consegue fazer suas atividades diárias de modo mais independente.

Segundo Costa (2006) o sistema de iluminação exige que o especialista analise o

comportamento humano quanto aos aspectos físicos, fisiológicos e psíquicos frente ás

condições de iluminação do ambiente. Nessa busca, de melhor atender as exigências

humanas, dois profissionais então inter-relacionados: os oftalmologistas e os especialistas em

iluminação. Cabe aos primeiros maximizar as capacidades do homem quanto a sua

visualização e aos segundos otimizar o ambiente visual considerando o custo, energia,

desempenho, conforto e aparência.

Conforme relato à Revista Lume Gilberto J.C. Costa informa ainda que os idosos precisam de

mais luz, de maior iluminância que, conforme as recomendações da Sociedade de Engenharia

de Iluminação Norte Americana (IESNA), emitidas a partir de 2000, se traduzem pelo dobro

da necessidade usual. Um ambiente onde transitam idosos deve, no mínimo, apresentar 200

lux para as áreas de circulação, 400 lux para atividades de cunho geral e 600 lux para

atividades específicas de cunho localizado.(LUME ARQUITETURA, Ed. 14, 2005, pg60-62)

Essa necessidade se dá pois, no processo de envelhecimento que o ser humano sofre ao longo

dos anos, um dos órgãos mais afetados é a visão. É um órgão que é afetado em todas as

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formas, internas e externas, entre outras coisas, por estar exposto à luz, vento, poeira,

produtos e situações diversas, inclusive doenças do organismo. A visão pode ser afetada em diferentes aspectos como o da percepção de cores, o

campo visual, a visão noturna, a visão de perto e de longe, entre elas a catarata, a

DMS Degeneração Macular Senil e o glaucoma, estas 3 últimas relacionadas à

idade. Afirma que as causas podem estar relacionadas a fatores ambientais, como

exposição excessiva a raios ultravioleta, cuja fonte mais poderosa é o sol.

(TECHWAY,2007 APUD MENDES) Gilberto J. C. Costas informa que a fisiologia da visão revela que o olho humano começa um

processo de redução da sua capacidade visual. (...). (...), os líquidos ou humores aquoso e

vítreo, presentes no interior do globo ocular, bem como o cristalino e a córnea, começam a

alterar os índices de refração e a sua coloração. Como consequência, o idoso dos 70 anos é,

por assim dizer, uma pessoa que enxerga de forma amarelada, resultando daí uma necessidade

de mais luz para ver semelhante ao jovem. (LUME ARQUITETURA, Ed. 14, 2005, pg60-62)

A partir dos 60 anos, o olho humano começa a apresentar diferenças importantes,

necessitando de um maior nível de iluminação, que crescem de forma quase que exponencial

figura 1, entretanto a necessidade é praticamente linear entre os 10 a 50 anos.

Figura 01: Quantidade de “luz” necessária em função da idade apresentada.

Fonte: Lume Arquitetura, Ed. 14, 2005, pg..62

Dessa forma, para o projetista de iluminação é muito importante verificar que estas alterações

na longevidade devem se traduzir em projetos de iluminação que atendam essas necessidades.

Neste trabalho terá o objetivo de através do estudo verificar pontos que possam correlacionar

uma melhoria na qualidade de vida com características a serem adotadas para os projetos de

iluminação, abordando apenas aspectos relativos ao aprender a ver, a percepção visual dos

objetos com relação à luz e à cor.

Para tanto foi realizado um questionário com 8 perguntas aplicado às pessoas entra as faixa

etária (entre 60 a 82) anos, para verificar qual o grau de conhecimento e qual o resultado que

algumas mudanças na iluminação de forma adequada poderiam beneficiar suas vidas em suas

residências.

2.0 Visão e o envelhecimento

2.1 – Aspectos da luz e visão do olho humano

Segundo Brandston(2010) a luz pode ser caracterizada por quatro propriedades: intensidade,

cor, distribuição e movimento. Descreve ainda que seu professor em uma das aulas na turma

de iluminação para Arquitetos (1957) na Universidade de Yale, Stalnley McCandless relatava

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OLHO RETINA NERVO

ÓPTICO CÉREBRO

CÂMARA DE VÍDEO IMPULSOS ELÉTRICOS IMAGEM ESPACIAL

que “essas quatro propriedades em termos de como a luz afeta o funcionamento do olho

‘porque pela compreensão das características dos processo visual podem-se determinar quais

os elementos da iluminação que a criação a imagem mental desejada, especialmente no que

diz respeito à criação e controle da gama de variações que o olho é capaz de distinguir’”.

Por seguinte, Brandston(2010) define as características da luz da seguinte forma: Intensidade

é a quantidade de estímulo que o olho pode distinguir uma grande gama de intensidade, desde

a luz das estrelas a um à do sol brilhante, o que significa a variação de 1 a 1000000 de

unidades. Cor é qualidade do estímulo. O olho pode distinguir matrizes, saturações e brilhos

por conta de sua longa adaptação ás sutilezas da iluminação natural; Distribuição é a

extensão, o tamanho e a forma do estimulo; Movimento é a duração ou mudança de estímulo.

No processo visual, “o olho humano (...) converte energia luminosa em sinais elétricos, que

são processados no cérebro”. No trajeto, o raio luminoso passa inicialmente por um sistema

óptico (olho), que ao estimular um órgão sensor (retina), encaminha impulsos via rede elétrica

(nervo ótico), ao órgão formador da imagem (cérebro). (COSTA, 2006). Então não se

processa diretamente é apenas uma parte do processo visual.

As etapas que foram descritas para o processo visual é ilustrada no fluxograma conforme

mostrado na figura 2.

Figura 02 – O processo visual.

Fonte: Costa,2006, pg..43

O olho humano possui uma faixa detectável da luz visível que é variável segundo as

características de cada vista de cada pessoa, entretanto, pode-se de forma geral dizer que é

capaz de “absorver” uma faixa do espectro de radiação do comprimento de onda visível que

comumente possuí os seguintes limites:

- Violeta – 380 a 435nm

- Azul – 436 a 495nm

- Verde – 496 a 565nm

- Amarela – 566 a 589nm

- Laranja – 590 a 627nm

- Vermelha – 628 a 760nm

Do ponto de vista fisiológico, o processo visual do olho humano é extremamente complexo,

Costa(2006) descreve que durante o processo de visão, as principais características do olho

humano estão ligadas a :acomodação, adaptação, campo de visão, acuidade, persistência

visual e visão das cores.

A acomodação está ligada ao foco e permite a visão nítida de objetos situados a diferentes

distâncias.

A adaptação está ligada principalmente com a abertura da pupila, que se alterna conforme os

diferentes níveis de iluminação. Alguns autores costuma classificar essa características como

a existência de dois tipos de visão: a diurna e a noturna. A visão diurna é orientada pela

mácula (parte central da retina) realizada pelos cones. À noite não é necessário ver detalhes:

quem rege é a retina periférica, realizada pelos bastonetes.

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O exame do processo de adaptação em diferentes indivíduos permite verificar que a

sensibilidade da retina não só varia com diferenças de luminosidade, como também é variável

para os diferentes comprimentos de onda de radiação. Isto que significa que a sensibilidade da

retina varia, segundo as cores e grau de luminosidade. (COSTA,2006) A sensibilidade do olho humano varia de acordo com as intensidades luminosas e

com os estímulos de cor e esta está diretamente relacionada ao comprimento de onda

da radiação. Diferentes comprimentos de ondas produzem sensações distintas de

luminosidade. Para cada cor do espectro visível, o olho humano tem uma

sensibilidade distinta (NEGRÃO, 2005 apud MENDES,2008).

O Campo visão está relacionado com a visão do olho esquerdo, do olho direito com a região

espacial binocular. Caracteriza pela abrangência que o olho consegue captar o objeto. Na

horizontal o campo de visão binocular é de aproximadamente 120º e na vertical, para um

plano em paralelo à superfície e na altura dos olhos, 60º para cima e 70º para baixo. Ver fig.

03. (COSTA, 2006)

Figura. 03 – O campo visual do olho humano

Fonte: Costa,2006, pg..52

A acuidade visual é a capacidade de observação para detectar pequenos detalhes, de conseguir

discriminar pequenos objetos, de resolução do olho, isto inclui a percepção de duas linhas ou

pontos muito próximos um do outro ou a apreensão de forma de sinais ou o discernimento de

detalhes de um objeto. Para Costa(2006), em termos técnicos, existem dois critérios de

medição da acuidade visual: um ligado ao mínimo visível e o outro ao mínimo separável.

Para (Iida, 1993 apud Mendes,2008) a acuidade visual é (...) “a capacidade para discriminar

pequenos detalhes. Ela depende de muitos fatores, sendo os dois mais importantes a

iluminação e o tempo de exposição” (...) “luzes muito fortes prejudicam a acuidade, porque

provocam contração da pupila”.

A persistência visual é a manutenção durante um certo tempo a imagem na retina, essa

característica está ligada com o tempo de exposição do objeto e de sua luminosidade. Quanto

mais iluminado estiver o objeto e quanto maior for seu tempo de exposição, maior será a sua

fixação na retina.

A visão de cores, a cor em algumas circunstâncias está atrelada até mesmo pela experiência

de vida de cada indivíduo, segundo Costa(2006) a cor está associada a três aos significados:

cor percebida, cor psicofísica e cor objeto. A cor percebida está relacionada por exemplo, a

características do objeto ou fonte luminosa, a luz incidente no objeto, onde o objeto está

localizado. Cor psicofísica entende-se pela capacidade de um observador em distinguir

conjuntos de luz de mesmo tamanho, forma e estrutura. Cores Idênticas podem ser produzidas

não somente por distribuições idênticas, mas também por muitas composições. Por cor objeto

entende-se a cor refletida ou transmitida por um objeto quando iluminado por uma fonte de

cor padrão.

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Outros aspectos importantes da visão de cores são a: percepção de contraste e do

ofuscamento. Enquanto o primeiro se dá em função da relação entre as luminosidades do

objeto e do fundo em que ele é percebido, o segundo é definido como a sensação de extrema

claridade ou brilho causada pela incidência de uma fonte luminosa intensa sobre a retina ou

pelo posicionamento da fonte de luz em relação ao observador no seu eixo de visão. A

percepção do contraste e do ofuscamento são de extrema relevância para um projeto de

iluminação, caso não haja meio de eliminá-los é de suma importância esses efeitos sejam

atenuados.

Por fim, o uso da cor em iluminação, aliado com a reprodução de cores das fontes luminosas,

desempenha um papel predominante para o indivíduo (COSTA,2006). Tratando-se das

grandezas da luz o projetista de iluminação tem que observar dois conceitos a respeito da

reprodução de cor, após a introdução de novas fontes luminosas, o índice de reprodução de

cor (IRC) e a temperatura de cor correlata (TCC). O primeiro, conforme descreve Silva(2004)

mede o quanto a luz artificial consegue imitar a luz natural. Segundo esse autor, descreve que

existe um estudo que diz que o IRC de 100 na luz natural é em uma localidade específica em

uma determinada cidade no hemisfério norte, a certa hora do dia. Em termos gerais vários

autores descrevem que quanto mais próximo de 100 for o IRC de uma fonte de luz natural,

mais próximo da luz natural estará. Seria semelhante a um dia claro de sol no verão por volta

do meio dia. O segundo, Silva(2004) descreve como sendo a grandeza que define a cor da luz

emitida pela fonte de luz conforme a sua temperatura em Kelvin. Quanto mais alta for a

temperatura em Kelvin, mais branca será a luz e quanto mais baixa, mais amarelada e

avermelhada será.

2.1.1 - Doenças oculares e o envelhecimento

O envelhecimento acarreta mudanças no organismo do indivíduo e, consequentemente, o

aparecimento de algumas doenças. Um dos órgãos mais afetados é a visão. É um órgão que é

afetado em todas as formas, internas e externas, entre outras coisas, por estar exposto à luz,

vento, poeira, produtos e situações diversas, inclusive doenças do organismo.

Segundo Medina, Muñoz (2011) a função visual pode estar alterada por estar alterada por

diversas doenças que acometem os olhos com o aumento da idade. (...) O impacto negativo na

qualidade de vida sofrido pelo idoso devido à incapacidade visual requer constante ajuda da

família, dos amigos e também serviços comunitários de apoio.

As principais causas de deficiência visual no idoso são: catarata, glaucoma, degeneração

macular relacionada à idade e retinopatia diabética. As ametropias não corrigidas, seja pela

falta dos óculos receitados, pela ausência de prescrição ou uso de óculos desatualizado, são

também uma causa importante de deficiência visual nessa faixa etária da população.

a) Catarata

O olho humano tem uma lente, conhecida como cristalino, e esta tem a capacidade de focar e

captar imagens. A retina transmite ao cérebro a imagem que, através do cristalino, é focada

pelo olho. Para uma visão perfeita, é preciso que o cristalino seja transparente, para que os

raios de luz entrem e sejam captados pela retina. A catarata é uma opacidade do cristalino,

que impede de uma forma total ou parcial que os raios de luz cheguem à retina, prejudicando

a visão.

b) Glaucoma

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O glaucoma é definido pela presença de alterações de campo visual, características de lesão

das fibras do nervo óptico, acompanhadas ou não de aumento da pressão intraocular.

(MEDINA, MUÑOZ, 2011)

c) Degeneração macular relacionada à idade

A degeneração macular é uma doença associada ao envelhecimento que destrói gradualmente

a visão central. Afeta a visão central, não a periférica. Este tipo de visão é fundamental para

ver os objetos de forma clara e uniforme e é muito utilizada na realização das tarefas mais

básicas do dia-a-dia, como a leitura e a escrita.

d) Retinopatia diabética

A retinopatia diabética é o conjunto de alterações vasculares da retina que podem ocorrer em

pacientes portadores de diabetes.

2.1.2 - Alterações sensoriais no processo de envelhecimento

Em decorrência da próprio processo de envelhecimento ou por conta de doenças atreladas a

condições de saúde, diversas alterações na visão podem ocorrer, Mendes(2008) em sua Tese

de Doutorado pela PUC do Rio de Janeiro, cita as alterações da visão com o envelhecimento,

e as consequências em relação ao ambiente.

As alterações da visão com o envelhecimento, são: diminuição da acuidade visual,

diminuição do campo visual periférico, lentidão na adaptação ao claro-escuro (contraste),

diminuição na acomodação, diminuição na noção de profundidade, diminuição na

discriminação das cores, diminuição da captação das formas em movimento e diminuição da

capacidade de se adaptar ao ofuscamento.

As consequências da visão alterada em relação ao ambiente, são: detalhes podem passar

despercebidos, como degraus, objetos no chão, dificuldades com letras pequenas, sendo

comum esbarrar em pessoas e quinas, dificuldades com entroncamento de corredores,

dificuldade com excesso de luminosidade, instabilidade nas passagens para ambientes mais

claros /escuros, dificuldade em seguir pistas sensoriais mal sinalizadas, como letras e números

nas portas e avisos com muitas informações, dificuldade com pisos desenhados, degraus e

escadas, assim como em ambientes com excesso de padronagens e desorientação em

ambientes com monotonia de cores.

O envelhecimento acarreta mudanças no organismo do indivíduo e, consequentemente, o

aparecimento de algumas doenças. A visão das pessoas tende a se deteriorar com o

envelhecimento, ou pelo aparecimento de alguma doença ou pelo envelhecimento natural e

isto ocasiona naturalmente uma dificuldade para realização das tarefas, desta maneira se faz

necessário adequar os projetos de iluminação das residências das pessoas idosas para que elas

tenham maior segurança e conforto no seu dia a dia.

2.2 - O projeto de Iluminação para Idosos

Na maioria dos projetos padrão para conjunto de apartamentos residenciais projetados pelas

construtoras no bairro de Jardim São Paulo, consegue atender apenas o mínimo exigidos pela

NBR 8995-2013. Esse mínimo, muitas vezes não é o suficiente para suprir as necessidades e

dificuldades observadas pelo envelhecimento dos olhos dos idosos.

Os projetos visão absorver ao máximo da luz do dia, com a construção de janelas e portas de

varandas, porém os corredores, cozinhas e área de serviços, bem como os banheiros não são

tão bem iluminados pela luz do dia, necessitando de iluminação complementar, ou seja da

iluminação artificial. Durante o período noturno foi evidenciado, em muitas moradias, a

necessidade de adequação desses projetos, pois, como são moradias residenciais, cada

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morador é “responsável” pela instalação das luminárias e lâmpadas de cada cômodo. Essas na

sua maioria não adequadas até mesmo nem para suprir os níveis mínimos de iluminação para

realização de tarefas e atividades de forma adequada e confortável para uma pessoa com as

condições visuais de padrão normal.

Neste estudo, considerando as residências de apartamentos específicos, mencionadas no item

anterior, a ABNT NBR 8995-1:2013 estabelece um iluminância media para cada tarefa, não

podendo estar abaixo de valores correspondentes na tabela da seção 5 da Norma referida.

Estabelece esses valores, independentemente da idade e condições da instalação,

considerando os valores válidos para uma condição visual normal, porém estabelece que os

valores de iluminância estabelecidos na tabela da referida da seção 5 da Norma podem ser

ajustados em pelo menos um nível acima com base na escala de iluminância (está indicada no

item 4.3.2 da NBR 8995-1:2013), se as condições visuais forem diferentes das assumidas

como normais, destaca como possibilidade o aumento da iluminância por um fator de

aproximadamente 1,5 que representaria a menor diferença significativa no efeito subjetivo da

iluminância.

No nosso caso em questão, para alguns ambientes destacaremos essa possibilidade de

alteração do valor em condições normais, para atender a sugestão da norma que estabelece o

aumento de iluminância para quando a capacidade de visão dos trabalhadores estejam abaixo

do normal. Essa premissa será adotada conforme o foco do trabalho para idade dos indivíduos

idosos.

Considerar também a sugestão estabelecida pela norma ao aumento da iluminância

considerando o trabalho como sendo de maior importância a exatidão ou a alta produtividade,

a fim de compensar as limitações visuais que os idosos possuem, mesmo sem executar tarefas

de importância.

O projetista terá que ter a sensibilidade de observação dos objetos que fazem parte do

ambiente, pois um valor de luminância muito alto poderá elevar o nível de ofuscamento para

níveis desagradáveis provocado muito pela luz refletida do objetos no ambiente. Assim, os

níveis de luz deverão ser balanceados, pois o sistema visual do idoso não é tanto suscetível a

variações de luminosidade devido a musculatura do sistema óptico do idoso não possuir a

mesma flexibilidade, os níveis nas regiões de transição por exemplo, como corredores que

conduzem de uma área clara para uma mais escura, devem estar com níveis de luz

balanceados. Essa uniformidade possibilitará uma caminhada mais segura na locomoção entre

os espaços.

Segundo (Boyce, 2003 apud Ribeiro, 2006), para que a luz seja mais efetiva para os idosos,

alguns ajustes podem ser feitos: em primeiro lugar, os níveis de luz devem ser aumentados

nos ambientes utilizados pelos idosos em pelo menos duas a três vezes, já que menos luz

alcança a retina do idoso.

Para aumentar a luz refletida no ambiente o uso de cores claras e difusas em acabamentos de

paredes, tetos e pisos se fazem necessárias. Em áreas de trabalho, será necessária pelo menos

3 (três) vezes mais luz, para que os detalhes menores, a de bulas de remédios, e objetos com

baixo contraste, a da linha preta em roupa azul-marinho, possam ser enxergados. Além disso,

utilizar iluminação de trabalho dimerizável, para que os níveis de luz nessas áreas possam ser

aumentados.

Em segundo lugar, minimizar o brilho, ou seja, embora mais luz seja necessária para que o

idoso enxergue melhor, os projetistas devem estar atentos ao brilho que acontece quando

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fontes de luz ou reflexões brilhantes no campo visual, prejudicam a visão. Para que isso seja

evitado os bulbos das lâmpadas vistos ao longo das linhas usuais da visão devem ser

protegidos com coberturas opacas ou translúcidas (COSTA,2005 apud RIBEIRO,2006).

Conforme sugere NBR 8995-1:2013 o ofuscamento deverá ser evitado, através da proteção

contra visão direta das lâmpadas ou por um escurecimento nas janelas e anteparos.

Em terceiro lugar, a sensibilidade ao contraste, com a idade, é reduzida, a visibilidade de

pontos importantes, como cantos e bordas de escadas, rampas e entradas devem ser

melhoradas com o aumento do contraste, através da pintura, ou técnicas similares (ibid,2003,

apud RIBEIRO, 2006).

Em Quarto, a reprodução da cor deverá ser melhorada, a escolha da aparência da cor é uma

questão psicológica, estética e do que é considerado natural. A escolha depende da

iluminância, cores da sala e do mobiliário, clima e aplicação(NBR8995-1,20013). Cabe ao

projetista, mais uma vez ter a sensibilidade e a percepção das cores, pois com o

envelhecimento do sistema visual, a distinção das cores se torna difícil. Para isso, lâmpadas

com alto índice de reprodução de cores devem ser utilizadas. Dado um índice de valor

máximo igual a 100, não se recomenda a utilização de lâmpadas com índice de reprodução de

cores menores do que 80 (NBR8995-1,20013).

2.2.1 - Os Acessos:

Os acessos devem ser claramente iluminados, havendo uma uniformidade na iluminação, de

modo que possibilite um trânsito fácil e seguro. “As superfícies polidas devem ser evitadas,

para evitar o ofuscamento por reflexão” (COSTA, 2000, P.10, apud RIBEIRO,2006). A

colocação de pisos antiderrapantes, permitiriam o caminhar mais seguro. As luminárias de

paredes devem estar posicionadas de forma tal que evite o ofuscamento direto e que não

sejam obstáculos em potencial que possam provocar acidentes (COSTA, IBID, PASSIM,

apud RIBEIRO,2006).

No caso dos apartamentos, as escadas e os elevadores devem ser perfeitamente identificados

pela iluminação normal e de emergência.

A iluminação interna do elevador deve ser igual ao dos corredores e os botões destinados ao

seu comando devem ser grandes, coloridos, não ofuscantes e com uma numeração

perfeitamente identificável. Além do contraste acentuado, sinais audíveis facilitarão a

localização (COSTA, IBID, PASSIM apud RIBEIRO,2006).

De modo geral, a NBR8995 – 1:2013 estabelece o mínimo de 100 lux para áreas de

circulação, porém, com base nas dificuldades visuais apresentadas pelos idosos, deve ser

adotado o índice multiplicativo, obtendo um nível de iluminância de 150 lux. Essa

iluminância deverá ser adotada também, com base na norma, para acesso as escadas.

2.2.2 - Sala de estar

A sala de estar é um espaço de convivência da casa, é o local onde você vai receber seus

amigos, ou até algum cliente para quem trabalha em casa. Trata-se da parte social, em que

todas as pessoas da residência e do convívio social podem frequentar. “As áreas de estar são

locais de múltiplo uso. Tarefas que exijam um trabalho fino como costura, bordado, desenho,

pintura, leitura, uma iluminação específica deve ser adotada”. (COSTA, 2000, p.11 apud

RIBEIRO,2006).

Devido a esse ambiente ser destinado a múltiplas tarefas não é possível determinar o quanto

de iluminância deve-se ter o ambiente para cada tarefa a ser executada. O projeto, a ser

concebido deve-se prever uma iluminação difusa para uso geral, a NBR 8995-1:2013, não

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estabelece um valor específico para níveis de iluminação para esse ambiente, entretanto adota

de modo geral, para vários ambientes onde se especifica “sala de espera”, o valor de

iluminância de 200 lux. Assim, esse valor é que se aproxima dessas condições nesse ambiente

estudado para um iluminação geral. O nível de iluminação desejado deve ser complementado

com um foco local, próximo a cada tarefa específica, por exemplo com a utilização de um

abajur.

2.3.3. Sala de Jantar

Assoalhada onde se servem as refeições principais, tipicamente o almoço e o jantar. Uma boa

iluminação em uma sala de jantar favorece as pessoas a distinguirem e apreciarem os

alimentos. Permitem as pessoas a enxergarem melhor tanto os alimentos como também os

rostos com o mínimo de brilho e ofuscamento. Para tanto, para iluminação geral conforme

NBR 8995-1:2013 deve-se adotar a iluminância de 200 lux com um reprodução de cor

mínima (Ra) 80, o ideal nesse ambiente é ter o “controle da luz”, que permita, por exemplo,

através da utilização de um dimmer obter diferentes níveis de iluminância. “Desta forma em

um jantar à luz de velas, por exemplo, será permitido o uso de níveis de luz baixos, enquanto

que em momentos de trabalho poderá ser usado nível mais alto de luz” (RIBEIRO,2006).

A luz de destaque deve ser usada para obras de artes ou outras características da arquitetura

Adicionando interesse ao espaço, mas devem ser direcionadas para os objetos de interesse

especial e distante do rosto das pessoas (Figueiredo, ibid, passim apud RIBEIRO,2006).

As mesas e cadeiras devem ter cores que não sejam confundidas com o piso, nem com as

paredes (COSTA, 2000 apud RIBEIRO, 2006). “Os pratos e utensílios de jantar devem ser

bem contrastantes e os recipientes de condimentos devem apresentar letreiros grandes e

contrastantes” (COSTA, 2000 apud RIBEIRO, 2006).

2.3.4. Cozinha

Cozinha deve ser considerado com um ambiente em que as tarefas executadas, principalmente

pelos idosos exigem extrema atividade visual. O ideal para esse ambiente, devido há alto nível

de ofuscamento, na existência de metais que refletiriam a luz é projetar uma iluminação geral

e uma iluminação específica próximo a atividade a ser executada. Esse procedimento

permitiria também eliminar os pontos de sobras provocados pela quantidade de móveis e

objetos que são instalados nesse tipo de ambiente.

"As luminárias específicas devem ser colocadas acima da pia, fogão e balcões; e devem ser

instaladas levemente para o lado e em frente à posição onde a pessoa estará

trabalhando."(RIBEIRO,2006).

O Índice de Reprodução de Cor das lâmpadas deve ser o mais elevado possível (COSTA,

2000 apud RIBEIRO, 2006), a NBR 8995-1:2013 estabelece o mínimo de Ra80, esse valor é

o mais próxima para esse ambiente, com relação à similaridade que a norma orienta, tomando

como base restaurantes e hotéis.

Devido à condição do sistema visual do idoso os balcões devem ser preferencialmente em

cores claras e do tipo não ofuscante (COSTA, IBID, PASSIM APUD RIBEIRO,2006). O

valor da iluminância será adotado o valor de 500 lux, com relação à similaridade que a norma

orienta.

2.3.5. Quarto

O quarto é local em que o idoso frequenta quase todo o período do dia. A iluminação deve ser

geral e uniforme de modo a não provocar sombras que possam dificultar os deslocamentos, os

hábitos de higiene e as ações de vestir (COSTA, IBID, PASSIM APUD RIBEIRO,2006).

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SIM

100%

SIM

NÃO

Os Níveis de Iluminâncias para quarto a NBR-8995:2013 estabelece o mínimo de 200 lux.

Conforme norma o índice de Reprodução de cor mínimo Ra seja 80 para iluminação geral o

Ra deve ser o mais alto o possível para possibilitar que o idoso identifique melhor as cores e

possa se vestir adequadamente. Geralmente, os idosos possuem um hábito de leitura durante a

noite, como a realização de outras atividades, desse modo é a importante termos uma

luminação específica na cabeceira da cama de modo que seja uma luminária flexível e que

não permitam o ofuscamento. Entre o quarto e o banheiro, com sensor de movimento, de

modo a melhorar a segurança quando o idoso levanta a noite para ir ao banheiro

(FIGUEIREDO, 2001 APUD RIBEIRO,2006).

2.3.7. Banheiro

O Banheiro é o local onde se deve ter um cuidado especial do projetista de iluminação, pois

conforme dados do trabalho de pesquisa de Lojudice et al (2004) verificou que o local de

maior ocorrência de quedas dos idosos com relação aos outros ambientes de uma residência

seria o banheiro (33,3%).

No banheiro a luz deve ser uniforme e livre de sombras, para facilitar as atividades que ali

acontecem, tal como barbear, maquiar, etc. Segundo a NBR 8995-1:2013 estabelece o nível

de iluminância de no mínimo 200 lux e índice mínimo de reprodução de cor Ra de 80. O local

do espelho deve ser iluminado por todos os lados, para eliminar as sobras no rosto sendo que

a iluminação do espelho seja isenta de ofuscamento.

A superfície da bancada deve ser sem brilho e com cor clara para que a luz seja refletida na

parte inferior do queixo. Uma iluminação na área do chuveiro também será importante para

melhorar a visibilidade (FIGUEIREDO, 2001 apud RIBEIRO,2006).

3.Método adotado

Para este estudo foi realizado pesquisas bibliográficas e artigo e sites em modo eletrônico, os

principais temas pesquisados foram: visão, idosos, índices relacionados aos idosos como

processo de envelhecimento e principais problemas relacionados a idade e iluminação. A

pesquisa de campo foi realizada na cidade de Recife, Estado de Pernambuco, no Bairro de

Jardim São Paulo, com idosos que moram no Condomínio Torres da Liberdade, situado na

Avenida Liberdade, 440. Ao total foi foram feitas 25 entrevistas. Para seguinte pesquisa foi

adotado o método monográfico criado por Le Play e pesquisa de campo onde foram obtidos

os dados através de 8 perguntas fechadas focadas no tema iluminação artificial em

residências.

4- Resultados

Dos pesquisados, em relação ao gênero, 64% dos entrevistados eram do sexo feminino e 36%

do sexo masculino.

Dentro dos entrevistados, em relação a idade foi observado que:

- 76% tinham idade entre 60 a 70 anos;

- 20% tinham idade entre 71 a 80 anos;

- 4% tinham idade entre 81 ou mais.

Os dados obtidos através do formulário elaborado composto por 8 questões obtiveram os

seguintes resultados:

Devido à faixa dos pesquisados, o resultado talvez já esperado, em relação a terem problemas

de visão, 100% tinham alguma deficiência visual ou doença relacionada à visão.

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64%

36% POUCA LUZ

SUFICIENTE

MUITA LUZ

88%

11% 1%

SATISFEITO

INSATISFEITO

NÃO QUIS OU NÃOSOUBE INFORMAR

Figura 04: Tabela relativa ao questionário, pergunta de número um: se o entrevistado usa óculos ou possui algum

problema relacionado à visão

Fonte: Autor (2014)

Sobre a iluminação onde moravam 88% responderam que estavam satisfeitos e 11% disseram

que estavam insatisfeitos e 1% dos entrevistados não quis opinar ou não soube informar.

Figura 05: Tabela relativa ao questionário, pergunta de número dois: Se o entrevistado está satisfeito com a

iluminação durante o período da noite com a iluminação (artificial) no local onde mora

Fonte: Autor (2014)

Avaliando o nível de iluminação (artificial) durante a noite no local de moradia, 64% das

pessoas responderam que há pouca luz e 36% responderam ser suficiente e 0 % responderam

que há muita luz.

Figura 06: Tabela relativa ao questionário, pergunta de número três: Como entrevistado avalia o nível de

iluminação (artificial) durante a noite no local onde mora

Fonte: Autor (2014)

Com relação as melhorias se houvesse “mais luz”, caso os níveis de intensidade de luz

(artificial) fossem aumentadas no lugar de moradia, 96% das pessoas responderam que sim;

0% responderam que não e 4% responderam que talvez.

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96%

4%

SIM

NÃO

TALVEZ

96%

4%

SIM

NÃO

INDIFERENTE

100%

0%

SIM

NÃO

Figura 07: Tabela relativa ao questionário, pergunta de número quatro: Se o entrevistado enxergaria melhor se

houvesse “mais luz”, os níveis de intensidade de luz (artificial) fossem aumentados no lugar onde você mora

Fonte: Autor (2014)

Quanto a iluminação no local de realização de atividades fosse aumentada se considera que

conseguiria fazer o seu trabalho com maior facilidade, dos entrevistados 96% responderam

que sim, 0% responderam que não e 4% foram indiferentes.

Figura 08: Tabela relativa ao questionário, pergunta de número cinco: Se o entrevistado verifica que se a

iluminação no local onde ele realiza as suas atividades, como leitura, escrita, etc fosse aumentada se ele

consideraria que conseguiria fazer o seu trabalho com maior facilidade

Fonte: Autor (2014)

Quando perguntadas sobre caso existissem pontos de luz que se acendessem fossem

instalados no caminho do quarto para o banheiro, se aumentaria a segurança para essa

movimentação durante a noite, 100% dos entrevistados responderam que sim. Algumas

pessoas relacionaram o levantar noturno para irem também a outros ambientes,

principalmente, a cozinha.

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96%

4%

SIM

NÃO

NÃO QUIS OU

NÃO SOUBE

INFORMAR

92%

0%

8%

SIM

NÃO

Figura 09: Tabela relativa ao questionário, pergunta de número seis: Se existissem pontos de luz que se

acendessem (com a utilização de sensores de presença) que fossem instalados no caminho do quarto para o

banheiro, isto aumentaria a segurança para essa movimentação durante a noite

Fonte: Autor (2014)

Quando solicitados a informação se os níveis de luz no seu banheiro fossem aumentados, se

sentiriam mais seguro para utilização do banheiro, 92% responderam que sim, 0%

responderam não e 8% não sabem ou não quiseram opinar, dos que responderam que sim na

grande maioria relacionou uma maior ponto de escuridão dentro do box do chuveiro

Figura 10: Tabela relativa ao questionário, pergunta de número sete: Se os níveis de luz no banheiro fossem

aumentados, Se o idoso sentiria mais seguro para utilização do banheiro

Fonte: Autor (2014)

Quando solicitadas a responder a respeito dos acessos como corredor, escadas, área de

circulação comum se eram bem iluminados durante a noite de forma a propiciar um caminhar

seguro, 96% das pessoas responderam que sim, 4 % responderam que não, das pessoas que

responderam que não, relacionaram o acesso da área comum como problema, esse acesso se

dá das torres de apartamentos para o caminho ao estacionamento dos carros (hall de serviço),

para informação das escadas e corredores internos não houve queixas.

Figura 11: Tabela relativa ao questionário, pergunta de número oito: Se os acessos como corredor, escadas, área

de circulação comum se são bem iluminados durante a noite de forma a propiciar um caminhar seguro

Fonte: Autor (2014)

5- Conclusão

O envelhecimento populacional traz à tona a discussão do que é ser idoso. Existia um pré-

conceito de que o envelhecimento com qualidade não seria possível, mas está modificando,

principalmente pelo avanço em questões básicas sociais como saneamento, bem como

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avanços da medicina que foram preponderantes para uma maior longevidade e aumento

populacional dos países, incluindo o Brasil.

Avanços em leis como a que dispõe sobre Estatuto do Idoso permitiram aos idosos garantirem

melhores condições de vida. Foi essencial também para uma mudança nos hábitos, no

comportamento e nas atitudes dos que possuem mais do que 60 anos de idade ao aumentarem

em número, essa parcela da população não somente aumentou em renda como,

consequentemente, aumentou também sua gama de interesses. Dentre os interesses, vale

salientar, o desfrutar da vida com mais qualidade e mais independência.

Os idosos pelo envelhecimento do corpo, sofrem vários tipos de doenças e, dentre as quais,

relacionadas ao sistema da visão. Os projetistas de iluminação devem prever essa situação em

seus cálculos para obtenção de um projeto mais adequado. A NBR 8995-1:2013 estabelece os

limites de média mínima de iluminância em que os projetistas de iluminação devem seguir

com relação a iluminação de interiores para diversos ambientes, incluindo a iluminação

residencial.

Um projeto de iluminação adequado garante ao idoso mais facilidade na acessibilidade,

assegurando riscos menores de quedas e acidentes devido a uma iluminação precária.

Durante as entrevistas, mesmo entrevistando pessoas de uma boa condição financeira que

possuem acesso a instrumentos de informação, talvez por falta de conhecimento dos

entrevistados especificamente pelo assunto iluminação, houve uma cerda dificuldade de obter

algumas respostas. Mas na maioria houve uma aceitação, após explanação sobre a

importância de ter uma residência com os ambientes com uma iluminância adequada, os

benefícios que auxiliariam a esta melhora, relacionar a uma melhor qualidade de vida.

Esse desconhecimento e por ser uma assunto técnico, talvez não seja de muita atratividade

para essas faixa etária, em alguns casos foi notado uma certa resistência inicial.

O ideal seria a utilização do Método Grupo Focal em indivíduos dessa faixa etária, levando a

problemática de questões, antes e posterior a visita de um espaço com apresentação de

modelos com e outro, sem uma boa iluminação. Assim, os dados poderiam ser mais

conclusivos.

6- Referências

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de ambientes de trabalho Parte 1: Interior. São Paulo, 2013.

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Paulo: De Maio Comunicação e Editora, 2010

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Sexo e Idade. Rio de Janeiro: IBGE, 2013.

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brasileiro-sobe-cinco-meses-e-vai-a-746-anos-diz-ibge.htm>. Acessado em 10 de Dezembro

de 20013.

LOJUDICE, Daniela Cristina; LAPREGA, Milton Roberto; RODRIGUES, Rosalina

Aparecida Partezani; JÚNIOR, Antônio Luis Rodrigues. Quedas de idosos institucionalizados:

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Anexo

Questionário de avaliação de coleta de dados:

Caracterização:

Sexo: Masculino ( ) Feminino ( ) Idade:( )

QUESTIONÁRIO

1 – Você usa óculos ou possui algum problema relacionado a visão?

SIM ( ) NÃO ( )

2 – Você está satisfeito com a iluminação durante o período da noite com a iluminação (artificial) no local onde

você mora?

SATISFEITO ( ) INSATISFEITO ( ) NÃO QUIS OU NÃO SOUBE INFORMAR

3 – Como você avalia o nível de iluminação (artificial) durante a noite no local onde você mora?

POUCA LUZ ( ) SUFICIENTE ( ) MUITA LUZ ( )

4 – você enxergaria melhor se houvesse “mais luz”, os níveis de intensidade de luz (artificial) fossem

aumentadas no lugar onde você mora?

SIM ( ) NÃO ( ) TALVEZ ( )

5- Se a iluminação no local onde você realiza as suas atividades, como leitura, escrita, etc fosse aumentada você

considera que conseguiria fazer o seu trabalho com maior facilidade?

SIM ( ) NÃO ( ) INDIFERENTE ( )

6 – Se existissem pontos de luz que se acendessem com a utilização de sensores de presença que fossem

instalados no caminho do seu quarto para o banheiro, isto aumentaria a sua segurança para essa movimentação

durante a noite?

SIM ( ) NÃO ( )

7 – Se os níveis de luz no seu banheiro fossem aumentados, você se sentiria mais seguro para utilização do

banheiro?

SIM ( ) NÃO ( ) NÃO QUIS OU NÃO SOUBE INFORMAR

8- Os acessos como corredor, escadas, área de circulação comum se são bem iluminados durante a noite de

forma a propiciar um caminhar seguro?

SIM ( ) NÃO ( ) NÃO QUIS OU NÃO SOUBE INFORMAR