“a república dos rabos presos”
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“A República dos Rabos Presos”. Lya Luft. Algumas pinturas do artista plástico catarinense Willy Alfredo Zumblick. Formatação: Christina Meirelles Neves. Andamos falando demais, e mal; usamos frivolamente termos perigosos e abusamos das palavras de respeito;. Pau de arara. - PowerPoint PPT PresentationTRANSCRIPT
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“A República dos Rabos Presos”
Lya Luft
Algumas pinturas do artista plástico catarinense
Willy Alfredo Zumblick.Formatação: Christina Meirelles Neves
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Pau de arara
Andamos falando demais, e mal; usamos frivolamente termos perigosos e abusamos das palavras de respeito;
A chamada língua-mãe está demais rebaixada, e olha que nunca fui purista, pois sou apaixonada por palavras.
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Arrastão
Exageramos nos clichês e nos rótulos, geralmente burros e pobres, embora às vezes necessários – como tantas
coisas pobres e burras que é preciso suportar neste mundo.
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Engraxate
Sanfoneiros
Usar o termo “elite”, por exemplo,
requer muito cuidado.
É temerário empregá-lo como se falássemos de uma entidade abstrata,
bicho-papão pra assustar – não criancinhas,
mas os desavisados.
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Ceramista
Usamos a palavra sem sequer a definir direito.
O conceito “elite” significa “o melhor, os melhores”, o que
não envolve necessariamente dinheiro nem sede de poder, muito
menos arrogância, mas decência, por exemplo.
Honradez, pudor e consciência, por exemplo.
Boa educação e cortesia também, não vamos esquecer.
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Esperando o peixe
Nada disso é privilégio de ricos e poderosos.
O que deve assustar é o predomínio de um tipo de
ralé: a da hipocrisia, da ambição e do cinismo, que passa por cima do cadáver – não da mãe,
mas do povo e da pátria.
Não somos tão bobos assim.
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Tropeiros
Ceifando o trigo
Falas delirantes, acusações falsas e autoelogios pueris enganarão cada vez menos
os mais pobres e menos informados.
Eles começam a querer coisa melhor.
Paira no ar uma – espero que passageira – sensação de que
tudo poderá se resolver nos velhos moldes do grande PIB, o Partido do Interesse Próprio.
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Baiana
Estabelecem-se pactos dos quais nós comuns mortais
em outros tempos nada saberíamos.
Com parte da imprensa avisando, e alguns políticos honrados reclamando, ninguém mais vai poder dizer: eu não sabia.
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Ceramista
Pedinte
E à medida que os crimes forem comprovados,
que sejam varridos os elementos maus de todos os lados,
eliminados de seus cargos os corruptos,
os incompetentes, e os omissos
– que são seus cúmplices.
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Esperando a vida passar
A anunciada investigação de dinheiros mal ganhos, mal aplicados e malvistos, acabando com a tolerância com os malfeitores, não pode acabar numa ciranda geral, em que os enganadores
dançam segurando o rabo do vizinho.
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Na batida do pilãoMulheres e conversa
Ou afundaremos todos juntos num mar morno e de odor suspeito, de onde não se retorna fácil.
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Retrato
Se as consequências de tudo isso que vemos não forem tiradas,
vamos naufragar, cúmplices do cinismo que vai recobrir
esta boa terra – enquanto o povo trabalha com salários indecentes
mas paga impostos, acredita em promessas mas morre nas filas, e nossos jovens deixam um País que não lhes dá estímulo, para eventualmente
vegetar em terra estrangeira.
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Festa do Divino
Não é hora de falar de esquerda, direita, centro, elite ou povão, termos caducos e mofados, mas da faxina moral
e institucional sem a qual seremos meros sobreviventes:
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A espera da bica d’água
Todos nós, os enganados e os enganadores, humilhados habitantes da República dos Rabos Presos.
Lya Luft
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Willy Alfredo Zumblick - Tubarão, 26 de setembro 1913 a 3 de abril 2008.
Um pintor brasileiro, desconhecido.
Foi casado por 60 anos com Célia Sá Zumblick.De pai alemão e mãe descendente de italianos, iniciou sua carreira ainda jovem. Devido a suas obras e sua posição sócio-cultural na cidade de Tubarão, foi concedida a designação
Museu Willy Zumblick ao museu situado na praça denominada com o nome de seu irmão, o historiador Walter Zumblick.
Relojoeiro e ótico, foi proprietário de estabelecimento do gênero, iniciado por seu pai Roberto Zumblick, em 1902.
Autodidata, suas obras abordaram, em sua maioria, os aspectos históricos e sociais da gente de sua região.
Willy Zumblick faleceu aos 94 anos de idade. Sofria de infecção pulmonar e ficou internado durante sete meses no Hospital Nossa Senhora da Conceição,
em Tubarão, Santa Catarina.
Morre o mito, mas sua obra é eterna.Em 2009 diversas obras suas foram roubadas de sua antiga residência, abandonada desde seu
falecimento.