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UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA
FACULDADE DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E URBANISMO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
ANÁLISE DA APLICABILIDADE DOS PRINCÍPIOS E
FERRAMENTAS DA PRODUÇÃO ENXUTA PARA MELHORIA DA
GESTÃO DE PROCESSOS OPERACIONAIS DE EDUCAÇÃO A
DISTÂNCIA EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR
ROGÉRIO CARDOSO
ORIENTADOR: PROF. DR. FERNANDO CELSO DE CAMPOS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Engenharia de Produção, da Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Engenharia de Produção.
SANTA BÁRBARA D‟OESTE
2010
À
Minha família,
Especialmente aos meus filhos, Leandro e Luiz
Marcos, à minha esposa Mara e aos meus
pais, Rachel e Fausto (in memoriam).
AGRADECIMENTOS
O maior agradecimento faço a Deus, nosso Pai maior, que me deu forças para realizar mais este feito. Obrigado!
Ao prof. Fernando Celso de Campos, pela orientação, amizade, incentivo, indicações de eventos e visitas técnicas, revisões do trabalho e colaboração em nossas reuniões.
Aos professores Edson Walmir Cazarini e Alexandre Tadeu Simon, pelas valorosas críticas e contribuições.
À secretaria de Pós-Graduação da FEAU/UNIMEP, pelo apoio recebido durante todo o curso.
Ao Prof. José Carlos Azevedo, por sua gentileza na cessão de uma cópia de seu discurso da palestra Magna no XV CIADE/2009, que relatou o histórico da EAD no Brasil.
À minha família, pela compreensão que tiveram nos momentos em que me ausentei do convívio familiar para me dedicar a este trabalho.
À CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior –, pelo apoio financeiro.
"Agradeço todas as dificuldades que enfrentei;
não fosse por elas, eu não teria saído do lugar.
As facilidades nos impedem de caminhar.
Mesmo as críticas, nos auxiliam muito”.
Francisco Candido Xavier
VII
CARDOSO, Rogério. Análise da Aplicabilidade dos Princípios e
Ferramentas da Produção Enxuta para Melhoria da Gestão de Processos
Operacionais de Educação a Distância em Instituições de Ensino
Superior. Santa Bárbara d´Oeste: Universidade Metodista de Piracicaba, 2010.
103 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Faculdade de
Engenharia, Arquitetura e Urbanismo, Universidade Metodista de Piracicaba,
Santa Bárbara d‟Oeste, 2010.
RESUMO
O século XX foi marcado pelos seus muitos avanços, especialmente na área
tecnológica. Grandes mudanças ocorreram também nos processos das
organizações, sendo um século de movimentos como fordismo, taylorismo,
sistema de produção enxuta, dentre outros. As organizações, por sua vez,
demandam mão-de-obra, fazendo com que a Educação tenha como uma de
suas metas a formação de indivíduos para o mercado de trabalho. Face à
globalização, que teve o avanço marcado pelas tecnologias da informação e
comunicação, tanto a gestão das empresas como a Educação, se adaptam
criando novas práticas e ferramentas. Com o objetivo de democratizar a
Educação, e no caso corporativo, aumentar a eficiência e reduzir custos, a
Educação a Distância ganha foco nos últimos anos, principalmente em
decorrência da Internet. Dessa forma, este trabalho investiga quais são os
conceitos, as técnicas, ferramentas e melhores práticas da produção enxuta
que são aplicáveis para a melhoria da gestão de processos de educação a
distância em Instituições de Ensino Superior, com foco nos processos de
produção de Material Didático Impresso (mídia impressa), Tutoria e Avaliação.
PALAVRAS-CHAVE: Produção Enxuta, Sistema Toyota de Produção,
Mentalidade Enxuta, Educação a Distância, Gestão de Sistemas de EAD,
Educação Superior.
CARDOSO, Rogério. Analysis of the Applicability of the Principles and
Tools of Lean Production for the Improvement of Distance Education
Operating Process Management in Higher Education. Santa Bárbara
d´Oeste: Universidade Metodista de Piracicaba, 2010. 103 p. Dissertação
(Master Degree in Production Engeneering) – Faculdade de Engenharia,
Arquitetura e Urbanismo, Universidade Metodista de Piracicaba, Santa Bárbara
d‟Oeste, 2010.
ABSTRACT
The twentieth century was marked by its many advances, especially in
technology area. Major changes also occurred in the processes of
organizations, with a century of movements such Fordism, Taylorism, lean
production system, among others. The organizations, in turn, require
manpower, causing education has as one of its goals the training of individuals
to the work force’s. The globalization phenomena's has advanced based on
advances in information technology and communication. Therefore, both the
education such the company management, have adapted and created new
practices and tools. The focus in distance education have increased in recent
years, mainly due to the Internet, aiming to democratize education, and too,
improve efficiency and reduce costs, in corporate case. Thus, this paper
investigates wich are the concepts, techniques, tools and Best practices of lean
production that are applicable to improving case operational management of
distance education in institutions of higher education, focusing on production
processes of teaching materials printed (print), tutoring and evaluation.
KEYWORKS: Lean Production, Toyota Production System, Lean Thinking,
Distance Education, Management System in Distance Education, Higher
Education.
IX
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – A CASA DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO .......................................................................... 16 FIGURA 2 – OS PRINCÍPIOS DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO ................................................................ 18 FIGURA 3 – EXEMPLOS DE ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS COM EAD ..................................................... 37 FIGURA 4 – DESENHO INSTRUCIONAL. ........................................................................................................ 49 FIGURA 5 – OUTLINE DA PESQUISA ............................................................................................................. 58
X
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 – CARACTERÍSTICAS E DESVANTAGENS DA PRODUÇÃO ARTESANAL. ........................................ 9 QUADRO 2 – FERRAMENTAS DA PRODUÇÃO ENXUTA. ............................................................................... 25 QUADRO 3 – APRESENTAÇÃO DAS FERRAMENTAS ASSOCIADAS À PE. ....................................................... 27 QUADRO 4 – USO DE PRINCÍPIOS E FERRAMENTAS DA PE NA ÁREA DE SERVIÇOS. ..................................... 29 QUADRO 5 – HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO DA EAD. ...................................................................................... 33 QUADRO 6 – GERAÇÕES DA EAD. .............................................................................................................. 34 QUADRO 7 – RESUMO DE PAPEIS E DESCRIÇÃO DE ALGUMAS ATIVIDADES NA EAD. .................................. 46 QUADRO 8 – CONSIDERAÇÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO DE MATERIAL IMPRESSO. ............................ 51 QUADRO 9 – CONSIDERAÇÕES SOBRE A TUTORIA....................................................................................... 53 QUADRO 10 – CONSIDERAÇÕES SOBRE A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM. ............................................... 54 QUADRO 11 – ADERÊNCIA ENTRE PRINCÍPIOS ENXUTOS E PROCESSOS DA EAD. ....................................... 64 QUADRO 12 – ADERÊNCIA ENTRE FERRAMENTAS DA PRODUÇÃO ENXUTA E OS PROCESSOS DA EAD. ...... 69 QUADRO 13 – RELAÇÃO ENTRE TIPOS DE PERDA E OS PROCESSOS DA EAD. ............................................. 74
XI
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem
CPA Comissão Própria de Avaliação
DI Design Instrucional
EAD Educação a Distância
IES Instituição de Ensino Superior
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
MDI Material Didático Impresso
ME Manufatura Enxuta
MEC Ministério da Educação
OCDE Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
OER Open Education Resources
PDI Plano de Desenvolvimento Institucional
PE Produção Enxuta
STP Sistema Toyota de Produção
TI Tecnologia da Informação
TPS Toyota Production System
SUMÁRIO
RESUMO ................................................................................................................................................ VII
ABSTRACT........................................................................................................................................... VIII
LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................................. IX
LISTA DE QUADROS .............................................................................................................................. X
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ............................................................................................. XI
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 1
1.1. RELEVÂNCIA DO TEMA E JUSTIFICATIVA ................................................................................... 4 1.2. OBJETIVO GERAL ...................................................................................................................... 6
1.2.1. Objetivos específicos ............................................................................................................ 6 1.3. ESTRUTURA DO TRABALHO ....................................................................................................... 6
2. PRODUÇÃO ENXUTA ................................................................................................................... 8
2.1. EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO ................................................................................. 8 2.1.1. Produção Artesanal ............................................................................................................. 8 2.1.2. Produção em Massa ............................................................................................................. 9
2.2. ORIGEM DA PRODUÇÃO ENXUTA (PE) OU MANUFATURA ENXUTA (ME)................................ 11 2.3. O SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO E A ELIMINAÇÃO DAS PERDAS ......................................... 14 2.4. A SÍNTESE DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO (STP) ........................................................... 15
2.4.1. 14 Princípios do STP, segundo Liker ................................................................................. 18 2.4.2. 10 Passos para a Produção Enxuta ................................................................................... 21 2.4.3. Princípios Enxutos ............................................................................................................. 23 2.4.4. Ferramentas da Produção Enxuta ..................................................................................... 24
2.5. RELATOS E EXPERIÊNCIAS DE USO DE PE EM SERVIÇOS ......................................................... 28 2.6. CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO ................................................................................... 30
3. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD) ............................................................................................ 31
3.1. DEFINIÇÃO E EVOLUÇÃO DA EAD ........................................................................................... 31 3.2. MODELOS DE PROJETOS EM EAD ............................................................................................ 36
3.2.1. Classificação de Modelos segundo a Estrutura Organizacional ....................................... 36 3.2.2. Classificação segundo o formato de interação (Aluno-Professor-Conteúdo) ................... 38 3.2.3. Um pouco do Contexto Internacional ................................................................................ 42
3.3. ATORES E PAPÉIS NA EAD ...................................................................................................... 45 3.4. DESIGN INSTRUCIONAL (DI) .................................................................................................... 47 3.5. PROCESSOS DE EAD E SUA GESTÃO – EXEMPLOS .................................................................... 49
3.5.1. Processo de Desenvolvimento de Material Didático Impresso .......................................... 49 3.5.2. Processo de Tutoria ........................................................................................................... 52 3.5.3. Processo de Avaliação da Aprendizagem .......................................................................... 54
3.6. CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO ................................................................................... 55
4. MÉTODO DA PESQUISA ............................................................................................................ 56
4.1. CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ................................................................................................. 56 4.2. ETAPAS DA METODOLOGIA ..................................................................................................... 58 4.3. DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................... 59
4.3.1. Produção Enxuta: perdas, princípios enxutos e ferramentas. ........................................... 59 4.3.2. Educação a Distância ........................................................................................................ 60 4.3.3. Análise da Aplicabilidade .................................................................................................. 62
5. ANÁLISE DA APLICABILIDADE DOS PRINCÍPIOS E FERRAMENTAS DA
PRODUÇÃO ENXUTA .......................................................................................................................... 63
5.1. ANÁLISE BASEADA NOS PRINCÍPIOS ENXUTOS ........................................................................ 64 5.2. ANÁLISE BASEADA NAS FERRAMENTAS DA PRODUÇÃO ENXUTA ............................................ 69 5.3. ANÁLISE BASEADA NA ELIMINAÇÃO DAS PERDAS .................................................................... 74 5.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO ................................................................................... 77
6. CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 78
6.1. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................................................ 80
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................... 81
1. INTRODUÇÃO
O século XX foi marcado pelos seus grandes avanços, especialmente na área
tecnológica, o que provocou alterações profundas no modo de ser das
organizações e das pessoas. Estas alterações ocorreram principalmente em
função da evolução dos meios de produção, da informação e da comunicação.
No que se refere aos meios de produção, no modelo denominado fordismo,
iniciado e difundido nos Estados Unidos por Henry Ford em sua fábrica de
automóveis, as máquinas de tarefa única eram operadas por mão de obra
pouco especializada. Seu princípio está fundamentado no ato de “empurrar a
produção”, ou seja, empurra-se o planejamento da produção para os operários,
que empurram os subconjuntos na linha de montagem, e o produto é
empurrado para o cliente, que por sua vez deve ser convencido a consumi-lo.
O fordismo conseguiu atingir seus objetivos no tocante à democratização do
acesso aos bens produzidos, no entanto, é um modelo que gera grande
desperdício de recursos como mão de obra e matéria-prima, o que provocou no
decorrer do tempo perdas no acúmulo de riquezas – que é a mola propulsora
do capitalismo.
Em razão disso, a produção em massa, que foi oriunda deste modelo, aos
poucos foi sendo substituída pelo modelo de Produção ou Manufatura Enxuta
(Lean Manufacturing ou Lean Production), que, além de ser capaz de
diversificar os produtos e produzir quantidades menores, defende
prioritariamente dois princípios: a eliminação de desperdícios e a fabricação
com qualidade (WOMACK et al., 1992). Dessa forma, o modelo de Produção
Enxuta tem despertado grande interesse de empresas do setor industrial, que,
em função da forte concorrência, buscam de toda forma obter ganhos de
competitividade.
No Brasil, as iniciativas pioneiras de implantação de algumas técnicas deste
modelo de produção datam da década de 1980. Nesta época, restringia-se à
INTRODUÇÃO 2
implementação de elementos específicos, como o sistema kanban para
controle de estoques ou a formação de células de manufatura. Entretanto, os
resultados alcançados foram modestos ou pontuais, uma vez que boa parte
das empresas procedeu a uma implantação parcial do sistema, já que este se
mostrou bem mais complexo do que parecia a priori (CARDOZO, 2006;
MIYAKE; FRANCISCHINI, 2009).
No modelo de Produção Enxuta, também conhecido por Sistema Toyota de
Produção ou sistema de produção japonês, a cadeia de produção é iniciada
pelo cliente, levando ao termo “produção puxada”, ou seja, ele "puxa" a
produção quando demanda um determinado produto. Desta forma, a produção
passa a ser feita somente na hora em que é exigida - just-in-time –, o que
significa fornecer a peça correta, na hora correta, na quantidade correta e no
local necessário.
A mão de obra, na perspectiva da Produção Enxuta, deve ser mais bem
qualificada, com habilidades e responsabilidades para poder tomar decisões,
resolver dificuldades e realizar tarefas que podem não ter sido pensadas
anteriormente (COMM; MATHAISEL, 2003). Flexibilidade passa a ser a palavra
de ordem.
Ao contrário desta perspectiva, no modelo fordista as pessoas estudavam até
obter uma profissionalização, inseriam-se no mercado de trabalho e
permaneciam até a sua aposentadoria desempenhando, normalmente, as
habilidades que adquiriram durante a fase de estudos. Deste modo, sua
educação, que se resumia à transferência de “como realizar certas atividades”,
bastava.
Com a utilização do modelo de Produção Enxuta, por exemplo, e face ao alto
grau de concorrência no mercado de todos os ramos de atividades, e também
decorrente das novas posturas administrativas, o profissional exigido pelas
organizações passou a ter outras características. Ele deve ser capaz de
readaptar-se, de forma constante, às mudanças que são determinadas pelas
INTRODUÇÃO 3
exigências do próprio mercado. Portanto, não basta mais aprender a fazer, é
fundamental entender e compreender.
O profissional formado pela educação do paradigma fordista mostra-se
ineficiente em relação às exigências atuais do mercado, pois é incapaz de agir
e sobreviver na sociedade do conhecimento. Belloni (2001) salienta que as
características fundamentais da sociedade do conhecimento que mais têm
impacto sobre a educação são: maior complexidade, mais tecnologia,
compreensão das relações de espaço e tempo, trabalho mais responsabilizado,
mais precário, com maior mobilidade, exigindo um trabalhador
multicompetente, multiqualificado, capaz de gerir situações de grupo, de se
adaptar a situações novas, sempre pronto a aprender. Em suma, um
trabalhador mais informado e mais autônomo.
Então, qual a função da Educação em meio a este novo contexto, onde há
“excesso” de dados e tanta informação?
Em uma sociedade que aprende, não é possível dominar todas as informações,
por isso a sua transmissão pela Educação não corresponde mais ao que se
espera dela no sentido social. A este respeito, Assmann (2007, p.33) destaca
que “no mundo de hoje, o aspecto instrucional da educação já não consegue
dar conta da profusão de conhecimentos disponíveis e emergentes mesmo em
áreas específicas”.
No que se refere ao Ensino a Distância, o passar do tempo e,
consequentemente, o amadurecimento desta modalidade têm provocado,
inclusive, uma revisão em sua terminologia e conceituação, alterando, por
exemplo, de Ensino para Educação a Distância. O Ministério da Educação
(BRASIL, 2005) define Educação a Distância (EAD) como uma modalidade
educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino
e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação
e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades
educativas em lugares ou tempos diversos.
INTRODUÇÃO 4
Dessa forma, ante aos pressupostos legais apresentados e frente ao contexto
da política de expansão da Educação Superior no Brasil, a EAD possui papel
de grande destaque. Pode-se afirmar que esta modalidade de educação já se
encontra inserida na sociedade atual e vislumbra um processo de convergência
de modalidades por meio da unificação do ensino presencial e a distância, em
que as tecnologias da informação e comunicação serão utilizadas de modo
muito mais intenso e a EAD não será apresentada mais como uma modalidade
diferente de educação.
No que se refere às empresas prestadoras de serviço, Kotler (2004) referencia
que elas podem sair ganhando ao executar um serviço com qualidade
consideravelmente superior ao da concorrência e superar as expectativas dos
clientes. Diz também que depois de receber o serviço, os clientes confrontam o
serviço percebido com o serviço esperado.
Para Grönroos (1993), o nível da qualidade total percebida não é determinado
pelo nível das dimensões da qualidade técnica e funcional apenas, mas sim
pela diferença (gap) entre a qualidade esperada e a qualidade experimentada.
Diante disso, o surgimento da Produção Enxuta, a expansão da EAD e a
questão da qualidade em prestação de serviços, nota-se que o tema é de
interesse e possui aspecto multidisciplinar.
1.1. RELEVÂNCIA DO TEMA E JUSTIFICATIVA
O presente trabalho conjuga dois temas de áreas de conhecimentos distintos:
Educação a Distância e Produção Enxuta, ambos de extrema relevância na
atualidade.
Desde a década de 1990, com a edição do livro A máquina que mudou o
mundo, de Womack e Jones (1992), o sistema de Produção Enxuta (PE) vem
crescendo e sendo disseminado nas indústrias de toda sorte, especialmente
em razão dos ganhos que proporciona. Mais recentemente, os conceitos que
envolvem esse sistema vêm sendo adaptados e adotados em empresas de
INTRODUÇÃO 5
outros ramos de atividade, como prestação de serviços em áreas hospitalar,
gráfica, de alimentação, de administração pública, dentre outras.
A EAD, por sua vez, é uma modalidade de ensino que cresce em altos índices
nos últimos anos (ABED, 2010; PARSAD; LEWIS, 2008) graças,
principalmente, ao avanço das Tecnologias da Informação e Comunicação
(TIC). Tais tecnologias são constantemente estudas como meio ou apoio
facilitador da aprendizagem, sempre em busca de processos mais eficientes na
relação entre o ensinar e o aprender.
No entanto, o sucesso da EAD não se limita ao uso das novas tecnologias. É
necessário gerir os processos de apoio a esta modalidade com competência
para conferir características de competitividade às Instituições que a utilizam.
Atualmente as organizações podem empregar uma grande variedade de
práticas, filosofias, ferramentas e tecnologias de gestão a fim incrementar sua
competitividade e que podem ser aplicadas, também, em EAD.
Diante disso, o presente trabalho investiga a essência da Produção Enxuta e
suas ferramentas, e busca sua aplicação na gestão de processos de projetos
voltados à EAD.
Por este prisma é que se justifica a presente pesquisa, e questões importantes
se apresentam como problemáticas a serem investigadas:
É possível visualizar o processo de desenvolvimento de cursos na
modalidade a distância à luz da administração da produção?
Como adequar as teorias da administração da produção
(particularmente da Produção Enxuta), predominantemente voltadas
aos processos industriais, ao processo de desenvolvimento de
programas de Educação a Distância?
Quais conceitos e práticas da Produção Enxuta podem ser aplicados
no desenvolvimento de cursos na modalidade a distância?
INTRODUÇÃO 6
1.2. OBJETIVO GERAL
Investigar quais conceitos, técnicas, ferramentas e melhores práticas da
Produção Enxuta são aplicáveis para a melhoria da gestão de processos de
Educação a Distância em Instituições de Ensino Superior, com foco nos
processos de produção de Material Didático Impresso (mídia impressa), Tutoria
e Avaliação.
1.2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Identificar ferramentas e práticas da Produção Enxuta e verificar sua
correlação com a área de prestação de serviços;
Identificar fatores críticos para o desenvolvimento de programas de
Educação a Distância;
Relacionar os conceitos de Produção Enxuta com os processos da
EAD.
1.3. ESTRUTURA DO TRABALHO
Este trabalho foi estruturado em 6 capítulos, a saber:
Capítulo 1 – Introdução: apresenta a introdução, a relevância do tema e
justificativa, os objetivos e a estrutura do trabalho;
Capítulo 2 – Produção Enxuta (PE): apresenta uma revisão bibliográfica
dos temas relacionados à PE. Primeiramente, é apresentada uma
evolução dos sistemas de produção até o Sistema de Produção Enxuta.
Na sequência, os princípios, as ferramentas e as experiências do uso de
PE em serviços.
Capítulo 3 – Educação a Distância: neste capítulo são apresentadas as
definições para EAD, uma retrospectiva sobre EAD, incluindo os
cenários internacional e brasileiro, os modelos de projetos de EAD, os
INTRODUÇÃO 7
atores e seus respectivos papeis na EAD, o processo de Desenho
Instrucional e os exemplos de processos de EAD e sua gestão.
Capítulo 4 – Metodologia da Pesquisa: neste capítulo são apresentadas
as classificações do trabalho sob a óptica da Metodologia Científica e os
passos seguidos por este trabalho.
Capítulo 5 – Análise da Aplicabilidade dos Princípios e Ferramentas da
Produção Enxuta: este capítulo apresenta a análise e discussão, na
visão do autor, a respeito de quais os conceitos, as técnicas,
ferramentas e melhores práticas da Produção Enxuta são aplicáveis
para a melhoria da gestão de processos de Educação a Distância em
Instituições de Ensino Superior, além de fazer considerações práticas.
Capítulo 6 – Considerações finais e sugestões para trabalhos futuros.
PRODUÇÃO ENXUTA 8
2. PRODUÇÃO ENXUTA
Este capítulo faz uma breve apresentação da evolução dos sistemas de
produção, particularmente aqueles ligados à indústria automobilística, desde o
sistema artesanal até a produção enxuta, e introduz os conceitos e princípios
deste modelo de produção.
2.1. EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO
Ao se referir aos Sistemas de Produção deve-se destacar o papel
preponderante da indústria automobilística neste processo evolutivo. Partindo
da produção artesanal, passando pela produção em massa e chegando à
produção enxuta, várias características ou princípios merecem destaque.
2.1.1. PRODUÇÃO ARTESANAL
O sistema de produção que hoje é conhecido como “artesanal” estava
ligado ao modo como as habilidades eram desenvolvidas, ou seja, a
progressão do aprendiz-artífice-mestre. Ainda hoje pode-se citar
exemplos de atividades deste tipo, como: a construção de casas, as
atividades de marcenaria, a fabricação de relógios de parede, dentre
outros que são realizados por habilidosos artesãos que trabalham em
uma única peça ou algumas delas com pequena produção (BROWN,
2005).
O Quadro 1 a seguir apresenta um resumo das características e desvantagens
deste método de produção.
PRODUÇÃO ENXUTA 9
Características
Força de trabalho altamente qualificada, composta de negociantes semi-independentes com habilidade em desenho, operação de máquinas, ajustes e acabamento;
Organizações descentralizadas, de modo que pequenas oficinas de máquinas forneciam a maioria das peças;
O dono/empresário coordenava o processo e contatava diretamente os fornecedores, trabalhadores e clientes.
As máquinas eram de uso geral (cortar, perfurar e polir) para as operações em metal e madeiras.
Baixo volume de produção e preços altos.
Desvantagens
Somente os ricos podiam comprar os produtos
A qualidade era imprevisível, pois cada produto era, essencialmente, um protótipo
As ações de melhoria não eram amplamente compartilhadas, uma vez que certas organizações as viam como uma ameaça.
QUADRO 1 – CARACTERÍSTICAS E DESVANTAGENS DA PRODUÇÃO ARTESANAL.
FONTES: ADAPTADO DE DENNIS, 2008, P. 20; WOMACK ET AL., 1992, P. 12.
Os trabalhadores eram excessivamente especializados, conheciam quase
todas as etapas de produção e montavam um item de cada vez, de maneira
cuidadosa e singular. Isto agradava a maioria dos clientes da ocasião, que
adquiriam produtos personalizados, feitos sob encomenda, com a perfeição
característica do trabalho manual, segundo relatado por alguns autores
(WOMACK et al.,1992).
Em decorrência da baixa eficiência do sistema de produção artesanal e
concomitante com o movimento da administração científica, denominado
taylorismo em razão de seu idealizador Frederick Winslow Taylor, surge o
sistema de produção em massa.
2.1.2. PRODUÇÃO EM MASSA
Os créditos deste sistema são atribuídos, em boa parte, a Henry Ford que
possuía o sonho de fabricar carros em condições de que cada cidadão norte-
americano pudesse ter um. Para tal, ele revolucionou a estratégica comercial
de então, por meio da fabricação de um carro, sem opções de cores ou
modelos, a preços acessíveis com um plano de vendas e de assistência
PRODUÇÃO ENXUTA 10
técnica de grande alcance. (BROWN, 2005; CORREA; CORREA, 2009;
FLEURY, 2008; LEVITT, 1975)
De acordo com Fleury (2008), existem dois importantes princípios da produção
em massa: intercambialidade e a linha de montagem. Isto significa,
respectivamente, produzir automóveis com partes padronizadas e
intercambiáveis; e que o produto desloca-se por um caminho e a cada parada o
trabalhador exerce certa atividade.
Para criar este último princípio, Ford inspirou-se em uma visita que fez a
abatedouros de bois, onde eles eram abatidos e pendurados em ganchos que
circulavam em determinado recinto, e a cada parada uma parte do boi era
cortada, ocasionando uma operação de “desmontagem”. Neste sistema de
produção, as qualificações do trabalhador resumem-se ao conhecimento
necessário para a execução de uma tarefa específica.
Outros autores (CHIAVENATO, 2003; MORAES NETO, 1998; TAYLOR, 1980)
relatam que o sistema de produção em massa adotado por Ford possui os
seguintes princípios básicos:
Princípio de intensificação: consiste em diminuir o tempo de produção
com o emprego imediato dos equipamentos e da matéria-prima e a
rápida colocação do produto no mercado;
Princípio de economicidade: consiste em reduzir ao mínimo o volume
do estoque da matéria-prima em transformação. Por meio deste
princípio era possível fazer com que o trator ou o automóvel fossem
pagos antes de vencido o prazo de pagamento da matéria-prima
adquirida, e antes do pagamento de salários;
Princípio da produtividade: consiste em aumentar a capacidade de
produção do homem no mesmo período (produtividade) por meio da
especialização e da linha de montagem.
PRODUÇÃO ENXUTA 11
Este modo de produção, que foi popularizado por Henry Ford, particularmente
em razão do carro Ford Modelo T, tornou-se muito difundido, pois permite altas
taxas de produção por trabalhador e ao mesmo tempo disponibiliza produtos a
preços baixos.
Dentre as muitas inovações estabelecidas por Ford está a possibilidade da total
intercambialidade de peças e a facilidade de montagem. Essas inovações,
segundo Dennis (2008), é que permitiram a linha de montagem móvel, na qual
o produto em elaboração é que se deslocava ao longo da linha de montagem e
os operadores permaneciam parados, o que propiciava uma economia
substancial. Desde antes da primeira guerra mundial, ocorrida entre 1914 e
1918, muitos industriais visitavam a fábrica da Ford, em Detroit, para
aprenderem sobre as teorias de Henry Ford, que não as escondia.
Womack et al. (1992) apresentam dados que comprovam a grande revolução
causada pela mudança do processo artesanal para a produção em massa. Um
motor, que antes demandava 594 minutos para sua montagem, passou a ser
montado em 226 minutos, e o veículo, que possuía 750 componentes, passou
a ter 93. Isso representou, respectivamente, uma redução de 62% e 88%.
A grande meta de Ford era reduzir ao máximo os custos com a produção,
repassar isso aos preços finais dos veículos montados e criar um mercado
consumidor sempre crescente. Womack et al. (1992) citam que em 1923 o
carro Ford Modelo T atingiu o pico de produção, com 2,1 milhões de carros
vendidos.
2.2. ORIGEM DA PRODUÇÃO ENXUTA (PE) OU MANUFATURA ENXUTA (ME)
O Japão ainda tentava se reerguer após a tragédia da segunda Guerra Mundial
quando em 1950 o engenheiro da Toyota, Eiji Toyoda, viaja para Detroit a fim
de visitar a fábrica da Ford. Ainda que os números resultantes da fabricação de
veículos da Toyota comparados com a Ford fossem demasiados distantes, a
PRODUÇÃO ENXUTA 12
expedição visava compreender o sistema de grande sucesso da Ford, e buscar
alternativas para a Toyota.
Ao retornar à matriz, após conversas com Taiichi Ohno, eles concluem que não
seria possível, nem viável, a simples cópia do modelo da Ford para aquele
país. Eles observaram que havia um grande desperdício de recursos – esforço
humano, materiais, espaço e tempo. Foi então que surgiu o Sistema Toyota de
Produção (STP, ou em inglês TPS – Toyota Production System) como uma
alternativa às fortes pressões do mercado da época. E o maior foco deste
sistema está na eliminação dos desperdícios e na fabricação com qualidade
(MAXIMIANO, 2006; OHNO, 1997; WOMACK et al., 1992).
James-Moore e Gibbons1 (1997) destacam que não obstante o STP é
entendido como algo novo; mas, na verdade, muitos de seus princípios podem
ser rastreados em trabalhos de pioneiros como Deming, Taylor e Skinner e
pesquisadores ingleses como Hill, Voss e Lamming.
Ohno (1997) julga que o STP teve sua origem na necessidade da organização,
uma vez que certas restrições de mercado exigiam a produção de pequenas
quantidades de muitas variedades de itens com demanda reduzida. Esta
restrição, associada à crise do petróleo ocorrida nos anos 1970, fez com que
os gerentes japoneses “despertassem” e criassem um novo método de gestão
da produção. O sistema de gestão da produção, altamente focado na
eficiência, veio a ser caracterizado, na década de 1980, como Manufatura ou
Produção Enxuta, termo traduzido da expressão inglesa lean manufacturing ou
1Os trabalhos citados por James-Moore e Gibbons são:
DEMING, W.E. Many of his works, the principles perhaps being best captured in Out of the Crisis. Quality, Productivity and the Competitive Position, Cambridge University Press, Cambridge, 1986.
TAYLOR, F. The Principles of Scientific Management, Harper Bros, New York, NY.
SKINNER, W., Manufacturing – missing link in corporate strategy. Harvard Business Review. May-June, 1969.
HILL, T., Manufacturing Strategy – The Strategic Management of the Manufacturing Function. Macmillan, 1993.
VOSS,C.A.; CHIESA, V.; CAUGHLAN, P. Developing and testing benchmarking in self-assessment frameworks for manufacturing. International Journal of Operations & Production Management, vol. 14 n. 3, 1994, p. 83-100
LAMMING, R. Beyond Partnership – Strategies for Innovation and Lean Supply. Prentice-Hall, London, 1993
PRODUÇÃO ENXUTA 13
lean production. De uma forma ampla, a Manufatura Enxuta consiste na
aplicação de práticas que visam identificar e eliminar perdas ou desperdícios
no sistema produtivo, além de busca incessantemente o bom atendimento ao
cliente por meio de melhor qualidade nos produtos e serviços, custos mais
baixos e maior flexibilidade.
Assim, diante da eficiência com que a Toyota apresentava o combate e/ou
eliminação dos desperdícios, o STP começou a se divulgar pelas indústrias. Tal
propagação de pensamento resultou na criação de novos métodos de
produção e administração, o que foi possível, simultaneamente, produzir
modelos em pequena escala e a baixo custo. Esta definição, que equivale a
produzir com o máximo de economia de recursos e o mínimo de perdas, é
atribuída a John Krafcik, pesquisador do IMVP (International Motor Vehicle
Program) (WOMACK et al., 1992).
Pettersen (2009) afirma que localizar definições de Manufatura Enxuta é uma
tarefa difícil. Segundo ele, alguns autores têm feito tentativas para definir o
conceito, enquanto outros buscam saber se o conceito é claramente definido.
Saurin e Ferreira (2008) também corroboram com a idéia e afirmam que a
terminologia a respeito do tema não é consensual.
NIST (2000) 2 define Produção Enxuta como uma abordagem sistemática para
identificar e eliminar os desperdícios por meio de um processo de melhoria
contínua em busca da perfeição a partir das necessidades dos clientes.
Segundo Villiers (2006), a filosofia da Produção Enxuta é reduzir
continuamente as perdas em todas as áreas e de todas as formas. Produção
Enxuta bem-sucedida, segundo este autor, é evidente quando os processos
são capazes de, consistentemente, entregar produtos e serviços de alta
qualidade, no local certo, na hora certa, em resposta à demanda do cliente e
com a melhor relação custo-benefício possível.
2 NIST - National Institute of Standards and Technology. Principles of Lean Manufacturing with
Live Simulation, Manufacturing Extension Partnership, Gaithersburg, MD, 2000 apud ANDERSSON et al., (2006).
PRODUÇÃO ENXUTA 14
2.3. O SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO E A ELIMINAÇÃO DAS PERDAS
As empresas possuíam liberdade de estabelecer os preços para seus produtos
e serviços por meio da fórmula: Custo + Margem = Preço. Uma vez calculados
os custos e determinada a margem que a empresa gostaria de praticar, o preço
resultante era repassado ao consumidor. Entretanto, diante das mudanças
ocorridas no mercado, frente à forte concorrência atual, esta equação mudou
para: Preço – Custo = Lucro (ANTUNES Jr; KLIPPEL, 2002; MONTENEGRO,
2006; PRAHALAD, 1999). Considerando-se que o preço é determinado pelo
mercado, e por que não dizer “fixo”, o lucro passa a ser o resultado da
equação. Isso posto, a redução de custo passa a ser determinante em qualquer
segmento empresarial.
Segundo Shingo (2002), se for feita a pergunta „O que é o Sistema Toyota de
Produção (STP)?‟, 80% das pessoas irão responder que “é um sistema
Kanban”; outras, 15% talvez, podem responder que “é um sistema de
produção”. O fato é que o STP é 80% de eliminação de perdas, 15% um
sistema de produção e apenas 5% o kanban, conceito que será retomado mais
adiante como uma das técnicas de eliminação de perdas.
Portanto, o ponto-chave do STP é a eliminação de perdas ou desperdícios,
cujo termo em japonês é referido pela palavra MUDA. Ohno (1997) afirma que
para reconhecer os tipos de perdas (desperdícios) é necessário, antes de tudo,
entender a sua natureza, investindo tempo no local de trabalho e aprendendo a
mapear as atividades que agregam valor e as que não agregam, com o intuito
de melhorar a qualidade de seus processos e produtos, além de obter custos
mais baixos. Para Womack e Jones (2004), desperdício refere-se a qualquer
atividade que absorve recursos mas que não cria valor, de modo que valor
significa a capacidade de oferecer um produto/serviço no momento certo e a
um preço adequado, conforme definido pelo cliente.
Alguns autores (BITTAR et al., 2005; BROWN et al., 2005; DENNIS, 2008;
OHNO, 1997; SHINGO, 2002) classificam as perdas como: superprodução,
PRODUÇÃO ENXUTA 15
esperas, transporte excessivo, processos inadequados, estoque,
movimentação desnecessária e defeitos. Cada uma será detalhada a seguir:
1. Superprodução: produção em excesso ou antes do momento necessário
resulta em fluxo ineficiente de peças e alto inventário em processo.
2. Esperas: períodos longos de inatividade das pessoas, informações e
componentes provocam fluxo inadequado e tempos de processamento longos.
3. Transporte Excessivo: movimentação excessiva de pessoas ou
componentes, resultando em tempos, esforços e custos improdutivos.
4. Processos Inadequados: uso incorreto de ferramentas, procedimentos,
parâmetros ou sistemas, praticados freqüentemente, comprometem a eficácia e
não agregam valor ao que o cliente espera.
5. Estoque: a manutenção de estoques de matéria-prima e material em
processo (WIP work in process - estoque intermediário ou em processo) gera
desperdícios. Este tipo de perda oculta a existência de outras perdas, além de
investimento e exigência de espaço.
6. Movimentação desnecessária: falta de organização nos locais de trabalho.
7. Defeitos: erros frequentes de documentação, problemas na qualidade dos
produtos ou baixo desempenho de entrega.
2.4. A SÍNTESE DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO (STP)
O STP rompe a área de produção e penetra por toda a organização. Womack e
Jones (2004) descrevem este movimento como Pensamento Enxuto. É uma
filosofia operacional ou um sistema de negócios. Uma forma de especificar
valor, alinhar na melhor sequência as ações que criam valor, realizar essas
atividades sem interrupção toda vez que alguém solicita e realizá-las de forma
cada vez mais eficaz, ou seja, fazer cada vez mais com cada vez menos.
Menos esforço humano, menos equipamento, menos tempo e espaço, e,
PRODUÇÃO ENXUTA 16
concomitantemente, buscando cada vez mais oferecer aos clientes exatamente
o que eles desejam no tempo certo. De acordo com o Lean Institute Brasil (LIB,
2009), esta é uma forma de criar novos trabalhos ao invés de simplesmente
destruir empregos em nome da eficiência. Mas trabalhos que efetivamente
agregam valor, que eliminam desperdícios e não empregos.
A Figura 1 apresenta um diagrama que se tornou um dos símbolos do STP e,
mais recentemente, da indústria moderna.
FIGURA 1 – A CASA DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO
Fonte: LIKER, 2008, p. 51.
Pode-se questionar: mas por que uma casa? Porque uma casa é um sistema
complexo e estrutural, ou seja, ela só é forte se o telhado, as colunas e as
fundações são fortes (LIKER, 2008).
A Casa da Toyota, por sua vez, foi desenvolvida por Taiichi Ohno e Eiji Toyoda
para que eles pudessem explicar a evolução do sistema da Toyota aos seus
funcionários e aos seus fornecedores.
PRODUÇÃO ENXUTA 17
Embora existam diversas versões da casa, os princípios fundamentais
permanecem. Seu telhado, por exemplo, destaca o foco no cliente através da
maior qualidade possível, do menor custo possível e do menor lead time3 por
meio de eliminação de perdas. As colunas de sustentação referem-se ao
processo de entrega de peças e produtos just-in-time, ou seja, no momento da
necessidade do cliente, e jidoka4, que essencialmente significa conceder
inteligência humana a uma máquina para que possa, automaticamente, parar
quando surgir um problema, nunca deixar que um defeito passe adiante e
liberar as pessoas das máquinas, o que, segundo Ohno (1997), é a automação
com um toque humano ou inteligência das máquinas. No centro da casa estão
as pessoas: equipes compostas por membros flexíveis e motivados,
constantemente a procura de uma maneira melhor de se fazer as coisas. E, por
fim, na base do sistema estão principalmente a estabilidade e padronização.
Para que toda esta “casa” esteja sólida é necessário um conjunto de
ferramentas e técnicas que serão apresentadas a seguir. Entretanto, como já
citado anteriormente, cabe ressaltar que o STP não é apenas um conjunto de
ferramentas, ou seja, é um sistema de produção sofisticado que as partes
interligadas contribuem para o todo.
Womack e Jones (2004) definem a Produção Enxuta como um processo de
cinco passos: definição dos valores do cliente, definição do fluxo de valor, ATP
de fazê-lo "Fluir", ato de "Puxar" a partir do cliente e a lutar pela excelência.
3 Lead time pode ser definido como o tempo de atendimento de um pedido, desde o momento
em que chega à empresa (ou ao setor de produção) até o momento em que ele é atendido (entregue ao cliente – interno ou externo). As empresas buscam constantemente reduzir o lead time e o grande desafio é torná-lo zero, ou seja, fazer com que o atendimento seja imediato. 4 Jidoka é um termo em japonês para autonomação.
PRODUÇÃO ENXUTA 18
2.4.1. 14 PRINCÍPIOS DO STP, SEGUNDO LIKER
A Figura 2 apresenta um resumo dos quatorze princípios do STP segundo Liker
(2008). Ele dividiu os princípios em quatro categorias, comumente chamadas
de “Os 4Ps do modelo Toyota”, pois representam Philosophy, Process,
People/Partners e Problem Solving, termos que respectivamente traduzidos
são: filosofia, processos, pessoas/parceiros e solução de problemas.
Embora a figura não apresente a numeração dos princípios, o autor os
agrupou. A categoria filosofia engloba o princípio 1; a categoria processo, os
princípios de 2 a 8, respectivamente; a categoria funcionários e parceiros, de 9
a 11; e solução de problemas engloba os princípios de 12 a 14.
FIGURA 2 – OS PRINCÍPIOS DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO
Fonte: LIKER, 2008, p. 28.
Os sete tipos de perdas do STP, citados na sessão 2.3, permeiam estes
quatorze princípios apresentados por Liker (2008). Além de consolidar a
filosofia do STP, eles embutem um conjunto de ferramentas que permitem a
implementação deste sistema por parte da Toyota e qualquer outra
organização. Pela relevância com os propósitos deste trabalho, foram
escolhidos seis princípios para serem destacados:
PRODUÇÃO ENXUTA 19
Filosofia de longo prazo – princípio 1. Este princípio possui relação direta
com a qualidade e eliminação das perdas, que formam a base do STP.
No atual cenário de competitividade, embora as organizações
necessitem do lucro para sua sobrevivência, a filosofia de longo prazo é
fundamental.
Fluxo contínuo de produção – princípio 2. Este princípio consiste em
tornar o fluxo aparente em toda a organização e manter a cultura de
trazer o problema à tona assim que ele ocorre.
Uso de sistemas puxados para evitar a superprodução – princípio 3.
Este princípio visa oferecer aos clientes o que eles desejam, quando
desejam e na quantidade que necessitam. Dessa forma, o processo de
reabastecimento de material acionado pelo consumo é o princípio básico
do just-in-time, termo definido por Slack et al. (2008, p. 482) como o ato
de “produzir bens e serviços exatamente no momento em que são
necessários – não antes para que não formem estoque, e não depois
para que seus clientes não tenham que esperar”.
Nivelamento da carga de trabalho (heijunka) – princípio 4. O objetivo
deste procedimento é eliminar a sobrecarga das pessoas, dos
equipamentos e da instabilidade no programa de produção. Dessa
forma, combater o processo para/começa do trabalho em lotes é
fundamental para o sucesso da produção enxuta. O termo japonês mura
refere-se à falta de regularidade no trabalho.
Uso do controle visual para que nenhum problema fique oculto –
princípio 7. Ao considerar este princípio, é possível destacar três
ferramentas que buscam enfocar o controle visual: os relatórios simples,
o andon e o kanban. O primeiro refere-se à elaboração de relatórios que
tenham no máximo uma página e que utilizem indicadores visuais
simples para ajudar as pessoas a perceberem de forma rápida e fácil se
estão diante de uma situação normal ou de um problema. Já o andon,
sinal de luz para indicar o pedido de ajuda, sinaliza nas fábricas de
PRODUÇÃO ENXUTA 20
motores e montadoras da Toyota um desvio das condições operacionais
padrão, que, segundo Liker (2008), é chamado de “sistema de parada
de linha em posição fixa”. O cartão kanban5, por sua vez, também
sinaliza a necessidade de ações ou a existência de problemas. Uma
caixa cheia sem um cartão kanban, por exemplo, indica superprodução.
De maneira geral, o sistema de cartões kanban significa ter um sistema
de controle de fluxo de materiais por meio de cartões, que tem como
meta produtividade e qualidade, interligando em um fluxo uniforme e
ininterrupto todas as operações. Segundo os autores Liker (2008) e
Moura (1989), o kanban tem como característica puxar a produção,
funcionando como um medidor de combustível que exige o
reabastecimento quando preciso. Tem as seguintes funções: acionar o
processo de fabricação apenas quando necessário; minimizar a
formação de estoques; parar a linha para solucionar problemas; permitir
controle visual do processo; entregar peças de acordo com o consumo e
descobrir as fraquezas do processo. Outra ferramenta é o sistema 5S
(seiri - descarte; seiton - ordem; seiso - limpeza; seiketsu - asseio;
shitsuke - disciplina), uma metodologia utilizada para melhorar a
organização dos ambientes de trabalho por meio da mudança de atitude
das pessoas ao seguirem os cinco passos recomendados pelo
programa: classificar, organizar, limpar, padronizar e disciplinar. Entre
outras coisas, este sistema visa oferecer um local de trabalho agradável
e visual, ou seja, um local autoexplicativo, auto-organizado e
automelhorável (DENNIS, 2008; LIKER, 2008).
Kaizen – palavra japonesa para designar melhoria contínua – princípio
14. Este princípio está diretamente relacionado à reflexão (hansei)
incansável, pois assim que uma perda (muda em japonês) é identificada,
os funcionários devem utilizar um processo kaizen para eliminá-la. É um
processo de aprender que padroniza as melhores práticas, ao invés de
5 Kanban é uma palavra japonesa que significa sinal, registro ou placa visível.
PRODUÇÃO ENXUTA 21
voltar a um início impróprio que não aproveita o conhecimento já
acumulado pela equipe ou setor a cada novo projeto ou administrador.
2.4.2. 10 PASSOS PARA A PRODUÇÃO ENXUTA
Ballé e Ballé (2007) afirmam que a maioria dos programas lean fracassa nas
empresas porque não adianta somente adquirir o vocabulário, as ferramentas,
os princípios ou especialistas. É preciso, sobretudo, incorporar uma atitude
gemba (termo japonês que significa o local onde ocorre o trabalho no “chão de
fábrica”) para o sistema enxuto prosperar.
De acordo com Bicheno (2004), mesmo que a filosofia lean seja um sistema
mais complexo do que a simples soma de suas ferramentas, não há dúvidas de
que a utilização individual de algumas dessas ferramentas, pode trazer bons
resultados.
DeGarmo et al. (1997) e Elanchezhian et al. (2008) resumem em 10 passos a
implementação da lean production.
1. Projetar ou reconfigurar o sistema de produção com base em células
de produção6 sempre tendo em mente os clientes, sejam internos ou
externos. Isso prepara sistematicamente o caminho para que se
mantenha o fluxo unitário de peças e para que haja um baixo movimento
de lotes entre células.
2. Reduzir o tempo de preparação por meio da troca rápida de
ferramentas (TRF). Todos do chão de fábrica devem ser capazes de
reduzir o tempo de setup usando o SMED (single-minute exchange of
die). Para Black (1998), a adoção de programas de TRF é uma idéia
revolucionária por não necessitar de altos investimentos em
equipamentos sofisticados, resumindo-se a uma análise de tempos e
6 Uma célula consiste em uma minuciosa organização de pessoas, máquinas ou estações de
trabalho em uma sequência de processamento. Elas são criadas a fim de facilitar o fluxo unitário de peças de um produto ou serviço por meio de várias operações a uma razão determinada pelas necessidades do cliente e com o mínimo de atraso e espera (Liker, 2008).
PRODUÇÃO ENXUTA 22
movimentos aplicada aos setups. A redução do tempo de setup é uma
operação crítica para a redução do tamanho do lote de fabricação.
3. Integrar o controle da qualidade ao sistema de manufatura. É
preciso inspecionar e capacitar os clientes internos para que se evitem
os defeitos. Cada trabalhador é um inspetor, eles podem fazer uso de
inspeção sucessiva, autoinspeção e inspeção na fonte por meio de
métodos poka-yoke7.
4. Integrar a manutenção preventiva, fazendo com que pessoas e
máquinas sejam confiáveis e de confiança. Para isso é preciso dar
treinamento e ferramentas aos trabalhadores, além de implantar as
regras do housekeeping8 (base do programa 5S).
5. Nivelar e balancear o sistema de produção a fim de produzir produtos
variados, mas em pequenos lotes. Isto é chamado de nivelamento da
produção.
6. Integrar o controle da produção. Essa integração é realizada pelo
vínculo entre as células, os subconjuntos e os elementos de montagem
final por meio de kanban. Dessa forma, a estrutura do sistema de
produção define os caminhos que as partes podem percorrer pela planta
da organização.
7. Integrar o controle de estoque. As pessoas da produção controlam o
nível de estoque de suas áreas por meio do controle do kanban. Este
procedimento reduz sistematicamente o estoque em processo – estoque
7 Poka-yoke é um termo japonês referente a um dispositivo a prova de erros, destinado a evitar
a ocorrência de defeitos em processos de fabricação e/ou na utilização de produtos (SHINGO, 1986). No inicio do século XX, no Japão, Sakichi Toyoda inventou o que pode ser considerado o primeiro dispositivo poka-yoke: um mecanismo que, acoplado ao tear, era capaz de identificar o rompimento de um fio ou o atingimento da quantidade de tecido a ser produzida, paralisando a operação imediatamente. Isto permitiu que vários teares fossem operados por um único trabalhador, o que representou uma grande vantagem competitiva para a época. Este conceito de dispositivos capazes de “detectar uma anormalidade no processamento” foi, anos mais tarde, aplicado e difundido na Toyota por Taiichi Ohno. 8 Termo designado para o ato de “arrumar ou limpar a casa”
PRODUÇÃO ENXUTA 23
de material e mão de obra resultantes de um trabalho iniciado, porém
não concluído, ou estoque entre as operações.
8. Integrar os fornecedores. Educar e incentivar os fornecedores a
desenvolver o seu próprio sistema de Produção Enxuta de qualidade
superior.
9. Instituir a autonomação (automação com toque humano). Converter
células manuais em células automáticas é um processo evolutivo,
iniciado pela necessidade de resolver os problemas da qualidade,
confiabilidade ou capacidades, eliminando, assim, um “gargalo” na
produção.
10. Reestruturar o resto da companhia. Uma vez reestruturada a fábrica,
o resto da companhia irá se reestruturar.
Segundo DeGarmo et al. (1997) e Elanchezhian et al. (2008), após serem
completados os oito primeiros passos, o sistema de produção fica redesenhado
e integrado com as funções críticas da produção da qualidade, controle de
estoque, controle de produção e manutenção de máquinas e ferramentas.
2.4.3. PRINCÍPIOS ENXUTOS
De acordo com Womack e Jones (2004), a aplicação dos princípios enxutos
aos processos e em toda a empresa conduzirá ao que os autores denominam
estado "enxuto". Este estado enxuto é resultante da eliminação de desperdícios
nas operações, de tal forma que os produtos possam ser desenvolvidos com
uma mínima parcela dos custos totais de material, tempo e esforço humano.
Assim sendo, os autores enumeram os seguintes princípios:
Princípio do Valor: especificar o valor de forma precisa. No entanto,
esta tarefa só pode ser realizada pelo cliente final.
PRODUÇÃO ENXUTA 24
Princípio do Fluxo do Valor: identificar o fluxo do valor, que consiste
nas três tarefas gerenciais críticas: solucionar problemas; gerenciar
informação e a gerar a transformação física.
Princípio do Fluxo: fazer com que o valor identificado flua.
Princípio do Sistema Puxado: deixar que o consumidor puxe o “valor”.
Após introduzir o fluxo, os produtos que consumiam anos de projeto
passam a levar meses, os pedidos que levavam dias para serem
processados levam quase horas e os gargalos de tempo para produção
física convencional passa de semanas e meses para minutos.
Princípio da Perfeição: esforço incessante em busca da perfeição. À
medida que a organização especifica o valor com precisão, identifica o
fluxo do valor, faça com que este valor flua continuamente e deixe que
os clientes puxem o valor, a perfeição ocorrerá quase automaticamente,
deixando de ser algo inatingível.
2.4.4. FERRAMENTAS DA PRODUÇÃO ENXUTA
Diversas ferramentas já foram citadas nas seções anteriores como parte do
STP, dos passos para a implantação da Produção Enxuta e dos princípios
enxutos. O Quadro 2, apresentado na próxima página, resumirá algumas
destas ferramentas.
Durante a revisão de literatura, o trabalho de Pettersen (2009) chamou a
atenção, pois ele investigou as definições de Produção Enxuta, os métodos e
objetivos associados ao conceito. Do total de 37 artigos utilizados na pesquisa,
este autor criou um ranking dos livros mais referenciados e confrontou o
principal objetivo de cada autor com as características relacionadas à Produção
Enxuta.
PRODUÇÃO ENXUTA 25
Ferramentas Descrição Manufatura Celular (MC)
MC é um grupo de máquinas, as quais são projetadas e organizadas para produzir uma família específica de peças, componentes e/ou produtos. Seu objetivo é aumentar a eficiência na produção por meio do agrupamento de produtos com similaridade de projeto e/ou processo de produção (BLACK, 1998; OLIVEIRA; MONTEVECHI, 2001; VOSS, 1987)
Kanban Gestão ou Controle Visual
O sistema kankan foi projetado para ser usado dentro do contexto da filosofia JIT, e busca movimentar e fornecer os itens apenas nas quantidades necessárias e no momento necessário (TUBINO, 2004). É um sinal visual para suportar o fluxo de “puxar” o produto através do processo de fabricação, tal como exigido pelo o cliente (MELTON, 2005).
5S Método cujo objetivo é promover e manter a limpeza e a organização das áreas de trabalho, tanto administrativas quanto de manufatura, funcionando como um pilar básico da PE. Ferramenta fundamentada em cinco palavras japonesas iniciadas com a letra S (Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu, Shitsuke) (WERKEMA, 2006).
Poka-yoke Dispositivo a prova de erros, destinado a evitar a ocorrência de defeitos em processos de fabricação e/ou na utilização de produtos (SHINGO, 1986; WERKEMA, 2006)
Just in time Processo de entrega de produtos na quantidade e no momento em que o cliente necessita.
Redução de Tempo de setup (SMED)
Processo contínuo de tentativa de redução do tempo de setup das máquinas
TPM (Total preventive maintenance)
Trabalhadores realizam manutenções regulares de equipamentos para detectar eventuais anomalias. Como os operadores estão próximos das máquinas, eles são incluídos em atividades de monitoramento e de manutenção a fim de prevenir e fornecer o aviso de mau funcionamento.
TQM Centrado nas necessidades dos clientes, o TQM é um sistema de melhoria contínua que emprega gestão participativa. Os principais componentes são: envolvimento e formação dos trabalhadores, equipes de resolução de problemas, uso de métodos estatísticos, metas de longo prazo e reconhecimento de que as ineficiências são produzidas pelo sistema, não pelas pessoas.
Kaizen Ciclos de melhoria contínua.
Takt Time Refere-se ao tempo de produção que é obtido pelo número de unidades a serem produzidas em função da demanda (OHNO, 1997). Ritmo de produção necessário para atender a um determinado nível considerado de demanda, dadas as restrições de capacidade da linha ou célula (ALVAREZ; ANTUNES Jr, 2001).
QUADRO 2 – FERRAMENTAS DA PRODUÇÃO ENXUTA.
PRODUÇÃO ENXUTA 26
O Quadro 3 a seguir apresenta as características mais citadas pelos autores
pesquisados por Pettersen (2009) 9, ordenadas pela frequência de discussão
na literatura consultada em seu trabalho. Os objetivos, representados pelas
letras (A), (B), (C), (D), até (I), são: (A) fazer os produtos com menos defeitos
para atender os desejos do cliente; (B) produzir em fluxo unitário em linha; (C)
reduzir as perdas e aumentar o valor; (D) ter foco no cliente (alta qualidade,
baixo custo, entrega rápida); (E) manter operação de produção robusta; (F)
reduzir custos; (G) eliminar as perdas e reduzir os custos; (H) melhorar a
qualidade e produtividade; e (I) reduzir custos por meio da eliminação das
perdas.
9 Os autores e referências destacadas por Pettersen (2009) são:
- WOMACK, J. P.; JONES, D.T. Lean Thinking: Banish Waste and Create Wealth in Your Corporation. Free Press, New York, NY. 2003.
- WOMACK, J. P.; JONES, D.T.; ROOS, D. The Machine that Changed the World: The Story of Lean Production. Rawson Associates, New York, NY. 1990.
- LIKER, J. K. The Toyota Way: 14 Management Principles from the World’s Greatest Manufacturer. McGraw-Hill, New York, NY. 2004.
- BICHENO, J. The New Lean Toolbox: Towards Fast, Flexible Flow, 3rd ed., PICSIE Books, Buckingham. 2004.
- DENNIS, P. Lean Production Simplified: A Plain Language Guide to the World’s Most Powerful Production System, Productivity Press, New York, NY. 2002.
- FELD, W.M. Lean Manufacturing: Tools, Techniques, and How to Use Them, St Lucie Press, Boca Raton, FL. 2001.
- OHNO, T., Toyota Production System: Beyond Large-scale Production, Productivity Press, Portland, OR. 1988.
- MONDEN, Y. Toyota Production System: An Integrated Approach to just-in-time, 2nd ed., Chapman & Hall, London. 1998.
- SCHONBERGER, R.J. Japanese Manufacturing Techniques: Nine Hidden Lessons in Simplicity, Free Press, New York, NY. 1982.
- SHINGO, S. A Study of the Toyota Production System from an Industrial Engineering Viewpoint, Japan Management Association, Tokyo. 1984.
PRODUÇÃO ENXUTA 27
Ferramentas
Objetivo / Autores
A B C D E F G H I
Freqüência Womack e Jones; Womack et al
Liker Bicheno Dennis Feld Ohno Monden Schonberger Shingo
Kaizen (melhoria contínua) X X X X X X X X X 100%
Redução do tempo de Setup X X X X X X X X X 100%
Just-in-time X X X X X X X X 88,9%
Kanban / Sistema puxado X X X X X X X X 88,9% Poka yoke X X X X X X X X 88,9% Produção nivelada (Heijunka) X X X X X X X X 88,9% Trabalho padronizado X X X X X X X X 88,9% Gestão e controle visual X X X X X X X X 88,9% 5S / housekeeping X X X X X X X X 88,9%
Andon X X X X X X X 77,8%
Produção de lotes pequenos X X X X X X X 77,8%
Estudo do Tempo de trabalho X X X X X X X 77,8%
Eliminação de Perdas X X X X X X X 77,8%
Redução de Estoque X X X X X X X 77,8%
Envolvimento do Fornecedor X X X X X X 66,7%
Tempo Takt X X X X X X 66,7%
TPM X X X X X X 66,7%
Jidoka (autonomação) X X X X X 55,6%
Controle Estatístico de Qualidade (SQC) X X X X X 55,6%
Trabalho em Equipe X X X X X 55,6%
Redução da Força de Trabalho X X X X X 55,6%
Inspeção 100% X X X X 44,4%
Ajustes de layout X X X X 44,4%
Implantação de Política (Hoshin kanri) X X X X 44,4%
Círculos de Melhorias X X X X 44,4%
Análise de causa raiz (5 porquês) X X X X 44,4%
Mapeamento de Fluxo de Valor X X X X 44,4%
Treinamento em Cruz (OJT) X X X 33,3%
Envolvimento dos trabalhadores X X X 33,3%
Redução do Lead Time X X X 33,3%
Multi-manning X X X 33,3%
Sincronização de Processos X X X 33,3%
Manufatura Celular X X 22,2%
QUADRO 3 – APRESENTAÇÃO DAS FERRAMENTAS ASSOCIADAS À PE. FONTE: ADAPTADO DE PETTERSEN (2009).
PRODUÇÃO ENXUTA 28
O Quadro 3 demonstra que as duas únicas características que todos os
autores discutem (100% de freqüência) são "melhoria contínua" e "redução do
tempo de setup", indicando que estas são fundamentais para a produção
enxuta. Considerando que a produção puxada pode ser vista como um caso
especial de just-in-time, todos os autores discutem essa característica.
Prevenção de falhas (poka yoke), produção nivelada (heijunka), trabalho
padronizado, gestão e controle visual e 5S também podem ser consideradas
características centrais de produção enxuta, pois também possuem os maiores
índices de frequência.
2.5. RELATOS E EXPERIÊNCIAS DE USO DE PE EM SERVIÇOS
Ao pesquisar a literatura sobre a aplicação dos princípios lean em serviços
depara-se, especialmente, com relatos de uso na área hospitalar, area esta,
que junto ao segmento da educação universitária, são considerados os
segmentos de maior complexidade de gestão.
O Quadro 4 apresenta algumas aplicações de ferramentas10 e princípios lean
na área de serviços, envolvendo trabalhos nas seguintes áreas: hospitalar (7),
alimentação (1), call center (1), gráfica (1), administração pública (2) e
escritório de projetos (1).
10
As ferramentas e princípios citados estão identificados como: (a)-5S; (b)-JIT; (c)-ciclo kaizen; (d)-mapear o valor; (e)-fluxo de valor; (f)-perfeição; (g)-fluxo; (h)-gestão visual; (i)-redução do lead-time; (j)-redução do WIP; (x)-princípios gerais Lean.
PRODUÇÃO ENXUTA 29
Autor(es), Ano, Local Publicado
Descrição/Objetivos Ferra-mentas
SELAU et al. (2009) Revista Gestão Industrial
Descreve o diagnóstico da aplicabilidade de ferramentas Lean em prestadora de serviços hospitalares.
(c), (d), (e), (g)
LeanBlog (2009) www.leanblog.org
Relata as intenções do presidente Obama em economizar 1 trilhão de dólares com a adoção de Lean nos hospitais americanos.
(x)
BERCZUK (2008) The Hospitalist
Refere-se à aplicação de Lean em serviços hospitalares, especialmente para agilizar processos, aumentar a satisfação dos funcionários, melhorar as finanças e, o mais importante, melhorar a assistência ao paciente.
(f), (i), (x)
KOLLBERG et al. (2007) Journal of Productivity and Performance Management
Fala sobre a aplicação de princípios Lean no setor de cuidados de saúde da Suíça com o objetivo de equilibrar a demanda com a capacidade e eliminar as perdas com excessos ou tempos de espera.
(b), (c), (d), (e), (f), (g)
BUGGY (2006), Implications
Relata a tentativa de melhorar a qualidade dos serviços prestados, incluindo a redução do andar excessivo com o paciente.
(a), (b), (c)
IHI (2005) Institute for Healthcare Improvement
Descreve as ações em busca da melhoria nos serviços de saúde do Virginia Mason Medical Center, incluindo redução de diversos itens: custos, lead-time, distância percorrida, estoque.
(c), (d), (f), (g), (x)
YOUNG et al (2004) BMJ - British Medical Journal
Usar os processos de simulação, de modo que médicos, enfermeiras, gerentes, pacientes, etc. podem testar os benefícios dos princípios Lean no tratamento de pacientes. Eles poderiam, por exemplo, tomar decisões sobre as diferentes localizações, calendário e prestadores de serviços e ver o efeito das decisões sobre o seu grupo de colegas e de outras comunidades e responder em conformidade.
(x)
RAHIMNIA et al. (2009) Benchmarking: International Jornal
Relata a tentativa de reduzir custo de armazenamento e o Lead Time em uma rede de restaurantes de Fast Food do Irã.
(b)
PIERCY e RICH (2009) International Journal of Operations & Production Managmnt
Trata da aplicação dos princípios Lean em centros de serviços do tipo call-center, objetivando reduzir custos e melhorar a qualidade do atendimento ao cliente.
(d), (i), (j)
ENGUM (2009) Dissertação
Busca eliminar perdas com a impressão, a espera, o tempo perdido devido a trocas nas máquinas (setup time), a armazenagem, o tempo de inatividade e recursos não utilizados, o deslocamento das pessoas e, principalmente, com o trabalho que não agrega valor.
(a), (d), (h)
BHATIA e DREW (2006) McKinsey on Operation
Usa as teorias enxutas no setor público para resolver o problema de perdas, especialmente a inflexibilidade, a variabilidade e o desperdício.
(x)
SANTOS (2009) Site artigonal.com
Objetiva orientar o gestor público a conduzir as licitações de forma adequada, bem como gerir os recursos públicos com eficiência, eficácia e economicidade a partir dos princípios da PE.
(x)
CHANESKI (2005) Modern Machine Shop
Relata o caso da Bent River Machine, uma empresa que projeta, constrói, instala e mantém a área de automação de fábricas. Seu objetivo era eliminar todas as perdas nos processos de escritório.
(a), (d), (i)
QUADRO 4 – USO DE PRINCÍPIOS E FERRAMENTAS DA PE NA ÁREA DE SERVIÇOS.
ORDEM: POR ÁREA E CRONOLOGIA INVERSA
PRODUÇÃO ENXUTA 30
2.6. CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO
Liker (2008) ressalta a possibilidade de utilizar uma variedade dessas
ferramentas do STP e ainda assim estar seguindo apenas alguns princípios do
Modelo Toyota, tendo como resultado “saltos” de curto prazo nas medidas de
desempenho, que não serão sustentáveis.
Por outro lado, pode-se afirmar que uma organização, seja da área industrial
ou de serviços, que praticar todos estes princípios estará a caminho de uma
vantagem competitiva sustentável.
3. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD)
Este capítulo apresenta uma revisão sobre os conceitos básicos da Educação
a Distância (EAD). Para tal, são investigados os referenciais teóricos e as
práticas de mercado, em busca de um conjunto de processos normalmente
utilizados nesta modalidade de ensino. Na sequência, como parte da
investigação, são apresentadas algumas situações práticas.
3.1. DEFINIÇÃO E EVOLUÇÃO DA EAD
Para efeito deste trabalho serão adotadas as bases legais da EAD que
incluem, dentre outras: o artigo 80 da Lei de Diretrizes e Bases – LDB
(BRASIL, 1996)11 e o decreto 5.622 (BRASIL, 2005), que o regulamenta. Este
decreto define educação a distância como:
uma modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. (BRASIL, 2005, p.1)
Barreto (2009) descreve que, numa perspectiva geral, entende-se que a
Educação a Distância é uma estratégia desenvolvida por sistemas educativos
para oferecer educação a setores ou grupos da população que, por razões
diversas, têm dificuldade de acesso a serviços educativos regulares.
Nunes (1994) argumenta que a Educação a Distância é um recurso de
incalculável importância como um modo apropriado para atender a grandes
contingentes de alunos de forma mais efetiva que outras modalidades e sem
riscos de reduzir a qualidade dos serviços oferecidos em decorrência da
ampliação do público atendido. Este autor relata também que sua origem está
nas experiências de educação por correspondência iniciadas no final do século
11
Artigo 80 da LDB – “O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada”.
E A D 32
XVIII e que teve amplo desenvolvimento a partir de meados do século XIX, e
ultimamente com a utilização dos multimeios.
Inúmeras instituições de ensino em todo o mundo estão aderindo, de forma
crescente, à EAD, já que, com esse recurso e o grande avanço da tecnologia,
os alunos podem vencer a barreira de espaço e tempo para estudar e
aprender. Segundo o ABRAEAD (2008), o número de alunos matriculados no
ensino credenciado aumentou 25% em 2007, chegando a quase 1 milhão, e os
cursos de graduação deram um salto de 112%. Nesta data, eram 257
instituições autorizadas a ministrar cursos em EAD. O anuário cita ainda que o
número de alunos matriculados em cursos de graduação e pós-graduação que
utilizam o sistema federal de credenciamento (MEC) cresceu 356% entre 2004
e 2007. O CensoEAD.Br (ABED, 2010) destaca que se incluírem as instituições
que ofertam somente cursos livres, supera-se 2 milhões de alunos.
Segundo o relato de Allen e Seaman (2008), 3,9 milhões de estudantes
realizaram pelo menos um curso on-line nos Estados Unidos em 2007. Este
dado representa um crescimento de 12,9% em relação ao ano anterior, e
também, 21,9% do total de alunos matriculados no Ensino Superior. Este
número é excessivamente maior que a taxa de 1,2%, referente ao crescimento
da população estudantil de nível superior no mesmo período.
Esses autores citam também que o número de matrículas em cursos on-line
tem apresentado um crescimento constante, da mesma ordem que o número
de instituições com ofertas de cursos on-line. Este crescimento não está
concentrado em determinada área ou disciplina; é notado em quase todas as
disciplinas. Dos 3,9 milhões de alunos citados, 80% correspondem a alunos de
graduação, ou seja, 3,12 milhões.
Embora possa parecer para alguns, a EAD não é algo novo. O Quadro 5,
elaborado a partir de Barreto (2009), Nunes(2009), Vasconcelos(2009) e
Vianney et al. (2009), apresenta, de forma resumida, os principais eventos da
história desta modalidade de ensino, tanto no Brasil como no Mundo.
E A D 33
Época Evento Histórico12
1728 EUA – Caleb Philips ensinava suas lições pela Gazette de Boston
1829 Suécia – Instituto Líber Hermondes (150.000 usuários)
1840 Reino Unido – Faculdade Sir Isaac Pitman – Primeira escola por correspondência na Europa
1892 EUA – Universidade de Chicago – Divisão de Ensino por Correspondência para preparação de docentes no Departamento de Extensão
1922 União Soviética – ensino por correspondência (350.000 usuários)
1924 Alemanha – Fritz Reinhardt cria a Escola Alemã por Correspondência de Negócios
1948 Noruega – primeira legislação para escolas por correspondência
1969 Reino Unido – fundação da Universidade Aberta (200.000 alunos)
1974 Paquistão - Universidade Aberta Allma Iqbal - objetivo de formar docentes para universalizar o ensino primário.
1977 Venezuela – fundação da Universidade Nacional Aberta
1978 Costa Rica – Universidade Estadual à Distância
1980 Universidade Aberta de Sri Lanka – atender preferencialmente os setores de profissões tecnológicas e formação docente.
1984 Holanda – implantação da Universidade Aberta
1985 Fundação da Associação Européia das Escolas por Correspondência (AEEC)
1985 Índia – implantação da Universidade Nacional Aberta Indira Gandhi (242.000 alunos)
1987 Resolução do Parlamento Europeu sobre Universidades Abertas na Comunidade Européia
1987 Fundação da Associação Européia de Universidades de Ensino à Distância
1988 Portugal – fundação da Universidade Aberta
1990 Implantação da rede Européia de Educação à Distância, fundamentada na declaração de Budapeste
1991 Relatório da Comissão sobre Educação Aberta e à Distância na Comunidade Européia
1923/1925 Rádio Sociedade do Rio de Janeiro
1923 Fundação Roquete Pinto – Radiodifusão
1939 Marinha e Exército (Instituto Rádio Monitor) – cursos por correspondência
1941 Instituto Universal Brasileiro – cursos por correspondência, formação profissional básica
1970 Projeto Minerva – cursos transmitidos por rádio em cadeia nacional
1974 TVE do Ceará – cursos de quinta a oitava série, com material televisivo, impresso e monitores
1976 SENAC – Sistema Nacional de Teleducação, cursos através de material instrucional (em 1995, já havia atendido 2 milhões de alunos)
1979 Colégio Anglo-Americano (RJ) – atua em 28 países, com cursos de correspondência para brasileiros residentes no exterior em nível de 1º e 2º graus
1979 UnB – cursos veiculados por jornais e revistas; em 1989 transforma no Cead e lança o BrasilEAD
1991 Fundação Roquete Pinto – programa Um salto para o Futuro, para a formação continuada de professores do ensino fundamental
1995 Secretaria Municipal de Educação – MultiRio (RJ) – cursos de quinta a oitava série, por meio de programas televisivos e material impresso
1995 Programa TV Escola – SEED/MEC
2000 UNIREDE – Rede de Educação Superior à Distância – consórcio que reúne 68 instituições públicas do Brasil
QUADRO 5 – HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO DA EAD.
12
Recomenda-se a consulta às referências citadas, incluindo ALVES (2009) para maiores detalhes históricos e outros eventos não apresentados neste quadro.
E A D 34
A partir da segunda metade dos anos 90 emerge no Brasil uma nova geração
de EAD, que faz uso intensivo de tecnologias da comunicação e da informação.
Ela transforma os conceitos clássicos da EAD, referentes até então a uma
separação física entre o aluno e o professor ou a instituição de ensino, em um
conceito atual de aproximação ou mesmo integração virtual entre os agentes
dos processos de ensino-aprendizagem que se estabelecem. Com base no
trabalho de Rodrigues (2004), o quadro 6 apresenta as gerações da EAD.
Geração Início Características
1ª Até 1970 Estudo por correspondência, no qual a comunicação se dava pelo uso exclusivo de material impresso, geralmente um guia de estudo com exercícios enviados pelo correio
2ª 1970 Surgem as primeiras Universidades Abertas, com design e implementação sistematizados de cursos a distância, utilizando, além do material impresso, transmissões por televisão aberta e rádio; fitas de áudio e vídeo, com interação aluno-tutor por telefone ou nos centros de atendimento.
3ª 1990 O uso de computadores, com estações de trabalho multimídia e redes de conferência.
4ª 2000 O aumento da capacidade de processamento dos computadores e da velocidade das linhas de transmissão passou a interferir na apresentação do conteúdo e nas interações. Acesso a bancos de dados e bibliotecas eletrônicas.
5ª 200? Uso de agentes inteligentes, equipamentos wireless e linhas de transmissão eficientes. Organização e reutilização dos conteúdos.
QUADRO 6 – GERAÇÕES DA EAD.
FONTE: RODRIGUES, 2004.
Azevedo (2009) fez um histórico sobre a origem da educação universitária a
distância no Brasil, e, referindo-se ao estudo feito em 1979, citou as seguintes
vantagens do sistema EAD, e que ainda são válidas, 30 anos depois:
oferece ensino de qualidade a grandes contingentes humanos;
é mais eficaz que os métodos tradicionais;
E A D 35
é menos custoso que o método tradicional. Ele relata que em 1979 o
custo de um aluno da OU (Open University – Universidade Aberta da
Inglaterra) era 60% menor que outras universidades;
evita as macroconcentrações de alunos, servidores e professores,
que exigem grandes edifícios, laboratórios e infraestrutura;
viabiliza o desenvolvimento rural com a qualificação dos que habitam
essa região;
reduz o fluxo migratório para os centros urbanos;
assegura o Ensino Superior de alto nível onde não há instituições
para oferecê-lo.
A EAD é uma modalidade de ensino que causa normalmente uma ruptura
geográfica entre educador e educando. Em função disso, é possível atender
um número quase ilimitado de alunos que buscam uma primeira formação
superior ou atualização profissional em nível de pós-graduação,
aperfeiçoamento ou extensão. Em decorrência deste ato separativo,
corroborado pelo decreto 2.494/98 (BRASIL, 1998), instaura-se um processo
de autoaprendizado no qual os avanços das Tecnologias de Informação e
Comunicação (TICs) são valorizados fortemente a fim de apoiar e subsidiar os
processos didáticos e de aprendizagem. As autoras Nova e Alves (2003) citam
que são inúmeros os cursos a distância criados e difundidos diariamente, no
mundo inteiro, utilizando a internet ou sistemas de rede similares, por exemplo,
como suporte da comunicação pedagógica.
Como consequência deste novo método de ensino, surge um conjunto de
atividades que demandam planejamento, supervisão e controle, muitas vezes
de forma diferenciada e individualizada. Esse conjunto de atividades, que os
autores denominam Modelo do Projeto da Instituição, é capaz de estabelecer a
diferença entre o sucesso e o insucesso de um projeto de Educação a
Distância e diferenciar uma instituição ou um curso de outro, pois tem impacto
direto na qualidade do serviço educacional ofertado (BEHAR, 2009).
E A D 36
3.2. MODELOS DE PROJETOS EM EAD
Considerando-se as especificidades da modalidade de Educação a Distância,
esta possui processos que são executados de forma diferente do ensino
presencial. Assim, as instituições de ensino procuram a cada dia aplicar sua
criatividade em busca de modelos que obtenham melhores índices de eficácia
no resultado do processo de ensino e aprendizagem.
A partir de 1.996, por meio da LBD13, o MEC (Ministério da Educação)
regulamentou a possibilidade de as Instituições de Ensino Superior ofertarem
cursos na modalidade a distância. Desde então, as Instituições começaram a
se estruturar para desempenhar esta atividade, iniciando costumeiramente com
a criação de um núcleo ou centro encarregado da EAD.
3.2.1. CLASSIFICAÇÃO DE MODELOS SEGUNDO A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
A diversidade de padrões administrativos, o grau de autonomia (faculdade,
centro universitário ou, universidade) e a esfera de administração (pública ou
privada) são motivadores para que cada IES formate sua estrutura
organizacional ao seu modo. Portanto, é possível encontrar a estrutura de EAD
em diferentes configurações nos organogramas das instituições acadêmicas,
por exemplo: centro, núcleo, coordenadoria, departamento, unidade, pró-
reitoria, secretaria e até mesmo laboratório.
Habitualmente tais estruturas se enquadram em um dos modelos apresentados
pela Figura 3, a qual destaca quatro principais cenários da EAD: (a) – ligada à
pró-reitoria de Extensão; (b) – ligada à pró-reitoria de Graduação; (c) – ligada
diretamente à Reitoria e (d) – assumindo o nível de uma pró-reitoria.
13
LDB – Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional - Lei 9.394 de 1996.
E A D 37
FIGURA 3 – EXEMPLOS DE ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS COM EAD
FONTE: ADAPTADO DE ROPOLI (2006).
De acordo com Ropoli (2006), o processo de escolha da configuração da EAD
dentro da estrutura organizacional de uma instituição está diretamente
relacionado com as políticas da instituição e seus objetivos a curto, médio e
longo prazo. Em se tratando de uma instituição acadêmica, é importante que os
objetivos da EAD estejam de acordo com os objetivos das áreas de graduação,
pós-graduação e extensão, e, certamente, referenciados no Plano de
Desenvolvimento Institucional14 da Instituição.
O contexto da educação superior, segundo o art. 44 da LBD (1996), permite
classificar o nível de seus cursos em Graduação, Pós-Graduação e Extensão.
Cada qual apresenta suas particularidades e processos distintos, o que
justifica, ainda mais, a existência de modelos específicos de estrutura e gestão.
Sob este prisma e considerando-se o papel estratégico que a EAD
desempenha nas instituições, pode-se considerar que as melhores opções de
14
PDI – Plano de Desenvolvimento Institucional – elaborado para um período de 5 (cinco) anos, é o documento que identifica a IES, no que diz respeito à sua filosofia de trabalho, à missão a que se propõe, às diretrizes pedagógicas que orientam suas ações, à sua estrutura organizacional e às atividades acadêmicas que desenvolve e/ou que pretende desenvolver. Fonte: MEC
E A D 38
estruturas organizacionais são: (c) – EAD vinculada à reitoria e (d) – EAD em
nível de pró-reitoria.
Ropoli (2006) exemplifica algumas IES dentro dos modelos citados, tais como:
a UnB(Universidade de Brasília) no modelo (c) e a UFRGS(Universidade
Federal do Rio Grande do Sul) no modelo (d), e ainda ressalta que a ligação
direta à Reitoria se justifica porque a EAD demanda outro ritmo no
funcionamento da estrutura acadêmica, diferente do ritmo da gestão do ensino
presencial. Ela necessita de um tratamento diferenciado em termos de
autonomia e de um processo decisório ágil.
3.2.2. CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO O FORMATO DE INTERAÇÃO (ALUNO-PROFESSOR-
CONTEÚDO)
Além de considerar os aspectos da estrutura organizacional, ou seja, a quem o
setor de EAD responderá institucionalmente, faz-se necessário um estudo e
planejamento acerca do formato de interação, também denominado modelo
instrucional, para se implementar um sistema de EAD que será utilizado pela
instituição. Moran (2009b) classifica como sendo modelos predominantes os de
teleaula, vídeoaula e WEB, possuindo um maior ou menor grau de apoio
presencial local. Segundo este autor, e também corroborando as idéias de
Vianney (2008), a legislação atual no Brasil privilegia o modelo semipresencial,
com acompanhamento dos alunos perto de onde moram (nos chamados polos)
e mostra desconfiança em relação ao modelo de acompanhamento online,
principalmente em cursos de graduação.
Tomando por base os trabalhos e os pontos de vista de vários autores
(BAKER, 1999; LITTO, 2008; MOORE, 2008; MORAN, 2009b; VIANNEY, 2008;
WILLIS, 1995) sobre os principais modelos de EAD e suas características,
pode-se estabelecer as seguintes considerações:
Modelo Teleaula (ou teleeducação): o professor, em seu papel tradicional,
“ministra” sua aula por meio de uma transmissão de vídeo, ou seja, distante
dos alunos que o vêem ao vivo. Habitualmente, este modelo utiliza
E A D 39
encontros semanais (uma ou duas vezes por semana), em que o aluno se
dirige à instituição ou ao polo para assistir à aula. Este modelo tem recebido
também o nome de presencial conectado ou presencial em rede.
- na óptica do professor, ele terá que desenvolver (caso não tenha) novas
habilidades de comunicação, especialmente ao dirigir-se apenas para uma
câmera, mas com centenas ou até milhares de alunos/teleespectadores do
outro lado;
- na óptica da IES, há um alto investimento para a montagem da
infraestrutura, que compreende a captação (estúdio de gravação), a
transmissão via satélite (ou web) e a estrutura de recepção nos polos;
- na óptica do aluno, é interessante, pois tem contato com o professor
responsável pela disciplina, que muitas vezes pode ser um renomado
docente;
- a interação aluno-professor será por meio de perguntas transmitidas a um
tutor/mediador da sala, que retransmite ao estúdio onde o professor se
encontra. Considerando-se que podem chegar simultaneamente muitas
perguntas e de diversos locais, faz-se no estúdio um tipo de filtragem e
agrupamento para que o professor possa respondê-las em outro momento;
- em geral, após a teleaula os alunos se reúnem em grupos, sob a
supervisão de um mediador local, para realizar atividades de discussão e
aprofundamento dos assuntos tratados durante a aula;
- para completar os estudos, os alunos recebem materiais impressos e
orientações para realizar atividades durante a semana.
Modelo Vídeoaula (ou vídeoeducação): aparecendo por meio de vídeo
gravado, o professor pode apresentar uma aula tradicional, uma síntese de
um assunto ou um tutorial. Há instituições que utilizam esta nomenclatura
para situações em que não há a figura do professor, e sim a captação de
E A D 40
situações do dia-a-dia, animações e/ou encenações artísticas para a
transmissão dos conteúdos pedagógicos.
- na óptica do professor, ele deve se preparar para a gravação, com as
devidas habilidades de comunicação; no entanto, diferente do formato ao
vivo, este permite a regravação em caso de erro e posterior edição,
incluindo trechos de outros vídeos, gráficos, animações, etc.;
- na óptica IES, se comparado com o sistema via satélite, este modelo
requer um investimento menor. Por outro lado, criou-se a figura do
Coordenador Pedagógico do pólo, que é o responsável institucional pelo
bom andamento dos cursos no local. Para tanto, coordena as atividades
dos tutores, supervisiona o funcionamento acadêmico e de infraestrutura;
- na óptica do aluno, é interessante a possibilidade de assistir o vídeo
quantas vezes desejar, já que algumas instituições disponibilizam cópia
deste vídeo na web, às vezes por tempo determinado, na biblioteca do pólo
e até mesmo em forma de DVD ou MP415 para ser visto em dispositivos
móveis digitais.
- como no modelo anterior, este também é complementado com material
impresso, atividades pós-aula, apoio complementar por meio de AVA,
dentre outros.
Modelo Web (ou virtual): este modelo faz uso intensivo de tecnologias da
informação e comunicação para disponibilizar conteúdo e promover
interação entre aluno-professor/tutor. Ele pode ser usado de forma
autônoma ou integrado a outros modelos e possui a vantagem de que o
conteúdo é disponibilizado imediatamente após sua produção. Basta
atualizar o site que o conteúdo já estará disponível para alunos de qualquer
parte do planeta que tenha acesso à rede.
15
MP4 é um padrão de codificação e armazenamento de informações de áudio e vídeo que é parte da especificação MPEG-4. Outros formatos digitais de alta definição incluem MKV e AVI. Para mais informações consulte os seguintes sites: <http://www.iis.fraunhofer.de/EN/index.jsp> e <http://pt.wikipedia.org/wiki/MPEG-4>
E A D 41
- um entrave deste modelo está na infraestrutura exigida, ou seja, no limite
de velocidade (banda) que o aluno necessita ter;
- este modelo é o predominante em cursos de extensão e pós-graduação
em EAD. Em função das medidas de regulação que o governo deliberou16
para a área de EAD, que propõem maior uso pedagógico dos polos, dando
ênfase para um modelo semipresencial, e não somente o polo para
avaliações presenciais, os projetos de graduação que adotam este modelo
devem ser readequados.
- na óptica do aluno, a principal vantagem deste modelo refere-se à
liberdade de local e tempo para estudo, principais motivadores da Educação
a Distância.
O modelo WEB ou virtual é amplamente utilizado e a orientação dos alunos é
feita a distância, pela Internet ou telefone. Segundo Moran (2009a), os alunos
reportam-se ao professor e ao tutor durante o semestre e geralmente se
encontram presencialmente só para fazer as avaliações. É um modelo em que,
predominantemente, tudo acontece via Internet e os encontros presenciais são
mais espaçados, pois não fazem uso dos polos para o apoio semanal.
A crescente disseminação das tecnologias da informação tem proporcionado
ampla adesão destes recursos como apoio aos cursos presenciais tradicionais.
Cabe ressaltar também que, em razão da forte concorrência que o setor da
Educação Superior passa, as instituições mesclam os modelos em busca de
melhores índices de eficiência e eficácia.
16
Principais instrumentos da legislação atual de EAD: Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005; Decreto nº 5.773, de 09 de maio de 2006; Decreto nº 6.303, de 12 de dezembro de 2007; Portaria nº 1, de 10 de janeiro de 2007; Portaria nº 2 (revogada), de 10 de janeiro de 2007; Portaria nº 40, de 13 de dezembro de 2007; Portaria nº 10, de 02 julho de 2009.
E A D 42
3.2.3. UM POUCO DO CONTEXTO INTERNACIONAL
Em decorrência dos avanços das TICs e do movimento da globalização, há
uma tendência mundial de que as informações se tornem, cada vez mais, algo
de domínio público, utilizando licenças do tipo Creative Common17 ou GNU18
para a distribuição e o compartilhamento dos materiais. Algumas instituições
renomadas formaram grupos com o objetivo de produzir e compartilhar seus
conteúdos, sejam de mídia impressa, documentos, recursos audiovisuais ou
outros. Um exemplo desse tipo de grupo é o OER Commons (Open Education
Resources19), formado pelas seguintes instituições: Massachusetts Institute of
Technology (MIT), Carnegie Mellon, Harvard University, Stanford University,
University of California Berkeley, Utah State University, Open University,
University of Hong Kong, University of Southern Queensland Australia, dentre
outras.
Os recursos do OER estão organizados em seis áreas: artes, negócios,
humanidades, matemática e estatística, ciência e tecnologia, ciências sociais.
Os materiais estão classificados segundo seus níveis de escolaridade: primário
(primary), secundário (secundary) e pós-secundário (post-secundary) que
compreende o ensino técnico profissionalizante e superior.
Litto (2009) apresenta o conceito de metauniversidade(ou megauniversidade)
como instituições a distância com mais de cem mil alunos, e como exemplo cita
a Allama Igbel Open University, no Paquistão, a Indira Gandhi National Open
University, na Índia (com 1,8 milhão) e a Islamic Azad University, no Irã (com
1,3 milhão).
A seguir são apresentas as características da EAD de alguns países ou de
suas universidades de destaque:
17
Creative Common – um tipo de licença para atribuição ou uso não-comercial de materiais que permite copiar, distribuir, exibir e executar obras, e também criar obras derivadas, desde que obedeça esta mesma licença. Fonte: http://creativecommons.org. 18
GNU – É a designação de licença, oriunda na área de computação, para software-livre. Foi idealizada por Richard Stallman no final da década de 1980. Fonte: http://www.gnu.org 19
OER refere-se a Recursos Educacionais Abertos. Informações disponíveis em: <http://www.oercommons.org>
E A D 43
a) Estados Unidos
Em função dos investimentos e da alta disponibilidade do uso de internet banda
larga, cujos 75% da população têm acesso à web, EAD nos Estados Unidos
pode ser considerada sinônimo de educação on-line.
Segundo Parsad e Lewis (2008) 66% das IES dos Estados Unidos dispõem de
algum curso de Educação a Distância. Aproximadamente 4 milhões de alunos
cursaram pelo menos uma disciplina em EAD, representando 20% do alunado
de Ensino Superior. Esses autores também se referem às mídias adotadas, de
modo que: 92% dos cursos utilizam a internet de forma assíncrona como meio;
31% utilizam a internet síncrona; 23% utilizam vídeo interativo com
comunicação bilateral (os dois lados podem ver, falar e ouvir); 19% usam o
vídeo em um só sentido (one way); 6%, vídeo em um só sentido, mas com
áudio em ambos; 12%, áudio em um só sentido; 16%, só correspondência;
14%, correspondência complementada pelo uso de outra tecnologia, como p.e.
CD-ROM; e 4% utilizam outras tecnologias.
b) Quênia (África)
O modelo da Universidade Virtual Africana (AVU - African Virtual University)
não enfatiza o uso somente de tecnologia de ponta, pois seria ineficaz para seu
contexto; ao invés disso, faz uso de diversas tecnologias. A arquitetura de seu
modelo foi baseada no fato de a AVU operar em todo o continente africano e
mesmo em nível mundial de uma maneira econômica, flexível e escalável, com
a necessidade de alcançar os estudantes em qualquer lugar, a qualquer hora e
usando qualquer dispositivo. O modelo da AVU usa modos mistos de entrega
de conteúdo, tais como a videoconferência, a utilização da Internet, CD-ROM,
fitas de áudio e vídeo, material impresso e materiais para aprendizagem móvel.
Uma classe típica, que se reúne em um centro de aprendizagem (LC), tem
entre 25 e 50 alunos, os quais interagem com os tutores e outros alunos via e-
mail, por meio do ambiente WebCT20 e do telefone. (AVU, 2010).
20
WebCT é um ambiente virtual de aprendizagem (AVA).
E A D 44
c) Paquistão
É um país com quase 180 milhões de habitantes, onde 40% da população
possue menos de 14 anos e somente 4% possui acesso à universidade dentro
de sua faixa etária. Em 1974 foi criada a People‟s Open University, uma
Universidade Aberta que em 1977 recebeu o nome de Allama Iqbal Open
University (AIOU). O sistema educacional deste país, segundo Iqbal e
Ahmad(2010) é dividido em três níveis: Elementary Education (contendo 8
anos), Secondary Education (4 anos) e Higher Education (nível universitário).
Segundo Butt (2009), a AIOU é organizada em Estrutura Administrativa,
Estrutura Acadêmica e Rede Regional. São utilizados vários modelos: desde a
correspondência associada ao rádio e à televisão; o modelo misto, utilizando
correspondência, audiovisual, on-line (internet) e tutorias convencionais; até o
modelo on-line com internet e tutoria a distância. O material de apoio (mídia
impressa) foi especialmente desenhado e é enviado para cada aluno à
distância. Butt relata que o número de programas de televisão produzidos subiu
50%, variando de 300 para 450 entre abril/2003 e agosto/2007; e o número de
livros impressos subiu de 1,77 milhões para 3,75 milhões no mesmo período.
O número de alunos matriculados aumentou 82,5%, subindo de 1,52 milhões
em 2004 para 2,78 milhões em 2008. O sistema de apoio pedagógico inclui
37.000 tutores de tempo parcial, 1.350 centros de estudos e 97 centros para
encontros presenciais. O destaque do modelo da AIOU, segundo Butt, está no
currículo dos cursos, na tutoria e nos serviços de suporte pelo website.
d) Indonésia
A Universidade Terbuka foi fundada em 1984 e é a única Universidade Aberta
daquele país, oferecendo um sistema de aprendizagem flexível para as
pessoas que não tem como freqüentar o ensino presencial. Com mais de
460.000 estudantes, encontra-se entre as dez maiores universidades do mundo
(top ten), sendo membro fundadora da Global Mega-University Network
(GMUNET), uma rede das mega-universidades (acima de 100.000 alunos).
E A D 45
3.3. ATORES E PAPÉIS NA EAD
Participar de um curso na modalidade EAD, em especial cursos on-line - pela
Internet - apresenta desafios tanto para o aluno como para o professor.
Inicialmente, o aluno que nunca participou dessa modalidade de ensino pode
experimentar sentimentos de isolamento e confusão, como relatam diversos
autores (KASCHNY BORGES; NUNES FAGUNDES, 2009; PALLOF; PRATT,
2002, 2004). Isso é motivado pela mudança de paradigma educacional, pois o
discente está acostumado com o ambiente de sala de aula, onde tem contato
com seus colegas e professores quase que diariamente, permitindo interagir e
tirar dúvidas a qualquer momento. Por conseguinte, planejar um curso nesta
modalidade é uma tarefa com grau de complexidade muito maior se
comparada com o mesmo processo para a educação presencial.
Ropoli (2006) destaca que para subsidiar suas ações, a EAD necessita
elaborar políticas institucionais que concretizem um “Sistema de Gestão em
EAD” envolvendo planejamento, coordenação (preferencialmente composta por
pessoas que se identificam com esta modalidade de ensino), equipe técnica
multidisciplinar, equipe de tutoria, logística, avaliação e infraestrutura.
Em razão disso, as instituições elaboram suas estratégias e modelos em busca
de inovações no processo educativo, sem esquecer-se da gestão econômica.
É relevante observar que a educação é uma atividade multidisciplinar,
caracterizada pela mescla de visões, funções, competências e habilidades,
ademais, as nomenclaturas podem variar de instituição para instituição. Em
relação aos professores, particularmente, Authier (1998 apud Carvalho, 2007)
destaca que eles são produtores quando elaboram suas propostas de cursos;
conselheiros quando acompanham os alunos; parceiros quando constroem
com os especialistas em tecnologia, abordagens inovadoras de aprendizagem.
O Quadro 7 apresenta um resumo dos papéis mais comuns no cenário da
EAD, e uma breve descrição de suas atividades (BRASIL, 2009; CARDOSO;
CARDOSO, 2006; CARDOSO; SILVA, 2008; MAIA; MATTAR, 2007)
E A D 46
Papéis Descrição de Atividades
Coordenação Geral
Responsável pela gestão do processo político-pedagógico e, por vezes, administrativo-financeiro da implantação de programas de EAD.
Coordenação Pedagógica e de Tutoria
Responsável pela parte pedagógica dos cursos e pelas atividades de tutoria. Quando for conveniente, esta coordenação pode ser desmembrada em duas.
Coordenação de Avaliação e Acompanhamento
Responsável pelo sistema de avaliação e acompanhamento das atividades dos cursos, incluindo o processo de recuperação dos alunos.
Coordenação de Tecnologia da Informação (TI)
Responsável pela manutenção da infraestrutura tecnológica, pelo suporte técnico-informacional, pela gestão dos dados e fornecimento de informações de apoio aos outros membros da equipe de EAD.
Coordenação de Pólos de apoio presencial
É o representante da IES naquele polo. Controla a oferta de cursos, as instalações físicas para atender os alunos, recebe e devolve informações da IES. Faz a gestão de parcerias, processos operacionais e de apoio, incluindo as atividades realizadas e os tutores vinculados ao polo.
Coordenação Acadêmica
Responsável pela gestão dos dados oficiais ou a interface com a secretaria geral da IES, inclusive pela expedição de certificados e históricos.
Coordenação de Curso
Responsável pela concepção, planejamento, gestão e coordenação de um curso na modalidade a distância.
Designer Instrucional Responsável pelo “pensar”, didaticamente, como o conteúdo deverá ser planejado, desenvolvido, trabalhado e percorrido pelo aluno, além de ser responsável por refletir sobre o controle e a autonomia do aluno ao interagir com o curso, os conteúdos e os materiais didáticos.
Professor Conteudista Responsável por criar ou indicar conteúdos didáticos.
Professor Autor Responsável pelo desenvolvimento de conteúdos para os cursos, tanto em mídia texto como audiovisual.
Tutor presencial Realiza contato com os alunos para condução e apoio aos estudos nos momentos presenciais.
Tutor Virtual (ou a distância)
Responsável pelas atividades exercidas em Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA). Deve desenvolver os conteúdos estabelecidos pelo professor, incentivar e monitorar a participação dos alunos. ** Seja presencial ou a distância, o tutor é o responsável por acompanhar os alunos. O número de alunos não deve ser muito grande, principalmente nos momentos a distância, pois implica em perda de qualidade no processo. Ele oscila em razão de diversas variáveis.
Revisor de Textos Responsável pela revisão gramatical dos textos.
Roteirista Responsável pela criação e revisão de roteiros “técnicos” e “pedagógicos” de gravação de material audiovisual.
Web designer e correlatos (analistas, programadores, artistas gráficos, etc)
Profissionais da área de tecnologia da informação, responsáveis por criar sites, animações, programas e qualquer tipo de utensílio tecnológico em prol da qualidade da aprendizagem.
QUADRO 7 – RESUMO DE PAPEIS E DESCRIÇÃO DE ALGUMAS ATIVIDADES NA EAD.
E A D 47
A educação deve ser encarada como um processo vivo e em constante
aprimoramento. Em razão da grande variedade e diversidade de modelos e
papéis que existem na EAD, é fundamental a necessidade de se avaliar os
processos envolvidos por ela, em busca de indícios e indicadores de qualidade.
3.4. DESIGN INSTRUCIONAL (DI)
Como já destacado, a EAD envolve muitos processos com alto grau de
complexidade. O principal processo que existe na EAD, e na educação de um
modo geral, é o desenho instrucional, que, segundo Filatro, é a
ação intencional e sistemática de ensino que envolve o planejamento, o desenvolvimento e a aplicação de métodos, técnicas, atividades, materiais, eventos e produtos educacionais em situações didáticas específicas, a fim de promover, a partir dos princípios de aprendizagem e instrução conhecidos, a aprendizagem humana. (FILATRO, 2008, p.3).
Leigh (1999) relata que, em 1962, Robert Glaser sintetizou o trabalho de
pesquisadores anteriores e introduziu o conceito de "design instrucional (DI)",
dizendo ser um modelo que une a análise e estudo do aprendiz para a
concepção e desenvolvimento do processo de ensino.
O termo DI relaciona-se com diversos outros, como ISD (Instructional Systems
Design), ISDD (Instructional Systems Design and Development), e SAT
(Systems Approach to Training). Qualquer destes termos propicia designar uma
metodologia que propõe um processo para identificar as necessidades do
público-alvo, desenhar a solução e avaliar os resultados, normalmente em uma
sequência de passos.
Existem muitos modelos de Design Instrucional utilizados na elaboração de
projetos de EAD. O ADDIE (Analysis, Design, Development, Implementation,
Evaluation), um dos mais difundidos, é formado por cinco fases: análise,
desenho (ou projeto), desenvolvimento, implementação e avaliação. No ADDIE
as fases ou etapas são dependentes entre si, pois o resultado de cada uma
alimenta a seguinte. Se a etapa anterior não for definitivamente concluída, as
E A D 48
demais ficam comprometidas. A seguir essas etapas são detalhadas na
perspectiva de diversos autores (BARBOSA et al., 2003; GUSTAFSON, 2002;
LOHR, 1998; HUTCHINS; HUTCHISON, 2008; VISSCHER-VOERMAN, 2006).
- A fase de análise consiste em identificar as necessidades do aluno (público
alvo) e definir claramente o “problema” que deverá ser resolvido com o curso
ou treinamento que está sendo desenhado;
- A fase de desenho (ou projeto) define quais as etapas, formas e estratégias
de se atingir os objetivos elencados na etapa anterior. O resultado desta fase é
um conjunto de materiais;
- A fase de desenvolvimento é a etapa que os materiais elencados são
desenvolvidos;
- A fase de implementação garante a execução dos materiais de instrução do
programa, segundo as estratégias definidas na fase de análise;
- A fase de avaliação não avalia o aluno, mas a eficiência do programa como
um todo.
Para se criar um programa de qualidade na modalidade EAD é necessário
desenvolver um projeto focado em quatro elementos de destaque: (i) público
alvo, (ii) relevância, (iii) estratégias pedagógicas e instrucionais, e (iv)
conteúdo.
A Figura 4 apresenta o processo de desenho instrucional, segundo a
perspectiva de Willis (1995).
E A D 49
FIGURA 4 – DESENHO INSTRUCIONAL.
FONTE: ADAPTADO DE WILLIS (1995).
3.5. PROCESSOS DE EAD E SUA GESTÃO – EXEMPLOS
Como já destacado, a complexidade e o conjunto de processos da área de
EAD é demasiadamente grande. Isto justifica a escolha de apenas um recorte
dentro desse universo.
3.5.1. PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE MATERIAL DIDÁTICO IMPRESSO
Segundo Cardoso e Silva (2008), há um enigma no planejamento da
elaboração de um material didático impresso (ou material impresso), pois as
“aulas” na EAD estão organizadas dentro de um espaço pedagógico chamado
“material didático”. Ele pode ser um simples tutorial, sugestões de leitura, listas
de exercícios, dentre outros. Além disso, muitas vezes ele deve ser capaz de
provocar e garantir a interatividade necessária para o processo de ensino-
aprendizagem.
Design (Projeto) • determina as necessidades; • analisa o público alvo; • estabelece metas.
Avaliação • revisa as metas e objetivos; • desenvolve estratégias de avaliação; • coleta e analisa dados.
Desenvolvimento • cria um sumário do conteúdo; • revisa materiais existentes; • organiza/desenvolve conteúdos; • seleciona/desenvolve materiais e a
forma de entrega.
Revisão
• desenvolve e implementa um plano de revisão.
E A D 50
Em razão de o material impresso ser a mídia mais utilizada nos cursos de EAD,
segundo o CensoEAD.Br (ABED, 2010), retém a maior atenção das
Instituições. A experiência profissional e a literatura indicam diversos formatos
para o desenvolvimento deste tipo de mídia. Algumas Instituições optam por
selecionar e contratar docentes para esta difícil tarefa de produzir o conteúdo
que posteriormente se tornará um fascículo ou livro; outras optam por capacitar
um grupo de pessoas da própria área de EAD para, sob orientação de um
professor especialista no assunto, elaborar o conteúdo; outras optam ainda
pela adoção de livros, ou, mediante acordo com editoras, utilizam excerto de
uma ou várias obras para a montagem de seu material didático impresso.
Segundo Jacó (2008), a elaboração de um Material Didático Impresso é, antes
de tudo, um ato de criação. O material tem que ser atraente, o que também
exige do criador um bom conhecimento do público alvo: quem é este público,
seus hábitos, suas necessidades. Este item torna-se um entrave ao pensar na
diversidade de público que a EAD pode atingir em um país de dimensões
continentais como o Brasil.
A autora cita também que se trata de uma relação de análise deste público,
para que seja atingido o objetivo pretendido no projeto pedagógico como um
todo.
O Quadro 8, apresentado na próxima página, representa um resumo, ordenado
alfabeticamente pelo sobrenome do autor, contendo considerações acerca do
processo de desenvolvimento de Material Didático Impresso.
E A D 51
Autor(es) Resumo e/ou Considerações Burlamarqui (2008)
É difícil escrever o texto de forma que estimule os educandos a manterem-se envolvidos, sendo que a mídia impressa é um material passivo.
Cardoso e Silva (2008)
As autoras apresentam uma proposta de estruturar uma equipe multidisciplinar que será responsável pelo desenvolvimento do conteúdo propriamente dito, orientado pelo professor responsável da disciplina. Neste modelo, após a finalização dos conteúdos, estes são encaminhados a uma equipe de revisão pedagógica, gramatical e de normas técnicas.
Grivot (2009) Para o autor, esta modalidade de ensino depende de comunicações adequadas às necessidades do curso a que se propõe, e, no estágio de desenvolvimento da EAD em nosso país, é fundamental aprofundar os estudos a respeito dos aspectos relativos à produção do material escrito para este fim. O Material Impresso para EAD tem realidade diferente do presencial, como se pode identificar pela quantidade de material já produzido que não atende às necessidades do aluno, e também pela dificuldade apresentada pelo professor/autor em elaborar este tipo de material.
Jacó (2008) O planejamento é fundamental na elaboração do Material Didático Impresso, que tem seu início no atendimento dos requisitos base da sustentação de todo o trabalho. Sua produção deve levar em consideração: a promoção dos objetivos do curso; as metas de aprendizagem a serem atingidas; a coerência pedagógica; a apresentação dos conteúdos de maneira clara e bem definida; as atividades de autoavaliação; as sugestões de leituras complementares, dentre outras. Portanto, o planejamento é a primeira e indispensável etapa do processo de criação e produção de material instrucional para EAD. Esta autora destaca alguns pontos positivos e negativos, no uso de Material Impresso:
Pontos Positivos Pontos Negativos
Permite economia na produção em escala.
Alta perecibilidade, já que os conteúdos podem perder a validade facilmente (história x informática).
Pode ser “navegado” com facilidade. O acesso aleatório a partes específicas é rápido e conveniente.
Logística complexa, tanto para armazenar quanto para estabelecer a quantidade de reproduções, com menor perda.
Não requer equipamento específico para ser utilizado.
O material impresso é pouco interativo.
Oferece portabilidade e é facilmente transportável.
A interação aluno/professor via Material Impresso não permite respostas imediatas.
É a tecnologia que os alunos estão mais familiarizados com a linguagem, o formato e o manuseio.
Não oferece possibilidade de manutenção de seu conteúdo, uma vez impresso, não há como refazer.
É uma alternativa de baixo custo e de alta durabilidade; dentre outras.
Somente com este meio é mais difícil alcançar a motivação para o estudo.
Lemos (2005) O Material Impresso tem como funções: repassar informações, ajudar a desenvolver habilidades, exemplificar a aplicação do conhecimento, dentre outras. Todo material instrucional para EAD deve levar a uma autoaprendizagem dirigida, ou seja, que se realiza na ausência do professor, mas com o apoio de um material-guia organizador e sistematizador da aprendizagem. Este material mediatiza a relação aluno-tutor ou orientador da aprendizagem.
QUADRO 8 – CONSIDERAÇÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO DE MATERIAL IMPRESSO.
E A D 52
3.5.2. PROCESSO DE TUTORIA
A tutoria, seja ela presencial ou on-line, caracteriza-se como o principal
processo de apoio à aprendizagem. Portanto, sua qualidade tem reflexo direto
na qualidade da formação do educando. O modelo de tutoria presencial possui
como vantagem a possibilidade de interação real e constante entre o aluno e
professor/tutor. Por outro lado, tem o ônus de exigir do aluno o
comprometimento em relação ao horário e sincronismo de atividade.
Já a tutoria on-line, em especial aquelas classificadas como assíncronas,
permite que o aluno tenha total flexibilidade, mas exige da instituição um
investimento maior no planejamento e preparação de materiais de apoio e
contratação e capacitação dos tutores.
O Quadro 9 apresenta considerações de alguns autores sobre o processo de
tutoria (BELLONI, 2001; BRASIL, 2007; GONZALEZ, 2005; GUTIERREZ;
PRIETO [1994 apud OLIVEIRA et al., 2004]; MILL; FIDALGO, 2007).
E A D 53
Autor(es) Resumo e/ou Considerações BRASIL(2007) Os referenciais de qualidade destacam que o corpo de tutores desempenha
papel de fundamental importância no processo educacional de cursos a distância e compõem quadro diferenciado no interior das instituições. O tutor deve ser compreendido como um dos sujeitos que participa ativamente da prática pedagógica. Suas atividades desenvolvidas a distância e/ou presencialmente devem contribuir para o desenvolvimento dos processos de ensino e de aprendizagem e para o acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico. Tendo o estudante como centro do processo educacional, um dos pilares para se garantir a qualidade de um curso a distância é a interatividade entre professores, tutores e estudantes, o que é assegurado por meio da tutoria. Este documento também cita que o corpo de tutores deve possuir qualificação adequada, compatível com as exigências do curso, e que os alunos devem ser claramente informados sobre o tipo, os horários e os demais detalhes sobre a tutoria.
Mill e Fidalgo (2007)
A relação ensino-aprendizagem agora conta, por exemplo, com o docente-tutor, que não é exatamente um professor. Entre as denominações atribuídas a este docente estão: tutor virtual, tutor eletrônico, tutor presencial, tutor de sala de aula, tutor local, orientador acadêmico, animador e diversas outras. O que caracteriza este trabalhador é sua função de acompanhar os alunos no processo de aprendizagem, que se dá, na verdade, pela intensa mediação tecnológica. Estes autores definem que tutores virtuais são os trabalhadores da educação a distância que realizam suas atividades por meio de tecnologias de comunicação a distância: telefonia, videoconferência, Ambientes Virtuais de Aprendizagem, material escrito (livros-texto), entre outros.
Gonzalez (2005)
Cabe ao professor-tutor mediar todo o desenvolvimento do curso. Ele deve responder as dúvidas apresentadas pelos estudantes, referentes ao conteúdo da disciplina, mediar a participação dos estudantes nos chats, estimulando-os a participar e a cumprir suas tarefas, e avaliar a participação de cada um. O papel do tutor pode vir a ter grande consequência no índice de evasão em cursos de EAD, visto que ele é o ponto central de contato entre as partes.
Belloni (2001) O professor será “parceiro dos estudantes no processo de construção do conhecimento, isto é, em atividades de pesquisa e na busca da inovação pedagógica”. A autora cita que não pretende esgotar a discussão sobre as funções do professor em EAD, as quais, algumas delas, estão listadas aqui: a) professor formador: orienta o estudo e a aprendizagem, dá apoio psicossocial ao estudante, ensina a pesquisar, a processar a informação e a aprender; corresponde à função pedagógica do professor na modalidade presencial; b) professor tutor: orienta o aluno em seus estudos relativos à disciplina pela qual é responsável, esclarece dúvidas e explica questões relativas da mesma, e em geral, participa das atividades de avaliação; c) monitor: função muito importante em certos tipos específicos de EAD, especialmente em algumas atividades presenciais; d) professor “recurso”: assegura uma espécie de “balcão” de respostas às dúvidas pontuais dos estudantes.
Gutierrez e Prieto (1994 apud Oliveira et al., 2004)
Esses autores elencam seis qualidades para o professor/tutor: a) possuir clara concepção de aprendizagem; b) estabelecer relações empáticas com os seus interlocutores; c) sentir o alternativo; d) partilhar sentidos; e) construir uma forte instância de personalização, embora à distância; f) facilitar a construção do conhecimento.
QUADRO 9 – CONSIDERAÇÕES SOBRE A TUTORIA.
E A D 54
3.5.3. PROCESSO DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
O assunto “avaliação da aprendizagem” é objeto de estudo de muitos
pesquisadores da educação, da psicologia e outras áreas de conhecimento.
Esta discussão, que é ampla e antiga no ensino presencial, ganha uma nova
força na EAD. Entretanto, para efeito deste estudo, será feito um recorte
especialmente na gestão do processo de avaliação.
O Quadro 10 apresenta considerações de dois autores sobre este assunto
(CME, 2007; COSTA, 2004).
Autor(es) Resumo e/ou Considerações CME (2007) O documento relata problemas e idéias sobre a questão da avaliação da
aprendizagem, e destaca que nas escolas do Rio de Janeiro é necessário que o processo de avaliação de aprendizagem deixe de ser punitivo ou classificatório. A partir do elenco dos erros mais comuns citados no trabalho, entende-se que podem ser utilizados para nortear ações do processo de gestão da avaliação: • avaliação incoerente com o processo ensino-aprendizagem desenvolvido; • uso da avaliação para controlar o comportamento dos alunos ou para punir; • autoavaliação do aluno e do professor ignoradas; • falta de prática da avaliação continuada; • critérios e padrões de avaliação não esclarecidos previamente; • avaliação dos conteúdos e dos resultados, desconhecendo o processo de aprendizagem; • destaque dos aspectos negativos, sem dar relevo aos aspectos positivos; • avaliação apenas quantitativa ou apenas qualitativa; • uso repetitivo de instrumentos de avaliação inadequados; e • desconsideração pelo contexto que envolve o processo ensino-aprendizagem.
Costa (2004) O terreno da avaliação é conceitualmente profuso e difuso onde se acomoda facilmente a desorientação. De fato, quer a bibliografia acadêmica quer a legislação sobre a avaliação confronta termos como “conhecimentos”, “conteúdos”, “competências”, “capacidades”, “aquisições”, “destrezas”, “habilidades”, “atitudes”, “comportamentos”, etc., sem que sejam imediatamente claras as fronteiras e as correlações existentes entre eles.
Ele relata a situação de que a ética de Kant é apresentada como conteúdo de um teste, e questiona: o que é que vai ser avaliado? Certo que serão as competências que o aluno adquiriu acerca da ética de Kant. Mas o exame avaliará, por exemplo, se o aluno:
(i) identifica a teoria ética de Kant num texto; (ii) explica os aspectos fundamentais da teoria em questão; (iii) identifica qual é o problema filosófico a que a teoria responde; (iv) conhece as críticas tradicionais que são apontadas à ética kantiana; ou, ainda, (v) discute a solução proposta por Kant.
QUADRO 10 – CONSIDERAÇÕES SOBRE A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM.
E A D 55
3.6. CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO
Como foi possível perceber, a EAD é formada por um conjunto de processos
complexos, e gerenciá-los é uma tarefa fundamental para se alcançar o
sucesso nos cursos deste tipo de modalidade. Cabe destacar, a
obrigatoriedade de um planejamento muito mais minucioso na EAD, se
comparado com a modalidade presencial, pois, em EAD a flexibilidade na
tomada de certas ações é menor, decorrente da distância entre professor/tutor
e alunos.
4. MÉTODO DA PESQUISA
Este capítulo apresenta a estrutura e os procedimentos metodológicos
utilizados na realização deste trabalho para se alcançar seu objetivo.
4.1. CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA
A pesquisa, segundo Diehl e Tatim (2004), constitui-se em um procedimento
racional e sistemático, cujo objetivo é proporcionar respostas aos problemas
propostos. E para se atingir o objetivo delineado é necessário usar
cuidadosamente métodos, processos e técnicas.
A metodologia pode ser caracterizada, então, como o estudo e a avaliação dos
métodos para identificar possibilidades e limitações no processo da pesquisa.
Dessa forma, pode-se dizer que é a maneira lógica de se organizar a
sequência das atividades para se alcançar o objetivo, semelhante a uma
estratégia, o que possibilita a escolha do melhor modo de acometer o
problema. É válido ressaltar que existem diversos métodos e técnicas de
pesquisa, que podem ser classificados quanto às bases lógicas de
investigação, à abordagem do problema, ao objetivo, ao propósito, ao
procedimento da pesquisa, dentre outros.
Os autores da área de Metodologia classificam as pesquisas segundo diversos
critérios; este trabalho, por sua vez, com base nos métodos e técnicas
utilizadas, pode ser classificado da seguinte maneira:
segundo os objetivos do projeto, esta é uma pesquisa exploratória, pois
visa proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a
torná-lo mais explícito (DIEHL; TATIM, 2004; GIL, 2009; LAKATOS;
MARCONI, 2005). Isso foi feito por meio do levantamento bibliográfico,
tanto sobre Produção Enxuta quanto sobre EAD, pela participação em
eventos e contato com pessoas das áreas de foco do trabalho que
METODOLOGIA 57
possuem experiência prática e que estimularam a compreensão do
objeto de estudo;
segundo a abordagem do problema pode ser classificada como
qualitativa, pois além do levantamento bibliográfico, os dados são
coletados nos contextos em que os fenômenos ocorrem (DIEHL; TATIM,
2004; GIL, 2009; SILVA; MENEZES, 2001), ou seja, em indústrias que
utilizam o sistema de Produção Enxuta e em instituições que estão
planejando ou já utilizam a Educação a Distância. A análise dos dados é
feita no decorrer do processo de levantamento.
segundo o procedimento técnico adotado, trata-se de uma pesquisa
bibliográfica, uma vez que os materiais já produzidos – livros, artigos,
manuais, normas e legislação – são utilizados para subsidiar o
arcabouço de informações preliminares necessárias (DIEHL; TATIM,
2004; GIL, 2009; SEVERINO, 2007; SILVA; MENEZES, 2001). Este tipo
de pesquisa é importante, pois permite identificar as teorias produzidas,
as quais subsidiam a análise e avaliação de sua contribuição para
compreender e explicar o problema objeto da investigação
(KÖCHE,1997).
METODOLOGIA 58
Seleção dos Princípios
Seleção das Ferramentas
Seleção das Perdas
Material Didático
Tutoria
Avaliação
Baseada nos princípios
Baseada nas ferramentas
Baseada nos tipos de perdas
Definição da Estrutura de
Análise
Revisão Bibliográfica
Produção Enxuta
Revisão Bibliográfica
EAD
Participação em Eventos,
Visitas
4.2. ETAPAS DA METODOLOGIA
FIGURA 5 – OUTLINE DA PESQUISA
Descrição dos Objetivos
Conclusão
METODOLOGIA 59
4.3. DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para alcançar o objetivo proposto neste trabalho, que era investigar quais
conceitos, técnicas, ferramentas e melhores práticas da Produção Enxuta são
aplicáveis para a melhoria da gestão de processos de Educação a Distância
em Instituições de Ensino Superior; iniciou-se com a realização da revisão da
literatura, que abrangeu tanto a área de Produção Enxuta quanto a Educação a
Distância, documentada pelos capítulos 2 e 3 deste trabalho.
Este referencial teórico, aliado a participação, durante o desenvolvimento
desse trabalho, em eventos das duas áreas, Produção Enxuta e EAD, visitas
técnicas realizadas e a experiência profissional do autor, auxiliaram na
definição da estrutura de análise e em sua posterior verificação de
aplicabilidade, documentada no capítulo 5.
4.3.1. PRODUÇÃO ENXUTA: PERDAS, PRINCÍPIOS ENXUTOS E FERRAMENTAS.
Uma das bases conceituais da Produção Enxuta é a eliminação das perdas.
Portanto, durante a etapa de revisão bibliográfica sobre a PE destacou-se os
Tipos de Perdas elencados pelos autores, ou seja: superprodução, esperas,
transporte excessivo, processos inadequados, estoque, movimentação
desnecessária e defeitos.
Ainda em relação à Produção Enxuta, Liker (2008) classifica os princípios do
Sistema Toyota de Produção em quatorze tipos, dos quais seis foram
escolhidos pela relevância com os propósitos deste trabalho, conforme citado
no Capítulo 2, seção 2.4.1. O princípio 1 foi escolhido, pois a experiência na
área de gestão permite afirmar que projetos de alta complexidade, como a
implementação de ERP, certificações na área de qualidade, e também
implementação de PE e EAD, sempre necessitam de planejamento de médio e
longo prazo.
O ciclo de vida de produtos da área educacional, como um curso de
graduação, por exemplo, envolve vários anos. Assim, levar em consideração as
METODOLOGIA 60
necessidades do mercado, acompanhar continuamente a legislação, ficar
atento aos problemas e tratá-los imediatamente após a sua identificação
impede um agravamento posterior e auxilia o processo de gestão. Isso justifica
a escolha dos princípios 2, 3 e 7.
O ambiente educacional, especialmente o do ensino superior, é considerado
um local em que seu produto resulta de atividades de grande esforço
intelectual. Por outro lado, é um local com alta concentração de especialistas
em diversas áreas de conhecimento, facilitando discussões e o aprimoramento
constante dos processos. Isso justifica a escolha dos princípios 4 e 14.
Posteriormente, foram destacados os cinco Princípios Enxutos, ou seja:
princípio do valor, do fluxo do valor, do fluxo, do sistema puxado e da perfeição.
Finalmente, foram selecionadas seis ferramentas da PE para análise. Não foi
um processo fácil, dada a variedade e foco das ferramentas. Mas, as visitas
técnicas realizadas durante a pesquisa, a troca de informações com
profissionais especialistas e a participação em eventos das duas áreas, a
percepção e experiência profissional e de gestão do autor deste trabalho
influenciaram no processo de escolha dessas ferramentas, que foram:
manufatura celular, kanban, 5S, Redução de Tempo de Setup, Kaizen e Takt
Time.
4.3.2. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
O rol de processos que permeia a EAD é muito grande, transpondo o objetivo e
escopo deste trabalho. Assim, foi necessário fazer uma escolha de apenas três
processos para enfocar este estudo. O Ministério da Educação, por meio dos
Referenciais de Qualidade para Educação Superior a Distância (BRASIL,
2007), enfatiza diversas preocupações que, junto com outras referências,
contribuíram na fundamentação da escolha de três processos, que são: i)
desenvolvimento de material didático impresso; ii) tutoria e iii) avaliação de
aprendizagem.
METODOLOGIA 61
i. desenvolvimento de material didático impresso – em razão de ser a
principal mídia utilizada atualmente nos cursos de EAD. Segundo o
CensoEAD.Br (ABED, 2010) 87,3% de todas as instituições utilizam-no,
e este percentual pode chegar a 93,8% se a amostra incluir apenas os
cursos de graduação e pós-graduação. Além disso, o material didático é
uma importante dimensão do projeto em EAD. A atenção devida à sua
qualidade deve ser diretamente proporcional à importância que ele tem
nas práticas pedagógicas e deve ser pensado de forma estratégica, pois
seu papel no contexto da relação educativa e da construção do
conhecimento é primordial (ASSIS; CRUZ, 2007; BRAGA, 2009; SALES;
NONATO, 2007).
ii. tutoria – em razão de ser um processo altamente crítico no contexto da
EAD. Segundo os Referenciais de Qualidade:
O corpo de tutores desempenha papel de fundamental importância no processo educacional de cursos superiores a distância e compõem quadro diferenciado, no interior das instituições. O tutor deve ser compreendido como um dos sujeitos que participa ativamente da prática pedagógica. Suas atividades desenvolvidas a distância e/ou presencialmente devem contribuir para o desenvolvimento dos processos de ensino e de aprendizagem [..] (BRASIL, 2007).
iii. avaliação de aprendizagem – por se tratar de um processo educativo
em que o resultado final (aprender ou não) deve ser apurado. É possível
fazer uso e analogia da ferramenta PDCA, empregada normalmente na
área de gestão, com os processos da área de educação. Normalmente o
docente de uma disciplina iniciar suas atividades por meio da elaboração
do plano de ensino, o que equivale ao “P”, ou planejamento, do ciclo
PDCA. As atividades do processo ensino-aprendizagem são realizadas,
representando a prática ou o fazer intencional do planejamento, o “D”
neste caso. Esse processo necessita ser verificado, aqui representado
pela letra “C” de checar, verificar ou avaliar. Por fim, o agir, como
conseqüência dos resultados da avaliação, representado pela letra “A”.
Em relação aos tipos de avaliação, existem diversos como a diagnóstica,
a formativa e a somativa, e cada uma pode ser aplicada a um propósito
METODOLOGIA 62
específico. Em relação às formas de avaliação, pode-se utilizar a prova
objetiva ou dissertativa, o trabalho individual ou em grupo, o seminário, o
debate, relatório, observação, auto-avaliação, o conselho de classe,
dentre outras. É relevante destacar que não é objeto deste trabalho,
analisar profundamente os métodos de avaliação, mas ater-se à gestão
desse processo.
4.3.3. ANÁLISE DA APLICABILIDADE
O processo de análise da aplicabilidade dos conceitos, princípios e ferramentas
da Produção Enxuta é apresentado no capítulo 5, e foi realizado sob três
prismas, a saber:
Aplicabilidade dos Princípios Enxutos: cada um dos princípios foi
confrontado com cada processo selecionado da EAD.
Aplicabilidade das Ferramentas da Produção Enxuta: cada ferramenta
foi confrontada com cada processo da EAD, em busca de uma análise
de aderência e aplicação.
Aplicabilidade da Eliminação das Perdas: cada tipo de perda foi
confrontado com cada processo da EAD, em busca de análise de sua
aplicação.
Concomitante com o processo da análise, abordagens práticas são relatadas a
fim de melhor compreensão, tato da análise quanto do contexto prático de
aplicação.
Finalmente, são colocadas algumas considerações e conclusões.
5. ANÁLISE DA APLICABILIDADE DOS PRINCÍPIOS E FERRAMENTAS DA
PRODUÇÃO ENXUTA
Este capítulo mescla a experiência profissional do autor com os resultados das
investigações, pesquisas e demais procedimentos metodológicos, já citados no
capítulo 1 e 4, a fim de apresentar a proposta de aplicação dos conceitos de
Produção Enxuta em projetos de EAD.
A OCDE21 (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico)
elaborou em 1997 a terceira edição do Manual de Oslo – Diretrizes para coleta
e interpretação de dados sobre inovação. Este manual (OCDE, 1997, p.55)
define inovação como “a implementação de um produto (bem ou serviço) novo
ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de
marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na
organização do local de trabalho ou nas relações externas”. Ele também
destaca que uma inovação pode consistir na implementação de uma única
mudança significativa, ou em uma série de pequenas mudanças incrementais
que podem, juntas, constituir uma mudança significativa.
Segundo Amorim et al. (2009), a busca por inovações em projetos de EAD
implica buscar melhorias nos processos de iniciação, de planejamento, de
execução, de monitoramento e de encerramento.
Diante disso, acredita-se que esta proposta possui certo grau de inovação em
suas áreas de abrangência.
21
A sigla em inglês é OECD - Organisation for Economic Co-operation and Development. Também é chamada de "Grupo dos Ricos", pois os 30 países participantes produzem juntos mais da metade de toda a riqueza do mundo. Ela influencia a política econômica e social de seus membros. Embora o Brasil não faça parte diretamente, a OECD partilha os seus conhecimentos e troca idéias com mais de 100 outros países e economias, incluindo ele, China, Rússia e até os países menos desenvolvidos de África. (Fontes: http://www.oecd.org, http://pt.wikipedia.org e “The OECD”, disponível em: http://www.oecd.org/dataoecd/15/33/34011915.pdf). Entre os dias 18 e 20 de novembro de 2009, em Florianópolis-SC, aconteceu a Conferência Internacional de Especialistas em Educação (CONFIEE) com a participação de membros da OECD. Vide: http://www.confiee2009.com.br.
ANÁLISE DA APLICABILIDADE 64
5.1. ANÁLISE BASEADA NOS PRINCÍPIOS ENXUTOS
Após uma análise sobre os Princípios Enxutos22 e mantendo-se o foco nos
processos abrangidos por este trabalho, elaborou-se uma síntese da aplicação
destes princípios na área de EAD. Antes, porém, é relevante reconsiderar que
a essência da Produção Enxuta é a eliminação de desperdícios e a produção
de riquezas, aliada à perseguição constante da perfeição (excelência).
O Quadro 11 apresenta um resumo sobre a aderência entre os Princípios
Enxutos e os Processos da EAD, e na sequência são apresentadas as
considerações.
Princípios Enxutos
Processos da EAD
Material Didático Impresso
Tutoria Avaliação
Valor
Fluxo do Valor
Fluxo
Sistema Puxado
Perfeição
QUADRO 11 – ADERÊNCIA ENTRE PRINCÍPIOS ENXUTOS E PROCESSOS DA EAD.
Princípio do Valor – esta atividade, além de ser o ponto de partida essencial
para o pensamento enxuto, é demasiadamente complexa na área de
serviços educacionais, pois envolve certo grau de subjetividade. Tem
relação direta com a qualidade e a percepção do cliente, pois, relembrando
Womack e Jones (2004), o valor definido pelo cliente só é significativo
quando expresso em termos de um produto (ou serviço) específico e que
atenda às necessidades deste cliente a um preço específico em um
momento específico.
A elaboração de projetos de cursos em EAD deverá alocar um tempo
precioso para pesquisar, medir e acompanhar a percepção de valor para
22
Consulte a seção 2.4.3 do capítulo 2 para ver os detalhes sobre os Princípios Enxutos.
ANÁLISE DA APLICABILIDADE 65
cada um dos processos-escopo do presente trabalho. Esta tarefa exige
cautela, comprometimento, multidisciplinaridade (propiciando a ampliação
da visão sobre o problema) e experiência profissional dos gestores
envolvidos.
A título de exemplo, faz-se necessário refletir sobre o impacto no valor
percebido pelo cliente se a instituição tomar as seguintes medidas:
(i) distribuir o “material didático impresso” em formato digital, transferindo o
ônus da impressão para o aluno;
(ii) disponibilizar uma cópia do material impresso, também em formato
digital (“pdf”), para que o aluno possa consultar em diversos locais, ainda
que a portabilidade do material impresso seja muito relevante;
(iii) não oferecer tutoria (suporte) por canais 0800, obrigando os alunos de
localidades externas à região da Instituição ou do polo, fazerem ligações
interurbanas;
(iv) não estipular, aos tutores não presenciais, um tempo máximo de demora
para o atendimento às dúvidas;
(v) alterar a data de avaliação presencial, que é um processo obrigatório,
por falha de planejamento ou atendimento a particularidades de apenas
um ou outro polo, sem enxergar o reflexo no todo;
(vi) demorar muito para fornecer feedback aos alunos sobre as avaliações já
realizadas, incluindo gabarito, correção e notas;
(vii) verificar se os três processos, ou seja, o material impresso, a tutoria e a
avaliação, estão preparados para atender portadores de necessidades
especiais;
(viii) implantar 20% dos componentes curriculares sob a forma de EAD – em
plena consonância com a Lei23 –, mas em cursos em que o aluno
originalmente se matriculou como presencial e sequer tem conhecimento
desta prática.
23
Portaria 4.059 de 10 de dezembro de 2004. Em seu art. 1º e §2º diz, respectivamente: “As instituições de ensino superior poderão introduzir, na organização pedagógica e curricular de seus cursos superiores reconhecidos, a oferta de disciplinas integrantes do currículo que utilizem modalidade semipresencial, com base no art. 81 da Lei n. 9.394, de 1.996, e no disposto nesta Portaria.” e “ Poderão ser ofertadas as disciplinas referidas no caput, integral ou parcialmente, desde que esta oferta não ultrapasse 20 % (vinte por cento) da carga horária total do curso”. – Fonte: MEC
ANÁLISE DA APLICABILIDADE 66
Em se tratando de educação universitária, há que se considerar os vários
tipos de clientes para se designar valor: o aluno propriamente dito, o
mercado profissional que acolherá o egresso do curso e a sociedade que
poderá usufruir de serviços deste egresso.
Princípio do Fluxo do Valor – sob a óptica dos três processos citados
(material impresso, tutoria e avaliação), a instituição deve planejar e
analisar de forma veemente o fluxo do valor. Alguns exemplos de ações
são:
(i) manter um “plano B” durante o processo de desenvolvimento do
Material Impresso, caso o autor responsável tenha problemas;
(ii) fazer o Material Impresso chegar ao aluno antes de seu uso efetivo;
(iii) ofertar alguma forma de errata, em casos de equívocos ou atualizações
no Material Impresso;
(iv) estimar a quantidade de Material Impresso a ser produzido, objetivando
a melhor relação de custo unitário e demanda de consumo;
(v) manter um “plano B” para eventualidades no processo de tutoria, ou
com o tutor, de modo que o aluno continue sendo atendido;
(vi) cogitar o desenvolvimento de soluções tecnológicas para a tutoria on-
line, de modo que funcione como dispositivos poka-yoke, a fim de
identificar ausência ou atraso nas respostas ao aluno, respostas
repetidas a muitos alunos, dentre outras;
(vii) refletir se a avaliação será a mesma para todos os polos. Se sim, como
sincronizar sua realização, evitando que uma prova “vaze” para outro
local antes do horário permitido;
(viii) capacitar, adequadamente, os tutores para fornecer informações e
feedback sobre as avaliações já realizadas, e monitorar seu
cumprimento.
Womack e Jones (2004) citam que, da mesma forma que as atividades que
não podem ser medidas não podem ser adequadamente gerenciadas, as
atividades necessárias para criar, pedir e produzir um produto específico
que não possam ser precisamente identificadas, analisadas e associadas
não podem ser questionadas, melhoradas e, por fim, aperfeiçoadas. A
ANÁLISE DA APLICABILIDADE 67
ferramenta de destaque para este princípio é o Mapeamento de Fluxo de
Valor.
Princípio do Fluxo o processo de desenvolvimento de Material Didático
Impresso geralmente é formado por etapas constituídas por idas e vindas
de versões intermediárias do conteúdo em desenvolvimento, como revisão
de adequação ao modelo instrucional de escrita, de adequação às normas
(ABNT, p.e.), revisão gramatical, dentre outras. A gestão deste processo é
importante, pois tem impacto direto no cronograma de produção do
conteúdo de um semestre de um curso de graduação, por exemplo. Se este
curso está “nascendo”, o processo seletivo pode ser comprometido em
decorrência de atrasos, se já está em funcionamento, o semestre
subsequente pode ser afetado.
No capítulo 3, durante a análise do processo de tutoria, especificamente a
tutoria presencial, foi visto que certos modelos adotam, por questões de
custo, um tutor generalista. Pode ocorrer a situação de acúmulo de dúvidas
a serem pesquisadas por este tutor em função da ausência de
conhecimento sobre finanças se ele atuar em administração geral, por
exemplo. Mesmo considerando a boa vontade por parte deste tutor, que ele
pesquisa as informações e as retoma na aula seguinte, isso pode
comprometer o tempo dessa outra aula. Isso pode ser evitado com melhor
capacitação ou especialização de tutores por disciplina.
Uma técnica citada por Womack e Jones (2004) para o fluxo “fluir” é manter
o foco no objetivo real, ou seja, um projeto específico, um semestre
específico, uma disciplina ou unidade específica, uma dúvida específica do
aluno. Todavia, jamais se pode deixar de lado a visão sistêmica e a
consequente relação de causa e efeito. Como segunda técnica, os autores
ainda citam a necessidade de ignorar as fronteiras tradicionais de tarefas,
profissionais, funções (departamentos) e empresas para se criar uma
empresa enxuta, eliminando obstáculos ao fluxo contínuo do produto ou
serviço. A terceira técnica é repensar as práticas e ferramentas específicas
ANÁLISE DA APLICABILIDADE 68
de trabalho, a fim de eliminar os fluxos reversos, as sucatas e paralisações
de todos os tipos. As ferramentas de manufatura celular, takt-time, dentre
outras, podem ser cogitadas para o propósito deste princípio.
Princípio do Sistema Puxado – em se tratando de Ensino Superior, há uma
ampla diversidade de cursos (extensão, pós-graduação e graduação).
Portanto, seus ciclos variam muito, aumentando a dificuldade de se praticar
o sistema puxado. Um curso de extensão com duração de 20 horas pode
ser rapidamente desenvolvido e implementado a partir de uma demanda
pontual, por exemplo: “como lidar com pacientes suspeitos de gripe suína”.
Um curso como este pode ser anunciado e comercializado ainda durante o
desenvolvimento do Material Didático Impresso (se houver) e do sistema de
tutoria e avaliação. Em contrapartida, uma graduação de quatro anos requer
amplo estudo de mercado, análise e adequação às regiões que será
comercializada, previsão de demanda de médio e longo prazo, dentre
outras. Neste caso, é imperativa a articulação da alta administração da
instituição com o setor de EAD para que seja possível atender ao
planejamento estratégico.
Princípio da Perfeição – para atender a este princípio, com esforço
incessante da busca pela perfeição, é necessário que o valor esteja definido
e internalizado pela instituição. Ele tem uma abrangência macro – todos os
processos, toda a Instituição –, que em doses paulatinas deve ser almejado.
Atingir a perfeição, ainda que seja algo utópico – meta –, é necessário, pois
em virtude da constante expansão dos mercados e oportunidades ocorridas
na área do Ensino Superior, como fruto da globalização, torna-se uma
obrigação para aquelas instituições que desejarem permanecer no mercado
de forma autônoma aplicar os conceitos de melhoria em processos de
negócios.
A título de sugestão, a “perfeição” pode ser identificada e posteriormente
perseguida, tomando-se por base os valores levantados pela Instituição de
Ensino Superior e pelos Referenciais de Qualidade do MEC (BRASIL,
ANÁLISE DA APLICABILIDADE 69
2007), que são utilizados como instrumentos de avaliação de cursos
superiores em EAD. Estes dois argumentos justificam a realização de
eventos kaizen sucessivamente em busca da total eliminação de
desperdícios nos processos.
5.2. ANÁLISE BASEADA NAS FERRAMENTAS DA PRODUÇÃO ENXUTA
Como apresentado no capítulo 2, o Sistema de Produção Enxuta possui
diversas ferramentas. Algumas delas foram escolhidas para compor, junto com
os processos da EAD, o escopo de análise deste trabalho. O Quadro 12
apresenta uma síntese sobre a aderência de cada uma, e na sequência, as
considerações serão detalhadas sob o prisma de cada ferramenta.
Ferramentas da PE
Processos da EAD
Material Impresso Tutoria Avaliação
Manufatura Celular
Kanban e Gestão Visual
5S
Redução de Tempo de Setup
Kaizen
Takt Time
QUADRO 12 – ADERÊNCIA ENTRE FERRAMENTAS DA PRODUÇÃO ENXUTA E OS
PROCESSOS DA EAD.
Manufatura celular – apesar de o desenvolvimento de Material Didático
Impresso nada se parecer com uma célula de manufatura industrial, é
possível aproveitar alguns dos conceitos da manufatura celular ou do
arranjo físico (layout). Como citado no capítulo 3 sobre EAD, algumas
instituições optam por compor uma equipe de profissionais interdisciplinares
para se responsabilizarem por todo o desenvolvimento do conteúdo da
ANÁLISE DA APLICABILIDADE 70
mídia impressa, sob a orientação do professor responsável pela disciplina.
Neste caso, é recomendado o “arranjo” destes profissionais em uma mesma
área ou sala, propiciando a integração e troca de informações durante o
processo de desenvolvimento.
Para os processos de tutoria e avaliação vale o mesmo raciocínio. Muitas
instituições preparam salas específicas para tutoria virtual, seja on-line ou
por telefone. Além de facilitar a montagem da infraestrutura de rede e
telefonia própria, salas desse tipo permitem a completa integração entre os
tutores, possibilitando o compartilhamento de informações sobre uma
mesma área de conhecimento ou a troca de experiências gerais sobre os
problemas que enfrentam com os alunos, os materiais, o ambiente de
aprendizagem ou com os procedimentos administrativos de apoio. A área
física e de logística da tutoria pode ser concebida de forma similar aos call-
centers, ou seja: postos de trabalho individualizado, escala de trabalho em
turnos, zoneamento de postos de trabalho de acordo com o “assunto” (por
curso, por área ou competências, dentre outras formas).
Por vezes, são montadas salas ou núcleos de avaliação responsáveis por
todo o processo avaliativo: tanto a reprodução das provas e listas de
presença (apoio logístico), como também o planejamento de Avaliação
Institucional por meio da CPA (Comissão Própria de Avaliação) e a Análise
Crítica das Avaliações aplicadas por professores especializados, em busca
de melhorias na qualidade da elaboração das mesmas (por exemplo:
redação, clareza, coerência, forma).
Kanban e Gestão Visual – é possível aplicar o uso de kanban e/ou gestão
visual nos três processos escolhidos. O kanban, mais destinado ao controle
de fluxo de produção, pode ser adaptado e aplicado no desenvolvimento da
mídia impressa, indicando prioridades de produção e pontos de
estrangulamento no cronograma, falhas (retrabalhos) e diretrizes baseadas
na situação atual da equipe de produção frente ao projeto em que está
envolvida.
ANÁLISE DA APLICABILIDADE 71
Ao considerar uma Instituição de Ensino Superior de médio ou grande
porte, com um conjunto de tutores alocados em uma área, pode-se
aproveitar os conceitos e as práticas de atendimento em call-centers e
transpor para este processo. Isso permite orientar a prioridade de
atendimento, chamadas ou mensagens pendentes, prioridades para cursos
ou disciplinas, dentre outras. Cabe destacar que estes recursos também
podem ser incorporados em um sistema informatizado, realizando as
mesmas funcionalidades, flexibilizando, assim, o ato de atender do tutor,
seja local ou virtual.
A gestão visual é uma ferramenta de aplicação mais ampla, pois pode
envolver a comunicação (visual) de outras informações, além daquelas
específicas da área de produção. Na gestão geral dos projetos de EAD, ela
pode ser aplicada como um painel de apontamento de cronogramas, de
indicadores de produtividade, de problemas, ou para eliminar desperdícios
(tempo ou recurso), compreender processos, dentre outros. Como o
kanban, ela pode ser aplicada aos três processos.
5S – esta ferramenta deve ser empregada em toda a organização, e não
apenas nos processos-escopo deste trabalho. Atualmente, muitos projetos
de EAD são fundamentados no forte uso de tecnologias, como os
ambientes on-line. Assim, é importante extrapolar a aplicação dos conceitos
5S também nesta área, utilizando cada um dos sensos na aplicação da TI.
Arquivar somente o que for necessário (senso de utilização), separado em
pastas com hierarquia e nomes significativos (senso de organização),
mantendo padronização de nomes e locais (senso de padronização) já pode
demonstrar a aplicação de 5S. Isto implicará aumento de produtividade,
melhor atendimento aos prazos, redução de erros, redução de material
perdido, dentre outros.
Redução de Tempo de Setup – este é outro método que de início pode
soar com viés somente para a área fabril. Entretanto, é possível adaptá-lo
para a área de serviços e, também, projetos de EAD. Neste caso, pode-se
ANÁLISE DA APLICABILIDADE 72
interpretar a redução de setup como sendo a capacidade de um indivíduo
ou equipe mudar rapidamente mudar de foco ou de projeto, seguindo novas
diretrizes, estratégias ou mudanças da legislação. O processo de
desenvolvimento de Material Impresso requer flexibilidade (baixo tempo de
setup) para se analisar as mudanças, os aproveitamentos, as retiradas ou
excertos de conteúdo, de forma eficiente e eficaz. A criação de textos
padronizados e objetivos, com estrutura simples e clara, pode favorecer em
muito esta economia de tempo, corroborando atividades previstas no
processo do desenho instrucional.
Um tutor que atende diversas turmas deve desenvolver a competência para
alternar atendimentos telefônicos, por exemplo, com alunos de uma ou
outra turma (ou disciplina), de maneira rápida e com segurança.
E ainda, somente a título de exemplo, a equipe de TI e infraestrutura deve
sempre buscar aperfeiçoar o tempo de troca de docentes no estúdio de
gravação e transmissão de teleaula, entre uma aula e outra.
Takt time – qual será o ritmo de produção necessário para atender a um
determinado nível de demanda, considerando os processos escolhidos para
este trabalho? O desenvolvimento de Material Didático Impresso requer
trabalho e produção intelectual, que é fortemente afetado por diversos
fatores: seja ruído no ambiente, humor do chefe ou colega de trabalho,
pressão por cumprimento de cronograma, interrupções de telefone,
cumprimento de horário de trabalho, dentre outros que podem impactar na
produtividade intelectual.
O princípio 4 apontado por Liker (2008), descrito na sessão 2.4.1 do
capítulo 2, consiste em eliminar a sobrecarga das pessoas, dos
equipamentos e da instabilidade no programa de produção. Assim, há que
se equilibrar a demanda necessária com a capacidade de produção.
Dentro do escopo de nivelamento de carga, convém destacar que a mesma
preocupação vale para o processo de tutoria. Segundo os Referenciais de
ANÁLISE DA APLICABILIDADE 73
Qualidade vigentes (BRASIL, 2007), o quadro de tutores previsto para o
processo de mediação pedagógica deve especificar uma relação numérica
estudantes/tutor capaz de permitir interação no processo de aprendizagem.
De posse deste conceito de nivelamento de carga, e por meio de analogia
com os alunos, é interessante destacar que a carga de atividades
estipulada para os alunos também deve ser cuidadosamente dimensionada,
pois, em muitos casos, o público alvo que procura cursos à distância, o faz
justamente por não ter condições de freqüentar um curso presencial, em
razão da escassez de tempo.
Outra reflexão a fazer é que o conceito de takt-time possui relação direta
com a produtividade, como destacado na seção 2.4.4 (SINGO, 1997 e
ALVAREZ; ANTUNES Jr, 2001). No entanto, processos como o de tutoria e
avaliação, quando pensados exclusivamente sob a óptica da produtividade
por vir a comprometer a qualidade do resultado final. Ou seja, impor que o
tempo utilizado para responder atendimentos de tutoria on-line seja
minimizado em razão de custos de telefonemas recebidos pelo serviço de
0800, pode afetar a qualidade desse atendimento; e, aplicar exclusivamente
provas objetivas em razão da facilidade de correção, pode comprometer a
qualidade pedagógica da avaliação.
Kaizen – este é o ingrediente que toda instituição deve seguir se quiser
atingir o Princípio da Perfeição. Como foi destacado no capítulo 2, para uma
empresa ser considerada enxuta ela deve adotar os princípios, de forma
generalizada, em toda organização. Segundo Werkema (2006), um dos
ingredientes certos é utilizar uma metodologia para se conseguir melhorias
rápidas, com emprego organizado do senso comum e da criatividade para
aprimorar um processo individual ou fluxo de valor completo. Aliado a isso,
a instituição necessita internalizar os conceitos e as práticas da Produção
Enxuta de forma sistemática e sistêmica.
Uma forma que as empresas adotam é a constituição de um comitê de
melhoria contínua. Apesar de este comitê ser focado na solução de
ANÁLISE DA APLICABILIDADE 74
problemas de escopo restrito, usualmente identificado após o Mapeamento
do Fluxo de Valor, ele poder ter a abrangência institucional, departamental
ou processual, e ele costuma ser formado por colaboradores com diferentes
funções na organização. Adaptando para o contexto deste trabalho, é
possível aplicar os conceitos do kaizen nos três processos, criando mini-
ciclos de melhoria contínua em cada processo, adotando periodicidade fixa
ou variável.
5.3. ANÁLISE BASEADA NA ELIMINAÇÃO DAS PERDAS
No capítulo 2 foram abordadas, segundo Ohno (1997), o conjunto de perdas
que devem ser eliminadas com a adoção do STP, a saber: superprodução,
esperas, transporte excessivo, processos inadequados, estoque,
movimentação desnecessária e defeitos.
O Quadro 13 apresenta a relação entre os tipos de perdas a serem eliminadas
e os processos abrangidos por este trabalho.
Tipo de Perda Processos da EAD
Material Impresso Tutoria Avaliação
Superprodução
Esperas
Processos Inadequados
Estoque
Defeitos
QUADRO 13 – RELAÇÃO ENTRE TIPOS DE PERDA E OS PROCESSOS DA EAD.
Após análise sob a luz dos três processos objetos deste estudo, reconhecem-
se as seguintes considerações sobre os tipos de perda:
Superprodução – dentro do processo de desenvolvimento de Material
Didático Impresso, este item pode significar o desenvolvimento de materiais
que não sejam necessários. Evidente que essa situação é difícil de ocorrer
ANÁLISE DA APLICABILIDADE 75
na prática, todavia, isso pode ser entendido como o resultado de uma
análise mal feita sobre o valor e o mercado potencial ou também como a
alteração de planos durante o desenvolvimento de curso, que implicará no
cancelamento do projeto e, consequentemente, na “superprodução” de
mídia impressa. Neste caso, talvez não seja possível reaver o custo desse
“estoque”, ou seja, aproveitá-lo em outro curso.
No processo de tutoria, isso pode ser interpretado como excessos de
orientações fornecidas – decorrentes de ausência de síntese e objetividade
do tutor –, ou atividades propostas. Neste caso, a “perda” pode ser evitada
por meio de orientações, capacitações e padronização.
Se for analisada a simultaneidade de disciplinas que ocorrem num curso de
graduação, por exemplo, a superprodução de avaliação pode comprometer o
rendimento geral do aluno. Neste caso, uma consequência que pode ser
notada é o desinteresse do aluno e por fim, a evasão do curso.
Esperas – os três processos podem sofrer com este tipo de perda. Na área
de desenvolvimento de Material Impresso, a espera pode ser reflexo das
seguintes situações: atraso ocasionado pelo professor conteudista, na
entrega de uma nova versão do material, após comentários do setor de
revisão gramatical ou metodológica; e demora no processo de
diagramação, feito pela gráfica, antes da aprovação para impressão final.
Na tutoria pode significar, por exemplo, atraso no feedback aos alunos.
E na avaliação, tanto a “espera” pela liberação on-line da avaliação de uma
disciplina pode gerar constrangimentos e embaraços à gestão do projeto
EAD quanto a liberação tardia de resultados, gabaritos e considerações
podem degenerar a confiabilidade neste processo e causar desistências,
trancamentos ou desrespeito e relatividade por parte dos alunos
participantes do curso.
Processos inadequados – talvez esta seja uma das grandes causas de
perdas em projetos de EAD. Ferramentas de gestão devem ser utilizadas
ANÁLISE DA APLICABILIDADE 76
com prodigalidade para otimizar os processos. O Mapeamento do Fluxo de
Valor possui um papel de destaque em busca da eliminação deste tipo de
perdas.
Estoque – este tópico deve ser destacado, não diretamente com o que se
refere ao processo de desenvolvimento do Material Impresso, mas à
quantificação do material a ser produzido. A ausência de um planejamento
e cálculos apropriados pode impactar na impressão ou compra de materiais
em excesso, acarretando perdas com o estoque desse material “parado”.
Defeitos – por se tratar de Educação, qualquer “defeito” (erro ou equívoco
cometido) pode gerar impactos relevantes. Entretanto, dentre os três
processos, destacam-se os de tutoria e avaliação como os mais críticos.
Um “defeito” no processo de tutoria pode ser entendido desde a ausência
de retorno de um tutor, frente às dúvidas dos alunos, até o fornecimento de
uma resposta não correta.
Um “defeito” no processo de avaliação pode ser interpretado como uma
questão mal-formulada, um gabarito divulgado contendo erros ou, ainda, a
falta ou o excesso de avaliações.
De forma não menos importante, pode-se considerar também como defeito
os erros no desenvolvimento do Material Impresso, embora passíveis de
correção por meio de erratas. Todavia, erro de proporção ainda maior é a
identificação do erro no Material Impresso sem sua correção nas versões
subsequentes, nem a produção e divulgação de erratas.
ANÁLISE DA APLICABILIDADE 77
5.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO
Este capítulo apresentou a análise e as propostas de implementação das
ferramentas da Produção Enxuta no auxílio da gestão de projetos de Educação
a Distância. Pelas considerações apresentadas, pode-se afirmar que é
relevante a aplicação destas e outras ferramentas da Produção Enxuta em
projetos de EAD causando sensível diferencial nesses processos analisados na
sua forma de apresentação ou execução final.
6. CONCLUSÃO
Neste trabalho buscou-se a relação entre as áreas da Administração da
Produção, especificamente a Produção Enxuta, por meio de seus princípios e
ferramentas e a Educação a Distância, uma modalidade de ensino que se
expande por todo mundo como uma alternativa ao atendimento da demanda
pela Educação Superior e como forma de atender ao paradigma da “Educação
Para Todos”, da UNESCO.
A Produção Enxuta foi motivada, entre outros, pela necessidade de se atender
a um mercado mais exigente, em termos de opções, mantendo-se a qualidade.
Isto pode ser traduzido pela demanda por flexibilidade nas opções de escolha
dos produtos, acarretando a necessidade de viabilizar a produção em lotes
pequenos.
O principal foco da Produção Enxuta, como foi apresentado no trabalho, está
na redução de desperdícios (perdas) e na busca incessante pela qualidade.
Nota-se que este foco possui forte aderência com a área educacional, portanto,
as instituições de ensino podem buscar este foco na qualidade por meio de
práticas, filosofias e tecnologias de gestão.
Ao fazer uma analogia entre a Produção Enxuta e a EAD, pode-se constatar
que a EAD possibilita o atendimento de pequenos grupos de pessoas,
chegando até o limite unitário, oriundos de várias cidades ou regiões em torno
de um mesmo polo presencial, para se formar uma turma de determinado
curso.
Três processos operacionais, encontrados na maioria dos projetos de EAD,
foram escolhidos, em razão dos Referenciais de Qualidade para Educação
Superior a Distância do MEC (BRASIL, 2007) e citados na seção 4.3.2, para
serem analisados por este trabalho. Foram eles: a tutoria, o desenvolvimento
de material didático impresso e a avaliação de aprendizagem
ANÁLISE DA APLICABILIDADE 79
Ao resgatar o objetivo do trabalho: “investigar quais são os conceitos, técnicas,
ferramentas e melhores práticas da produção enxuta que são aplicáveis para a
melhoria da gestão de processos de Educação a Distância em uma Instituição
de Ensino Superior”, pode-se afirmar que o mesmo foi atingido, mediante as
análises feitas no capítulo 5, sob os três prismas:
(i) análise baseada nos princípios enxutos – na qual os princípios
enxutos foram confrontados com cada processo da EAD. A exceção
do princípio Sistema Puxado versus tutoria e avaliação, todos os
demais confrontos demonstraram aderência e relevância.
(ii) análise baseada nas ferramentas da produção enxuta – na qual
um grupo de ferramentas da Produção Enxuta foi confrontado com
cada um dos processos. Tanto no desenvolvimento de material
impresso, como na tutoria, houve aderência de todas as ferramentas
selecionadas. No processo de avaliação, boa parte delas, também
(iii) análise baseada na eliminação das perdas – na qual o resultado
apontou uma aderência total entre o tipo de perda abordada pela
Produção Enxuta e os processos selecionados da EAD, exceto a
perda em relação ao estoque nos processos de tutoria e avaliação,
mas por não serem relacionados com o tema estoque.
O resultado deste trabalho conduz a uma contribuição de âmbito acadêmico-
prático por se tratar de duas áreas (Produção Enxuta e EAD) em destaque na
pesquisa e aplicação mundial. Considera-se que as organizações que planejam
o desenvolvimento e a implementação de projetos de EAD possam utilizar os
resultados deste estudo, com destaque aos princípios e às práticas da
Produção Enxuta durantes suas ações de gestão, particularmente nos
processos abordados por este texto.
Acredita-se que a metodologia e a visão empregada no desenvolvimento deste
trabalho, seja algo inédito na área, embora inicial, e sem a pretensão de
esgotar esta linha de pesquisa.
ANÁLISE DA APLICABILIDADE 80
6.1. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Como o foco principal deste trabalho foi o estudo de formas de melhorias da
gestão de processos da EAD, pelo uso de conceitos de Produção Enxuta,
pode-se afirmar que novas pesquisas podem ser desenvolvidas, dentre elas:
O estudo de outros processos importantes na área de EAD, como o
desenvolvimento de materiais audiovisual e/ou objetos de aprendizagem.
A análise de sob a ótica de novas ferramentas de gestão.
A realização de um questionário para a coleta de dados, a partir do qual, o
respondente deve avaliar as propostas aqui apresentadas. Este
questionário, na qualidade de uma pesquisa survey, poderia ser enviado
para um grupo selecionado de gestores ou especialistas das duas áreas de
abrangência do projeto para analisar, sob outras perspectivas, sua
aplicação prática.
81
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