apresentação 3 a ação coletiva dos estudantes 4 criação de

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1 Apresentação ......................................................................... 3 A ação coletiva dos estudantes ............................................... 4 O ambiente em que estamos .................................................... 6 Vivência e convivência ............................................................. 7 Transitoriedade ......................................................................... 8 A representação ....................................................................... 9 Dimensões do trabalho de base ................................................ 10 Criação de entidades de base ................................................ 14 Gestão democrática para um diálogo aberto ............................ 15 Criando uma entidade de base .............................................. 19 A rede do movimento estudantil ........................................... 22 Educação, os estudantes e a sociedade ................................. 25 Uma nova realidade ................................................................. 26 Jovens trabalhadores e estudantes ........................................... 28 Movimento e partidos .......................................................... 29 Expediente ........................................................................... 32

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Apresentação ......................................................................... 3

A ação coletiva dos estudantes ............................................... 4O ambiente em que estamos .................................................... 6Vivência e convivência ............................................................. 7Transitoriedade ......................................................................... 8A representação ....................................................................... 9Dimensões do trabalho de base ................................................ 10

Criação de entidades de base................................................ 14Gestão democrática para um diálogo aberto ............................ 15

Criando uma entidade de base.............................................. 19

A rede do movimento estudantil ........................................... 22

Educação, os estudantes e a sociedade ................................. 25Uma nova realidade ................................................................. 26Jovens trabalhadores e estudantes ........................................... 28

Movimento e partidos .......................................................... 29

Expediente ........................................................................... 32

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Quando nos dispusemos a mudaro mundo rebateram: “Ora, que

bobagem, é mais fácil o mundomudar vocês!”. Não nos convence-ram. Não. Não vão nos convencer.Não sonhamos porque queremosfugir da realidade, mas sim porqueesta, como não nos agrada, deve sertransformada: os incomodados quemudem o mundo.

Muitos ficaram pelo caminho.Muitos mudaram de lado, deixaramde sentir a injustiça e a barbárie.Alguns fraquejaram, é verdade, masse recompuseram e mantiveram-se depé. Há ainda aqueles que nuncadeixaram de estar conosco: esses sãoimprescindíveis.

Sempre estivemos presentes nahistória dos lutado-res e das lutadorasdo povo. Participa-mos de revoluções eguerrilhas, já fomosqueimados, enforca-dos, perseguidos,procurados, clandes-tinos, desaparecidose torturados.

E quem pensouque seria fácil? Nãofossem pelas muitasvitórias, asincontáveis derrotasjá teriam nos dissi-pado, nos arrasado.

Apresentação

Estaríamos aniquilados. Eles tentamnos calar, mas não conseguem.Somos como a mosca do baú dovelho poeta: se me matam, vem outraem meu lugar. Eles pisam nas rosas,mas a primavera permanece chegan-do, ano após ano. Não fazemos nossaparte, somos parte.

Não sabemos quanto tempo vailevar até que nossos sonhos setornem realidade. Mas não é isso queimporta: estaremos sempre e incan-savelmente dispostos a nos rebelar.

Amamos e odiamos. Sorrimos echoramos. Gritamos e sussurramos.

Cantamos, não calamos.Lutamos, não nos entregamos.

Somos da juventudeda Articulação deEsquerda, tendênciado Partido dosTrabalhadores (PT).Lutamos pelosocialismo, arevolução, a estratégiademocrático-popular,o caráter de classe doPT e trabalhamospara articular apresença da esquerdaem governosprogressistas naAmérica Latina e noBrasil com a luta pelasuperação docapitalismo.

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O descrédito da política tem sidocrescente, principalmente entre

os jovens, uma vez que é identificadacomo política tradicional, praticada porpolíticos profissionais na burocracia dospartidos, no parlamento e nos governos.

A rejeição ao modo como se faz polí-tica nestas esferas vem de longa data etem sua razão de ser. Historicamente, alógica que predomina é a troca de favo-res, a política mesquinha, o paternalismo,o personalismo, os interesses individu-ais, o compadrio, o nepotismo, o fisiolo-gismo, enfim, aquilo o que chamamosde pequena política.

Isso traz um grande problema: quemtem interesse em fazer política de ou-tro jeito se sente desmotivado por estasituação.

Mas se é verdade que a pequena po-lítica predomina nos espaços institu-cionais, também é fato que esse não éo único jeito de fazê-la e que ela acon-tece muito além da institucionalidade.Os próprios jovens têm demonstradoisso atualmente ao construir formas al-ternativas de fazer política.

Ter opinião sobre uma questão co-letiva, apresentar e defender esta posi-ção, fazer com que ela se torne reali-dade. Quem nunca fez isso? Fazemospolítica sem nem mesmo perceber. Te-mos atitudes, posturas e opiniões que

afetam a forma como a coletividadetrata determinada questão e toma suasdecisões.

Da mesma forma, não ter opinião ounão expressá-la e manter-se alheio àsquestões coletivas também é fazer po-lítica. A passividade é uma atitude po-lítica, cuja consequência imediata édeixar o campo aberto para alguns pou-cos que têm opinião sobre questõescoletivas e pretendem colocá-las emprática. Assim, não apenas se enfra-quece a democracia, que depende daparticipação, como se permite que ou-tros tomem decisões sobre questõesque dizem respeito à nossa vida.

Para fazer um contraponto a essa si-tuação devemos passar a encarar a po-lítica como um meio para que as idéi-as se tornem realidade, a forma de ma-terializar projetos que mudarão a or-dem das coisas, um instrumento quenos permite solucionar os problemasque nos afligem, dos mais simples aosmais complexos.

Trata-se de confrontar a pequena po-lítica com a grande política, na qual seleva em conta questões de impacto pro-

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fundo na vida social, que lidam comos interesses de forças poderosas, cujadisputa traz consequências de longoprazo, e nas quais os rumos de todauma sociedade são definidos.

Por isso, é preciso levar a política asério, agir com disciplina, planejamen-to, prestação de contas, tomada coleti-va das decisões, divisão de tarefas ecompromisso militante. Só assim co-locaremos a grande política no coman-do das ações coletivas.

O primeiro passo é desconstruir aapatia e a indiferença que imobilizame combater a postura passiva que as-siste a injustiça e cruza os braços. De-vemos evitar o fatalismo de quem co-loca alguns fatores condicionantescomo determinantes, diante dos quaisnada se pode fazer, e passar a acredi-tar na possibilidade de transformar, tera certeza de que mudar é difícil, mas épossível (e necessário).

Para isso, é fundamental compreen-der que devemos partir de uma reali-dade concreta, não de devaneios e fan-tasias idealizadas, mas também preci-samos de sonhos, sem o que não sepode pensar em um futuro diferente.

O segundo passo é mudar na práti-ca o modo de fazer política, nossa cul-tura política. Para ser efetiva e coeren-te, a política deve romper com a lógicapersonalista que só enfraquece a luta.Vaidades pessoais não combinam comprojetos coletivos.

A política que está a serviço de um

mundo mais justo e igualitário deve serexpressa especialmente na prática co-tidiana de quem a constrói, com pos-turas coerentes que aliem discursos epráticas condizentes com aquilo quequeremos ver no mundo.

O terceiro passo é transformar aação individual isolada, dispersa e de-sorganizada em ação coletiva, articu-lada e organizada. Não é fácil traba-lhar coletivamente, mas sem ação po-lítica coletiva, não se constrói forçasuficiente para alcançar os objetivostraçados.

Por sua vez, para ter força é precisoconstruir a unidade no interior da co-letividade, o que exige lidar com osconflitos inerentes ao debate de idéiase propostas de ação, mas sem a pre-tensão de eliminá-los. Afinal, se é ver-dade que muitas cabeças pensam me-lhor que uma só, isso só acontece por-que é das contradições e do confrontode opiniões que surgem as melhoressoluções para os problemas coletivos.

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problemas concretos dos estudantes. E,por isso, também perdem as condiçõesde acompanhar e prever as mudanças nascondições objetivas e na consciência so-cial. Portanto, continuam sendo militan-tes, mas deixam de ser lideranças.

Torna-se comum vermos militantesque passam mais tempo nas sedes dasentidades, entre os demais militantesdos movimentos, do que nas salas deaulas e laboratórios, entre os estudan-tes e compartilhando das mesmas pre-ocupações: o professor que corrige mala prova ou promove assédio moral en-tre os estudantes; a xerox que tem umafila interminável e um preço alto; ovalor do R.U e da comida da cantina;a cobrança de taxas para emissão dedocumentação, a ameaça à autonomiacientífica nos projetos de iniciação, etc.

Os militantes devem se preocuparem comparecer às aulas do mesmomodo que seus colegas, estar presen-tes nos laboratórios com a mesma fre-quência que eles, participar das sema-nas acadêmicas, feiras de ciência e pro-jetos de iniciação científica. Paravivenciar as contradições pelas quaispassam o conjunto dos estudantes é

O ambiente em que estamos

Uma das consequências do avançodo neoliberalismo foi a criação de umambiente desfavorável à organizaçãocoletiva. Prevaleceu a idéia de que aúnica via para garantir bons resultadosé a individual.

O contraponto à solidariedade, à co-letividade e à cooperação entrou comforça também na universidade. As enti-dades estudantis passaram a enfrentarcada vez mais dificuldades para atrair oconjunto dos estudantes para os espa-ços de organização do movimento.

Em paralelo, muitas lideranças es-tudantis acomodaram-se a esta situa-ção. Não têm conseguido diagnosticaras causas objetivas desta desmobiliza-ção, não mostram disposição de con-viver com as incertezas e limitaçõesdas lutas concretas.

Desligam-se das bases, tornando-seincapazes de oferecer respostas para os

Trabalho de Base

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necessário estar presente nos mesmosambientes e compartilhar das mesmasrealidades.

É no cotidiano, nas salas de aulas,corredores e laboratórios que a mili-tância terá condições de diagnosticarcorretamente as demandas que se ex-pressam e dialogar diretamente com osestudantes. Somente assim os militan-tes poderão ajudar os estudantes a pas-sar das lutas específicas para as lutasgerais, políticas.

Vivência e convivência

A própria noção de movimento so-cial supõe que seus integrantes este-jam em contato uns com os outros.Afinal, estamos falando de pessoas esão elas – com suas virtudes, qualida-des e características próprias – queconstroem as ações coletivas.

Nos locais de trabalho, estudo e con-vivência, as manifestações coletivas(festas, confraternizações, jogos, tornei-os, etc.) tornaram-se mais escassas.

A própria noção de vizinhança per-deu espaço. Crescem as áreas particula-res de lazer enquanto os espaços públi-cos de convivência foram abandonados.

Uma das facetas do “ambiente des-favorável à organização coletiva” é aalta desagregação dos laços comuni-tários e a falta de convivência em es-paços comuns.

Por isto, é fundamental promoveratividades e lutas por espaços que per-mitam esta aproximação entre os estu-dantes. Em última análise, precisamosresgatar as relações sociais entre aspessoas, pois sem estes laços comuni-tários não existem organização, açãocoletiva e luta política consciente.

Estamos falando de campeonatos, tor-neios, confraternizações, apresentaçõesartísticas e culturais, etc., bem como, aluta por salas, praças, prédios dedicadosàs entidades estudantis, centros de con-vivência, espaços culturais, etc.

Estas atividades, tanto quanto osatos, passeatas e protestos, constituemas manifestações básicas do movimen-to estudantil.

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Transitoriedade

A base social do movimento estu-dantil tem uma transitoriedade muitomais rápida que os demais movimen-tos sociais. Enquanto a transição, emalguns movimentos, pode durar déca-das ou até mesmo toda a vida de ummilitante ou de uma geração, no mo-vimento estudantil o ciclo de transiçãode um grupo de militantes se encerraem não mais que quatro ou cinco anos– isso quando muito extenso.

Portanto, um coletivo de militantesde uma determinada geração da uni-versidade tem uma tarefa fundamen-tal: preparar a geração seguinte paradar continuidade às lutas.

O quadro ganha ainda mais comple-xidade se considerarmos que, em geral:

a) a grande maioria dos estudantestem seu primeiro contato com amilitância política no própriomovimento estudantil, sendo umespaço introdutório para se viverexperiências em participaçãopolítica; e

b) os estudantes, por serem em suamaioria jovens, estão em uma fase davida em que ocorrem as principaisdefinições, inclusive sua inserção po-lítica na sociedade, sendo alvo de umaintensa disputa ideológica, da qual sedeve participar de modo ativo.

Ambos os fatores exigem que a tro-ca de experiências entre as geraçõesde estudantes seja rápida para superaro comportamento cíclico e variável domovimento. Não há tempo a perder.Cada experiência vivida deve ser co-letivizada o quanto antes. Cada com-ponente ideológico solidificado deveser difundido sem demora.

Mas não se trata apenas de umaquestão de tempo.

Caso consigamos minimizar os da-nos organizativos e políticos que a tran-sitoriedade do ME nos impõe, não per-maneceremos sujeitos ao que a con-juntura determina, e sim, atuando paradeterminá-la; não estaremos sempre re-féns das interrupções entre ciclos in-tercalados de ascenso e descenso desuas lutas, dando prosseguimento a de-terminadas reivindicações que podemexigir longos anos de luta e muitas ge-rações engajadas.

Trabalho de Base

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vindicações, lutas concretas e conquis-tas. No caso de seus membros, trata-sede garantir que todos os processos ocor-ram, desde a manifestação de insatisfa-ção até a superação do problema.

Qual é o papel da direção da entida-de? À direção de uma organização es-tudantil compete: dar consequência àsdemandas que surgem a partir dos con-flitos entre os estudantes e o projetode educação da instituição, sintetizá-las em bandeiras e metas, conduzir aslutas e reivindicações e extrair das con-tradições um recorte ideológico e es-trutural para estabelecer um vínculo or-gânico entre as lutas específicas e gerais.

A direção representa formalmente aentidade e sua base social. Mas isto nãosignifica que devem se abster de apre-sentar e defender suas opiniões, afinal,se fosse para não ter opinião nem dialo-gar com os estudantes a partir delas, bas-taria um corpo burocrático e não uma di-reção política.

A direção tem o papel de tomar de-cisões importantes em situações queexigem urgência, devendo se baseartanto nas opiniões da base social comona de seus membros. Estar na direçãode uma entidade exige muita sensibi-lidade para estabelecer uma relação re-cíproca entre a vivência prática do con-junto dos estudantes nas contradiçõesna universidade e as informações e ele-mentos da conjuntura que a direçãoreúne para formular as táticas e estra-tégias de luta.

A representação

Nem todas as organizações estudan-tis são representativas formais, muitasrepresentam segmentos estudantis demodo não-formal. Ou seja, um Dire-tório ou Centro Acadêmico representaformalmente os estudantes de um cur-so, enquanto um grupo estudantil re-gional, religioso, de negros e negras,de LGBTs, mulheres, representa o res-pectivo segmento de modo não-formal.

Ambos representam politicamentesua base social. A diferença está nograu de reconhecimento público destarepresentação; por exemplo, se o Es-tado e/ou a direção da instituição es-colar reconhecem determinada entida-de como representativa de determina-do segmento ou curso.

O fato deste reconhecimento ser ofi-cial, documentado, não garante em si arepresentatividade. Esta é reafirmada,perdida ou ampliada, a cada dia. As elei-ções das direções, por exemplo, servemcomo teste do nível de representativi-dade de uma entidade junto a sua base.

Mas o que é representar? No caso dasentidades, significa organizar as deman-das estudantis para sintetizá-las em rei-

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com as causas estudantis que estão emcurso e tenham uma relação de proxi-midade e legitimidade com os militan-tes e com as entidades.

Este importante espaço de recepçãoaos calouros também deve ser o momen-to para refletir sobre uma prática infe-lizmente ainda presente no ingresso denovos estudantes na universidade: o tro-te tradicional. Requentada por uma tra-dição que se arrasta há centenas deanos, a prática do trote é uma afronta àcultura democrática da universidade edeve ser combatida de maneira firmepelo movimento estudantil.

Longe de ser uma brincadeira, a im-posição de humilhantes condições aoscalouros compõe um ambiente univer-sitário em que a cultura da violência éperpetuada e a existência de dominan-tes e dominados é vista como natural.Além disso, é comum que a prática dotrote acompanhe e reforce manifesta-ções de machismo, racismo e homo-fobia nas universidades.

No trote, a desigualdade e a hierar-

Dimensões do trabalho de base

Para que as manifestações básicasdo movimento estudantil possam ser oponto de partida de algo mais avança-do, fazemos algumas sugestões adici-onais para a atuação dos militantes:

Envolver as entidadesÉ importante que a militância de es-

querda esteja à frente das atividades,ou pelo menos coopere com elas. E éimportante que onde dirigimos – Grê-mios, Centros Acadêmicos, DAs eDCEs –, que estas entidades estejam àfrente daquelas atividades.

Muitas vezes, os militantes de es-querda desprezam as atividades bási-cas e, com isso, o espaço fica livre paraos militantes de direita ou até mesmodeixem de ser executadas.

Realizar as calouradasA recepção dos novos estudantes é

um momento fundamental. Os calou-ros precisam ser incluídos de imediatona vida e na dinâmica da escola/aca-demia. Por estas razões é necessária arealização de uma boa calourada quedesperte entre os ingressantes o inte-resse em participar do movimento es-tudantil, o que também ajuda na reno-vação de militantes.

A calourada deve servir, também,para apresentá-los ao movimento estu-dantil, suas entidades e lutas para queos calouros desde cedo se identifiquem

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quia são legitimadas na relação esta-belecida entre os veteranos (“superio-res”) e calouros (“inferiores”). Estesúltimos, considerados “bichos” a se-rem “trotados” e domesticados sãosubmetidos a toda sorte de violênciafísica e psicológica. Lamentavelmen-te, como num ciclo vicioso, parte des-tes oprimidos de hoje serão animadosopressores dos calouros de amanhã.

Romper com esta cultura entranha-da na academia é algo indispensávelpara a construção de uma universidadeque tenha sua formação e produção deconhecimento orientadas por valoresemancipadores e para o interesse dasmaiorias. A recepção dos calouros deveser encarada pelo movimento estudan-til como uma manifestação política ecultural, de integração do estudante àvida da universidade e desta com a co-munidade que lhe abriga, a partir de va-lores humanistas e solidários. Um mo-mento privilegiado de combate à repro-dução da violência física e simbólicapresente no trote tradicional é uma opor-tunidade para apresentar o movimentoestudantil, suas entidades e lutas, des-pertando o interesse de participaçãoentre os novos estudantes.

Passar sempre nas salas de aulaOs estudantes devem saber quem

são os dirigentes de sua entidade. Porsua vez, a direção da entidade tambémdeve conhecer os estudantes a quemrepresenta.

Para cumprir essa dupla tarefa tor-na-se imprescindível que a direção daentidade, de forma regular e frequen-te, faça rodadas de passagem nas salasde aula.

Ademais, as constantes passagensem sala criam vínculos entre a direçãoda entidade e estudantes, o que acarre-ta consideráveis melhoras na gestão,tais como:

a) o estudante se sente mais avontade para frequentar a sede daentidade;

b) cria no estudante sentimento depertencimento à entidade;

c) aumenta consideravelmente adivulgação das atividades, ações,projetos e opiniões da entidade;

d) aumenta a participação nasatividades organizadas pela gestão;

e) torna mais fácil e rápido para oestudante levar suas demandaspara a entidade.

Organizar e planejarO planejamento serve para evitar

que haja dispersão ao longo da gestãode uma entidade, estabelecendo obje-tivos gerais, um diagnóstico dos limi-tes e possibilidades para a gestão, me-tas principais, ações a serem desenvol-vidas, prioridades, responsáveis e ca-lendário.

A ação coletiva dos estudantes

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Realizar avaliações periódicasÉ muito importante que os militan-

tes, especialmente os dirigentes de en-tidades, estejam abertos à avaliação, àcrítica e à autocrítica e ao balanço per-manente de suas atividades.

O balanço é o momento de verificaros erros e acertos das posições defen-didas, decisões tomadas e medidasadotadas em determinada ação.

Deve-se almejar que a cada ação de-senvolvida seja seguida por um balan-ço para gerar acúmulo coletivo de ex-periências e assimilar o aprendizadomais rapidamente, fazendo com que asações seguintes sofram as correçõesnecessárias com antecedência.

Estimular a formação políticaA escola é um momento e um espa-

ço de educação política. O movimentoestudantil também serve para educarpoliticamente.

Um bom planejamento deve levarem conta que:

a) as ações têm caráter permanente(programas) ou temporário(projetos);

b) deve expor objetivos, metas,prazos e responsáveis em torno dealternativas de soluções realistas,explícitas e alcançáveis;

c) precisa de periódica avaliaçãodo processo para garantir que asalternativas de solução possam sermodificadas a tempo,coletivamente, de forma crítica eobjetiva;

d) deve ter direcionamento político,uma vez que reflete um tipo depensamento coletivo de onde sequer chegar.

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Por isto mesmo, os militantes e asentidades estudantis devem se prepa-rar em dobro, para contribuir (e tam-bém para aprender) com o aprendiza-do político que as próprias bases fa-zem no seu dia a dia.

Por isto mesmo, é importante que aformação política do militante estudan-til combine quatro dimensões:

a formação política geral (realida-de brasileira, capitalismo, socialismo,estratégia, tática...);

uma visão política sobre a forma-ção e a futura atuação profissional decada estudante (para os estudantes daárea da saúde, portanto, é fundamen-tal o debate aprofundado sobre o SUS;para os da área de agrárias, a reformaagrária; para os estudantes das licen-ciaturas e pedagogia, as políticas edu-cacionais, etc.).

os temas da juventude; os temas da educação.

As entidades estudantis devem seposicionar na disputa de projetos deeducação.

Para que a militância tenha clarezade como se dá esta disputa, quais asposições envolvidas na disputa, o quefundamenta cada uma delas, bem comoqual o papel do movimento estudantil,é importante ter contato com temascentrais como: a história e concepçãodo ME, universidade e sociedade, or-ganização das entidades estudantis,gestão democrática, etc.

Além de qualificar a intervenção damilitância, as atividades de formaçãotambém são uma ótima porta de entra-da para envolver novos estudantes nomovimento.

A ação coletiva dos estudantes

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Os militantes, principalmentequando estão à frente da direção

de uma entidade (Grêmio, CA ouDCE) devem estar atentos a algumasquestões básicas:

Pôr os problemas na mesaAssim que surge algum problema,

tratar em reunião e expor a situaçãoabertamente, para que todos discutam,tomem decisões e ajudem a solucio-nar. Se os problemas existem e não sãopostos na mesa, ficam durante muitotempo sem solução.

Trocar informaçõesOs membros da direção de uma en-

tidade devem se manter mutuamenteinformados e trocar opiniões a respei-to das matérias que vão chegando aoseu conhecimento, o que é de grandeimportância para que se consiga umalinguagem comum. A concentração deinformações em poucos indivíduos criaa dependência da entidade a quem asdetém.

Consultar os colegasSe existem questões que não são de

conhecimento da direção da entidade,é preciso que se consultem os colegas– representantes de turma e entidades– antes de tomar decisões. Não deve-

mos fingir conhecer o que não conhe-cemos, sob o pretexto de evitar pare-cer despreparado.

Coordenar as açõesPara que os membros da entidade

obtenham sucesso nas suas ações é ne-cessário o envolvimento de todos, damesma forma que se usa todos os de-dos para tocar piano. Mas quando osdedos tocam as teclas sem ritmo, nãosai boa melodia. O mesmo serve paraos indivíduos de um grupo: devem semover com ritmo e coordenadamente,cada um com uma função.

Agarrar com firmezaPara que dêem certo, as entidades

precisam se agarrar a suas metas, ouseja, definir uma tarefa e executá-la.Se uma decisão for tomada no grupodeve haver grande comprometimentopara que a meta seja cumprida. Casocontrário, aparentamos agarrar bemnosso objetivo, mas na verdade deixa-mo-lo escapar entre os dedos.

Criação deentidades de base

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Gestão democráticapara um diálogo aberto

Um problema recorrente nas entida-des são seus métodos de diálogo comos estudantes: como boa parte não re-conhece estas organizações como suas,mas sim daqueles que “gostam de po-lítica”, a tendência é ignorar ou atémesmo se afastar e rejeitar a entidade.

Uma das razões para este quadrovem de fora: a ideologia que ora é he-gemônica desestimula a participaçãopolítica dos indivíduos.

Mas outra razão vem de dentro: ospróprios militantes às vezes comportam-se como se a entidade fosse dos militan-tes e não dos estudantes. E por isto nãoconseguem fazer com que os estudantessintam-se de fato representados, legiti-mem e construam as entidades.

Uma das características mais marcan-tes do movimento estudantil é sua dinâ-mica de funcionamento. As entidadesatuam, ao mesmo tempo, junto aos Con-selhos escolares, acadêmicos e dos mu-nicípios e com as demais entidades darede do movimento estudantil. Por estarazão, torna-se fundamental uma polí-tica de comunicação eficiente.

A seguir tratamos de alguns instru-mentos (redes sociais, jornal, ouvido-ria, balanço) que os militantes podemadotar para garantir o contato com asbases do movimento.

Mídias SociaisPara uma política de comunicação

eficaz, as novas mídias são ferramen-tas determinantes. Microblogs e redesde relacionamento social possibilitamuma interatividade constante e perma-nente. Ajudam na disseminação dasações e na produção de demandas que,muitas vezes, apenas uma parcela dos es-tudantes possui e não chega ao conheci-mento das entidades.

Também por meio das mídias sociais,os coordenadores das entidades podemmanter um contato maior entre si, tro-cando informações e atualizando instan-taneamente toda a coordenação. Outrocaráter das redes sociais na web é o gran-de potencial de mobilização. As ativida-des das entidades ganham uma dimen-são muito maior ao serem divulgadas nainternet e os estudantes podem se apro-priar das discussões e disseminar as pau-tas, lutas e eventos muito mais facilmen-te. Para tanto se deve ter:

Criação de entidades de base

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Devemos estar atentos para seu for-mato e funcionamento.

a) Informativo: uma das tarefas deum periódico estudantil é informar osestudantes sobre os acontecimentos in-ternos e externos à instituição. Nas edi-ções é importante divulgar as plenáriase reuniões da entidade, dentre outrasatividades;

b) Formativo: além de informar é im-portante que um jornal cumpra o papelde formação política. Para isto é impor-tante incluir artigos de opinião nas edi-ções, tanto sobre temas de educação eda universidade quanto temas gerais queestão em pauta na sociedade;

c) Sucinto e objetivo: os artigos deum bom jornal estudantil devem ser

Diversidade de instrumentos: Aentidade deve possuir perfis e comu-nidades no maior número possível deredes. Estes espaços precisam serpotencializados com a criação de gru-pos e listas de seguidores com temasvariados, pois boas discussões acon-tecem quando há um espaço para otema ser debatido;

Atualização: É fundamentalmanter os perfis atualizados diaria-mente. Esta é a dinâmica das redes so-ciais e as entidades precisam dar con-ta desta demanda, de maneira rápidae interativa;

Divulgação: Não adianta ter ins-trumentos de mídias sociais e nãodivulgá-las. Os estudantes até podemprocurar o perfil da entidade e adicio-ná-lo, mas é tarefa das entidades bus-car essas pessoas. Em todos os demaisinstrumentos de comunicação, os en-dereços das redes sociais precisam serdivulgados, como blogs, murais, car-tazes, etc. De igual maneira, usar ins-trumentos da mídia tradicional, comoa publicidade, para divulgar os perfisde inclusão nas novas mídias tambémpotencializa a comunicação na web.

JornalÉ um instrumento que ajuda a fazer

a entidade presente entre os estudan-tes, informá-los sobre os acontecimen-tos, emitir opinião sobre assuntos deinteresse coletivo, promover formaçãopolítica e proporcionar o lazer.

Trabalho de Base

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curtos e irem direto ao assunto, semenrolação. A capacidade de síntese éindispensável. Utilizar imagens é umaboa sugestão. Uma breve coluna so-bre o que a entidade considera bom ouruim (bola dentro e bola fora, nota deze nota zero, etc.) é um bom estímulopara a discussão dos estudantes;

d) Cultural: para estimular a leitu-ra, o dinamismo e a variedade de as-suntos é muito importante inserir su-gestões culturais (livros, autores, fil-mes, CDs, músicas, peças teatrais, ba-res, casas de espetáculo, etc.), bemcomo textos literários, poesia, letras demúsica e desenhos artísticos;

e) Periodicidade: os estudantes pas-sarão a adquirir o hábito de ler o jornale tê-lo como referência se houver peri-odicidade. As edições devem ser fecha-das com rigor no calendário. Um jornalque não dá certeza quanto à sua perio-dicidade perde credibilidade;

f) Massivo: o número de exempla-

res deve ser condizente com o númerode estudantes representados pela enti-dade que o edita. Como o objetivo éque todos o leiam, o primeiro passo éreproduzir para todos;

g) Distribuição: a melhor maneira defazer com que o estudante tenha conta-to com cada edição é entregar em mãos.A palavra de ordem é panfletar! Nemtodos os que receberem o jornal o le-rão, mas isso não deve desestimular.Passar em sala também é um importan-te meio de distribuição do jornal;

h) Equipe editorial: é preciso des-tacar uma equipe para definir a linhaeditorial, o formato e as colunas; su-gerir as pautas das edições à diretoria;redigir os artigos e/ou delegar a fun-ção aos respectivos autores, etc.

Ouvidoria e caixas de sugestãoÉ muito comum que haja perguntas,

sugestões e críticas a serem feitas à en-tidade. Isso deve ser estimulado. Os au-

Criação de entidades de base

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toritários, ditadores e tiranos, estes nãoadmitem críticas ou opiniões. Uma en-tidade que visa mobilizar e organizaros estudantes para lutar por seus direi-tos deve ter uma postura radicalmenteoposta.

No entanto, sabemos que nem to-dos os estudantes se sentem à vontadepara perguntar, opinar e criticar pes-soalmente, ou não sabem como fazê-lo caso não conheçam os membros dadiretoria da entidade.

Assim, organizar uma ouvidoria é umbom canal de diálogo, podendo ser porvia eletrônica (e-mail) ou com uma cai-xa (com papel e caneta) em um local demovimento intenso dos estudantes. Éimprescindível que todas as sugestõesidentificadas sejam respondidas.

Balanço coletivoUma gestão democrática pressupõe

diálogo coletivo e horizontal. O mes-mo espírito de diálogo da ouvidoria edo jornal deve ser mantido quando setrata de fazer um balanço da gestão.

Um bom balanço precisa de pontosde vista de quem está de fora, de quemnão faz parte da direção da entidade, dequem é representado, ou seja, de todosaqueles que pertencem à entidade.

Promover momentos específicos ecoletivos para fazer o balanço da enti-dade, ainda que possa não parecer atra-tivo e mobilizar poucos estudantes, éimportante para estabelecer uma rela-ção mais próxima e fazer com que osestudantes sintam-se pertencentesàquilo que diz respeito ao seu cotidia-no e aos seus direitos.

Os métodos e espaços para estesmomentos coletivos são variados. Po-dem ser feitos desde as tradicionais ple-nárias e reuniões de conselhos (de cen-tros e diretórios acadêmicos no caso dosDCEs ou de representantes de turmasno caso dos CAs/DAs) até em passa-das nas salas de aula, uma espécie de“bateria de plenárias”, onde cada turmatem a oportunidade de se pronunciar so-bre a atuação de sua entidade, questio-nando, criticando ou elogiando-a.

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O processo de criação das enti- dades estudantis de base, grê-

mios nas escolas e CAs, DAs nas Fa-culdades possuem semelhanças queserão apresentadas a seguir, de formasintética, servindo como uma orienta-ção geral para criação das entidades.

Primeiro é preciso descobrir se jáexistiu alguma vez uma entidade na suaescola ou curso, perguntar aos estudan-tes mais antigos, aos professores e fun-cionários.

Caso nunca tenha existido, o proce-dimento é um pouco longo, mas muitosimples. Basta seguir o passo a passoabaixo.

Caso já exista ou tenha existido umaentidade pode ir direto ao passo 3.

Criando umaentidade de base

Passo 1. A primeira coisa a fazer é juntar a turma que está a fim de criara entidade. Formar uma comissão Pró-Grêmio/Centro Acadêmico paradiscutir como este deve funcionar e coisas como: Qual deve ser o seunome; quais cargos devem existir; qual a função de cada um deles;como devem se organizar; quanto tempo a gestão deve durar, etc. Estadiscussão deve ser feita com o máximo de estudantes possível, e termi-nar com a construção do Estatuto da entidade. Para facilitar o trabalho,tem um modelo muito básico de Estatuto no Anexo1.

Passo 2. Depois que o Estatuto estiver pronto, ele precisa ser aprovado.Esta aprovação deve acontecer por meio de uma Assembléia Geral.Isso também é muito simples: Com cópias do estatuto impressas, ouuma versão online disponível, a comissão se divide e passa nas salasconvocando a assembléia para determinada data e local. No dia e lugarmarcado, a comissão deve fazer a leitura total do Estatuto e depoissubmetê-lo à votação. Todos os estudantes que estiverem presentes po-dem votar. Terminada a votação e aprovado o Estatuto, está fundada aentidade!

Passo 3. Com a fundação é preciso fazer um documento para registrartudo isso. Este documento é chamado de Ata de Fundação, que tem ummodelo no Anexo2. (É importante registrar tudo em Cartório, pois aentidade é uma pessoa jurídica e precisa ser legalizada).

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Passo 4. Depois de aprovado o Estatuto e feita a Ata de Fundação, éhora de começar os procedimentos para a eleição! Tudo deve ser feitoconforme o Estatuto, começando pela criação da comissão eleitoral.Essa comissão será a responsável por realizar toda a eleição, elaboran-do o regimento eleitoral, o edital de convocação com todos os prazos,produzir as urnas, cédulas, providenciar as listas de votação e apurar osvotos. Os membros da comissão eleitoral não podem ser candidatos edevem ser escolhidos, se possível, dentre os representantes de turma.

Passo 5. A primeira coisa que a comissão eleitoral deve fazer é divul-gar um edital convocando as eleições. Neste edital precisam constar: a)A data e local para inscrição de chapas; b) prazo de início e fim dacampanha; c) dia da eleição; e d) dia da posse da chapa eleita. Tudopode ser feito conforme o modelo do Anexo3.

Passo 6. Junto ao edital, deve ser divulgado também um regimento elei-toral (modelo no Anexo 4). No regimento deverão constar todos os direi-tos e obrigações da comissão e das chapas inscritas, bem como todos osprocedimentos eleitorais como recursos, punições, etc., além das regrasda campanha. Cabe à comissão eleitoral divulgar amplamente o edital eo regimento eleitoral.

Passo 7. Seguindo as regras e prazos estabelecidos no edital e no regi-mento, os estudantes interessados em disputar a eleição devem se or-ganizar para inscrever suas chapas. A Comissão Eleitoral deverá dis-ponibilizar uma ficha padrão para inscrição das chapas, em que conste:a) O nome e o número da chapa; b) relação dos nomes dos candidatoscom os respectivos cargos; e o que mais a comissão estabelecer comonecessário. Tem um modelo de ficha de inscrição de chapa no Anexo 5.

Passo 8. Encerrado o prazo para a inscrição das chapas, a ComissãoEleitoral homologará as inscrições, dizendo aquelas que cumpriram asregras e poderão disputar, abrindo neste instante o período de campanha!

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Pronto! A entidade de representaçãoda sua escola, curso ou faculdade jápode lhe representar junto à comuni-dade, às entidades gerais estudantis,aos conselhos municipais de sua cida-de e tudo o mais que desejar. Já podereceber os calouros, articular as car-teirinhas de estudantes e tentar conse-guir descontos no comércio da cidade,fazer festivais e lutar pelos seus direi-

Criando uma entidade de base

tos. Mas você precisa contribuir paraque ela funcione, participando das reu-niões, fiscalizando as atividades dosmembros, mostrando sua opinião eexigindo o cumprimento das propos-tas. Este é o seu espaço de organiza-ção como estudante, então, participe evá à luta!

Acesse o site www.pagina13.org.br/ju-ventude e baixe os anexos mencionados.

Passo 9. A partir de agora é com as chapas! Fazer campanha, divul-gar as propostas e apresentar suas posições ao conjunto dos estudan-tes. As chapas também poderão propor debates, caso não haja previ-são pela Comissão Eleitoral. Terminado o período da campanha, aschapas devem seguir as orientações da Comissão Eleitoral e aguardaro dia da eleição.

Passo 10. No dia da eleição, a Comissão Eleitoral deverá providenciaras urnas, cédulas e listas de votação, de modo que nenhum estudantefique impossibilitado de votar por problemas de logística. Também épapel da Comissão Eleitoral acompanhar toda a votação, tendo inclusi-ve o acompanhamento de fiscais e mesários indicados pelas chapas.

Passo 11. Encerrada a votação, a Comissão Eleitoral deverá recolher asurnas e listas de votação para iniciar a apuração dos votos. Esta, porsua vez, deve ser acompanhada por representantes de todas as chapasconcorrentes.

Passo 12. Com o fim da apuração, a Comissão Eleitoral proclamará achapa vencedora e elaborará uma Ata de Eleição (Anexo 6), discrimi-nando o resultado final do processo.

Passo 13. Eleita a chapa, é hora de tomar posse! A Comissão Eleitoralempossará a chapa vencedora para que, a partir de então, tenha início anova gestão do Grêmio/Centro Acadêmico. Também é necessária a ela-boração de uma Ata de Posse (Anexo 7), para que se comprove a datade início da gestão e quem são os seus membros.

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Agente fala de movimento estu-dantil, mas na verdade, é preciso

diferenciar o movimento dos estudan-tes e as entidades estudantis.

O movimento dos estudantes podeser mais forte ou mais fraco, a depen-der do engajamento efetivo dos mi-lhões de estudantes brasileiros.

O que causa um engajamento maiorou menor? Há muitas causas, entre elasa situação política, econômica e socialdo mundo, do país, do estado, da cida-de. Causas que vão muito além da ca-pacidade de intervenção dos militantes.

Porém, quando a estudantada estádisposta a mobilizar-se, a mobilizaçãoé mais rápida e fácil se as entidadesestudantis existem e têm uma posturaacertada.

Por outro lado, quando a estudanta-da não está disposta a mobilizar-se, émuito importante que as entidades exis-tam, para prosseguir na defesa dos in-teresses dos estudantes, mesmo quan-do a maioria destes não estão lutando.

Por isto, é fundamental manter asentidades estudantis organizadas, fun-cionando, fazendo atividades culturais,fazendo formação política dos estudan-tes, travando as pequenas (como barraro aumento do preço da xerox) e as gran-des lutas (como a aprovação da políticade ações afirmativas).

Quando falamos de entidades debase falamos do Grêmio, do Centro edo Diretório Acadêmico. Toda escoladeve ter o seu grêmio e todos os cur-sos devem ter o seu CA ou DA, poisdiante da universidade e da sociedadede um modo geral, são essas as enti-dades que representam e falam pelosestudantes.

Algumas entidades possuem um ca-ráter de representação geral. Para osestudantes secundaristas, estas são asUniões Municipais e Estaduais de Es-tudantes, enquanto que para os univer-sitários, temos os DCEs e UEEs.

O Diretório Central dos Estudantesé a entidade representativa de todos osestudantes de uma universidade ou dedeterminado campus. A União Estadu-al dos Estudantes é a entidade de re-presentação do conjunto dos estudan-tes universitários de um estado.

A rede domovimento estudantil

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Outras entidades que devemos co-nhecer são às Executivas e Federaçõesde Curso. Elas reúnem estudantes deum curso específico de todo o país. Po-demos citar como exemplo a Fened (di-reito), a FEAB (agronomia), a Abeef(engenharia florestal), a Enesso (ser-viço social), a Enebio (biologia), entrevárias outras. Seu papel é travar lutasespecíficas dos cursos como, porexemplo, a grade curricular e regula-mentação das profissões e, mais do queisso, somar forças nas grandes lutas doME brasileiro.

Cabem à UNE e à UBES assumi-rem para si a responsabilidade de or-ganizar esta complexa rede do movi-mento estudantil de modo sistêmico enacional, contribuindo para tornar efi-caz cada peça desta imensa e potenteengrenagem.

Em muitos países, o movimento es-tudantil é fragmentado em mais de umaentidade estudantil geral nacional. Aconsequência direta disto é o enfraque-cimento da mobilização e da organi-zação das lutas estudantis.

No Brasil, a fundação da União Na-cional dos Estudantes, em 1937, e daUBES, em 1948, serviram para unifi-car nacionalmente as diversas lutas es-tudantis que até então eram travadas naspoucas instituições de ensino do país.

Quanto à sua forma de organização,tanto a UNE quanto a UBES realizamcongressos de dois em dois anos para atu-alizarem sua política e renovarem suas

direções. Todo(a) estudante eleito(a) emsua escola ou universidade pode ser dele-gado ou delegada ao ConUne (congressoda UNE) ou ConUbes (congresso daUBES).

A existência de entidades de repre-sentação nacional dos estudantes brasi-leiros – com diversas correntes políti-cas representadas em seu interior – for-talece a unidade do movimento estudan-til brasileiro, tendo como objetivo aconstrução das lutas em torno das rei-vindicações específicas dos estudantese da defesa de um projeto de país.

No entanto, nas duas últimas déca-das, estas entidades nacionais foramperdendo a capacidade de fazer parteda vida cotidiana dos estudantes e per-dendo uma relação mais direta e contí-nua com os grêmios, CAs, DAs e DCEs.

Este processo tem várias causas: oneoliberalismo, o descenso das lutassociais e os erros do PT e do PCdoB.

Dentre os jovens que manifestam in-teresse na política, o PT é o partido pre-

A rede do movimento estudantil

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ferido. Mas como o PT não atua unifi-cado e organizadamente no movimen-to estudantil, a maioria das entidadesestudantis é dirigida pelo PCdoB.

Como o PCdoB não é o partido pre-ferido da maioria dos jovens que ma-nifesta interesse na política, só há umaexplicação para sua longa hegemoniaà frente da UNE, da UBES e de outrasentidades: organização. Mas há o ou-tro lado da medalha desta hegemonia:uma orientação politicamente defensi-va, institucionalizada, centralizada,muitas vezes mais preocupada emmanter o controle das entidades do queem estimular a mobilização social.

Nos anos 90, setores importantes doPT combatiam esta orientação e dis-putavam com o PCdoB a direção daUNE. Hoje, ocorre o contrário: gran-de parte do PT se adaptou a hegemo-nia do PCdoB e adotou práticas muitosemelhantes, quando não idênticas.

Vale dizer que outros setores (como oPSOL e o PSTU), embora com políticasdistintas, também incorporaram um mo-delo de dirigir as entidades que não dei-xa nada a dever ao que criticamos.

No entanto, uma mudança de parti-do na direção da UNE e da UBES porsi só não garante a transformação doME, até porque não acreditamos que osproblemas do movimento sejam resul-tados apenas ou principalmente das ca-racterísticas de sua direção.

Como a falta de representatividade elegitimidade das entidades do movi-

mento estudantil é sistêmica, apenasmedidas radicais (que vão à raiz do pro-blema) podem surtir efeito.

Duas ações combinadas são neces-sárias.

De um lado, o movimento estudan-til local, em cada escola e universida-de, deve prestar especial atenção e sededicar a aprimorar os elementos maisbásicos de atuação de uma entidade es-tudantil combativa que pretende ser re-presentante legítima dos estudantes.

Para isso, é necessário lidar com asquestões mais específicas e cotidianasda vida universitária e escolar. Somen-te fazendo-se presente e vivenciandocom os demais estudantes as contradi-ções nas variadas esferas do ambienteestudantil é que se pode vinculá-las àsquestões gerais e mais abrangentes daeducação e da sociedade.

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Trabalho de Base

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O movimento estudantil tem comofoco central de sua intervenção

na sociedade, não apenas a educaçãoem seu sentido amplo, mas, em espe-cífico, o conhecimento, objeto últimode trabalho das instituições de ensinoe dos que ali estão.

Nele reside a principal disputa exis-tente em sua esfera de atuação: comoserá produzido, o que será feito dele,quem irá manuseá-lo, com que fins, etc.

A educação representa um dos ins-trumentos mais eficientes para assegu-rar o comando ideológico e cultural dasclasses dominantes sobre as demais. Ahegemonia que exercem na produçãodo conteúdo político ideológico do co-nhecimento escolar e acadêmico garan-te a sua dominação.

Usam da apropriação do conheci-mento para satisfazer seus interessesde classe. Utilizam-se das universida-des para elaborar as idéias que justifi-quem e legitimem sua posição e as es-colas para difundi-las e reproduzi-las.

Deste modo, a responsabilidademaior do ME consiste emparticipar da disputasobre o conhecimento,afinal pode ser tanto uminstrumento de domina-ção quanto de emancipa-ção, a depender de comoé gerado e utilizado.

As escolas e universi-dades são campos de ba-talha política e ideológica,

onde devemos fazer trincheiras, resis-tir, avançar e fincar bandeiras.

As salas de aula e os laboratórios,por serem os locais onde ocorrem asproduções de conhecimentos e seremespaços de maior vivência e interaçãocoletiva dos estudantes, são lugarescentrais para que este movimento cum-pra com seu papel.

Como entendemos que estas institui-ções não são ilhas isoladas do resto dacomunidade, o movimento estudantilprecisa ir às ruas com os projetos deextensão, dialogar com a sociedade etrazer o povo para a academia em umarica troca de conhecimentos.

O ME tem uma base social determi-nada – os estudantes – que experimen-ta condições semelhantes em um dadolocal de presença e vivência, originan-do demandas específicas e comuns.

Educação, os estudantese a sociedade

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Mas os estudantes não são homo-gêneos. Na verdade, são marcados pordiferenças e conflitos de classes inter-namente. Acreditamos que as lutasentre as classes sociais definem as prin-cipais disputas na sociedade e que osestudantes constituem uma categoriae não uma classe social.

Porém, apesar de não ter uma ori-gem (e uma formação) de classe, aopção política dos estudantes definiráa posição do movimento nestas dispu-tas. Por isso que acreditamos que asentidades devem ter lado, com nítidocorte ideológico. Nas grandes lutas dasociedade tomamos partido: o dos tra-balhadores e trabalhadoras.

Uma nova realidade

Diferentemente da geração que pro-tagonizou os movimentos de 1968, quan-do o movimento estudantil foi a princi-pal representação política da juventude,ainda que não envolvesse a maioria da

juventude brasileira, hoje os jovens cons-troem uma rede cada vez mais ampla ediversificada de organizações.

O ME, portanto, embora seja aindao movimento juvenil mais organizadodo país está longe de ser a única ex-pressão organizada da diversidade dajuventude brasileira. Reconhecer issoé fundamental para o diálogo com asdemais organizações e movimentosjuvenis e com os anseios e aspiraçõesdos próprios estudantes, que cada vezmais extrapolam o meio universitário.

Temas como emprego e trabalho ga-nham mais centralidade em um am-biente de altos índices de precarizaçãoe difícil entrada no mundo de traba-lho. O ciclo de expansão neoliberalresultou em enormes contingentes dedesempregados e trabalhadores infor-mais, jovens em sua maioria. A entra-da dificultada dos jovens no mercadode trabalho é reforçada pelo ciclo vici-oso da inexperiência: não conseguememprego por conta da inexperiência esem conseguir trabalhar não adquiri-rem experiência.

Isto impacta sobre um enorme con-tingente de jovens que inicia sua inser-ção profissional, cujo padrão tem sidomarcado pela entrada precoce, precáriae instável no mundo do trabalho. Comose não bastasse, mesmo com o aumentona oferta de empregos, o acirramento dacompetição por vagas no mercado de tra-balho faz com que as ocupações quemuitas vezes eram porta de ingresso dos

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jovens trabalhadores passaram a ser dis-putadas e ocupadas pelos trabalhadoresadultos.

Ademais, a tese equivocada de queo alto índice de desemprego entre osjovens é decorrente da falta de qualifi-cação e não da baixa oferta de postosde trabalho formal tem como conse-quência o aumento da corrida por di-plomas e a procura dos bancos acadê-micos em busca de profissionalização– expectativa que geralmente é frus-trada, uma vez que a graduação não ésinônimo de lugar cativo no mercadode trabalho, muito menos de estabili-dade financeira, realização profissio-nal ou ascensão social.

Somado à centralidade do trabalhono imaginário e na realidade dos jo-vens estudantes, é preciso notar que acomposição da base social do movi-mento estudantil tem sofrido altera-

Tudo isso contribuiu para transfor-mar a cara do estudante universitário,tornando-a mais popular e menoselitista. Há cada vez mais jovens tra-balhadores nas escolas e universidades.

a) A reserva de vagas para estudan-tes negros, oriundos das escolas pú-blicas e de baixa renda;

b) o Programa Universidade paraTodos (ProUni);

c) a expansão dos setores público eprivado em municípios e regiões dis-tantes dos centros urbanos;

d) o surgimento de nichos de merca-do educacional voltados à populaçãode baixa renda; e

e) o aumento da oferta de cursos no-turnos.

ções. Como responsáveis por estamudança temos os seguintes fatores:

Educação, os estudantes e a sociedade

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regularmente ocupados em contribuircom a renda familiar “enfrentam omundo” sem condições de passar peloprocesso padronizado de preparação.

Os estudantes, por se encontraremna fase da vida de transição entre a in-fância e a vida adulta, se deparam comuma série de dúvidas e desafios. É omomento em que, geralmente, as prin-cipais definições do indivíduo ganhamforma e se consolidam: orientação po-lítica, ideológica, sexual, carreira pro-fissional, etc.

Jovens trabalhadorese estudantes

Percebemos, portanto, que para en-tender o movimento estudantil, nãobasta analisar seu espaço de atuação(escola e universidade) e seu foco dedisputa (conhecimento). É precisocompreender a si mesmo.

Afinal, quais as reais implicaçõespara o nosso movimento, o fato de sercomposto majoritariamente por jo-vens? A condição juvenil marca o mo-vimento estudantil ao longo de sua tra-jetória como movimento social orga-nizado. Ela compõe característica fun-damental de seus agentes – portanto,do conjunto de sua base social.

A condição juvenil foi equivocada-mente padronizada como um tempo amais necessário para a preparação dejovens frente à complexidade das re-lações sociais e de produção trazidaspela modernização (industrialização),que era feita por instituições especiali-zadas (escolas). Assim, os estudantessão caracterizados como aqueles quetêm a atribuição de acumular experi-ência para, somente então, “enfrentaro mundo lá fora”.

Porém, esbarramos nas relações depoder instituídas na sociedade: somen-te as classes médias e a burguesia têmcondições de manter seus filhos em talsituação de suspensão, enquanto os fi-lhos de trabalhadores das camadasmais pobres da população, que estão

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Movimentoe partidos

Historicamente nossa sociedade édividida em classes e grupos de

interesses. Por conseguinte, existem nasociedade representações destes inte-resses. Estas representações são os sin-dicatos, movimentos populares e ospartidos políticos, dentre outros.

Essas organizações disputam poli-ticamente os rumos da sociedade e suasvisões sobre as mais variadas temáti-cas. Acreditamos na concepção que osmovimentos sociais têm, como uma desuas funções, reivindicarem e organi-zarem as pautas e demandas de deter-minados segmentos da sociedade. Des-sa forma, temos uma infinidade demovimentos, organizados por tema oulocalidade de ação, tais como: movi-

mentos sociais do campo, movimentosocial da educação (como é o caso domovimento estudantil), dentre outros.

Já os partidos políticos se caracteri-zam por abarcarem os diferentes seto-res da sociedade, envolvendo as dife-rentes demandas dos respectivos seto-res organizados, e tendo como objeti-vo final não uma pauta específica, massim um projeto geral pra sociedade.

Assim sendo, é normal e legítimo queestes projetos político-sociais represen-tados por essas entidades ingressem noambiente acadêmico, uma vez que as

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escolas e universidades não estão “flu-tuando” no tempo e no espaço. E, na me-dida em que isto acontece, contribuempara relacionar a universidade e a escolacom o que ocorre extramuros.

Todavia, a relação dos partidos po-líticos e o movimento estudantil deveser pautada pela autonomia plena, bemcomo pelo respeito aos seus momen-tos próprios de formulação e tomadade decisão.

Mas como é que se faz isto na práti-ca? Um militante partidário pode serdirigente de uma entidade estudantil?No nosso entendimento sim. O crucialneste processo é o respeito à autono-mia tanto da entidade estudantil quan-to a do partido político, em especial nas

suas instâncias de decisão, que são pró-prias e diferenciadas.

Em algumas situações pode aconte-cer que a entidade estudantil em assem-bléia ou outra instância decisória, tireuma posição diferente da do partido po-lítico do militante. Nestes casos, o diri-gente quando representando sua enti-dade, obrigatoriamente deve defendera posição tirada na instância estudantil,caso contrário, além de antidemocráticoele estaria aparelhando a entidade paraas posições de seu partido. Tais postu-ras políticas acarretam que as entida-des percam a legitimidade perante abase dos estudantes.

O aparelhamento é algo nefasto parao movimento estudantil e deve sercombatido. De forma geral, podemoscaracterizar o aparelhismo como a prá-tica em que um grupo se utiliza de umaentidade, que deveria ser independen-te e autônoma, para o seu proveito eautoconstrução ou para implementar asua política, sem que isto tenha sidodebatido na entidade. Isto pode ocor-rer com partidos políticos, sindicatos,entidades estudantis e outros movi-mentos sociais.

Cuidado: Uma das característicasdas entidades quando aparelhadas sãoa falta de espaços democráticos de de-cisão. Plenárias, congressos, assem-bléias, reuniões gerais são abolidas emdetrimento de conchavos, acordos, reu-niões a portas fechadas. Isso sempresem a participação dos estudantes e

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sem o devido repasse para o coletivo.O poder de informação fica concen-trado/centralizado nas mãos de poucaspessoas que se recusam de forma vee-mente em repassá-las.

Outra demonstração clara de apare-lhamento é quando as finanças da en-tidade são tratadas como um grandemistério. Ninguém sabe e ninguém vêos recursos, e as prestações de contasque deveriam ser constantes tornam-se umas incógnitas, que nem com pres-são são mostradas as claras.

Por fim, entendemos que os parti-dos políticos, em especial os de esquer-da, quando atuando de forma indepen-dente e em parceria com os movimen-tos sociais sempre cumpriram um pa-pel importante na luta social brasileira,culminando em importantes vitórias,tais como a redemocratização do nos-so país, ampliação dos direitos sociais

e a expansão do ensino superior públi-co para citar alguns exemplos.

Historicamente, podemos notar a par-ticipação dos partidos nos mais diferen-tes movimentos. Temos que entenderisto como um passo importante no ama-durecimento do movimento, de seusmilitantes e suas entidades. Não se con-cebe movimento estudantil desconecta-do da realidade política e falar em polí-tica juntamente com partidos é naturale condizente com nossa concepção demovimento.

Assim, de forma independente esem aparelhamento, precisamos en-frentar certos preconceitos e esclare-cer alguns mitos. Temos que ter clarocada conceito referente à política es-tudantil partidária, para podermosaplicá-las de forma coerente, séria eorganizada, fortalecendo assim o mo-vimento estudantil.

Movimento e partidos

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Esta cartilha é de responsabilidade da direção nacional da Articulação de Esquerda, tendên-cia interna do Partido dos Trabalhadores. Circulação interna ao PT.

Edição: Valter PomarTexto: Coordenação Nacional da Juventude da Articulação de EsquerdaDiagramação: Sandra Luiz AlvesSecretaria Gráfica e Assinaturas: Edma Walquer [email protected]ço para correspondência: R. Silveira Martins, no147 conj. 11 São Paulo/SPCEP 01019-000

Direção Nacional da AE:Adilson Nascimento dos Santos (MS), Adriana Miranda (DF), Adriano Oliveira (RS), AilaMarques (CE), Ana Affonso (RS), Ana Lúcia(SE), Ana Rita (ES), Beto Aguiar (RS), BrunoElias (DF), Bruno Rogens (MA), Carita Rosa das Chagas (PA), Damarci Olivi (MS), DanielaMatos (MG), Denize Silva de Oliveira (MS), Denise CerqueiraVieira (TO), Dionilso Marcon(RS), Edma Walker (SP), Eduardo Loureiro (GO), Emílio Font (ES), Expedito Solaney (PE),Fabiana Malheiros (ES), Fabiana Rocha (ES), José Gilderlei (RN), Iole Iliada (SP), Iriny Lopes(ES), Isaias Dias (SP), Jandyra Uehara (SP), Janeth Anne de Almeida (SC), Jairo Rocha (MT),Joel Almeida (SE), Laudicéia Schuaba (ES), Leyse Souza Cruz (ES), Lício Lobo (SP), Lúcia[Maria Barroso Vieira] (SE), Marcel Frison (RS), Marcelo Mascarenha (PI), Marco Aurélio(MG), Mario Candido (PR), Múcio Magalhães (PE), Olavo Carneiro (RJ), Pere Petit (PA),Raquel Esteves (PE), Rosana Ramos (DF), Rafael Pops (DF), Rafael Toyama (CE), RegianeCerminaro (SP), Rubens Alves (MS), Sílvia de Lemos Vasques (RS), Sonia Hypólito (DF),Terezinha Fernandes (MA), Ubiratan Felix (BA) e Valter Pomar (SP)

Comissão de ética nacional, composta por:Eleandra Raquel Koch/RS, Rodrigo César/SP e Wagner Lino/SP

Coordenação Nacional da Juventude da Articulação de Esquerda:Armênio (RN) – [email protected]; Bárbara (ES) – [email protected]; BárbaraDutra (RJ) – [email protected]; Bruno Rogens (MA) – [email protected]; BrunoElias (DF) – [email protected]; Camila Casseb (PA) – [email protected]; Cinara(PE) – [email protected]; Denise Vieira (TO) – [email protected];Diego Pitirini (RS) – [email protected]; Dhiego Mardegan (ES) –[email protected]; Felipe “Cabelo” (PR) – [email protected]; GilPiauilino (DF) – [email protected]; Guilherme Ribeiro (MS) – [email protected];Jacqueline Farias (PI) – [email protected]; Jefferson Acevedo (GO) –[email protected]; Jonatas Moreth (DF) – [email protected]; Luciene(MA) – [email protected]; Melissa (MG) [email protected]; Patrick Campos(PE) – [email protected]; Rodrigo César (SP) – [email protected],Rutênio Motta (PI) – [email protected]; Shelen Galdino (PB) – [email protected];Tábata Silveira (RS) – [email protected]; Thiago (MT) –[email protected]ânia Silveira (CE) – [email protected]; Yanaiá Tainã (SE)– [email protected]

EXPEDIENTE