as cinco grandes religiões do mundo

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As cinco grandes religiões do mundo Nuno Maltez - 2014

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Introdução às cinco grandes religiões do mundo: Hinduísmo, Budismo, Cristianismo, Judaísmo e Islão.

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Hindusmo

As cinco grandes religies do mundoNuno Maltez - 2014

Introduo (a) Procuramos compreender o que so as cinco grandes religies do mundo (Hindusmo, Budismo, Cristianismo, Judasmo, Islo), na sua gnese, numa perspectiva histrica.Introduo (b) Iniciamos o escurso no Hindusmo, continuando pelo Budismo, Cristianismo, Judasmo, e culminamos no Islo. O primeiro apresentado na sua corrente monista e analisados principalmente os Upanixades, o segundo na corrente pr-sectria e Mahayana, o terceiro como a religio do amor e de orantes, o quarto naquela que a sua mais originria corrente, mas tambm na mstica, e o ltimo na exegese Cornica e, depois, sufista e itjihadica.Os objectivos1. (Sanatana Dharma) Moksha (salvfico) e Atman-Brahman (mstico)

2. (O Dharma do Buda) Nirvana (salvfico) e No-Dualidade (mstico) so:3. X (Christs, Messias) Paz de Cristo (salvfico) e unio com Cristo (mstico)

4. (Yahadt) Auxlio divino (salvfico) e unio em Deus (mstico)

5. (al-Islam) Paraso (salvfico) e unio com Allah (mstico)a salvao e o misticismo! So, todas elas, religies salvficas, nas quais os crentes procuram a salvao, a mudana, de um estado em que se encontram, e que sentido como insatisfatrio. So, todas elas, religies msticas, em que os crentes procuram unir-se ao sagrado, ao divino. Salvao (2011), Elizabeth Chapman

1.Hindusmo

Origem (a) Num sentido estrito, no existia Hindusmo antes dos tempos modernos [o termo surgiu no sc. XIX d.C.]. Apesar de as fontes das tradies hindustas serem muito antigas, a histria inicial do Hindusmo objecto de debate por um sem nmero de razes. O Hindusmo no uma nica religio, mas abraa muitas tradies. No tem um ponto de partida definido. As tradies que flutuam para o Hindusmo podem ir at milhares de anos atrs ()

http://hinduismebooks.blogspot.pt/2013/02/introduction-history-of-hinduism.html

Origem (b) uma religio civilizacional, ao contrrio das que tm um fundador.O primeiro perodo o Vdico, cerca de 1500 at 500 a.C.A, so compostos os Vedas, (primeiras) Escrituras do Hindusmo.A Bhagavad Gita (Escritura, pertencente ao pico Mahabharata) surge entre 500 a.C. e 500 d.C.UpanixadesFormam o cerne da filosofia indiana.Primeiro transmitidos oralmente.Significa sentar-se junto de/a.Existem cerca de 200, mas s 13 so centrais.Tempo de composio: 800-400 a.C.No representam um nico sistema de pensamento.Mapa da ndia Vdica (1500 a.C. 500 a.C.)

Muitos (deuses) em Um uma religio monotesta, apesar de algumas objeces, dada a mirade de deuses desta religio. Todos esses deuses so representaes ou avatares de um nico Deus, Brahman: O todo (Brahman) tudo o que invisvel. O todo (Brahman) tudo o que visvel. Upanixade Isavasyo 1,2

Cria, sustenta, destri Cria, sustenta, Destri Cria, Os trs avatares principais de Brahman so Brahma, Vixnu e Xiva. uma trindade, conhecida por Trimurti.Verdadeiramente, esse Um tornou-se tri-facetado Upanixade Maitri Nestas trs facetas, ele , respectivamente, o Criador, o Sustentador e o Destruidor do universo.O contnuo e a multiplicidade9. Este o velho livro de texto que o Deus Sol (Surya) dos antigos promulgou: apenas por razo da revoluo das idades que h aqui uma diferena de tempos.10. O tempo o destruidor dos mundos [o tempo tudo corri; o tempo nas coisas, relativo]; outro tempo tem como sua natureza vir a passar [como passagem, fluxo, absoluto]. Este ltimo, de acordo com ser total [a totalidade do fluxo, contnuo] ou um instante [o que um instante?], chamado por dois nomes, real (murta) e irreal (amurta) [s o fluxo existe, os instantes, momentos, acontecimentos, a multiplicidade, so irreais].11. Aquele que comea com as respiraes (prana) chamado de real [o absoluto do Absoluto vem]; aquele que comea com os tomos (truti) chamado de irreal. () [o mundo relativo, fsico, irreal]19. () no incio de um evo [aeon] (kalpa) h uma alvorada () [o comeo do relativo, da multiplicidade, o comeo do tempo, dos instantes]20. () o Evo (kalpa) () traz a destruio de tudo o que existe e denominado um dia de Brahma [cada existncia um dia de Brahma]; a sua noite [inexistncia] da mesma durao.Surya Siddhanta I

que flui da Unidade Do Tempo fluem para fora [forth] as coisas criadas. Do Tempo, tambm, elas avanam para o crescimento. No Tempo, tambm, elas desaparecem. O Tempo uma forma e sem forma tambm.Upanixade Maitri 6 14Sementes da Trimurti (1988), Eric Whollem (1949-)

As emanaes do Atman e a unidade na Prana uma religio monotesta e monista (Advaita no dois - , a corrente que aqui expomos. Existem outras, como a Samkhya, que so dualistas), na medida em que assume a existncia de um nico Deus Brahman e de uma realidade ltima em que tudo idntico ao mesmo. Tudo isto era s um Atman[-Brahman] no princpio. No existia nada mais activo. Ele pensou: eu vou criar mundos. [os mundos, samsaras, como emanaes de Atman-Brahman] Upanixade Aitareya 1 1

Ento ele torna-se unitrio nesta PranaUpanixade Kaushitaki 4 20O refgio na Prana Eu tomo refgio na respirao (prana) () Quando eu disse, Eu tomo refgio na respirao a respirao, verdadeiramente, tudo aqui que veio a ser [a actividade do Atman e as emanaes desta mundos], o que quer que seja que existe [tudo o que existe so mundos, cada atman um mundo e tudo isso Brahman]. Ento foi nisto que eu tomei refgio [na Unidade Prana-Atman-Brahman] .

Upanixade Chandogya 15, 1 3-4O esprito respirante vida universal, a vida universal imortalidade Eu sou o esprito respirante (prana), o self inteligencial (prajnatman). Como tal, reverencia-me como vida (ayus), como imortalidade. A vida o esprito respirante. O esprito respirante, verdadeiramente, vida. O esprito respirante, de facto, imortalidade [a vida universal, a corrente de seres vivos]. Pelo que, enquanto o esprito respirante permanece neste corpo, por esse momento h vida. Pelo que, de facto, com o esprito respirante neste mundo obtemos imortalidade [imortalidade por participao na vida universal] ()

Upanixade Kaushitaki 3 2Prana, Lauren Mcguier

Upanixade Kaushitaki 1 3 um mito do caminho espiritual para a imortalidade Tendo entrado neste caminho Devayana (Dirigindo-aos-Deuses), ele vem ao mundo de Agni (Fogo), depois ao mundo de Vayu (Vento), depois ao mundo de Varuna, depois ao mundo de Indra, depois ao mundo de Prajapati, depois ao mundo de Brahma [o mundo do esprito]. Este mundo-Brahma, verdadeiramente, contm o lago Ara, os momentos Yeshtiha [sacrificiais], o rio Vijara (Intemporal), a rvore Ilya, a cidade Salajya, a casa Aparajita (Inconquistada), os dois porteiros-guardies Indra e Prajapati, o hall Vibhu (Extensivo), o trono Vicakshana (Brilhando-Longinquamente), o sof Amitaujas (De Esplendor Desmedido), e a amada Manasi (Mental [pensamentos]), e a sua contraparte Cakshushi (Visual [percepes]), ambas as quais, apanhando flores, verdadeiramente tecem os mundos [os mundos so pensamentos e percepes, so pura subjectividade], e as Apsarases (Ninfas), Ambas (Mes) e Ambayavis (Enfermeiras), e os rios Ambaya (Pequenas Mes). A isto vem quem sabe isto [quem conhece as etapas de crescimento espiritual atinge o Paraso]. A esse, Brahma diz: Corre, vs, para ele! Com a minha glria, verdadeiramente, ele alcanou o rio Vijara (Intemporal) [a imortalidade]. Ele, verdadeiramente, no envelhecer.

Antes da imortalidade, os renascimentos A crena de uma renovada existncia de uma pessoa noutro corpo depois da morte [transmigrao da alma], est presente nos Upanixades, mas no como um fardo de desespero. meramente a crena na recompensa retributiva de carcter operando na localidade deste mundo [karma no samsara] em vez de na localidade do cu ou inferno. De acordo, para aqueles que so de conduta agradvel aqui o prospecto , de facto, de que entraro num tero de um Brahmane [guru/santo], ou no tero de um Kshatriya [guerreiro], ou no tero de um Vaisya [comerciante]. Mas aqueles que so de m conduta aqui, entraro num mau tero, ou o tero de um co, ou o tero de um porco, ou o tero de um excludo [harijan, intocvel] [os renascimentos, bons ou maus, dependem da conduta].

Upanixade Chandogya 5 10 7

http://oll.libertyfund.org/?option=com_staticxt&staticfile=show.php%3Ftitle=2058&chapter=154437&layout=html&Itemid=27

Enquanto houver manifestao h (re)nascimento O poder criativo do Ser Eterno (ou Esprito) que causa a manifestao da entidade viva [que causa o (re)nascimento, e a boa ou m conduta] chama-se Karma. Bhagavad Gita 8 3

E os actos (karma) de algum cessam Quando Ele [Brahman] visto [o encarnado, ao ver a natureza da Alma (Atman), torna-se unitrio, o seu fim atingido, livre da tristeza Upanixade Svetasvatara 2 14] tanto o mais alto [Para-Brahman?, Saguna Brahman?, atman universal?] como o mais baixo [Nirguna Brahman?, atman individual?].

Upanixade Mundaka 2 2Infinity mirrored room, Yayoi Kusama

Os escravos do karma Mas aqueles iludidos pelo poder ilusrio (Maya) da Natureza tornam-se apegados aos trabalhos feitos pelas foras da Natureza. () Cumpre o teu dever dedicando todos os trabalhos a Deus [sem que nos apeguemos aos frutos da aco], num padro de mente espiritual livre de desejo, apego e pesar mental [agir com leveza, aceitao das circunstncias, graciosamente]. Aqueles que praticam sempre este ensinamento Meu com f e livres de sofismas [vises incorrectas sobre a realidade] tornam-se livres da escravido do Karma. Bhagavad Gita 3 29-32 tambm se libertam Ele que sem princpio e sem fim, no meio da confuso [samsara], o Criador de tudo, de mltiplas formas, o Um abraador do universo Conhecendo Deus (deva) seja quem for liberto de todos os grilhes. Ele que para ser apreendido em existncia [unio Atman-Brahman, gnose], que chamado incorpreo, o fazedor da existncia (bhava) e da no-existncia [de tudo, da vida e da morte], o amvel (siva), Deus (deva), o fazedor da criao e das suas partes [multiplicidade] Eles que O conhecem deixaram o corpo para trs. Upanixade Svetasvatara 5 13

dos frutos da aco!As pessoas dizem: Uma pessoa feita (no de actos mas) de desejos apenas. Em resposta a isto, digo: tal como o seu desejo, tal a sua resoluo; tal como a sua resoluo, assim a aco que performa; que aco (karma) performa, isso adquire para si mesmo. Neste ponto, h este verso: Onde a mente de algum est apegada o self interior Vai a isso com aco, estando apegado exclusivamente a isso. Obtendo o fim da sua aco, O que quer que faa neste mundo, [faa bem ou mal] Ele vem de novo daquele mundo [renasce] Para este mundo de aco. [samsara] Assim o homem que deseja.

Upanixade Brihad-Aranyaka 4 5-6

Liberation, Fauzia Minallah

From her(e) to eternity [Aquele] cujo desejo a Alma as suas respiraes no partem [a sua vida respiraes eterna]. Sendo o prprio Brahma, ele vai para Brahma [sai da temporalidade e vai para a eternidade] Neste ponto, h este verso: Quando esto libertos todos Os desejos alojados no corao de algum [desejos de objectos materiais ou dos frutos da aco] Ento um mortal torna-se imortal! A ele atinge Brahma!Upanixade Brihad-Aranyaka 3 7 A infinidade do Self, Sri Aurobindo (1872-1950)Tornei-me aquilo que era antes do tempo.Um toque secreto aquietou pensamentos e sentidos:Todas as coisas criadas pela mente passam Para uma vazia e muda magnificncia.A minha vida agarrada por mos intemporais;O mundo est mergulhado num olhar imortal.Nu, o meu esprito liberta-se das roupagens;Estou sozinho com o meu self enquanto espao.O meu corao um centro da infinidade,O meu corpo, um ponto na vasta imensido da alma.Todo o grande abismo dos seres acorda debaixo de mim,Outrora visto sob uma grande ignorncia.Uma imensido sem momento, pura e simples,Estico-me para um eterno todo o lugar.Infinity mirrored room, Yayoi Kusama

O caminho da no violncia () aquele que inofensivo (ahimsant) para com todas as coisas em todo o lugar que no lugar sagrado (tirtha) ele, de facto, que vive assim ao longo da vida, atinge o mundo-Brahma e no retorna aqui novamente sim, ele no retorna aqui novamente!Upanixade Chandogya, 8 15 1Ahimsa Paramo Dharma Ahimsa Paramo Dharma uma frase snscrita popularizada por Mahatma Gandhi () para demonstrar a universalidade de Ahimsa. Traduzida latamente, Ahimsa significa no violncia, paramo significa pinculo, ltimo, ou supremo, e dharma significa dever. Ento, a frase inteira significa que a no violncia o pinculo do dever () Para algum para quem isto seja verdade, significa que no existe aplicao selectiva de ahimsa deve ser aplicada em todos os casos e em todas as matrias.

http://www.hindupedia.com/en/Ahimsa_Paramo_Dharma#MahabharataNo entantoA no violncia o ltimo dharma. Tambm o a violncia ao servio do Dharma.Dharma Himsa tathaiva ca, Swami Chinmayananda

Ahimsa, Tukaram Jadhav

Escrituras e experincia uma religio com Escrituras, mas frisa a experincia a priorstica da unio mstica de Atman e Brahman.

Quando um que v, v o brilhante Fazedor, Senhor, Pessoa, a fonte-Brahma, Ento, sendo um conhecedor, sacudindo o bem e o mal, Puro, ele obtm suprema identidade (samya) (com Ele).Upanixade Mundaka 1 3

Uma gota de orvalho no deserto (Hogen Yamahata)Centenas de ardilosas civilizaes,infindveis hbitos e doenas krmicas,montanhas de pergaminhos sagrados e preciosos ensinamentosNs, radicalmente, deixamo-los todos para trs milhares de hipnotismos e tcnicas vriase podre apego a monstruosas organizaes religiosasApesar de evos de desenvolvimentos de sabedoria smia extremamente sagaz,tal paradigma no pode afinal alcanar este momento nico,vacuidade-sentar.Quando, inesperadamente, estamos fora de todos os circuitos rgidosda nossa intrincada floresta de sistemas arranha-cusna priso das nossas cabeas encaixotadas,imediatamente, este agora de luz-vida-amor ltimo,inevitavelmente, insubstituivelmente, aqui est; a prpria resposta-realidade actuante,para tudo.Agora.

O repouso no incriado Agora a concentrao explicada. O Yoga restringir as coisas da mente (Chiita) de tomarem vrias formas (Vrtiis) [restringir a mente de criar para que repouse em si mesma, imutvel e incriada]. Nesse momento (o momento da concentrao) o vidente (o Purusha) repousa no seu prprio (in-modificado) estado [Purusha-Atman-Brahman]. Noutros momentos (outros que aquele de concentrao) o vidente identificado com as modificaes [samsara, individuaes] . [o yoga o Purusha repousando]Yoga Sutra, 1-4, Patanjali

vida eterna no cu2. Este Purusha tudo o que at agora foi e tudo o que ser [a existncia passada, presente e futura]:O Senhor da Imortalidade [aquele que decide sobre a Imortalidade dos seres, o juz, o justo] que lustra grandemente ainda por alimentos [que providencia, fisicamente e espiritualmente].3. To poderosa a sua grandeza; vs, maior do que isto Purusha [ maior do que a sua poderosa grandeza, mais do que isso, mais alm] . Todas as criaturas so um-quarto dele, trs-quartos de vida eterna no Cu. [ as criaturas mas maioritariamente vida eterna no Cu; o Purusha repousando]4. Com trs-quartos Purusha subiu: um-quarto dele novamente [renasceu] estava aqui [no samsara].11. Quando dividiram Purusha quantas pores fizeram dele [h algo acima do Purusha, que o dividiu em criaturas e Criador]?12. O Brahman era a sua boca () [continua descrio de Purusha atravs de outros deuses - Macrantropia] 14. Ento eles formaram os mundos. [esses deuses, essas partes de Purusha formaram os mundos]

Rig Veda ,Hino XC, PurushaImaginei-me, por isso nasci Quando uma pessoa aqui est a passar [a morrer], meu querido, a sua voz vai para a mente; a sua mente, para a sua respirao; a sua respirao, para o calor; o calor, para [into] a mais alta divindade. [ascenso da pessoa at divindade]. Isso que a essncia melhor todo este mundo tem isso como alma sua [se descendermos, a alma individual idntica alma colectiva]. Isso a Realidade (satya) [a realidade espiritual, mental, alma]. Isso Atman (Alma). Isso s tu [Tat Tvam Asi identidade Deus-Criatura] ()Upanixade Chandogya 6 8 6-7De As cidades, Vieira da Silva (1908-1993)

2. Budismo

Origem O Budismo tem origem na experincia de Siddharta Gautama, tambm conhecido por prncipe Shakyamuni e, mais tarde, por Buda. Pensa-se que nasceu entre 563 e 483 a. C., em Lumbini (hoje, Nepal). Era um prncipe do cl dos Shakya.

Vida palaciana e o seu abandono Siddharta viveu uma vida opulenta e protegida no palcio dos seus pais. At que, certo dia, pediu a um seu cocheiro que o levasse cidade. A, viu a doena, a velhice e a morte, o sofrimento Decidiu, ento, abandonar o palcio bem como a sua mulher e filho -, e procurar uma via de cura para o sofrimento. Tinha 29 anos. Siddharta, monge mendicante Tornou-se um monge mendicante, um asceta, vivendo sob grande austeridade e mortificando-se. Pensa-se que quase morreu de fome. Concluiu que esse sofrimento era desnecessrio e decidiu meditar at descobrir as causas e a cura para o sofrimento, com 35 anos.Siddharta torna-se Buda Sentou-se debaixo da rvore de Bodhi, na ndia, e, reza a lenda, meditou durante 49 dias, at que atingiu a Iluminao. A, o prncipe Siddharta tornou-se (um) Buda, (um) Iluminado.A rvore bodhi, Greg Gault

O que descobriu Buda na sua Iluminao? a) As Quatro Nobres Verdades Foi por no compreender, por no realizar quatro coisas, que eu, discpulos, tal como vs, tive de vaguear tanto tempo neste ciclo de renascimentos. E quais so essas quatro coisas? So: A nobre verdade do sofrimento (dukkha); A nobre verdade da origem do sofrimento (dukkha-samudaya); A nobre verdade da extino do sofrimento (dukkha-nirodha); A nobre verdade do caminho que conduz extino do sofrimento (dukkha-nirodha-gamini-patipada)Digga Nikaya Sutta 16b) O ctuplo Caminho Do mesmo modo, eu vi um antigo caminho, uma antiga estrada, percorrida pelos Despertos e Correctos de tempos anteriores. E o que esse antigo caminho, essa antiga estrada, viajada pelos Despertos e Correctos dos tempos anteriores? Apenas este nobre e ctuplo caminho: viso correcta, aspirao correcta, discurso correcto, aco correcta, vivncia correcta, esforo correcto, mindfulness correcta, concentrao corecta Eu segui esse caminho. () Conhecendo isso directamente, revelei-o a monges, freiras, a seguidores homens ou mulheres Sutta Pitaka, Nagara Sutta o caminho perfeito Livre de dor e de tortura o caminho, livre de pranto e de sofrimento: este o caminho perfeito. Na verdade, no existe outro caminho como este para a pureza introspectiva [conhece-te a ti mesmo]. Se seguirdes este caminho, acabareis com o sofrimento [o objectivo]. Mas cada um tem que lutar por si prprio [o eu o mestre do eu, h tantas pessoas quanto caminhos], os Seres Perfeitos apenas indicaram o caminho.Majjhima-Nikaya 139 e Dhammapada 274-276O eu o mestre do eu Apesar de ter descoberto o ctuplo Caminho, Buda afirmou:

O eu o mestre do eu; que outro mestre poderia existir? Puro ou impuro cada um o por si mesmo; ningum pode purificar outrem. Sede vs mesmos vossa bandeira e vosso prprio refgio. No vos confiei a nenhum refgio exterior a vs. Apegai-vos fortemente verdade. Que ela seja vossa bandeira e vosso refgio. Aqueles que assim o fizerem atingiro a meta suprema. H tantos caminhos quanto pessoas, e para cada pessoa o seu remdio (embora o Budismo frise que a prtica da meditao um dos maiores auxiliares para que se atinja a Budeidade). Nunca ningum se perdeu. Tudo verdade e caminho Fernando Pessoa (1888-1935)

O ctuplo Caminho, Marcella Norbeck-RichardsonPartir para a satisfao inconcebvel o comeo deste Samsara, difcil ser de conhecer qualquer incio dos seres que, obstrudos pela ignorncia e enredados pela cobia, correm apressadamente por este ciclo de renascimentos. E assim, h muito que vs tendes vindo a sofrer, vivendo tormento, vivendo o infortnio, a encher os cemitrios; na verdade, j h muito que vs tendes vivido o suficiente para vos sentirdes insatisfeitos com todas as formas de existncia, o bastante para partir e libertar de todas elas.Samyutta-Nikaya 15 1,13

Para alm do para almIr, ir, ir juntos para alm do para alm/ At ao cumprimento total da Via. Essncia do Sutra da Grande Sabedoria que permite ir alm de. numa nica chuva Quando praticamos zazen, estamos completamente ss no nosso zafu, mas muito bem alinhados, em harmonia com os outros. Em seguida, durante a cerimnia, essa harmonia da sangha que exprimimos e que criamos com esse acto. () Quando a sangha faz uma cerimnia no dojo, existe igualmente uma prtica-realizao: ao praticar a harmonia, realizamos a harmonia. () preciso cantar o sutra [Sutra do Corao] como se cada slaba fosse uma gota de gua no meio de uma chuva contnua. E ento todos juntos formamos uma nica chuva.Os cadernos do Dharma, n1 Maio 2011, Yves Shoshin Crettaz que refgio (Tripla Jia)

At atingir a essncia da iluminao,/ Entro em refgio nos Budas./ Tomo tambm refgio no Dharma/ E em toda a multido de Bodhisattvas.

A via do bodhisattva, II 26, Shantideva

[Sangha do Dojo Zen de Lisboa]

A doutrina perdura() a Doutrina (dharma) () que vos ensinei, ser o vosso mestre aps a minha morte.Que o Dharma seja a vossa ilha!Que o Dharma seja o vosso refgio!No procureis outro refgio!Majjhima-Nikaya 16

para quem entra na correnteMelhor do que qualquer poder mundano,Melhor do que todas as alegrias do cu,Melhor do que reinar sobre o mundo inteiro a entrada na corrente.Dhammapada 178A perna longa, Edward Hopper

da libertao E o seu corao torna-se livre da paixo sensual (kamasava), livre da paixo pela existncia (bhavasava), livre d apaixo da ignorncia (avijjasava). Estou livre! este reconhecimento surge naquele que se libertou; e sabe: O renascer est esgotado; a purificao realizada; o que tinha que ser feito foi feito; nada mais resta fazer neste mundo. Estou livre para sempre, Este o meu ltimo nascimento, Nenhuma outra existncia me espera. Isto , sem dvida, a paz mais pura e elevada ()Majjhima-Nikaya 39 e 26 Como no renascer? () atravs da extino do processo (krmico) do retorno, extingue-se o renascer ()Samyutta-Nikaya 12 43Com a sabedoria termina o renascimento () um discpulo no qual tenha desaparecido a ignorncia e aparecido a sabedoria, tal discpulo nem acumula formaes-krmicas meritrias, nem demeritrias, nem imperturbveis. Assim, atravs do completo desaparecimento e extino desta ignorncia, terminam as formaes-krmicas. Ao extinguirem-se as formaes-krmicas, termina a conscincia sensorial (renascimento).Samyutta-Nikaya 12 1,51

E a sabedoria : Nenhum deus, nenhum Brahma, pode ser designado O criador desta roda da vida [de onde vem tudo? Do nada?, possibilidades de atesmos e de monismos]; Fenmenos vazios desenrolam-se [o desenrolar-se da roda da vida, da grande roda], Dependentes das condies na sua totalidade. [todos os fenmenos, aparie,s dependem de fenmenos anteriores]Visuddhi-Magga XIX, 20da vacuidade. Que :Chamamos vacuidadeAo que surge em dependncia [ao que no por si, aos fenmenos].Visto que no existe nenhum fenmenoQue no seja uma produo dependenteNo existe nenhum fenmeno que no seja vazio. [nenhum fenmeno por si, independente de outros]NagarjunaNenhum eu No existe algo permanente e independente a que possamos chamar Atman, mas a sua inexistncia, Anatman.

Por exemplo, podemos pegar em bananeiras:/ Cortando atravs das fibras, no encontramos nada./ Do mesmo modo a investigao analtica/ No encontrar nenhum eu, nenhum si subjacente.A via do bodhissatva, IX 74, Shantideva

A vacuidade condio de possibilidade Texto Taosta, do Tao Te King, XI, de Lao Ts (cerca de scs. XIV/IV a.C.):

Treinta rayos convergen en el buje:es este vaco lo que permite al carro cumplir su funcin.Los cazos estn hechos de barro hueco:gracias a esta nada, cumplen su funcin.Puertas y ventanas se horadan para crear una alcoba,pero el valor de la alcoba estriba en su vacuidad ()

da no-dualidade Quanto mais compreendemos que tudo vacuidade, mais praticamos a compaixo universal. () Quando vemos as coisas tal como elas so, a sua interdependncia e a sua impermanncia, o egosmo desaparece e deixamos de estar separados dos outros [ o fim da dualidade, da multiplicidade, s o uno existe] . Os cadernos do Dharma, n1 Maio 2011, pp.12-13, Yves Shoshin Crettaz Demorar-se e residir no interior do samsara,/ Livre de todo o desejo insacivel e de todo o medo,/ A fim de realizar o bem daqueles que sofrem de modo ignorante:/ Tal o fruto da vacuidade.

A via do bodhisattva, IX 52, Shantideva e tem frutos compassivosPelo bem de todos os seres Para os seres sensveis, pobres e indigentes,/ Possa eu tornar-me um tesouro sempre abundante/ E permanecer diante deles ao seu alcance,/ Uma fonte mltipla de tudo o que possam precisar./ O meu corpo, pois, e tambm todos os meus bens,/ Todos os mritos obtidos e por obter,/ Eu os dou todos sem calcular o custo/ Para benefcio de todos os seres.A via do bodhisattva, III 10-11, Shantideva

3. Cristianismo

Origem (a) O Cristianismo uma religio que tem origem em Jesus Cristo, h cerca de 2000 anos. Jesus nasceu em Belm, filho de Maria e Jos, e cedo fugiu para o Egipto, pois Herodes procurar o menino para o matar (Mt 2, 13). Origem (b) Aps a morte de Herodes, partiu com os seus pais para Israel, para a regio da Galileia e foi morar numa cidade chamada Nazar () (Mt 3, 22-23) Supomos que uma certa forma de Cristianismo primitivo baseia-se somente nos ensinamentos de Jesus, como descritos nos Evangelhos bblicos, bem como nos Apcrifos.

O mandamento de Cristo (s)urge O ensinamento mais importante de Jesus Cristo o de que cada um de ns deve amar o seu Deus acima de todas as coisas e amar o seu prximo como a si mesmo. Com este mandamento, Cristo resume, segundo o mesmo, toda a Lei (judaica) e os profetas (judaicos). sob diversas formas Este mandamento surge sob diversas formas nos quatro Evangelhos includos na Bblia, a saber: S. Mateus (Mt), S. Marcos (Mc), S. Lucas (Lc), S. Joo (Jo).

em Mateus,36Mestre, qual o maior mandamento da Lei?37Jesus disse-lhe:Amars ao Senhor, teu Deus, com todo o teu corao, com toda a tua alma e com toda a tua mente.38Este o maior e o primeiro mandamento.39O segundo semelhante:Amars ao teu prximo como a ti mesmo.40Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas. Mt 22, 36-40

Marcos,Qual o primeiro de todos os mandamentos?29Jesus respondeu: O primeiro :Escuta, Israel: O Senhor nosso Deus o nico Senhor;30amars o Senhor, teu Deus, com todo o teu corao, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas foras.31O segundo este:Amars o teu prximo como a ti mesmo. No h outro mandamento maior que estes. Mc 12, 28-31Lucas e27O outro respondeu:Amars ao Senhor, teu Deus, com todo o teu corao, com toda a tua alma, com todas as tuas forase com todo o teu entendimento,e ao teu prximo como a ti mesmo.28Disse-lhe Jesus: Respondeste bem; faz isso e vivers. Lc 10, 27-28Joo, onde diferente34Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros; que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei.35Por isto que todos conhecero que sois meus discpulos: se vos amardes uns aos outros.

Jo 13, 24-35Os outros so Os outros podem ser os nossos familiares ou amigos, mas esta noo pode estender-se a toda a vida, humana e no humana, e at mais do que vida, a tudo o que existe [amor universal]. () Louvado sejas, Senhor meu, junto com todas as tuas criaturas [e criaes] ()Cntico das Criaturas, S. Francisco de Assis (1181/2-1226) os nossos irmos, 9. Porque, quem quer que escolha suportar a perseguio em vez de estar separado dos seus irmos, verdadeiramente permanece na obedincia perfeita, porque entrega a sua vida (Jn I 5 1 3) pelos seus irmos [quem so os nossos irmos?].

Francisco e Clara, As obras completas, As admoestaes III, S. Francisco de Assis

aqueles que amamos37Quem amar o pai ou a me mais do que a mim, no digno de mim. Quem amar o filho ou filha mais do que a mim, no digno de mim. [devemos amar a Mensagem, Cristo ele mesmo, por amor, mais do que queles com quem temos laos de consanguinidade; amor universal os nossos irmos so aqueles que amamos]Mt 10 pelos quais devemos agir, interceder 4. E deixem-no mostrar o seu amor pelo outro atravs dos seus actos.

Francisco e Clara, As obras completas, As admoestaes IX, S. Francisco de Assis

19() Mas a sabedoria [Cristo] foi justificada pelas suas prprias obras.Mt 11

e no apenas falar!3. Portanto, uma grande vergonha para ns, servos de Deus que () desejemos receber glria e honra por apenas recontar os seus actos [os actos de Cristo devem ser imitados e no apenas falados].

Francisco e Clara, As obras completas, As admoestaes VI, S. Francisco de Assis

Peixes enamorados, Andrew Osta

E para o fim da ansiedade e da dissipao 4. Onde h paz interior [o que a paz interior?] e meditao, no h nem ansiedade nem dissipao [que dissipao esta? Ser a dissipao da Mensagem? Ser a divagao mental (por assuntos que no so importantes nem necessrios)?].

Francisco e Clara, As obras completas, As admoestaes XXVII, S. Francisco de Assis

... a orao A tradio orante muito antiga, remonta a Cristo (12Em seguida, o Esprito impeliu-o para o deserto.13E ficou no deserto quarenta dias. [em orao e provao] Mc 1) bem como aos Padres do Deserto (a partir do sc. IV d.C.). governada pelo amor Toda a contemplao [orao] espiritual deve ser governada pela f, esperana e amor, mas sobretudo pelo amor. As primeiras duas ensinam-nos a estar desapegados das delcias visveis [desapego dos prazeres sensuais], mas o amor une a alma com a excelncia de Deus [misticismo], procurando o Invsivel por meios de percepo intelectual [o invsivel o inteligvel, as ideias, os ideais, a Mensagem, o amor].Do conhecimento espiritual e da discriminao, 1, So Diadocho de Photikia (cerca de 400-486 d.C.) at ao Silncio secreto da hesychia... Guia-nos at essa mais alta altura de conhecimento [lore] mstico [o conhecimento que leva unio com Deus], que excede toda a luz [excede todas as qualidades e qualificaes, adjectivaes] e mais do que excede o conhecimento [knowledge] [ supra-intectual, da alma do self?], onde os simples, absolutos e imutveis mistrios da Verdade celestial repousam, escondidos [a verdade transcende o mundo], na deslumbrante obscuridade [= transcenso] do Silncio secreto [incognoscibilidade do princpio mais alto], suplantando todo o brilho com a intensidade da sua escurido, [a transcendncia suplanta a imanncia, intensa, permanente, contnua], e excedendo [surchanging] os nossos intelectos cegados com a completamente impalpvel e invisvel justia das glrias [= ideias, Mensagem poderosas demais para que as compreendamos] que excedem toda a beleza! [a verdade, a Mensagem, supra-bela]

Teologia Mstica, I 1-2, Pseudo Dionsio (sc. I/IV/V d.C.) no mediada e que permite O hesicasmo uma orao silenciosa, constante, na qual existe um contacto directo, no mediado [o orante dialoga directamente com Cristo], entre o orante e Cristo. Tradicional da Igreja Ortodoxa, tem como conjunto de textos a Philokalia (scs. IV-XV d.C.), mas a sua definio to lata, que podemos incluir (quase) qualquer tipo de orao na mesma. adjectivar a quietude: Deixem o monge seguir o seu curso, especialmente porque renunciou materialidade deste mundo, de modo a ganhar as benos da quietude. Pois a prtica da quietude est cheia de alegria e beleza; o seu jugo fcil e o seu fardo, leve. Ensinamento introdutrio sobre o ascetiscimo e a quietude na vida solitria, S. Evgrios (345-399 d.C.) Texto pertencente Philokalia.Maranatha (22Vem, Senhor! 1Cor 16) A tradio da orao solitria orao que emprega uma palavra sagrada, repetida de forma contnua, no corao e no pensamento, numa postura de f uma tradio venervel no Cristianismo. Talvez tenha comeado como uma forma de reverncia pelo nome de Jesus () Esta utilizao do Santo Nome foi adoptada mais tarde nas vrias formas de hesychia e na orao a Jesus da Igreja Ortodoxa.

Por que que os meditantes cristos chamam mantra sua palavra de orao, John Main (1926-1982)

Monge junto ao mar (1809), Caspar Friedrich (1774-1840)

Paz de Cristo27Deixo-vos a paz; dou-vos a minha paz [paz interior, paz de esprito]. No como a d o mundo, que Eu vo-la dou. No se perturbe o vosso corao nem se acobarde.

Jo 14, 274. Judasmo

Origem (a) O Judasmo uma religio civilizacional, que no pode ser extirpada da histria de um povo:

7No foi por serdes mais numerosos que outros povos que o Senhor se agradou de vs e vos escolheu; vs at reis o mais pequeno de todos os povos.8Porque o Senhor vos ama e fiel ao juramento que fez a vossos pais, por isso, que, com mo forte, vos fez sair e vos salvou da casa da servido, da mo do fara, rei do Egipto.Devarim 7 Origem (b) Surgiu, pensa-se, cerca de quase 2000 anos a.C., sendo a mais antiga religio abramica. O seu maior profeta Moiss (1391-1271 a.C.), acerca de quem se diz que relatou os primeiros cinco livros do Antigo Testamento (Tanakh), que constituem o Pentateuco (Torah).

Torah Os cinco livros da Torah so conhecidos pelas suas palavras iniciais e chamam-se, respectivamente: Bereshit (No princpio) Shemot(Nomes) Vayikra(E Ele chamou) Bemidbar(No deserto de) Devarim(Palavras ou Coisas)

Tanakh (450 e 587 a.C.) Para alm da Torah, o Tanakh contm o Ketuvim (11 livros vrios: poticos, sapienciais) e o Neevim (19 livros profticos).

O Tanakh o grande corpo sapiencial originrio onde a religio judaica bebe as suas teorias e prticas.O rabino (2006), Boris Dubrov

Bereshit 12 um Deus que abenoa um povo1O Senhor disse a Abro:Deixa a tua terra, a tua famlia e a casa do teu pai, e vai para a terra que Eu te indicar.2Farei de ti um grande povo, abenoar-te-ei, engrandecerei o teu nome e sers uma fonte de benos.3Abenoarei aqueles que te abenoarem, e amaldioarei aqueles que te amaldioarem. E todas as famlias da Terra sero em ti abenoadas.

A partida de Abrao, Jzsef Molnr (1821-1899)

Salmos (Tihilim) - um Deus que ajuda o indivduoTihilim 5, 2: Ouve, Senhor, as minhas palavrase atende a minha splica.

Tihilim 6, 5: Vem, Senhor, salva a minha vida;livra-me, pela tua misericrdia.

Tihilim 7, 2: Senhor, meu Deus, a ti me confio;livra-me de todos os que me perseguem e salva-me.Debaixo dos olhos de Deus, Stacy Alexander

Uma smula: No obstante a enorme quantidade de livros que constituem o Tanakh, podemos encontrar uma hipottica smula do que o Judasmo no livro proftico de Daniel (inserido no Neevim), mais especificamente, no Cntico de Azarias (Daniel 3, 24-45):O Deus de Israel justo, recto e equitativo24Ento, passeavam no meio das chamas,louvando a Deus e bendizendo o Senhor.25Azarias, de p no meio das chamas, fez esta prece:

26Bendito e louvado sejas, Senhor,Deus dos nossos pais! [o Deus da histria de um povo]Que o teu nome seja glorificado pelos sculos!27s justo em toda a tua conduta para connosco;as tuas obras so rectas,os teus caminhos rectose os teus juzos equitativos. [um Deus justo, recto e equitativo] mesmo para os pecadores que no pem em prtica os Mandamentos28Fizeste um juzo equitativo em tudo o que nos infligistee em tudo o que infligiste cidade santa de nossos pais, Jerusalm; [Jerusalm, a cidade santa] por efeito dum juzo equitativoque nos infligiste tudo isto,por causa dos nossos pecados.29Pecmos, prevaricmos, afastmo-nos de ti; [a ideia de pecado e de que o ser humano deve estar junto a Deus. Questo: o que estar junto a Deus?]em tudo temos procedido mal;e no observmos os teus mandamentos. [os Dez Mandamentos. Ver Shemot 20, 1-17]30No os temos posto em prtica,

que so para a felicidade de um povo servil e Aliadono temos observado as leis que nos destee que eram para nossa felicidade. [os Mandamentos visam a felicidade individual e colectiva]31Em todos os males que mandaste sobre ns,em tudo o que nos infligiste,foi uma sentena justa que aplicaste.32Entregaste-nos nas mos de injustos inimigos,de mpios encarniados, sem lei,e a um rei, o mais inquo e perverso de toda a terra.33Agora no ousamos mais abrir a boca.Vergonha e infmia acabrunham os teus servos [o ser humano como servo de Deus]e todos os que te adoram.34Pelo teu nome, no nos abandones para sempre,no anules a aliana. [a aliana de Deus com Abrao, patriarca do Judasmo. Ver Bereshit 15] que quer misericrdia por causa dos seus pecados35No nos retires a tua misericrdia, [um deus misericordioso]em ateno a Abrao, teu amigo,a Isaac, teu servo,36aos quais prometestemultiplicar a sua descendncia como as estrelas do cu,e como a areia das praias do mar. [ver Bereshit 26, 4]37Senhor, estamos reduzidos a nada diante das naes,estamos hoje humilhados em face de toda a terra,por causa dos nossos pecados.

j s redimidos interiormente para reconciliao com EleAgora no h nem prncipe,nem profeta, nem chefe,nem holocausto, nem sacrifcio,nem oblao, nem incenso,nem um local para te oferecer as primciase encontrar misericrdia. [os rituais externos no servem como expiao]39Que pela contrio de coraoe humilhao de esprito,sejamos acolhidos, como se trouxssemosholocaustos de carneiros e de tourose de milhares de cordeiros gordos. [os rituais internos servem como expiao]40Que este seja hoje diante de ti o nosso sacrifcio;possa ele reconciliar-nos contigo, [a reconciliao , religao, entre o humano e o divino]pois no tm que envergonhar-seaqueles que em ti confiam.

o nico que veneram e procuram41 de todo o corao que agora te seguimos,te veneramos e procuramos a tua face; [gnose, misticismo]no nos confundas.42Trata-nos com a tua doura habitual [um Deus doce, carinhoso]e com todas as riquezas da tua misericrdia.43Livra-nos pelos teus prodgiose cobre de glria o teu nome, Senhor. [os prodgios de Deus glorificam-no]44Que sejam confundidos os que maltratam os teus servos,que sintam vergonha, ao verem-se sem podere aniquilados na sua fora.45Assim, sabero que Tu s o Senhor Deus nico, [uma religio monotesta]glorioso em toda a superfcie da terra!Ilustrao do Cntico de Azarias

A Torah a Verdade e o Criador O Rabino Shi mon disse() Venham e vejam: () Se assim com os anjos, quo mais com a Torah Que os criou e a todos os mundos E por cuja causa existem. [a Torah a palavra que criou o mundo e as criaturas, mais do que a palavra da verdade a Verdade, e tem poder criador, o Criador Ele mesmo]Zohar (sc. II a.C./XIII d.C.) a semente semi-escondida que vivifica o mundo Se fosse completamente escondido [Deus] o mundo no existiria nem por um momento! [identidade Deus-mundo] Em vez disso, ele est escondido e semeado como uma semente que d origem a sementes e frutos. [Deus a semente do mundo e das criaturas] Assim, o mundo sustentado. [sustenta-os, vivifica-os] A cada dia, um raio de luz que brilha no mundo e mantm tudo vivo, pois com esse raio o Abenoado Santo alimenta o mundo. [Deus vida que vivifica]Zohar e que leva unio compassiva!Isto bem conhecido para os Camaradas! Qorban, o seu aproximar-se, [de Deus]a aproximar dessas coroas sagradas, [criaturas]aproximando-se uma da outra, que liga uma com a outra, [ligadas] at que todos se transformam em um, a unidade completa, [o mltiplo uno]para aperfeioar o Santo Nome, como est escrito: 'qorban para YHVH. 'O aproximar-se dessas coroas santas YHVH [esse aproximar-se Deus]para que o Santo Nome seja aperfeioado e unido, [aperfeioado na unio das criaturas] para que a compaixo preencha todos os mundos [essa unio compaixo]e o Santo Nome seja coroado com as suas coroas [as criaturas so as coroas de Deus]e tudo ser adoado. [tudo melhor com esta unio compassiva]

Zohar_____Com o PrincpioO Oculto que no conhecido criou o palcio. [Deus oculto o indizvel, sem caractersticas, simples criou o Deus no oculto, o visvel, o mundo e as criaturas, Deus dizvel = mundo + criaturas]Este palcio chama-se Elohim. [Deus]O segredo :Com Princpio,_____ criou Elohim [o Indizvel criou Deus com a sua Actividade]ZoharElohim criando Ado, William Blake

Afinal o que Israel?, 25Jacob tendo ficado s, algum lutou com ele at ao romper da aurora.26Vendo que no podia vencer Jacob, bateu-lhe na coxa, e a coxa de Jacob deslocou-se, quando lutava com ele.27E disse-lhe: Deixa-me partir, porque j rompe a aurora. Jacob respondeu: No te deixarei partir enquanto no me abenoares.28Perguntou-lhe ento: Qual o teu nome? Ao que ele respondeu: Jacob.29E o outro continuou: O teu nome no ser mais Jacob, mas Israel; porque combateste contra Deus e contra os homens e conseguiste resistir.Bereshit 15

no s Jacob mas todos os seus descendentes um povo ao qual foram dados1Moiss convocou todo o Israel ()Devarim 5 Os Dez Mandamentos (a) [1] 7No ters nenhum outro deus alm de mim. [2]8No fars para ti nenhuma imagem esculpida. [3] 11No invocars em vo o nome do Senhor. [4] 12Guarda o dia de sbado para o santificar. [5] 16Honra o teu pai e a tua me.

Os Dez Mandamentos (b)[6] 17No matars. [7] 18 No cometers adultrio. [8] 19No roubars. [9] 20No prestars falso testemunho contra o teu prximo. [10] 21No cobiars a mulher do teu prximo e no desejars a sua casa, nem o seu campo, nem o seu escravo, nem a sua escrava, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem nada que lhe pertena.Devarim 5

Moiss recebendo os dez mandamentos (1900), Gebhard Fugel

Deveres e proibies Segundo Maimnides (1135/7/8-1204), filsofo judeu nascido em Crdoba, em pleno reino Al-Andalus, a Torah contm 613 Mandamentos (Taryag Mitzvot), 248 dos quais so positivos (mitzvot ass, fars), e 365 so negativos (mitzvot l taass, no fars). Trs dos mandamentos negativos envolvem o auto-sacrifcio (yeharea yeal yaavor): o homicdio, a idolatria e as relaes proibidas.Os treze princpios Estabeleceu tambm os treze princpios do Judasmo:

Os treze princpios do Judasmo (a)1 - Confio plenamente queDeus o Criador e guia de todos os seres, ou seja, que s Ele fez, faz e far tudo. [omnipotente, s ele activo] 2 - Confio plenamente que o Criador um e nico; que no existe unidade de qualquer forma igual dEle; e que somente Ele nosso Deus, foi e ser. [monotesmo] 3 - Confio plenamente que o Criador incorpreo e que est isento de qualquer propriedade antropomrfica. [no tem qualquer propriedade humana]4 - Confio plenamente que o Criador foi o primeiro (nada existiu antes dEle) e que ser o ltimo (nada existir depois dEle). [tudo vem de Deus e tudo retorna a Deus]

Os treze princpios do Judasmo (b)5 - Confio plenamente que o Criador o nico a quem apropriado rezar, e que proibido dirigir preces a qualquer outra entidade. [s a Ele se deve prestar devoo]6 - Confio plenamente que todas as palavras dos profetas so verdadeiras. [todas as palavras do Neevim so verdadeiras]7 - Confio plenamente que a profecia de Moiss verdica, e que ele foi o pai dos profetas, tanto dos que o precederam como dos que o sucederam. [a mensagem de Moiss anacrnica, anterior e posterior ao mesmo]8 - Confio plenamente que toda a Torah que agora possumos foi dada pelo Criador a Moiss. [a Torah, revelao de Deus a Moiss]9 - Confio plenamente que estaTorah no ser modificada e nem haver outra outorgada pelo Criador. [a Torah eterna, a verdade do Judasmo eterna]

Os treze princpios do Judasmo (c)10 - Confio plenamente que o Criador conhece todos os actos e pensamentos dos seres humanos, eis que est escrito: Ele formou o corao de cada homem e discerne todas as suas obras. (Tehilim 33, 15). [Deus omnisciente e o homem Sua criao] 11 - Confio plenamente que o Criador recompensa aqueles que cumprem os Seus mandamentos, e pune os que transgridem as Suas leis. [recompensa e punio, um Deus justo e juz, sumamente bom]12 - Confio plenamente na vinda doMessias e, embora ele possa demorar, aguardo todos os dias a sua chegada. [Messias, escatologia]13 - Confio plenamente que haver o renascimento dos mortos quando for a vontade do Criador. [ressurreio, escatologia]

Ressurreio dos mortos, fresco da sinagoga de Dura-Europos (Sria), circa 100 anos a.C.

Da Terra e do Cu7Ento o p [o corpo] voltar terra de onde saiue o esprito voltar para Deus que o concedeu [o esprito pertence a Deus, de Deus; ligao com o 13 princpio de Maimnides] .8Iluso das iluses disse Qohlet tudo iluso.

Qohlet 125. Islo

Abrao, Monotesmo, Maom (Mohammed, paz esteja com ele) e outros profetas uma das trs religies abramicas monotestas.

Inicia-se com Mohammed (paz esteja com ele; cerca de 570-632 d.C.), que o seu maior profeta. Mas a verdade que embora os muulmanos acreditem que o Profeta (paz esteja com ele) foi um ser humano dotado de um carcter de excelncia, no deixam por isso de o entender como ser humano, apesar de o considerarem algum extraordinrio. Assim sendo, no atribudo ao Profeta (paz esteja com ele) um estatuto divino, ainda que os muulmanos tenham por ele a mxima considerao. Com efeito, espera-se que os muulmanos sigam o exemplo do Profeta (paz esteja com ele), sendo encorajados a emular os seus hbitos e caractersticas, na medida em que estas so consideradas excelentes.Dez coisas que as pessoas devem saber acerca do Islo, M. Yiossuf M. Adamgy

Existem, para os muulmanos, profetas anteriores a Mohammed (paz esteja com ele), como Moiss ou Jesus (sobre Jesus, ver Suratu Maryam 30-34).Mensagens anteriores so imperfeitas, Al-Coro (Al-Quran A Recitao) revelado a Mohammed (paz esteja com ele) A mensagem desses profetas imperfeita e foi aperfeioada por Mohammed (paz esteja com ele)que transmitiu, oralmente e pela prtica (a sua vida), o Al-Quran, a mensagem eterna, imutvel, de Deus (Allah al = o, lah = Deus). O Al-Quran foi revelado a Mohammed (paz esteja com ele) pelo Arcanjo Gabriel (Jibril), a partir do ano 610 d.C., durante cerca de 22 anos. [?]

Uma primeira passagem Esse o Livro. Nele, no h dvida alguma [a certeza, verdade, e eternidade do Al Quran, da mensagem]. orientao para os piedosos [ o guia], Que crem no Invisvel [em Allah] e cumprem a orao e despendem, do que lhes damos por sustento, [Allah sustenta, fisicamente e espiritualmente, o po do cu] E que crem no que foi descido do cu, [no Al-Quran], para ti [Mohammed (paz esteja com ele)], e no que fora descido antes de ti [Torah e Evangelho], e se convencem da Derradeira Vida [Vida Eterna]. Esses esto em orientao de seu Senhor. E esses so os bem aventurados.Al-Quran, Suratu Al Baqarah, 2-5

Mohammed [paz esteja com ele], o Profeta (1925), Nikolai Roerich (1874-1947)

Al-Quran Transmitido oralmente, o texto s comeou a ser recolhido em 632 d.C. Constitudo por 114 captulos (suratas). 92 revelados ao profeta (paz esteja com ele) em Meca, e 22 em Medina. Os suratas subdividem-se em versos (ayahs). Em 1694 d. C. surgiu a primeira traduo ocidental, na Alemanha.

e hadices e Sharia So um corpo de textos que contm palavras e actos de Mohammed (paz esteja com ele; sunnah, a obrigatoriedade de seguir os mesmos), bem como histria antiga islmica. Em conjunto com o Al-Quran servem para delinear a Sharia (Lei Islmica). Um dos mais importantes hadices o de Gabriel (Jibril), que institui os Cinco Pilares do Islo (arkan al-Islam), os Seis Artigos de F (arkan al-iman), e a ihsan (fazer coisas belas).

As asas do desejo (1987)

hadice Jibril [a vermelho, os cinco arkan al-Islam] () O mensageiro de Allah disse: O Islo testemunhar que no existe Deus que no Allah e que Mohammed (paz esteja com ele) o mensageiro de Allah [1. shahadah]; realizar as oraes [2. salat], pagar o zakat [3.] , jejuar no Ramado [4. sawm], e fazer a peregrinao Casa se te for possvel [5. hajj]. hadice Jibril [a vermelho, os seis arkan al-iman] () Ele disse: Fala-me do iman. Ele disse: venerar Al [1. tawhid], os seus anjos [2. malaika], os seus livros [3. kutub], os seus mensageiros [4. rusul], e o ltimo Dia [5. qiyama], e acreditar no destino divino, tanto o bom como o mau [6. qadar]. Ele disse: Falas-te correctamente. Ele disse: Ento fala-me de ihsan. Ele disse: adorar Al como se estivesses a v-lo, e enquanto no o vs Ele verdadeiramente v-te. [Senhor nosso! Por certo, Tu sabes o que escondemos e o que manifestamos. E nada se esconde de Allah na terra nem no cu. - Suratu Ibrahim 38] ()Omniscincia, Duncan Regehr

hadice Qudsi (Sagrado) a co-presena e o caminhar para a Eu sou tal como o Meu servidor espera que Eu seja. Estou com ele quando Me menciona (recorda). Se Me menciona perante si prprio, Eu menciono-o perante mim prprio; e se ele Me menciona numa assembleia, Eu menciono-o numa assembleia melhor. E se ele se aproxima de Mim um palmo, Eu aproximo-me dele um cbito; e se Ele se aproxima de Mim um cbito, eu aproximo-Me dele um passo. E se ele caminha para Mim, eu corro para Ele. ntima unio com AllahQuando Ele te admitir na sua presenaNada Lhe peas salvo Ele prprio.Quando Ele te escolheu para Seu amigo,viste tudo o que h para ver.No h dualidade no mundo do amor [amante e amado so um s]:Que significa toda esta conversa de tu e eu?Como podes encher uma taa que j est cheia?Traz-te todo inteiro Sua porta:se trouxeres s uma parteno ters trazido absolutamente nada.

Hadiqat al-haqiqa, Sanai (sc. XI) Unidade Divina! Tu s o soberano, no incio e no fim. [ser humano = Allah, no incio e no fim] Mas, ah!, o Homem v sempre diversidade. Em vez de um, tu vs dois; em vez de dois, tu vs cem. Um, dois ou cem tu s tudo. [microcosmos, homem-Deus-mltiplo=uno] () Dotado na origem de uma essncia maravilhosa [divina, tudo provm do divino] , tu encheste de remendos o teu manto de cetim. Se te esforares constantemente por aceder Presena [Allah Presena, Presente, todo O presente], merecers o manto de honra e ouvirs o chamamento. Prosterna-te e aproxima-te.O Livro Divino, Farid ud-Din Attar (1140-1230)Magnetismo (2011), Ahmed Mater

Sufismo Taawwuf (Sufismo) no algo acrescentado Religio Islmica, mas algo que procede directamente do Sagrado Alcoro e das Tradies do Profeta, que as benos e a paz de Deus estejam com ele. () ad-dinun naihah, a via tradicional a sinceridade, disse o profeta () Do ponto de vista islmico, do ponto de vista de toda a Tradio, a Razo apenas nos guia at porta da Realidade depois, h que entrar.Antologia de Sufismo, Terenas, Adamgy, Madureira, p. 4 em direco ao conhecimento No seguem seno as conjecturas. E, por certo, as conjecturas de nada valem diante da verdade. [ser? Ser que encontramos a verdade sem conjecturarmos?]Surata Na-Najm 28 a itjihad No h consenso entre acadmicos () em relao ao significado literal de itjihad. Uma faco dos ulamas [sbios] Sunitas acredita que fazer um esforo para atingir conhecimento [presumption] em relao a uma lei (hukm) da Shariah. A mesma definio encontrada em escritos de alguns ulamas Shiitas. http://www.al-islam.org/al-tawhid/general-al-tawhid/ijtihad-its-meaning-sources-beginnings-and-practice-ray-muhammad-ibrah-1#ijtihad-technical-term que significa e vem dos () Especificamente, itjihad significa lutar com o seu prprio self [struggle with oneself] (Pascal, 2013) atravs de pensamento profundo. () definida como um processo de () hermenutica no qual o mujtahid [jurista] deriva ou racionaliza a lei na base do Al-Quran e da Suna () (Hallaq, 2005) http://en.wikipedia.org/wiki/Ijtihad#Etymology_and_definition filsofos! Os movimentos arbe-latinos nas Idades Mdias, que paralelam aquele do grego para o latim, levaram transformao de quase todas as disciplinas filosficas no mundo latino medieval. O impacto de filsofos rabes como al-Farabi, Avicena e Averroes na Filosofia Ocidental foi particularmente forte na filosofia natural, psicologia e metafsica, mas estendeu-se tambm lgica e tica. http://plato.stanford.edu/entries/arabic-islamic-influence/

Averris O mais famoso e influente destes filsofos espanhis foi Averris (1126-1198). Todavia, to pouco a obra deste pensador tem significao filosfica independente; os caracteres fundamentais da sua concepo filosfica foram-lhe dados por Aristteles, cuja filosofia pretende harmonizar com o Coro. Histria da filosofia, August Messier, p.165Duas verdades tesmo e desmo Averris e Maimnides coincidiam na convico de que o contedo das religies positivas [tesmo] era imprescindvel para a massa do povo, sem contudo obrigar interiormente o filsofo; para este, s vlida uma religio racional [desmo], contendo o coincidente e propriamente religioso das religies positivas. Esta coincidncia pode ser descoberta nos documentos religiosos histricos, sempre que se saiba distinguir da letra o sentido profundo, espiritual. Segundo esta concepo, enquanto a teologia, baseando-se na interpretao literal, defende a religio positiva, a filosofia pratica a interpretao espiritual [o desmo a interpretao espiritual]; surgiu assim a doutrina das duas verdades, segundo a qual uma coisa podia ser verdade em teologia e falsa em filosofia, e vice-versa.

Histria da filosofia, August Messier, p. 165O tesmo como mutilao do desmo Da distino acima mencionada, entre a religio da razo e as religies positivas ia um passo apenas at no se ver nestas ltimas seno mutilaes, falseamentos da religio natural [o desmo, o raciocnio, a filosofia, a verdade, a especulao, o no dogmatismo]. Histria da filosofia, August Messier, p. 165-66Na mente de um Deus antigo, Leigh J. McColoskey

Pensar e crer com o sentir Ihsan , em resumo, a sinceridade da inteligncia e da vontade: a nossa adeso total Verdade e a nossa conformidade total Lei, o que significa que devemos, por um lado conhecer a Verdade inteiramente, no apenas parcialmente, e por outro lado conformarmo-nos totalmente a Ela e no apenas com uma vontade parcial e superficial. Assim Ihsan desemboca no esoterismo a cincia do essencial e da totalidade e identifica-se mesmo com ele; pois ser sincero extrair da Verdade as consequncias superiores de um duplo ponto de vista da inteligncia e da vontade; por outras palavras, pensar e crer com o corao, ou seja com todo o nosso ser, com tudo o que somos.

Antologia de Sufismo, Terenas, Adamgy, Madureira, p. 25Jardins, frutos e esposas puras E alvissara, Muhammad, aos que crem e fazem as boas obras que tero Jardins [aps a morte, al Mawa], abaixo dos quais correm os rios. Cada vez que forem sustentados por algo dos seus frutos, diro: Eis o fruto por que fomos sustentados antes. Enquanto o que lhes for concedido ser, apenas, semelhante [ser melhor]. E, neles, tero esposas puras [que os amam e so por eles amadas] e, neles, sero eternos.Suratu Al-Baqarah 25Floresta mstica, Anneke Dekker

E assim se inicia a nossa viagem