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1 As Diretrizes Clínicas na Saúde Suplementar, iniciativa conjunta Associação Médica Brasileira e Agência Nacional de Saúde Suplementar, tem por objetivo conciliar informações da área médica a fim de padronizar condutas que auxiliem o raciocínio e a tomada de decisão do médico. As informações contidas neste projeto devem ser submetidas à avaliação e à crítica do médico, responsável pela conduta a ser seguida, frente à realidade e ao estado clínico de cada paciente. Autoria: Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço Sociedade Brasileira de Patologia Sociedade Brasileira de Cancerologia Colégio Brasileiro de Radiologia Elaboração Final: 31 de janeiro de 2011 Participantes: Ward LS, Maciel RMB, Camargo RY, Teixeira GV, Tincani AJ, Kulcsar MAV, Carvalho GA, Graf H, Tomimori E, Maia AL, Kimura ET, Vaisman M, Hojaij FC, Araújo PPC, Miyahara L, Pereira SAM, Pereira EM, Marone M, Brandão RC, Soares Jr J, Andrada NC

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As Diretrizes Clínicas na Saúde Suplementar, iniciativa conjunta

Associação Médica Brasileira e Agência Nacional de Saúde Suplementar, tem por

objetivo conciliar informações da área médica a fim de padronizar condutas que

auxiliem o raciocínio e a tomada de decisão do médico. As informações contidas

neste projeto devem ser submetidas à avaliação e à crítica do médico, responsável

pela conduta a ser seguida, frente à realidade e ao estado clínico de cada paciente.

Autoria: Sociedade Brasileira de Endocrinologia e

Metabolismo

Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e

Pescoço

Sociedade Brasileira de Patologia

Sociedade Brasileira de Cancerologia

Colégio Brasileiro de Radiologia

Elaboração Final: 31 de janeiro de 2011

Participantes: Ward LS, Maciel RMB, Camargo RY, Teixeira GV,Tincani AJ, Kulcsar MAV, Carvalho GA, Graf H,Tomimori E, Maia AL, Kimura ET, Vaisman M,Hojaij FC, Araújo PPC, Miyahara L, Pereira SAM,Pereira EM, Marone M, Brandão RC, Soares Jr J,Andrada NC

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Câncer Diferenciado da Tireoide: Seguimento2

DESCRIÇÃO DE MÉTODO DE COLETA DE EVIDÊNCIA:Palavras chaves: Thyroid neoplasms, carcinoma papillary, adenocarcinoma, follicular;diagnostic; risk factors, thyroglobulin, autoantibodies, thyroid function test; recombinantproteins; survival analysis, neoplasm metastasis, neoplasm recurrence, local; lungneoplasms/secondary, brain neoplasms/secondary, bone neoplasms/secondary, treatment,iodine radioisotopes/therapeutic use; biopsy,fine-needle; lymph nodes; ultrasonography;tomography; biological markers;outcome.

GRAU DE RECOMENDAÇÕES E FORÇA DE EVIDÊNCIA:A: Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistência.B: Estudos experimentais ou observacionais de menor consistência.C: Relatos de casos (estudos não controlados).D: Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos fisiológicos

ou modelos animais.

OBJETIVO:Oferecer aos profissionais de saúde e estudantes de Medicina, orientações sobrecomo tratar e seguir o paciente com câncer diferenciado da tireoide, baseadas namelhor evidência disponível na literatura sobre o assunto.

CONFLITO DE INTERESSE:Os conflitos de interesse declarados pelos participantes da elaboração desta diretrizestão detalhados na página 19.

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Câncer Diferenciado da Tireoide: Seguimento 3

INTRODUÇÃO

O seguimento dos pacientes com câncer diferenciado da tireoide(CDT) vem sofrendo sucessivas modificações nos últimos anos.Cada vez mais nos baseamos na estratificação de risco, feita aodiagnóstico, após a cirurgia e a cada reavaliação do paciente, deforma dinâmica e baseada em exames sensíveis, como atireoglobulina (Tg) e o exame ultrassonográfico (US) da regiãocervical 1,2(B)3(D).

O uso de novos ensaios de Tg possibilitou ao aparecimento deuma nova classe de pacientes que métodos menos sensíveis nãodistinguiam anteriormente, a dos indivíduos que possuem doençamínima4-8(B)9(D). Estes pacientes devem ser observados com bom-senso e cuidado, para evitarmos exames e inter vençõesdesnecessários em indivíduos que eliminarão eventuais célulastireoidianas remanescentes sem necessidade de qualquer interven-ção. Nossa proposta de seguimento com Tg sensível permiteclassificar a grande maioria dos pacientes atualmente tratados comolivres-de-doença, minimizando a necessidade de exames eproporcionando a estes pacientes a possibilidade de serem mantidoscom níveis de TSH normais ou muito próximos da normalidade,de forma a evitar as nefastas consequências de supressão de TSHdesnecessária. Por outro lado, pacientes cujos níveis de Tg se elevamprogressivamente devem ser distinguidos desse último grupo, poisevidenciam proliferação de células produtoras de Tg, cuja fontedeve ser investigada4-8(B)9(D).

O surgimento do TSH recombinante humano (rhTSH) tambémrepresentou um significante avanço no seguimento dos pacientes,ofertando-lhes melhor qualidade de vida e menores efeitos colateraisdo período de privação hormonal necessário para dosagem de Tgestimulada pelo TSH e/ou de Pesquisa de Corpo Inteiro (PCI)10(B).Deve-se, ainda, mencionar a crescente evidência a favor do uso demenores doses de radiodo para ablação de restos tireoidianos ou aausência de sua necessidade em pacientes de baixo ou muito baixorisco11(B); do uso de doses de levotiroxina mais próximas dasfisiológicas em pacientes de baixo risco12-17(D); e, não menosimportante, o surgimento de uma série promissora de novas drogasalvo-dirigidas, cujo uso prevemos para breve e que deverão alterar aexpectativa de vida dos pacientes com CDT de má evolução18(D).

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As diretrizes para o seguimento do pacientecom CDT, à semelhança das diretrizes para odiagnóstico do CDT, também foram elaboradasem conjunto pelas Sociedades de Endo-crinologia, Cirurgia de Cabeça e Pescoço,Patologia, Cancerologia e Radiologia, com oobjetivo de propor a melhor conduta possívelpara os nossos pacientes.

1. QUAL É O PAPEL DO ESTADIAMENTO PÓS-OPERATÓRIO DE RISCO PARA O CDT?

O estadiamento pós-operatório pode nosajudar a avaliar o prognóstico dos pacientes comCDT, indicar a necessidade ou não de terapiaadjuvante como radioiodoterapia, o grau de su-pressão hormonal que eles requerem edeterminar a frequência e tipo de exames deseguimento. O estadiamento da AJCC/UICCbaseado no pTNM (p= patológico) é o maisconhecido e recomendado1,2(B).

Segue a definição de estágios, que classificaos pacientes considerando os parâmetros obtidosno pTNM, ressaltando-se que, à diferença deoutros sistemas de classificação, este leva emconsideração a idade do paciente. A recorrênciade câncer e taxa de mortalidade foi de 15,4% e1,7% para estágio I do pTNM, respectivamen-te; 22% e 15,8% para estágio II do pTNM,respectivamente; 46,4% e 30% para estágio IIIdo pTNM, respectivamente; 66,7% e 60,9%nos casos de tumores em estágio IV do pTNM,respectivamente2(B).

TNM Sistema de Classificação para o CDT19(D)Definição do tumor

T1 - Diâmetro do tumor primário menor que 2 cm oumenor

T2 - Diâmetro do tumor entre 2 e 4 cm

T3 - Diâmetro do tumor até 4 cm limitado à tireoide oucom mínima extensão extratireoidiana

T4a - Tumor de qualquer tamanho com invasão alémda cápsula (invasão de subcutâneo, partesmoles, laringe, traqueia, esôfago ou nervorecorrente)

T4b - Tumor invadindo fáscia pré-vertebral ou carótidaou vasos mediastinais

TX - Tumor primário desconhecido e sem invasãoextratireoidiana

NO - Ausência de metástases aos linfonodosN1a - Metástases ao nível VI (pretraqueal, paratraqueal,

e prelaríngeo/ linfonodos de Delphian)N1b - Metástases cervical unilateral, bilateral,

contralateral ou mediastinal superiorNX - Linfonodos não acessados na cirurgiaMO - Ausência de metastases à distânciaM1 - Metástases à distânciaMX - Metástases à distância não acessada

EstágiosIdade do paciente < 45 anos Idade do paciente

com mais de45 anos

Estágio I Qualquer T, N, MO T1, NO, MOEstágio II Qualquer T, N, M1 T2, NO, MOEstágio III T3, NO, MO

T1, N1a, MOT2, N1a, MOT3, N1a, MO

IVA T4a, NO, MOT4a, N1a, MOT1, N1b, MOT2, N1b, MOT3, N1b, MOT4a, N1b, MOEstágioIVB T4b, qualquer N,

MOIVC qualquer T,

qualquer N, M1Outros esquemas de estadiamento foram

desenvolvidos no intuito de se ter uma maior

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acurácia quanto a estratificações dos fatores derisco. Estes incluem os sistemas AGES20(B),AMES21(B), MACIS22(A), e uma série deoutros23(A)24-28(B). Cada um desses sistemas levaem consideração fatores de risco como sexo dopaciente, idade, tamanho da neoplasia, presençade metástases à distância e extensão do tumor.Na prática, nenhum destes sistemas deestratificação de risco se mostra superior aooutro29(B).

Assim, após a avaliação do patologista e docirurgião, e levando-se em conta os dadosclínicos e ultrassonográficos pré-cirúrgicos,pode-se considerar como paciente de muito baixorisco aquele indivíduo do sexo feminino cujotumor era um microcarcinoma único, semextensão extracapsular, acometimentolinfonodal ou à distância, e que foi totalmenteextirpado; de baixo risco, o paciente com tumormenor de 2 cm em seu maior diâmetro, unifocal,sem extensão extracapsular, com ausência demetástases para linfonodos e à distância12(D).

A avaliação de risco deve ser refeita a cadaavaliação do paciente durante seu seguimento,pois, de acordo com a resposta à terapia, aclassificação de risco pode mudar. Assim, sãoconsiderados de alto risco os pacientes commetástases à distância, cujos tumores invadiamestruturas extratiroidianas, que não puderam sertotalmente extirpados ou que, na evolução,apresentam doença persistente documentada oudoença recorrente12(D)25-28(B).

1. Muito Baixo Risco: mulher, 20 a 45 anos,tumor menor de 1 cm em seu maiordiâmetro, unifocal, sem extensãoextracapsular, com ausência de metástasespara linfonodos e à distância, totalmenteextirpado à cirurgia.

2. Baixo risco: 20 a 45 anos, tumor menor doque 2 cm em seu maior diâmetro, unifocal,sem extensão extracapsular, com ausênciade metástases para linfonodos e à distância,totalmente extirpado à cirurgia.

3. Alto risco: T3 ou T4, presença de linfonodosacometidos ou metástases à distância,tumores com ressecção incompleta, comevidência de recidiva ou recorrência.

RecomendaçãoO estadiamento pós-operatório ajuda a avaliar

o prognóstico dos pacientes com CDT23(A),fornece taxas de recorrência e mortalidade2(B) eindica a necessidade ou não de terapia adjuvantecomo radioiodoterapia, o grau de supressãohormonal que eles requerem e determinar afrequência e tipo de exames de seguimento12(D).A avaliação de risco deve ser refeita a cada avaliaçãodo paciente durante seu seguimento25,28(B).

2. QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS ANATOMO-PATOLÓGICAS QUE SÃO IMPORTANTES NO

ESTADIAMENTO DO PACIENTE PORTADOR DE

CDT?

As características anatomopatológicas maisimportantes no estadiamento de pacientes comcarcinoma papilífero da tireoide (CP), quedefinem um pior prognóstico são29-32(B)33(D):

1. Tamanho do tumor (Tumores maiores que 4cm de diâmetro (T3 na Classificação TNM);

2. Multicentricidade;

3. Extensão extratireoideana (extensão tumoralaos órgãos adjacentes como ao músculoexterno-hioideo, nervo laríngeo recorrente,

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esôfago, veia jugular interna e músculoconstritor inferior (T4 na classificaçãoTNM). A extensão mínima (T3 naclassificação TNM) para o músculoesternotireoideo e gordura peritireoidiana nãoé considerada como um fator prognósticoimportante e a sobrevida livre da doença nãoestá alterada quando comparada com ostumores sem extensão extratireoidiana);

4. Metástase linfonodal (principalmente asmetástases nas cadeias cervicais laterais - N1b);

5. Presença de cápsula na neoplasia;

6. Variantes histológicas: as variantes de célulasaltas, esclerosante difusa folcular difusa,sólida, trabecular e dediferenciada são maisagressivas;

7. Ressecção incompleta da lesão.

As características anatomopatológicas maisimportantes no estadiamento de pacientes comcarcinoma folicular (CF) da tireoide são30,32(B):

1. Tamanho do tumor;

2. Extensão da invasão: relatar se a invasão écapsular e/ou vascular (focal ou extensa).Assim, temos carcinoma minimamenteinvasivo com melhor prognóstico ecarcinoma amplamente invasivo com piorprognóstico;

3. Extensão extratireoideana: os tumoresaltamente invasivos possuem uma taxa derecorrência em 10 anos de 34,6% e taxa deóbito de 15,8%. Já os tumores minimamenteinvasivos possuem uma taxa de recorrência

de 13,7% e taxa de óbito de 2,8%;

4. Tipo histológico: casos com padrão sólido outrabecular, em mais de 75% dos casos, sãoassociados a pior prognóstico. Dados daliteratura são controversos em relação aocomportamento de maior ou menoragressividade dos carcinomas folicularesoncocíticos (células de Hürthle) em relaçãoaos demais carcinomas foliculares;

5. Metástase à distância no momento dodiagnóstico;

6. Ressecção incompleta da lesão.

Os carcinomas foliculares altamente invasivospossuem uma taxa de recorrência em 10 anos de34,6% e taxa de óbito de 15,8%. Já os tumoresminimamente invasivos possuem uma taxa derecorrência de 13,7% e taxa de óbito de 2,8%30(B).

A taxa de sobrevivência pela curva deKaplan-Meier, nos pacientes portadores de CDT,em 5-10 e 15 anos foi de 94,7%, 90,5% e87,9%, respectivamente, sem diferençassignificativas de acordo com o tipo histológico(CP ou CF). Pacientes com carcinoma papilíferotêm taxa de sobrevida em 5,10 e 15 anos de95,1%, 91,3% e 87,7%, respectivamente,enquanto que os portadores de carcinomafolicular têm de 93,2%, 88,2%, e 88,2%respectivamente, com p=0,867 (ns)30(B).

RecomendaçãoA caracterização histopatológica detalhada é

importante no estadiamento dos tumorespapilíferos e foliculares da tireoide, pois define oprognóstico. Deve incluir no carcinoma papilífero,tamanho do tumor, presença ou ausência de

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multicentricidade, invasão capsular, metástasesganglionares, extensão extratireoidiana acentuada,ressecção incompleta do tumor e as varianteshistológicas mais agressivas29,31(B). No carcinomafolicular, as características anatomopatológicasmais importantes são o tamanho do tumor,extensão da invasão tumoral, tipos histológicos equantificação da ressecção do tumor30,32(B).

3. QUAL É A CONDUTA EM PACIENTES

ENCAMINHADOS SEM DESCRIÇÃO DA CIRURGIA

INICIAL E DESCRIÇÃO DO ANÁTOMO-PATOLÓGICO INSUFICIENTE?

O paciente precisa ser avaliado quanto àextensão da cirurgia previamente realizada equanto à presença de doença local oumetastática. Deve ser submetido aultrassonografia cervical e dosagem sérica detireoglobulina em uso de levotiroxina.

O paciente deve ser encaminhado a umareintervenção cirúrgica se houver metástasesem linfonodos cervicais ou restos tireoidianospassíveis de ressecção. Se a ultrassonografiafor normal e a tireoglobulina estiver elevada,o paciente deve ser submetido a uma doseterapêutica de 100 mCi de 131I e rastreamentopós-dose12-17(D). Se tireoglobulina comlevotiroxina e ultrassonografia não sugeremdoença persistente, deve-se obter umatireoglobulina estimulada, com TSH>30mUI/L, e uma PCI. Uma dose terapêuticade radiodo está indicada se a tireoglobulinaestiver alta e/ou se a PCI apresentar captaçãoectópica12-17(D).

Se a primeira cirurgia revelou câncer com

multicentricidade, há necessidade decomplementação cirúrgica, pois este é o únicofator preditivo de tumor contralateral, mesmoem tumores menores que 1 cm, com riscorelativo de 6,03 (IC 95% 2,23-16,35)34(B).

RecomendaçãoIndica-se reintervenção cirúrgica se houver

remanescentes (detectados pela ultrassonografia oulinfonodos suspeitos12(D). A cirurgia também éindicada quando há multicentricidade no resultadodo anatomopatológico34(B). Uma dose terapêuticade radiodo deve ser administrada na presença dedoença persistente e/ou metástases12(D).

4. QUAL É O VALOR DA DOSAGEM DA

TIREOGLOBULINA SÉRICA NO CONTROLE

PÓS-OPERATÓRIO DO PACIENTE PORTADOR

DE CARCINOMA BEM DIFERENCIADO DE

TIREOIDE SUBMETIDO À TIREOIDECTOMIA

TOTAL?

As diretrizes sobre o seguimento dospacientes com CDT emitidas pelas sociedadesde tireoide norte-americana (ATA)14(D) eeuropeia (ETA)16(D), assim como pelaSociedade Brasileira de Endocrinologia eMetabologia (SBEM)12(D), determinam queos pacientes, depois do tratamento inicial(tireoidectomia total e ablação com iodo ra-dioativo), devam ser seguidos com a realizaçãoda ultrassonografia cervical e com a dosagemda tireoglobulina sérica (sTg) estimulada pelaelevação da tireotrofina (TSH) cerca de 6 a12 meses após o tratamento inicial.

Estas diretrizes basearam-se no uso deensaios de sTg que apresentavam sensibilidadefuncional de 1 ng/mL32-35(B).

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Hoje, entretanto, a maioria dos ensaiosde sTg empregados pelos laboratórios clínicosapresenta maior sensibilidade funcional, daordem de 0,1-0,2 ng/mL ou menos9(D) ediversos estudos recentes evidenciaram quenão há a necessidade da medida da sTgestimulada5-8(B).

Nos ensaios de sTg que apresentamsensibilidade funcional de 0,9 ng / ml, asensibilidade variou 19-40% e especificidadevariou de 92-97%. Utilizando ensaios comuma sensibilidade funcional de 0,2-0,3 ng /ml, a sensibi l idade foi de 54-63% eespecificidade de 89%8(B).

Assim, ao invés de se fazer a sTg estimuladapor meio do rhTSH ou por hipotireoidismo(quando a dosagem da tireoglobulina somente éfeita após a retirada da reposição hormonal ecom TSH > 30 mlU/L), podemos acompanharos pacientes durante a terapia supressora comL-T4 com determinações de sTg empregandoensaio com sensibilidade funcional de 0,1-0,2ng/mL e ultrassonografia cervical a cada 6-12meses e a conduta pode ser determinada pelatendência observada nos valores de sTg6(B).

Se estes valores forem sempre indetectáveise os pacientes apresentarem ultrassonografiacervical sem anormalidades, devemos conside-rar estes pacientes livres-de-doença e trocar adose supressiva de L-T4 pela dose substitutiva,para evitar os efeitos decorrentes do excesso deL-T436(B). Se os pacientes apresentarem a sTgsensível com tendência de subida, especialmentese acompanhados de alterações à ultrassonografiacervical, devem ser considerados como portado-res de metástases e submetidos à cirurgia e/outratamento com radioiodo12-17(D)37(B).

Se apresentarem sTg com tendência estávelou de queda, mas sem anormalidades àultrassonografia cervical, serão candidatos aseguimento com determinações de sTg eultrassonografia cer vical a cada 6-12meses6(B).

Além de simplificar o seguimento dospacientes com CDT, o impacto econômico destanova estratégia é significativo, pois a maioriadestes pacientes é de baixo risco e apenas 10-20% apresentam recorrência4,7(B).

No seguimento deve-se também considerarque a ampla maioria dos pacientes com CDT(de 80% a 90%) é classificada como de baixoou de muito baixo risco para recidiva ourecorrência da moléstia depois do tratamentoinicial4,7(B).

RecomendaçãoOs pacientes acompanhados com ensaios

de sTg (0,1-0,2 ng/mL) que apresentamníveis séricos indetectáveis e ultrassonografiacervical sem anormalidades a cada 6-12 me-ses devem ser tratados apenas com dosessubstitutivas de L-T4. Pacientes com sTgestável ou em queda, mas sem anomalias àultrassonografia, devem ser acompanhadoscom sTg e ultrassonografia a cada 6-12meses7(B).

5. QUANDO INDICAR A ABLAÇÃO TIREOIDIANA/TERAPIA COM 131I APÓS A TIROIDECTOMIA

TOTAL?

O objetivo desta forma de tratamento édestruir o tecido tireoidiano remanescente apósa tireoidectomia, com a expectativa de diminuir

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o risco de doença locorregional e facilitar oseguimento a longo prazo.

Demonstra-se redução significativa nas taxasde recorrência da doença quando se faz a ablaçãode remanescentes tiroidianos (ART) com 131I apósa tireoidectomia total23,38(A) 39,40(B). Entretanto,a análise detalhada dos dados evidencia que estebenefício não se aplica aos pacientes com estadioI38(A)40-43(B). Desta forma, a ablação com131I érecomendada em todos os pacientes com estadioIII e IV após a tiroidectomia total e em todos ospacientes estadio II maiores do que 45 anos; empacientes selecionados com estadio I queapresentem doença multifocal, metástases para oslinfonodos, invasão extratiroidiana ou vascularese histologia de tipo mais agressivo12-17(D)42,43(B).

Atividades de radioiodo entre 30 e 100 mCiapresentam taxas de sucesso similares, apesar deexistir uma tendência, na prática, para a aplicaçãode doses maiores. Quando há histologia de tipomais agressivo, pode-se aplicar uma dose maior,de até 200 mCi11,44,45(B). A melhor dose paraablação de remanescentes tireoideanos (ART)ainda é controversa46(A) 11,47,48(B).

Estudando pacientes portadores de CDT(80,6% carcinoma papilífero e 19,6%carcinoma folicular), que realizaramtireoidectomia total ou quase total em 72% doscasos, uma única dose de 25 mCi de 131I paraablação de remanescentes tireoideanos teve taxasignificativa de sucesso de 81,6% contrasomente 61,8% para quem recebeu menos que25 mCi, com p=0,006. No entanto, não houvediferença significativa entre os grupos quereceberam entre 25-50 mCi, indicando quequalquer atividade de 131I entre 25 e 50 mCiparece ser adequada para ablação deremanescentes46(A).

RecomendaçãoRecomenda-se ablação com 131I em todos os

pacientes com estadio III e IV após atiroidectomia total e em todos os pacientes estadioII maiores do que 45 anos23(A); não se aplicaaos pacientes com estadio I38(A), exceto quandohá doença multifocal, metástases para oslinfonodos, invasão extratiroidiana ou vascularese histologia de tipo mais agressivo11(B). Aatividade de radioiodo ideal para realizar ablaçãode remanescentes tireoideanos ainda écontroversa11(B)46(A), com tendência parautilização de doses mais baixas46(A).

6. A DOSE DE 131I PARA ABLAÇÃO DE

REMANESCENTES TIREOIDEANOS (ART) EM

USO DO TSH RECOMBINANTE EXPÕE O

PACIENTE A UMA MENOR RADIAÇÃO CORPO-RAL IONIZANTE? DEVEMOS UTILIZAR DOSES

MAIS BAIXAS DE 131I EM PACIENTES

PREPARADOS COM TSH RECOMBINANTE PARA

ART?

A dose de 131I para ART com uso do TSHrecombinante humano (rhTSH) expõe o pacientea menor radiação corporal ionizante48(B).

A meia-vida efetiva do 131I é cerca de 30%menor nos pacientes preparados com rhTSH quenos pacientes tratados em hipotireoidismo10(B).O tempo de permanência do 131I no estômago eno restante do organismo é significativamentemenor nos pacientes que receberam rhTSHrecombinante humano do que nos pacientespreparados com hipotiroidismo10,48(B). No en-tanto, o benefício clínico desta redução ainda nãoestá claramente estabelecido.

A dose de radioido utilizada para ART empacientes preparados com rhTSH deve ser de

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30 a 100 mCi. A dose de 30 mCi deve serreservada para pacientes de baixo risco10,48(B).

RecomendaçãoO rhTSH expõe o paciente a menor radiação

corporal ionizante48(B), embora o benefíciodesta redução ainda não esteja claramenteestabelecido. A dose de radioido utilizada paraART em pacientes preparados com rhTSH deveser de 30 a 100 mCi, reservando-se a dose de30 mCi para pacientes de baixo risco48(B).

7. QUAL É O VALOR DO EXAME DE

ULTRASSONOGRAFIA NO ACOMPANHAMENTO

CLÍNICO DO DOENTE PORTADOR DE CARCI-NOMA BEM DIFERENCIADO DE TIREOIDE

SUBMETIDO À TIREOIDECTOMIA TOTAL?

A ultrassonografia das cadeias ganglionarescervicais em população brasileira tem umasensibilidade de 96% e especificidade de 87%,devendo ser empregada em todos os pacientes,mesmo naqueles aparentemente livres dadoença49(B).

A recorrência metastática cervical ocorre em14% a 30% dos pacientes com carcinomapapilífero da tireoide e o seu diagnósticoultrassonográfico pode alterar a condutacirúrgica inicial em até 40% e, nas reabordagens,em até 42%. A ultrassonografia antes da cirur-gia inicial tem sensibilidade, especificidade evalor preditivo positivo de 83,5%, 97,7% e88,8%, respectivamente, e aumenta para90,4%, 78,9% e 93,9%, respectivamente, nareabordagem50(B).

A ultrassonografia cervical é um métodoimportante utilizado no seguimento de

pacientes com CDT. Linfonodos com conteúdolíquido, microcalcificações, perda do hilohiperecoico e vascularização periférica aoDoppler são considerados como suspeitos paramalignidade. Os linfonodos com conteúdolíquido ou com microcalcificações sãoaltamente suspeitos para malignidade. Já oslinfonodos com o hilo hiperecoico centralpodem ser considerados benignos. Avascularização periférica possui ótima relaçãosensibilidade e especificidade para o diagnósti-co de malignidade. O formato arredondado, ahipoecogenicidade e a perda do hilo hiperecoiconão são suficientemente específicos parasuspeita de malignidade51(B).

A ultrassonografia cervical combinadacom a biopsia por agulha fina (PAAF) guiadapela ultrassonografia e a dosagem detireoglobulina do lavado da agulha permitedetectar metástases ganglionares com alta sen-sibilidade e especificidade e devem serutilizadas sempre na investigação da doençarecorrente do carcinoma papilífero datireoide52(B). Esta associação de PAAFguiada por ultrassonografia e com dosagemde tireoglobulina no lavado da agulha, empopulação brasileira, chega à sensibilidade,especificidade, valor preditivo positivo e valorpreditivo negativo de 100%52(B).

RecomendaçãoA ultrassonografia cervical é um método

de alta sensibilidade no diagnóstico doslinfonodos cervicais metastáticos e deve serutilizada periodicamente em todos os pacientesportadores de CDT, mesmo naquelesconsiderados livres da doença49(B). Algumascaracterísticas ultrassonográficas dos

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Câncer Diferenciado da Tireoide: Seguimento 11

linfonodos cervicais, como a presença deconteúdo líquido, microcalcificações e avascularização periférica ao Doppler, sãoaltamente sugestiva de malignidade51(B). Oslinfonodos com essas características devem serbiopsiados guiado por ultrassom para análisecitológica e dosagem de tireoglobulina noaspirado da biopsia52(B).

8. QUAL É A INVESTIGAÇÃO APROPRIADA NOS

PACIENTES COM TIREOGLOBULINA DETECTÁVEL

E ULTRASSONOGRAFIA NEGATIVA?

A tireoglobulina é um marcador tumoralindicativo da persistência ou recorrência doCDT37,53(B).

Pacientes com tireoglobulina elevada eultrassonografia cervical positiva não necessitamrealizar cintilografia de corpo inteiro (PCI), poisa alteração da tireoglobulina com alteraçãoultrassonográfica possui sensibilidade de até96,3% e valor preditivo positivo de 99,5%,enquanto que alteração de tireoglobulina comcintilografia de corpo inteiro com 131I (PCI) temsensibilidade de 92,7% e valor preditivo positivode 99%53(B).

Em pacientes com tireoglobulina elevadae ultrassonografia cervical negativa, deve-seinvestigar a possibilidade de metástase emmediastino ou tórax por meio de tomografiacomputadorizada sem contraste iodado, paranão inviabilizar o tratamento com radioiodoem curto prazo. Também se pode realizar aPCI para pesquisa de metástases que captamiodo, lembrando-se que a imagem pós-doseterapêutica é importante para detectareventuais lesões previamente nãovisualizadas54-56(B).

Os pacientes que apresentarem PCI negativapodem continuar a pesquisa com PET-FDG/CT. A sensibilidade, especificidade e valorpreditivo positivo variam, respectivamente, de82% a 92%, 64% a 88%, 89% a 94% e83%57,58(B).

Nos pacientes com níveis elevados detireoglobulina, mas sem definição de recorrência,o PET-FDG/CT tem sensibilidade de 84%,especificidade de 100%, valor preditivo positivode 100% e negativo de 75%. Se os níveis detireoglobulina não são detectáveis, este valorpreditivo positivo de 100% cai para 60%.Quando já é conhecida a recorrência da doença,em paciente com manutenção dos níveis detireoglobulina elevados há sensibilidade e valorpreditivo positivo de 100 %, sem falsos positivosou falsos negativos57(B).

O carcinoma de células de Hürthle é umtumor incomum e ocasionalmente agressivo,principalmente quando o tumor primário éaltamente invasivo, apresentando alta incidênciade metástase à distância (33%) quandocomparado aos outros tipos de CDT. Umacaracterística desse tumor é a sua baixa avidezpelo iodo, o que pode dificultar a pesquisa demetástase à distância com a cintilografia de corpointeiro utilizando 131I. A sensibilidade diagnósticada PCI utilizando o iodo 131 é baixa, não maisde 65%59(B). Por outro lado, o PET-FDG/CTtem uma boa acurácia diagnóstica nesses casos,com sensibilidade de 95,8% e especificidade de95% e, frequentemente, fornece informações adi-cionais além das obtidas por outros métodos deimagem59(B).

RecomendaçãoA tireoglobulina positiva e a ultrassonografia

cervical negativa podem ser indicativos de

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Câncer Diferenciado da Tireoide: Seguimento12

metástase à distância e os pacientes devem-seinvestigados por meio de tomografiacomputadorizada sem contraste iodado, além decintilografia de corpo inteiro com iodo 131(PCI), para pesquisa de metástases que captamiodo56(B). Nos casos em que a PCI for negativa,e/ou nos pacientes com carcinomas de célulasde Hürtle, existe a opção de continuar a pesquisade metástases com PET-FDG/CT59(B).

9. COMO DEVE SER FEITO O SEGUIMENTO DE

PACIENTES QUE NÃO FORAM SUBMETIDOS ÀTIREOIDECTOMIA TOTAL E NÃO RECEBERAM

TERAPIA ABLATIVA COM 131I?

Não existe ainda evidência na literaturapara suportar a resposta a tal pergunta. Naprática, em pacientes de baixo risco que foramsubmetidos à lobectomia, o seguimentoconsiste em avaliação anual do pescoço pelaultrassonografia e dosagem das concentraçõesséricas de Tg na vigência do uso da L-T4.Assim, dosagens periódicas das concentraçõesséricas de Tg serão importantes no seguimentodestes pacientes, pois diante de aumentosprogressivos de suas concentrações poderãoindicar recidivas e requererão exames adicionaispara a localização da doença4-8(B). Considera-se a manutenção das concentrações de Tg, es-pecialmente quando a Tg se mantémindetectável, evidência de que o paciente semantém livre de doença4-8(B).

Da mesma forma, a diminuição dos níveisséricos de anticorpos anti-Tg indica que a doençaestá inativa, enquanto que a elevação destesníveis é um indicador indireto de aparecimentode novas células foliculares60(B).

A ultrassonografia poderá detectaranormalidades no lobo remanescente e

acometimento linfonodal. Se houver lesõespassíveis de serem biopsiadas por agulha fina,este procedimento deverá ser realizado52(B).

As dosagens de Tg com a retirada de L-T4 (Tgestimulada), assim como o rastreamento de corpointeiro, serão pouco informativos nestes pacientes.

RecomendaçãoEm pacientes de baixo risco que foram

submetidos à lobectomia, o seguimento consisteem avaliação anual do pescoço pelaultrassonografia e dosagem das concentraçõesséricas de Tg na vigência do uso da L-T4.Aumentos progressivos de suas concentraçõespoderão indicar recidivas e requererão examesadicionais para a localização da doença,enquanto a manutenção de suas concentraçõessugere que o paciente se mantém livre dadoença7(B).

10. QUANDO REALIZAR A DOSAGEM DE

TIREOGLOBULINA ESTIMULADA POR

ELEVAÇÃO DE TSH?

Após a terapia inicial, o objetivo doseguimento do paciente com CDT é mantê-locom terapia adequada de L-T4 e detectar apersistência ou recorrência do tumor. Apersistência ou recorrência da doença pode serdetectada por meio da combinação de examesque incluem a dosagem da Tireoglobulina (Tg)sérica8,54(B), a ultrassonografia cervical51(B) eo mapeamento de corpo inteiro com 131I 55,61(B).

A dosagem da Tg sérica é um bom indicadorde doença persistente ou recorrente, entretantoum resultado negativo não exclui a presença dadoença maligna35,60(B).

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Câncer Diferenciado da Tireoide: Seguimento 13

Para melhorar a especificidade diagnóstica énecessário avaliar as concentrações de Tg sobestímulo com TSH endógeno (interrompendo aterapia de reposição com L-T4) ou por meio douso do TSH exógeno (TSH recombinantehumano– rhTSH) com a meta de TSH=30mU/L, que deverá ser realizado, inicialmente, após 6-12 meses da cirurgia e sempre que houversuspeita de recidiva 8,35,37,54,55,60(B).

O TSH humano recombinante humano foidesenvolvido para facilitar o acompanhamento depersistência e/ou recorrência do carcinoma datireoide, sem a necessidade da presença dehipotireoidismo sintomático, após a retirada dohormônio tireoidiano. A acurácia diagnóstica dorastreamento de corpo inteiro e/ou Tg é semelhan-te em pacientes preparados com rhTSH e nos queretiraram o tratamento com L-T4 para o exame(10B). Os resultados foram concordantes em 89%dos casos, e nos casos discordantes, 4% tiveramresultados superiores em uso de TSH recombinantehumano e 8% tiveram resultados superiores após aretirada do hormônio tireoidiano, porém esta dife-rença não foi significativa, com p=0,10810(B).

Considerando-se Tg de 2 ng / mL ou mais,a recidiva local do câncer foi detectado em22% dos casos de pacientes em uso de terapiade hormônio tireoidiano, 52% dos casos depacientes estimulados com TSH recombi-nante humano e 56% dos pacientes sobestímulo do TSH endógeno. Estes valoresaumentaram para 80%, 100% e 100%,respectivamente, quando no diagnóstico dedoença metastática10(B).

RecomendaçãoA dosagem da Tg sérica estimulada pelo TSH

endógeno (interrompendo a terapia de reposição

com L-T4) ou com o do uso do TSH exógeno(TSH recombinante – rhTSH) melhora aespecificidade diagnóstica da dosagem da Tg séricae deverá ser realizada após 6 -12 meses da cirurgiae sempre que houver suspeita de recidiva60(B).

11. O QUE SIGNIFICAM OS VALORES DE TG

SÉRICA ENTRE 0,1 E 1 NG/ML NUM ENSAIO

SENSÍVEL DE TG?

Sempre que se usa um teste mais sensívelno seguimento de pacientes com câncer, há adiminuição correspondente da especificidade eo médico deve estar atento para fazer a análisecriteriosa destes testes. O exemplo do aumentoda sensibilidade na determinação do antígenoprostático específico (PSA) no seguimento depacientes com câncer de próstata traz algumassemelhanças com a melhoria da sensibilidadefuncional da sTg62,63(B) 64(D).

A explicação para a detecção de sTg quando seutiliza a técnica com melhor sensibilidade funcionalnaqueles indivíduos aparentemente sem doença emseguimento após o tratamento do CDT é devidaao fato que a tireoidectomia total e a ablação com131I não conseguem destruir completamente otecido tireoidiano normal e, em consequência,quantidades mínimas de sTg são dosadas nosangue. À medida, porém, que os efeitos tardiosda tireoidectomia, da dose ablativa de radioiodo e,também, da supressão do TSH, vão, progressiva-mente, causando atrofia nos tireócitos, os valoresde sTg diminuem, em consequência65,66(B).

RecomendaçãoOs valores de sTg entre 0,1 e 1 ng/mL

podem representar apenas a existência de tecidotireoidiano normal, que poderá desaparecer sobefeito da terapia66(B).

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Câncer Diferenciado da Tireoide: Seguimento14

12. QUAL É O SEGUIMENTO RECOMENDADO

PARA PACIENTES COM TIREOGLOBULINA

ESTIMULADA INDETECTÁVEL E LIVRES DE

DOENÇA NA PRIMEIRA AVALIAÇÃO?

Pacientes que já apresentem Tg séricaindetectável e são considerados livres de doençanuma primeira avaliação devem ser seguidosapenas com dosagens de Tg na vigência dotratamento substitutivo com L-T4 eultrassonografia cervical4,7,57,58,66(B).

RecomendaçãoPacientes que já apresentem sTg indetectável

e são considerados livres de doença numaprimeira avaliação, devem ser seguidos apenascom dosagens de sTg na vigência do tratamentosubstitutivo com L-T4 e ultrassonografiacervical66(B).

13. COMO DEVE SER O ACOMPANHAMENTO DE

PACIENTES COM TIREOGLOBULINA ELEVADA

SEM DOENÇA APARENTE?

A concentração de Tg sérica é um excelenteindicador prognóstico. Em pacientes com Tgsérica indetectável após a retirada da L-T4 (Tgestimulada), o risco de recorrência em 10 anosé inferior a 1%66,67(B). A maioria dos pacientescom Tg estimulada superior a 10ng/ml ou comaumentos progressivos de suas concentrações emdeterminações sucessivas desenvolverárecorrência clínica nos anos subsequentes68(B).

Se a Tg está positiva, ou seja, Tg estimulada> 2 ng/ml, e os exames de imagem do pescoçoe tórax, incluindo ultrassonografia cervical etomografia computadorizada helicoidal comcortes finos (sem contraste) negativos, a terapiaempírica com iodo radioativo (100 – 200 mCi)

deverá ser considerada e o rastreamento pós-dose terapêutica realizado12-17(D)69(B). Estaabordagem poderá identificar o foco neoplásicoem cerca de 50% dos pacientes67,68(B) ediminuições das concentrações de Tg foramdocumentadas com esta conduta55,61,70(B).

Se o rastreamento após a dose empírica de100-200 mCi de 131I não permitiu a localizaçãoda doença, o mapeamento com 18FDG-PETassociado à tomografia computadorizada deveráser considerado55,71-73(B). Comparando o PETapós a retirada da L-T4 com o PET com uso derhTSH (TSH recombinante), não houvediferença significativa para detectar número dedoentes (49% versus 54%, com p=0,42).Porém, o rhTSH-PET apresentou-se maissensível significativamente para detecção denúmero de órgãos envolvidos e número de lesõesdetectadas, com 94% versus 79% com p=0,054e 95% versus 81% com p=0,001,respectivamente73(B).

PET-FDG e/ou PET/CT podem ser úteisna localização das lesões não iodo-captantes74(A) (74A). PET-FDG ou PET/CTpodem ser utilizados na detecção de recorrênciaou presença de metástases em CDT, onde aPCI não identificou lesões. Pacientes comtireoglobulina elevada e PCI negativaapresentam PET-FDG com sensibilidade de0,885 e especificidade de 0,847, com razãode verossimilhança positiva (RVP) moderadade 5,78 e razão de verossimilhança negativa(RVN) moderada de 0,1374(A). Ao pesquisarestes pacientes utilizando PET/CT, hásensibilidade de 0,935 (IC 95% 0,870-0,973)e especificidade de 0,839 (IC 95% 0,723 –0,920), com RVP moderada de 5,80 e RVNalta de 0,0774(A).

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Vale lembrar que a concentração sérica deTg permanecerá detectável por semanas após otratamento inicial do CDT e só após este tempose tornará indetectável se houve resolução doprocesso. Sendo assim, somente asconcentrações séricas obtidas após três mesesda cirurgia é que deverão ser levadas emconsideração. Também, a Tg estimulada poderáser observada por alguns meses (6 a 12) após otratamento inicial do carcinoma de tireoide e,sem que se faça qualquer tratamento, poderádiminuir e até se tornar indetectável em 1/3 a2/3 dos pacientes. Nestes pacientes, recorrênciasposteriores também não foram observadas65(B).

RecomendaçãoPaciente com Tg estimulada > 2 ng/ml e os

exames de imagem do pescoço e tórax, incluindoultrassonografia cer vical e tomografiacomputadorizada helicoidal com cortes finos(sem contraste) negativos, a terapia empíricacom iodo radioativo (100 – 200 mCi) deveráser considerada e o rastreamento pós-doseterapêutica realizado69(B). Se o rastreamentoapós a dose empírica de 100-200 mCi de 131Inão permitiu a localização da doença, omapeamento com 18FDG-PET associado àtomografia computadorizada deve serconsiderado74(A).

14. QUAL É O PAPEL DO TSH RECOMBINANTE

NO TRATAMENTO DAS METÁSTASES DE CDTCOM IODO RADIOATIVO?

Trabalhos que compararam o tratamento demetástases com preparo em hipotireoidismo oucom o TSH recombinante mostraram nãoexistirem diferenças significativas entre as duasformas de tratamento75(B).

Embora o tratamento de metástases do CDTcom TSH recombinante ainda não sejaaprovado pela FDA (Food and DrugAdministration, USA), existem situações clínicasem que este pode apresentar vantagens nopreparo do paciente para o tratamento comradiodo76,77(B):

• Pacientes com graves comorbidades que nãopermitem o paciente desenvolver hipotireoi-dismo clínico, como indivíduos com insu-ficiência cardíaca congestiva,coronariopatia grave, insuficiência renalcrônica e depressão importante;

• Pacientes que não apresentam elevaçãoadequada do TSH endógeno após suspensãoda levotiroxina;

• Pacientes que apresentam risco de lesão deestruturas nobres pela possível expansão de lesõesmestastáticas durante o período de elevação doTSH, como por exemplo indivíduos commetástases em coluna ou em crânio.

RecomendaçãoO uso do rhTSH pode ser vantajoso em

pacientes com graves comorbidades que nãopermitem desenvolver hipotireoidismo clínico;nos pacientes que não apresentam elevaçãoadequada do TSH endógeno após suspensão dalevotiroxina e nos pacientes que apresentamrisco de lesão de estruturas nobres durante operíodo de elevação do TSH76(B).

15. É PRECISO INTERNAR TODO PACIENTE

SUBMETIDO À RADIOTERAPIA?

Existem controvérsias acerca das medidasmais apropriadas de radioproteção a serem

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adotadas em pacientes submetidos à radioterapiaablativa de restos tireoidianos pós-cirúrgicos oupara tratamento de metástases. A interpretaçãodas recomendações da Agência Internacional deEnergia Atômica (IAEA) e da ComissãoInternacional de Proteção Radiológica (ICRP)pela autoridade normativa do Brasil, a ComissãoNacional de Energia Nuclear (CNEN), é de quepacientes que recebam atividades acima de 30mCi devam ser hospitalizados, para evitar exporindivíduos que permaneçam no seu campo deradiação ou que sofram incorporação de atividadesdo radioisótopo excretadas por eles78(D).

No entanto, esta prática leva ao aumento noscustos da terapia e à limitação de acesso aoprocedimento terapêutico. A administração de100 a 150 mCi pode ser feita de forma segura empacientes ambulatoriais, sem impacto radiológicoao meio ambiente ou aos familiares, desde que ospacientes sejam devidamente orientados eacompanhados por profissionais habilitados noBrasil78(D)79(B), à semelhança do que se faz emoutras partes do mundo80-82(B)83(C).

RecomendaçãoA administração de radiodo terapêutico deve

ser feita em pacientes hospitalizados78(D), masalguns pacientes bem orientados podem sertratados ambulatorialmente79(B).

16. QUANDO DEVE SER INICIADA A REPOSIÇÃO

COM A L-T4? QUAL O VALOR DE TSHINDICADO APÓS A TERAPIA INICIAL DOS

PACIENTES COM CDT E POR QUANTO TEMPO

ESTA TERAPIA DEVE SER MANTIDA?

A terapia com L-T4 deve ser iniciada o maisprecocemente possível, recomendando-se a dose

plena de reposição hormonal já no pós-operatório, quando o paciente voltar a sealimentar, e mantida por toda vida, já que opaciente não possui mais fonte de hormôniostireoidianos endógena. O valor do TSH-alvodeve ser individualizado, de acordo com aclassificação de risco e efeitos adversos. A tera-pia supressiva com L-T4 está associada a melhorprognóstico em pacientes de alto risco84(B). Noentanto, esta terapia está associada a maior riscode arritmias em idosos85(A) e risco deosteoporose em mulheres menopausadas36(B).

Os pacientes de muito baixo risco nãonecessitam de terapia supressiva e podem mantero TSH dentro dos limites da normalidade, entre0,4 e 2,0 mU/L. Nos pacientes de baixo risco,que tiveram remoção completa do tumor, pode-se manter o TSH entre 0,1 e 0,4 mUI/L e, seapresentarem Tg indetectável e ultrassonografiacervical negativa 12 meses após a tireoidectomia,pode-se manter o TSH no limite inferior danormalidade, em torno de 0,5 um/L12-17(D).

Os pacientes de alto risco ou com doençapersistente devem manter TSH ≤ 0,1 um/L,procurando-se obter T4 livre normal. Se, apóscinco anos, a Tg sérica for indetectável comimagem negativa, pode-se manter o TSH dentrodos limites de normalidade (entre 0,4 e 2,0mUI/L). A densidade mineral óssea deve ser ava-liada periodicamente em mulheres namenopausa. Pacientes de alto risco, idosos e quejá apresentam osteoporose e ou risco cardíacopara arritmias devem ser monitorados commaior cuidado e podem manter o TSH entre0,1 e 0,5 mUI/L12-17(D)86(B).

RecomendaçãoRecomenda-se iniciar a dose plena de

reposição hormonal já no pós-operatório, assim

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Câncer Diferenciado da Tireoide: Seguimento 17

que o paciente voltar a se alimentar, mantendo-a pelo resto da vida do paciente. Os pacientesde muito baixo risco devem manter o TSHdentro dos limites da normalidade (0,4 e 2,0mU/L); os pacientes de alto risco ou com doençapersistente devem manter TSH ≤ 0,1 um/L,procurando-se obter T4 livre normal12(D).

17. QUAL É A CONDUTA EM PACIENTES COM

METÁSTASES PULMONARES?

Pacientes com metástases à distância do CDTapresentam aumento da morbidade e do risco demortalidade87(B). No entanto, o impactonegativo vai depender da idade do indivíduo, bemcomo da quantidade, localização e tamanho dasmetástases88,89(B). A taxa de sobrevivência em 5e 10 anos varia de 41% e 15%,respectivamente87(B). A análise de regressãomultivariada de Cox identificou a idade maiorque 45 anos, doença sintomática, metástasesalém do sítio de pulmão ou osso e sem tratamentocom iodo radioativo para a metástase comopreditores de mau prognóstico, com 13%, 11%,16% e 12% para 10-anos de sobrevivência àdoença específica, respectivamente. Isso secompara com idade inferior a 45 anos,apresentação assintomática, presença demetástase no pulmão ou osso, e tratamento comiodo radioativo com 10-anos de sobrevida àdoença específica de 58%, 45%, 32% e 33%,respectivamente (p <0,0001)89(B).

O procedimento de escolha, sempre quepossível, é a ressecção cirúrgica, sendoimportante a avaliação da experiência docirurgião nesse tipo de procedimento. É desejávelque o cirurgião tenha boa experiência em grandesintervenções e reintervenções. A princípio, aconduta pode ser agressiva, mas a relação custo/

benefício do procedimento deve ser sempreavaliada, no sentido de preservar as funçõesorgânicas e qualidade de vida do paciente. Dessemodo, se uma inter venção cirúrgicaespecificamente agressiva compromete o estadogeral do paciente, sem objetivar a cura, comono caso de múltiplas metástases, a mesma deveser questionada88,89(B).

Metástases pulmonares iodo-captantes,usualmente micronodulares, podem ser tratadascom doses empíricas de 100 a 150 mCi de 131Iapós suspensão do T4. O tratamento deve serrepetido a cada 6 a 12 meses, desde que as lesõescontinuem comprovadamente captando oiodo90(D). O rastreamento pós-dose terapêuticae os níveis séricos de Tg são importantes paraavaliação da resposta ao tratamento. Emcondições favoráveis, as remissões costumamocorrer com doses cumulativas de 600 mCi ouinferiores. O benefício da radioiodoterapia deveser questionada após a utilização de dosescumulativas superiores a 600 mCi e evidênciade baixa captação de 131I90(D). Alguns autoressugerem que o uso do lítio pode ser útil devidoao aumento da retenção do 131I nas lesõesmetastáticas91(C). Apesar do uso do lítioaumentar a retenção de 131I nas metástases emalguns pacientes com CDT, nenhum efeitobenéfico foi observado na evolução clínica daadministração de lítio antes da realização deradioterapia91(C).

Pneumonite actínica e fibrose sãocomplicações muito raras92(B). Como regra, aslesões pulmonares micronolulares evoluemlentamente e os pacientes podem ser seguidoscom dosagem sérica da Tg e TC, sendo mantidossob supressão do TSH92(B). A estratégiaterapêutica para os pacientes com metástases

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Câncer Diferenciado da Tireoide: Seguimento18

macronodulares iodo-captantes deve sersemelhante. O tempo de sobrevida é maior nospacientes que têm metástases concentradoras de131I (p<0,0001) e naqueles com lesõesmicronodulares (p<0,0037)92(B). Infelizmente,as lesões macronoculares frequentemente nãocaptam o 131I, e outras possibilidades terapêuticaspaliativas, como terapia médica direcionada natentativa de rediferenciação do tumor, podemser consideradas93(B)94(C), além de exérese da(s)metástase(s), radioterapia externa para lesõesintratorácicas e drenagem pleural ou pericárdicaem derrames sintomáticos95(B).

O uso empírico de doses de 131I estájustificado em pacientes com níveis séricosaumentados de Tg, nos quais a lesão(es)metastática(s) não foi(am) identificada(s) pelorastreamento e outros métodos de imagem70(B).Essa abordagem pode identificar (PCI pós-dose)e tratar focos metastáticos previamente nãodetectáveis em aproximadamente 50% doscasos55,70(B)96(C). É importante, nesses casos,lembrar que esses pacientes não se beneficiamdo tratamento com o radioiodo e dosesadicionais devem ser evitadas97(B). Infelizmente,os resultados com a quimioterapia tradicionaltambém são decepcionantes e nãorecomendamos essa conduta98(D).

RecomendaçãoMetástases pulmonares iodo-captantes

podem ser tratadas com doses empíricas de 100a 150 mCi de 131I após suspensão do T4,repetindo-se o tratamento a cada 6 a 12 meses,desde que as lesões continuem comprova-damente captando o iodo. O benefício daradioiodoterapia deve ser questionado após autilização de doses cumulativas superiores a 600mCi e evidência de baixa captação de 131I90(D).

18. QUAL É A CONDUTA EM PACIENTES COM

METÁSTASES ÓSSEAS?

Metástase óssea pode ser a primeiramanifestação do CDT, sendo o segundo localmais frequente de metástases resultantes decâncer de tireoide99(B). A sobrevida do pacientecom metástase(s) óssea(s) é geralmente reduzidadevido às dificuldades terapêuticas enfrentadasem função da localização e da extensão da(s)lesão(ões) que, frequentemente, não captam131I. Não é incomum o paciente desenvolverfraturas patológicas que, particularmente emvértebras, podem levar a quadros neurológicosgraves, com dor incapacitante ou quadros deparaplegia100(B). Quando a metástase óssea éisolada, a ressecção cirúrgica completa da lesãomelhora significativamente o prognóstico desobrevida100,101(B). Do mesmo modo, a lesãoóssea iodo-captante também está associada auma sobrevida maior. A dose terapêuticaempírica de 131I recomendada varia entre 150 e300 mCi99(B).

Em lesões ósseas localizadas em regiões maiscríticas, perto de estruturas nervosas, o edemadecorrente da captação do 131I pode produzircompressão nervosa, com dor ou incapacidadefuncional importante99(B). Nesses casos ou emlesões não iodo-captantes, a radioterapia externacom uso concomitante de corticosteroides deveser considerada100-102(B).

Procedimento local como embolizaçãointra-arterial é considerado uma terapiapaliativa para alívio de sintomas e tem melhorresultado quando combinado comradioiodoterapia ou irradiação externa. Aembolização não combinada teve melhora nossintomas clínicos, sem progressão do tumor

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Câncer Diferenciado da Tireoide: Seguimento 19

por 6,5 meses na média e quando combinadaaumentou para 15 meses (p = 0,0146)103(B).

Infusões periódicas de pamidronato ouzoledronato, com a intenção de inibir a atividadeosteoclástica, têm sido sugeridas como tratamentopaliativo de pacientes com metástases ósseas. Hádiminuição da dor óssea (com p<0,0052), semnenhuma diminuição do consumo de analgésicose com efeitos transitórios104(B). Com a mesmaintenção de tratamento paliativo, às vezes,utilizam-se injeções de cimento104(B).

RecomendaçãoQuando há metástases ósseas isoladas, estas

devem ser cirurgicamente ressecadas100(B). Nasmetástases iodo-captante, doses de 150-300mCi podem ser utilizadas102(B).

19. QUAL É A CONDUTA EM PACIENTES COM

METÁSTASES CEREBRAIS?

Metástase cerebral é complicação rara noCDT, sendo mais frequente em pacientes idososcom doença avançada e sinaliza mauprognóstico. Pode, no entanto, ser a primeiramanifestação ou a primeira metástase no cursodo câncer da tireoide100-102(B). Uma vezdiagnosticada metástase cerebral por CDT, amortalidade é de 67% e tempo médio desobrevida de 12,4 meses105(B)106(C).

Exames de imagem como tomografiacomputadorizada sem contraste ou,preferencialmente, ressonância nuclear magnética(RNM) com gadolíneo de crânio, costumamrevelar de forma clara a localização e extensão dalesão. Frequentemente uma biopsia é necessáriapara confirmar ser uma metástase do câncer datireoide107(B). O tratamento inicial deve sercirúrgico, visando à ressecção completa dametástase, que se acompanha de maior sobrevidado paciente. Para pacientes que se submetem àressecção da metástase têm sobrevida de 16,7meses, comparando-se com somente 3,4 mesespara aqueles que não o fizeram (p < 0,05),independente de ser lesão única ou múltipla105(B).Nenhuma evidência de benefício para sobrevidafoi encontrada em radioiodoterapia, radioterapiaexterna ou quimioterapia105(B).

RecomendaçãoAs metástases cerebrais devem ser tratadas

com cirurgia, pois a sua ressecção aumenta otempo de sobrevida. Não há benefício no usode radioterapia, radioterapia externa ouquimioterapia105(B).

CONFLITO DE INTERESSE

Teixeira GV: Recebeu reembolso porcomparecimento a simpósios patrocinados pelaempresa Johmédica.

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Câncer Diferenciado da Tireoide: Seguimento20

REFERÊNCIAS

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