boletim cnm 2015-3

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Boletim Informativo Clube Niteroiense de Montanhismo Ano XI - Número 30 Niterói, Setembro de 2015 • A primeira escalada brasileira em Bariloche • CNM e o Dia da Montanha Limpa • Relação número de visitantes x impacto nas trilhas • MONA Cagarras: Visitação e Conservação • Guia de Trilhas de Niterói e Maricá • Programa CNMais Vantagens • • E muito mais! • Relato: 4 Dias na Dura Travessia da Serra Fina

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Page 1: Boletim CNM 2015-3

Boletim InformativoClube Niteroiense de Montanhismo

Ano XI - Número 30Niterói, Setembro de 2015

• A primeira escalada brasileira em Bariloche• • CNM e o Dia da Montanha Limpa •

• Relação número de visitantes x impacto nas trilhas •• MONA Cagarras: Visitação e Conservação •

• Guia de Trilhas de Niterói e Maricá •• Programa CNMais Vantagens •

• E muito mais! •

Relato: 4 Dias na Dura Travessia da Serra Fina

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2 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30

Foi bonito de ver os Três Picos com tanta gente do clube. Como em 2014, programamos com antecedência

nosso final de semana. Estivemos em mais de 30 pessoas no Reúgio Três Picos, do Zézinho.

Até que a galera tem comparecido em nossas atividades. As reuniões socias continuam cheias, nossas

caminhadas continuam concorridas. Enfim, o clube está em movimento.

Essa temporada ainda não acabou e já estivemos no Dedo de Deus, fizemos a Serra Fina, Maria Comprida,

Pico Médio (Três Picos), Garrafão, Dedo de Nossa Senhora, Verruga do Frade, Caixinha de Fósforo, etc.... Estamos

tentando ainda a clássica Petrô-Terê, isso se a chuva nos deixar... Já temos programado Cinco Pontões - ES e Itatiaia.

Iniciamos o projeto de lançar o Guia de Trilhas de Niterói e Maricá, no qual iremos disponibilizar diversos roteiros

de caminhas nessas duas cidades. O desafio é grande, mas estamos literalmente caminhando e já compilamos parte

do material.

Agora sócios do clube tem descontos em algumas lojas, é o CNMais Vantagens! São ideias que vem surgindo e

que tem o objetivo de transformar o CNM em um grande clube.

Mas e a sede? Bom, essa está quase... Quem sabe já não teremos novidades para o próximo boletim...

Vamos para as montanhas!!!!!!!!!

MENSAGEM DO PRESIDENTE

E estamos andando... Por Leandro do Carmo

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Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30 3

SUGESTÃO DE LEITURA

Tenha uma boa leitura!

Por Eny Hertz

Livre - A Jornada de Uma Mulher

Em Busca do Recomeço

O que faz uma pessoa inexperiente

trilhar sozinha 1.770 quilômetros

da Pacific Crest Trail (PCT),

umas das mais difíceis trilhas do

planeta. Quase como um diário,

este emocionante relato entrelaça

passado e presente, com vários momentos que nos

fazem querer se embrenhar na natureza.

Por Leandro Collares

Noche Estrellada, de Izabel Suppé

Isabel Suppé (http://www.

isabelsuppe.com/) relata com

delicada beleza como sobrevive

a queda de 400 metros na Ala

Esquerda do Condoriri. Gravemente

ferida e plenamente consciente

de sua situação na solidão gelada

dos Andes bolivianos, o equivalente a uma sentença

de morte. Perseguida pela hipotermia, hemorragia

intensa, alucinações e desespero, decide assumir o

compromisso com a vida. Passando dois dias e duas

noites intermináveis rastejando sobre o gelo para obter

ajuda para ela e seu companheiro Peter.

Em 2011 seu livro foi finalista escolhido Pela revista

Desnivel.

Por Leandro do Carmo

Memórias da Montanha, de Denise

Emmer

Um livro que conta como a autora

iniciou no montanhismo. Uma

leitura que vai prendendo e aos

poucos te leva a dividir a mesma

cordada... Uma excelente leitura!

FOTOS DE ATIVIDADES

MARIA COMPRIDA

CAIXA DE FÓSFORO

PICO MENOR

CABEÇA DE DRAGÃO

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4 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30

compramos barracas que também não existia no Brasil,

enfim, demos um “up grade” com relação ao material

utilizado em nosso país.

Foi somente anos depois, que começamos a

importar equipamentos diretamente da França. Existia

o Via Campeur, em Paris. Nós adquirimos um catálogo

imenso, onde escolhíamos o material e íamos ao Banco

do Brasil pagar as taxas de importação. Mas isso foi

um pouco depois de adquirirmos esses equipamentos

na Argentina. É fato que no Brasil não havia nada de

equipamento e naquela época, escalar era uma aventura,

na verdade era coisa de maluco, só doido fazia uma

coisa dessas! Para se ter uma ideia, a primeira escalada

que fiz, me deram uma bota cardada, que era uma bota

com pregos no solado, impossível de se escalar com

aquilo. Antigamente se escalava muito em cabo de aço,

o que facilitava, pois com os calçados que existia ficava

impossível escalar em livre, como é feito hoje em dia. Só

HISTÓRIA

A Primeira Escalada Brasileira em Bariloche Por José Matos Zézão

A viagem até Bariloche foi feita de ônibus e eramos

um total de 7 participantes, a saber Harald (chefe da

equipe), Guilherme, Jose Augusto, Lolia , Helena, Laize

e Yara. Desse grupo somente Harald, Jose Augusto,

Guilherme e Lolia eram escaladores. A viagem de

onibus até Bariloche foi um pouco cansativa em virtude

das grandes distâncias, a saber: Rio-Porto Alegre

1650km, Porto Alegre-Buenos Aires 1429km e Buenos

Aires-Bariloche 1750 km. Essa excursão foi realizada

no período de 23/01/1969 a 23/02/1969, portanto,

duração total de 30 dias.

Os lugares escalados foram o Cerro Lopes e o

Cerro Catedral. No Cerro Lopes, escalamos o Pico

Luhrs, subimos por uma face que não era muito tempo

frequentada , e por isso, fomos homenageados pelo

dono do Abrigo . Nesse mesmo Cerro Lopes escalamos

o Filo Norte, bastante fácil com lances de no máximo

3A.

A escalada no Luhrs é bastante vertical e exigiu

muita técnica, com lances de ate 6A, com diedros

e chaminés, o que na época foi um grande desafio.

Naquela ocasião, tivemos que comprar todo o material

em Buenos Aires, pois no Brasil não existia praticamente

nada. Essa era uma escalada que exigia corda de nylon,

mosquetões, baudrier, freio oito. No Brasil, escalávamos

com alpargatas, corda de sisal amarrada na cintura, o

rapel era feito com a corda passando pelo corpo, enfim,

era horrível. Para escalar em Bariloche, precisávamos de

equipamento adequado, não daria para fazer o rapel,

em grandes paredes verticais, com a corda passando

pelo corpo... Além dos equipamentos de escalada,

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Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30 5

depois é que vieram as Alpargatas.

Mas voltando a escalada em Bariloche, fomos

ao Cerro Lopes, onde basicamente fizemos um

treinamento em gelo. Alugamos crampon e Piolet em

Bariloche, pois não haveria o porquê de comprar esse

tipo de equipamento. Faríamos o que com eles no

Brasil? Nada. Foi aí que fizemos a primeira escalada

em gelo, na verdade a primeira escalada em gelo feita

por brasileiros lá em Bariloche. A escalada no Cerro

Lopes era basicamente gelo em sua base e rochas na

parte superior. Relativamente fácil,com bom acesso,

ótimo para aclimatação e treinamento com os novos

equipamentos.

O Cerro Catedral destaca-se a grande quantidade de

agullhas. Lá fizemos a Torre Principal. Foi uma escalada

sem muita exigência técnica, toda protegida por pítons

com pontos já determinados para o rapel. O cume era

muito pequeno, cabiam poucas pessoas. Existia um

livro de cume, onde deixamos nossas assinaturas.

Escalamos tambem a Agulha Frei.

Todas as escaladas levavam de 4 a 5 horas,

nenhuma necessitou de pernoite. Em Bariloche, os

acessos são muito fáceis.

Nossa excursão à Bariloche foi muito comentada

no meio dos excursionistas, mas a imprensa nacional

não dava muito espaço para esse tipo de atividades.

Naquela época, no Brasil, o peso da escalada era zero,

não era um esporte divulgado. Só existia futebol! O que

raras vezes acontecia, era a divulgação de uma pequena

nota sobre a excursão de algum clube.

A escalada em Bariloche se originou pela influência

alemã. Com a Segunda Guerra na Europa, muitas

cidades ficaram arrasadas, principalmente as alemãs, e

migrar para os países da América do Sul, principalmente,

a Argentina, devido ao clima e a simpatia do governo

argentino pelo nazismo, foi a única alternativa para

milhares de pessoas. Muitos desses imigrantes alemães

foram para Bariloche, onde o clima era muito parecido

com o da Alemanha. E foram os filhos desses imigrantes

que fizeram escalada em Bariloche de alto nível. Os

argentinos não tinham essa cultura de escalada em

rocha, praticavam apenas as caminhadas.

Como as montanhas de Bariloche eram muito

parecidas com as da região de Bavaria, os filhos dos

imigrantes alemães começaram a escalada em rocha na

região, pois era disso que eles gostavam. Eles não eram

muito chegados na escalada em gelo. O negócio deles

era rocha.

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RELATO

4 Dias na Dura Travessia da Serra Fina Por Leandro do Carmo

Participantes: Patrícia Gregory, Leandro do Carmo,

Vinícius Araújo, Ary Carlos, Andréa Vivas, Michael

Patrick, Felipe Lima e Paulo Guerra.

Tínhamos programado de fazer a travessia da Serra

Fina a quase 1 ano. E devido a quantidade de dias, 4 no

total, só daria para fazer no feriado de Corpus Christi.

Por ser muito pesada e técnica, não deixamos a atividade

aberta, fomos fazendo o convite individualmente. Assim

um a um foi se juntando a equipe.

Eram muitas as opções, mas resolvemos sair de

Niterói, em direção à Passa Quatro, na quarta feira à

noite e combinamos de dormir na casa do Sr. Edinho

(responsável por nos levar ao começo e fazer o nosso

resgate ao final da trilha), assim poderíamos acordar bem

cedo e seguir para o começo da travessia. Chegamos à

Passa Quatro por volta das 22:00 e encontramos, por

sorte, o Sr. Edinho em um posto de gasolina. Fomos até

a casa dele e já começamos a perceber o quanto o Sr.

Edinho é enrolado. Não parava de chegar gente e ele

já havia dado algumas viagens, levando vários grupos.

Até aí tudo bem, pois só sairíamos de manhã cedo.

Marcamos às 7 horas. Queríamos começar com o dia

claro para poder apreciar a bela vista.

1º Dia – Da Toca do Lobo ao Cume do Capim

Amarelo

Acordamos cedo conforme programado e para

nossa surpresa já tinha um grupo na caminhonete do

Edinho pronto para sair e ficamos por último, mesmo

tendo combinado com antecedência. Acho que o Sr.

Edinho não tem noção da responsabilidade que tem.

Quando combinamos um horário, é por que fizemos

uma programação em cima disso e um atraso de 2

horas, pode comprometer bastante o dia. Com todos

esses problemas, acabamos entrando na trilha às 10

horas da manhã. Acho que fomos o último grupo a

começar a travessia.

Chegamos a uma propriedade que fica logo após

o Refúgio Serra Fina e dali, seguimos uma péssima

estradinha até a Toca do Lobo, que é uma pequena gruta

à esquerda, à margem de um córrego. Ali tínhamos a

informação de que seria o ponto de coleta de água do

dia, depois dali, só um pouco antes da base da Pedra

da Mina, no segundo dia (Tem água mais acima, no

Quartzito). Cada um foi enchendo suas garrafas e eu

optei por levar 3 litros e o Ary teve que levar 1L para

mim, pois havia esquecido sua garrafa. Aproveitei

para beber quase 1L d’água, assim garantiria menos

consumo nesse primeiro dia. Minha mochila pesava

algo em torno dos 16 Kg. Carregar quase 30% do peso,

não é uma tarefa das mais fáceis...

Com a mochila nas costas, cruzamos o córrego e

iniciamos a subida. Já começa forte! Mas descansado

e inteiro, não tive problemas. Aos poucos fomos

vencendo a subida até que passamos para uma

vegetação bem rasteira, ficando totalmente expostos

ao sol. Ali já era possível ver o Pico do Capim Amarelo

enganosamente próximo... A trilha sempre bem

marcada, não apresentava dificuldades. A medida que

subíamos, víamos que precisámos subir mais... E com

aproximadamente 1 hora de caminhada, comecei a

ouvir um barulho de água correndo e mais acima deu

para ver um quedinha d’água, bem a direita. Esse

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Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30 7

deveria ter sido nosso ponto de coleta de água, assim

não precisaríamos ter feito todo essa caminho com um

peso desnecessário.

Seguimos subindo e a vista começou a surpreender.

E olha que ainda estávamos longe de concluir o dia...

No alto de um morro demos uma pausa e pudemos

observar o caminho pela crista por onde passamos e

o caminho que ainda teríamos que percorrer. Tivemos

uma descida pela crista, até que começamos a forte

subida do Capim Amarelo. É um trecho bem íngreme

com alguns lances de trepa pedra, vários caminhos

com bambuzinhos e grandes tufos de capim, que nos

acompanhariam durante toda a travessia.

Nesse trecho de subida, tivemos nossa primeira de

muitas investidas por entre esses tufos de capim, que

formam verdadeiros labirintos por entre a vegetação.

Subimos num ritmo forte e passamos vários grupos a

nossa frente. Nossa preocupação era de que o cume

estivesse cheio e que não houvesse mais lugar para

acampar. Muitos optam por passar o cume do Capim

Amarelo e acampar no Maracanã ou em algum ponto

pelo caminho. Paramos num pequeno descampado,

onde fizemos nossa última parada antes do último

trecho de subida. Partimos para o ataque final. Uma

subida íngreme, molhada, escorregadia e em alguns

pontos expostos. Existiam algumas cordinhas que

ajudavam a ascensão. Os bambuzinhos teimavam em

nos segurar e aos poucos vencemos os metros finais e

chegamos ao cume do Capim Amarelo.

O dia estava ótimo: firme e sem vento. E isso nos

ajudou bastante. Havíamos chegado eu, Felipe, Paulo e

o Michael. O cume é bem pequeno e coberto por esses

tufos de capim. Como tinha bastante gente por lá, dei

logo uma andada em volta e não vi nenhum lugar aberto

para acampar. Rapidamente, marquei três pontos onde

haveria possibilidade de armar as barracas. Peguei

meu canivete e abri uma pequena clareira, onde eu

e o Paulo armamos nossa barraca. Mais para o lado,

o Felipe e Michael, armaram a deles e deixamos um

espaço razoável para a barraca da Andréa e Patrícia.

Precisávamos de mais um local. Forçando a barra, achei

um lugar para o Vinícius e o Ary, onde eles montaram a

barraca deles. Pronto! Estávamos todos mais ou menos

instalados. Preparamos nosso almoço/janta e ficamos

ali contemplando o por do sol maravilhoso. Mas o dia

ainda não havia acabado... Estávamos em semana de lua

cheia e quando ela apareceu... Deu seu espetáculo! Aos

poucos, todos nos recolhemos tomados pelo cansaço.

O dia seguinte também seria longo...

2º Dia – Do Capim Amarelo à Pedra da Mina

Acordamos cedo, preparei meu café da manhã

e pude contemplar um nascer do sol fantástico. O

espetáculo das montanhas sendo atingidas pelos

primeiros raios de sol, davam a sensação de que elas

pegariam fogo. Foi difícil me concentrar em outra

coisa, mas precisava continuar. Começamos a nos

arrumar para descer. Tinha 1 litro de água para chegar

até a Cachoeira Vermelha, próximo ponto de coleta.

Atravessamos o cume do Capim Amarelo, pois a descida

é pelo lado oposto ao que se chega. Fomos descendo

e um pouco mais abaixo, passamos por alguns

pequenos pontos de acampamento. Em pouco tempo

já estávamos no fundo do vale. Olhando para o Capim

Amarelo, vi o quanto havíamos descido. Cruzamos um

trecho de capim alto no fundo do vale, subimos um

pequeno lance e novamente entre capins cortamos em

diagonal o morrote seguinte. A trilha bem marcada e

até sinalizada com fitas e totens, nos levou até o trecho

de mata rala que separa a base do Capim Amarelo da

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crista em direção ao Melano. Com cerca de 1 h 30 min,

chegamos ao local conhecido como Maracanã. Uma

ampla área que daria para abrigar umas 20 barracas.

Mais a frente, conversando com outras pessoas, fiquei

sabendo que existe um ponto de água bem próximo.

Seria seguir a trilha a após o Maracanã e dobrar a

esquerda na primeira bifurcação. Daí, precisaria descer

uns 15 min. Não dá para confirmar, pois não cheguei até

lá. A essa altura, estávamos divididos em dois grupos.

Nos encontrávamos em pontos pré determinados e o

nosso próximo, seria na Cachoeira Vermelha. Seguimos

subindo e descendo sempre com um visual fantástico.

Do alto de um morro, avistei uma pedra no fundo do vale

com uma coloração avermelhada e não tive dúvida, era

o nosso ponto de referência, era a Cachoeira Vermelha.

O sol estava no alto, era cerca de 13:00 horas. Já

estávamos na trilha desde das 9 horas. Como teríamos

que esperar o outro grupo, resolvemos fazer o almoço

ali. Tínhamos sol e água a vontade para lavar as

panelas. Essa parada foi fundamental. Foi o dia em que

eu melhor me alimentei. E ainda bem, pois a noite que

passaríamos... Estávamos eu, Michael, Paulo e o Felipe.

Um pouco depois chegou o Vinícius. Como já havíamos

almoçado, dei a ideia de que um grupo fosse à frente e já

montasse o nosso acampamento e deixasse reservados

dois lugares para as outras barracas. Outra decisão

acertada! Quando a Andréa, Patrícia e Ary chegaram,

avisei que o pessoal já havia ido para a Pedra da Mina e

que eles fizessem ali o almoço, assim poderíamos subir

com menos água, consequentemente, mais leves. A

essa altura, qualquer quilo, faz a diferença.

Para os mais corajosos, dá até para tomar um

banho. Eu nem me arrisquei. Até para lavar a panela a

mão doía, de tão gelada que a água estava. Aquele vale

é um local fantástico, algo intocado, assim como toda

a travessia. A nossa frente tinha a pedra da Tartaruga

e mais ao lado dava para ver algumas pessoas

subindo a Pedra da Mina. Já era hora e começamos a

caminhar. Havíamos pegado água ali nesse ponto, mas

poderíamos ter esperado mais a frente, onde cruzamos

o rio novamente. A água nesse ponto é bem mais clara,

pois ela ainda não passou pelo charco. Na próxima...

Seguimos o caminho até que iniciamos a subida da

Mina. Subidinha forte! O tempo começava a fechar. O

vento aumentava, mas por sorte não eram nuvens de

chuva.

Quando chegamos próximos de um grande totem,

já quase no cume, o Felipe e o Michael nos esperavam

para indicar-nos o local das nossas barracas. Como o

Ary e Patrícia ainda não haviam chegado, resolvi parar

para assinar o livro de cume junto com a Andréa e

aproveitei para bater algumas fotos. O tempo fechou

de vez e o vento estava muito forte. Algumas barracas

estavam abrigadas e outras nem tanto. Tentei achar

onde estavam as nossas, mas a falta de visibilidade me

fez voltar. Quando retornei, encontrei o Felipe, Ary e

Patrícia. Aí sim, pude seguir. Acho que sozinho, sem

referência, sem visibilidade, não iria achar nunca. O

local era ótimo, bem mais abrigado do vento do que no

cume. Com o tempo aberto, é fácil achar, mas a noite

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Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30 9

e fechado... Assim que passar pelo livro de cume, deve

seguir reto se orientando pelos totens. Mais a frente

quando começa a descer levemente, siga os totens da

esquerda, pois para a direita você vai para o Vale do

Ruah. A barraca já estava montada. Fiquei imaginando

achar um lugar e montar nessas condições...

Troquei de roupa e ainda fiquei um pouco

dentro da barraca para me aquecer mais. Depois do

acampamento montado, aproveitamos para ir até ao

cume, na esperança do tempo abrir e podermos ver a

lua nascendo. Mas não demos sorte. O vento aumentou

consideravelmente e já estava ficando complicado ficar

ali em pé. Resolvemos voltar e no caminho passamos

por três caras tentando montar uma barraca numa

laje inclinada e totalmente exposta ao vento, acabei

voltando e falando do local onde havíamos montado as

nossas barracas. Eles na hora aceitaram e nos seguiram.

Como a visibilidade piorou, demoramos um pouco até

acharmos o caminho. Fui e voltei algumas vezes, até

que vi um totem, depois outro... Pronto, já tinha me

achado! Eles já estavam tão cansados que montaram

a barraca no primeiro local que acharam. Entrei na

barraca e fui descansar, o dia seguinte prometia... A

noite foi tensa. O vento mudou de direção e começou

a sacudir a barraca a cada rajada. Havia colocado

pedras na lateral da barraca, o que foi o suficiente para

estabilizar a cobertura e impedir que o vento entrasse

por baixo. Uma noite mal dormida!

3º Dia – Da Pedra da Mina à base do Pico dos Três

Estados

O dia amanheceu péssimo: a visibilidade estava

reduzida a poucos metros; o vento continuava forte; e o

frio havia aumentado. Não tinha jeito, não ia melhorar

tão cedo. Era hora de sair de dentro do saco de dormir

e começar a arrumar as coisas. Levantei e fui ver se todo

mundo já estava acordado. Havíamos programado de

não sairmos muito tarde. Aos poucos todos foram se

arrumando e começamos nossa caminhada. A descida

foi coisa de cinema. Achar o caminho foi complicado

e tivemos a orientação de um grupo que estava

desarmando o acampamento. Começamos a descida

que era razoavelmente íngreme. Estava tudo molhado

e todo cuidado era pouco. Paulo e Vinícius seguiram

na frente, eu e a Patrícia no meio e resto do pessoal

veio atrás. Na verdade, foi a última vez que vimos o

Paulo nesse dia, pois ele pegou a dianteira e só fomos

encontrá-lo novamente, na manhã do quarto dia.

Descemos com muita cautela até o começo do Vale do

Ruah, mas antes, haviam alguns totens que indicavam

um caminho para o alto de morro, à direita, mas no

nosso caso, deveríamos seguir descendo.

Chegamos ao Vale do Ruah e não tínhamos

nenhuma referência visual. Havia um grupo logo no

começo e cheguei a chamar pelo Paulo e nem sinal

dele. Acabamos nos juntando a outros grupos e fomos

caminhando pelos grandes labirintos encharcados.

Acho que pela falta de chuva, não achei tão complicado

cruzar o Vale do Ruah. Cheguei a ler alguns relatos que

podia afundar até a cintura... Que era fácil se perder...

O capim pode chegar a 2 metros de altura... Mas

pegamos a referência de chegar ao rio e segui-lo com

ele a nossa esquerda. E não deu outra. Rapidamente

cruzamos a passagem entre dois morros, justamente

onde o rio passa, formando um pequeno vale. Seguimos

andando e na primeira cachoeira, fizemos nossa parada

para coletar água, nosso último ponto até o final da

travessia. Com a tática, que vinha dando certo, bebi

quase 1L de água com isotônico, assim conseguia ficar

mais tempo sem me hidratar, levando menos água e,

consequentemente, menos peso. Com os reservatórios

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10 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30

de água cheios, seguimos pelo vale entre os dois

morros e após cruzar o da direita, avistamos um mais

a frente. Vi um totem bem no alto, numa diagonal e

fomos procurando o caminho em meio aos labirintos

de tufos de capim. Com olhos de águia, vi uma fita

amarela em um pequeno arbusto, na qual indicava o

caminho certo. Segui e logo estava ao lado do totem

que havia visto lá de baixo. Achado o caminho, fizemos

uma pequena pausa, pois vencer esse trecho, abrindo

caminho pelo capim, foi bastante cansativo.

Subimos e chegamos a um ponto de acampamento,

fazendo mais uma pequena pausa. Começamos a

caminhar no sobe e desce das montanhas, sempre

com os bambuzinhos nos prendendo. Passamos por

um ponto onde se tivesse aberto, acredito que seria

espetacular! Caminhávamos, para variar, numa crista,

mas bem na beira de um penhasco. Às vezes o tempo

ameaçava abrir e conseguíamos ver a silhueta das

montanhas em volta, mas logo voltava a fechar. A nossa

esquerda, estava o Pico dos Três Estados. Passamos por

mais um pequeno ponto de camping, e seguimos reto

até ao final da linha. Tivemos que voltar e começar a

descer, até que conseguimos avistar os totens. Já tinha

gente lá em baixo, pois ouvíamos barulho de bambu

sendo cortado. Seguimos o caminho a passamos por um

grupo acampando. Todos os bons lugares do bambuzal

já estavam ocupados. Continuamos andando e vimos

um lugar que daria para montar algumas barracas.

Ficamos por ali mesmo. Demos uma caprichada no local

e ficou perfeito para 4 barracas. Já havíamos decidido

ficar ali. O nosso medo era subir o Pico dos Três Estados

e não conseguir local para ficar e ter que continuar a

caminhada. Quem tiver disposição que encare! Nós já

estávamos esgotados. Seria muito mais tranquilo fazer

a janta ali e já consumir um pouco do peso carregado,

principalmente da água. Afinal de contas a próxima

subida seria forte, com aproximadamente 1h20min,

conforme o mapa que tínhamos.

A essa altura, nem sinal do Paulo. Como ele

estava colado num grupo que saiu junto conosco,

provavelmente já estaria no cume, pois pelo caminho,

não havíamos visto ninguém, nem de longe. O

problema é que eu estava dividindo a barraca que

estava com ele e eu estava carregando o isolante dele.

O local onde estávamos era bem abrigado, dentro da

floresta. Não pegamos vento, apesar de ouvi-lo bem

forte. Preparamos nossa comida e combinamos de

acordar mais cedo que nos dias anteriores, às 5 da

manhã. Sabíamos que tínhamos, pelo menos 1 hora a

mais de subida. Aproveitei e me recolhi mais cedo que

nos outros dias, afinal de contas, essa seria a nossa

terceira noite e queria estar inteiro para dia seguinte,

o derradeiro!

4º Dia – Base dos Três Estados à BR 354

Acordamos cedo e apesar do barulho do

vento durante toda a noite, vi que o tempo estava

completamente diferente do dia anterior. Estava bem

aberto. Por entre as árvores dava para ver a silhueta

do nascer do sol. Fiquei imaginando como seria lá de

cima... Bom, precisávamos adiantar e começar logo o

dia. Fui verificar se todos já tinham acordado e voltei

para preparar meu café da manhã e arrumar a mochila.

Juro que pensei em abandonar algum material para

diminuir o peso... Mas coloquei tudo dentro e não me

preocupei em organizar as coisas, não precisaria pegar

mais nada dentro dela.

Iniciamos nossa jornada final por volta das 6h30min.

Novamente uma subida forte. Se já estava assim no

começo, imaginei como seria se tivéssemos feito no

final do dia anterior. Mais uma decisão acertada! Com o

tempo limpo, conseguíamos ver o nosso objetivo e tudo

o que havíamos feito. O visual era fantástico, muito

diferente do dia anterior, onde tudo ficava resumido

ao branco das nuvens... Isso deu um ânimo a mais,

principalmente pelo sol que aquecia o corpo, dando até

para tirar o anorak e caminhar somente com a segunda

pele. E dá-lhe subida! A previsão era de 1h20min. Mas

eu e o Vinícius fizemos em 45min. No cume, por sinal

lotado, encontramos o Paulo, que passou um perrengue

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Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30 11

dormindo sem o isolante. Pela quantidade de gente

que estava ali no cume, agradeci a Deus novamente

por termos tomado a decisão de acamparmos antes

da subida, pois com certeza não acharíamos local para

dormir e teríamos que andar bastante até encontrar

algum ponto. Aproveitamos para bater fotos no marco

que divide os três estados. Dali dava para ver o que

faltava... A grande subida do Alto dos Ivos. Só que antes

de chegar ao Alto dos Ivos, ainda tínhamos um grande

caminho a percorrer.

Começamos a descer o Pico dos Três Estados. Uma

descida forte, como de costume. Passamos por alguns

pequenos pontos de acampamento. Vimos vários

grupos em vários pontos da trilha. Acho que todos se

concentraram por aqui. Hoje dava para ver a quantidade

de gente que estava na travessia. O dia continuava

perfeito. Descemos e subimos e descemos novamente...

De longe vi um grupo em uma parte bem exposta e

falei: “O caminho não pode ser por ali!” O Vinícius

respondeu: “Não pode ou você não quer?” Respondi:

“Os dois, é claro!!!!” Passamos por um grupo que

estava acampado num local amplo, mas bem irregular,

numa laje de pedra, bem exposta ao vento. Tinha uma

barraca que estava num local tão inclinado, que fiquei

pensando na noite de quem dormiu ali... Chegamos ao

ponto onde havia visto de longe. De perto não era tão

ruim assim, um pouco exposto, mas tem bons locais

para os pés. Seguimos e subimos mais um pouco antes

de descer para iniciar a última subida da travessia.

Andamos mais um pouco e estávamos aos pés do Alto

dos Ivos. Respirei fundo e toquei para cima. Até que

foi mais rápido do que eu esperava. Chegamos lá em

cima e estava literalmente lotado. Parece que todos

resolveram se encontrar lá... A área é bem ampla e não

há vegetação, somente um lajeado, onde impossibilita

qualquer tentativa de acampamento. Ficamos ali durante

algum tempo, recarregamos as baterias e combinamos

que dividiríamos o grupo pois como encontramos vários

grupos pelo caminho e muitos diziam que voltariam

com o Sr. Edinho, tínhamos certeza de que isso iria

dar problema. Nossa ideia era chegar e já ir pegando

o resgate. Com certeza seria por ordem de chegada,

assim como foi na casa dele.

Então seguimos Eu, Michael, Paulo, Felipe e o

Vinícius. Partimos para a descida... Tudo muito bem

marcado, mas não podia faltar o bambuzinho e os

tufos de capim. Passamos por alguns pequenos morros

e cruzamos uma área de camping. Mais a frente,

entramos definitivamente na mata fechada. O Felipe

havia pego a dianteira, o Paulo e o Vinícius ficaram para

trás, acabou que eu e o Michael fomos caminhando

juntos. Entramos numa estradinha abandonada e bem

mais a frente chegamos ao último ponto de água.

Dali, entramos numa estradinha e seguimos descendo

até que passamos à Sede da Fazenda, uma grande

construção abandonada. Continuamos e passamos por

algumas cercas e porteiras, até que chegamos ao nosso

destino. O recuo na BR 354. O Felipe já estava lá e eu e

o Michael chegamos alguns minutos depois. Sr. Edinho

já estava lá, todo enrolado. Havia dezenas de pessoas

para descer e apenas uma Kombi fazendo o translado

do pessoal para Passa Quatro. Botamos uma pressão e

fomos no EcoSport dele. Apertamos e conseguimos ir em

5, mais o motorista. Pegamos o carro em Passa Quatro,

pois se ficassemos esperando o Sr. edinho voltar... Nem

sei a hora que sairíamos de lá. Fomos ao encontro do

pessoal e paramos na Garganta do Registro, onde todos

fizeram um lanche reforçado. Assim, pudemos voltar

cansados, mas felizes por termos concluído, com êxito,

o nosso objetivo:

TRAVESSIA SERRA FINA EM 4 DIAS!

Page 12: Boletim CNM 2015-3

12 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30

ACONTECEU

Dia da Montanha Limpa Por Stephanie Maia e Taffarel Ramos

As atividades estavam marcadas para iniciar às

9h da manhã. Eny, Annelise, Patrícia, Taffarel, Rafael

e eu chegamos mais cedo para receber a galera do

64º Grupo de Escoteiros Professor Lourival Gomes

de Andrade, nosso parceiro nessa empreitada. Alex e

Laura chegaram junto com a gente e ao todo, éramos 20

pessoas. Taffarel e Rafael estavam à frente da atividade

de remoção de pichações nos blocos da enseada.

Os bambus, disponibilizados pelo parque, estavam

na sede. Todos empreenderam esforços para carregá-

los até a enseada. Contamos ainda com a ajuda do Ian

Will, que estava ministrando um curso de campo e pediu

que seus alunos ajudassem nessa tarefa. Eny levou

algumas de suas ferramentas (pá, cavadeira e facão)

para o trabalho, além de quatro mudas de paineiras.

Alex e Laura plantaram duas e os escoteiros plantaram

mais duas dessas mudas.

Chegando a enseada, explicamos qual era a nossa

ideia ao grupo de escoteiros, sobre o que pretendíamos

realizar e eles também fizeram sugestões sobre a

melhor maneira de fazer o cercamento. Foi muito legal

ver como eles trabalham em ações bem coordenadas.

Entre a chegada ao parque e o início do trabalho,

levamos cerca de uma hora, e ao meio dia encerramos a

atividade com o cercamento concluído.

Todos ficamos felizes e satisfeitos com o resultado.

Atividades 100% bem sucedidas.

Durante a trilha que nos leva até a enseada do

bananal podemos perceber que desde a realização do

primeiro mutirão o número de novas pichações cresceu

bastante, tanto na enseada no bananal propriamente

dita quanto em outros trechos do parque.

Este foi o segundo mutirão de remoção de pichações

do qual participamos Rafael e eu. No primeiro focamos

no platô de acesso das vias Alan Marra e Paredão Jardim,

mas como foram feitas diversas e grandes pichações

logo no início da enseada do bananal resolvemos neste

segundo mutirão focar esta área por ser uma área mais

visitada e visível.

Utilizamos além dos equipamentos de praxe

(lixadeira, escovas de aço, reservatório de água, pintoff,

luvas e óculos de proteção), um spray removedor de

pichações doado pelo Vitor Hotz.

Somando as grandes e as pequenas pichações

conseguimos retirar um total de 13. Algumas não saíram

totalmente, mas pelo menos foram descaracterizadas.

Como relatado anteriormente focamos naquelas

concentradas na parte “visível” da enseada do bananal.

E também removemos uma bem grande na via de

acesso ao bananal (pichação essa idêntica a algumas

outras que estavam na enseada).

É um prazer indescritível conseguir reduzir o

dano causado pela pichação e fazer algo de bom pelo

parque que nos propicia excelentes momentos de

lazer e paz interior. Só não retiramos mais pichações

porque acabaram as baterias da lixadeira e o produto

removedor. Em algumas pichações usamos o pintoff

Page 13: Boletim CNM 2015-3

Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30 13

Dia 30/08/2015, na

trilha do Bananal, após

denúncia, servidores

do PESET flagraram

3 menores de idade

pichando no local.

Foi feita a revista e

apreenderam 20 metros

de fita para slack line, 3 latas de jet spray de cor azul e

vermelho, 1 litro de tinta cor ocre e um rolo de pintura.

Os três foram encaminhados a 77DP para registro de

ocorrência.

Um agradecimento especial aos servidores do

PESET e aos denunciantes.

ESPAÇO PESET

Apreensão no PESET Por Leandro do Carmo

que é um bom removedor, mas que não se compara

a eficácia do spray removedor que se mostrou

extremamente útil neste mutirão.

Page 14: Boletim CNM 2015-3

14 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30

AMBIENTE

Relação número de visitantes x impactos nas trilhas Por Stephanie Maia

Nos últimos anos ocorreu um aumento na procura

de atividades ao ar livre. No Rio de Janeiro, o projeto da

trilha Transcarioca é um exemplo do investimento que

tem sido feito no sentido de incentivar o turismo e a

visitação às áreas naturais. Vale mencionar também o

projeto Parques da Copa que prometia investimentos na

infraestrutura dos parques estaduais do Rio de Janeiro

e dessa forma proporcionar tanto a maior qualidade da

vista quanto a conservação das unidades.

Em Niteroi, não é diferente. O rápido acesso às trilhas

no Parque Estadual da Serra da Tiririca é certamente um

convite a uma visita. A trilha que dá acesso à Enseada

do Bananal e ao Costão de Itacoatiara, nesse sentido,

é uma das campeãs em número de visitantes. Já foi

registrado em um único dia 200 visitantes na Enseada

do Bananal e de 1.700 no Costão. Localizada pertinho

da praia de Itacoatiara a trilha é curta, bem marcada

(embora algumas pessoas já tenham se perdido) e em

menos de 30 minutos de caminhada proporcionam

aos visitantes cenários belíssimos. Com isso, tem se

percebido que essas trilhas vêm sofrendo os efeitos

negativos inerentes a visitação, como supressão da

vegetação pelo alargamento das trilhas, compactação

do solo e processos erosivos.

Apesar do título, esse artigo, não pretende

determinar um número ideal de pessoas que podem

acessar essas áreas, tampouco promover “uma educação

ambiental”. Mas busca trazer à tona algumas questões a

serem consideradas antes de se postular sobre mínimo

impacto, colocar um cadeado no portão do parque ou

instituir um valor monetário ao acesso à natureza.

Começando pelo conceito de Parque...

Essa categoria de Unidade de Conservação, embora

tenha esse nome não é um parque de diversões à

espera de consumidores, ávidos por adrenalina. Os

Parques foram criados (SNUC) com o objetivo primário

de preservação dos ecossistemas naturais, mas também

preveem a recreação e o turismo, bem como a educação

ambiental e a pesquisa científica. Imagino o “dobrado

que cortam” os gestores para conciliar os dois primeiros

objetivos.

As abordagens para lidar com esse desafio

são muitas: a delimitação de áreas de sacrifício, o

fechamento da unidade para a realização de atividades

recreativas, a limitação do número de visitantes e a

liberação total a todas as áreas do parque, para citar

algumas.

Delimitar áreas de sacrifício me parece um

contrassenso, principalmente quando se fala tanto

em educação ambiental. Não é a natureza em sua

expressão mais bela, em sua melhor forma, o que o

visitante procura? Não sei as outras pessoas, mas é isso

o que eu busco. Penso que uma área de sacrifício com

cara de preservada desempenha com mais eficácia o

seu papel nos processos educativos.

A questão do número de visitantes é o que mais

me interessa colocar neste momento. É muito fácil

imaginarmos que um maior número de visitantes vai

causar um impacto maior, mas, de fato, nem sempre é

assim. Nós montanhistas, nos orgulhamos de dominar

todos os preceitos do mínimo impacto e somos tantos

não é mesmo? E é fato, comparados a um visitante

eventual, pouco acostumado “ao meio do mato”, temos

mesmo um pouco mais de conhecimento sobre isso. No

entanto, não podemos reduzir nosso questionamento

à esse ponto. Basta imaginar um pequeno grupo com

3 ou 4 pessoas e que apenas uma delas, não saiba

ou desconsidere os avisos de perigo do uso de fogo

dentro do Parque, adotando assim, um comportamento

de risco e acabe causando um incêndio. Viu? Não é tão

simples assim!

Nem sempre o maior impacto é causado pelo maior

número de visitantes. Há impactos que estão mais

relacionados ao comportamento do visitante, outros

são inerentes do uso, como a erosão e compactação do

solo, alargamento de trilhas e são causados por muitos

ou poucos visitantes. Nesses casos, a abordagem mais

adequada é baseada no manejo e o monitoramento dos

impactos na trilha.

Tomamos como exemplo o polêmico acesso ao

Costão. A cada vez que eu vou lá, percebo o processo

de degradação da vegetação caminhando de maneira

Page 15: Boletim CNM 2015-3

Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30 15

bem acelerada. Aumentou o número de acessos? Sim,

grupos com 80 pessoas conduzidas por um só guia

estão subindo a trilha. O aumento do público também

implica que esse está mais diversificado, pessoas de

todas as idades, aptidões físicas e graus de experiência

em caminhadas de ascensão variados, mas que tem

o mesmo direito que nós, montanhistas, de visitar o

Costão. Uma vez, enquanto descia, fiquei observando

um rapaz que tinha uma deficiência motora descendo

e devo dizer que fiquei bastante emocionada... Achei

legal!

Outro exemplo de área que está se degradando

pelos mesmos motivos que o acesso ao Costão é a área

da Enseada do Bananal, especificamente no topo do

bloco principal. O número de pessoas que ascendem ao

bloco já chegou à casa das centenas. Daqui o “causo”

mais emblemático que presenciei, foi uma mãe com um

bebê de menos de um ano que fez uma tendinha com

a canga em meio à vegetação para se abrigar do sol, e

quem sou eu para dizer que ela não deveria estar ali,

curtindo o ambiente? São muitos os pormenores e as

situações que envolvem os interesses recreativos e de

preservação.

Para finalizar, a partir desses dois casos, faço uma

pequena reflexão. Essas pessoas foram visitar o parque

porque em algum momento lhes foi dito que elas

poderiam, que elas deveriam e que elas precisavam, que

era legal estar em contato com a natureza (e é mesmo!)

e que bom que elas vieram! A pena é que a experiência

delas não foi a melhor, pois suas visitas contribuíram

para aumentar o custo “imprecificável”, da degradação

ambiental e, pior, essas pessoas ignoram isso.

Acesso ao Costão em janeiro de 2009. Observe a

vegetação no canto esquerdo da imagem, ainda sem o

atalho pela vegetação. A única maneira de subir era pela

rocha. Foto: Camila P. Meireles

Trilha de acesso ao Costão em Agosto de 2015.

Foto: Stephanie Maia.

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16 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30

ACONTECEU

Arraiá dos Pico Tudo

Em nosso segundo ano seguido em Três Picos,

ficamos hospedados no Refúgio Três Picos, do Zezinho.

Além das diversas caminhas em um dos mais belos

parques do Brasil, fizemos nosso alegre arraiá. Regado

a muita comida típica, cerveja artesanal e uma fogueira

que aqueceu um pouco o frio, curtimos uma noite super

agradável. Foram 31 presentes nesse fantástico evento!

Estamos aguardando anciosos o ano que vem! Confira

as fotos.

Palestra do Zézão

Ainda no final de semana em Três Picos, o Zézão

nos presenteou com uma fantástica palestra sobre a

primeira escalada brasileira em Bariloche. Foram fotos e

histórias de dar água na boca.

No dia 01/08/2015, visitamos o Grupo de

Escoteiros Lourival Marques de Andrade no 12°

Batalhão, em Niterói, para entrega dos certificados de

participação no mutirão de reflorestamento do Bananal

alguns meses antes.

Diploma aos Escoteiros

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Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30 17

ACONTECEU

Dedo de Deus

Nessa temporada, o CNM esteve, até agora, duas

vezes no Dedo de Deus: Uma com o Leonardo Carmo,

Marcos Lima e Alfredo Castinheiras; a outra, com o

Ary Carlos, Taffarel Ramos, Patrícia Lima e Alessandra

Neves. Porém só a primeira cordada enviou fotos...

Vamos animar a galera e levar a bandeira do CNM aos

mais altos cumes desse Brasil!!!!

Data: 29/08/2015

Responsável: Vinicius Gomes Araújo

Participante(s): Andréa Rezende Vivas, Ary Carlos

Cardoso Neto

Apesar de ter havido uma demanda rápida pela

atividade quando foi aberta, no final houveram algumas

desistências e fomos apenas eu, Ary e Andréa. No dia

combinado, nos encontramos na entrada do Parque

Nacional da Tijuca, que marca o inicio da trilha.

Começamos a subir as 10:20h pela trilha normal

e chegamos no cume após 2 horas de subida sem

nenhum tipo de problema (inclusive passamos pela

famosa Carrasqueira bem rápido, sem perder tempo).

Como o dia tava muito bom com tempo aberto

e firme, aproveitamos para ficar um bom tempo

descansando, aproveitando a vista e tirando algumas

fotos. Na hora de descer, o Ary falou que conhecia um

caminho diferente para voltar (passando pelo Pico dos

Quatro) e resolvemos seguir este caminho para conhecer

uma rota diferente. O caminho era mais inclinado com

uns trechos utilizando cabo de aço, mas era bem mais

rápido e sem trânsito. No meio do caminho fomos até

um teto de pedra com um visual diferente do que estava

acostumado a ver.... muito bonito! Por volta das 16h

estávamos de volta a entrada do Parque, aonde demos

baixa dos nossos nomes na lista de presença que fica

com os funcionários do Parque.

Pedra da Gávea

Page 18: Boletim CNM 2015-3

18 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30

CROQUI

Trilha Colonial Por Leandro do Carmo

Em meio ao trabalho de mapeamento das trilhas

do Parque da Cidade para o projeto do Guia de Trilhas

de Niterói, O Alex Figueiredo sugeriu que abrissemos a

ligação entre o Parque da Cidade e o Cafubá, utilizando

um antigo caminho.

Mas o que que isso tinha de especial? Na verdade

essa é uma trilha diferente. Mais ou menos na

metade do caminho existe uma ponte, que pelas

suas cartacterísticas, estima-se ser da época do

Brasil Colônia. Mas essa afirmação, ainda precisamos

confirmar. E por se tratar de um atrativo tão antigo, o

Alex a batizou de Trilha Colonial

De qualquer forma, a trilha ficou ótima e é mais

uma alternativa para que sai do Parque da Cidade e

quer acessar o Cafubá. Na verdade, a forma mais fácil

de fazê-la, levando em conta a orientação é no sentido

Cafubá X Parque da Cidade. Porém, no quesito esforço,

o sentido contrário é mais fácil, pois é só descida. De

qualquer forma fica a dica!

Nesse dia, participaram da abertura da trilha: Alex

Figueiredo, Leonardo Carmo, Leandro do Carmo, Tauan

Nunes e Cléver Félix.

A trilha: A partir do Posto da Guarda Ambiental, no

Parque da Cidade, descer na rua de chão logo antes dele

e assim que chegar as ruínas de um pórtico de pedra,

virar a esquer e seguir por esse caminho. Quando

encontrar uma bifurcação, que dá acesso ao Platô das

Bikes, vire a esquerda. O acesso a Trilha Colonial, fica

do lado oposto do caminho, bem na cuva.

Entrando na trilha você deverá seguir reto, paralelo

a um barranco com vegetaçã a sua direita. Note que

na frente, há um contorno de um caminho. Seguirá

descendo em curvas. Mais a frente, você estará

caminhando ao lado de um leito seco de rio. Em alguns

momentos ele estará bem abaixo. Mais a frente, você

chegará ao ponto principal da trilha: a ponte. Cruze-a e

continue descendo ziguezagueando. Preste atenção na

marcação de fitas, principalmente na parte final, onde o

caminho está mais fechado. Para quem vem do Cafubá,

basta pegar a Rua Dr. Godofredo Garcia Campos e

seguri beirando o muro da casa da esquerda e entrar

na mata. Não esqueça de avisar os moradores, caso

alguém esteja por perto. Não queira ser confundido

com um ladrão! Divirtam-se!!!!!

Page 19: Boletim CNM 2015-3

Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30 19

FIQUE DE OLHO

A Comunicação!ACONTECEU

Mais um CBE!!!

Iniciamos mais um CBE! Tivemos as duas primeiras

aulas nos dias 20 e 26 de setembro. A galera super

animada. Em breve mais escaladores nas rochas!!!!!

Segue o relato de um acidente ocorrido

recentemente. Veja como a comunicação é muito

importante na escalada. Fique de olho!!!!! (Retirado na

íntegra do Banco de relatos de acidentes em montanha

- CBME - www.cbme.org.br)

Relato:

O Escalador guiou uma via esportiva de 10

chapeletas, 20m. Ao chegar na parada, se ensolteirou

e gritou ao Seg: Estou na minha, pode liberar”. O Seg

liberou a segurança e gritou “CORDA LIVRE”.

Um terceiro chegou e pediu para escalar de top

rope diretamente ao escalador na parada. O escalador

na parada olhou para o Seg, já fora da corda, checando

se poderia, uma vez que a corda era do Seg. O Seg

acena positivamente e diz que irá montar a segurança

do escalador que ainda está na parada da via.

O escalador então tira a solteira da parada e se

joga, sem verificar se o Seg estava dando segurança. O

Seg tem a corda puxada de sua mão no momento em

que passava a corda pelo freio. No reflexo, gruda com

as duas mãos nuas sem nenhum freio na corda e freia

a queda livre do escalador, que pára a 1.5 m do chão,

justo após bater com a coxa esquerda numa árvore a

5m de altura.

O Escalador ficou um pouco tonto, assustado,

mas foi embora andando. No local havia um socorrista

e escalador local de Quixadá que prestou os

procedimentos de primeiros socorros (ABCDE etc...)

de maneira extremamente rápida e conforme manda o

manual de primeiros socorros em áreas naturais. Após

passar por exames foi constatado que o escalador nada

sofreu além de algumas escoriações.

Prevenção (opinião do relator):

Insistir na difusão e propagação dos comandos de

voz mais adequados na escalada entre a comunidade,

e dos procedimentos de verificação de segurança

enquanto em uma parada.

Page 20: Boletim CNM 2015-3

20 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30

AMBIENTE

MoNa Cagarras: Visitação e Conservação Por Camila Meireles

Típica paisagem carioca, as Ilhas Cagarras encantam

moradores, turistas e visitantes. Além de cartão postal

do Rio de Janeiro, as ilhas também são a primeira

unidade de conservação marinha de proteção integral

da cidade. Criado em 2010, o Monumento Natural das

Ilhas Cagarras ou MoNa Cagarras é composto por seis

ilhas: Cagarra, Filhote da Cagarra, Comprida, Palmas,

Redonda e Filhote da Redonda. A área protegida possui

87 ha e tem por finalidade preservar os remanescentes

de Mata Atlântica insular, os refúgios e áreas de

nidificação das aves marinhas e a beleza cênica local.

Sua proximidade com a costa faz com que a

unidade de conservação sofra grande influência urbana,

o que se reflete na presença de lixo marinho, poluição

por esgoto e intensa visitação. Da praia de Ipanema até

o arquipélago são aproximadamente 5 km de extensão.

O Emissário Submarino de Ipanema lança esgoto sem

tratamento a menos de 2km da Ilha das Palmas. A

proximidade com a Baía de Guanabara também favorece

o acúmulo de lixo flutuante, observado principalmente

na Ilha Comprida. Somado a isso, estão os visitantes

que fazem acampamentos ilegais, abandonando lixo,

fazendo fogueiras, entre outros impactos na área de

ecossistema insular.

Apesar dos problemas causados pela ação humana,

a visitação envolvendo atividades de turismo, esporte

e lazer é permitida no MoNa Cagarras. Além disso,

por estar na categoria de proteção integral, segundo o

Sistema Nacional de Unidades de Conservação, também

são permitidas atividades de pesquisa científica e

educação ambiental. Já a pesca, inclusive a submarina,

é proibida na área marinha da unidade de conservação,

que abrange 10 metros em torno de cada ilha. Realizar

pernoite ou qualquer atividade que perturbe a fauna e a

flora locais também não são permitidos.

Para conservar a área e ordenar o seu uso

público, o Instituto Chico Mendes de Conservação da

Biodiversidade, órgão ambiental responsável pela sua

gestão, está elaborando um Plano de Manejo. Este

documento estabelece normas e diretrizes que definem

o zoneamento da unidade, indicando, por exemplo,

áreas prioritárias para conservação e para visitação.

Sua elaboração exige um grande levantamento de

informações sobre a unidade de conservação. Como

na época de sua criação não existiam muitas pesquisas

sobre a região, o Instituto Mar Adentro criou o Projeto

Ilhas do Rio, que iniciou um levantamento completo da

biodiversidade local. Atualmente todo o conhecimento

científico gerado pelo Projeto é disponibilizado para o

órgão ambiental através de uma parceria.

Já foram registradas mais de 600 espécies de fauna

e flora nos ambientes terrestres e subaquáticos do MoNa

Cagarras, incluindo nativas, exóticas, raras e ameaçadas

de extinção. Além disso, foi descoberto um sítio

arqueológico na Ilha Redonda e desenvolvidos estudos

sobre geologia (relevo subaquático e caracterização da

geodiversidade), qualidade da água, controle do capim

colonião e levantamento do desembarque pesqueiro.

No entanto, o Plano de Manejo não é composto

apenas de informações técnico-científicas. A

população também pode participar através de um

conselho consultivo. Desta forma, espera-se uma

gestão participativa e justa para os envolvidos direta

e indiretamente com a unidade de conservação, como

pescadores, mergulhadores, escaladores, turistas,

entre outros.

Neste sentido, o Projeto Ilhas do Rio também atua

com atividades de Mobilização Social para envolver a

sociedade nas ações de regulamentação da unidade

de conservação. Para isso, realiza palestras, cursos

para qualificação de agentes multiplicadores de

informações sobre a temática, exposições, mutirões de

limpeza de lixo nas ilhas e atividades para divulgação

Page 21: Boletim CNM 2015-3

Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30 21

didático-científicas. Para participar dessas atividades

socioambientais, basta acessar o site www.ilhasdorio.

org.br e conferir a programação do Projeto.

Enquanto o Plano de Manejo não é finalizado, o

visitante deve seguir a legislação ambiental em vigor ou

entrar em contato com o gestor do MoNa Cagarras para

se informar melhor ([email protected]).

Atualmente, não é recomendado visitar as áreas de

ninhais, como a Ilha Cagarra e a Ilha Redonda, onde

vivem mais de 3 mil Atobás-marrom Sula leucogaster e

6 mil Fragatas Fregata magnificens, devido ao impacto

na fauna. Considerado o segundo maior ninhal dessas

espécies do país, tal área merece atenção especial,

inclusive pelos escaladores que costumam frequentar

vias nas ilhas citadas. Neste caso, o mais indicado seria

o uso das vias de escalada e bolders na Ilha Comprida,

também com uma conduta consciente para não afetar

a vegetação local, que apresenta espécies ameaçadas e

abriga um anfíbio que não existe em nenhum outro lugar

no mundo. Este animal foi descoberto recentemente por

pesquisadores do Projeto e trata-se de uma perereca

de bromélia, do gênero Scinax, que sobrevive graças

à água da chuva armazenada nas bromélias, já que nas

ilhas não há fonte de água doce.

Para que todos possam usufruir da rica

biodiversidade do MoNa Cagarras será preciso zelar

pela sua conservação. Isso inclui a participação ativa

dos visitantes, que através de ações de educação

ambiental e de uma conduta consciente, podem ser os

maiores aliados do órgão ambiental para a gestão da

unidade de conservação.

Agradecimentos: a Petrobras, através do Programa

Petrobras Socioambiental.

FOTO: CAMILA MEIRELES

FOTO: ÁTHILA BERTONCINI

Camila Meireles é Mestre em Ensino de Ciências,

Ambiente e Sociedade (UERJ), Especialista em Ensino de

Ciências e Biologia (UFRJ) e Bacharel em Biologia Marinha

(UFRJ). Atua como Supervisora de Mobilização Social do

Projeto Ilhas do Rio (Instituto Mar Adentro) e bióloga

colaboradora do Grupo de Estudos Interdisciplinares do

Ambiente (FFP/UERJ).

FOTO: FLÁVIO CARNEIRO

Page 22: Boletim CNM 2015-3

22 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30

Pesquisando na internet por artigos técnicos de

escalada encontrei este pequeno, mas importante

artigo. Fiz esta tradução livre.

Esta análise da Vida Útil do material de escalada é

parte da síntese do conteúdo de 263 manuais de uso

e manutenção de diferentes materiais de escalada

comercializados na Europa. Os dados são a síntese das

recomendações oferecidas pelos fabricantes.

Vida útil de todo Equipamento de Proteção

Individual (EPI)

Geralmente, se recomenda a aposentadoria de todo

material com mais de 10 anos de uso. Não importando

se foi usado somente uma vez.

Vida útil de Metal (ou com partes metálicas):

Teoricamente, se nunca foi usado, a duração do

equipamento metálico é ilimitada.

Em caso de uso: 15 anos da data de fabricação,

10 anos da data do primeiro uso, desde que mantidas

ótimas condições de uso e manutenção.

Duração orientada desde o primeiro uso:

Uso competitivo e dry-tooling: 6 meses a 2

SEGURANÇA

Sempre bom lembrar: Vida útil do material de escalada! Por Eny Hertz

temporadas;

Uso profissional/intenso (diário): de 1 a 3 anos / 3

temporadas;

Uso frequente (semanal): de 3 a 5 anos / 6

temporadas;

Uso moderado (mensal): de 5 a 8 anos e

Uso esporádico (alguns poucos durante o ano): 10

anos.

Vida útil de Fibra (ou com parte com fibra) e

mistos

Os equipamentos de fibra (dyneema, poliéster,

poliamida, nylon etc) sofrem envelhecimento mesmo

sem uso.

Máximo sugerido: 10 anos desde a data de

fabricação e 8 anos desde o primeiro uso, desde que

mantidas ótimas condições de uso e manutenção.

Uso competitivo e dry-tooling: 6 meses;

Uso profissional/intenso (diário): 1 ano;

Uso frequente (semanal): de 1 a 3 anos;

Uso moderado (mensal): de 5 a 8 anos e

Uso esporádico (alguns poucos durante o ano): de

5 a 8 anos.

Atenção: A vida útil do equipamento depende

diretamente das condições de uso, histórico,

manutenção, armazenamento e transporte. A vistoria

deverá ser feita semestralmente.

Este resumo faz parte do trabalho de tese de

mestrado de Direito dos Esportes de Montanha

da Universidade de Zaragoza de Andoni Aguirre:

“Mecanismos de control de la seguridad en los

materiales de montaña: Propuesta de un modelo de

control del producto en uso para Equipos de Alpinismo

(CEN/TC136/WG5)”

Fonte:

http://quieroiralmonte.blogspot.com.es/2015/07/

vida-util-del-equipo-de-alpinismo-y.html

Page 23: Boletim CNM 2015-3

Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30 23

EQUIPAMENTO

Botas de Caminhadas e suas garantias Por Alex Figueiredo

Já tive diversas botas, o que me garante a

experiência de diversos defeitos de botas e, com isso,

os contatos com o sistema de garantias de diversas

delas.

Por que compramos botas e tênis de caminhadas

caros? Beleza? Resistência? Conforto? Consumismo?

Segurança? Garantia? Todas as alternativas anteriores?

Bom, falando por mim, gosto de equipamentos

resistentes e confortáveis, que se desgastem

naturalmente, mas, em caso de defeito (e não dano, que

fique clara a diferença), que a empresa seja responsável

pelo seu produto (leia-se, garantia).

No último ano ao que parece (talvez devido a crise,

cambio do dólar, ou má vontade mesmo) reparei que

o sistema de garantias apresentou mudanças ... e com

isso eu fui tomado de surpresa, e, imagino eu, algumas

outras pessoas também.

Sempre fui informado, no passado, que defeitos de

fábrica tinham garantia de um ano. Mas recentemente,

tive uma surpresa quando descobri que a Snake e a

Vento mudaram esse sistema!

A Snake segue a seguinte linha atualmente: se

comprar na loja, o lojista pode mandar para a fábrica

(segundo ultimo informe) em até seis meses. Porém

uma amiga recentemente quis adquirir uma usada,

e mandou um e-mail para a fábrica, a resposta foi:

“garantia por 3 meses contra defeitos e, neste período,

o comprador deve se cadastrar no programa de garantia

estendida e, com isso, a garantia passa a ser de 15

meses”. Logo, se você se distrai quanto a esse cadastro,

lá se vão os 15 meses ...

Em conversa com um vendedor de uma loja, via

telefone, obtive as seguintes informações:

• Snake, 6 meses para defeito de fabricação e,

dependendo do dano, mandar pela loja (a garantia varia

de modelo para modelo segundo ele);

• Bull Terrier, 6 meses e contactar o sac (nunca

me responderam, quando minha bota apresentou

defeito);

• Vento, garantia de 6 meses (desde

23/07/2015);

• Columbia, garantia de 6 meses, envio pela

loja.

Não temos mais a garantia de um ano, e segundo

o lojista, se compramos a bota usada, mesmo nova,

temos que ter a nota fiscal para caso de defeito. Caso

contrario, teríamos que nos esforçar para a fábrica fazer

o reparo.

Logo, para adquirirmos um equipamento temos

que ser, com toda a propriedade da palavra, chatos!

Quando estiverem na loja, não se omitam de

perguntar ao vendedor sobre o produto que esta

adquirindo e, se o mesmo não souber responder, fale

com outro. Abaixo, seguem algumas dicas:

- Perguntem do sistema de garantias sempre;

- Se houve alguma troca deste modelo ou

reclamações dos clientes (a bota Vento que adquiri,

soube depois que foi recolhida do mercado pois estava

apresentando falhas na vulcanização);

- Guarde as notas fiscais;

- Fotografe o defeito e envie as fotos do defeito

imediatamente para o fabricante (sempre fale no e-mail

que faz parte de um clube de montanhismo, acredite,

isso faz diferença);

- Duvidas quanto ao modelo a ser adquirido,

pergunte em sua lista, afinal, os grupos de

montanhismos não servem só para trocar experiência

sobre montanhas, mas sobre equipamentos também;

Sejamos chatos sim quando adquirir um

equipamento, tendo em vista que este equipamento nos

acompanhará por um bom tempo, então deve ser bom,

e nos proporcionar conforto e segurança.

Informação sempre e partilhar a informação

também!

Page 24: Boletim CNM 2015-3

24 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30

ACONTECEU

Agulhas Negras e Prateleiras Por Leonardo Carmo

Data: 22,23 e 24/05/2015

Participantes: Leonardo Carmo, Ary Carlos, Monique

Zajdenwerg, Andrea Resende, Lando Mendonça, Patricia

Lima, Vander Silva, Lohany Viana e Guilherme (Pulga).

No dia 22 de maio, partimos para a expedição.

Saímos de noite rumo à pousada. Na verdade ficamos

acampados. No dia 23, sábado, partimos para a nossa

primeira missão: Prateleiras. A nossa ideia inicial era

fazer uma via, mas não fizemos. Resolvemos então

dar uma explorada na área antes de partir para o

cume. Depois de algum tempinho curtindo as linhas

de escaladas, resolvemos continuar. O caminho até o

Bloco “Prateleiras” é uma trilha muito bem marcada.

Depois que chega no bloco, é trepa pedra dos bons.

É fundamental levar corda. Pode ser de 30 metros

mesmo, pois vai ajudar muito nos dois lances finais.

Depois de curtir as Prateleiras, resolvemos pegar a

trilha para a Pedra da Maçã, Pedra da Tartaruga e Pedra

Assentada.

De volta ao acampamento, foi hora de curtir uma

janta e beber uns aperitivos. No camping tinha uma

área destinada à fogueira. Então, a noite foi clássica.

No domingo, a missão era fazer as Agulhas Negras.

Subimos bem, eu já tinha ido lá em 2012 e o caminho

ficou gravado na minha mente. Lembrei de cada canaleta

que tinha passado. Aí foi tranquilo. Em alguns trechos

utilizamos corda. Nosso grupo estava relativamente

grande. Isso deu mais segurança e agilidade.

Subimos e descemos tranquilos. Todos inteiros.

Quando chegamos no Abrigo Rebouças, fizemos um

festival de tapioca. Essa entrou para a história. Depois

de degustar a iguaria, entramos no carro e voltamos

para o camping para desmontar acampamento e pegar

a estrada de volta.

Essa expedição deixou saudades. Isso significa que

foi bom, pois só momentos bons deixam saudades.

Até a próxima.

Page 25: Boletim CNM 2015-3

Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30 25

FOTOS DE ATIVIDADES

AGULHA GUARISCHI

COBIÇADO X VENTANIA

REUNIÃO SOCIAL DE AGOSTO

PARQUE DA CIDADE

AGULHA GUARISCHI

MARIA COMPRIDA

VANDER E LOHANY NA PATAGÔNIA

REUNIÃO SOCIAL DE JULHO

Page 26: Boletim CNM 2015-3

26 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30

ACONTECEU

Projeto Guia de Trilhas de Niterói e Maricá

Foi dada a largada para o projeto Guia de Trilhas de

Niterói e Maricá. O projeto tem o objetivo de divulgar as

caminhadas da região, oferecendo ao caminhante um

roteiro completo com detalhes e informações de como

chegar ao início da trilha, nível da caminhada, distância,

altitude máxima, obstáculos, etc.

Para as duas cidades, dividimo-as em setores. Para

Niterói, temos o PARNIT – Mosaico Sul, englobando o

Parque da Cidade e região; e o PESET. Em Maricá, temos

a região de Inoã, Silvado, Espraiado e APA da Restinga,

bem como alguns outros locais.

Já mapeamos quase toda a região do PARNIT –

Mosaico Sul. Até agora, identificamos 16 trilhas no

local.

No último final de semana, fomos a Maricá e

percorremos cerca de 20 km de trilhas. Andamos

bastante e saímos felizes com o resultado. Em breve

voltaremos!

Seguem algumas fotos dessas nossas andanças...

Page 27: Boletim CNM 2015-3

Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30 27

DIVERSOS

Programa CNMais Vantagens Por Leandro do Carmo

Olá Pessoal,

Demos início a um programa de descontos e

benefícios para sócios do clube. São lojas especializadas

em artigos esportivos, descontos em parques, e muito

mais. Confira a relação abaixo:

Makalu Sport - a partir

de 10% nas compras a

vista ou no cartão de

crédito, mas somente

com a apresentação da

carteirinha.

End: Tijuca - Rua Conde

de Bonfim, 346 Loja 208

Centro - Av Rio Branco, 50 Sobreloja.

Loja Adventura

10% de desconto nas

compras a vista na Loja

Adventura. End. Rua 13 de

Maio, 47, sl 102, Centro,

Rio de Janeiro.

10% de desconto nos

pernoites no Refúgio

Três Picos. https://

w w w . f a c e b o o k . c o m /

RefugioTresPicos

Gratuidade na descida

do bondinho do

Morro da Urca após

as 18:00. Obrigatório

a apresentação da

carteirinha.

7 vagas permanentes nas

áreas de camping do Açu

e do Sino disponíveis para

clubes do Rio. Verificar

disponibilidade com a

direção do clube. Isenção de taxas para Guias do Clube,

mediante apresentação da carteirinha nas portarias do

parque.

Ajude o nosso programa a crescer! Indique lojas,

serviços e etc.

Juntos construiremos um clube forte! O CNM SOMOS

TODOS NÓS!!!!!

Foram 13 novos sócios desde 01/08/2015!!! Abaixo a

relação deles! Sejam bem vindos!

NOME: Sérgio k.

PROFISSÃO: Empresário

POR QUE O CNM? Como moro em Niterói e adoro escalar

, entrei para o clube afim de fazer novas amizades

NOME: Cynthia França

PROFISSÃO: Médica

POR QUE O CNM: Porque gosto de escalar, fazer trilhas

e moro em Niterói. Um prazer participar das atividades

com vcs.

Camila Faria Dame Manzano

Nilton A. Quaresma

Simone Marize Bezerra dos Santos

Camila Pinto Meireles

Bruno Campos Visconti

Diogo Ribeiro Lemos

Livia Marques de Castro Lemos

Renato Maciel da Silva

Thiago Antonio Franco Flores

Arley José Silveira da Costa

Victor Sebastião de Souza Ferreira

OLHA QUEM ESTÁ CHEGANDO

Novos Sócios!

Page 28: Boletim CNM 2015-3

28 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30

AvisosREUNIÕES SOCIAIS

As reuniões sociais do CNM são realizadas sempre na primeira quinta-feira de cada mês ím-par e na primeira quarta-feira de cada mês par, às 19:30h, em local a ser definido e divulgado.

Os encontros acontecem em clima de total descontração e informalidade, quando os só-cios e amigos do CNM aproveitam para colocar a conversa em dia, trocando experiências, rela-tando excursões e vivências ou, simplesmente, desfrutando a companhia de gente simpática e fraterna.

Periodicamente acontecem reuniões e se-minários técnicos com o intuito de possibilitar maiores detalhes e informações atualizadas aos sócios e interessados.

Informem-se sobre os temas das palestras técnicas e reuniões acessando o site: www.nite-roiense.org.br

Compareçam e sejam muito bem vindos!!!

EXPEDIENTE

CNM – CLUBE NITEROIENSE DE MONTANHISMOInício das Atividades em 26 de Março de 2003Fundado em 20 de Novembro de 2004Website: www.niteroiense.org.bre-mail: [email protected]: 98608-1731(Leandro do Carmo)

Presidente: Leandro do CarmoVice: Vinícius Araújo Tesoureiro: Leonardo Carmo

Secretário: Alexandre RockertDiretoria Técnica: Ary CarlosDiretoria Social: Patrícia GregoryDiretoria Ambiental: Stephanie Maia

Conselho FiscalEfetivos: Adriano de Souza Abelaria Paz; Andréa Rezendo Vivas; Alex Faria de Figueiredo; Suplente: Denise Gonçalves do Carmo

Representante do CNM no PESETTitular: Eny HertzSuplente: Leonardo Carmo

Informativo Nº 30: As matérias aqui publicadas não representam necessariamente a posição ofi-cial do Clube Niteroiense de Montanhismo. Res-saltamos que o boletim é um espaço aberto a todos aqueles que queiram contribuir. Envie sua matéria para [email protected]. Partici-pe!!!

Filipe Frazão 10/jul

Márcio Moreira 17/jul

Eny Hertz 21/jul

PAULO ROBERTO 21/jul

Lohany Viana 24/jul

SOBRAL PINTO 25/jul

Fábio Souza 08/ago

Simone da Cruz 10/ago

Vinicius Araújo 10/ago

Bruno Campos 15/ago

MARIA EUGENIA 16/ago

Marcia Guerra 19/ago

Renato Vallejo 02/set

Stephanie Maia 05/set

Marcelo Sá 09/set

Luiz Alexandre 11/set

Luiz Coelho 12/set

Diogo Lemos 18/set

Edição e Diagramação:- Eny Hertz- Leandro do Carmo

Revisão Ortográfica:- Vinícius Araújo

Adriano Paz - C T

Alan Marra - C E T

Alex Figueiredo - T

Andrea Rezende - C T

Ary Carlos - E T

Diogo Grumser - T

Eny Hertz - E T

Leandro do Carmo - E T

Leandro Collares - E T

Leandro Pestana - C E T

Leonardo Carmo - T

Luiz Alexandre - E

Mauro de Mello - E T

Neuza Ebecken - T

Vinícius Araújo - T

Vinicius Ribeiro - C

CORPO DE GUIAS

IMPORTANTE!

A Presidência do CNM é soberana em qual-quer assunto relacionado com o CNM e seus as-sociados.

A Diretoria Técnica é soberana em qualquer assunto técnico relacionado aos associados e aos guias do CNM.

E - ESCALADAT - TRILHASC - CICLISMO

ANIVERSARIANTES