boletim cnm 2015-3
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Boletim InformativoClube Niteroiense de Montanhismo
Ano XI - Número 30Niterói, Setembro de 2015
• A primeira escalada brasileira em Bariloche• • CNM e o Dia da Montanha Limpa •
• Relação número de visitantes x impacto nas trilhas •• MONA Cagarras: Visitação e Conservação •
• Guia de Trilhas de Niterói e Maricá •• Programa CNMais Vantagens •
• E muito mais! •
Relato: 4 Dias na Dura Travessia da Serra Fina
2 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30
Foi bonito de ver os Três Picos com tanta gente do clube. Como em 2014, programamos com antecedência
nosso final de semana. Estivemos em mais de 30 pessoas no Reúgio Três Picos, do Zézinho.
Até que a galera tem comparecido em nossas atividades. As reuniões socias continuam cheias, nossas
caminhadas continuam concorridas. Enfim, o clube está em movimento.
Essa temporada ainda não acabou e já estivemos no Dedo de Deus, fizemos a Serra Fina, Maria Comprida,
Pico Médio (Três Picos), Garrafão, Dedo de Nossa Senhora, Verruga do Frade, Caixinha de Fósforo, etc.... Estamos
tentando ainda a clássica Petrô-Terê, isso se a chuva nos deixar... Já temos programado Cinco Pontões - ES e Itatiaia.
Iniciamos o projeto de lançar o Guia de Trilhas de Niterói e Maricá, no qual iremos disponibilizar diversos roteiros
de caminhas nessas duas cidades. O desafio é grande, mas estamos literalmente caminhando e já compilamos parte
do material.
Agora sócios do clube tem descontos em algumas lojas, é o CNMais Vantagens! São ideias que vem surgindo e
que tem o objetivo de transformar o CNM em um grande clube.
Mas e a sede? Bom, essa está quase... Quem sabe já não teremos novidades para o próximo boletim...
Vamos para as montanhas!!!!!!!!!
MENSAGEM DO PRESIDENTE
E estamos andando... Por Leandro do Carmo
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30 3
SUGESTÃO DE LEITURA
Tenha uma boa leitura!
Por Eny Hertz
Livre - A Jornada de Uma Mulher
Em Busca do Recomeço
O que faz uma pessoa inexperiente
trilhar sozinha 1.770 quilômetros
da Pacific Crest Trail (PCT),
umas das mais difíceis trilhas do
planeta. Quase como um diário,
este emocionante relato entrelaça
passado e presente, com vários momentos que nos
fazem querer se embrenhar na natureza.
Por Leandro Collares
Noche Estrellada, de Izabel Suppé
Isabel Suppé (http://www.
isabelsuppe.com/) relata com
delicada beleza como sobrevive
a queda de 400 metros na Ala
Esquerda do Condoriri. Gravemente
ferida e plenamente consciente
de sua situação na solidão gelada
dos Andes bolivianos, o equivalente a uma sentença
de morte. Perseguida pela hipotermia, hemorragia
intensa, alucinações e desespero, decide assumir o
compromisso com a vida. Passando dois dias e duas
noites intermináveis rastejando sobre o gelo para obter
ajuda para ela e seu companheiro Peter.
Em 2011 seu livro foi finalista escolhido Pela revista
Desnivel.
Por Leandro do Carmo
Memórias da Montanha, de Denise
Emmer
Um livro que conta como a autora
iniciou no montanhismo. Uma
leitura que vai prendendo e aos
poucos te leva a dividir a mesma
cordada... Uma excelente leitura!
FOTOS DE ATIVIDADES
MARIA COMPRIDA
CAIXA DE FÓSFORO
PICO MENOR
CABEÇA DE DRAGÃO
4 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30
compramos barracas que também não existia no Brasil,
enfim, demos um “up grade” com relação ao material
utilizado em nosso país.
Foi somente anos depois, que começamos a
importar equipamentos diretamente da França. Existia
o Via Campeur, em Paris. Nós adquirimos um catálogo
imenso, onde escolhíamos o material e íamos ao Banco
do Brasil pagar as taxas de importação. Mas isso foi
um pouco depois de adquirirmos esses equipamentos
na Argentina. É fato que no Brasil não havia nada de
equipamento e naquela época, escalar era uma aventura,
na verdade era coisa de maluco, só doido fazia uma
coisa dessas! Para se ter uma ideia, a primeira escalada
que fiz, me deram uma bota cardada, que era uma bota
com pregos no solado, impossível de se escalar com
aquilo. Antigamente se escalava muito em cabo de aço,
o que facilitava, pois com os calçados que existia ficava
impossível escalar em livre, como é feito hoje em dia. Só
HISTÓRIA
A Primeira Escalada Brasileira em Bariloche Por José Matos Zézão
A viagem até Bariloche foi feita de ônibus e eramos
um total de 7 participantes, a saber Harald (chefe da
equipe), Guilherme, Jose Augusto, Lolia , Helena, Laize
e Yara. Desse grupo somente Harald, Jose Augusto,
Guilherme e Lolia eram escaladores. A viagem de
onibus até Bariloche foi um pouco cansativa em virtude
das grandes distâncias, a saber: Rio-Porto Alegre
1650km, Porto Alegre-Buenos Aires 1429km e Buenos
Aires-Bariloche 1750 km. Essa excursão foi realizada
no período de 23/01/1969 a 23/02/1969, portanto,
duração total de 30 dias.
Os lugares escalados foram o Cerro Lopes e o
Cerro Catedral. No Cerro Lopes, escalamos o Pico
Luhrs, subimos por uma face que não era muito tempo
frequentada , e por isso, fomos homenageados pelo
dono do Abrigo . Nesse mesmo Cerro Lopes escalamos
o Filo Norte, bastante fácil com lances de no máximo
3A.
A escalada no Luhrs é bastante vertical e exigiu
muita técnica, com lances de ate 6A, com diedros
e chaminés, o que na época foi um grande desafio.
Naquela ocasião, tivemos que comprar todo o material
em Buenos Aires, pois no Brasil não existia praticamente
nada. Essa era uma escalada que exigia corda de nylon,
mosquetões, baudrier, freio oito. No Brasil, escalávamos
com alpargatas, corda de sisal amarrada na cintura, o
rapel era feito com a corda passando pelo corpo, enfim,
era horrível. Para escalar em Bariloche, precisávamos de
equipamento adequado, não daria para fazer o rapel,
em grandes paredes verticais, com a corda passando
pelo corpo... Além dos equipamentos de escalada,
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30 5
depois é que vieram as Alpargatas.
Mas voltando a escalada em Bariloche, fomos
ao Cerro Lopes, onde basicamente fizemos um
treinamento em gelo. Alugamos crampon e Piolet em
Bariloche, pois não haveria o porquê de comprar esse
tipo de equipamento. Faríamos o que com eles no
Brasil? Nada. Foi aí que fizemos a primeira escalada
em gelo, na verdade a primeira escalada em gelo feita
por brasileiros lá em Bariloche. A escalada no Cerro
Lopes era basicamente gelo em sua base e rochas na
parte superior. Relativamente fácil,com bom acesso,
ótimo para aclimatação e treinamento com os novos
equipamentos.
O Cerro Catedral destaca-se a grande quantidade de
agullhas. Lá fizemos a Torre Principal. Foi uma escalada
sem muita exigência técnica, toda protegida por pítons
com pontos já determinados para o rapel. O cume era
muito pequeno, cabiam poucas pessoas. Existia um
livro de cume, onde deixamos nossas assinaturas.
Escalamos tambem a Agulha Frei.
Todas as escaladas levavam de 4 a 5 horas,
nenhuma necessitou de pernoite. Em Bariloche, os
acessos são muito fáceis.
Nossa excursão à Bariloche foi muito comentada
no meio dos excursionistas, mas a imprensa nacional
não dava muito espaço para esse tipo de atividades.
Naquela época, no Brasil, o peso da escalada era zero,
não era um esporte divulgado. Só existia futebol! O que
raras vezes acontecia, era a divulgação de uma pequena
nota sobre a excursão de algum clube.
A escalada em Bariloche se originou pela influência
alemã. Com a Segunda Guerra na Europa, muitas
cidades ficaram arrasadas, principalmente as alemãs, e
migrar para os países da América do Sul, principalmente,
a Argentina, devido ao clima e a simpatia do governo
argentino pelo nazismo, foi a única alternativa para
milhares de pessoas. Muitos desses imigrantes alemães
foram para Bariloche, onde o clima era muito parecido
com o da Alemanha. E foram os filhos desses imigrantes
que fizeram escalada em Bariloche de alto nível. Os
argentinos não tinham essa cultura de escalada em
rocha, praticavam apenas as caminhadas.
Como as montanhas de Bariloche eram muito
parecidas com as da região de Bavaria, os filhos dos
imigrantes alemães começaram a escalada em rocha na
região, pois era disso que eles gostavam. Eles não eram
muito chegados na escalada em gelo. O negócio deles
era rocha.
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RELATO
4 Dias na Dura Travessia da Serra Fina Por Leandro do Carmo
Participantes: Patrícia Gregory, Leandro do Carmo,
Vinícius Araújo, Ary Carlos, Andréa Vivas, Michael
Patrick, Felipe Lima e Paulo Guerra.
Tínhamos programado de fazer a travessia da Serra
Fina a quase 1 ano. E devido a quantidade de dias, 4 no
total, só daria para fazer no feriado de Corpus Christi.
Por ser muito pesada e técnica, não deixamos a atividade
aberta, fomos fazendo o convite individualmente. Assim
um a um foi se juntando a equipe.
Eram muitas as opções, mas resolvemos sair de
Niterói, em direção à Passa Quatro, na quarta feira à
noite e combinamos de dormir na casa do Sr. Edinho
(responsável por nos levar ao começo e fazer o nosso
resgate ao final da trilha), assim poderíamos acordar bem
cedo e seguir para o começo da travessia. Chegamos à
Passa Quatro por volta das 22:00 e encontramos, por
sorte, o Sr. Edinho em um posto de gasolina. Fomos até
a casa dele e já começamos a perceber o quanto o Sr.
Edinho é enrolado. Não parava de chegar gente e ele
já havia dado algumas viagens, levando vários grupos.
Até aí tudo bem, pois só sairíamos de manhã cedo.
Marcamos às 7 horas. Queríamos começar com o dia
claro para poder apreciar a bela vista.
1º Dia – Da Toca do Lobo ao Cume do Capim
Amarelo
Acordamos cedo conforme programado e para
nossa surpresa já tinha um grupo na caminhonete do
Edinho pronto para sair e ficamos por último, mesmo
tendo combinado com antecedência. Acho que o Sr.
Edinho não tem noção da responsabilidade que tem.
Quando combinamos um horário, é por que fizemos
uma programação em cima disso e um atraso de 2
horas, pode comprometer bastante o dia. Com todos
esses problemas, acabamos entrando na trilha às 10
horas da manhã. Acho que fomos o último grupo a
começar a travessia.
Chegamos a uma propriedade que fica logo após
o Refúgio Serra Fina e dali, seguimos uma péssima
estradinha até a Toca do Lobo, que é uma pequena gruta
à esquerda, à margem de um córrego. Ali tínhamos a
informação de que seria o ponto de coleta de água do
dia, depois dali, só um pouco antes da base da Pedra
da Mina, no segundo dia (Tem água mais acima, no
Quartzito). Cada um foi enchendo suas garrafas e eu
optei por levar 3 litros e o Ary teve que levar 1L para
mim, pois havia esquecido sua garrafa. Aproveitei
para beber quase 1L d’água, assim garantiria menos
consumo nesse primeiro dia. Minha mochila pesava
algo em torno dos 16 Kg. Carregar quase 30% do peso,
não é uma tarefa das mais fáceis...
Com a mochila nas costas, cruzamos o córrego e
iniciamos a subida. Já começa forte! Mas descansado
e inteiro, não tive problemas. Aos poucos fomos
vencendo a subida até que passamos para uma
vegetação bem rasteira, ficando totalmente expostos
ao sol. Ali já era possível ver o Pico do Capim Amarelo
enganosamente próximo... A trilha sempre bem
marcada, não apresentava dificuldades. A medida que
subíamos, víamos que precisámos subir mais... E com
aproximadamente 1 hora de caminhada, comecei a
ouvir um barulho de água correndo e mais acima deu
para ver um quedinha d’água, bem a direita. Esse
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deveria ter sido nosso ponto de coleta de água, assim
não precisaríamos ter feito todo essa caminho com um
peso desnecessário.
Seguimos subindo e a vista começou a surpreender.
E olha que ainda estávamos longe de concluir o dia...
No alto de um morro demos uma pausa e pudemos
observar o caminho pela crista por onde passamos e
o caminho que ainda teríamos que percorrer. Tivemos
uma descida pela crista, até que começamos a forte
subida do Capim Amarelo. É um trecho bem íngreme
com alguns lances de trepa pedra, vários caminhos
com bambuzinhos e grandes tufos de capim, que nos
acompanhariam durante toda a travessia.
Nesse trecho de subida, tivemos nossa primeira de
muitas investidas por entre esses tufos de capim, que
formam verdadeiros labirintos por entre a vegetação.
Subimos num ritmo forte e passamos vários grupos a
nossa frente. Nossa preocupação era de que o cume
estivesse cheio e que não houvesse mais lugar para
acampar. Muitos optam por passar o cume do Capim
Amarelo e acampar no Maracanã ou em algum ponto
pelo caminho. Paramos num pequeno descampado,
onde fizemos nossa última parada antes do último
trecho de subida. Partimos para o ataque final. Uma
subida íngreme, molhada, escorregadia e em alguns
pontos expostos. Existiam algumas cordinhas que
ajudavam a ascensão. Os bambuzinhos teimavam em
nos segurar e aos poucos vencemos os metros finais e
chegamos ao cume do Capim Amarelo.
O dia estava ótimo: firme e sem vento. E isso nos
ajudou bastante. Havíamos chegado eu, Felipe, Paulo e
o Michael. O cume é bem pequeno e coberto por esses
tufos de capim. Como tinha bastante gente por lá, dei
logo uma andada em volta e não vi nenhum lugar aberto
para acampar. Rapidamente, marquei três pontos onde
haveria possibilidade de armar as barracas. Peguei
meu canivete e abri uma pequena clareira, onde eu
e o Paulo armamos nossa barraca. Mais para o lado,
o Felipe e Michael, armaram a deles e deixamos um
espaço razoável para a barraca da Andréa e Patrícia.
Precisávamos de mais um local. Forçando a barra, achei
um lugar para o Vinícius e o Ary, onde eles montaram a
barraca deles. Pronto! Estávamos todos mais ou menos
instalados. Preparamos nosso almoço/janta e ficamos
ali contemplando o por do sol maravilhoso. Mas o dia
ainda não havia acabado... Estávamos em semana de lua
cheia e quando ela apareceu... Deu seu espetáculo! Aos
poucos, todos nos recolhemos tomados pelo cansaço.
O dia seguinte também seria longo...
2º Dia – Do Capim Amarelo à Pedra da Mina
Acordamos cedo, preparei meu café da manhã
e pude contemplar um nascer do sol fantástico. O
espetáculo das montanhas sendo atingidas pelos
primeiros raios de sol, davam a sensação de que elas
pegariam fogo. Foi difícil me concentrar em outra
coisa, mas precisava continuar. Começamos a nos
arrumar para descer. Tinha 1 litro de água para chegar
até a Cachoeira Vermelha, próximo ponto de coleta.
Atravessamos o cume do Capim Amarelo, pois a descida
é pelo lado oposto ao que se chega. Fomos descendo
e um pouco mais abaixo, passamos por alguns
pequenos pontos de acampamento. Em pouco tempo
já estávamos no fundo do vale. Olhando para o Capim
Amarelo, vi o quanto havíamos descido. Cruzamos um
trecho de capim alto no fundo do vale, subimos um
pequeno lance e novamente entre capins cortamos em
diagonal o morrote seguinte. A trilha bem marcada e
até sinalizada com fitas e totens, nos levou até o trecho
de mata rala que separa a base do Capim Amarelo da
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crista em direção ao Melano. Com cerca de 1 h 30 min,
chegamos ao local conhecido como Maracanã. Uma
ampla área que daria para abrigar umas 20 barracas.
Mais a frente, conversando com outras pessoas, fiquei
sabendo que existe um ponto de água bem próximo.
Seria seguir a trilha a após o Maracanã e dobrar a
esquerda na primeira bifurcação. Daí, precisaria descer
uns 15 min. Não dá para confirmar, pois não cheguei até
lá. A essa altura, estávamos divididos em dois grupos.
Nos encontrávamos em pontos pré determinados e o
nosso próximo, seria na Cachoeira Vermelha. Seguimos
subindo e descendo sempre com um visual fantástico.
Do alto de um morro, avistei uma pedra no fundo do vale
com uma coloração avermelhada e não tive dúvida, era
o nosso ponto de referência, era a Cachoeira Vermelha.
O sol estava no alto, era cerca de 13:00 horas. Já
estávamos na trilha desde das 9 horas. Como teríamos
que esperar o outro grupo, resolvemos fazer o almoço
ali. Tínhamos sol e água a vontade para lavar as
panelas. Essa parada foi fundamental. Foi o dia em que
eu melhor me alimentei. E ainda bem, pois a noite que
passaríamos... Estávamos eu, Michael, Paulo e o Felipe.
Um pouco depois chegou o Vinícius. Como já havíamos
almoçado, dei a ideia de que um grupo fosse à frente e já
montasse o nosso acampamento e deixasse reservados
dois lugares para as outras barracas. Outra decisão
acertada! Quando a Andréa, Patrícia e Ary chegaram,
avisei que o pessoal já havia ido para a Pedra da Mina e
que eles fizessem ali o almoço, assim poderíamos subir
com menos água, consequentemente, mais leves. A
essa altura, qualquer quilo, faz a diferença.
Para os mais corajosos, dá até para tomar um
banho. Eu nem me arrisquei. Até para lavar a panela a
mão doía, de tão gelada que a água estava. Aquele vale
é um local fantástico, algo intocado, assim como toda
a travessia. A nossa frente tinha a pedra da Tartaruga
e mais ao lado dava para ver algumas pessoas
subindo a Pedra da Mina. Já era hora e começamos a
caminhar. Havíamos pegado água ali nesse ponto, mas
poderíamos ter esperado mais a frente, onde cruzamos
o rio novamente. A água nesse ponto é bem mais clara,
pois ela ainda não passou pelo charco. Na próxima...
Seguimos o caminho até que iniciamos a subida da
Mina. Subidinha forte! O tempo começava a fechar. O
vento aumentava, mas por sorte não eram nuvens de
chuva.
Quando chegamos próximos de um grande totem,
já quase no cume, o Felipe e o Michael nos esperavam
para indicar-nos o local das nossas barracas. Como o
Ary e Patrícia ainda não haviam chegado, resolvi parar
para assinar o livro de cume junto com a Andréa e
aproveitei para bater algumas fotos. O tempo fechou
de vez e o vento estava muito forte. Algumas barracas
estavam abrigadas e outras nem tanto. Tentei achar
onde estavam as nossas, mas a falta de visibilidade me
fez voltar. Quando retornei, encontrei o Felipe, Ary e
Patrícia. Aí sim, pude seguir. Acho que sozinho, sem
referência, sem visibilidade, não iria achar nunca. O
local era ótimo, bem mais abrigado do vento do que no
cume. Com o tempo aberto, é fácil achar, mas a noite
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e fechado... Assim que passar pelo livro de cume, deve
seguir reto se orientando pelos totens. Mais a frente
quando começa a descer levemente, siga os totens da
esquerda, pois para a direita você vai para o Vale do
Ruah. A barraca já estava montada. Fiquei imaginando
achar um lugar e montar nessas condições...
Troquei de roupa e ainda fiquei um pouco
dentro da barraca para me aquecer mais. Depois do
acampamento montado, aproveitamos para ir até ao
cume, na esperança do tempo abrir e podermos ver a
lua nascendo. Mas não demos sorte. O vento aumentou
consideravelmente e já estava ficando complicado ficar
ali em pé. Resolvemos voltar e no caminho passamos
por três caras tentando montar uma barraca numa
laje inclinada e totalmente exposta ao vento, acabei
voltando e falando do local onde havíamos montado as
nossas barracas. Eles na hora aceitaram e nos seguiram.
Como a visibilidade piorou, demoramos um pouco até
acharmos o caminho. Fui e voltei algumas vezes, até
que vi um totem, depois outro... Pronto, já tinha me
achado! Eles já estavam tão cansados que montaram
a barraca no primeiro local que acharam. Entrei na
barraca e fui descansar, o dia seguinte prometia... A
noite foi tensa. O vento mudou de direção e começou
a sacudir a barraca a cada rajada. Havia colocado
pedras na lateral da barraca, o que foi o suficiente para
estabilizar a cobertura e impedir que o vento entrasse
por baixo. Uma noite mal dormida!
3º Dia – Da Pedra da Mina à base do Pico dos Três
Estados
O dia amanheceu péssimo: a visibilidade estava
reduzida a poucos metros; o vento continuava forte; e o
frio havia aumentado. Não tinha jeito, não ia melhorar
tão cedo. Era hora de sair de dentro do saco de dormir
e começar a arrumar as coisas. Levantei e fui ver se todo
mundo já estava acordado. Havíamos programado de
não sairmos muito tarde. Aos poucos todos foram se
arrumando e começamos nossa caminhada. A descida
foi coisa de cinema. Achar o caminho foi complicado
e tivemos a orientação de um grupo que estava
desarmando o acampamento. Começamos a descida
que era razoavelmente íngreme. Estava tudo molhado
e todo cuidado era pouco. Paulo e Vinícius seguiram
na frente, eu e a Patrícia no meio e resto do pessoal
veio atrás. Na verdade, foi a última vez que vimos o
Paulo nesse dia, pois ele pegou a dianteira e só fomos
encontrá-lo novamente, na manhã do quarto dia.
Descemos com muita cautela até o começo do Vale do
Ruah, mas antes, haviam alguns totens que indicavam
um caminho para o alto de morro, à direita, mas no
nosso caso, deveríamos seguir descendo.
Chegamos ao Vale do Ruah e não tínhamos
nenhuma referência visual. Havia um grupo logo no
começo e cheguei a chamar pelo Paulo e nem sinal
dele. Acabamos nos juntando a outros grupos e fomos
caminhando pelos grandes labirintos encharcados.
Acho que pela falta de chuva, não achei tão complicado
cruzar o Vale do Ruah. Cheguei a ler alguns relatos que
podia afundar até a cintura... Que era fácil se perder...
O capim pode chegar a 2 metros de altura... Mas
pegamos a referência de chegar ao rio e segui-lo com
ele a nossa esquerda. E não deu outra. Rapidamente
cruzamos a passagem entre dois morros, justamente
onde o rio passa, formando um pequeno vale. Seguimos
andando e na primeira cachoeira, fizemos nossa parada
para coletar água, nosso último ponto até o final da
travessia. Com a tática, que vinha dando certo, bebi
quase 1L de água com isotônico, assim conseguia ficar
mais tempo sem me hidratar, levando menos água e,
consequentemente, menos peso. Com os reservatórios
10 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30
de água cheios, seguimos pelo vale entre os dois
morros e após cruzar o da direita, avistamos um mais
a frente. Vi um totem bem no alto, numa diagonal e
fomos procurando o caminho em meio aos labirintos
de tufos de capim. Com olhos de águia, vi uma fita
amarela em um pequeno arbusto, na qual indicava o
caminho certo. Segui e logo estava ao lado do totem
que havia visto lá de baixo. Achado o caminho, fizemos
uma pequena pausa, pois vencer esse trecho, abrindo
caminho pelo capim, foi bastante cansativo.
Subimos e chegamos a um ponto de acampamento,
fazendo mais uma pequena pausa. Começamos a
caminhar no sobe e desce das montanhas, sempre
com os bambuzinhos nos prendendo. Passamos por
um ponto onde se tivesse aberto, acredito que seria
espetacular! Caminhávamos, para variar, numa crista,
mas bem na beira de um penhasco. Às vezes o tempo
ameaçava abrir e conseguíamos ver a silhueta das
montanhas em volta, mas logo voltava a fechar. A nossa
esquerda, estava o Pico dos Três Estados. Passamos por
mais um pequeno ponto de camping, e seguimos reto
até ao final da linha. Tivemos que voltar e começar a
descer, até que conseguimos avistar os totens. Já tinha
gente lá em baixo, pois ouvíamos barulho de bambu
sendo cortado. Seguimos o caminho a passamos por um
grupo acampando. Todos os bons lugares do bambuzal
já estavam ocupados. Continuamos andando e vimos
um lugar que daria para montar algumas barracas.
Ficamos por ali mesmo. Demos uma caprichada no local
e ficou perfeito para 4 barracas. Já havíamos decidido
ficar ali. O nosso medo era subir o Pico dos Três Estados
e não conseguir local para ficar e ter que continuar a
caminhada. Quem tiver disposição que encare! Nós já
estávamos esgotados. Seria muito mais tranquilo fazer
a janta ali e já consumir um pouco do peso carregado,
principalmente da água. Afinal de contas a próxima
subida seria forte, com aproximadamente 1h20min,
conforme o mapa que tínhamos.
A essa altura, nem sinal do Paulo. Como ele
estava colado num grupo que saiu junto conosco,
provavelmente já estaria no cume, pois pelo caminho,
não havíamos visto ninguém, nem de longe. O
problema é que eu estava dividindo a barraca que
estava com ele e eu estava carregando o isolante dele.
O local onde estávamos era bem abrigado, dentro da
floresta. Não pegamos vento, apesar de ouvi-lo bem
forte. Preparamos nossa comida e combinamos de
acordar mais cedo que nos dias anteriores, às 5 da
manhã. Sabíamos que tínhamos, pelo menos 1 hora a
mais de subida. Aproveitei e me recolhi mais cedo que
nos outros dias, afinal de contas, essa seria a nossa
terceira noite e queria estar inteiro para dia seguinte,
o derradeiro!
4º Dia – Base dos Três Estados à BR 354
Acordamos cedo e apesar do barulho do
vento durante toda a noite, vi que o tempo estava
completamente diferente do dia anterior. Estava bem
aberto. Por entre as árvores dava para ver a silhueta
do nascer do sol. Fiquei imaginando como seria lá de
cima... Bom, precisávamos adiantar e começar logo o
dia. Fui verificar se todos já tinham acordado e voltei
para preparar meu café da manhã e arrumar a mochila.
Juro que pensei em abandonar algum material para
diminuir o peso... Mas coloquei tudo dentro e não me
preocupei em organizar as coisas, não precisaria pegar
mais nada dentro dela.
Iniciamos nossa jornada final por volta das 6h30min.
Novamente uma subida forte. Se já estava assim no
começo, imaginei como seria se tivéssemos feito no
final do dia anterior. Mais uma decisão acertada! Com o
tempo limpo, conseguíamos ver o nosso objetivo e tudo
o que havíamos feito. O visual era fantástico, muito
diferente do dia anterior, onde tudo ficava resumido
ao branco das nuvens... Isso deu um ânimo a mais,
principalmente pelo sol que aquecia o corpo, dando até
para tirar o anorak e caminhar somente com a segunda
pele. E dá-lhe subida! A previsão era de 1h20min. Mas
eu e o Vinícius fizemos em 45min. No cume, por sinal
lotado, encontramos o Paulo, que passou um perrengue
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dormindo sem o isolante. Pela quantidade de gente
que estava ali no cume, agradeci a Deus novamente
por termos tomado a decisão de acamparmos antes
da subida, pois com certeza não acharíamos local para
dormir e teríamos que andar bastante até encontrar
algum ponto. Aproveitamos para bater fotos no marco
que divide os três estados. Dali dava para ver o que
faltava... A grande subida do Alto dos Ivos. Só que antes
de chegar ao Alto dos Ivos, ainda tínhamos um grande
caminho a percorrer.
Começamos a descer o Pico dos Três Estados. Uma
descida forte, como de costume. Passamos por alguns
pequenos pontos de acampamento. Vimos vários
grupos em vários pontos da trilha. Acho que todos se
concentraram por aqui. Hoje dava para ver a quantidade
de gente que estava na travessia. O dia continuava
perfeito. Descemos e subimos e descemos novamente...
De longe vi um grupo em uma parte bem exposta e
falei: “O caminho não pode ser por ali!” O Vinícius
respondeu: “Não pode ou você não quer?” Respondi:
“Os dois, é claro!!!!” Passamos por um grupo que
estava acampado num local amplo, mas bem irregular,
numa laje de pedra, bem exposta ao vento. Tinha uma
barraca que estava num local tão inclinado, que fiquei
pensando na noite de quem dormiu ali... Chegamos ao
ponto onde havia visto de longe. De perto não era tão
ruim assim, um pouco exposto, mas tem bons locais
para os pés. Seguimos e subimos mais um pouco antes
de descer para iniciar a última subida da travessia.
Andamos mais um pouco e estávamos aos pés do Alto
dos Ivos. Respirei fundo e toquei para cima. Até que
foi mais rápido do que eu esperava. Chegamos lá em
cima e estava literalmente lotado. Parece que todos
resolveram se encontrar lá... A área é bem ampla e não
há vegetação, somente um lajeado, onde impossibilita
qualquer tentativa de acampamento. Ficamos ali durante
algum tempo, recarregamos as baterias e combinamos
que dividiríamos o grupo pois como encontramos vários
grupos pelo caminho e muitos diziam que voltariam
com o Sr. Edinho, tínhamos certeza de que isso iria
dar problema. Nossa ideia era chegar e já ir pegando
o resgate. Com certeza seria por ordem de chegada,
assim como foi na casa dele.
Então seguimos Eu, Michael, Paulo, Felipe e o
Vinícius. Partimos para a descida... Tudo muito bem
marcado, mas não podia faltar o bambuzinho e os
tufos de capim. Passamos por alguns pequenos morros
e cruzamos uma área de camping. Mais a frente,
entramos definitivamente na mata fechada. O Felipe
havia pego a dianteira, o Paulo e o Vinícius ficaram para
trás, acabou que eu e o Michael fomos caminhando
juntos. Entramos numa estradinha abandonada e bem
mais a frente chegamos ao último ponto de água.
Dali, entramos numa estradinha e seguimos descendo
até que passamos à Sede da Fazenda, uma grande
construção abandonada. Continuamos e passamos por
algumas cercas e porteiras, até que chegamos ao nosso
destino. O recuo na BR 354. O Felipe já estava lá e eu e
o Michael chegamos alguns minutos depois. Sr. Edinho
já estava lá, todo enrolado. Havia dezenas de pessoas
para descer e apenas uma Kombi fazendo o translado
do pessoal para Passa Quatro. Botamos uma pressão e
fomos no EcoSport dele. Apertamos e conseguimos ir em
5, mais o motorista. Pegamos o carro em Passa Quatro,
pois se ficassemos esperando o Sr. edinho voltar... Nem
sei a hora que sairíamos de lá. Fomos ao encontro do
pessoal e paramos na Garganta do Registro, onde todos
fizeram um lanche reforçado. Assim, pudemos voltar
cansados, mas felizes por termos concluído, com êxito,
o nosso objetivo:
TRAVESSIA SERRA FINA EM 4 DIAS!
12 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30
ACONTECEU
Dia da Montanha Limpa Por Stephanie Maia e Taffarel Ramos
As atividades estavam marcadas para iniciar às
9h da manhã. Eny, Annelise, Patrícia, Taffarel, Rafael
e eu chegamos mais cedo para receber a galera do
64º Grupo de Escoteiros Professor Lourival Gomes
de Andrade, nosso parceiro nessa empreitada. Alex e
Laura chegaram junto com a gente e ao todo, éramos 20
pessoas. Taffarel e Rafael estavam à frente da atividade
de remoção de pichações nos blocos da enseada.
Os bambus, disponibilizados pelo parque, estavam
na sede. Todos empreenderam esforços para carregá-
los até a enseada. Contamos ainda com a ajuda do Ian
Will, que estava ministrando um curso de campo e pediu
que seus alunos ajudassem nessa tarefa. Eny levou
algumas de suas ferramentas (pá, cavadeira e facão)
para o trabalho, além de quatro mudas de paineiras.
Alex e Laura plantaram duas e os escoteiros plantaram
mais duas dessas mudas.
Chegando a enseada, explicamos qual era a nossa
ideia ao grupo de escoteiros, sobre o que pretendíamos
realizar e eles também fizeram sugestões sobre a
melhor maneira de fazer o cercamento. Foi muito legal
ver como eles trabalham em ações bem coordenadas.
Entre a chegada ao parque e o início do trabalho,
levamos cerca de uma hora, e ao meio dia encerramos a
atividade com o cercamento concluído.
Todos ficamos felizes e satisfeitos com o resultado.
Atividades 100% bem sucedidas.
Durante a trilha que nos leva até a enseada do
bananal podemos perceber que desde a realização do
primeiro mutirão o número de novas pichações cresceu
bastante, tanto na enseada no bananal propriamente
dita quanto em outros trechos do parque.
Este foi o segundo mutirão de remoção de pichações
do qual participamos Rafael e eu. No primeiro focamos
no platô de acesso das vias Alan Marra e Paredão Jardim,
mas como foram feitas diversas e grandes pichações
logo no início da enseada do bananal resolvemos neste
segundo mutirão focar esta área por ser uma área mais
visitada e visível.
Utilizamos além dos equipamentos de praxe
(lixadeira, escovas de aço, reservatório de água, pintoff,
luvas e óculos de proteção), um spray removedor de
pichações doado pelo Vitor Hotz.
Somando as grandes e as pequenas pichações
conseguimos retirar um total de 13. Algumas não saíram
totalmente, mas pelo menos foram descaracterizadas.
Como relatado anteriormente focamos naquelas
concentradas na parte “visível” da enseada do bananal.
E também removemos uma bem grande na via de
acesso ao bananal (pichação essa idêntica a algumas
outras que estavam na enseada).
É um prazer indescritível conseguir reduzir o
dano causado pela pichação e fazer algo de bom pelo
parque que nos propicia excelentes momentos de
lazer e paz interior. Só não retiramos mais pichações
porque acabaram as baterias da lixadeira e o produto
removedor. Em algumas pichações usamos o pintoff
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30 13
Dia 30/08/2015, na
trilha do Bananal, após
denúncia, servidores
do PESET flagraram
3 menores de idade
pichando no local.
Foi feita a revista e
apreenderam 20 metros
de fita para slack line, 3 latas de jet spray de cor azul e
vermelho, 1 litro de tinta cor ocre e um rolo de pintura.
Os três foram encaminhados a 77DP para registro de
ocorrência.
Um agradecimento especial aos servidores do
PESET e aos denunciantes.
ESPAÇO PESET
Apreensão no PESET Por Leandro do Carmo
que é um bom removedor, mas que não se compara
a eficácia do spray removedor que se mostrou
extremamente útil neste mutirão.
14 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30
AMBIENTE
Relação número de visitantes x impactos nas trilhas Por Stephanie Maia
Nos últimos anos ocorreu um aumento na procura
de atividades ao ar livre. No Rio de Janeiro, o projeto da
trilha Transcarioca é um exemplo do investimento que
tem sido feito no sentido de incentivar o turismo e a
visitação às áreas naturais. Vale mencionar também o
projeto Parques da Copa que prometia investimentos na
infraestrutura dos parques estaduais do Rio de Janeiro
e dessa forma proporcionar tanto a maior qualidade da
vista quanto a conservação das unidades.
Em Niteroi, não é diferente. O rápido acesso às trilhas
no Parque Estadual da Serra da Tiririca é certamente um
convite a uma visita. A trilha que dá acesso à Enseada
do Bananal e ao Costão de Itacoatiara, nesse sentido,
é uma das campeãs em número de visitantes. Já foi
registrado em um único dia 200 visitantes na Enseada
do Bananal e de 1.700 no Costão. Localizada pertinho
da praia de Itacoatiara a trilha é curta, bem marcada
(embora algumas pessoas já tenham se perdido) e em
menos de 30 minutos de caminhada proporcionam
aos visitantes cenários belíssimos. Com isso, tem se
percebido que essas trilhas vêm sofrendo os efeitos
negativos inerentes a visitação, como supressão da
vegetação pelo alargamento das trilhas, compactação
do solo e processos erosivos.
Apesar do título, esse artigo, não pretende
determinar um número ideal de pessoas que podem
acessar essas áreas, tampouco promover “uma educação
ambiental”. Mas busca trazer à tona algumas questões a
serem consideradas antes de se postular sobre mínimo
impacto, colocar um cadeado no portão do parque ou
instituir um valor monetário ao acesso à natureza.
Começando pelo conceito de Parque...
Essa categoria de Unidade de Conservação, embora
tenha esse nome não é um parque de diversões à
espera de consumidores, ávidos por adrenalina. Os
Parques foram criados (SNUC) com o objetivo primário
de preservação dos ecossistemas naturais, mas também
preveem a recreação e o turismo, bem como a educação
ambiental e a pesquisa científica. Imagino o “dobrado
que cortam” os gestores para conciliar os dois primeiros
objetivos.
As abordagens para lidar com esse desafio
são muitas: a delimitação de áreas de sacrifício, o
fechamento da unidade para a realização de atividades
recreativas, a limitação do número de visitantes e a
liberação total a todas as áreas do parque, para citar
algumas.
Delimitar áreas de sacrifício me parece um
contrassenso, principalmente quando se fala tanto
em educação ambiental. Não é a natureza em sua
expressão mais bela, em sua melhor forma, o que o
visitante procura? Não sei as outras pessoas, mas é isso
o que eu busco. Penso que uma área de sacrifício com
cara de preservada desempenha com mais eficácia o
seu papel nos processos educativos.
A questão do número de visitantes é o que mais
me interessa colocar neste momento. É muito fácil
imaginarmos que um maior número de visitantes vai
causar um impacto maior, mas, de fato, nem sempre é
assim. Nós montanhistas, nos orgulhamos de dominar
todos os preceitos do mínimo impacto e somos tantos
não é mesmo? E é fato, comparados a um visitante
eventual, pouco acostumado “ao meio do mato”, temos
mesmo um pouco mais de conhecimento sobre isso. No
entanto, não podemos reduzir nosso questionamento
à esse ponto. Basta imaginar um pequeno grupo com
3 ou 4 pessoas e que apenas uma delas, não saiba
ou desconsidere os avisos de perigo do uso de fogo
dentro do Parque, adotando assim, um comportamento
de risco e acabe causando um incêndio. Viu? Não é tão
simples assim!
Nem sempre o maior impacto é causado pelo maior
número de visitantes. Há impactos que estão mais
relacionados ao comportamento do visitante, outros
são inerentes do uso, como a erosão e compactação do
solo, alargamento de trilhas e são causados por muitos
ou poucos visitantes. Nesses casos, a abordagem mais
adequada é baseada no manejo e o monitoramento dos
impactos na trilha.
Tomamos como exemplo o polêmico acesso ao
Costão. A cada vez que eu vou lá, percebo o processo
de degradação da vegetação caminhando de maneira
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30 15
bem acelerada. Aumentou o número de acessos? Sim,
grupos com 80 pessoas conduzidas por um só guia
estão subindo a trilha. O aumento do público também
implica que esse está mais diversificado, pessoas de
todas as idades, aptidões físicas e graus de experiência
em caminhadas de ascensão variados, mas que tem
o mesmo direito que nós, montanhistas, de visitar o
Costão. Uma vez, enquanto descia, fiquei observando
um rapaz que tinha uma deficiência motora descendo
e devo dizer que fiquei bastante emocionada... Achei
legal!
Outro exemplo de área que está se degradando
pelos mesmos motivos que o acesso ao Costão é a área
da Enseada do Bananal, especificamente no topo do
bloco principal. O número de pessoas que ascendem ao
bloco já chegou à casa das centenas. Daqui o “causo”
mais emblemático que presenciei, foi uma mãe com um
bebê de menos de um ano que fez uma tendinha com
a canga em meio à vegetação para se abrigar do sol, e
quem sou eu para dizer que ela não deveria estar ali,
curtindo o ambiente? São muitos os pormenores e as
situações que envolvem os interesses recreativos e de
preservação.
Para finalizar, a partir desses dois casos, faço uma
pequena reflexão. Essas pessoas foram visitar o parque
porque em algum momento lhes foi dito que elas
poderiam, que elas deveriam e que elas precisavam, que
era legal estar em contato com a natureza (e é mesmo!)
e que bom que elas vieram! A pena é que a experiência
delas não foi a melhor, pois suas visitas contribuíram
para aumentar o custo “imprecificável”, da degradação
ambiental e, pior, essas pessoas ignoram isso.
Acesso ao Costão em janeiro de 2009. Observe a
vegetação no canto esquerdo da imagem, ainda sem o
atalho pela vegetação. A única maneira de subir era pela
rocha. Foto: Camila P. Meireles
Trilha de acesso ao Costão em Agosto de 2015.
Foto: Stephanie Maia.
16 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30
ACONTECEU
Arraiá dos Pico Tudo
Em nosso segundo ano seguido em Três Picos,
ficamos hospedados no Refúgio Três Picos, do Zezinho.
Além das diversas caminhas em um dos mais belos
parques do Brasil, fizemos nosso alegre arraiá. Regado
a muita comida típica, cerveja artesanal e uma fogueira
que aqueceu um pouco o frio, curtimos uma noite super
agradável. Foram 31 presentes nesse fantástico evento!
Estamos aguardando anciosos o ano que vem! Confira
as fotos.
Palestra do Zézão
Ainda no final de semana em Três Picos, o Zézão
nos presenteou com uma fantástica palestra sobre a
primeira escalada brasileira em Bariloche. Foram fotos e
histórias de dar água na boca.
No dia 01/08/2015, visitamos o Grupo de
Escoteiros Lourival Marques de Andrade no 12°
Batalhão, em Niterói, para entrega dos certificados de
participação no mutirão de reflorestamento do Bananal
alguns meses antes.
Diploma aos Escoteiros
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30 17
ACONTECEU
Dedo de Deus
Nessa temporada, o CNM esteve, até agora, duas
vezes no Dedo de Deus: Uma com o Leonardo Carmo,
Marcos Lima e Alfredo Castinheiras; a outra, com o
Ary Carlos, Taffarel Ramos, Patrícia Lima e Alessandra
Neves. Porém só a primeira cordada enviou fotos...
Vamos animar a galera e levar a bandeira do CNM aos
mais altos cumes desse Brasil!!!!
Data: 29/08/2015
Responsável: Vinicius Gomes Araújo
Participante(s): Andréa Rezende Vivas, Ary Carlos
Cardoso Neto
Apesar de ter havido uma demanda rápida pela
atividade quando foi aberta, no final houveram algumas
desistências e fomos apenas eu, Ary e Andréa. No dia
combinado, nos encontramos na entrada do Parque
Nacional da Tijuca, que marca o inicio da trilha.
Começamos a subir as 10:20h pela trilha normal
e chegamos no cume após 2 horas de subida sem
nenhum tipo de problema (inclusive passamos pela
famosa Carrasqueira bem rápido, sem perder tempo).
Como o dia tava muito bom com tempo aberto
e firme, aproveitamos para ficar um bom tempo
descansando, aproveitando a vista e tirando algumas
fotos. Na hora de descer, o Ary falou que conhecia um
caminho diferente para voltar (passando pelo Pico dos
Quatro) e resolvemos seguir este caminho para conhecer
uma rota diferente. O caminho era mais inclinado com
uns trechos utilizando cabo de aço, mas era bem mais
rápido e sem trânsito. No meio do caminho fomos até
um teto de pedra com um visual diferente do que estava
acostumado a ver.... muito bonito! Por volta das 16h
estávamos de volta a entrada do Parque, aonde demos
baixa dos nossos nomes na lista de presença que fica
com os funcionários do Parque.
Pedra da Gávea
18 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30
CROQUI
Trilha Colonial Por Leandro do Carmo
Em meio ao trabalho de mapeamento das trilhas
do Parque da Cidade para o projeto do Guia de Trilhas
de Niterói, O Alex Figueiredo sugeriu que abrissemos a
ligação entre o Parque da Cidade e o Cafubá, utilizando
um antigo caminho.
Mas o que que isso tinha de especial? Na verdade
essa é uma trilha diferente. Mais ou menos na
metade do caminho existe uma ponte, que pelas
suas cartacterísticas, estima-se ser da época do
Brasil Colônia. Mas essa afirmação, ainda precisamos
confirmar. E por se tratar de um atrativo tão antigo, o
Alex a batizou de Trilha Colonial
De qualquer forma, a trilha ficou ótima e é mais
uma alternativa para que sai do Parque da Cidade e
quer acessar o Cafubá. Na verdade, a forma mais fácil
de fazê-la, levando em conta a orientação é no sentido
Cafubá X Parque da Cidade. Porém, no quesito esforço,
o sentido contrário é mais fácil, pois é só descida. De
qualquer forma fica a dica!
Nesse dia, participaram da abertura da trilha: Alex
Figueiredo, Leonardo Carmo, Leandro do Carmo, Tauan
Nunes e Cléver Félix.
A trilha: A partir do Posto da Guarda Ambiental, no
Parque da Cidade, descer na rua de chão logo antes dele
e assim que chegar as ruínas de um pórtico de pedra,
virar a esquer e seguir por esse caminho. Quando
encontrar uma bifurcação, que dá acesso ao Platô das
Bikes, vire a esquerda. O acesso a Trilha Colonial, fica
do lado oposto do caminho, bem na cuva.
Entrando na trilha você deverá seguir reto, paralelo
a um barranco com vegetaçã a sua direita. Note que
na frente, há um contorno de um caminho. Seguirá
descendo em curvas. Mais a frente, você estará
caminhando ao lado de um leito seco de rio. Em alguns
momentos ele estará bem abaixo. Mais a frente, você
chegará ao ponto principal da trilha: a ponte. Cruze-a e
continue descendo ziguezagueando. Preste atenção na
marcação de fitas, principalmente na parte final, onde o
caminho está mais fechado. Para quem vem do Cafubá,
basta pegar a Rua Dr. Godofredo Garcia Campos e
seguri beirando o muro da casa da esquerda e entrar
na mata. Não esqueça de avisar os moradores, caso
alguém esteja por perto. Não queira ser confundido
com um ladrão! Divirtam-se!!!!!
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30 19
FIQUE DE OLHO
A Comunicação!ACONTECEU
Mais um CBE!!!
Iniciamos mais um CBE! Tivemos as duas primeiras
aulas nos dias 20 e 26 de setembro. A galera super
animada. Em breve mais escaladores nas rochas!!!!!
Segue o relato de um acidente ocorrido
recentemente. Veja como a comunicação é muito
importante na escalada. Fique de olho!!!!! (Retirado na
íntegra do Banco de relatos de acidentes em montanha
- CBME - www.cbme.org.br)
Relato:
O Escalador guiou uma via esportiva de 10
chapeletas, 20m. Ao chegar na parada, se ensolteirou
e gritou ao Seg: Estou na minha, pode liberar”. O Seg
liberou a segurança e gritou “CORDA LIVRE”.
Um terceiro chegou e pediu para escalar de top
rope diretamente ao escalador na parada. O escalador
na parada olhou para o Seg, já fora da corda, checando
se poderia, uma vez que a corda era do Seg. O Seg
acena positivamente e diz que irá montar a segurança
do escalador que ainda está na parada da via.
O escalador então tira a solteira da parada e se
joga, sem verificar se o Seg estava dando segurança. O
Seg tem a corda puxada de sua mão no momento em
que passava a corda pelo freio. No reflexo, gruda com
as duas mãos nuas sem nenhum freio na corda e freia
a queda livre do escalador, que pára a 1.5 m do chão,
justo após bater com a coxa esquerda numa árvore a
5m de altura.
O Escalador ficou um pouco tonto, assustado,
mas foi embora andando. No local havia um socorrista
e escalador local de Quixadá que prestou os
procedimentos de primeiros socorros (ABCDE etc...)
de maneira extremamente rápida e conforme manda o
manual de primeiros socorros em áreas naturais. Após
passar por exames foi constatado que o escalador nada
sofreu além de algumas escoriações.
Prevenção (opinião do relator):
Insistir na difusão e propagação dos comandos de
voz mais adequados na escalada entre a comunidade,
e dos procedimentos de verificação de segurança
enquanto em uma parada.
20 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30
AMBIENTE
MoNa Cagarras: Visitação e Conservação Por Camila Meireles
Típica paisagem carioca, as Ilhas Cagarras encantam
moradores, turistas e visitantes. Além de cartão postal
do Rio de Janeiro, as ilhas também são a primeira
unidade de conservação marinha de proteção integral
da cidade. Criado em 2010, o Monumento Natural das
Ilhas Cagarras ou MoNa Cagarras é composto por seis
ilhas: Cagarra, Filhote da Cagarra, Comprida, Palmas,
Redonda e Filhote da Redonda. A área protegida possui
87 ha e tem por finalidade preservar os remanescentes
de Mata Atlântica insular, os refúgios e áreas de
nidificação das aves marinhas e a beleza cênica local.
Sua proximidade com a costa faz com que a
unidade de conservação sofra grande influência urbana,
o que se reflete na presença de lixo marinho, poluição
por esgoto e intensa visitação. Da praia de Ipanema até
o arquipélago são aproximadamente 5 km de extensão.
O Emissário Submarino de Ipanema lança esgoto sem
tratamento a menos de 2km da Ilha das Palmas. A
proximidade com a Baía de Guanabara também favorece
o acúmulo de lixo flutuante, observado principalmente
na Ilha Comprida. Somado a isso, estão os visitantes
que fazem acampamentos ilegais, abandonando lixo,
fazendo fogueiras, entre outros impactos na área de
ecossistema insular.
Apesar dos problemas causados pela ação humana,
a visitação envolvendo atividades de turismo, esporte
e lazer é permitida no MoNa Cagarras. Além disso,
por estar na categoria de proteção integral, segundo o
Sistema Nacional de Unidades de Conservação, também
são permitidas atividades de pesquisa científica e
educação ambiental. Já a pesca, inclusive a submarina,
é proibida na área marinha da unidade de conservação,
que abrange 10 metros em torno de cada ilha. Realizar
pernoite ou qualquer atividade que perturbe a fauna e a
flora locais também não são permitidos.
Para conservar a área e ordenar o seu uso
público, o Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade, órgão ambiental responsável pela sua
gestão, está elaborando um Plano de Manejo. Este
documento estabelece normas e diretrizes que definem
o zoneamento da unidade, indicando, por exemplo,
áreas prioritárias para conservação e para visitação.
Sua elaboração exige um grande levantamento de
informações sobre a unidade de conservação. Como
na época de sua criação não existiam muitas pesquisas
sobre a região, o Instituto Mar Adentro criou o Projeto
Ilhas do Rio, que iniciou um levantamento completo da
biodiversidade local. Atualmente todo o conhecimento
científico gerado pelo Projeto é disponibilizado para o
órgão ambiental através de uma parceria.
Já foram registradas mais de 600 espécies de fauna
e flora nos ambientes terrestres e subaquáticos do MoNa
Cagarras, incluindo nativas, exóticas, raras e ameaçadas
de extinção. Além disso, foi descoberto um sítio
arqueológico na Ilha Redonda e desenvolvidos estudos
sobre geologia (relevo subaquático e caracterização da
geodiversidade), qualidade da água, controle do capim
colonião e levantamento do desembarque pesqueiro.
No entanto, o Plano de Manejo não é composto
apenas de informações técnico-científicas. A
população também pode participar através de um
conselho consultivo. Desta forma, espera-se uma
gestão participativa e justa para os envolvidos direta
e indiretamente com a unidade de conservação, como
pescadores, mergulhadores, escaladores, turistas,
entre outros.
Neste sentido, o Projeto Ilhas do Rio também atua
com atividades de Mobilização Social para envolver a
sociedade nas ações de regulamentação da unidade
de conservação. Para isso, realiza palestras, cursos
para qualificação de agentes multiplicadores de
informações sobre a temática, exposições, mutirões de
limpeza de lixo nas ilhas e atividades para divulgação
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30 21
didático-científicas. Para participar dessas atividades
socioambientais, basta acessar o site www.ilhasdorio.
org.br e conferir a programação do Projeto.
Enquanto o Plano de Manejo não é finalizado, o
visitante deve seguir a legislação ambiental em vigor ou
entrar em contato com o gestor do MoNa Cagarras para
se informar melhor ([email protected]).
Atualmente, não é recomendado visitar as áreas de
ninhais, como a Ilha Cagarra e a Ilha Redonda, onde
vivem mais de 3 mil Atobás-marrom Sula leucogaster e
6 mil Fragatas Fregata magnificens, devido ao impacto
na fauna. Considerado o segundo maior ninhal dessas
espécies do país, tal área merece atenção especial,
inclusive pelos escaladores que costumam frequentar
vias nas ilhas citadas. Neste caso, o mais indicado seria
o uso das vias de escalada e bolders na Ilha Comprida,
também com uma conduta consciente para não afetar
a vegetação local, que apresenta espécies ameaçadas e
abriga um anfíbio que não existe em nenhum outro lugar
no mundo. Este animal foi descoberto recentemente por
pesquisadores do Projeto e trata-se de uma perereca
de bromélia, do gênero Scinax, que sobrevive graças
à água da chuva armazenada nas bromélias, já que nas
ilhas não há fonte de água doce.
Para que todos possam usufruir da rica
biodiversidade do MoNa Cagarras será preciso zelar
pela sua conservação. Isso inclui a participação ativa
dos visitantes, que através de ações de educação
ambiental e de uma conduta consciente, podem ser os
maiores aliados do órgão ambiental para a gestão da
unidade de conservação.
Agradecimentos: a Petrobras, através do Programa
Petrobras Socioambiental.
FOTO: CAMILA MEIRELES
FOTO: ÁTHILA BERTONCINI
Camila Meireles é Mestre em Ensino de Ciências,
Ambiente e Sociedade (UERJ), Especialista em Ensino de
Ciências e Biologia (UFRJ) e Bacharel em Biologia Marinha
(UFRJ). Atua como Supervisora de Mobilização Social do
Projeto Ilhas do Rio (Instituto Mar Adentro) e bióloga
colaboradora do Grupo de Estudos Interdisciplinares do
Ambiente (FFP/UERJ).
FOTO: FLÁVIO CARNEIRO
22 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30
Pesquisando na internet por artigos técnicos de
escalada encontrei este pequeno, mas importante
artigo. Fiz esta tradução livre.
Esta análise da Vida Útil do material de escalada é
parte da síntese do conteúdo de 263 manuais de uso
e manutenção de diferentes materiais de escalada
comercializados na Europa. Os dados são a síntese das
recomendações oferecidas pelos fabricantes.
Vida útil de todo Equipamento de Proteção
Individual (EPI)
Geralmente, se recomenda a aposentadoria de todo
material com mais de 10 anos de uso. Não importando
se foi usado somente uma vez.
Vida útil de Metal (ou com partes metálicas):
Teoricamente, se nunca foi usado, a duração do
equipamento metálico é ilimitada.
Em caso de uso: 15 anos da data de fabricação,
10 anos da data do primeiro uso, desde que mantidas
ótimas condições de uso e manutenção.
Duração orientada desde o primeiro uso:
Uso competitivo e dry-tooling: 6 meses a 2
SEGURANÇA
Sempre bom lembrar: Vida útil do material de escalada! Por Eny Hertz
temporadas;
Uso profissional/intenso (diário): de 1 a 3 anos / 3
temporadas;
Uso frequente (semanal): de 3 a 5 anos / 6
temporadas;
Uso moderado (mensal): de 5 a 8 anos e
Uso esporádico (alguns poucos durante o ano): 10
anos.
Vida útil de Fibra (ou com parte com fibra) e
mistos
Os equipamentos de fibra (dyneema, poliéster,
poliamida, nylon etc) sofrem envelhecimento mesmo
sem uso.
Máximo sugerido: 10 anos desde a data de
fabricação e 8 anos desde o primeiro uso, desde que
mantidas ótimas condições de uso e manutenção.
Uso competitivo e dry-tooling: 6 meses;
Uso profissional/intenso (diário): 1 ano;
Uso frequente (semanal): de 1 a 3 anos;
Uso moderado (mensal): de 5 a 8 anos e
Uso esporádico (alguns poucos durante o ano): de
5 a 8 anos.
Atenção: A vida útil do equipamento depende
diretamente das condições de uso, histórico,
manutenção, armazenamento e transporte. A vistoria
deverá ser feita semestralmente.
Este resumo faz parte do trabalho de tese de
mestrado de Direito dos Esportes de Montanha
da Universidade de Zaragoza de Andoni Aguirre:
“Mecanismos de control de la seguridad en los
materiales de montaña: Propuesta de un modelo de
control del producto en uso para Equipos de Alpinismo
(CEN/TC136/WG5)”
Fonte:
http://quieroiralmonte.blogspot.com.es/2015/07/
vida-util-del-equipo-de-alpinismo-y.html
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30 23
EQUIPAMENTO
Botas de Caminhadas e suas garantias Por Alex Figueiredo
Já tive diversas botas, o que me garante a
experiência de diversos defeitos de botas e, com isso,
os contatos com o sistema de garantias de diversas
delas.
Por que compramos botas e tênis de caminhadas
caros? Beleza? Resistência? Conforto? Consumismo?
Segurança? Garantia? Todas as alternativas anteriores?
Bom, falando por mim, gosto de equipamentos
resistentes e confortáveis, que se desgastem
naturalmente, mas, em caso de defeito (e não dano, que
fique clara a diferença), que a empresa seja responsável
pelo seu produto (leia-se, garantia).
No último ano ao que parece (talvez devido a crise,
cambio do dólar, ou má vontade mesmo) reparei que
o sistema de garantias apresentou mudanças ... e com
isso eu fui tomado de surpresa, e, imagino eu, algumas
outras pessoas também.
Sempre fui informado, no passado, que defeitos de
fábrica tinham garantia de um ano. Mas recentemente,
tive uma surpresa quando descobri que a Snake e a
Vento mudaram esse sistema!
A Snake segue a seguinte linha atualmente: se
comprar na loja, o lojista pode mandar para a fábrica
(segundo ultimo informe) em até seis meses. Porém
uma amiga recentemente quis adquirir uma usada,
e mandou um e-mail para a fábrica, a resposta foi:
“garantia por 3 meses contra defeitos e, neste período,
o comprador deve se cadastrar no programa de garantia
estendida e, com isso, a garantia passa a ser de 15
meses”. Logo, se você se distrai quanto a esse cadastro,
lá se vão os 15 meses ...
Em conversa com um vendedor de uma loja, via
telefone, obtive as seguintes informações:
• Snake, 6 meses para defeito de fabricação e,
dependendo do dano, mandar pela loja (a garantia varia
de modelo para modelo segundo ele);
• Bull Terrier, 6 meses e contactar o sac (nunca
me responderam, quando minha bota apresentou
defeito);
• Vento, garantia de 6 meses (desde
23/07/2015);
• Columbia, garantia de 6 meses, envio pela
loja.
Não temos mais a garantia de um ano, e segundo
o lojista, se compramos a bota usada, mesmo nova,
temos que ter a nota fiscal para caso de defeito. Caso
contrario, teríamos que nos esforçar para a fábrica fazer
o reparo.
Logo, para adquirirmos um equipamento temos
que ser, com toda a propriedade da palavra, chatos!
Quando estiverem na loja, não se omitam de
perguntar ao vendedor sobre o produto que esta
adquirindo e, se o mesmo não souber responder, fale
com outro. Abaixo, seguem algumas dicas:
- Perguntem do sistema de garantias sempre;
- Se houve alguma troca deste modelo ou
reclamações dos clientes (a bota Vento que adquiri,
soube depois que foi recolhida do mercado pois estava
apresentando falhas na vulcanização);
- Guarde as notas fiscais;
- Fotografe o defeito e envie as fotos do defeito
imediatamente para o fabricante (sempre fale no e-mail
que faz parte de um clube de montanhismo, acredite,
isso faz diferença);
- Duvidas quanto ao modelo a ser adquirido,
pergunte em sua lista, afinal, os grupos de
montanhismos não servem só para trocar experiência
sobre montanhas, mas sobre equipamentos também;
Sejamos chatos sim quando adquirir um
equipamento, tendo em vista que este equipamento nos
acompanhará por um bom tempo, então deve ser bom,
e nos proporcionar conforto e segurança.
Informação sempre e partilhar a informação
também!
24 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30
ACONTECEU
Agulhas Negras e Prateleiras Por Leonardo Carmo
Data: 22,23 e 24/05/2015
Participantes: Leonardo Carmo, Ary Carlos, Monique
Zajdenwerg, Andrea Resende, Lando Mendonça, Patricia
Lima, Vander Silva, Lohany Viana e Guilherme (Pulga).
No dia 22 de maio, partimos para a expedição.
Saímos de noite rumo à pousada. Na verdade ficamos
acampados. No dia 23, sábado, partimos para a nossa
primeira missão: Prateleiras. A nossa ideia inicial era
fazer uma via, mas não fizemos. Resolvemos então
dar uma explorada na área antes de partir para o
cume. Depois de algum tempinho curtindo as linhas
de escaladas, resolvemos continuar. O caminho até o
Bloco “Prateleiras” é uma trilha muito bem marcada.
Depois que chega no bloco, é trepa pedra dos bons.
É fundamental levar corda. Pode ser de 30 metros
mesmo, pois vai ajudar muito nos dois lances finais.
Depois de curtir as Prateleiras, resolvemos pegar a
trilha para a Pedra da Maçã, Pedra da Tartaruga e Pedra
Assentada.
De volta ao acampamento, foi hora de curtir uma
janta e beber uns aperitivos. No camping tinha uma
área destinada à fogueira. Então, a noite foi clássica.
No domingo, a missão era fazer as Agulhas Negras.
Subimos bem, eu já tinha ido lá em 2012 e o caminho
ficou gravado na minha mente. Lembrei de cada canaleta
que tinha passado. Aí foi tranquilo. Em alguns trechos
utilizamos corda. Nosso grupo estava relativamente
grande. Isso deu mais segurança e agilidade.
Subimos e descemos tranquilos. Todos inteiros.
Quando chegamos no Abrigo Rebouças, fizemos um
festival de tapioca. Essa entrou para a história. Depois
de degustar a iguaria, entramos no carro e voltamos
para o camping para desmontar acampamento e pegar
a estrada de volta.
Essa expedição deixou saudades. Isso significa que
foi bom, pois só momentos bons deixam saudades.
Até a próxima.
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30 25
FOTOS DE ATIVIDADES
AGULHA GUARISCHI
COBIÇADO X VENTANIA
REUNIÃO SOCIAL DE AGOSTO
PARQUE DA CIDADE
AGULHA GUARISCHI
MARIA COMPRIDA
VANDER E LOHANY NA PATAGÔNIA
REUNIÃO SOCIAL DE JULHO
26 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30
ACONTECEU
Projeto Guia de Trilhas de Niterói e Maricá
Foi dada a largada para o projeto Guia de Trilhas de
Niterói e Maricá. O projeto tem o objetivo de divulgar as
caminhadas da região, oferecendo ao caminhante um
roteiro completo com detalhes e informações de como
chegar ao início da trilha, nível da caminhada, distância,
altitude máxima, obstáculos, etc.
Para as duas cidades, dividimo-as em setores. Para
Niterói, temos o PARNIT – Mosaico Sul, englobando o
Parque da Cidade e região; e o PESET. Em Maricá, temos
a região de Inoã, Silvado, Espraiado e APA da Restinga,
bem como alguns outros locais.
Já mapeamos quase toda a região do PARNIT –
Mosaico Sul. Até agora, identificamos 16 trilhas no
local.
No último final de semana, fomos a Maricá e
percorremos cerca de 20 km de trilhas. Andamos
bastante e saímos felizes com o resultado. Em breve
voltaremos!
Seguem algumas fotos dessas nossas andanças...
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30 27
DIVERSOS
Programa CNMais Vantagens Por Leandro do Carmo
Olá Pessoal,
Demos início a um programa de descontos e
benefícios para sócios do clube. São lojas especializadas
em artigos esportivos, descontos em parques, e muito
mais. Confira a relação abaixo:
Makalu Sport - a partir
de 10% nas compras a
vista ou no cartão de
crédito, mas somente
com a apresentação da
carteirinha.
End: Tijuca - Rua Conde
de Bonfim, 346 Loja 208
Centro - Av Rio Branco, 50 Sobreloja.
Loja Adventura
10% de desconto nas
compras a vista na Loja
Adventura. End. Rua 13 de
Maio, 47, sl 102, Centro,
Rio de Janeiro.
10% de desconto nos
pernoites no Refúgio
Três Picos. https://
w w w . f a c e b o o k . c o m /
RefugioTresPicos
Gratuidade na descida
do bondinho do
Morro da Urca após
as 18:00. Obrigatório
a apresentação da
carteirinha.
7 vagas permanentes nas
áreas de camping do Açu
e do Sino disponíveis para
clubes do Rio. Verificar
disponibilidade com a
direção do clube. Isenção de taxas para Guias do Clube,
mediante apresentação da carteirinha nas portarias do
parque.
Ajude o nosso programa a crescer! Indique lojas,
serviços e etc.
Juntos construiremos um clube forte! O CNM SOMOS
TODOS NÓS!!!!!
Foram 13 novos sócios desde 01/08/2015!!! Abaixo a
relação deles! Sejam bem vindos!
NOME: Sérgio k.
PROFISSÃO: Empresário
POR QUE O CNM? Como moro em Niterói e adoro escalar
, entrei para o clube afim de fazer novas amizades
NOME: Cynthia França
PROFISSÃO: Médica
POR QUE O CNM: Porque gosto de escalar, fazer trilhas
e moro em Niterói. Um prazer participar das atividades
com vcs.
Camila Faria Dame Manzano
Nilton A. Quaresma
Simone Marize Bezerra dos Santos
Camila Pinto Meireles
Bruno Campos Visconti
Diogo Ribeiro Lemos
Livia Marques de Castro Lemos
Renato Maciel da Silva
Thiago Antonio Franco Flores
Arley José Silveira da Costa
Victor Sebastião de Souza Ferreira
OLHA QUEM ESTÁ CHEGANDO
Novos Sócios!
28 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 30
AvisosREUNIÕES SOCIAIS
As reuniões sociais do CNM são realizadas sempre na primeira quinta-feira de cada mês ím-par e na primeira quarta-feira de cada mês par, às 19:30h, em local a ser definido e divulgado.
Os encontros acontecem em clima de total descontração e informalidade, quando os só-cios e amigos do CNM aproveitam para colocar a conversa em dia, trocando experiências, rela-tando excursões e vivências ou, simplesmente, desfrutando a companhia de gente simpática e fraterna.
Periodicamente acontecem reuniões e se-minários técnicos com o intuito de possibilitar maiores detalhes e informações atualizadas aos sócios e interessados.
Informem-se sobre os temas das palestras técnicas e reuniões acessando o site: www.nite-roiense.org.br
Compareçam e sejam muito bem vindos!!!
EXPEDIENTE
CNM – CLUBE NITEROIENSE DE MONTANHISMOInício das Atividades em 26 de Março de 2003Fundado em 20 de Novembro de 2004Website: www.niteroiense.org.bre-mail: [email protected]: 98608-1731(Leandro do Carmo)
Presidente: Leandro do CarmoVice: Vinícius Araújo Tesoureiro: Leonardo Carmo
Secretário: Alexandre RockertDiretoria Técnica: Ary CarlosDiretoria Social: Patrícia GregoryDiretoria Ambiental: Stephanie Maia
Conselho FiscalEfetivos: Adriano de Souza Abelaria Paz; Andréa Rezendo Vivas; Alex Faria de Figueiredo; Suplente: Denise Gonçalves do Carmo
Representante do CNM no PESETTitular: Eny HertzSuplente: Leonardo Carmo
Informativo Nº 30: As matérias aqui publicadas não representam necessariamente a posição ofi-cial do Clube Niteroiense de Montanhismo. Res-saltamos que o boletim é um espaço aberto a todos aqueles que queiram contribuir. Envie sua matéria para [email protected]. Partici-pe!!!
Filipe Frazão 10/jul
Márcio Moreira 17/jul
Eny Hertz 21/jul
PAULO ROBERTO 21/jul
Lohany Viana 24/jul
SOBRAL PINTO 25/jul
Fábio Souza 08/ago
Simone da Cruz 10/ago
Vinicius Araújo 10/ago
Bruno Campos 15/ago
MARIA EUGENIA 16/ago
Marcia Guerra 19/ago
Renato Vallejo 02/set
Stephanie Maia 05/set
Marcelo Sá 09/set
Luiz Alexandre 11/set
Luiz Coelho 12/set
Diogo Lemos 18/set
Edição e Diagramação:- Eny Hertz- Leandro do Carmo
Revisão Ortográfica:- Vinícius Araújo
Adriano Paz - C T
Alan Marra - C E T
Alex Figueiredo - T
Andrea Rezende - C T
Ary Carlos - E T
Diogo Grumser - T
Eny Hertz - E T
Leandro do Carmo - E T
Leandro Collares - E T
Leandro Pestana - C E T
Leonardo Carmo - T
Luiz Alexandre - E
Mauro de Mello - E T
Neuza Ebecken - T
Vinícius Araújo - T
Vinicius Ribeiro - C
CORPO DE GUIAS
IMPORTANTE!
A Presidência do CNM é soberana em qual-quer assunto relacionado com o CNM e seus as-sociados.
A Diretoria Técnica é soberana em qualquer assunto técnico relacionado aos associados e aos guias do CNM.
E - ESCALADAT - TRILHASC - CICLISMO
ANIVERSARIANTES