boletim cnm 2014-4
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Boletim InformativoClube Niteroiense de Montanhismo
Ano X - Número 27Niterói, Dezembro de 2014
• Técnica: SSS versus PLUS • Abelhas e Vespas •• Padronização dos procedimentos de escalada •• GT Montanhismo e Conselho Consultivo do PESET •• Projeto CNMeio Ambiente•• Artigo: Reflexões sobre as concessões em parques•• E muito mais! •
Pedra do Frade e Freira, um passeio pelo Espírito Santo
2 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27
Olá Pessoal!!!
O ano passou... Ou melhor, vôou!
Fechamos 2014 com muitas novidades e tenho
certeza de que com muitas atividades também! Foram
viagens, escaladas, trilhas, reuniões sociais, cursos,
oficinas, etc. Além de tudo isso, uma nova diretoria
tomou posse. Eu, como presidente, Vinícius Araújo
como vice e o Leonardo Carmo como Tesoureiro.
Mas não estaremos sozinhos! Com a dura missão de
tocar o clube para vôos mais altos, se juntaram a nós:
Patrícia Gregory, na diretoria social; Stephanie Maia,
na diretoria de meio ambiente; e o Alexandre Rockert
como secretário. Temos sangue novo!!!
Traçamos objetivos ousados para a nossa gestão,
que são: dobrar o nosso número de associados e termos
a tão sonhada sede! Difícil? Pode até ser... Impossível?
JAMAIS!!! Tenho a certeza de que todos colaborarão,
assim como foi em nossa grande festa de aniversário.
Para as nossas atividades, lançaremos um
calendário anual, com pelo menos uma grande atividade
por mês, além de nossas escaladas e trilhas nos finais
de semana. Queremos tornar o clube muito mais ativo
do que já é.
Contamos com a ajuda e paciência de todos.
E... Bora escalar?
“Uma trilha difícil ou uma escalada desafiante é
uma viagem iniciada por nossa própria escolha. Muitas
vezes este passo nos ajuda a terminá-la com sucesso. E
o que significa sucesso? Significa estar fora da zona de
conforto, significa aprender com a experiência.
O ano de 2014 est´pa terminando, um ótimo
momento para revermos o que aprendemos na
montanha. Desejamos a todos, mil trilhas e vias que nos
façam sair de nossa zona de conforto e continuemos
aprendendo.”
MENSAGEM DO PRESIDENTE
Fechamos mais um ano! Por Leandro do Carmo
SUGESTÃO DE LEITURA
Tenha uma boa leitura! Por Leandro do Carmo
A Volta por Cima – 980 Dias de Aventuras ao
redor do Mundo a Bordo de um Monomotor, de Margi
Moss com Gérard Moss
Ler o relato de uma
viagem ao redor do mundo
a bordo de um avião foi uma
experiência nova. É um livro
com leitura fácil, agradável e
informativa. As fotos ajudam
a ilustrar a história. Já havia
lido outras viagens ao redor
do mundo, mas de avião...
Recomendadíssimo!!!
Naufrágios e Comentários, de Álvar Núñez
Cabeza de Vaca
Percorrer caminhos
desconhecidos, enfrentar frio,
fome, doenças, ataques de
índios, etc, por 10 anos!?!?!? E
tem gente que acha que fazer
uma travessia de 3 dias é coisa
de outro mundo!!! rs. Acho
que mais o mais legal do livro
e da pessoa de Álvar Núñez
Cabeza de Vaca foi a maneira
como ele tratava os índios
locais por onde passava.
Se todos no passado tivessem feito dessa maneira, a
história teria sido diferente. Recomendo a leitura!
Família Schurmann – Um mundo de Aventuras,
de : Heloisa Schurmann
Excelente! No início do
livro, comecei a ler rápido
para matar a curiosidade, já
no final, lia devagar, já sentido
saudades! O livro envolve,
me fiz parte da família!
Muitos detalhes sobre a
circunavegação de Magalhães,
cultura dos lugares onde
paravam e a vida no mar. Uma
experiência em tanto.
Mensagem de Ffinal de anoPor Eny Hertz
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27 3
Com a evolução do esporte, com vias cada vez
mais técnicas, percebeu-se que este método não se
enquadrava mais num padrão de segurança. Pois o
tempo que as duas pontas das cordas ficavam em frente
do corpo, ou seja, fora da posição de maior atrito do
aparelho, era muito longo.
Desde o início do milênio que as academias
americanas passaram a só permitir que os escaladores
façam o procedimento PLUS (também conhecido como
PBUS) que significa: Pull, Lock (or Brake), Under and
Slide. Algumas academias até exigem que o escalador
faça uma oficina antes de começar a escalar no local.
Há uma variação aceita nas academias que é o Hand-
Over-Hand, quando a mão guia fica pouco abaixo do
aparelho e a mão freio passa por cima daquela. Este é o
procedimento que sempre adotei.
Neste procedimento
atual, a palma tem que ficar
para baixo (figura ao lado),
a mão guia bloqueia a corda
abaixo do freio, enquanto a
mão freio corre pela corda.
Observe os 04 movimentos na figura abaixo.
Neste procedimento a corda passa a maior parte
do tempo na posição de maior frenagem e a corda freio
está sempre bloqueada por alguma mão.
Caso não esteja familiarizado com o PLUS,
aconselho a praticar bastante, antes de dar segurança a
alguém, para que acidentes não ocorram.
Segurança acima de tudo! Boas escaladas a todos!
TÉCNICA
SSS versus PLUS Por Eny Hertz
Um dia destes, na Pracinha de Itacoatiara, observei
que alguns escaladores faziam procedimentos
diferentes do que eu faço ao dar segurança em top
rope. Resolvi pesquisar na internet.
A história da escalada precisou também ser
pesquisada. No início não haviam aparelhos de freio.
O escalador usava o próprio corpo para frear a corda
em caso de queda do parceiro. Ao dar segurança de
cima, a corda guia, ligada ao participante, deve estar
esticada e passar por trás do segurador (o que no Brasil
chamamos de Segurança
de Corpo ), esta outra mão
puxa a corda e freia quando
necessário. Para fazer a
frenagem mais eficiente,
as palmas das mãos devem
ficar para cima, o braço
freio deve estar esticado
em contato com a coxa,
para aumentar o atrito.
Para puxar a corda com
segurança, a instrução
dada é: unir as duas cordas na frente do corpo, a mão
guia segura ambas e a mão freio corre pela corda até
a altura desejada para então puxar a corda. Ou seja
a ponta da corda que precisa ser freada está sempre
sendo segurada.
Curiosidade: Em 1943, Pierre Allain propõe o
primeiro aparelho descensor e em 1968 surge o
aparelho descensor do tipo Oito.
Em torno de 1970, surgiu o aparelho de freio em
placa, o Sticht Belay Plate por Fritz Sticht, que passou
a ser usado dentro dos moldes da segurança de corpo.
Ou seja, palmas para cima, unir as cordas na frente,
segurar ambas e a mão freio corre pela corda. Este
procedimento é conhecido como Slip, Slap, Slid (SSS) ou
Classic Method. Quando surgiram os outros modelos de
aparelhos de freio, que atualmente estão bem populares
(ATC, Reverso, etc) muitos escaladores continuaram
com o mesmo procedimento SSS para as escaladas,
principalmente em top rope e alguns continuam até
hoje
4 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27
SEGURANÇA
Padronização dos procedimentos de escalada do CNM Por Eny Hertz
A Padronização dos procedimentos em atividades
oficiais de escaladas do Clube Niteroiense de
Montanhismo - CNM foi um processo desenvolvido
pela diretoria técnica do CNM nos últimos meses de
2014 e está sendo implementada com normas técnicas
pesquisadas e analisadas para a realidade do clube.
Esta padronização tem como objetivo definir
especificações técnicas que auxiliem na maximização
da segurança dos procedimentos que ocorrem ou
podem ocorrer numa escalada oficial do CNM.
Estaremos oferecendo oficinas para divulgarmos
esta padronização. Caso haja alguma dúvida entre em
contato com a diretoria técnica
Capacete: em todas as atividades de escalada em
parede assim que chegar à base. Fica a cargo do guia
usar em top rope e boulder.
Encordoamento: o guia só poderá sair da base após
todos estarem completamente equipados e depois de
todos conferirem todos; nó oito com sobra de pelo
menos um palmo (~ 20 cm), sem ou com arremate
(pode ser um simples ou o Yosemite tuck completo);
em top rope pode ser o nó oito nas duas alças ou a
azelha de oito com 02 mosquetões(gatilhos opostos)
no loop.
Solteira: nas duas alças ou no loop.
Aparelho do freio quando não estiver sendo usado:
no rack de trás ou no loop. Quando em uso, o aparelho
de freio deverá estar preso a um mosquetão de rosca e
este ao loop ou numa segunda solteira.
Ascensão com cordelete: Duas ligações com a
cadeirinha (podendo ser ambas no loop ou loop e nas
duas alças); Nó prussik (com três voltas) no blocante de
cima e opção livre no blocante de baixo (pode ser usado
um aparelho de freio auto blocante); de cinco em cinco
metros fazer uma alça com a corda que está abaixo,
para o caso de algo der errado com os cordeletes nem
a alça de corda criada pela ascensão se prenda a algum
grampo ou similar.
Top rope: Passar a corda por um mosquetão de
rosca (preferível automático) ou dois mosquetões com
gatilhos opostos; para que a corda não roce na rocha
colocar fita, com boca de lobo ou mosquetão de rosca
no grampo.
Segurança para o escalador: proposta: PLUS
(Pull, Lock, Under, Slide) sugestão de site http://
mesarim.com/waiver/safety_first/belay_certification_
checkpoints/
Backup durante o rapel: Acima com nó prussik
(três voltas), utilizando a própria solteira ou quando
o aparelho de freio estiver com uma solteira, ou seja
longe do loop, pode-se usar abaixo, com qualquer nó
ou aparelho blocante preso no loop. Evitar colocar na
perna.
União de cordas: para diâmetros diferentes, utilizar
o pescador duplo; para mesmo diâmetro, pode utilizar
o pescador duplo ou o nó da montanha, com pelo
menos um metro de ponta livre.
Rapelar um escalador de cada vez.
Pontas na corda no rapel: Nó de frade com três
voltas. Não fazer elo na primeira descida, com quem
abre o rapel. Pode-se fazer o elo para o segundo a
descer.
Sempre conferir o sistema antes de iniciar qualquer
procedimento. Sempre que possível proteger a corda de
quinas vivas com um pano (casaco, mochila).
OBS: O padrão deve ser conhecido e seguido pelos
guias do CNM.
Evitar alterar qualquer procedimento durante a
escalada. Treinar num local controlado.
O guia é responsável por qualquer mudança
proposta por ele, caso ache necessária.
O participante é responsável por qualquer mudança
que ache necessária.
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27 5
RELATO
Pedra do Frade e a Freira! Por Leandro do Carmo
Dias 17, 18 e 19 de Outubro de 2014
Participantes: Leandro do Carmo, Leonardo Carmo,
Denise do Carmo, Vinícius Araújo, Andréa Vivas,
Roberto Andrade, Michael Rogers, Beatriz, Mariana,
Alexandre Rockert e Bruna Novaes.
Dicas
Hospedagem e alimentação: Pousada Chalés do
Frade
Tempo de Viagem: Como tem muito trecho em obra
na BR 101, o tempo de viagem é de 6 a 7 horas e a
distância é de 400 km.
A Escalada: Não é uma escalada técnica, mas o
equipamento de segurança é indispensável; eu não
utilizei sapatilha, mas ela pode trazer uma pouco mais
de segurança nos pés em alguns lances; o lance final é
uma sequência de degraus de vergalhões fincados na
rocha, com mais ou menos 20 metros.
Relato
Não foi fácil encarar o sol forte para vencer os
quase 200 metros de subida até o cume da Pedra do
Frade... Mas estar lá foi fantástico!!! O espírito de equipe
prevaleceu e conseguimos vencer mais esse grande
desafio. Vamos ver desde o início como foi chegar ali.
Em uma viagem que fiz para Guarapari, vi aquela
impressionante formação rochosa. Na hora já bateu a
vontade de subi-la. Tinha certeza de que um dia estaria
lá em cima. Assim que cheguei em casa, fui pesquisar
para saber o nome e ter mais informações. Já que a
logística para chegar lá não era das mais fáceis, acabei
deixando como um projeto guardado.
Passado mais de um ano que conheci a pedra,
resolvi que essa seria a oportunidade. Antes de entrar
de férias, já tinha decidido que a subiria. Resolvi abrir
esse passeio para os amigos do Clube Niteroiense de
Montanhismo. Rapidamente foi aparecendo gente
interessada. E não demorou muito para que tivéssemos
formado um grupo de 14 pessoas.
Logística preparada, deixamos tudo certo durante
a semana para que nada pudesse dar errado. Como
eu estava de férias, resolvi sair na sexta de manhã,
enquanto o resto do pessoal foi indo durante o dia e
até a noite também. A viagem foi um pouco cansativa...
Rodar quase 400 km não é uma tarefa das mais
fáceis... Quando passei da entrada para Cachoeiro de
Itapemirim, já começava a ver o nosso destino e a sentir
o que iríamos encontrar pela frente.
Da BR 101 até a pousada, foram cerca de 4 km
de estrada de chão. Um subida, que para quem não
conhece, parecia que não chegaria a lugar nenhum.
Andávamos e nada... Nenhuma casa para pedirmos
informação... Mas sabia que estava no caminho certo...
E mais alguns minutos havíamos chegado no Chalé
do Frade. Fomos super bem recebidos pelo Henner e
pela Valquíria, donos da pousada. Nada melhor que
ser bem acolhido, principalmente num local onde não
conhecemos.
Havíamos entrado num lugar fantástico. Difícil
até de descrever... A vista para a Pedra do Frade era
impressionante a Freira ficava escondida, mas nem por
isso tirava o brilho do local. O som da natureza, aliado
à beleza do local, traziam uma sensação ímpar. Como
fui o primeiro a chegar, tratei logo de arrumar a casa e
organizar onde nos acomodaríamos. Fiz contato com o
Alexandre que chegou logo em seguida, junto com sua
esposa e filha.
Estávamos tão encantado com o local, que eu e o
6 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27
Alexandre não conseguimos esperar o dia seguinte,
já fomos até a pedra! Colhemos algumas informações
sobre a trilha de acesso e seguimos pela estrada de
chão. Foram uns 25 minutos de caminhada, mais uns
5 de trilha até que chegamos a uma laje de pedra, que
lembra oEscalavrado. A vista daquele ponto surpreendia.
Ainda não havíamos visto a Pedra da Freira, devido
a posição que estávamos na pousada, mas ali ela se
mostrava imponente, como se olhasse para o Frade.
Subimos mais um pouco pelo costão até que paramos e
ficamos apreciando a vista e batendo um papo.
Já com o sol se pondo, descemos de volta até a
pousada, onde tomamos um caldo verde para fechar
o dia. Faltavam ainda chegar dois carros, com oito
pessoas, que sairiam no final do dia. Como a noite
ficava mais difícil chegar ao local, fiquei acordado
passando algumas coordenados por telefone. Por volta
das 2 da madrugada, meu irmão chegou com a Mariana,
Beatriz e o Michael. O Vinícius, chegou somente às
4 h, com a Andréa, Bruna e o Roberto. Pronto agora
estávamos completos! Combinamos o horário de saída
do dia seguinte fomos descansar, afinal de contas,
merecíamos!
No sábado de manhã acordei cedo, apesar da
preguiça e já deixei tudo preparado. Aos poucos a galera
foi acordando e logo estávamos prontos para começar
a subida. Um grupo grande chegou e começou a se
preparar para a caminhada, o que nos fez seguir rápido,
pois não queríamos ficar esperando. Começamos a
caminhada e esperamos o resto do pessoal na laje de
pedra, bem antes da subida. Por nossa sorte o grande
grupo foi só até a base de pedra, não seguindo até ao
cume.
Com todo mundo reunido, nos equipamos ali
mesmo, apesar de nos primeiros lances não ser preciso
uso de equipamento, mas achamos melhor ficar na
sombra a ter que nos equipar de baixo do sol forte.
Começamos a subida e seguimos pelo costão até um
lance mais inclinado onde o Leonardo subiu e fixou uma
corda, assim, com um prussik, os outros participantes
subiriam mais rápido.
Passado esse ponto, ele subiu mais pouco e fixou
uma outra corda, agora com um lance um pouco mais
delicado, comparado com o que já havíamos passado.
Montamos um verdadeiro trabalho em equipe. Enquanto
um subia, já havia outro se preparando, assim não
perderíamos tempo, além de não ficarmos literalmente
fritando de baixo do sol.
Nesse ritmo de revezamento, chegamos abaixo
da cabeça, num local bem agradável e abrigado do
sol. Ali, dava para descansar e recarregar as baterias.
A pousada estava lá em baixo, parecia casinha de
bonecas. Optamos por subir por uns degraus fixados
na rocha, tipo o lance do elevador assim ganharíamos
tempo. Estávamos em um grupo de 9 pessoas e essa,
com certeza, foi a melhor escolha. Decidimos por fazer
segurança de cima para todos os participantes, assim
todos poderiam subir sem nenhum problema.
O primeiro a subir foi o Leonardo. Ele começou
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27 7
os primeiros degraus e foi costurando alguns para
melhorar segurança, afinal de contas não sabíamos o
estado deles. Alguns degraus estavam bem espaçados,
o que nos fez colocar algumas fitas para facilitar a
subida dos mais baixinhos. No cume, ele montou
a parada e começamos a subida. Aos poucos todos
subiram e eu fechei, retirando todo o equipamento
deixados nos degraus.
A vista dali era fantástica. O Frade é bem mais alto
que a Freira e de lá se tem uma vista perfeita da escalada
dessa outra pedra. Dali, dava para ver do litoral ao
interior. Um 360° de pura beleza. Cada um registrando
o momento a sua maneira. Posamos para uma foto e já
começamos os preparativos para a descida. Optamos
por montar um rapel no mesmo lado que subimos.
Fiquei por último novamente e liberei uma corda
para que já fosse montado o segundo rapel da descida.
Ali, no cume, sozinho, contemplei os últimos momentos
de completo silêncio... Que foram quebrados por um
“CORDA LIIIIIIVREEEEEEEE”. Desci e fui direto ao ponto
do segundo rapel. O Vinícius já tinha iniciado e alguns
utilizaram a corda somente para o equilíbrio.
Fixamos mais uma corda e novamente o trabalho
em equipe foi perfeito. Com um em cima orientando a
montagem, um no meio e um no final, já montando o
próximo. Nesse ritmo, rapidamente chegamos a base.
Com o calor que fazia, só pensávamos na piscina da
pousada. Talvez isso nos tenha feito descer a trilha em
tempo recorde!!!!
Quando chegamos, foi só o tempo de jogar a
mochila para o lado e dar um mergulho. Afinal de
contas, não é todo o dia que se escala e se tem uma
piscina no final!!! Mas nem tudo é perfeito!!! Algumas
coisas são mais que perfeitas!!! 20 minutos depois, um
excelente almoço já nos esperava. Com galinha da roça,
polenta com milho da fazenda, feijão colhido no local
e muitas outras delícias foram servidas... Sem contar
o doce de banana com creme de leite... Foi comer e
dar um grande descanso, afinal de contas ninguém é
de ferro!!!!
Ao final da tarde, resolvemos volta lá em cima, até
um platô, para contemplar o pôr do sol e esperar a noite
chegar. Por um instante só ouvíamos o som da natureza.
Nem carro, nem música, nada que atrapalhasse aquele
momento. Havia levado fogareiro e como a Mariana
nunca havia tomado um café na montanha, fiz esse
grande esforço. Preparei um quentinho e ficamos ali
rindo e contado histórias num começar de noite super
agradável.
Descemos e para fechar a noite: panquecas,
caldo verde e vinho, esse último levado pelo Vinícius.
Combinamos de acordar cedo no dia seguinte e dar
uma explorada numa via que tem ali perto, assim daria
para aproveitar alguma coisa antes de ir embora.
No domingo, acordamos e depois do excelente café
da manhã, seguimos para a base da via. O Leonardo e a
Bruna, resolveram voltar no cume do Frade junto com a
Mariana e a Beatriz, pois elas ainda não haviam subido.
Na base da via, nos equipamos e nossa ideia era montar
um top rope e ficar dando uns treinos, mas via era
muito mais forte do que pensávamos. Comecei guiando
e a saída já foi sinistra. Até chegar a uma grande laca,
meio oca, foi preciso artificializar o lance. Mas dali para
cima, deu para passar em livre.
Após o bonito lance em oposição nessa laca, dei
uma parada para procurar os próximos grampos. Passei
por um buraco e quando pisei em algumas folhas secas,
saiu uma lacraia, de quase um palmo. Foi subindo a
pedra na minha direção e só deu temo de torcer para
ela não chegar até onde estava minha mão, por sorte,
ela caiu novamente no buraco e se escondeu! Se a
adrenalina estava forte... Agora então...
Segui mais acima num lance bem delicado e
devido ao calor, resolvi montar o top rope ali e desci
para que outros tentassem. Cada um fez o lance uma
vez e o Michael fechou e recolheu costuras e fitas.
Dali seguimos até a toca da Onça para explorarmos
um possível caminho até a base da via de escalada da
Freira. Mas essa ficaria para uma próxima...
Voltamos de nosso passeio e caímos direto na
piscina. Comemos a excelente comida da pousada
e descansamos até o final da tarde, quando nos
arrumamos e seguimos viagem de volta...
Mais uma vez, missão cumprida!!!!
8 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27
SAÚDE
Abelhas e Vespas Por Leandro do Carmo
Recentemente, tivemos o trágico acidente do Davi
Marski, causado por ataque de abelhas, enquanto
escalada a Pedra do Pântano, em Andradas, sul de
Minas Gerais. Diante do caso, resolvemos colocar esse
artigo, retirado do site www.mdsaude.com.
Ser picado por uma abelha, vespa ou marimbondo é
um evento muito doloroso e assustador, mas na maioria
dos casos não provoca complicações mais graves.
A picada da abelha é incômoda e dolorosa, mas não
evolui além disso. A exceção ocorre nos pacientes que
são alérgicos ao veneno das Hymenoptera, ordem que
engloba as famílias das abelhas e vespas.
BIOLOGIA DAS ABELHAS E VESPAS
Antes de falarmos das picadas das abelhas, vale
a pena uma rápida revisão da biologia das abelhas e
vespas. Esta parte está bem resumida e simplificada,
não se assuste.
A ordem Hymenoptera é um dos maiores grupos
dentre os insetos, englobando as diversas famílias de
abelhas, vespas e formigas. Só para se ter uma ideia,
existem mais de 10 mil espécies de abelhas e mais de
25 mil espécies de vespas. Por exemplo, a mamangava
é uma espécie de abelha grande, que possui corpo
escurecido e parecido com um besouro. Já marimbondo
é o nome dado às espécies maiores de vespas,
geralmente com o corpo de cor mais escurecida.
Obviamente, não vamos perder tempo discutindo
as diferenças biológicas e geográficas de cada uma das
espécies da ordem Hymenoptera, pois isso é irrelevante
para o objetivo deste artigo.
A maioria das espécies de abelhas e vespas são
animais dóceis que não costumam ferroar o ser
humano, a não ser que se sintam atacadas. Ter uma
abelha ao seu redor não representa perigo, a não ser
que você tente acertá-la ou a esmague acidentalmente
contra a sua pele. As abelhas não costumam atacar
sem motivo. Em geral, abelhas e vespas longes de suas
colmeias não apresentam comportamento agressivo e
oferecem pouco perigo aos seres humanos. E mesmo
próximo a suas colmeias, a maioria das abelhas não é
agressiva.
Há, entretanto, exceções. Algumas poucas espécies,
como as abelhas africanas, são muito sensíveis e
podem atacar o ser humano, caso elas sintam que a
sua presença põe em risco a sua colmeia. Barulhos e
movimentos bruscos podem irritá-las e causar ataques
de várias abelhas ao mesmo tempo.
Na prática, a maioria das picadas de abelhas ou
vespas ocorre de forma isolada por um único inseto,
geralmente uma abelha trabalhadora que se encontra
afastada de sua colônia. A picada ocorre quando o
inseto insere na pele o seu ferrão como forma de defesa
ao se sentir atacado.
As vespas e abelhas que picam são sempre as
fêmeas, pois os machos não possuem ferrão. Existem
dois padrões de utilização do ferrão: algumas espécies,
como as abelhas comuns, sofrem auto-amputação,
ou seja, quando atacam, perdem o ferrão e parte das
estruturas abdominais, o que as leva à morte. Há
espécies, porém, que não sofrem auto-amputação e
podem ferroar uma mesma vítima mais de uma vez. A
quantidade de veneno injetada costuma ser maior nas
espécies que perdem o ferrão.
SINTOMAS DA PICADA DE ABELHA E VESPAS
Após a ferroada, o paciente sente uma intensa dor
e uma pequena inflamação da região afetada. O local
ferroado fica avermelhando e inchado. A lesão costuma
ter entre 1,0 e 5,0 cm de diâmetro e desaparece após
algumas horas. Na maioria dos casos, a dor e o inchaço
desaparecem em no máximo um ou dois dias.
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27 9
Em 10% dos casos o paciente desenvolve uma
reação maior às picadas, com intensa dor e inchaços
que podem chegar a 10 cm de diâmetro e demoram
até 10 dias para desaparecer. Este tipo de reação não
significa que o paciente tenha alergia ao veneno das
abelhas.
As picadas isoladas não costumam causar maiores
problemas na maioria dos casos. Porém, nos casos de
múltiplas picadas por várias abelhas ao mesmo tempo,
a quantidade de veneno injetada pode ser grande,
levando a sintomas como diarreia, vômitos, dor de
cabeça, febre, prostração e confusão mental.
Para haver risco de morte, são, habitualmente,
necessárias centenas de ferroadas para que haja
inoculação de quantidades letais de veneno. Nestes
casos, complicações pela ação do veneno podem surgir,
como hemólise (destruição das células do sangue),
arritmias cardíacas, insuficiência renal e rabdomiólise
(destruição das células dos músculos).
ALERGIA À PICADA DE ABELHA
O grande perigo das picadas de abelhas e vespas
é a reação alérgica, chamada anafilaxia ou choque
anafilático (leia: CHOQUE ANAFILÁTICO | Causas e
sintomas). A anafilaxia pode ocorrer após uma única
picada de abelha. Cerca de 3% da população é alérgica
ao veneno da abelhas e podem desenvolver reações
anafiláticas após ferroadas.
Os sinais de reação alérgica grave à picada de
abelhas ou vespas surgem rapidamente após a ferroada,
geralmente em apenas 5 minutos. Os sintomas
de reação alérgica são: urticárias (leia:URTICÁRIA |
Sintomas e tratamento), angioedema (inchaço dos lábios
e olhos), hipotensão, vômitos, rouquidão, dificuldade
respiratória, desorientação e perda da consciência.
A anafilaxia geralmente surge após uma segunda
picada de abelha em pessoas que desenvolveram
reações alérgicas quando picados pela primeira vez.
Porém, o choque anafilático pode surgir mesmo em
quem nunca havia sido picado por abelhas antes.
Se você foi picado por abelha ou vespa e desenvolveu
sintomas que foram além de um simples inchaço local,
principalmente se tiver tido urticária angioedema ou
crises de asma, procure um médico imunoalergista
para investigar a possibilidade de você ser alérgico à
picada de abelha. O risco de reação anafilática em uma
segunda picada é muito alto.
O QUE FAZER QUANDO SE É PICADO POR UMA
ABELHA
No casos das abelhas e vespas que sofrem auto-
amputação, a primeiro ato do paciente deve ser a
retirada imediata do ferrão da pele, pois ele permanece
injetando veneno ainda por 1 ou 2 minutos. Alguns
autores atestam que deve-se ter cuidado para não
espremer a pequena bolsa que vem junto ao ferrão,
pois é ela que contém o veneno. O ferrão pode ser
retirado raspando as unhas na pele ou qualquer objeto
rígido, como uma faca ou cartão de crédito.
Há estudos, porém, que dizem que a forma de
retirada do ferrão pouco influencia na instilação do
veneno, pois a contração da bolsa não aumenta o
volume a ser injetado, já que este é feito por mecanismo
de válvula. Portanto, se você não conseguir retirá-lo
imediatamente raspando-o, o ferrão deve ser removido
de qualquer maneira, pois o tempo em que ele fica
encravado na pele é muito mais danoso em termos de
volume de veneno injetado do que a forma como ele é
retirado.
Mesmo que você não consiga remover o ferrão
imediatamente, a tempo de impedir a entrada de todo o
veneno, o mesmo deve ser retirado assim que possível,
pois a sua simples presença pode causar reação
inflamatória da pele.
Uma vez removido o ferrão, o tratamento da picada
de abelha é simples. Lave a pele com água e sabão
e aplique compressas frias ou gelo local. Se a dor
estiver incomodando, um analgésico simples pode ser
utilizado. Se houver intensa coceira, um anti-histamínico
ajuda a aliviá-la. Não é preciso passar pomadas nem
outras substâncias, como pasta de dente, borra de café,
manteiga, etc. Nada disso melhora e ainda pode causar
infecção da ferida. A dor e o inchaço da picada somem
espontaneamente após algumas horas.
10 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27
Nos casos de reação local mais intensa, pomadas à
base de corticoides e/ou corticoides por via oral, como
prednisona, podem ser prescritos para aliviar o inchaço
(leia: PREDNISONA E CORTICOIDES | efeitos colaterais).
Anti-inflamatórios e anti-histamínicos também são
úteis. Se a lesão da picada estiver piorando ao longo
dos primeiros um ou dois dias, procure ajuda médica.
Nos casos de reação alérgica, caracterizadas
principalmente pelo aparecimento de urticária ou
angioedema, o paciente deve ser levado o mais
rapidamente possível a um serviço de emergência. Nos
caso de anafilaxia, o tratamento é feito com injeção
intramuscular de adrenalina.
FONTE: http://www.mdsaude.com/2013/10/
picada-de-abelha.html
AMBIENTE
Projeto CNMeio Ambiente Por Leandro do Carmo
Em 2015, daremos início ao projeto CNMeio
Ambiente. É um projeto que tem a finalidade de
“adotarmos” algumas trilhas de Niterói e assim
podermos colaborar com a preservação do entorno,
bem como a sinalização, acesso, entre outras ações.
Para iniciarmos os trabalhos, o local escolhido
pela Diretoria de Meio Ambiente do clube foi a região
da enseada do Bananal. O maior problema do local é a
presença do capim colonião. Faremos o manejo desse
capim e espécies exóticas, substituindo-os por árvores
nativas.
Quem tiver interesse em participar, dar sugestões,
ter mais informações, etc., escrever para: ambiente@
niteroiense.org.br
O projeto tem coordenação de: Leandro do Carmo,
Stephanie Maia e Alexandre Rockert. A administração
do PESET tem nos apoiado e nos emprestará, nesse
primeiro momento, o material necessário para
iniciarmos os trabalhos.
O sucesso do projeto, depende de você!
Segue abaixo a foto de satélite com a área de
atuação.
Área a reflorestar Aprox. 1.400,00m²
Perímetro: 150,00m
FOTOS DE ATIVIDADES
MORRO DAS ANDORINHAS
PAREDÃO UMA MÃO LAVA A OUTRA
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27 11
ESPAÇO PESET
GT Montanhismo Por Leandro do Carmo
No dia 15/11/2014,
foi realizada na sub
sede do PESET, a
segunda reunião do GT
Montanhismo. Estiveram
presentes o Fernando
Matias, administrador
do Parque, Leandro
do Carmo, Ary Carlos,
Alexandre Rockert, Stephanie Maia, Cauê Bomfim Zago,
Marcelo Miranda e Alan Pinheiro. Não tivemos muito
quórum, mas já encaminhamos alguns assuntos que
servirão de base para o próximo encontro. São eles:
1- Criação de um grupo de e-mails para
comunicação oficial do GT Montanhismo;
2- Que as informações geradas pelo GT
Montanhismo, como atas, atualizações, agenda de
reuniões, entre outras, deverão ficar disponíveis de
forma mais clara e aberta a maior quantidade de
usuários possíveis;
3- A atualização do plano de setorização ficará
disponível para consulta, por um período de até 30
dias, para que seja avaliada e se houver alguma inclusão
ou correção, deverá ser informada até o prazo definido;
4- Encaminhar e-mails “advertência” aos
escaladores que fizeram manutenção da via Face
Sudoeste do Alto Mourão com grampos de titânio,
utilizando processo de cola, informando sobre a
existência das regras;
5- Disponibilização de uma lista com contato
de montanhistas voluntários para auxiliar equipes de
resgate em casos de acidentes;
6- Que o highline seguirá as mesmas regras
da setorização e qualquer dúvida o GT deverá ser
consultado.
Conselho Consultivo Por Eny Hertz
A Reunião Ordinária do Conselho Consultivo do
PESET ocorreu dia: 28/11/2014 e mutos assuntos
foram abordados dentre eles:
- O plano de Manejo será apresentado ao INEA
no dia 15 de dezembro, no MAI, este foi feito com a
participação da sociedade organizada;
- 22% do PESET é ZONA DE PROTEÇÃO, geralmente
somente para pesquisa;
- 78% do PESET é Zona de Conservação, que tem
um gradiente de uso, podendo ter área mais restritas
ao público;
- Zona de amortecimento 7,6 ha, sem áreas urbanas;
- 12 áreas de visitação => 10%, já consolidadas e 41
áreas de recuperação => 3,47% espalhadas pelo PESET,
algumas delas serão ligadas a medidas compensatórias;
- 06 áreas de históricos foram escolhidos a partir
de documentos analisados pela UFF e instituições
similares;
- Cantagalo e Colibris foram incluídas, respeitando
os caminhos para as vias de escaladas;
- Propôs-se a criação de um GT Pavimentação,
colocando-se a necessidade da prefeitura estar
presente, já que a RO tem zona de amortecimento, o GT
estudará propostas nacionais e internacionais para uma
pavimentação permeabilizante;
- O Parque e o 12º Batalhão, alertaram que a
segurança na área do Engenho do mato , principalmente
perto da rua 42 e a trilha para o Cantagalo está com
problemas de falta de segurança, ligada ao trafico de
drogas, propôs-se a criação de um GT Segurança;
- O departamento de uso público voltará a existir,
o INEA está na fase de licitação, o Parque terá 02
funcionários neste departamento.
- O CNM continua apto a permanecer no Conselho.
12 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27
ARTIGO
Refflexões sobre as concessões em parques Por André Ilha - Retirado na íntegra do site http://www.oeco.org.br/
Em face do crescente empobrecimento da
diversidade biológica planetária em uma escala
catastrófica, decorrente das atividades humanas,
ninguém questiona seriamente que uma das
principais estratégias para mitigar este quadro seja o
estabelecimento de Unidades de Conservação (UC), que
no Brasil estão distribuídas em 12 categorias divididas
em dois grandes grupos, as de proteção integral e as
de uso sustentável. Levando em consideração apenas
o quesito preservação da biodiversidade, as UCs de
proteção integral de domínio público, como os parques,
as reservas biológicas e as estações ecológicas (ou
os monumentos naturais e refúgios de vida silvestre
quando instituídos em terras públicas), podem ser
consideradas como as mais eficientes, pois elas não
partilham este objetivo com o uso direto dos recursos
naturais, como as UCs de uso sustentável.
A criação de tais áreas é sempre difícil, pois frustra
planos para o seu aproveitamento direto pelos mais
variados agentes privados e públicos. Mas, vencida
esta fase crucial, é necessário então “tirá-las do papel”,
ou seja, pagar indenizações por desapropriações;
construir estruturas administrativas e de uso público;
contratar servidores e terceirizados; elaborar e
implantar programas de manejo, proteção, conservação
e educação ambiental; adquirir veículos, equipamentos
e utensílios; e pagar despesas correntes como luz,
telefonia, internet e combustível.
Tudo isto custa dinheiro, muito dinheiro, e seria
ingenuidade acreditar que os governos farão destaques
orçamentários suficientes para cobri-las integralmente,
ou que liberarão o correspondente financeiro destinado
a esta rubrica. “Afinal”, diz o governante típico, “com
os hospitais à míngua, salas de aula precisando ser
construídas, crianças andrajosas vagando pelas ruas
e os índices de criminalidade urbana em alta, como
destinar recursos públicos para salvar da extinção uma
bromélia ou um sapo?”
Devemos continuar a pressionar para que os
governos assumam o seu dever, mas devemos ao
mesmo tempo buscar uma independência financeira tão
grande quanto possível dos orçamentos públicos para
o SNUC, blindando-o ao máximo contra as vicissitudes
da política e da economia. Há diversas possíveis fontes
de financiamento, mas vamos nos deter aqui em uma
que tem estado bastante em evidência nos últimos
tempos, apresentada por alguns como a panaceia para
o problema crônico da falta de recursos públicos para
os parques e reservas, e vista por outros como mais
um exemplo da observação feita pelo historiador
Warren Dean em A Ferro e Fogo, sua magistral obra
sobre o processo da destruição da mata atlântica
brasileira: “A troca do patrimônio estatal pelo ganho
de curto prazo dos interesses privados é uma tema
constantemente repetido na história brasileira, tão
habilidosa e diversificadamente adotada e tão inerente
que se mostrava como a razão mesma da existência do
Estado”.
Refiro-me às concessões de serviços, em todas as
suas formas, deixando claro que o presente artigo não
tem a pretensão de ser mais do que um livre pensar
sobre o tema, em parte baseado na minha experiência
de pouco mais de nove anos à frente das Unidades de
Conservação estaduais do Rio de Janeiro.
O que precisa ser pago
Antes de mais nada, precisamos dividir as despesas
relacionadas às Unidades de Conservação, grosso
modo, em despesas de implantação (investimento) e
despesas de manutenção (custeio).
. O Parque Nacional do Iguaçu/PR tem uma estrutura de recepção aos turistas exemplar, concedido à iniciativa privada. No entanto, é exemplo de concessão de área, e não apenas dos serviços, o que gera restrições para praticantes de esportes de aventura. Foto: André Ilha
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27 13
Para investimentos, a compensação ambiental
tem proporcionado recursos significativos, capazes
de financiar um programa paulatino e responsável
de atendimento destas necessidades. Outras fontes
de recursos podem complementá-la, como projetos
nacionais e internacionais de grande envergadura de
proteção às florestas tropicais. Portanto, com empenho,
criatividade e obstinação, há espaço para grandes
avanços neste sentido.
O problema crucial é como fazer isto tudo funcionar
no dia a dia. Grandes programas de apoio às UCs
nunca contemplam salários e custeio, o que é irreal. O
argumento é sempre que isto compete ao governo que
instituiu a UC, o que, em tese, está correto. Mas e se o
governo não cumprir a sua parte? Portanto, considero,
em princípio, que o grande desafio de um programa de
concessão de serviços em Unidades de Conservação é
garantir o funcionamento diário delas, com a agilidade
e eficiência possíveis, indefinidamente.
Dos princípios
Já vimos para que a receita proveniente de
concessões em parques e outras UCs deveria ser
prioritariamente dirigida. Agora, o ponto crítico a ser
pensado é o que deve ser concessionado à iniciativa
privada, e aí o debate torna-se mais complexo. Para
auxiliar o raciocínio nesse sentido, listo abaixo
quatro princípios que devem, em minha opinião,
ser observados por um programa de concessões em
qualquer modalidade, visando ao justo equilíbrio entre
os interesses públicos e privados, bem como entre
interesses privados conflitantes.
I. Do livre acesso dos cidadãos aos atrativos
naturais
A categoria “parque” tem seus objetivos básicos
divididos entre a preservação da biodiversidade e dos
ecossistemas e a visitação pública responsável. Essa
finalidade dual dos parques é o que os torna tão atraentes
e procurados pela população. Consequentemente, é
também o que os converte no alvo prioritário quando
se pensa em concessão de serviços em áreas naturais
protegidas. Como não é atribuição inerente ao poder
público gerenciar nenhuma destas atividades, decorre
que tê-las planejadas, implantadas e operadas por
agentes privados com tradição em cada segmento
garante produtos e serviços de elevado padrão de
qualidade aos usuários que desejem contratá-los
e desonera o órgão gestor da UC desta obrigação,
permitindo que concentre seus esforços nas atividades
típicas de estado, indelegáveis.
Mas, vejam: falamos aqui em concessões de
serviços, e não em concessões de áreas (ou de UC
inteiras, para este fim). Para alguns, tal diferença
pode parecer sutil; para outros, como veremos, ela é
crucial, e pode arruinar a experiência da visitação, o que
conspira contra a excelência pretendida ao menos para
determinados segmentos de usuários.
Existe um grande número de motivações que
podem levar uma pessoa a visitar um parque, e uma
política de uso público só poderá ser considerada
como bem-sucedida se levar este fato em consideração
e estabelecer estratégias diferenciadas para atender
às expectativas de todos os possíveis segmentos
de usuários: moradores do entorno, esportistas de
aventura, turistas de aventura, turistas convencionais,
religiosos, artistas, estudantes. Turistas convencionais
têm sua visitação quase que inteiramente atrelada à
aquisição de pacotes, para otimizar o pouco tempo
disponível e minimizar as incertezas associadas ao
conhecimento de um novo atrativo. Esportistas de
aventura, no outro extremo, desejam precisamente o
oposto, ou seja, explorar os ambientes naturais em
seus próprios termos, tão inalterados quanto possível e
sem o concurso de terceiros para este fim.
A única forma de que os serviços em um parque
qualquer contemplem todos os segmentos de
visitantes sem ferir a liberdade individual ou mesmo
. Parque Estadual da Lagoa do Açu/RJ. Exemplo de parque com amplas pos-sibilidades de concessão de serviços de apoio à visitação (botes, caiaques, observação de pássaros) no seu espetacular arquipélago lacustre. Foto: André Ilha
14 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27
descaracterizar o próprio sentido da visitação para
alguns deles, é oferecê-los em caráter opcional, para
livre contratação pelos interessados. Decorre que se a
área é que for concedida, e não os serviços em uma
área de livre acesso às pessoas (com ou sem pagamento
de ingresso, que não se confunde com o preço por um
bem ou serviço), este ideal estará irremediavelmente
comprometido.
A concessão de áreas, em vez de os serviços
disponibilizados nestas áreas, além disso, dá azo
desnecessariamente aos temores daqueles combatem
a privatização do patrimônio público em favor de
particulares, sem que com isso se ganhe mais eficiência
na prestação desses serviços (interesse do poder
público concedente), ou se sacrifique significativamente
a margem de lucro pretendida (interesse do
concessionário). A grande maioria dos visitantes dos
parques quer mesmo é contratar todos os serviços que
puder durante sua estadia, e mesmo os esportistas
de aventura mais hardcore querem ter onde fazer um
lanche e celebrar com uma cervejinha o sucesso de sua
aventura!
II. Da livre contratação dos serviços oferecidos
O pagamento de ingresso em um parque ampara-
se no princípio jurídico do usuário-pagador, ou seja,
que haja uma contrapartida pelo direito de uso de um
recurso natural – neste caso, com vistas à preservação
do próprio recurso visitado. É razoável, no entanto, que
a cobrança de ingresso seja incluída no rol de receitas
do concessionário, em troca da manutenção total ou
parcial da unidade. Mas, consoante o princípio de que
a contratação de serviços deva ser sempre opcional, o
ingresso deve significar apenas o direito de acesso ao
parque, sem nele estar embutido o custo de serviços
que podem não ser desejados, pagando o visitante
apenas pelo que efetivamente consumir.
As empresas privadas já demonstraram que
possuem grande criatividade na concepção de
produtos e serviços de grande apelo para os visitantes,
portanto prescindem deste artifício tão antipático.
Mais do que antipática, contudo, é a obrigatoriedade
que foi instituída em alguns parques da contratação
compulsória de condutores de visitantes, assunto
já tratado em outro artigo e que, por isso, não será
aprofundado aqui, embora se constitua em uma
concessão disfarçada.
III. Da gestão pública das UC públicas
A Lei 9.985/00 prevê a possibilidade de gestão
compartilhada de uma Unidade de Conservação com
uma organização da sociedade civil de interesse público
(OSCIP), e há também atos de criação de parques que
preveem a gestão compartilhada preferencial com
as prefeituras dos municípios onde eles se situam.
Uma empresa que tenha como contrapartida de sua
concessão a manutenção total ou parcial da UC está, na
prática, gerindo certos aspectos seus.
Mas a responsabilidade pela gestão de uma UC
pública será sempre pública, uma vez que algumas
atribuições são indelegáveis por serem atividades
típicas de estado, como a repressão a delitos penais e
. Museu Von Martius, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos/RJ, unidade fed-eral que conta com diversos servidos concedidos, porém mantém a desejável liberdade de acesso a todos os visitantes, que contratam apenas o que lhes convier. Foto: André Ilha
. A repressão ao crime é tarefa de competência das polícias e não pode ser del-egada. Na foto, policiais da Unidade de Polícia Ambiental (UPAm) do Parque Estadual da Pedra Branca/RJ. Foto: André Ilha
. Eficiente serviço de rafting concedido no Parque Nacional do Iguaçu/PR. Foto: André Ilha
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27 15
a fiscalização de infrações às normas e regulamentos,
que devem estar a cargo de guarda-parques. Portanto,
se aspectos tão fundamentais não podem, ou não
devem, estar sob a responsabilidade de um particular,
então não há que se falar em privatização de gestão de
unidades de conservação – ainda que certos aspectos
possam sê-lo, mediante convênio ou contratação.
Concessões de serviços em UCs visam precisamente
atribuir à iniciativa privada a gestão daquilo em que ela
pode de fato exceder o setor público.
As parcerias público-privadas (PPP) são uma
modalidade de concessão que aprofunda esta
relação. Embora possam ser, em tese, uma alternativa
interessante sob certas circunstâncias, apresentam
o sério inconveniente de, pela sua própria natureza,
ensejarem prazos muito longos de concessão,
dificultando uma renovação mais rápida caso o modelo
se prove inadequado ou a parceria apresente problemas
recorrentes. As PPPs são mais interessantes quando
o poder público não pode ou não quer arcar com
despesas mais pesadas de investimento, mas não poder
raramente é o caso. Com efeito, a única experiência
do gênero em curso no país envolvendo UC é a da
Rota Lund, em Minas Gerais, mas esta PPP, em vez de
atender a uma situação específica, parece mais integrar
um programa amplo de utilização deste instrumento
em diversos setores da administração daquele estado
– portanto uma escolha talvez mais ideológica do que
motivada por necessidade real.
IV. Da diversidade de fontes de financiamento
“Não se colocam todos os ovos no mesmo cesto”.
A antiga sabedoria popular nos relembra que não é
prudente depositarmos todas as nossas fichas em
uma única aposta, e o financiamento das despesas
correntes das Unidades de Conservação não é exceção.
É de todo interessante, por segurança, que a receita
proveniente de concessões não seja a única, mas,
sim, componha uma cesta de fontes de financiamento
com esta finalidade. Assim, numa crise, outras fontes
podem garantir as suas necessidades mais básicas,
suspendendo-se apenas o que não for absolutamente
essencial.
Não se imagina que haja controvérsia quanto
a este princípio, e possíveis candidatos a este
provimento suplementar de recursos para custeio
são os fundos fiduciários específicos; a cobrança por
serviços ecossistêmicos (inclusive passivos ambientais
continuados em UC, como oleodutos, linhas de
transmissão, antenas de telefonia celular etc.); e
convênios com prefeituras municipais.
Em resumo
As concessões de serviços em parques ainda estão
engatinhando no Brasil. O ICMBio saiu na frente, mas o
número pequeno de contratos de concessão hoje em
vigor bem demonstra as dificuldades enfrentadas, pois
há que se conciliar os interesses do órgão gestor da
UC (qualidade dos serviços prestados aos visitantes,
fluxo de recursos mais ou menos regular para o custeio
da unidade, mínimo impacto ambiental decorrente
da visitação etc.) com aqueles do operador privado
(adequada margem de retorno do investimento,
segurança jurídica, contratos que especifiquem o que
não pode ser feito em vez do que pode, para estimular
a criatividade etc.).
Com base na experiência já adquirida e no
extraordinário potencial para visitação pública
existente nas áreas protegidas brasileiras, e observadas
as preocupações acima elencadas, vislumbra-se aí um
campo fértil para negócios que elevem a geração de
renda e empregos vinculados às nossas UC a novas
ordens de grandeza. E, ao mesmo tempo, assegurem
meios para a sua manutenção desvinculados das
incertezas próprias dos orçamentos públicos, além de
elevarem o nível de percepção de sua importância junto
à opinião pública e, em consequência, arregimentarem
mais defensores de sua própria existência.
. Eficiente serviço de rafting concedido no Parque Nacional do Iguaçu/PR. Foto: André Ilha
16 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27
RELATÓRIOS
Diretoria Técnica - 2014 Por Eny Hertz
Montanhistas, chegou a hora de rever o que o
departamento técnico fez em 2014!
Com base em vários modelos, terminamos do
Termo de Assunção de Risco do CNM. Vários associados
já assinaram.
Depois de várias pesquisas em livros sites,
várias mensagens trocadas entre a diretoria técnica e
colaboradores terminamos a atualização do Quadro
de Etapas dos Guias do CNM, a Revisão do manual
do CBE do CNM e terminamos a padronização dos
procedimentos em atividades de escalada do CNM.
Temos feito oficinas para a apresentação desses
procedimentos padronizados.
Depois de uns 14 meses conseguimos reunirmos o
GT Montanhismo do PESET, formado por representantes
do parque, do CNM e escaladores sem vínculo com
qualquer clube para atualizarmos os setores de
escalada do PESET.
Através de Ian Will fechamos uma parceria com
o NEPUr, facilitando a capacitação dos associados do
CNM.
Participamos da ATM na URCA, além das escaladas,
oferecemos duas oficinas para o público não
montanhista. Alguns associados participaram da oficina
de auto resgate da FEMERJ/AGUIPERJ.
Vários grupos do CNM participaram de diversas
caminhadas na ATM do PARNASO, além de termos
ficado para a festa à noite, com direito a música ao vivo.
Oferecemos dois CBEs, com 8 alunos. Fizemos
novamente parceira com Ian Will.
Capacitamos 25 associados em diversas oficinas:
Nós básicos de escalada; Metereologia; Dinâmica
teórica com acidentado em trilha; Dois Cursos Básicos
de Emergência Pré Hospitalar para Montanhistas -
parceira com Ian Will (NEPUr); e dois Treinamento de
Auto Resgate - parceira com Ian Will (NEPUr).
Com parceria com o PitBull e PESET, organizamos
uma Invasão ao Morro do Tucum (caminhada e escalada)
Terminamos a fase de regrampeação da Via Paredão
Jardim, as novas fases iniciarão em 2015.
Continuamos a participação no Conselho Consultivo
do PESET, na Câmara Técnica e no GT Montanhismo do
PESET.
Leandro do Carmo continuou a se voluntariar em
nome do CNM, para ajudar a associada Stephanie Maia
em sua pesquisa para o Mestrado da UERJ.
Percebemos que foram muitos feitos importantes,
todos estamos de parabéns pela dedicação ao clube!
FIQUE DE OLHO
Classifcação de Trilhas Por Leandro do Carmo
Já faz 61 anos que não é feita uma reavaliação da
classificação das trilhas usada no Brasil, diferentemente
da evolução da classificação / graduação das escaladas.
Foi, assim, identificada uma lacuna no esporte e a
necessidade de se debater uma nova classificação
adequada à realidade dos dias atuais.
Para resolver essa questão a FEMERJ, com o apoio
dos clubes, criou um grupo de trabalho que teve o
objetivo de rever e atualizar essa classificação de forma
que ela represente com clareza, de forma objetiva e
simples as trilhas que possuímos.
Para finalizar o trabalho desse GT, convocamos
a todos a participar de uma reunião aberta onde será
apresentado e validada a nova classificação.
Baixe o documento que será debatido: classificacao-
trilhas-v3.0.pdf
Data: 10/01/2015
Horário: 9h
Local: Parque Lage (Parque Nacional da Tijuca) - R.
Jardim Botânico, 414 - Jardim Botânico.
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27 17
OLHA QUEM ESTÁ CHEGANDO
Novos sócios, sejam bem vindos!
Nome: Adriana de Jesus Simões
Profissão: Empresária
Por que o CNM? Porque me foi apresentado um trabalho sério
e pessoas do bem
Nome: Maria Eugênia Ribeiro Sena
Profissão: Professora – UNIRIO/CCBS/IBIO-LAQAM
Formação: Eng. Química, Dra. em Ciências e
Tecnologia de Polímeros/Membranas
Por que o CNM? Contato com a natureza me acalma,
mas em companhia e com segurança, bem sem RISCOS
(SIC, não contava com abelhas, lacraias, escorpiões, etc.)
Mensagem: A natureza agradece sua visita! Curta,
cuide e colabore para o divulgar o quanto ela tem para nos
oferecer! Feliz Natal e 2015 com muita paz e harmonia
entre todos os humanos e seres vivos! Deus os protejam
nestas caminhadas e aventuras
Nome: Antônio Alves de Melo
Profissão: Estagiário
Por que o CNM? Porque busco aventura, adrenalina, além de
equilíbrio físico, mental e emocional!
Mensagem: Desistir não é opção, dias melhores virão...
18 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27
Caros montanhistas,
Em 18 de novembro passado tive uma experiência
terrível ao presenciar a morte na montanha do amigo
Davi e escapar ileso por milagre. Essa experiência
sublinhou minha entrada em nova fase da vida, meus
filhos se casaram recentemente, em 2015 vou ser avô e
devo enfrentar desafios inéditos no meu trabalho como
engenheiro.
Fiquei uma semana no hospital e mais alguns dias
em casa refletindo sobre a vida, os amigos, a família,
o trabalho, o montanhismo brasileiro e cheguei à
conclusão de que não devo mais continuar à frente da
CBME e da FEMESP. O motivo principal dessa decisão é a
perda quase que total da motivação que foi fundamental
para minha atuação ao longo de todos esses anos.
Tenho certeza de que a falta dessa motivação será
muito prejudicial para as instituições. Já percebi que
tenho sido resistente a algumas iniciativas e tenho
receio de impor bloqueios sem me dar conta disso.
Além disso, já se vão 10 anos à frente da CBME,
12 à frente da FEMESP e 14 anos de atuação nesse
movimento. Certamente é hora de criar espaço para
outras pessoas mais jovens e mais motivadas, nem que
isso pareça um pouco difícil à primeira vista.
Assim comunico que estou me afastando da
presidência da CBME e da FEMESP. Não haverá
descontinuidade no trabalho de gestão das entidades,
que nesse momento passam a ser geridas por seus vice-
presidentes, Kika Bradford na CBME e Sergio Robles na
FEMESP. Continuarei à disposição das diretorias para
repassar todos os assuntos, registros e informações
DIVERSOS
Um adeus na CBME Por Silvério Nery
sobre as duas entidades. Também continuarei como
consultor ou conselheiro pelo tempo que for necessário,
visando uma troca de comando com o mínimo de
sobressaltos.
A seguir, para quem tiver curiosidade e paciência,
segue um balanço resumido desses 14 anos de atuação
na organização do montanhismo brasileiro. Peço que
me desculpem eventuais falhas de memória nesse breve
histórico.
14 anos
Foi em 1999 que comecei a participar de listas
de discussão na internet. O motivo foi um crescente
interesse nas questões institucionais do montanhismo
brasileiro. Sabendo que no exterior o montanhismo
já existia organizado há décadas, cismava com nossa
situação pouco estruturada. Havia sim os clubes no Rio
de Janeiro, São Paulo e Paraná, cada estado com suas
peculiaridades, mas era evidente a falta de entidades
unificadoras que cuidassem de interesses comuns à
comunidade dos montanhistas e escaladores, fossem
eles sócios de clubes ou praticantes independentes.
Em 2000 foi fundada a Federação de Esportes
de Montanha do Rio de Janeiro, a FEMERJ. Continuei
acompanhando as discussões com grande interesse e
logo em seguida, em 2001, passei a fazer parte de um
grupo organizado que pretendia fundar uma Federação
em São Paulo, o que acabou ocorrendo após um ano
de reuniões para discussão do estatuto. Em abril de
2002, com a fundação da Federação de Montanhismo
do Estado de São Paulo – FEMESP, passei a exercer um
cargo formal, o de presidente da nova entidade.
Foram anos de muitas discussões, entusiasmo
e trabalho duro. Logo em 2002 organizamos um
campeonato estadual em São Paulo com 6 etapas (3 de
Dificuldade e 3 de Boulder), duas em cada ginásio, na
época, Casa de Pedra, 90 Graus e Crux. Havia também
toda a parte burocrática (registro em cartório, CNPJ,
assembleias), as questões de acesso (logo iniciamos
também o diálogo com a administração do Parque
Nacional do Itatiaia, com proprietários de áreas
particulares como Guaraiúva e outros locais) e muitas
outras demandas, quase que diárias. Assim mesmo
era muito recompensador, o trabalho dava resultados
positivos (embora um tanto quanto invisíveis) e havia
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27 19
o reconhecimento pela comunidade que acompanhava
essas peripécias.
Grandes amizades começaram nesse período e
minha ligação com o Bernardo Collares foi decisiva
para a fundação da CBME, em 2004. Nosso objetivo, na
época, era ter uma entidade nacional para podermos
conversar institucionalmente com órgãos federais
como o ICMBio e o Ministério do Esporte. Ao mesmo
tempo fortalecer o movimento pela institucionalização
do montanhismo nacional. Se já era difícil “tocar” as
Federações, (Bernardo era presidente da FEMERJ e eu
da FEMESP), tínhamos muitas dúvidas quanto à nossa
capacidade de trabalho para fazer andar também
a CBME. Mas com entusiasmo e bom humor fomos
em frente. Acumulamos novos cargos formais, virei
também presidente da CBME e Bernardo ocupou a vice
presidência.
Mais discussões, entusiasmo e trabalho duro. De
início lutamos contra uma ameaça que levou mais ou
menos um ano para se desfazer, a ABEA – Associação
Brasileira de Esportes de Aventura, entidade fundada
naquela época com o objetivo de dirigir todos os
esportes ao ar livre, porém sem qualquer legitimidade.
Em outra frente, passamos a organizar campeonatos
nacionais de escalada indoor, com etapas em São Paulo,
Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Minas
Gerais. Nessa área tivemos, a meu ver, dois grandes
marcos. Um deles foi o Open de Boulder do Parque da
Juventude em 2004, que teve mídia espontânea até no
jornal local da TV Globo (SPTV). Outro grande evento
foi o campeonato brasileiro de 2005, cuja final teve
imenso público na Casa de Pedra em São Paulo, com
repercussão na mídia impressa e em alguns programas
esportivos na TV aberta. Essas competições revelaram
muitos jovens talentos, alguns dos quais continuam
ativos e fortes no cenário da escalada, como Felipe
Camargo, Cesar Grosso e Thais Makino. Também
permitiram que atletas com mais tempo de atividade
alcançassem sua consagração no cenário nacional, caso
da Janine Cardoso e do André Berezoski.
Como costumávamos dizer, “usando o boné da
CBME”, passei a ter contato com o Ministério do Meio
Ambiente, ICMBio e com o Ministério do Esporte.
Graças aos contatos com este último, participei da
Comissão de Esporte de Aventura, um comitê técnico
que criou as definições oficiais de Esporte de Aventura
e Esporte Radical, um marco importante para o
reconhecimento do montanhismo como esporte (idem
para o surfe, parapente e outras atividades ao ar livre
não essencialmente competitivas). Também por essa
via fui convidado a participar de duas audiências
públicas sobre Projetos de Lei no Senado e na Câmara
Federal que visavam regulamentar, de forma totalmente
inadequada, os esportes “radicais”, como constava
do texto dos projetos. Graças à nossa mobilização e
também de outras entidades (parapente, paraquedismo,
surfe, skate), conseguimos derrubar esse projetos.
Em 2002 a FEMERJ já havia organizado em conjunto
com o ICMBio um Seminário sobre diretrizes de mínimo
impacto em Unidades de Conservação. Depois, em
2004, FEMESP e FEMERJ firmaram o primeiro Termo de
Cooperação Técnica com o ICMBio, mais especificamente
com o Parque Nacional do Itatiaia. Foi o início de
uma parceria muito produtiva, que embora tenha
demorado um pouco a deslanchar, teve e ainda vem
apresentando excelentes resultados, dos quais podem
ser citados os Encontros de Parques de Montanha e,
bem recentemente, o Seminário de Abertura de Novas
Vias no Parque Nacional do Itatiaia. A participação dos
montanhistas na gestão de Unidades de Conservação
está consolidada através da presença nos Conselhos
Consultivos dessas Unidades. Federações e clubes de
montanhismo filiados à CBME mantém cadeiras nos
conselhos dos parques nacionais e estaduais mais
importantes para a prática do montanhismo, como por
exemplo: Itatiaia, Serra dos Órgãos, Três Picos, Pedra
do Baú, Jaraguá, etc., etc.
Outra frente que exigiu bastante trabalho e
mobilização foi nossa resistência ante o processo de
normatização das atividades de aventura, liderado pela
ABETA, com apoio do Ministério do Turismo, SEBRAE e
ABNT. Briga de gente grande, como disseram muitos,
mas graças à força e coerência dos nossos argumentos
e a nossa pressão constante, mesmo sem qualquer
apoio oficial (o Ministério do Esporte foi completamente
omisso nessa questão), conseguimos manter o pé na
porta e evitamos o mal maior, que seria o total controle
dos esportes de aventura pelo mercado de turismo.
Uma quimera, dirão alguns, mas que esteve próxima
de virar realidade nos piores momentos dessa luta
20 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27
essencialmente política.
Um grande êxito e, por que não dizer, o apogeu de
todos esses anos de trabalho foi a Semana Brasileira
de Montanhismo. Ali conseguimos reunir praticamente
todas as pessoas que tem interesse no montanhismo
nacional e discutimos todos os temas fundamentais
para nossa atividade. Foi um grande congraçamento e
um marco que sempre será lembrado na nossa história.
Fiquei muito orgulhoso de ter participado da SBM e sou
muito grato às pessoas que ralaram muito para que tudo
aquilo acontecesse (Delson, Kika, Jussara, Rosângela,
Diniz e muitos outros). Na festa de abertura, no alto do
Morro da Urca, com a presença do Carlos Minc, Pedro
da Cunha e Menezes, Jim Donini e quase todos os meus
amigos e conhecidos da comunidade da montanha,
mal contive a emoção diante da imensa e plateia que
prestigiou o evento, não só em presença, mas também
com doações em dinheiro. A SBM foi um grande evento
graças ao patrocínio coletivo da comunidade.
Entretanto, a partir de 2010 mais ou menos
começaram a surgir revezes que pouco a pouco foram
minando minha motivação. Inicialmente os problemas
ocorridos em campeonatos de escalada, como a redução
do número de participantes e o excesso de reclamações
e acusações (quase sempre injustas e infundadas), que
resultaram no fechamento das Associações de escalada
de competição no Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.
Depois veio a perda irreparável do Bernardo, para
mim um choque pessoal muito grande e também uma
grande perda na gestão da CBME, onde nossa pareceria
de irmãos de sangue fazia com que o trabalho fluísse
sempre em sintonia e com muito bom humor. Bernardo
dispunha de bastante tempo para dedicar à CBME
à FEMERJ, o que aliviava um pouco minha carga de
trabalho e permitia que atuássemos em várias frentes
simultaneamente. Vale destacar ainda que nós dois e
principalmente ele, conhecemos muitos escaladores
e muitos locais de escalada no Brasil, o que nos
proporcionou uma visão mais ou menos abrangente do
panorama da escalada no país inteiro. Bernardo viajava
com muita frequência, ia a quase todos os encontros
de escalada e sempre aproveitava essas oportunidades
para escalar muito e para apresentar a CBME com nossa
visão e ideias para quem se dispusesse a escutá-lo. Pode
parecer pouco, mas esse trabalho foi de importância
capital na divulgação e credibilidade que a CBME
adquiriu ao longo desses 10 anos de sua fundação.
Outro fato que desencadeou uma crise mais intensa
foi a decisão de deixar de pagar o IFSC. Embora a
assembleia da CBME de 2012 tenha aprovado a decisão,
fui eu que apresentei a proposta e os argumentos
que acabaram convencendo os demais de que aquela
era a melhor alternativa para o momento. Não me
arrependi da decisão, mas por ser o autor da proposta
acabei sofrendo pessoalmente com a crise que se
desencadeou a partir de então e que resultou numa
cisão e na fundação da ABEE, sem acordo nem vínculo
com a CBME. Foram discussões pesadas e desgastantes
ao extremo, demonstrações de desconfiança, muita
incompreensão e posturas irredutíveis assumidas por
pessoas que estavam dos dois lados da contenda. Não
é correto dizer que foi uma briga entre “esportivos” e
“tradicionais”, foi muito mais uma “conversa de surdos”,
pessoas com dificuldade para compreender as ideias e
posicionamentos de quem estava “do outro lado”. Esse
episódio me deixou muito triste e com uma sensação
de impotência diante do resultado, a meu ver negativo
e desgastante.
Ao final dessa longa história chego à conclusão
de que o tempo passou e já não existe mais o mesmo
espaço de antes para meu estilo de gestão à frente
da CBME e da FEMESP. Um jeito um tanto idealista e
informal, com relacionamentos fortemente baseados
em amizade e confiança mútua. Esses valores
continuam sendo muito importantes, mas não são mais
suficientes. Me parece que nesse momento a gestão das
instituições exige um pouco mais de pragmatismo e um
cunho mais profissional para garantir sua sobrevivência
e crescimento.
Sem falsa modéstia, penso que o trabalho que
ajudei a desenvolver ao longo desses anos - sempre
contando com um grupo fantástico de montanhistas
que batalhou e continua batalhando nas diretorias das
Federações e Clubes por todo o país – foi um divisor de
águas na história “oficial” do montanhismo no Brasil.
Que esse ciclo virtuoso continue por muitos anos e
que nossas instituições cresçam e se tornem sólidas e
independentes financeiramente, sempre pautando sua
atuação nos princípios e valores éticos que norteiam o
montanhismo brasileiro.
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27 21
ACONTECEU
Curso básico de emergência
Atividade: Curso Básico de Emergência Pré
Hospitalar para Montanhistas
Data: 11/10/2014
Responsável: Departamento Técnico
Participante(s): Leonardo Gonçalves do Carmo, Luiz
Coelho de Souza, Michael Patrick Rogers, Patrícia Costa
Gregory e Stephanie Maia
Nesse curso, ministrado pelo Ian Will, foram
abordados os seguintes temas: suporte básico de vida
no trauma em montanha; imobilização de improvisos;
transporte de acidentados; simulados práticos de
atendimento em locais de difícil acesso; situações
diversas
ACONTECEU
Eleição de nova diretoria
No dia 15/11/2014 realizamos nossa Assembleia
Geral Ordinária, onde elegemos a nova diretoria para o
biênio 2015/2016. Ela foi composta por:
Presidente: Leandro do Carmo
Vice Presidente: Vinícius Araújo
Tesoureiro: Leonardo Carmo
E para compor a diretoria, indicamos as seguintes
pessoas:
Secretário: Alexandre Rockert
Diretoria Técnica: Ary Carlos
Diretoria Social: Patrícia Gregory
Diretoria de Meio Ambiente: Stephanie Maia
Iniciamos mais um CBE
22 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27
ACONTECEU
Festa de 10 anos do Clube
No último dia 29/11, o CNM comemorou 10 anos
de sua fundação. Numa festa realizada em Várzea das
Moças, na casa de Dona Roseli, mãe do Alan, palco
das tradicionais festas e churrascos do clube. Uma
noite muito agradável com música ao vivo da banda
Véu Palatino, que tem o sócio Leonardo Carmo como
baterista e ainda, uma palhinha do músico Caio, filho
da Patrícia Gregory, além de bebidas diversas, petiscos
e muito papo!
Lançamos o Boletim Edição Especial 10 anos,
onde pudemos resgatar fatos históricos do clube e
guardar para sempre as recordações esse período tão
importante. Ainda em comemoração ao aniversário de
10 anos, lançamos a caneca comemorativa. A caneca,
ideia dada pela sócia Stephanie, foi um sucesso. Foram
38 unidades vendidas! Um encontro de gerações! Desde
o primeiro presidente ao recém eleito.
Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27 23
DIVERSOS
Lista de material doadoMaterial e livros doados pelo Carlos Penedo:
- Livro “Touching the void”, de Joe Simpson;
- Livro “Desafiando limites com Marcio Villar”, de
Denilson Monteiro;
- Livro “Guia de escalada e trilhas da Floresta da
Tijuca”, de Flavio;
Daflon e Delson de Queiroz, (2004);
- Livro “Guia de escalda da Urca”, de Flavio Daflon e
Delson de Queiroz (2002);
- Livro “Tudo pelo Everest”, de Waldemar Niclevicz;
- 1 Capacete de bike, tamanho L, cor laranja;
- 1 Capacete de escalada (Montana), cor branca;
- 1 Bouldrier (Kailash);
- 1 Fita de 1 m, cor roxo;
- 1 Fita de 1,5 m, cor azul;
- 1 Fita de 2 m, cor amarela;
- 1 Cordelete de 0,5 m, cor roxo e laranja;
- 1 Cordelete de 1,2 m, cor vermelho;
- 4 Costuras (Kailash);
- 4 Mosquetões (Mammut);
- 1 Camisa CNM, tamanho GG;
- 1 Camisa ATM-2014, tamanho GG;
- 1 Corda de 50 m, cor verde;
Obs.: A corda já é antiga e não deve ser usada para
guiar uma cordada.
FOTOS DE ATIVIDADES
PICO DO FRADE - MACAÉ
2ª AULA CBE - PRACINHA DE ITACOATIARA
FOTOS DE ATIVIDADES
TRILHA MORRO DO SILVADO - MARICÁ
24 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27
AvisosREUNIÕES SOCIAIS
As reuniões sociais do CNM são realizadas sempre na primeira quinta-feira de cada mês ím-par e na primeira quarta-feira de cada mês par, às 19:30h, em local a ser definido e divulgado.
Os encontros acontecem em clima de total descontração e informalidade, quando os só-cios e amigos do CNM aproveitam para colocar a conversa em dia, trocando experiências, rela-tando excursões e vivências ou, simplesmente, desfrutando a companhia de gente simpática e fraterna.
Periodicamente acontecem reuniões e se-minários técnicos com o intuito de possibilitar maiores detalhes e informações atualizadas aos sócios e interessados.
Informem-se sobre os temas das palestras técnicas e reuniões acessando o site: www.nite-roiense.org.br
Compareçam e sejam muito bem vindos!!!
EXPEDIENTE
CNM – CLUBE NITEROIENSE DE MONTANHISMOInício das Atividades em 26 de Março de 2003Fundado em 20 de Novembro de 2004Website: www.niteroiense.org.bre-mail: [email protected]: 98608-1731(Leandro do Carmo)
Presidente: Leandro do CarmoVice: Vinícius Araújo Tesoureiro: Leonardo Carmo
Secretário: Alexandre RockertDiretoria Técnica: Ary CarlosDiretoria Social: Patrícia GregoryDiretoria Ambiental: Stephanie Maia
Conselho FiscalEfetivos: Adriano de Souza Abelaria Paz; Andréa Rezendo Vivas; Alex Faria de Figueiredoo; Suplente: Denise Gonçalves do Carmo
Representante do CNM no PESETTitular: Eny HertzSuplente: Leonardo Carmo
Informativo Nº 27: As matérias aqui publicadas não representam necessariamente a posição ofi-cial do Clube Niteroiense de Montanhismo. Res-saltamos que o boletim é um espaço aberto a todos aqueles que queiram contribuir. Envie sua matéria para [email protected]. Partici-pe!!!
ANIVERSARIANTES
A todos muita saúde e felicidade!
Adriana Engelbart - 11/outMariana Silva Abunahman - 21/outPaulo Ruas Pereira Coelho - 14/novJosé Eduardo Ramos França - 20/novBeatriz Fernandes - 26/novVander Silva - 01/dezMarco Antonio Garcia - 21/dezRenata Batista Garcia - 23/dez
Edição e Diagramação:- Eny Hertz- Leandro do Carmo
Adriano Paz - C T
Alan Marra - C E T
Alessandra Neves - C E T
Alex Figueiredo - T
Andrea Rezede - C T
Ary Carlos - E T
Carlos Penedo - E T
Diogo Grumser - T
Eny Hertz - E T
Leandro do Carmo - E T
Leandro Collares - E T
Leandro Pestana - C E T
Leonardo Carmo - T
Luiz Alexandre - E
Mauro de Mello - E T
Neuza Ebecken - T
Vinicius Ribeiro - C
CORPO DE GUIAS
IMPORTANTE!
A Presidência do CNM é soberana em qual-quer assunto relacionado com o CNM e seus as-sociados.
A Diretoria Técnica é soberana em qualquer assunto técnico relacionado aos associados e aos guias do CNM.
E - ESCALADAT - TRILHASC - CICLISMO