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Boletim Informativo Clube Niteroiense de Montanhismo Ano X - Número 26 Niterói, Setembro de 2014 • Artigo: A temperatura que sentimos • • Dicas aos novos escaladores • • Lesões mais comuns associadas à escalada • • Transcarioca: um sonho prestes a se concretizar • • Parabéns aos novos escaladores • • Relato de acidente no Costão de Itacoatiara • Parque Estadual dos Três Picos: Um final de semana com muitas emoções!

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Boletim InformativoClube Niteroiense de MontanhismoAno X - Número 26

Niterói, Setembro de 2014

• Artigo: A temperatura que sentimos • • Dicas aos novos escaladores •• Lesões mais comuns associadas à escalada •• Transcarioca: um sonho prestes a se concretizar •• Parabéns aos novos escaladores •• Relato de acidente no Costão de Itacoatiara •

Parque Estadual dos TrêsPicos: Um final de semana

com muitas emoções!

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2 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 26

Prezada família da montanha!

Estamos em plena temporada de montanha, com um inverno frio e úmido (atípico para nossos padrões), porém, ótimo para nossas atividades.

Esta temporada está simplesmente ótima! E muito me alegrei com nossa atividade em Três Picos, onde conseguimos juntar cerca de 20 membros do clube para atividades de escalada, caminhada, e principalmente, para a confraternização, não apenas do nosso grupo, mas também com os outros montanhistas que lá estavam no abrigo.

Como é bom sentir o cheiro da floresta, o vento no rosto e o ar seco das montanhas! Como é belo o orvalho cobrindo a vegetação ao amanhecer!

Como é belo o canto do sabiá, do jacú e do sanhaço! Como é maravilhoso o esforço da subida da trilha; A procura da agarra da via; O prazer da conquista! O que fazem na cidade então?

Povo da montanha, aproveitem essa temporada! Afinal, daqui a alguns meses, o Sol voltará a nos castigar!

Leiam rápido este informativo e, como diria um personagem dos quadrinhos ...

“Para o alto, e avante!”

mEnsAgEm Do PREsIDEnTE

na temporada! Por Alex Figueiredo

sUgEsTão DE LEITURA

Tenha uma boa leitura!Por Alexandre Valadão e Eny Hertz

Os Conquistadores do Inútil, de Lionel Terray

O livro do Lionel Terray é um super clássico, em 2 volumes, que me impressionou muito na época em que li.

Horizontes Verticais, de Jean Pierre Von der Weid

É um livro de grande sensibilidade, muito bem feito e com histórias e fotos do montanhismo brasileiro.

101 Rock Climbing Tips and Tricks, de Tristan Hiqbee

Galera que está começando a escalar e que sabe ler em inglês...Este livro dá dicas básicas e bem importantes para criarmos hábitos seguros na escalada.

FoTos DE ATIvIDADEs

REUnIão soCIAL DE AgosTo

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Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 26 3

A sensação de temperatura que o corpo humano sente é freqüentemente afetada por vários fatores. O corpo humano é uma máquina térmica que constantemente libera energia e qualquer fator que interfira na taxa de perda de calor do corpo afeta sua sensação de temperatura. Além da temperatura do ar, outros fatores significativos controlam o conforto térmico do corpo humano, são eles: umidade relativa, vento e radiação solar.

O índice de temperatura-umidade (ITU) é um avaliador do conforto humano para o verão, baseado em condições de temperatura e umidade. Ele é calculado pela equação abaixo:

ITU = (0,8 x T) + (UR ( T – 14,3 ) / 100) + 46,3

Onde, T = Temperatura em ºC, UR = umidade relativa do ar e ITU = Índice de Temperatura e Umidade.

A evaporação do suor é uma maneira natural de regular a temperatura do corpo, pois o processo de evaporação é um processo de resfriamento. Quando o ar está muito úmido, contudo, a perda de calor por evaporação é reduzida, pois o ar já está saturado com umidade. Por isso, um dia quente e úmido parecerá mais quente e desconfortável que um dia quente e seco. Na tabela abaixo são mostrados os ITU’s calculados com temperaturas em graus Fahrenheit e Celsius.

ARTIgo

A Temperatura que sentimosPor Leandro do Carmo

A medida que sua temperatura corporal aumenta, a temperatura da pele também aumenta, então começa a transpiração. Em condições normais, o suor evaporaria, resfriando seu corpo. Em ambientes úmidos, o suor não consegue evaporar devido à saturação do ar, que já está denso com vapor d’água. O suor acumula sobre a pele, esquentando-a ainda mais e, consequentemente, seu corpo. Seu corpo tenta compensar tudo isso gerando ainda mais suor, que também não pode ser evaporado. O ciclo continua até a desidratação e o colapso do organismo, que não consegue mais desempenhar os movimentos esportivos. Essa é a forma que o organismo encontra para reduzir sua temperatura.

Para dias assim devemos manter-nos sempre hidratados, bebendo água em períodos regulares e mesmo sem sede. Evitar exercícios extenuantes e se possível, trocar aquela longa via ou caminhada, por uns boulders a beira mar ou perto de rios, ou até mesmo aquele passeio em uma cachoeira. Assim, poderemos sempre nos refrescar quando o calor apertar.

No inverno, o desconforto humano com o frio é aumentado pelo vento, que afeta a sensação de temperatura. O vento não apenas aumenta o resfriamento por evaporação, devido ao aumento da taxa de evaporação, mas também aumenta a taxa de perda de calor sensível (efeito combinado de condução e convecção) devido à constante troca do ar aquecido junto ao corpo por ar frio. Por exemplo, quando a temperatura é -8ºC e a velocidade do vento é 30Km/h, a sensação de temperatura seria aproximadamente de -25ºC. A temperatura equivalente “windchill” ou índice “windchill” ilustra os efeitos do vento.

Analisando a tabela nota-se que o efeito de resfriamento do vento aumenta quando a sua velocidade aumenta e a temperatura diminui. Portanto, o índice “windchill” é mais importante no inverno. No exemplo acima não se deve imaginar que a temperatura da pele realmente desça a -25ºC. Através da transferência de calor sensível, a temperatura da pele não poderia descer abaixo de -8ºC, que é a temperatura do ar nesse exemplo. O que se pode concluir é que as partes expostas do corpo perdem calor a uma taxa equivalente a condições induzidas por

vIA vIsão oPosTA - moRRo Do moRCEgo

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4 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 26

ventos calmos com a temperatura -25ºC. Deve-se lembrar que, além do vento, outros fatores podem influenciar no conforto humano no inverno, como umidade e aquecimento ou resfriamento radiativo.

Um anorak simples, do tipo corta vento, pode ser o suficiente para te deixar confortável, ou pelo menos minimizar o risco de hipotermia. Já passei por uma experiência na Travessia dos Olhos, na Pedra da Gávea, onde o vento forte estava me levando ao limite do frio, mas como levo sempre um anorak na mochila...

Fontes:http://www.cnpgl.embrapa.br/h t t p : / / w w w. i n m e t . gov. b r / p o r t a l / i n d ex .

php?r=clima/confortoTermicoHumanohttp://www.mundotri.com.br/2013/10/como-

sobreviver-ao-calor-umido-parte-1/http://fisica.ufpr.br/

sEgURAnçA

Aos novos escaladoresPor Eny Hertz

Parabéns à todos que se formaram no CBE-CNM-2014, agora que se inicia outra etapa, todos os participantes são responsáveis por todos os procedimentos.

Algumas dicas que precisam estar presentes o tempo todo na cabeça:

• Use capacete! Qual é a melhor situação? Umcapacete rachado ou sua cabeça sangrando? Torne um hábito colocá-lo assim que chegar na base;

• Sócomeceadarsegurançaaoguia,apósestarcom o nó de encordoamento bem feito na sua cadeirinha;

• Posicionar-se seguramente em relação à rochaquando der segurança ao guia, para o caso dele cair, você não ser jogado de encontro à ela;

• Pratiqueascensão!APracinhadeItacoatiaraéum ótimo local. Se você necessitar ascender depois de vários esticões, ficará satisfeito por ter praticado previamente;

• Fique atento com a comunicação: palavrascurtas e bem diferentes das outras! Fale o nome do seu parceiro, repita os comandos dados por ele e diga “OK” no final;

• Conheça a limitação de seu parceiro e escaledentro dela;

• Evite escalar muito além de sua capacidadetécnica e emocional por pressão de colegas de escalada ou pressão de seu ego. Escale porque você quer escalar e não porque os outros insistem com você;

• Saia de sua zona de conforto em localcontrolado, para evoluir com segurança;

• Nãoaceitenovosprocedimentoscomodogmas,analise-os e experimente-os em local controlado;

• Coloqueumnóblocantecomobackupduranteo rapel! Este momento é o mais crítico, é quando ocorre a maioria dos acidentes;

• Antesderetirarasolteiraparacomeçarorapel,verifique se o aparelho de freio está colocado corretamente e se o nó autoblock está bloqueando. Faça um nó nas duas pontas da corda;

• Faça tudo com atenção e sem pressa! Boasescaladas e divirta-se!

Eny Hertz Diretoria Técnica

FoTos DE ATIvIDADEsAULA Do CbE Em gUARATIbA

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Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 26 5

Sendo que alguns participantes ficaram no abrigo, com a nova geração de montanhistas (as crianças).

As 09:00 h o grupo que tinha o objetivo de alcançar a Cabeça de Dragão, acompanhado por uma das equipes que iriam para a Caixa de Fósforos, começou a caminhada.

O grupo que se dirigiu para Cabeça de Dragão era composto por Alex, Denise, Bruna, Rafael, Andréa, Renato Valejo, Patrícia, Gabriel e Marina (Gregori’s), Michael, Marcelo.

A trilha possui grau de dificuldade técnica baixo, sendo praticamente uma estrada até o Vale dos Deuses (exceto em seu trecho final, com elevado grau de exposição) e fácil orientação (embora má sinalização), tendo a duração de cerca de três horas a caminhada.

O topo possui ampla vista (360° graus) e se situa em

campos rupestres, sendo uma belíssima caminhada! Um visual previlegiado, de onde conseguimos ver o abrigo, ao fundo do vale.

RELATo

Parque Estadual dos Três Picos

Entre os dias 18 e 20 de julho, organizamos uma excursão ao Parque Estadual dos Três Picos. Ficamos no Refúgio das Águas, do Sérgio Tartari. Foi um final de semana especial. Com o pensamento na pizza e na cerveja artesanal, seguimos para a Caixa de Fósforo e a Cabeça do Dragão. Com direito a caminho errado, muita subida e uma das mais belas paisagens que a natureza pode nos oferecer. Abaixo, seguem alguns desses relatos.

CAbEçA Do DRAgão

Por Alex Figueiredo

Com uma antecedência de 6 meses, foi marcada atividade do CNM no Parque Estadual de Três Picos, com o intento de integração dos membros do Clube, além de visitar a Unidade de Conservação.

Ao total, foram cerca de 20 pessoas na atividade,Andréa Rezende, Bruna Novaes, Denise Gonçalves, Eny Hertz, Carlos Penedo, Leandro Gonçalves, Leonardo Gonçalves, Marcelo Sant´ana, Mariana Silva, Michael Patrick, Patricia Gregory, Marina Gregory, Gabriel Gregory, Renato Vallejo, Rafael Pereira, Stephanie Maia, Vinicius Araújo, Ellen Vogas, Laura Terra, João do Carmo, dentre outros.

Seguiu-se a logística de fazer a reserva antecipada, tendo como o ponto de encontro dos membros, em geral, o Abrigo do Tartari, um lugar acolhedor de boa conversa, pizza e cerveja (principalmente cerveja).

Alguns grupos foram na sexta-feira, dia 18 de julho, composto por Leonardo e Mariana em um carro, Marcelo em outro (que merece a aprovação no quadro de etapas no quesito orientação, pois o mesmo chegou de noite e sozinho lá, sem nunca ter ido ao local), Michael e Stephanie em um terceiro e Vinícius e Andréia em um quarto.

O restante, saiu de Niterói as 05:30 h para chegar as 08:00 h no local.

Uma vez no Abrigo, o grupo se dividiu em várias atividades, assim descritas:

3 equipes para a Caixa de Fósforos;1 equipe para a Cabeça de Dragão;

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O retorno teve a duração de cerca de 2:30 h, sendo que tivemos o prazer de encontrar uma das equipes que estiveram na Caixa de Fósforos, formada por Leonardo, Mariana e Stephani, na descida.

Tivemos também o prazer de testemunhar uma nova técnica de escalada, baseada na informação prévia da via, vista de cima! Dois escaladores, que para evitar constrangimentos representarei por pseudônimos, sendo o primeiro Leandro Manuel e o segundo, Vinicius Joaquim ...

Esta equipe foi escalar a Caixa de Fósforos, pela CABEÇA DE DRAGÃO!

Creio que a conversa deles, quase no topo da Cabeça do Dragão, assim transcorreu:

-Leandro Manuel: “Ora pois, esta caminhada estás a demorar não?”

- Vinicius Joaquim: “Verdade gajo, mas tenho certeza que é por aqui!”

- Leandro Manuel: “Joaquim, é incrível! Tem uma montanha no outro lado do vale, abaixo de nós, que é igualzinha a uma caixa de fósforos!”

- Vinicius Joaquim: “Verdade! Não é incrível ter duas montanhas com formato de caixa na mesma região? São os mistérios da natureza ora pois ...”

Meu grupo encontrou o grupo de Manoel e Joaquim descendo a Cabeça de Dragão, depois de averiguar a melhor alternativa de escalar a Caixa de Fósforos ... Não precisa muito para adivinhar que foi a ultima equipe a retornar ...

A noite, o Tartari nos agraciou com um rodízio de pizza, regado com cervejas artezanais e, alem disso, tivemos o prazer da companhia de vários outros montanhistas

que chegaram lá, durante a nossa ausência, dentre eles, o Delson e a Kika, da FEMERJ e um grupo da União de Escaladores de Jacarepaguá, além de outras pessoas.

Uma noite agradável de confraternização, que guardo com carinho na memória e coração.

Ao amanhecer, começam os preparativos de partida, as muitas despedidas, o café da manhã filado do pessoal das barracas, as brincadeiras, e um slakeline para todos rirem e relaxarem.

Foi um belo fim-de-semana ...Que venham outros!

Abraços a família CNM que participou da atividade e aos que não participaram, que fizeram muita falta.

CAIXA DE FÓsFoRo

Por Leandro do Carmo

Participantes: Leandro do Carmo eVinícius Araújo.

Tínhamos que sair bem cedo, pois programamos as atividades para o próprio sábado. Ficaria difícil conseguirmos fazer alguma coisa no domingo, depois da pizza e cerveja de sábado a noite... Saímos de casa por volta das 05:15 h da manhã e marcamos de nos encontrar em Cachoeiras de Macacu. Até que fomos rápidos e não houve desencontros. O Alex resolveu seguir na frente, chegando por último!!!! Enquanto a Eny e a Patrícia ficaram a minha espera. Eu havia programado de levar o meu filho, o João e ficaria por lá, fazendo algo bem leve durante o dia. Porém, meu pai resolveu ir para ficar com ele, assim fiquei

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de aparecer essa saída à esquerda... Quando estávamos chegando na parte do costão da subida da Cabeça do Dragão, o tempo abriu e pudemos ver a Caixa de Fósforo lá em baixo, num lugar totalmente oposto ao que nós estávamos, foi quando nos demos conta de que era o caminho no caminho errado!!! “Não acredito nisso”, pensei na hora. Dava para ver o caminho que deveríamos ter percorrido lá em baixo, mas muito lá em baixo mesmo. Por muito custo, resolvemos descer e pegar o caminho correto. Esse nosso atraso, deveria custar algo em torno de 1 hora a mais no total. Encontramos o resto do grupo e avisamos que voltaríamos para o caminho correto. Eles seguiram acima.

Descemos bem rápido e levamos uns 20 minutos até chegar ao local do acampamento. Pegamos a trilha principal, andando sempre com o Capacete a nossa esquerda. Ele estava um pouco encoberto pelas nuvens. Passamos por dois pequenos córregos e começamos a caminhar numa vegetação mais densa. Pelo que tinha visto lá de cima, era o sinal de que já estaríamos próximo da subida. Depois de mais alguns minutos, chegamos à tão esperada saída à esquerda!!!!! Uma plaquinha onde se lia “Caixa de Fósforo” não deixava erro! Dobramos à esquerda e caminhamos ainda alguns metros antes de começarmos a subir.

A subida vai um pouco forte, mas com o corpo aquecido nem me preocupei e segui no rítimo que estava. Mais a frente subimos uma parte bem íngreme com o auxílio de uma corrente. Nesse ponto encontramos o Leonardo, a Mariana e a Stephanie, já descendo. Um cachorro que os acompanhou durante a trilha fez a festa ao me ver, parecia que já me conhecia. Ele os esperou descer e foi atrás.

liberado!!! Nem queria...

Chegar ao Refúgio do Tartari, para quem nunca foi, não é uma das coisa mais simples, mas depois que criaram o Google, tudo ficou mais fácil! Seguimos pela estrada e depois de algumas horas chegamos. Era cedo e estava nublado. Pensei que fosse estar mais frio. Na chegada, fomos nos organizando e separando os quartos. Alguns foram armando suas barracas. Preferi deixar para armar a minha na volta. Alguns foram saindo na frente, ninguém queria chegar tarde para trilha. Fomos dividindo os grupos, vendo quem queria subir a Caixa de Fósforo e quem iria para a Cabeça do Dragão. A Eny e o Carlos Penedo seguiram na frente e no final das contas só eu e o Vinícius Araújo faríamos a Caixa de Fósforo, além da Eny e Penedo que já tinham ido.

Seguimos de carro até uma parte da estrada e a partir dali fomos a pé. Mas quem disse que estávamos nos importando com isso? Afinal de contas era o que mais queríamos!!! Seguimos a estrada e passamos por algumas porteiras, onde a cada metro percorrido, a vista ia ficando mais impressionante. As nuvens começaram a se dissipar e a vista do Capacete e do Pico Maior roubaram as atenções. Seguimos conversando, passamos pela República Três Picos, do Mascarim e seguimos em direção ao Vale dos Deuses. Paramos para descansar aos pés de uma enorme Araucária, de onde se tem uma vista impressionante do Pico Maior e o Capacete.

Mais um pouco caminhando e passamos por uma construção do Parque, o núcleo de Montanhismo. Mais a frente, numa saída à direita, chegamos ao acampamento do Vale dos Deuses. Esse acampamento tem esse nome por estar dentro de uma fazenda homônima, desapropriada, tempos atrás. Esse é o local! Simplesmente, fantástico! Eu o Vinícius, como seguiríamos para a Caixa de Fósforo, fomos na frente e ficamos esperando alguém chegar. Na verdade, cometemos um erro grave: nem eu, nem ele, sabíamos o caminho, mas até aí sem problemas... O maior erro foi que nem sequer tivemos o cuidado de pegar informações sobre a trilha. Tínhamos algumas informações bem básicas, coisas do tipo: “segue para a Cabeça do Dragão e numa parte da trilha, você pega para a esquerda”. E assim fizemos...

Seguimos para a Cabeça do Dragão e começamos a subir. Depois de uns trinta minutos subindo, nada

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Fui me aproximando e já dava para ver o Carlos Penedo no meio do artificial. Aproveitei para fazer alguns vídeos de longe, antes de encontrá-los. Cheguei à base, após usar uma corda fixa “mais prá lá do que prá cá” para subir o último lance. A Eny já dava segurança para o Carlos que subia grampo a grampo. Tinha lido alguns relatos sobre como a pedra está apoiada e coisas parecidas, mas aquilo ali é impressionante. Parece que foi colocada ali com uma precisão cirúrgica. Nem mais para um lado nem mais para o outro, o suficiente para ficar equilibrada, mais um grande espetáculo da natureza.

Estava frio e foi só parar de caminhar, para que começasse a sentir os seus efeitos. O forte vento potencializava a sensação de frio. O Carlos Penedo foi subindo e ainda conversamos um pouco antes dele concluir o artificial. Dei uma boa descansada, pois no rítimo que viemos, não daria para emendar a subida. Enquanto o Carlos subia, fui pesando na melhor maneira para eu subir. Queria ser rápido e aproveitar para descermos juntos.

O Carlos concluiu a subida e resolvi subir utilizando prussiks na corda já fixada. Ainda fiquei com tarefa de recolher as costuras que ficaram. Depois de fixadas as cordas, comecei a subir enquanto ele fazia o rapel. Por sorte, o vento parou, o que diminuiu a sensação de frio. As mãos doíam um pouco, principalmente os dedos. Mas a medida que manuseava os nós, a circulação foi aumentando, diminuindo assim as dores. Depois de mais alguns minutos não sentia mais nada. Foi um alívio. Como a natureza estava me ajudando, aproveitei para tentar aumentar o ritmo e tentar concluir a subida sem o vento. Como subi pela mesma corda na qual estavam as costuras, não foi tão fácil retirá-las, algumas ficavam bem esticadas, me obrigando a colocar sempre uma costura mais acima

para conseguir tirar a de baixo.

Devagar fui subindo. A Caixa de Fósforo tem aproximadamente 20 metros, mas o detalhe é que ela está apoiada em um precipício. Olhar para baixo é uma tarefa para testar o psicológico. Mais que isso. Como diz Galvão Bueno: “É teste pra cardíaco!”. Subi e nos lances finais foi ficando mais fácil, pois já tinha um contato maior com a parede. Mais alguns passos e estava no cume. Um 360º fantástico!!!! O sol aquecia. O céu abriu naquele momento. Até o vento tinha ido embora. O momento perfeito!!! Sentei um pouco para contemplar a paisagem antes de arrumar o equipamento. A caixa onde deveria estar o livro de cume estava sem tampa e nem sinal dele. Adoro ler o que as pessoas escrevem ao passarem pelas mesmas situações que eu. Uns, somente assinam o nome, outros, tentam explicar os vários sentimentos que os envolvem nesses lugares mágicos. Mas não será dessa vez.

Aproveitei para fazer alguns vídeos e depois de algum tempo sozinho, já era hora de descer. Arrumei todo o equipamento e comecei o rapel. A saída é bem chata, os grampos ficam um pouco abaixo. Dei uma travada na corda desço com cuidado. Lentamente fui me aproximando da base. Cheguei e parabenizei o Carlos por ter feito toda a subida utilizando os grampos e estribos, o clássico artificial fixo. Bem mais difícil do que a minha subida pela corda utilizando os prussiks. Aproveitamos para conversar um pouco e bater algumas fotos. A missão estava cumprida, ou pelo menos a parte mais importante. Faltava a caminhada de volta.

Iniciamos a descida. Fomos conversando e nem sentimos o tempo passar. O céu abriu forte em cima do Capacete, a vista era fantástica. Mas quando peguei

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a máquina para bater algumas fotos e registrar esse momento, vi que o cartão de memória estava cheio... Paciência, vai ter que ficar para a próxima. Seguimos andando e quando passamos pelo Acampamento do Vale dos Deuses, conversei com algumas pessoas que estavam lá e me disseram que o resto do pessoal já haviam passado cerca de 1 hora antes. Seguimos até o carro de onde voltamos até o Refúgio.

Todos já estavam lá. Aproveitei para armar minha barraca. Quase não achei um bom lugar. A minha sorte foi que meu irmão iria embora a noite e montei no lugar na qual estava a barraca dele. Depois de tudo arrumado, fui tomar um bom banho para relaxar e aguardar a tão esperada pizza. Encontramos vários amigos que estavam na região e foram lá só para a pizza. Ficamos ainda batendo um bom papo até sair o primeiro tabuleiro. Por educação, deixei o primeiro passar, mas no segundo, já fui logo garantir minha fatia e ai de quem tentasse me passar a frente!

A noite foi chegando. Depois de algumas cervejas

artesanais, alguns não resistiram e foram dormir. Pensei que fosse estar mais frio. Ele veio, mas não tão forte. Continuamos um bate papo muito descontraído até que o cansaço nos venceu. Aí foi só dormir, tranquilo, sem o compromisso de ter que acordar cedo no dia seguinte...

Valeu até a próxima!

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Escalar é um esporte desafiador e, independente das diferentes modalidades que engloba, exige muito além de força e resistência muscular. Tecnicamente, exige que toda musculatura do corpo, estrategicamente comandada, realize em sequência, movimentos precisos, numa demonstração de auto controle e equilíbrio.

Nos últimos anos, a popularidade da escalada aumentou drasticamente em todo o mundo, tanto como atividde recreacional quanto como esporte competitivo (International Mountaineering and Climbing Federation, UIAA,2007). Natural que o crescente aumento desta prática contribuísse, sobremaneira, para o aumento das lesões associadas a mesma.

Estudos recentes mostram que lesões por sobrecarga correspondem a 93% de todas as lesões relacionadas à escalada e, ocorrem predominantemente em membros superiores (Backe, 2008). Segundo PETERS (2001), 75% dos escaladores sofrem eventualmente lesões nos membros superiores, dentre as quais 60% delas envolvem punhos e dedos e 40% cotovelos e ombros.

A saber que lesões desta natureza ocorrem essencialmente por altos estresses impostos às articulações, pode se atribuir então que, as altas taxas de incidência lesionais estão mais diretamente associadas à freqüencia de escalada e seu grau de dificuldade técnica do que, propriamente, ao tipo de modalidade escolhida, seja ela indoor ou outdoor.

Nesse contexto, é imprescindível que escaladores, estejam conscientes dos fatores de risco a que estão expostos e tenham um conhecimento mais amplo dos mecanismos de lesão por sobrecarga, de modo que possam preveni-las.

MECANISMOS DE LESÃO

“Punhos e dedos são os pontos mais frágeis de todo escalador”

sAúDE

Lesões mais comuns associadas à escalada Por Alessandra Neves e Leandro Collares

Para entender as lesões mais comuns no escaladores, é importante conhecer as duas pegadas mais utilizadas por eles. São elas: pegada “em cabide” (fig1) e pegada espalmada(fig2).

Imaginar que em vias de elevado grau, as mãos acabam admitindo a função de sustentação de todo corpo, nos dá a idéia da altas cargas as quais tendões e ligamentos dos dedos estão sujeitos, nos repetidos movimentos que envolvem a ascensão.

Altas forças aplicadas às pontas dos dedos resultam em solicitações agudas também no sistema de polia dos

Estatísticas das lesões associadas ao esporte

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SINTOMATOLOGIA DO OVERUSE EM MAÕS:

Na fase aguda, observa-se rigidez matinal, diminuição da motricidade fina e edema cápsulo-ligamentar. Dor à palpação e ao movimento são mais notáveis na fase crônica. Importante dizer que os dedos médio e anular são os mais acometidos.

DICAS PARA DIMINUIR O RISCO DAS LESÕES POR SOBRECARGA:

- Não escalar até exaustão. Alternar períodos de máximo esforço aos de repouso;

- Focar na otimização da técnica, contribui para aumento de força, resistência e equilíbrio. Cabe dizer que programas de treinamento, se excessivos, podem ser mais lesivos do que propriamente úteis;

- Alongar antes e depois da atividade, não esquecendo da musculatura antagonista, que deve estar em equilíbrio com a agonista;

- Estar consciente dos fatores de risco para lesões, bem como conhecer os seus limites e de seu corpo, podem contribuir sobremaneira para prevenção das lesões associadas ao esporte.

Escalem com o corpo e com a mente!!!

dedos, que agem otimizado a excursão dos tendões à flexão dos dedos. Rupturas em A2 e A4, não são incomuns, são observadas em 40% dos competidores (Bollen , 1990).

A tensão estimada nos tendões (fig3) mostram que os músculos estão envolvidos de modo diferente nas pegadas em cabide e na espalmada. Recentemente, VIGOUROUX (2009) mostrou que na pegada em cabide, as tensões nos FPD chegam a ser 60% maiores do que nos FSP, ao contrário da pegada em cabide, que mantém as tensões equilibradas nos tendões flexores. Análises também dele, demonstram que as forças que agem sobre as polia A2 são 36 vezes menores na pegada espalmada do que na pegada em cabide, enquanto forças que agem em A4 são 4 vezes menores. Daí a correlação com a clínica. Rupturas dos sistema de polias estão estreitamente associados à pegada em cabide, essencialmente utilizada pelos escaladores.

Pode-se aferir, pois, que o posicionamento de maior sobrecarga nas articulações interfalangeanas é a hiperextensão da articulação interfalanfeana distal (AID) e hiperflexão de articulação interfalangeana proximal (AIP), utilizada em regletes e, conhecida como pegada do cabide (Quaine, 2003).

Lesãos nos punhos e dedos são muito comuns, representando mais da metade das lesões por sobrecarga. A tendinite de dedos responde por 25% destas (Logan et al,2010). No entanto, as forças imposta aos dedos, durante a escalada, são capazes de gerar cargas extremas em toda cápsula articular, logo, de comprometer estruturas, como ligamentos, considerados bem menos suscetíveis que os tendões, pois ao contrário destes últimos, sua disposição lhes permitem suportar mais cargas multidirecionais (Nordin & Frankel, 2003).

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algumas das mais belas trilhas da Cidade.

Hoje o trajeto está quase totalmente definido, e boa parte dele já se encontra sinalizado; indo de Guaratiba ao Morro da Urca, num percurso de aproximadamente 170 km. Desta forma o trekker poderá percorrer em 7 ou 8 dias os encantos de algumas das melhores trilhas cariocas. A trilha possui numerosos pontos de entrada e saída o que possibilita também percorrê-la aos poucos, descortinando vagarosamente algumas das mais belas paisagens que a Cidade Maravilhosa pode oferecer.

Para as próximas olimpíadas o Rio de Janeiro disporá de um novo atrativo eco-turístico de grande valor, atraindo à cidade os amantes do trekking e dos esportes de aventura, e os cidadãos fluminenses, que sem dúvida saberão desfrutar de um conjunto de trilhas bem sinalizadas, que se estenderá ao longo de toda a cidade.

No dia 14 de setembro será realizado na Transcarioca um grande mutirão com a participação de mais de 300 voluntários, que efetuarão tarefas de sinalização e manutenção em aproximadamente 30 setores em que foi dividida a trilha. Seguramente será um evento memorável para o montanhismo do Rio de Janeiro, tratando-se talvez do maior mutirão que tenha acontecido em nossa cidade. Participarão clubes de montanhismo, ONG’s, Parques Federais, Estaduais e Municipais, Bombeiros, Policia Ambiental, Guarda Municipal, etc.

Será a concretização de um sonho longamente acalentado pelos amantes das trilhas e da natureza do Rio de Janeiro.

As trilhas de longo percurso vêm sendo implantadas há muito tempo, talvez o exemplo mais notável seja a Apalachian Trail nos Estados Unidos, com aproximadamente 3500 km de percurso que começou a ser traçada em 1925.

Na Europa existem entre outras onze super-trilhas de longo percurso E1 a E11 perfeitamente sinalizadas e mapeadas, que percorrem o continente em todas as direções atravessando todos os países da Europa Ocidental. Os exemplos se multiplicam pelo mundo afora, da Nova Zelândia ao Paquistão ou a Costa Rica.

No ano 2000 Pedro Cunha e Menezes publicou o livro “Transcarioca, todos os passos de um sonho”, no qual relatava o percurso realizado com amigos, por trilhas que iam da Restinga de Marambaia ao Pão de Açúcar. Este seria o embrião da primeira trilha de longo percurso em nosso país. É necessário mencionar que existem hoje no Brasil diversos “Caminhos” (Caminho da Luz, Caminho da Fé, Caminho do Sol, Passos de Anchieta etc.); que percorrem longas distancias mas não são propriamente trilhas, pois boa parte deles se desenvolve ao longo de estradas e caminhos rurais. Outras trilhas de longo percurso, como os Caminhos da Serra do Mar, já estão quase prontas e seguem o ideário da Transcarioca.

Há, aproximadamente, dois anos o percurso idealizado por Pedro Menezes começou a tomar forma junto com outras iniciativas, tais como a criação do Mosaico Carioca, que reúne em seu seio representantes de todas as unidades de conservação da cidade do Rio de Janeiro. Assim começaram a aparecer as pegadas da Transcarioca em

AmbIEnTE

Transcarioca, um sonho prestes a se concretizarPor Horácio E. Ragucci - Guia e Presidente do Centro Excursionista Brasileiro

AVISO

O CNM PARTICIPARÁ DESSE MUTIRÃO. FAÇA A SUA INSCRIÇÃO NA ATIVIDADE ABERTA EM NOSSO SITE. NÃO FIQUE FORA DESSA.

Marcelo SáCoordenador Ambiental

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Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 26 13

AConTECEU

Parabéns aos novos EscaladoresPor Alex Figueiredo, Eny Hertz e Leandro do Carmo

Temos a honra de comunicar que o Curso Básico de Escalada do CNM de 2014 terminou com sucesso.

Parabéns aos oito participantes do CBE, Bruna, Camila, Denise, Patricia Gregory, Roberto, Tauan, Danilo e Rafael,por mais uma etapa de vida conquistada (com arranhões, dores no corpo, pedra quente etc)!

Uma nova etapa se inicia: a de assumir a responsabiliade de querer escalar, a de ter confiança em seu parceiro de escalada, a de harmonizar seu corpo e sua mente para que esta aventura seja sempre divertida (nunca esqueça que o melhor dos escaladores é aquele que se diverte!!) e “Quando a escalada termina, o que sobra? A experiência.” (Jeff Lowe) e uma grande satisfação!

Agradecemos a todos vocês que confiaram no clube e nos seus guias! Boas trilhas e escaladas a todos!

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• Uma avaliação das costelas indicava que nãohavia quebrado nenhuma;

• Reclamavamuitodesede,oquemepreocupoucom uma possível hemorragia interna. A barriga mole indicava que estava tudo ok com os órgãos internos, mas por precaução resolvi controlar a ingestão de líquido;

• Quanto a coluna, preferi não fazer nenhumtipo de avaliação visual para não ter que movê-lo. Pedi que movimentasse os pés e parecia estar tudo OK;

• Eclaro,escoriaçõesportodoocorpo.

Avaliação da vitima feita, uma breve olhada ao redor para avaliar o ambiente. Terreno bem íngreme, mata fechada e um primo grande e forte, mas bem alterado.

Nesse momento começavam a chegar alguns curiosos que disseram que os bombeiros já haviam sido contatados. Eu imediatamente avisei que não precisávamos de mais pessoas ali e pedi que se alinhassem até a trilha, indicando o caminho para os bombeiros. Assim fizeram.

Os bombeiros demoraram um pouco (40min a 1h) e quando chegaram passei o que eu havia verificado e logo eles iniciaram os procedimentos para colocar a vitima na prancha. Não me surpreendi com a atuação dos bombeiros nesse momento, pois sei que estão bem preparados para isso. Minha surpresa foi ver que nenhum deles conhecia a área, apesar de serem do batalhão de Itaipu e que eles não estavam preparados para este tipo de incidente. Não vieram com nenhum tipo de equipamento de montanha, não sabiam se movimentar com a vitima no mato e nem agua trouxeram.

Percebendo isso logo tomei a frente indicando o que deveriam fazer. Pelo local, avisei que deveríamos descer com a vitima até um caminho d’água mais abaixo e de lá seguir até a trilha do bananal para daí iniciar a subida. Eles não me ouviam e queriam seguir varando mato em local íngreme e molhado (por onde vieram) até que chegou um guarda parque e disse para me seguirem, pois eu era montanhista local e conhecia bem a área.

Desci na frente abrindo a passagem até o caminho d’água e depois voltei para ajudar com o transporte da vítima.

ARTIgo

Relato de Acidente no CostãoPor Leonardo Aranha

Estava escalando a via Entre Quatro Paredes com dois alunos no dia 02/08/2014. Pouco depois de chegar ao cume ouvimos uma gritaria, mas não demos muita atenção, afinal isso é normal entre os caminhantes por lá. Iniciamos a descida e pouco abaixo encontramos um pessoal completamente alterado, uma mulher chorando e logo nos alertaram para ter cuidado que um rapaz havia acabado de cair ali. Sem entender perguntei novamente e eles apontaram pra baixo indicando a direção. Perguntei quando foi e responderam “AGORA! Ele está vivo, ouvimos gritar”.

Olhei pra baixo, e pela altura imaginei que se ele estava vivo é porque não tinha ido até a base. Estava na parede. Na mesma hora já identifiquei um ponto onde poderia fazer equalização e prender uma corda. Foi o que fiz.

Antes de iniciar a descida dei a ordem para que ligassem para o bombeiro e, em seguida, para o Ian Will que eu sabia que estava por ali. Equalizei em umas pedras, prendi a corda, peguei o material que julguei ser necessário para descer com uma vitima, incluindo mais uma corda devido a altura, e desci.

Ao final de 60m de corda ainda não havia encontrado o rapaz, emendei outra corda e mais uns 20 a 30m de descida até a base da montanha onde encontrei o rapaz caído no meio do mato. Seu primo, que o acompanhava no passeio, chegou no mesmo momento (varando mato) e bem alterado emocionalmente.

Imediatamente iniciei uma avaliação da vitima. Enquanto ia puxando conversa com ele para avaliar seu estado de consciência, acalmava o primo e fazia a avaliação física.

• Rapazdetrintaepoucosanos,alto(próximode 1,90 m), aproximadamente 100Kg;

• Consciente, mas não lembrava de nada doacidente. Muito nervoso e com muita dor;

• Punhovisivelmentequebrado;• Joelhocomoossoexpostomasaparentemente

não estava quebrado;• Cortegrandenacabeça,massangrandopouco

naquele momento (sagrou MUITO durante o transporte);

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Acostumados a carregar a prancha segurando pela lateral, tinham dificuldade cada vez que encontravam uma pedra, raiz ou curva e se cansavam muito por isso. Peguei em uma das alças e comecei a coordenar a movimentação da vitima e dos homens, pois já havia feito isso em treinamento. Assim seguimos até a ambulância.

Lá me agradeceram, pegaram meus dados para registro da ocorrência e pediram para eu tirar uma foto com a equipe do resgate.

Fui pra casa me limpar e de lá fui para o hospital iniciar os tratamentos de prevenção em casos de acidentes biológicos, já que tive contato com o sangue da vitima.

Em contato com a família da vitima soube que ele está bem, foi só aquilo que verificamos mesmo, ainda internado (13/08/2014) vai passar por uma cirurgia no braço, muitos pontos na cabeça e joelho. Mas MUITO bem para a queda que sofreu.

CONCLUSÃO:

Mais uma vez pude ver o quão importante é estar preparado para agir em casos de acidente, mesmo que não seja no nosso grupo.

Os bombeiros do batalhão de Itaipu deveriam conhecer melhor a área, afinal é comum ter ocorrência por lá.

Os bombeiros são bem preparados para lidar com vitimas na rua, mas pouco preparados para a movimentação no mato.

Conversando com outras pessoas depois, mesmo quem já tem treinamento de resgate e atendimento pré-hospitalar, percebi que apesar de saberem dos riscos do contato com sangue de estranhos, não saberiam como agir neste caso. Vejo a necessidade de incluir essa informação em treinamentos futuros e também da importância de estarmos com as vacinas em dia.

Leonardo Aranha

FoTos DE ATIvIDADEs

PICo Do PEITo DE Pombo

TRAvEssIAsão LoUREnço X CAsTáLIA

vIA bohEmIA gELADA - Pão DE AçúCAR

TRAvEssIA ThEoDoRo DE oLIvEIRA X boCA Do mATo

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tarefas, mas nem sempre elas estão disponíveis e, quando isso acontece, é possível um de nós ajudar na sua execução.

Assim, gostaríamos de pedir aos sócios que colaboram com o CNM na gestão das pastas, para passarem a usar o login individual da sua diretoria a partir de 01 de agosto de 2014.

Cada pasta terá seu login, como a tesouraria e a administração do site/clube têm, a saber:

Presidência (e vice-presidência)[email protected][email protected] de [email protected] [email protected] de Meio [email protected]

Cada login tem status de guia e pode abrir e gerenciar atividades. Isso desvincula dos sócios essas ações referentes ao site e às pastas, obedecendo ao critério de descentralização dos cargos sugerido pelas escolas de administração e gestão de processos. Assim, da mesma forma que compartilhamos as ações administrativas frequentes e necessárias para a gestão do Clube como pessoa jurídica que é, as ações de todas as diretorias ganham a mesma importância e, uma vez identificadas e devidamente catalogadas, poderão ser conduzidas e administradas pelas gestões futuras do Clube.

Os diretores receberão as senhas de acesso, que também valerão para email da pasta gerida. Pedimos que os comunicados oficiais dessas pastas também sejam enviados pela conta de email @niteroiense.org.br que foi disponibilizada. Os dados para acesso via Webmail ou POP3/SMTP (via cliente de email como Windows Live Mail, Outlook, Thunderbird, etc) serão fornecidos juntamente com as senhas. Essas senhas estarão catalogadas na base de informações gerais do Clube, depositada na conta Google Drive que o clube mantém há alguns anos.

Acreditamos no impulso e no impacto positivo que essa ação pretende atingir e contamos com a colaboração de todos para seu bom funcionamento e sucesso.

AvIso Aos DIREToREs

novos LoginsPor Leandro Collares

Há algum tempo que existe o debate sobre uma questão que envolve a relação entre os sócios/sócias, a diretoria que eles/elas ocupam e as atividades pertinentes a essa diretoria. O funcionamento é tratado, hoje, como uma atividade aberta pelo sócio responsável por aquela “pasta”, p. ex.: Mutirão de limpeza da Lagoa de Itaipu, aberta pelo sócio que coordena a pasta do Meio Ambiente; Reunião de Guias para debater o quadro de etapas, aberta pela sócia que rege a diretoria técnica de escalada e assim vai...

Muitas vezes pode acontecer que o próprio sócio que abriu a atividade não compareça a ela, tendo feito isso a pedido de algum outro sócio ou diretor para formalizar e oficializar a atividade... é o caso, por exemplo, de reuniões sociais ou outros eventos com perfil técnico que não são necessariamente conduzidos pelo sócio/sócia que assumiu aquela diretoria.

Esse vínculo sócio x pasta x atividade necessitava de organização e alinhamento para que fosse bem transferido para a próxima gestão de diretoria, a ser eleita e empossada no final de 2014. Por esse motivo, depois de conversarmos (Alex, Eny, Collares e Maurinho) e debatermos as possibilidades, viabilidades e inviabilidades técnicas, apresentamos a seguinte proposta:

Cada Diretoria terá seu próprio login, que será independente do login do sócio.

Nessas conversas, procuramos prós e contras de um método de trabalho como esse. Tanto sob o ponto de vista técnico (funcionamento do site) quanto sob o aspecto prático (a relação do sócio com sua pasta) não identificamos fatores desabonadores relevantes e os prós se mostraram ser de boa perspectiva. O login independente permitirá à presidência/vice-presidência agir em função do suporte às atividades oficiais de uma diretoria em caso de qualquer impedimento pessoal daquele diretor. Seja para abrir uma atividade, emitir um comunicado daquela pasta, gerir alguma das tarefas a elas pertinentes, enviar algum relatório de atividade para o site, enfim, coisas semelhantes às que já acontecem hoje com as tarefas da tesouraria ou a ação de liberar um sócio novo na seção de administração, bem como na inclusão da chamada para as reuniões sociais. Temos pessoas designadas para essas

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oLhA qUEm EsTá ChEgAnDo

novos sócios, sejam bem vindos!!!

NOME: Marcos de Oliveira LimaPROFISSÃO: Consultor em Com. Exterior POR QUE O CNM: Porque queria participar de um grupo ligado a montahisto e natureza, e após conhecer alguns participantes em uma reunião social, vi que esse seria o grupo. MENSAGEM: Espero participar de muitas trilhas e montanhase fazer mais amizades dentro do grupo.

NOME: Karine Chaves PROFISSÃO: Administradora

POR QUE O CNM: Novas Aventuras MENSAGEM: Participar desse grupo é um privilégio, estou

super animada com as atividades e preparada para os novos desafios!

NOME: Paulo Roberto Cardoso de Souza JuniorPROFISSÃO: ProfessorPOR QUE O CNM: A escolha se deu após a indicação de um alunoMENSAGEM: Vamos aproveitar o dia e, se possível, fugir da cidade!

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FIqUE DE oLho

novo quadro de EtapasPor Diretoria Técnica

Há aproximadamente 4 anos foi criado o QUADRO DE ETAPAS. Esse foi o modelo de formação de guias escolhidos para o CNM, de acordo com as nossas necessidades e peculiaridades. Foi um excelente trabalho onde pudemos uniformizar o processo de avaliação, bem como acompanhar o desenvolvimento do novo guia, aliando teoria, prática, experiência e segurança.

Sempre pensando no bem estar coletivo, afinal de contas não fazemos atividades sozinhos, resolvemos que era hora de uma atualização. Depois de muita reunião, trocas de e-mails, etc., chegamos ao documento final que encontra-se disponível com a Diretoria Técnica. Em um breve resumo, dividimos os guias do clube em:

- GUIA SOCIAL DE MONTANHA - Guia que está apto a abrir atividades de visitas as sedes de Parques, trilhas de baixa complexidade (Ex: Costão de Itacoatiara e Morro da Urca), mutirões e outras atividades autorizadas pela Diretoria Técnica;

- GUIA DE MONTANHA 1 – CAMINHADA - Guia que está apto a abrir atividades de caminhada que podem conter pequenos lances de transposição que envolvam: técnicas de escalada; equipamentos de proteção, como baudrier, fitas, corda, etc. Nessa modalidade o guia não pode abrir nenhuma atividade de escalada;

- GUIA DE MONTANHA 2 – ESCALADA - Guia que está apto a abrir atividades de escalada que não envolvam: escalada em móvel, conquistas, escaladas em vias de longa duração (D3 ou acima). Só é Guia de Montanha 2, se concluir também, o módulo Guia de Montanha 1.

- GUIA DE MONTANHA 3 – ESCALADA - Guia que está apto a abrir qualquer atividade de escalada, inclusive conquistas, escalada em móvel, vias de longa duração (D3 ou acima), etc. Só é Guia de Montanha 3, se concluir também, o módulo Guia de Montanha 1 e 2.

Por enquanto, as modalidades de CICLISMO, permanecem inalteradas. Esperamos com isso, melhorar ainda mais o processo de formação de guias do clube. Se tiver alguma dúvida, entre em contato com a Diretoria Técnica.

TAR e EmergênciaPor Diretoria Técnica

Pensem na seguinte situação:

Você vai escalar num local onde o celular não pega e as pessoas não costumam frenquentá-lo. Você e o guia já estão no meio da via. O guia, que não é um super herói, sai para a próxima enfiada, já quase no final da corda, uma agarra quebra, ele cai, torce o pé e desloca o ombro.

O que fazer se o telefone não pega?

Se não tem corda para rapelar até a base?

Essa é apenas uma situação das várias possíveis!

Pensando nisso que, periodicamente, oferecemos capacitação na área de emergência. Segue abaixo nosso cronograma de treinamento:

Dias 13 e 14 de setembro

Vantagens para sócio CNM: 50% de desconto no Curso de Emergência Pré Hospitalar que será divulgado em breve.

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pessoas das edições anteriores.

Centro Excursionista Brasileiro, Born To Be Wild, PitBull Aventura, Clube Niteroiense de Montanhismo, Rala Bota, Centro Excursionista Teresopolitano, Trilhando Montanhas e fora a galera que apareceu para conhecer. Foi bonito de ver. Depois da tradicional foto, cada grupo foi se dirigindo para seus objetivos. O CNM aproveitou para fazer a entrega dos diplomas aos formandos do Curso Básico de Escalada.

Alguns foram para o Costão na Face Oeste, outros para a Face Leste. Tinha até cordada no Morro do Telégrafo. Muita gente escalando, caminhando, enfim todos em contato intenso com a natureza.

AConTECEU

Terceira Invasão ao Costão de ItacoatiaraPor Leandro do Carmo

Os ventos sopraram a favor!!!! Era pouco provável que o final de semana fosse de sol. Na previsão do tempo dava chuva para domingo, mas mesmo assim não desistimos. Na sexta-feira, algo me dizia que daria tudo certo. Mantive o evento na certeza que teria tempo bom. Já no sábado a noite, tive o sinal de que não teria erro: o céu estava estrelado. O prenúncio da vitória!!!

Acordei cedo, tinha que chegar para arrumar o stand que o PESET colocaria a nossa disposição. Cheguei em Itacoatiara por volta das 7:30 h da manhã. O dia estava totalmente limpo, uma grande manhã. Aos poucos a galera foi chegando. O local foi enchendo e em pouco tempo já estávamos em número o suficiente para uma passeata!!! Tinha bastante gente e quando nos reunimos para a foto, tive a certeza de que havíamos superado o número de

TAR e EmergênciaPor Diretoria Técnica

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Avisos

REUnIõEs soCIAIs

As reuniões sociais do CNM são realizadas sempre na primeira quinta-feira de cada mês ímpar e na primeira quarta-feira de cada mês par, às 19:30h, em local a ser definido e divulgado.

Os encontros acontecem em clima de total descontração e informalidade, quando os sócios e amigos do CNM aproveitam para colocar a conversa em dia, trocando experiências, relatando excursões e vivências ou, simplesmente, desfrutando a companhia de gente simpática e fraterna.

Periodicamente acontecem reuniões e seminários técnicos com o intuito de possibilitar maiores detalhes e informações atualizadas aos sócios e interessados.

Informem-se sobre os temas das palestras técnicas e reuniões acessando o site:

http://www.niteroiense.org.br

Compareçam e sejam muito bem vindos!!!

EXPEDIEnTE

CNM – CLUBE NITEROIENSE DE MONTANHISMOInício das Atividades em 26 de Março de 2003Fundado em 20 de Novembro de 2004Website: www.niteroiense.org.bre-mail: [email protected]: 98621-5631(Alex Figueiredo)

Presidente: Alex de Faria FigueiredoVice: Eny Hertz Bittencourt Tesoureiro: Leandro Guimarães Collares

Conselho FiscalEfetivosAdriano de Souza Abelaria Paz; Alan Renê Marra Junior; Neuza Maria Ebecken de Araújo; Suplente: Mariana Silva Abunahman

Diretoria TécnicaCaminhada - Alex FigueiredoEscalada - Eny Hertz; Leandro do Carmo; Ary Carlos; Carlos PenedoCiclismo - Adriano Paz

Diretoria Social - Andrea Vivas

Diretoria Ambiental - Neuza EbeckenCoordenador Ambiental - Marcelo Sá

Representante do CNM no PESETAlex Figueiredo e Eny Hertz

Informativo Nº 26: As matérias aqui publicadas não representam necessariamente a posição oficial do Clube Niteroiense de Montanhismo. Ressaltamos que o boletim é um espaço aberto a todos aqueles que queiram contribuir. Envie sua matéria para [email protected]. Participe!!!

AnIvERsARIAnTEs

A todos muita saúde e felicidade!

Vinícius Araújo 10/agoCarlos Penedo 12/agoStephanie Maia 05/setMarcelo Sá 09/setLuiz Alexandre 11/setLuiz Coelho 12/setAlessandra Neves 15/setAdriana Engelbart 11/outMariana Abunahman 21/out

Edição e Diagramação:- Leandro Collares- Leandro do Carmo

Revisão Ortográfica:Vinícius Araújo

Adriano Paz - C TAlan Marra - C E TAlessandra Neves - C E TAlex Figueiredo - TAndrea Rezede - C TAry Carlos - E TCarlos Penedo - E TDiogo Grumser - TEny Hertz - E T

Leandro do Carmo - E TLeandro Collares - E TLeandro Pestana - C E TLeonardo Carmo - TLuiz Alexandre - EMauro de Mello - E TNeuza Ebecken - TVinicius Ribeiro - C

CoRPo DE gUIAs

ImPoRTAnTE!

A Presidência do CNM é soberana em qualquer assunto relacionado com o CNM e seus associados.

A Diretoria Técnica é soberana em qualquer assunto técnico relacionado aos associados e aos guias do CNM.

E - ESCALADAT - TRILHASC - CICLISMO