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E os brasileiros, de um modogeral, são pessoas felizes?
Idosos são mais otimistas% dos que vêem os brasileiros comopessoas felizes
22 25 27 3137
16 a 24anos
25 a 34anos
35 a 44anos
45 a 59anos
60 anosou mais
Eleitor de Lula vê maisfelicidade na populaçãoConsidera os brasileiros felizes,por intenção de voto, em %
3223 23
17
Lula Alckmin Heloísa Branco/ nulo/nenhum
19-20dez1996
4-5set
2006
56
2318
55%Mais oumenos feliz
28%Feliz
13%Infeliz
Maioria da população se considera feliz, masnão pensa o mesmo sobre compatriotas
Obs.: pesquisa registrada no TSE com o número 15.747/2006 Fonte: Datafolha
A FELICIDADE DO BRASILEIRO
Você se considerauma pessoa feliz?
ÍNDICE NÃO MUDA COM O CANDIDATO À PRESIDÊNCIAPessoas que se dizem felizes, de acordo com a intenção de voto, em %
80% dos que avaliam o governoLula como ótimo ou bom dizem-se felizes; entre os que considerama gestão ruim ou péssima, 72%declaram-se felizes
78% 77% 75% 73%Heloísa Lula Alckmin Branco/nulo/
nenhum
Evangélico pentecostalCatólicoEspírita/kardecista/espiritualistaEvangélico não-pentecostalOutra religiãoNão tem religião
Evangélicos pentecostais dizem-semais contentes% dos que se declaram felizes
837676767867
Alegria sobecom a renda
6376
3222
4 2
Até 10 s.m. 10 a 20 s.m. + de 20 s.m.
6987
2912
2 0
7187
2812
1 1
Fundamental Médio Superior
Escolaridadeeleva a felicidade
67 75
29 22
4 2
6076
3823
2 1
6986
2813
3 1
Masculino Feminino
Aumenta felicidadeentre as mulheres
6978
28 20
3 1
6275
3423
4 2
Idosos continuam os mais contentes16 a 24 anos 25 a 34 anos 35 a 44 anos 45 a 59 anos + de 60 anos
6177
3622
2 0
6577
31 22
3 1
6573
32 25
3 2
6676
30 21
4 3
75 80
20 185 2
Resposta estimulada e única, em %
19-20dez1996
4-5set
2006
22%Mais oumenos feliz
76%Feliz
2%Infeliz
65
3
31
COMO A POPULAÇÃO É VISTA
C4 cotidiano DOMINGO, 10 DE SETEMBRODE 2006 ef
Mulherseigualaaohomemnafelicidade75%delasdeclararamser felizes, ante78%deles, dentrodamargemdeerro; em1996, “vantagem”masculinaerade7pontos
BrunoMiranda/Folha Imagem
................................................................................................DAREPORTAGEMLOCALCOLABORAÇÃOPARAAFOLHA
Atenção, feministas! Enfim,homens emulheres igualaram-se nas taxas de felicidade —aomenos as auto-proclamadas.Se, há dez anos, a taxa dos ho-mens que se diziam “felizes”erade69%,setepontospercen-tuais a mais do que a das mu-lheres (62%), hoje, 75% dasbrasileiras se dizem “felizes”,contra 78% no caso dos brasi-leiros.Éumasituaçãodeempa-te técnico, já que a margem deerro para o total da amostra éde dois pontos percentuais, pa-ramaisouparamenos.“Gosto da vida, dos meus
amigos. Fazer compras tam-bém deixa a gente feliz. É umaterapia”, diz a vendedora Julia-na Aparecida Teixeira, 21. “Meconsidero feliz. Sou indepen-dente, trabalhoe praticoespor-tes”, diz Rosane Oliveira, 37,engenheira química. “Sou feliz.Vivo bons momentos, tenhouma família, saúde, amo meucachorro, gosto de rir, tomarchope”, diz Letícia Bonacorso,25,comerciante.Emancipaçãofeminina?Segundo a psicóloga Rosely
Sayão, é preciso “cuidado” nainterpretação da pesquisa e dasrespostas das mulheres. “Exis-te atualmente uma cultura quepraticamente tornou compul-sórioser feliz”.Rosely cita o sem-número de
receitas da felicidade que po-demser lidasnaspáginasde re-vistas femininas e em livros deauto-ajuda (também com focono mulherio). “Parece que feli-cidadesódependedequerer.”“E,noentanto,oquemaisve-
jo são mulheres que trabalhamsentindo-se culpadas por nãoconseguir acompanhar 100%da vida dos filhos; ou que estãoinfelizes com o corpo ou com aidade; ou ainda mulheres quesó se sentem realizadas na con-dição de consumidoras”, lem-bra Rosely. “É difícil acreditarna sinceridade de tantas decla-rações de felicidade”, diz ela,que se diz “mais ou menos fe-liz”: “Algumas vezes ao dia soufeliz,outrasnão.”Entre a pesquisa de 1996 e a
de 2006, há o fenômeno damassificaçãodousodaschama-das “drogas do bem-estar”, en-tre as quais se contam antide-pressivoscomooProzac.Segundo a psiquiatra Helena
Maria Calil, da UniversidadeFederal de São Paulo, que sedeclara “mais ou menos feliz”(“Às vezes sou feliz, às vezes,não”), vende-se a ilusão de queantidepressivos como o Prozacsejam“drogasdafelicidade”.Embora usadas por homens
e mulheres, sabe-se que são asúltimas asmaiores consumido-ras de antidepressivos, hoje re-ceitados tanto pormédicos “deregime” —nutrólogos e endo-crinologistas, entre outros—quanto por ginecologistas,além, é claro, dos próprios psi-quiatras. Como sintoma da ex-plosão medicamentosa, em2001, foramvendidosnoBrasil,16milhões de caixas do Prozac,34%amaisdoqueem1995.
EvangélicosUma outra explosão aconte-
ceu nesse período. “A explosãodo Evangelho no Brasil é certa-mente uma explicação para ocrescimento do índice de pes-soas felizes” —neste caso, ho-mens e mulheres. O diagnósti-co é do pastor Rinaldo Luiz deSeixasPereira, 34, da IgrejaBo-la de Neve, uma dentre as cen-tenas de denominações evan-gélicasexistentesnopaís.Entre o povo de Deus (como
gostam de ser identificados osevangélicos pentecostais), o ín-dice dos que se dizem “felizes”é de 83%. São sete pontos per-centuais a mais do que o índicede “felizes” existente entre oscatólicos, os evangélicos não-pentecostais ouos espíritas, ca-da um com 76% de “felizes”. Opovo sem-religião é o comme-nor índice de “felizes”: 67%, ou16 pontos menos do que osevangélicospentecostais.“Se Deus é por nós, quem se-
rá contra nós?”, diz um adesivodecarromuitopopular entreosevangélicos. Segundo o pastorRinaldo, o conceito de felicida-de dos evangélicos é diferente—“émenosmaterialista”.“Para nós, mais importante
do que multas de trânsito, pro-blemasconjugaisoudesempre-go, é estar em contato comDeus. Isso é a felicidade.” Essafelicidade viceja principalmen-te nas periferias das grandes ci-dades, onde 20% dos morado-res jásãoevangélicos.
Tabelasdapesquisa indicamqueafelicidadecrescecomarenda, comaescolaridadeecomaidade;evangélicopentecostaléomaisalegre
FOTO3.033.00
Soufelizporterumempregoestável,nuncativedificuldadesfinanceirasCÉSART.FILHO,63bancário, temrendadeR$10mil
QuemquerserfelizéPEDRODIASCERQUEIRA,76aposentado, católico, é casadohá36anoscomMariaFerreiraCruzCerqueira, 69
Nãosou100%feliz.Masdormirbem,trabalhar,namorar,comprarsãocoisasquemedeixamfeliz.TPMmedeixainfeliz.Massoumaisfelizquehádezanos.Amaturidadefazvocêrevererroseacertos,souumapessoamelhorCRISTINAGOULART,30psicóloga, semreligião,ganhaR$2.000
Soufeliz,nemseioporquê.VimdaParaíbaparatrabalhartrêsmesesseguidos,soufelizquandodescansoERIVANTEODÓSIODELIMA,21ajudantedeobras
Famíliaéomaisimportante,saúdetambémémotivodefelicidade.DinheironãotrazfelicidadeMORGANACAYRES,31empresária, temrendadeR$6.000
Soufelizesouevangélico.ReligiãometrazfelicidadeealegriaLIVALDOBENDITOMEDEIROS,56autônomo,umsaláriomínimomensal
Nãosoufeliz.Nãotenhonada,né?Minhamãesumiu,moronarua.SeeutivessecasaseriamaisfelizIVANALVIS,25engraxate,nível fundamental,R$40/mês
Orra,comcerteza.Soufelizcommeutrabalho,conquistas,conseguirdinheiroparapassearcomanamorada.Paraterfelicidadetemdetertristeza.Odia-a-diaemcasaéduro,maséavidaWESLEYBATISTADESOUZA,17sorveteiro,moranoCapãoRedondo,bairropobredazonasuldeSãoPaulo
Precisaestarbememocionalmente.Hojesoumaisfelizdoquehádezanos,meorgulhodoquefiznotrabalhoEDUARDOSUPPES,30estilista, rendadeR$15milaR$25mil
Temdeserfelizemmeioaosinfelizes.Soupalhaço,mastomocuidadopranãomedistanciardarealidade.Hádezanosestavanailusão,eramaisfelizGUILHERMEFOLCO,27artista, palhaço,R$1.500de renda
Soufeliz,tenhominhafilha,deseismesesYARAVOLPATO,23vendedora
Soufelizemparte.GraçasaDeustenhosaúde,esposaeumfilhopranascer.Ainjustiçanomundomedeixainfeliz,aminoriaéfelizJOSÉANTONIOLUISLOPES,46pedreiro, doissaláriosmínimospormês,écasadocomMichelli C. dosSantos,21
Jovem dá gargalhada durante encontro com amigos na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo
comentário comentárioReligioso seguea sua ideologianas respostas
Mais livres,mulheres têmtodoomérito
.................................................................................RUBEMALVESCOLUNISTADAFOLHA
É preciso não acreditarnos números da pesquisa.Pessoas religiosas respon-dem segundo aquilo que aideologia religiosa os obri-gaadizer.Perdão,Fernan-do Pessoa, pelo que fareicom teus versos: “O reli-gioso é um fingidor. Fingetão completamente quechega a fingir que é gozo adorquedeverassente...”.A religião dos pentecos-
tais e evangélicos prometefelicidade. Cristo dá paz aquem o tem no coração eresolve pelo milagre (bên-ção!) seus problemas. Se ofiel se disser infeliz, ou suareligião é falsa, não cum-pre o que promete, ou elenãotemCristonocoração.A ideologia católica per-
mite dizer-se infeliz pois omundo émesmo um “valede lágrimas”.Felicidadesóno céu. Para protestantes,um hino diz: “Não há dorquesejasemdivino fim”.Aideologia espírita vê sofri-mento como instrumentodo karma para a evolução.“Bendita a dor queme pu-rifica a alma”, dizia a espí-rita no sofrimento do cân-cer. Já o sem-religião, semamarras ideológicas, estálivre para chamar infelici-dadede infelicidade.
.................................................................................DANUZALEÃOCOLUNISTADAFOLHA
É justo que as mulheressejam hoje tão felizesquantooshomens; e omé-rito,modéstia àparte, é to-donosso.O que aconteceu nos
últimos dez anos? É sim-ples: ficamos mais livrese mais donas dos nossosnarizes.Houve um tempo em
que a felicidade supremaera encontrar um homemecasar.Hoje, muitas mulheres
não querem nem ouvirfalar em fundar um lar esabem que não precisamde um homem —necessa-riamente— para seremfelizes (mas que é bom, láissoé).Não há rigorosamente
nada que um homem pos-sa fazer e umamulher nãopossa, eaindapodemosterfilhos na hora que quiser-mos —e nesse quesito, pe-lo menos, eles dependemdenós.Ficamos felizes com o
resultadodapesquisa,masnão fazemos nenhumaquestão de ganhar essacorrida.Omelhor resultado des-
se campeonato será, sem-pre,oempate.