CADA DENTE EM SEU DEVIDO LUGAR... Não é só a questão estética que leva mamães e papais a se preocuparem com os dentinhos tortos ou fora do lugar dos filhotes. Muitas vezes a posição inadequada dos dentes e da arcada chegam a alterar o equilíbrio das funções da boca, como, por exemplo, a respiração, sucção, deglutição, mastigação e até mesmo a fala, sem contar a harmonia estética.

Especialidade que diagnostica, previne, controla e trata os problemas que afetam bases ósseas maxilares, a Ortopedia Funcional dos Maxilares (OFM) é recente no Brasil. Apesar de aplicada em toda a Europa há muitas décadas, só em setembro do ano passado a nova especialidade foi reconhecida no Brasil pelo Conselho Federal de Odontologia. Com isso, um grupo de profissionais que há muito estudava e praticava essa nova ciência passa a oferecer o tratamento no país.

"O que fazemos é atuar sobre os dentes e arcadas dentárias (pode ser por acréscimo ou decréscimo!!!) modificando a sua interferência, (ou a maneira como interferem) sobre o sistema neuromuscular, o qual comanda o desenvolvimento ósseo dos maxilares", explica a odontopediatra e ortopedista dos maxilares Patricia Moquillaza da Rocha. Através do uso de sistemas de ancoragem ou de aparelhos, quando necessário, a atuação do profissional permite ao paciente a aquisição de novos reflexos posturais e condiciona uma dinâmica mandibular diferente para manter a harmonia e obter eficiência mastigatória, explica a Dra Patrícia.

Hábitos e genética

Aluna do reconhecido especialista espanhol Dr Pedro Planas, a Dra Patricia pratica a ortopedia funcional dos maxilares há cerca de 10 anos. Ela observa que a OFM pode colaborar para a prevenção dos problemas de ordem funcional logo após o nascimento da criança, através da estimulação das funções de sucção, respiração e deglutição. Por isso, é tão enfatizada a importância do aleitamento materno, se for possível, sem acréscimo de nenhum outro alimento até os 6m de idade.

Para o crescimento harmonioso dos músculos e ossos e, depois, das arcadas dentárias, é de fundamental importância oferecer à criança, após os seis meses de idade, uma alimentação rica em fibras, o que estimula a mastigação, complementa a especialista.

As funções de respiração e sucção quando realizadas de forma incorreta acarretam prejuízo para o crescimento e desenvolvimento dos maxilares, embora alterações genéticas ou acidentes também possam causar

desequilíbrios. Dra Patrícia lembra que hábitos de sucção que incluem chupetas e mamadeiras podem provocar alteração no crescimento das arcadas dentárias, (deixando as crianças com aspecto de "dentucinhas") levando à falta de espaço para alguns dentes, má posição, mordida aberta ou cruzada. Os casos que já apresentam problemas, são indicados para receber a interferência efetivamente clínica da nova especialidade. Não existe uma faixa etária definida para a realização do tratamento, diz Dra Patrícia, assinalando que o melhor momento para fazê-lo é quando a criança ainda não iniciou a substituição dos dentes de leite pelos definitivos. Os pacientes atendidos por ela têm idades entre um ano e mais de sessenta. "Mas esse trabalho é dirigido prioritariamente a crianças e adolescentes."

Pistas ou massinhas

Depois de uma avaliação do paciente e de um rigoroso questionário respondido pelos pais (que inclui informações sobre a gestação, genética familiar e histórico de vida da criança), a especialista baseia-se numa série de exames, entre eles radiografias , para definir e iniciar o tratamento. Nos baixinhos com dentes de leite - momento ideal para prevenir problemas - a ortopedia funcional dos maxilares é feita através da colocação de pistas de resina adicionadas sobre os dentes, as chamadas "massinhas". Ajustadas, elas irão modificar a dinâmica mandibular, redirecionando o desenvolvimento das arcadas para uma situação mais harmônica, e trará dentro de algum tempo o equilíbrio estético e funcional dos dentes. "E, o mais importante, preparar uma base saudável para os dentes definitivos", observa Dra Patrícia. Nas crianças que já iniciaram a troca de dentes, o procedimento indicado pode ser acrescido da utilização de aparelhos.

O tratamento também aplica-se a adultos, lembra Dra Patrícia, mas os resultados são seguramente mais efetivos e estáveis quando os cuidados são precoces, especialmente nos baixinhos em fase de crescimento.

Você sabia que...

...Os incas, mesmo sem dominar o conhecimento científico, já utilizavam, em 1.600, princípios da ortopedia para realizar cirurgias.

...As mulheres-girafa, na Tailândia, valem-se dos princípios da ortopedia através dos anéis que usam para esticar o pescoço.

.....no Japão secular, as mulheres amarravam seus pés desde pequenas para ficarem mais belas, mas na verdade não impediam o crescimento e sim o direcionavam e interrompiam, de modo que o peito do pé ficava alto e arqueado.