carlos gabriel priscila facco de melo luciana michelotto

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XXII Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétri SENDI 2016 - 07 a 10 de novembro Curitiba - PR - Brasil Priscila Facco de Melo Carlos Gabriel Bianchin Luciana Michelotto Iantorno Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento [email protected] [email protected] [email protected] Felipe Heuer Emerson Luis Alberti Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento [email protected] [email protected] Avaliação e Instalação de Sistema Híbrido Eólico-Solar de Pequeno Porte na Barragem de uma Usina Hidroelétrica Palavras-chave Energia Eólica Energia Solar Microinversor PLC G3 Sistema Híbrido Resumo Este trabalho apresenta a avaliação e instalação de um conjunto de geração híbrida de pequeno porte na barragem de uma usina hidroelétrica. O conjunto de geração é composto por aerogeradores de pequeno porte e painéis solares. Inicialmente foi feito um levantamento das condições de vento e irradiação solar e em seguida uma pesquisa entre os equipamentos que se encaixavam nessas condições. Com o equipamento definido, foi iniciado o desenvolvimento dos circuitos eletrônicos necessários para conectar o sistema híbrido à rede elétrica de 34,5 kV: um circuito para converter a energia proveniente das duas fontes em um único barramento, aqui chamado de condicionador de potência; e um microinversor provido de PLC G3, responsável pela comunicação entre os n microinversores conectados a mesma rede, aprimorando a questão da proteção e desconexão do 1/12

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Page 1: Carlos Gabriel Priscila Facco de Melo Luciana Michelotto

XXII Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica

SENDI 2016 - 07 a 10 de novembro

Curitiba - PR - Brasil

Priscila Facco de MeloCarlos Gabriel

BianchinLuciana Michelotto Iantorno

Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento

Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento

Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento

[email protected] [email protected] [email protected]

Felipe Heuer Emerson Luis Alberti

Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento

[email protected] [email protected]

Avaliação e Instalação de Sistema Híbrido Eólico-Solar de Pequeno Porte na Barragem de uma Usina

Hidroelétrica

Palavras-chave

Energia Eólica

Energia Solar

Microinversor

PLC G3

Sistema Híbrido

Resumo

Este trabalho apresenta a avaliação e instalação de um conjunto de geração híbrida de pequeno porte na

barragem de uma usina hidroelétrica. O conjunto de geração é composto por aerogeradores de pequeno porte e

painéis solares. Inicialmente foi feito um levantamento das condições de vento e irradiação solar e em seguida

uma pesquisa entre os equipamentos que se encaixavam nessas condições. Com o equipamento definido, foi

iniciado o desenvolvimento dos circuitos eletrônicos necessários para conectar o sistema híbrido à rede elétrica

de 34,5 kV: um circuito para converter a energia proveniente das duas fontes em um único barramento, aqui

chamado de condicionador de potência; e um microinversor provido de PLC G3, responsável pela comunicação

entre os n microinversores conectados a mesma rede, aprimorando a questão da proteção e desconexão do

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sistema híbrido. O projeto está em andamento, logo seus resultados seguem até o ponto em que se encontra.

Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico do Setor de

Energia Elétrica regulado pela ANEEL, em conjunto com a Elejor S.A.

1. Introdução

O crescimento da demanda de energia elétrica combinado ao esgotamento da capacidade das fontes usuais de energia

alavancou um grande avanço tecnológico em formas alternativas de geração de energia. Além disso, há questões

ambientais que impulsionaram o desenvolvimento de fontes renováveis, tais como a geração eólica e a fotovoltaica.

O governo e as concessionárias têm incentivado este tipo de geração e, além das usinas de grande porte, está

ocorrendo investimento em geradores de pequeno porte, que podem ser associados ao conceito de geração distribuída.

O governo brasileiro, através da Agência Nacional de energia Elétrica (ANEEL), editou a resolução 482, a qual

regulamenta o mercado de microgeração conectada à rede de energia elétrica, constituindo o maior incentivo a este

mercado no Brasil.

O Ministério de Minas e Energia está desenvolvendo estudo para identificação do potencial do mercado brasileiro para

energia eólica de pequeno porte, através do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel). Em artigo [1] apresentado

na Conferência Brazil Windpower de 2013, as primeiras etapas desse estudo são apresentadas.

Segundo [2], até o final de 2012, um total de ao menos 806.000 aerogeradores de pequeno porte foram instalados no

mundo, existindo um crescimento de 10% em comparação ao ano anterior. Ainda segundo [2], o crescimento aconteceu

em três países: China, Estados Unidos e Reino Unido. No Brasil, o mercado de geradores de pequeno porte ainda é

incipiente e composto apenas por casos pontuais, mas ações estão sendo tomadas para o incentivo e utilização dessa

tecnologia.

Em 2012, a Eletrobrás e o Cepel, em conjunto com o Departamento de Energia dos EUA (DOE) e com o Ministério de

Minas e Energia, patrocinaram um workshop de Geração Eólica Distribuída, explorando as principais questões

regulatórias, financeiras e institucionais relacionadas ao desenvolvimento do mercado brasileiro para a geração eólica de

pequeno porte [1].

Há áreas onde mais de uma fonte renovável se destaca, podendo as mesmas, dependendo da aplicação, serem

combinadas em um único sistema, o que, em muitos casos, mostra-se atrativo economicamente, além de mais confiável

e flexível. Essa combinação introduz a definição de sistema híbrido, que é aquele que utiliza mais de uma fonte de

energia, o qual, dependendo da disponibilidade de recursos, deve gerar e distribuir energia elétrica, de forma otimizada e

com custos mínimos a uma determinada carga ou rede elétrica, isolada ou conectada a outras rede [3]. Como uma fonte

pode suprir a falta temporária da outra, esse tipo de sistema tem capacidade de operar com menor risco de interrupção.

Um dos sistemas híbridos que vem sendo bastante estudado é o sistema híbrido solar-eólico (como, por exemplo, em

[4], [5], [6], [7] e [8]) devido principalmente a sua complementariedade ([9] e [10]), ou seja, quando ocorre a redução na

produção de uma fonte a outra complementa, mantendo o patamar de energia gerado. Além disso, na grande maioria

dos casos o sistema híbrido solar-eólico ocupa o mesmo espaço que ocuparia se fosse singelo, de forma que há uma

maior produção de energia no mesmo espaço ocupado.

O presente projeto possui o objetivo de instalar módulos de geração híbrida eólica-solar na barragem de uma usina

hidroelétrica, local que possui potencial para microgeração e, atualmente, não é utilizado. Os módulos devem ser

compostos por aerogeradores de pequeno porte e por painéis fotovoltaicos e o sistema deverá ser conectado a rede

elétrica de 34,5 kV. Para tanto, é previsto no projeto o desenvolvimento dos equipamentos eletrônicos (condicionadores

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de energia e inversores).

Este artigo está organizado como segue: no desenvolvimento, na seção 2.1. é apresentada a escolha do local de

instalação, o levantamento e análise dos dados meteorológicos do mesmo; na seção 2.2. é apresentada a pesquisa

entre os equipamentos de diferentes fabricantes e a escolha do equipamento a ser utilizado no projeto; a seção 2.3.

apresenta a definição do sistema a ser instalado e os circuitos eletrônicos necessários para a conexão do mesmo à rede

elétrica; a seção 2.4 mostra o circuito do condicionador de potência e seus resultados; na seção 2.5 são mostrados o

desenvolvimento inicial do microinversor e os testes realizados com o PLC G3; na conclusão são discutidos os

resultados e benefícios obtidos.

 

2. Desenvolvimento

2.1. Local de Instalação

O local escolhido para a instalação do projeto foi a barragem da usina hidroelétrica de Santa Clara, localizada no

município de Candói, no estado do Paraná. A Figura 1apresenta o local da futura instalação dos módulos híbridos.

Figura 1 - Barragem da Usina de Santa Clara

Para a correta escolha dos equipamentos, inicialmente foi realizado um levantamento das condições de vento e

irradiância solar no local de instalação do projeto. A Elejor mantem uma estação meteorológica no local da instalação do

projeto; dessa forma foram recolhidos e analisados dados de quatro anos retroativos (do início de 2010 ao início de

2014). A análise da irradiância (W/m²) e da velocidade média do vento (m/s) são os dois parâmetros mais importantes

para o projeto, mas além deles também foram analisados outros dados, como a direção do vento e a velocidade da

rajada de vento. Devido a grande quantidade, os dados foram divididos e analisados trimestralmente, seguindo a

variação das estações do ano. Foram então realizadas médias, a fim de se definir uma tendência comportamental. 

A média da velocidade do vento (m/s) é um dos parâmetros com maior importância, visto que é proporcional a energia

elétrica gerada pelo aerogerador. Além disso, a especificação do mesmo deve ser condizente com esse dado,

apresentado na Figura 2. Pode-se notar que no primeiro e segundo trimestre os valores de velocidade média do vento

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variam entre 2 e 3 m/s. No terceiro e quarto trimestre esse valor fica entre 2,5 e 3,5 m/s.

Figura 2 – Médias trimestrais da velocidade média do vento (2010 a 2013).

Os gráficos da Figura 3 apresentam as médias da irradiância dos anos de 2010 a 2013, por trimestre. Como se pode

observar, o primeiro e o quarto trimestre são os que apresentam maior irradiância (700 W/m² e 800 W/m²,

respectivamente). Também são os períodos em que a curva é mais larga, isto é, são os períodos onde o dia é mais

longo, resultando em um maior tempo de irradiância durante o dia. O segundo trimestre é o que apresenta os piores

índices de irradiância, com valores máximos de 500 W/m², seguido pelo terceiro trimestre, com valores de 600 W/m².

Figura 3 – Média trimestrais da radiância solar (2010 a 2013).

2.2. Pesquisa dos Fabricantes

A partir dos dados meteorológicos, principalmente o de velocidade de vento, que limita a escolha do aerogerador a ser

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utilizado no projeto, foi iniciada pesquisa de fabricantes e de seus produtos. Foi avaliado o custo versus a potência, o

método e a facilidade de instalação e as especificações em geral do equipamento.

Entre essas especificações, existem algumas definições de velocidade que são importantes serem conhecidas, já que as

mesmas possibilitam estimar o bom funcionamento do aerogerador nas condições de vento do local de instalação do

projeto. Essas definições são:

- start-up speed: é a velocidade na qual o aerogerador começa a girar;

- cut-in speed: é a mínima velocidade de vento na qual a turbina eólica irá gerar potência;

- rated speed: é a velocidade mínima de vento na qual a turbina eólica irá gerar a sua potência nominal;

- cut-out speed: é a velocidade em que a turbina eólica cessa a geração de potência e “desliga”. Também é chamada de

furling speed. Apresentar uma velocidade de cut-out é uma característica que protege a turbina de danos e o

desligamento pode ser feito de várias formas diferentes.

- survival speed: é a velocidade máxima de vento que a turbina eólica foi projetada mecanicamente para suportar com

segurança.

Entre os fabricantes de aerogeradores de pequeno porte pesquisados, a Enersud, que é uma empresa brasileira,

apresenta dois aerogeradores, o GERAR 246, que é um microgerador eólico de eixo horizontal convencional, capaz de

gerar uma potência de até 1000 W a uma velocidade de 12,5 m/s; e o RAZEC 266, que é um aerogerador de eixo

vertical do tipo Darrieus, capaz de produzir 1500 W a 12 m/s. A Figura 4 mostra as turbinas eólicas da Enersud.

Figura 4 - Aerogeradores GERAR 246 e RAZEC 266 (direita), da Enersud.

A Venger Wind é outro fabricante encontrado e possui escritório nos Estados Unidos. Um dos modelos de aerogerador é

o V300, que é uma turbina Darrieus, que produz 300 W a 14 m/s, tendo velocidade de cut-in de 3,5 m/s. Outro de seus

modelos é a V1 uma turbina Savonius, com potência de 2 kW a cerca de 18 m/s e com velocidade de cut-in de 4 m/s.

Ambas podem ser visualizadas na Figura 5.

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Figura 5 - Aerogeradores V300 (esquerda) e V1 (direita), da Venger Wind.

A Helix Wind é americana e possui a turbina S322, do tipo Savonius de 2 kW, com velocidade de cut-in é de 5m/s. A

Aelos é uma empresa chinesa e conta com a turbina Aelos - V 300 que é do tipo Darrieus. Tem potência nominal de 300

W a 10 m/s e já conta com painéis solares integrados. a turbina Hoji! é do tipo Darrieus, com velocidade de cut-in de 2,5

m/s e 200 W de potência nominal, é fabricada pela UGE (Urban Green Energy). Elas podem ser visualizadas na Figura 6.

Figura 6 - Turbina S322, da Helix Wind (esquerda) e turbina V-300, da Aelos (centro) e turbina Hoji!, da UGE (direita).

A WindStream é americana e conta com turbinas do tipo Savonius já com painéis solares integrados. Entre os produtos,

há o SM1-1P e o SM2-3P (Figura 7), de 390 W e 1000 W, respectivamente. Ambos apresentam velocidade de cut-in de

2 m/s.

Figura 7 - Aerogeradores SM1-1P (esquerda) e SM2-3P (direita).

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A característica essencial para se escolher os modelos de aerogeradores é a velocidade cut-in, que é a velocidade na

qual o aerogerador começa a gerar potência. Com o levantamento dos dados pode-se notar que há momentos do dia

que a velocidade média do vento fica em 2 m/s, chegando ao máximo de 3,5 m/s.

Analisando as várias turbinas eólicas pesquisadas, apenas os modelos da WindStream, da WindKinetic e da Turbina

Energy AG tem a velocidade de cut-in em valores compatíveis com o valores apresentados no local de instalação do

projeto. Na comparação, os aerogeradores da WindStream tem clara vantagem: eles são superiores ao se comparar os

gráficos de potência, possuem uma forma de instalação fácil, além de já contarem com os painéis solares integrados em

uma única estrutura. Além disso, a WindStream se mostrou mais aberta a esclarecer dúvidas técnicas e enviar materiais

necessários para a pesquisa. Dessa forma, foi feita a escolha da WindStream, tendo que ser definida apenas qual dos

dois modelos deverá ser utilizado.

Assim, foi realizado um pedido de orçamento para a fabricante WindStream de cada um dos modelos. A partir disso, foi

feita uma análise do custo anualizado dos equipamentos versus a potência produzida por cada um deles, de acordo com

os valores repassados pela WindStream e os dados de velocidade média do vento e da irradiância solar no local da

instalação do projeto. A Tabela 1 apresenta os dados nominais dos módulos SM1-1P e SM2-3P (o dólar foi considerado

no valor de R$2,60). O custo anualizado foi calculado considerando um fator de recuperação do capital com uma taxa de

investimento de 8% ao ano e a uma vida útil de 20 anos para ambos os equipamentos, fornecida pelo fabricante [11].

Tabela 1 - Potências nominais e custos dos dois módulos da WindStream.

Com os valores de radiância média e de velocidade média anual, calculados através dos dados apresentados

anteriormente, é possível fazer uma estimativa grosseira de quanto cada módulo irá produzir por ano. Foi considerada

uma radiância média anual de 410 W/m², realizando uma média simples dos valores entre o período das 07 até às 18

horas. Para a velocidade média do vento foi considerado o valor de 2,5 m/s. Como não foi possível obter a curva de

potência do aerogerador, estipulou-se que o módulo SM1-1P produz 50 W e o SM2-3P gera 100 W para essa velocidade

de vento, cerca de 35% da potência nominal. Considerando os valores descritos acima, a energia gerada por cada

módulo e o custo dessa energia pode ser calculada. Esses valores são apresentados na Tabela 2.

Tabela 2- Produção de energia por módulo e valor do kWh.

De acordo com a análise, o módulo SM2-3P tem um melhor custo benefício e foi o escolhido para ser utilizado no projeto

em questão.

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2.3. Definição do Sistema de Conexão à rede elétrica

A instalação dos módulos híbridos na barragem da UHE de Santa Clara foi realizada, foram instalados ao total seis

módulos SM2-3P da Windstream, como pode ser visto na Figura 8.

Figura 8 – Módulos Híbridos instalados na barragem da UHE de Santa Clara.

O esquema simplificado do sistema híbrido a ser instalado no projeto, levando em consideração as características

técnicas do equipamento escolhido, é apresentado na Figura 9.

Figura 9 – Sistema simplificado do projeto.

Os circuitos eletrônicos consistem basicamente no condicionador de potência e no microinversor. O condicionador de

potência é responsável pelo processamento da energia proveniente dos painéis solares e dos aerogeradores, de forma a

se alcançar o ponto de operação de máxima potência e entregar um barramento DC proveniente das duas fontes de

energia, controlado e com o nível de tensão adequado para o microinversor.

O microinversor deve inverter a tensão do barramento DC para um valor AC com frequência e tensão nominal igual a

rede na qual será conectado. Além disso, ele deve controlar o sincronismo com essa rede e toda a proteção para o

sistema. Neste projeto, os n microinversores, dos n módulos híbridos instalados, devem se comunicar para realizar essa

proteção. Essa comunicação foi pensada utilizando uma nova tecnologia disponível no mercado, o PLC-G3. De forma

geral, o diagrama em blocos do sistema híbrido proposto é apresentado na Figura 10.

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Figura 10 – Diagrama em blocos do sistema de geração híbrido.

Cada um dos módulos híbridos contará com três condicionadores de energia e, consequentemente, três inversores.

Cada condicionador de energia processará a energia de um painel solar e de duas turbinas eólicas. Como temos um

total de seis módulos híbridos, teremos ao total, dezoito condicionadores de energia e dezoito inversores, que se

comunicarão através da rede com o protocolo PLC G3. Os módulos serão distribuídos entre as três fases, para

desequilibrar o mínimo possível o sistema elétrico - dois módulos em cada fase - e serão conectados ao sistema de 34,5

kV através de um transformador elevador.

 

2.4. Condicionador de Potência

O condicionador de potência é um circuito eletrônico que tem como objetivo integrar as duas fontes de energia – eólica e

solar – e otimizar o seu funcionamento. Suas principais funções são: adequar o nível da tensão disponibilizada pelo

painel solar ( ~30 V) e pelo aerogerador (tensão AC trifásica) para um nível de tensão a ser utilizado pelo inversor (225

V); otimizar o processamento da potência elétrica gerada pelo painel – de forma que ele esteja sempre operando

próximo ao ponto de máxima potência – e, no caso do presente projeto, integrar a geração solar à geração eólica em um

único barramento de tensão, o qual será usado pelo inversor que será conectado à rede elétrica.

Além de disponibilizar uma tensão de saída estável proveniente de duas entradas instáveis, o condicionador de potência

tem como característica a execução de um algoritmo de otimização para a entrega da potência elétrica proveniente das

duas fontes de geração. O ponto de máxima potência, ou MPPT, do inglês Maximum Power Point Tracking, é

caracterizado pela condição de operação da fonte de energia em que é possível extrair a máxima potência da mesma.

O condicionador de potência projetado utilizou um conversor boost para cada entrada de energia, dimensionado de

acordo com a potência de cada fonte. O microncontrolador F28027 da Texas Instruments foi escolhido para a realização

do controle e lógica do circuito. A Figura 11 apresenta a placa do condicionador de potência em teste.

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Figura 11 – Placa do Condicionador de Potência em teste.

 

2.5. O microinversor e o PLC G3

O microinversor deve transformar a energia do barrramento DC disponibilizado pelo condicionador de potência em um

sinal AC em fase, com a mesma amplitude e frequência da rede a qual o mesmo será conectado. Além disso, será

responsável por processar o algoritmo de proteção, evitando problemas como ilhamento e energização indevida da rede.

Para tanto, os microinversores de cada módulo híbrido se comunicarão através de comunicação PLC G3.

O protocolo PLC-G3 foi desenvolvido com a finalidade de viabilizar a utilização da rede de energia elétrica como meio de

comunicação em banda larga. Ele define as camadas inferiores de comunicação (PHY, MAC e subcamada de

adaptação 6LoWPAN) no canal da rede PLC. Sua camada física fornece técnicas de modulação que possibilitam o uso

eficiência da largura de banda especificada, permitindo o uso de técnicas avançadas de codificação de canal. A camada

MAC é derivada da norma IEEE 802.15.4 e é responsável pela comunicação com os nós vizinhos. Já a subcamada de

adaptação 6LoWPAN possibilita a utilização da rede empregando a topologia mesh.

A especificação do protocolo PLC-G3 foi desenvolvida inicialmente pela Maxim Integrated Products e ERDF - French

Electric Untility Company em agosto de 2009. Essa especificação contém o estado da arte do protocolo PLC e é definido

tanto para as redes de baixa com de média tensão. Em 2011, um grupo formado por operadoras de distribuição de

energia, fabricantes de medidores e fabricantes de chips fundaram a G3-PLC Alliance, com a finalidade de promover a

tecnologia PLC-G3 [12].

Os testes foram realizados com auxílio do software “Zero Configuration GUI”, da Texas Instruments. Esse software

permite o monitoramento da transferência de textos e arquivos utilizando os módulos PLC, através de dados estatísticos

dessa transferência. Além disso, ele permite a configuração do sistema, com mudanças em alguns parâmetros da

camada PHY e mudança na modulação dessa camada.

Os testes foram realizados utilizando alguns cenários diferentes: distância mais curta e mais longa, ambiente com

menos e mais ruído, transmissão utilizando uma mesma fase e transmissão através de fases distintas.

Os testes de distância foram realizados para distâncias curtas, de 1 metro, até distâncias longas, de 50 metros. Em

todas as distâncias os resultados foram considerados satisfatórios. Também foram realizados testes em que a

comunicação PLC-G3 deveria acontecer com cada módulo ligado em uma fase diferente, tendo que passar por um

transformador. Para todos os testes realizados até o momento o PLC-G3 se mostrou confiável e robusto para ser

utilizado no projeto. A Figura 12 apresenta um dos testes. Nela também é possível visualizar o kit de desenvolvimento da

Texas Instruments

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.

Figura 12 - Teste da comunicação PLC-G3 entre módulos em fases distintas.

A placa de circuito impresso do inversor foi projetada agregando a parte do PLC G3 e está em fase de desenvolvimento.

A Figura 13 mostra o desenho 3D da placa do inversor com a a comunicação PLC G3.

Figura 13 - Placa do microinversor com comunicação PLC G3.

3. Conclusões

Como resultados e benefícios, podemos citar o amplo levantamento entre os vários fabricantes de aerogeradores de

pequeno porte, área que vêm crescendo, devido principalmente ao conceito de geração distribuída. A pesquisa alinha

interesses com o Ministério de Minas e Energia, que está desenvolvendo estudo para identificação do potencial do

mercado brasileiro para a energia eólica de pequeno porte. A pesquisa dos modelos de aerogeradores não se restringe

apenas ao local de instalação do projeto, sendo que ela pode ser utilizada para a instalação de outros modelos em

outras estruturas e locais.

Além disso, pode-se citar como benefícios com a pesquisa sobre a comunicação PLC-G3 a ser utilizada no projeto, que

é um tipo de comunicação relativamente nova e a pesquisa sobre ela pode levar a novas aplicações em que ela pode

ser usada no sistema elétrico. Concluiu que o PLC-G3 é confiável e robusto como meio de comunicação para ser usado

neste projeto e em outras aplicações no sistema elétrico.

Futuros resultados e benefícios serão alcançados com a finalização do projeto, que está em andamento. Facilmente os

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circuitos poderão ser utilizados em outras aplicações, sem ou com pequenas modificações. Além disso, o sistema

híbrido completo poderá ser utilizado em diversas aplicações, até mesmo em sistemas isolados e de difícil acesso, como

comunidades isoladas.

Com a execução deste trabalho foi possível verificar que é tecnicamente viável a implantação conjuntos híbridos de

geração eólica-solar em locais como o da instalação do projeto. A indústria vem se voltando para os aerogeradores de

pequeno porte e equipamentos para baixas velocidade de vento já estão disponíveis no mercado, sendo possível sua

instalação em edificações e em locais aonde a velocidade de vento não chega a valores muito elevados. Além disso, a

complementariedade da energia solar traz ao sistema mais confiabilidade e produção de energia em uma mesma área.

4. Referências bibliográficas

1. M. Gianinni, R. M. Dutra, V. G. Guedes, Estudo prospectivo do mercado de energia eólica de pequeno porte no

Brasil. Brazil Windpower 2013. Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (CEPEL), RJ, Brasil.2. Small Wind World Report 2014. Publicado por World Wind Energy Association (WWEA), disponível em:

http://small-wind.org/wp-content/uploads/2014/03/2014_SWWR_summary_web.pdf.3. C. F. O. Barbosa, Avaliação Tecnológica, Operacional e de Gestão de Sistemas Híbridos para Geração de

Eletricidade na Região amazônica, Dissertação de Mestrado, Belém: UFPA. 2006.4. H. Yang, Z. Wei, L. Chengzhi, Optimal Design and Techno-Economic Analysis of a Hybrid Solar-Wind Power

Generation System. Applied Energy, 86 (2009), pp. 163–169.5. H. Yang, L. Lu, J. Burnett, Weather data and probability analysis of hybrid photovoltaic–wind power generation

systems in Hong Kong. Renewable Energy, 28 (2003), pp 1813-1824.6. O.A. Soysal, H.S. Soysal, Case Study: Performance of a Small  Grid-Tie Wind-Solar Generation System. PES

General Meeting  Conference & Exposition (2014) IEEE.7. L. F. L. Diniz, J. V. M. Caracas, S. L. Lima, J. G. Matos, L. A. S. Ribeiro, O. R. S. Mendes, Sistema Híbrido de

Geração Elétrica Sustentável para a Ilha de Lençóis, Município de Cururupu-MA, 2008, UFMA.8. L.F. Conceição, Microgeração de Energia Elétrica Através de Sistema Híbrido Eólico/Solar para Uso Residencial,

2013, UFLV, Lavras, MG.9. Y. Kimura, Y. Onai, I. Ushiyama, A demonstrative study for the wind and solar hybrid power system. Renewable

Energy, 9 (1996), pp 895-898.10. W.N. Macêdo, J.T. Pinho, Complementariedade Entre as Energias Eólica e Solar em Sistemas Híbridos Isolados.

Grupo de Estudos e Deenvolvimento de Alternativas Energéticas, UFPA, PA, Brasil.11. Overview and Technical Specifications of the SM2-3P, disponível em: http://www.windstream-

inc.com/products/solarmill/sm2-3p, acessado em fevereiro de 2015.12. L. H. Goldberg, G3-PLC Power-Line Technology Makes the Smart Grid Smarter, 2006, disponível em:

http://www.digikey.com/en/articles/techzone/2012/jun/g3-plc-power-line-technology-makes-the-smart-grid-smarter.

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