caroline naomi ueda cardiomiopatia restritiva felina
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CAMPUS DE CURITIBANOS
CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
Caroline Naomi Ueda
CARDIOMIOPATIA RESTRITIVA FELINA
RELATO DE CASO
Curitibanos - SC
2021
Caroline Naomi Ueda
CARDIOMIOPATIA RESTRITIVA FELINA
RELATO DE CASO
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação
em Medicina Veterinária do Centro de
Curitibanos da Universidade Federal de Santa
Catarina como requisito para a obtenção do
Título de Médica Veterinária.
Orientador: Professora Vanessa Sasso Padilha
Curitibanos - SC
2021
Caroline Naomi Ueda
CARDIOMIOPATIA RESTRITIVA FELINA
RELATO DE CASO
Este relatório de Conclusão de Curso foi apresentado e julgado aprovado para
obtenção do Título de Bacharel em Medicina Veterinária
Curitibanos, 13 de maio de 2021
Prof. Dr. Malcon Andrei Mártinez-Pereira.
Coordenador do Curso Universidade Federal de Santa
Catarina
Banca Examinadora:
Prof.ª Dr.ª Vanessa Sasso Padilha - Orientadora
Universidade Federal de Santa Catarina
Prof. Dr. Álvaro Menin.
Universidade Federal de Santa Catarina
Msc. Acacio Wellington Martins, Médico Veterinário
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente meus pais Marilene e Mario, sem vocês nada disso seria
possível, obrigada pelo suporte tanto financeiro como emocional, me desculpa os momentos
que perdi com vocês, espero ter muito tempo ao lado de vocês, e poder dar em dobro tudo o
que me deram durante minha vida e formação.
Agradeço aos meus irmãos Hector e Caique, que nunca me negaram ajuda, obrigada por
sempre estarem ao meu lado, e me apoiarem.
Agradeço ao meu namorado Lucas, que me dá muito suporte, e faz meus dias melhores,
sempre buscando me ajudar, ser melhor, e me fazer feliz, obrigada por todos momentos, espero
que nosso futuro seja brilhante, não tenho como agradecer por toda ajuda. Agradeço também,
a toda família dele, que sempre me acolheu de braços abertos.
Agradeço a minha orientadora Professora Vanessa, pessoa que eu admiro muito, tanto
como profissional, como pessoa. Uma profissional que eu me espelho em ser um dia, obrigada
por toda ajuda, e atenção, espero que seja uma relação eterna.
Agradeço a minhas amigas, Lari, que mesmo longe nunca me deixou na mão, Sabrina,
uma amiga que a faculdade me trouxe para vida, obrigada por sempre me ajudar, apoiar, espero
que ter sua amizade para sempre, e Ramos, que a faculdade também me trouxe, mas como uma
irmã, obrigada por tudo “migas”.
Agradeço aos meus amigos Veterinários Marcos e Ronaldo, que abriram as portas para
mim, tanto no estágio, como na vida, obrigada pelos ensinamentos todos foram muito
importantes, e me tornaram uma futura profissional melhor, e toda equipe da Animais Sadios,
criamos uma amizade, que espero ser para vida toda.
Agradeço aos Drs. Maristela e Acácio, e toda equipe do All Vet’s por terem me
recepcionado tão bem, com muitos ensinamentos que vou levar para sempre, foi uma
experiência incrível.
Agradeço à todos os professores da UFSC por todo o conhecimento, principalmente ao
Professor Álvaro, uma pessoa que me despertou um carinho enorme, que nos mostrou como é
a vida, e que devemos vivê-la da melhor forma. E a professora Viviane, que me acolheu no
começo da faculdade, me ajudando a crescer como pessoa e profissional, obrigada por tudo.
Agradeço a toda minha família, que sempre acreditou, e confiou em mim, obrigada por
todo carinho.
RESUMO
Mais de 95% das doenças cardíacas relatadas em gatos domésticos são causadas por
cardiomiopatias, doença responsável por uma grande porcentagem na morbidade e mortalidade
dessa espécie, sendo a cardiomiopatia restritiva a segunda mais prevalente dentro das
cardiomiopatias. Caracterizado pelo aumento do átrio esquerdo ou biatrial, sem hipertrofia
miocárdica concomitante, podendo apresentar fibrose intersticial do endomiocárdio,
subendocárdica ou miocárdica. O presente trabalho relata o caso de um felino, macho, sem raça
definida, castrado, com aproximadamente 16 anos de idade, pesando 3,470 kg, prostado, com
dispneia, polidipsia, hiporexia atendido no Hospital Veterinário All Vet’s. A suspeita
diagnóstica foi de cardiomiopatia restritiva sugerido pelo laudo do ecocardiograma. O
tratamento realizado consistiu em furosemida 2 mg/kg, atenolol 3,6 mg/kg e pimobendan 0,36
mg/kg, todos pela via oral. Até o final do estágio não foi acompanhado mais o retorno do
paciente.
Palavras-chave: Cardiomiopatia; Felino; Hospital, Ecocardiograma.
ABSTRACT
More than 95% of the cardiac diseases reported in domestic cats are caused by
cardiomyopathies, a disease responsible for a large percentage of the morbidity and mortality
of this species, with restrictive cardiomyopathy being the second most prevalent within
cardiomyopathies. Characterized by the enlargement of the left or biatrial atrium, without
concomitant myocardial hypertrophy, and may present with endomyocardial, subendocardial
or myocardial interstitial fibrosis. The present work reports the case of a feline, male, mixed
breed, neutered, with approximately 16 years of age, weighing 3,470 kg, prostate, with dyspnea,
polydipsia, hyporexia treated at Veterinary Hospital All Vet’s. The diagnostic suspicion was
restrictive cardiomyopathy suggested by the echocardiogram report. The treatment performed
consisted of furosemide 2 mg/kg, atenolol 3,6 mg/kg and pimobendan 0,36 mg/kg, all orally.
Until the end of the internship, the patient's return was no longer followed.
Keywords: Cardiomyopathy; Feline; Hospital, Echocardiogram.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – A: Paciente felino; B: Mancha escura em região de esclera.................................. 16
Figura 2 – A: Imagem radiográfica latero-lateral direita. B: Imagem radiográfica ventro dorsal.
............................................................................................................................................ 18
Figura 3 – A: Imagem radiográfica latero-lateral direita pós drenagem. B: Imagem radiográfica
ventro dorsal pós drenagem. ................................................................................................. 19
Figura 4 – Líquido coletado durante a toracocentese. ........................................................... 20
Figura 5 – Imagens Ultrassonográficas. A: Arquitetura vascular hepática aumentada. B:
Irregularidade e espessamento de parede da vesícula biliar. .................................................. 22
Figura 6 - Imagem Ultrassonográfica. Diminuição da distensibilidade da veia cava. ............. 22
Figura 7 – Imagem ecocardiográfica. Áreas de hiperecogenicidade em miocárdio. ............... 23
Figura 8- A: Fluxo turbulento moderado em região de mitral. B: Aumento de velocidade E, e
relação E/A aumentado. ....................................................................................................... 23
Figura 9 – Fluxo turbulento moderado em região de tricúspide............................................. 24
Figura 10 – A: Avaliação subjetiva do átrio direito e átrio esquerdo. B: Aumento severo de átrio
direito e esquerdo. AD: átrio direito; AE: átrio esquerdo; VD: ventrículo direito; VE: ventrículo
esquerdo. ............................................................................................................................. 24
Figua 11- A: Relação aorta e átrio esquerdo, átrio esquerdo aumentado. B: Veia cava cranial e
caudal dilatadas. ................................................................................................................... 25
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Resultado do hemograma realizado de um felino atendido no Hospital Veterinário
All Vet’s. Pouso Alegre – MG. ............................................................................................ 16
Tabela 2 – Resultado do perfil bioquímico realizado de um felino atendido no Hospital
Veterinário All Vet’s. Pouso Alegre – MG. .......................................................................... 17
Tabela 3 – Resultado do hemograma controle realizado de um felino atendido no Hospital
Veterinário All Vet’s. Pouso Alegre – MG. .......................................................................... 21
Tabela 4 – Resultado do perfil bioquímico controle realizado de um felino atendido no Hospital
Veterinário All Vet’s. Pouso Alegre – MG. .......................................................................... 21
Tabela 5 – Resultado da Urinálise realizado de um felino atendido no Hospital Veterinário All
Vet’s. Pouso Alegre – MG. .................................................................................................. 25
Tabela 6 – Resultado da análise do líquido pleural realizado de um felino atendido no Hospital
Veterinário All Vet’s. Pouso Alegre – MG. .......................................................................... 26
LISTA DE ABREVIATURAS
% - Porcentagem
AD – Átrio direito
AE - Átrio esquerdo
AHA - American Heart Association
ALB - Albumina
ALB/GLOB - Relação Albumina/Globulina
ALKP- Fosfatase Alcalina
ALT - Alanina Aminotransferase
BPM – Batimentos por minuto
BUN - Ureia
BUN/CREA – Relação ureia e creatinina
CA - Cálcio
CHCM – Concentração de hemoglobina corpuscular média
CHOL – Colesterol
CM - Cardiomiopatia
CMH - Cardiomiopatia Hipertrófica
CMR - Cardiomiopatia Restritiva
CMD - Cardiomiopatia Dilatada
CMAVD - Cardiomiopatia Arritmogênica do Ventrículo Direito
CMNC - Cardiomiopatia Não Classificada
DDCVM - Doença Degenerativa Crónica da Válvula Mitral
DL - Decilitro
EDTA - Ethylenediamine tetraacetic acid
EIC – Espaço intercostal
ESC - European Society of Cardiology
FL - Fentolitro
G - Grama
GLOB - Globulina
GLU - Glicose
GGT - Gama Glutamil Tranferase
GP – Gradiente de pressão
HCT - Hematócrito
HGB - Hemoglobina
HCM – Hemoglobina corpuscular média
ICC – Insuficiência Cardíaca Congestiva
K - Kilo
KG - Kilograma
L - Litro
µL - Microlitro
MG - Miligrama
MPM – Movimentos por minuto
PHOS - Fósforo
PG - Picograma
RDW - Red Cell Distribution Width
SAME - S-Adenosil-L-Metionina
TBIL - Bilirrubina
TP – Proteínas totais
TPC – Tempo de preenchimento capilar
U – Unidade atômica
VCM – Volume corpuscular médio
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 14
2. RELATO DE CASO ........................................................................................................ 15
3. DISCUSSÃO ................................................................................................................... 27
4. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 34
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 34
14
1.INTRODUÇÃO
Mais de 95% das doenças cardíacas relatadas em gatos domésticos são causadas por
cardiomiopatias, doença responsável por uma grande porcentagem na morbidade e mortalidade
dessa espécie (PELLEGRINO, 2020).
Em 1980, houve a primeira definição do termo “cardiomiopatia” pela Organização
Mundial da Saúde como “doença do músculo cardíaco de causa desconhecida cuja principal
característica é a cardiomegalia e a insuficiência cardíaca congestiva”. Em 1995 ocorreu uma
redefinição deste termo para “afecções do miocárdio associadas à disfunção cardíaca”, e pela
primeira vez, a inclusão da cardiomiopatia restritiva (CMR) e a cardiomiopatia arritmogênica
do ventrículo direito (CMAVD), como afecções miocárdicas primárias (PELLEGRINO, 2020).
Em 2006, o comitê de especialistas da American Heart Association (AHA) definiu as
cardiomiopatias como “diferentes doenças do miocárdio associadas à disfunção mecânica e/ou
elétrica, e que usualmente exibem dilatação ou alterações hipertróficas ventriculares
decorrentes da multiplicidade de causas, frequentemente de ordem genética”. Sendo divididas
em primárias e secundárias, e subdivididas em genético, misto e adquirido (MARON et al.,2006
apud MONTEIRO, 2013). No entanto, em 2008, o comitê europeu de cardiologia para
orientações práticas, European Society of Cardiology (ESC), definiu as cardiomiopatias como
“afecção do músculo cardíaco na ausência de doença coronariana, hipertensão arterial, doença
valvular e defeito cardíaco congênito” (ELLIOTT et al., 2007 apud MONTEIRO, 2013).
Em felinos, a classificação das cardiomiopatias segue as diretrizes propostas para o
diagnóstico descritas pela Organização Mundial da Saúde (FERASIN, 2009A apud
MONTEIRO, 2013; PELLEGRINO, 2020). As afecções miocárdicas de origem genéticas ou
idiopáticas são classificadas como cardiomiopatias primárias, divididas em cardiomiopatia
hipertrófica (CMH), cardiomiopatia restritiva (CMR), cardiomiopatia dilatada (CMD),
cardiomiopatia arritmogênica do ventrículo direito (CMAVD), e cardiomiopatia não
classificada (CMNC), para as cardiomiopatias que não se enquadram nos critérios clínicos e/ou
ecocardiográficos das demais cardiomiopatias (PELLEGRINO, 2020; RICHARDSON et al.,
1996 apud FERASIN, 2009a; FERASIN et al., 2003 apud SILVA, 2019).
O diagnóstico e a classificação das CM tem como base, inicialmente, o exame
ecocardiográfico, sendo, atualmente, o melhor exame complementar para o diagnóstico
definitivo das cardiopatias (PELLEGRINO, 2020). Podemos ter interpretações subjetivas no
exame ecocardiográfico, devido a uma variabilidade fenotípica dentro de um mesmo tipo de
15
CM felina, dificultando a avaliação ecocardiográfica. As vezes o diagnóstico definitivo só é
obtido através da avaliação histopatológica, a qual apresenta limitações, assim como o
ecocardiograma (PELLEGRINO, 2020).
A cardiomiopatia restritiva (CMR) é a segunda forma mais comum de cardiomiopatia
em gatos, afecção que causa rigidez miocárdica e disfunção diastólica importante
(PELLEGRINO, 2020; FERASIN et al, 2003 apud KIMURA et al, 2016a). Os sinais clínicos
relatados são intolerância ao esforço físico, falta de apetite, vômito e perda de peso
(MONTEIRO, 2013). Observa-se marcante dilatação do AE ou biatrial sem hipertrofia
miocárdica concomitante, durante os exames diagnósticos (MONTEIRO, 2013). E uma das
suas etiologias é devido a fibrose intersticial do endomiocárdio, subendocárdica ou miocárdica
(KIENLE, 1998 apud MONTEIRO, 2013).
A classificação de CMR em felinos pode ser a mesma que se realiza em humanos
(FERASIN et al, 2003; FOX, 2004 apud KIMURA et al, 2016b), sendo que em humanos a
CMR é dividida em dois grupos, sendo um com envolvimento endocárdico predominante
(forma endomiocárdica) e outras com envolvimento miocárdico predominante (forma
miocárdica) (GALLO and d'AMATI, 2001 apud KIMURA et al, 2016b). A forma mais
prevalente da CMR felina é do tipo endomiocárdico, também conhecido como fibrose
endomiocárdica (BOND and FOX, 1984; KIMURA et al., 2016 apud KIMURA et al, 2016b).
A etiologia da CMR endomiocárdica em gatos é desconhecida, porém é considerada
multifatorial, pois apresenta uma variedade de manifestações clínicas e fenótipos patológicos
(FOX, 2004 apud KIMURA et al, 2016b).
O objetivo desse trabalho é relatar o caso de um felino com suspeita de cardiomiopatia
restritiva atendido no Hospital Veterinário All Vet’s.
2. RELATO DE CASO
Foi atendido no dia 09 de março de 2021, no Hospital Veterinário All Vet’s, Pouso
Alegre/MG, um felino, macho, sem raça definida, castrado, com aproximadamente 16 anos de
idade, pesando 3,470 kg (Figura 1A). A queixa principal da tutora era que há 2 ou 3 dias o
paciente apresentava-se prostado, com dispneia, polidipsia, hiporexia, e apresentava dificuldade
em defecar. Apresentava alteração em quadril desde que foi adotado, tutora não soube informar
maiores detalhes da causa. Além disso, utilizava medicação de uso contíunuo (amitriptilina
1mg/kg via oral a cada 24 horas), prescrita por outro médico veterinário.
16
Figura 1 – A: Paciente felino; B: Mancha escura em região de esclera.
Fonte: Acervo pessoal. Pouso Alegre, 2021.
No exame físico as mucosas se apresentavam normocoradas, TPC 2”, pulso forte e
amplo, desidratação moderada (4 a 5%), linfonodos poplíteos e mandibulares aumentados, som
abafado no sistema circulatório, arritmia sinusal, presença de estertor no sistema respiratório,
frequência cardíaca de 240 bpm, frequência respiratória de 86 mpm, temperatura 37,7 ºC,
apresentando dor leve e incomodo à palpação abdominal, com alças intestinais aumentadas,
claudicação dos MPs, demonstrando dor durante a manipulação na região do quadril, e
dificuldade de sustentação. Durante o exame visual da cavidade oral, observou-se presença de
cálculo, com odor fétido e gengivite, e uma macha no olho esquerdo (Figura 1B). As suspeitas
diagnósticas foram de edema, efusão pericárdica, pneumonia e neoplasia cardíaca.
Foram realizados exames complementares: Hemograma (Tabela 1), Bioquímico
(Tabela 2), raio-x latero lateral e ventro dorsal do tórax, e teste de fluoresceína.
Tabela 1 – Resultado do hemograma realizado de um felino atendido no Hospital
Veterinário All Vet’s. Pouso Alegre – MG.
HEMOGRAMA
Resultados Valores de Referência
Eritrócito (M/µL) 8,08 6,54 – 12,20
HCT (%) 32,8 30,3 – 52,3
HGB (g/dL) 10,7 9,8 – 16,2
HCM (fL) 40,6 35,9 – 53,1
VCM (pg) 13,2 11,8 – 17,3
A B
17
CHCM (g/dL) 32,6 28,1 – 35,8
RDW (%) 27,2 15 – 27
RETIC (K/µL) 26,7 3 – 50
RET-He (pg) 14,5 13,2 – 20,8
Leucócitos (K/µL) 21,04 2,87 – 17,02
Neutrófilos (K/µL) 18,2 2,3 – 10,29
Linfócitos (K/µL) 0,95 0,92 – 6,88
Monócitos (K/µL) 1 0,05 – 0,67
Eosinófilos (K/µL) 0,87 0,17 – 1,57
Basófilos (K/µL) 0,02 0,01 – 0,26
Plaquetas (K/µL) 234 151 – 600
VPM (fL) 18 11,4 – 21,6
PCT (%) 0,42 0,17 – 0,86
Fonte: Hospital Veterinário All Vet’s. Pouso Alegre, 2021.
Tabela 2 – Resultado do perfil bioquímico realizado de um felino atendido no Hospital
Veterinário All Vet’s. Pouso Alegre – MG.
BIOQUÍMICO
Resultados Valores de Referência
GLU (mg/dL) 135 71 – 159
CREATININA (mg/dL) 2,7 0,8 – 2,4
BUN (mg/dL) 28 16 – 36
BUN/CREA 10
PHOS (mg/dL) 3,5 3,1 – 7,5
CA (mg/dL) 10,2 7,8 – 11,3
TP (g/dL) 7,3 5,7 – 8,9
ALB (g/dL) 3,3 2,3 – 3,9
GLOB (g/dL) 4 2,8 – 5,1
ALB/GLOB 0,8
ALT (U/L) 352 12 – 130
ALKP (U/L) 39 14 – 111
GGT (U/L) 0 0 – 4
TBIL (mg/dL) 0,3 0 – 0,9
CHOL (mg/dL) 94 65 - 225
Fonte: Hospital Veterinário All Vet’s. Pouso Alegre, 2021.
18
No hemograma o animal apresentou leucocitose por neutrofilia e monocitose, e no
exame bioquímico foi observado aumento de ALT e creatinina. No teste de fluoresceína,
resultado negativo para úlcera nos dois olhos.
De acordo com o laudo radiográfico, observou-se opacificação de aspecto homogêneo
e radiodensidade água difusa em cavidade torácica, compatível com presença de liquido livre
em espaço pleural, prejudicando acurada avaliação da silhueta cardíaca e campos pulmonares;
deslocamento dorsal do trajeto traqueal, lúmen preservado; perda da conspicuidade da cúpula
diafragmática; vértebras torácicas apresentando discreta espondilose ventral em topografia de
T9 - T10, T11-T12 e T12-T13 (Figura 2A e 2B). Os achados do estudo radiográfico foram
compatíveis com efusão pleural, e sugeriu-se drenagem torácica com posterior avaliação
laboratorial do conteúdo drenado, e radiografias controle pós drenagem.
Figura 2 – A: Imagem radiográfica latero-lateral direita. B: Imagem radiográfica ventro
dorsal.
Fonte: Hospital Veterinário All Vet’s. Pouso Alegre, 2021.
O tratamento imediato foi a realização da toracocentese para drenagem do líquido.
Realizou-se a drenagem do lado direito no 8º EIC, e do lado esquerdo no 7º EIC em posição
esternal, no local de punção foi realizado a tricotomia e antissepsia. Foi utilizado para drenagem
scalpe, torneira de três vias, seringa de 10 mL e um extensor de equipo, com a agulha foi
realizado a perfuração do tórax, primeiramente com a torneira de três vias fechada para
permanecer a pressão negativa intratorácica, depois posicionou a torneira para que o líquido
drenado fosse para a seringa, e depois para o local de coleta do líquido, primeiramente coletado
A B
19
em um tubo com EDTA, depois em outro tubo sem anticoagulante, sendo os dois tubos enviados
para análise, o restante do líquido foi armazenado em uma bolsa de fluido, ao todo foram
drenados 260 ml de líquido.
Pós drenagem realizou-se outro raio-x, onde observou-se satisfatória drenagem torácica,
sendo possível visibilização de silhueta cardíaca e campos pulmonares, que se mostram sem
alterações significativas, no entanto observa-se discreto remodelamento de silhueta cardíaca e
um discreto padrão pulmonar bronquial mais evidente em região peri-hilar (Figura 3A e 3B),
podendo estar relacionados com doença pulmonar crônica (bronquite) e cardiopatia à
esclarecer.
Figura 3 – A: Imagem radiográfica latero-lateral direita pós drenagem. B: Imagem
radiográfica ventro dorsal pós drenagem.
Fonte: Hospital Veterinário All Vet’s. Pouso Alegre, 2021.
O líquido drenado tinha o aspecto turvo, e coloração esbranquiçada (Figura 4).
A B
20
Figura 4 – Líquido coletado durante a toracocentese.
Fonte: Hospital Veterinário All Vet’s. Pouso Alegre, 2021.
Após a drenagem, o animal foi internado, sendo prescrito durante a internação,
ceftriaxona 35 mg/kg via intravenosa a cada 12 horas, utilizado devido ao aumento de
leucócitos observado no hemograma; furosemida 6mg/kg via intravenosa a cada 8 horas, para
auxiliar na eliminação do líquido residual presente na cavidade torácica observado na
radiografia pós drenagem, e prevenir a recorrência dos sinais clínicos observados; meloxicam
0,05 mg/kg via subcutânea a cada 24 horas, utilizado para analgesia, pois o animal apresentava
dor, e anti-inflamatório para um possível processo inflamatório associado; fluidoterapia com
ringer lactato na taxa de 8 ml/kg/hora, realização dos parâmetros a cada 6 horas, alimentação e
água a cada 6 horas. No primeiro dia de internação, de acordo com o relatório médico, o animal
estava se alimentando e urinando normalmente, não defecou, estava alerto e responsivo,
apresentou melhora significativa no quadro respiratório, e os parâmetros estavam dentro da
normalidade. No segundo dia de internação, foi acrescentado Silimarina 35 mg/kg via oral a
cada 24 horas, devido ao aumento de ALT observado no exame bioquímico, e de acordo o
relatório médico, o animal estava se alimentando e urinando normalmente, apresentou diarreia,
estava alerto e responsivo, e os parâmetros estavam dentro da normalidade. No dia terceiro dia
de internação, foi feito o hemograma e bioquímico controles (Tabela 3 e 4), para avaliar se
ainda havia persistências das alterações observadas anteriormente. Após a estabilização do
animal com melhora do quadro respiratório, e correção da desidratação, foi realizado os exames
complementares solicitados, como o ultrassom, ecocardiograma e eletrocardigograma. Durante
o ultrassom, foi realizado a coleta de urina por cistocentese guiada, e enviado para análise.
21
Tabela 3 – Resultado do hemograma controle realizado de um felino atendido no
Hospital Veterinário All Vet’s. Pouso Alegre – MG.
HEMOGRAMA
Resultados Valores de Referência
Eritrócito (M/µL) 7,97 6,54 – 12,20
HCT (%) 32,1 30,3 – 52,3
HGB (g/dL) 10,8 9,8 – 16,2
HCM (fL) 40,3 35,9 – 53,1
VCM (pg) 13,6 11,8 – 17,3
CHCM (g/dL) 33,6 28,1 – 35,8
RDW (%) 27,2 15 – 27
RETIC (K/µL) 10,4 3 – 50
RET-He (pg) 13,3 13,2 – 20,8
Leucócitos (K/µL) 14,4 2,87 – 17,02
Neutrófilos (K/µL) 11,37 2,3 – 10,29
Linfócitos (K/µL) 1,1 0,92 – 6,88
Monócitos (K/µL) 1,06 0,05 – 0,67
Eosinófilos (K/µL) 0,84 0,17 – 1,57
Basófilos (K/µL) 0,03 0,01 – 0,26
Plaquetas (K/µL) 215 151 – 600
VPM (fL) 18,4 11,4 – 21,6
PCT (%) 0,40 0,17 – 0,86
Fonte: Hospital Veterinário All Vet’s. Pouso Alegre, 2021.
Tabela 4 – Resultado do perfil bioquímico controle realizado de um felino atendido no
Hospital Veterinário All Vet’s. Pouso Alegre – MG.
BIOQUÍMICO
Resultados Valores de Referência
CREATININA (mg/dL) 3,1 0,8 – 2,4
ALT (U/L) 348 12 – 130
Fonte: Hospital Veterinário All Vet’s. Pouso Alegre, 2021.
No hemograma controle o animal apresentou neutrofilia e monocitose, e no exame
bioquímico controle foi observado mínima diminuição da ALT e aumento da creatinina em
relação ao primeiro hemograma realizado, sendo que os mesmos estão acima do valor de
referência.
22
De acordo com o laudo ultrassonográfico abdominal, no fígado foi observado
arquitetura vascular preservada, porém aumentada, sendo sugestivo de congestão hepática
(Figura 5A), na vesícula biliar foi observado irregularidade e espessamento (0,36 cm) de parede
(Figura 5B), os rins apresentavam ecogenicidade aumentada de região cortical e medular.
Figura 5 – Imagens Ultrassonográficas. A: Arquitetura vascular hepática aumentada. B:
Irregularidade e espessamento de parede da vesícula biliar.
Fonte: Hospital Veterinário All Vet’s. Pouso Alegre, 2021.
De acordo com as alterações encontradas em vesícula biliar suspeitou-se de Colangite
e/ou colangiohepatite. A dilatação das veias hepáticas e a diminuição da distensibilidade da
veia cava (Figura 6) sugeriram congestão hepática.
Figura 6 - Imagem Ultrassonográfica. Diminuição da distensibilidade da veia cava.
Fonte: Hospital Veterinário All Vet’s. Pouso Alegre, 2021.
De acordo com o laudo ecocardiográfico, o animal possuía função sistólica e diastólica
diminuídas, apresentando padrão diastólico restritivo. Apresentava áreas de hiperecogenicidade
em miocárdio e endomiocárdio (Figura 7). Presença de moderado fluxo turbulento em região
A B
23
de mitral com velocidade de fluxo de 2,74 m/s e GP 30,12 mmHg (Figura 8A), com severo
aumento de átrio esquerdo (Figura 10B). Presença de moderado fluxo turbulento em região de
tricúspide com velocidade de 2,79 m/s e GP 31,24 mmHg (Figura 9), com severo aumento de
átrio direito (Figura 10B).
Figura 7 – Imagem ecocardiográfica. Áreas de hiperecogenicidade em miocárdio.
Fonte: Hospital Veterinário All Vet’s. Pouso Alegre, 2021.
Figura 8- A: Fluxo turbulento moderado em região de mitral. B: Aumento de velocidade E, e
relação E/A aumentado.
Fonte: Hospital Veterinário All Vet’s. Pouso Alegre, 2021.
A B
24
Figura 9 – Fluxo turbulento moderado em região de tricúspide.
Fonte: Hospital Veterinário All Vet’s. Pouso Alegre, 2021.
Figura 10 – A: Avaliação subjetiva do átrio direito e átrio esquerdo. B: Aumento severo de
átrio direito e esquerdo. AD: átrio direito; AE: átrio esquerdo; VD: ventrículo direito; VE:
ventrículo esquerdo.
Fonte: Hospital Veterinário All Vet’s. Pouso Alegre, 2021.
A B
25
Figua 11- A: Relação aorta e átrio esquerdo, átrio esquerdo aumentado. B: Veia cava cranial e
caudal dilatadas.
Fonte: Hospital Veterinário All Vet’s. Pouso Alegre, 2021.
As alterações observadas foram sugestivas de Cardiomiopatia com fenótipo restritivo.
Após o resultado dos exames, o animal recebeu alta da internação, para continuar o tratamento
em domicílio.
Foi receitado para o animal, Metronidazol 18 mg/kg a cada 12 horas durante 5 dias;
Prednisolona 0,7 mg/kg a cada 12 horas durante 3 dias, depois 0,7 mg/kg a cada 24 horas
durante 3 dias, depois 0,7 mg/kg a cada 48 horas durante 3 dias; Silimarina 35 mg/kg a cada 24
horas durante 30 dias; SAMe (adenosil metionina) 25 mg/kg a cada 24 horas durante 30 dias;
Atenolol 3,6 mg/kg a cada 24 horas até novas recomendações; Furosemida 2 mg/kg a cada 24
horas durante 10 dias; Pimobendan 0,36 mg/kg a cada 12 horas até novas recomendações; todos
pela via oral .
Três dias após a alta do animal da internação saiu o resultado da urinálise e do líquido
pleural (Tabela 5 e 6).
Tabela 5 – Resultado da Urinálise realizado de um felino atendido no Hospital
Veterinário All Vet’s. Pouso Alegre – MG.
URINÁLISE
Características físicas Valores de Referência
Método de coleta Cistocentese
Volume 8,0 mL
Cor Amarelo claro Amarelo
Aspecto Límpida Límpido
Densidade 1,020 1,030 a 1,060
Características bioquímicas
A B
26
Hemoglobina Negativo Negativo
Bilirrubina Negativo Negativo
Urobilinogenio Normal Normal
Corpos cetônicos Negativo Negativo
Glicose Negativo Negativo
Proteínas Negativo Negativo
Nitrito Negativo Negativo
Leucócitos Negativo Negativo
pH 5,0 5,5 a 6,5
Sedimentoscopia
Hemácias Até 3 por campo Até 10 por campo
Leucócitos Até 3 por campo Até 10 por campo
Cilindros Ausente Hialinos (raros)
Muco Ausente Ausente
Células epiteliais Descamativas: raras Ausente
Cristais Ausente Ausente
Flora bacteriana 1+ Considerar método de coleta
Gordura Ausente Ausente
Fonte: CDMA – Centro Diagnóstico e Monitoramento Animal. Pouso Alegre, 2021.
Tabela 6 – Resultado da análise do líquido pleural realizado de um felino atendido no
Hospital Veterinário All Vet’s. Pouso Alegre – MG.
ANÁLISE DO LÍQUIDO PLEURAL
Amostra Efusão pleural
Cor Branco leitoso/ opalescente
Aspecto Turva
Aspecto e cor pós centrifugação Límpido e incolor
Coagulação Não
Densidade 1,030
Proteínas 3,6 g/dL
Citometria:
Células nucleadas 1,51 X 10³/mL
Hemácias 0,00 X 106/mL
Fonte: CDMA – Centro Diagnóstico e Monitoramento Animal. Pouso Alegre, 2021.
27
O líquido pleural encaminhado para exames foi sugestivo de exsudato asséptico
potencialmente característico de quilotórax, podendo estar relacionado com presença de
linfoma.
O animal retornou dia sete dias após sua alta, para consulta controle, estava
pesando 3,470 kg, se apresentando estável, alerta e responsivo. Ao exame físico, apresentava
frequência cardíaca de 250 bpm, frequência respiratória de 55 mpm, ACP sem alteração e ou
presença de liquido, e temperatura de 37º C. Estava sendo alimentado com ração renal, tendo
controle na quantidade de água ingerida, e administrando soro via oral. A recomendação foi
acompanhamento do animal após o término da furosemida. Sete dias depois, ocorreu o segundo
retorno do animal, o mesmo estava pesando 3,060 kg, se apresentando alerta e responsivo, com
urina e fezes normais. Havia encerrado a furosemida há 4 dias. Ao exame físico, apresentava
frequência cardíaca de 160 bpm, frequência respiratória de 48 mpm, auscultação pulmonar com
presença de sibilo na inspiração, TPC 2'’, temperatura de 36,6 ºC, e mucosas normocoradas.
Foi recomendado a realização de hemograma controle e bioquímico, para avaliar a função renal,
e avaliar função hepática após o término das medicações (SAME e Silimarina). Tutora não
autorizou a realização dos exames, pois teve receio de submeter animal a estresse e o mesmo
descompensar, uma vez que o animal quando em situação de estresse apresentava crise de
extrema dificuldade respiratória, aumento da frequência cardíaca e cianose.
O paciente continuou com os medicamentos prescritos, sendo realizado retornos
periódicos após o término das medicações, porém durante o estágio não foi acompanhado mais
nenhum atendimento do animal.
3. DISCUSSÃO
O presente relato descreve uma suspeita de cardiomiopatia classificada como restritiva,
em um felino, macho, com aproximadamente 16 anos. A cardiomiopatia restritiva (CMR) é a
segunda forma mais comum de CM em gatos, correspondendo a aproximadamente 20% das
CM felinas, sendo animais de meia-idade e idosos a faixa etária mais prevalente
(PELLEGRINO, 2020), como o animal em estudo.
De acordo com Pellegrino (2020) as manifestações clínicas variam na CMR, e
normalmente estão associados com a presença de edema pulmonar, efusão pleural, ou ambos,
e ocorrem após estresse ou afecções concomitantes. Os sinais clínicos comumente relatados são
agudos, com piora súbita do estado clínico do animal, entre eles temos apatia, prostração,
anorexia, disorexia, êmese, perda de peso (PELLEGRINO, 2020), sendo que o mais observado
28
é a dispneia (RIESEN et al., 2008 apud MONTEIRO, 2013), porém muitas vezes os pacientes
podem ser assintomáticos (PELLEGRINO, 2020). No presente caso, o tutor relatou que o
animal estava prostado, com dispneia e hiporexia, sendo sinais comumente relatos em casos de
CMR.
Durante o exame físico, o animal apresentou som abafado em sistema circulatório, e
estertor em ausculta pulmonar, sinais sugestivos de efusão pleural ou edema pulmonar de
acordo com a literatura, dificultando a ausculta cardíaca. De acordo com Simões e Kanayama
(2015 apud TADEU, 2017), em casos de efusão pleural no exame físico normalmente há
anormalidades na ausculta pulmonar como sons abafados na região ventral, e com estertores na
região dorsal, e os sons cardíacos podem estar diminuídos ou inaudíveis. E de acordo com
Pellegrino (2020), em gatos com CMR, a auscultação pulmonar anormal pode ser indicativa de
edema, e sons pulmonares abafados indicativos de efusão pleural.
No leucograma foi evidenciado leucocitose, por neutrofilia e monocitose. As alterações
do leucograma auxilia na identificação de processos patológicos, porém não proporciona um
diagnóstico específico (LAURINO, 2009). O aumento de neutrófilos pode ser devido a diversos
fatores, como em processos inflamatórios, infecciosos e o estresse (LAURINO, 2009). A
monocitose é uma alteração relativamente pouco importante e pode acompanhar respostas
inflamatórias crônicas e agudas (THRALL et al, 2012).
No exame bioquímico, o animal apresentou creatinina e ALT em valores elevados,
tendo como suspeita de alterações renais e hepáticas, respectivamente. O aumento dos níveis
de creatinina pode indicar alguma falha na funcionalidade renal, dentre as causas de aumento
plasmático da creatinina, pode-se citar a azotemia pré-renal por diminuição da perfusão renal,
como por exemplo na desidratação; azotemia renal decorrente da insuficiência renal; e azotemia
pós-renal por obstrução do fluxo urinário ou ruptura de bexiga ou atividade muscular intensa
ou prolongada (GONZÁLES and SILVA, 2008). A ALT é um ótimo indicador de hepatopatias
agudas em cães, gatos, coelhos, ratos e primatas, preferencialmente em afecções hepato-
celulares, necrose hepática, obstrução biliar, intoxicações e infecções parasitárias (GONZÁLES
and SILVA, 2008). No presente caso, acredita-se que o aumento de creatinina é devido a uma
azotemia pré-renal, causada por desidratação do animal, e suspeita de hepatopatia devido aos
valores de ALT.
De acordo com o laudo radiográfico realizado no animal em estudo, os achados são
compatíveis com efusão pleural. Diversas etiologias podem causar efusão pleural, como a
29
peritonite infecciosa felina, neoplasias mediastinais, insuficiência cardíaca congestiva entre
outras (TADEU, 2017). Em casos de suspeita, o diagnóstico pode ser realizado através de
exames complementares como raio-x do tórax, ultrassom torácico ou cardíaco, e tomografia
computadorizada (TADEU, 2017). A primeira conduta após o exame físico do animal em
estudo foi a realização do raio-x, pois havia suspeita de efusão pleural, edema pulmonar,
pneumonia e neoplasia. É extremamente importante que primeiramente o animal seja
estabilizado durante a consulta, para posterior procura da doença primária (TADEU, 2017).
Após o raio-x, foi indicado e realizado a toracocentese, que de acordo com Gonçalves (2011
apud TADEU, 2017) “é um procedimento que realiza a punção do tórax para drenagem de
líquido ou gás, indicada para pacientes com indícios de efusão pleural”, como primeira escolha
para estabilização do animal, posteriormente foi recomendado a internação para cuidados
intensivos. Exames complementares em busca do diagnóstico foi indicado somente após a
estabilização do quadro respiratório do animal.
A toracocentese foi realizada de acordo com o que Baral (2012 apud TADEU, 2017) e
Hawkins (2010 apud TADEU, 2017) descrevem. Utiliza-se uma agulha butterfly calibre 19 a
23, válvula de três vias, seringa de 10 ou 20 mL e um extensor de equipo para esse
procedimento, sendo decúbito esternal mais indicado (BARAL, 2012 apud TADEU, 2017). No
local da punção deve ser realizado tricotomia e assepsia, posteriormente a agulha deve ser
inserida entre o 6º, 7º ou 8º espaço intercostal, caudalmente a costela e próxima a junção
costocondral (HAWKINS, 2012 apud TADEU, 2017), no paciente, do lado direito foi realizado
a toracocentese no 8ºEIC, e do lado esquerdo no 7º EIC, espaços recomendados na literatura.
Durante a toracocentese, a primeira amostra drenada deve ser colocada em um frasco com
EDTA, para análise citológica e contagem de células, e a outra amostra em frasco sem
anticoagulante para análise bioquímica (BARAL, 2012 apud TADEU, 2017), foi realizado as
duas coletas e enviado para análise.
Na internação foi recomendado as seguintes medicações: Ceftriaxona 35 mg/kg a cada
12 horas via intravenosa. a qual é uma cefalosporina de terceira geração (DIOGO, 2021), é
indicada para o tratamento de infeções urinárias ocasionadas por bactérias multirresistentes ou
em infeções recorrentes e/ou persistentes, devido ao seu amplo espectro (PRESCOTT, 2013;
WEESE et al, 2019 apud DIOGO, 2021), sendo esse um fator para a escolha desse
medicamento. Furosemida 6 mg/kg a cada 8 horas via intravenosa. Há diversas indicações para
a utilização da furosemida devido a sua rápida ação, alta capacidade de remoção de fluidos
intersticiais, média toxicidade e rápida eliminação do organismo (PALAZZUOLI et al., 2014;
30
SILVEIRA et al., 2010 apud FIORINIL et al, 2017), sendo utilizada com o mesmo objetivo
descrito, para remoção dos fluidos residuais da efusão pleural. Meloxicam 0,05 mg/kg a cada
24 horas via subcutânea, por possuir ótimas propriedades antipirética e analgésica, utilizada
para tratamento de afecções musculoesqueléticas (osteoartrites) (SPINOSA; GÓRNIAK;
BERNARDI, 2017), utilizado como analgésico e anti-inflamatório para alterações observadas
em quadril. Silimarina 35 mg/kg a cada 24 horas via oral, éum hepatoprotetor, e age como
estabilizador das membranas dos hepatócitos, com ação antioxidante (SPINOSA; GÓRNIAK;
BERNARDI, 2017), utilizado devido ao valor elevado da ALT, possivelmente decorrente de
uma hepatopatia.
No hemograma controle realizado foi possível observar persistência da neutrofilia e
monocitose, porém há uma diminuição no número de neutrófilos, e um pequeno aumento no
número de monócitos. No exame bioquímico controle, foi possível observar diminuição da
ALT, e aumento da creatinina, porém os mesmos se apresentam acima do valor de referência.
A neutrofilia e o aumento da ALT podem ser devido à colangiohepatite, evidenciada no exame
ultrassonográfico, e provavelmente estão diminuindo devido ao tratamento realizado durante a
internação. Após a realização do ultrassom e o resultado da urinálise, sem alterações
significativas em relação ao sistema urinário, acredita-se que o aumento da creatinina deve-se
ao uso de furosemida em bolus com doses altas. Em um estudo realizado em cães observou-se
elevação da creatinina sérica acima de 50% dos valores de referência em 20% dos animais que
apresentavam degeneração valvar mitral e receberam furosemida sob infusão contínua
(FIORINIL et al, 2017), podendo estar correlacionado com o caso descrito. E de acordo com
Bonagura (1997) a azotemia leve pode ser o preço necessário para uma terapia diurética eficaz.
No exame ultrassonográfico do animal em estudo foi observado irregularidade e
espessamento da parede da vesícula biliar, sendo sugestivo de colangite e/ou colangiohepatite.
A colangiohepatite é a segunda doença hepática mais importante em felinos (GALGARO,
2010), com maior predisposição em machos (WEISS et al, 2001 apud GALGARO, 2010)
inicia-se com inflamação no trato biliar, podendo ocasionar proliferação e hiperplasia do
mesmo, sendo observado no exame ultrassonográfico, defeitos na conformação dos ductos
biliares, distensão, presença de cálculos ou hipoecogenicidade e espessamento de parede
denotando inflamação da vesícula (GALGARO, 2010). Normalmente o único sinal é anorexia
ou hiporexia, mas também pode ser observado depressão, perda de peso, vômito, diarréia,
icterícia, febre e desidratação (GALGARO, 2010). Sinais de hiporexia, depressão, diarreia e
31
desidratação foram observados no animal em estudo, podendo estar correlacionado com o caso
de colangiohepatie.
No hemograma, a colangiohepatite aguda pode apresentar neutrofilia com desvio à
esquerda (WEISS, 2001; CENTER, 2004 apud GALGARO, 2010), e no exame bioquímico
pode apresentar a alanina amino transferase (ALT) discretamente aumentada ou
significativamente aumentada, porém, não está associado com o grau de injúria hepática
(GALGARO, 2010). Ambas alterações observadas no hemograma e bioquímico do paciente
felino, podendo estar correlacionado com essa afecção.
Os antibióticos de escolha em casos de colangite supurativa são a ampicilina (10 a 20
mg/kg a cada 6 a 8 horas), a amoxicilina (11 a 22 mg/kg a cada 8 a 12 horas) ou a cefalexina
(22 a 30 mg/kg a cada 8 a 12 horas) (GALGARO, 2010). Também é interessante utilizar
metronidazol associado à penicilina (ROYAL CANIN, 2001 apud GALGARO, 2010), mas
utiliza-se o metronidazol na dose de 7,5 mg/kg VO a cada 8 a 12 horas quando há
comprometimento hepático e sua metabolização ocorre primeiramente no fígado (SCHERK,
2005 apud GALGARO, 2010). Devido o metronidazol apresentar elevada biodisponibilidade e
facilidade para atravessar a barreira hematoencefálica, pode-se levar o acúmulo do mesmo no
sistema nervoso central (KENT and SCHATZBERG, 2009 apud MIRANDA; SILVA;
NOGUEIRA, 2018). Os efeitos colaterais observados na utilização do metronidazol pela via
oral são raros, e os animais podem apresentar ataxia, convulsão e neuropatia periférica
(SPINOSA; GÓRNIAK; BERNARDI, 2017). Foi receitado metronidazol 18 mg/kg a cada 12
horas durante 5 dias para o animal em estudo, sendo importante o cuidado com a dose e o uso
do metronidazol, devidos aos efeitos colaterais que o mesmo pode apresentar. Podem ser
utilizados corticosteroides para o tratamento de colangite neutrofílica e linfocítica (BECHE,
2017). Nesse caso foi utilizado corticosteroides como a prednisolona para o tratamento da
colangite. Para retardar o progresso da colangiohepatite crônica e da colangite linfocítica,
recomenda-se o uso antioxidantes que protegem o fígado, sendo mais efetivo no caso de
doenças necroinflamatórias, colestase, hepatopatias vacuolares e lipidose hepática, a SAMe
(dose de 20 mg/kg/dia uso contínuo) (GALGARO, 2010). Outro fármaco utilizado como
antioxidante, e hepatoprotetor é a silimarina (JERGENS; ALLENSPACH, 2016; GERMAN,
2009 apud BECHE, 2017). Para o tratamento do paciente foi utilizado SAMe na dose de 25
mg/kg a cada 24 horas durante 30 dias, e silimarina na dose de 35 mg/kg a cada 24 horas durante
30 dias, todos pela via oral.
32
Também foi observado no exame ultrassonográfico do animal em estudo, a dilatação
das veias hepáticas e a diminuição da distensibilidade da veia cava, o que sugerem congestão
hepática. A insuficiência cardíaca esquerda que pode ser por DDCVM, é uma das causas mais
prevalentes dentro das hepatopatias secundárias, levando a uma congestão hepática passiva
(WATSON, 2005 apud SARTO, 2015), quando ocorre isso, as alterações no fluxo sanguíneo
da veia porta causa alterações na velocidade do fluxo, modificando os diâmetros da veia cava
e das veias hepáticas (GONCALVESOVA et al., 2010 apud SARTO, 2015). De acordo com os
resultados ecocardiográficos, provavelmente há uma ICC derivado de uma DDCVM, levando
a alterações no diâmetro da veia cava e das veias hepáticas, como cita a literatura. De acordo
com Furtado e Reis (2019) quando o diâmetro da veia caudal inferior é maior que 21mm com
colapsibilidade menor 50%, é sugestivo de pressão elevada. Na imagem ultrassonográfica, o
diâmetro da VCI é de 33 mm a 39 mm com colapsibilidade menor 50%, o que corroborou casos
de hipertensão causada por ICC.
De acordo com o laudo ecocardiográfico, há suspeita de cardiomiopatia restritiva,
apresentando função sistólica e diastólica diminuídas, e padrão diastólico restritivo. As
características ecocardiográficas não são bem elucidadas, sem critérios estabelecidos para o
diagnóstico definitivo da CMR (PELLEGRINO, 2020), por isso temos somente uma suspeita
de acordo com o exame ecocardiográfico. A cardiomiopatia restritiva (CMR) é caracterizada
pelo limitado preenchimento e diminuição do volume diastólico de um ou de ambos os
ventrículos, podendo apresentar função sistólica dentro ou próximo da normalidade, com
espessamento das paredes e aumento da rigidez (MONTEIRO, 2013), como podemos observar
no resultado do exame ecocardiográfico, onde o animal apresenta função sistólica e diastólica
diminuídas. De acordo com Pellegrino (2020) o padrão restritivo é quando há importante
disfunção diastólica, levando a uma sobrecarga de pressão no ventrículo esquerdo, sendo
refletida na sobrecarga de pressão do átrio esquerdo. Durante a avaliação do fluxo transmitral
por meio do Doppler pulsado é possível observar aumento da velocidade da onda E ou
enchimento ventricular rápido (> 1m/s), diminuição no tempo de desaceleração da onda E (TDE
menor que 59 ± 14 ms), diminuição na velocidade da onda A ou contração atrial (< 0,4 m/s ou
onda A ausente) e aumento na relação E/A (> 2) (PELLEGRINO, 2020). Sendo observado no
presente relato, aumento na velocidade E, podendo apresentar risco eminente de edema
pulmonar, e aumento na relação E/A, apresentando um padrão restritivo. Aumentos
progressivos da pressão atrial esquerda para preencher o ventrículo esquerdo pode predispor o
gato à pressão venosa pulmonar elevada e edema pulmonar (BONAGURA, 1997).
33
As alterações ecocardiográficas observadas na CMR são: importante aumento atrial
esquerdo (relação átrio esquerdo/aorta superior a 1,8) e/ou aumento biatrial (PELLEGRINO,
2020; NAGUEH, 2009 apud PRADELLI and CROSTA, 2012), dimensões normais das
câmaras ventriculares, porém relaxamento e complacência ventricular prejudicada (NAGUEH,
2009 apud PRADELLI and CROSTA, 2012), sendo observado no exame ecocardiográfico do
paciente em estudo, a relação átrio esquerdo/aorta aumentada, e aumento biatrial, e dimensões
das câmaras ventriculares normais.
A CMR pode ser desencadeada pela presença de fibrose intersticial do endomiocárdio,
subendocárdica ou miocárdica (KIENLE, 1998 apud MONTEIRO, 2013). No exame
ecocardiográfico foi observado áreas de hiperecogenicidade em miocárdio e endomiocárdio,
podendo ser fibrose ou amiloidose, e possivelmente um fator desencadeante para essa
cardiomiopatia.
O tratamento da CMR não é específico, sendo paliativo, correlacionado aos quadros de
ICC, arritmias e/ou tromboembolismo arterial (PELLEGRINO, 2020). Quando há
manifestações clínicas de ICC, os fármacos indicados são os diuréticos (furosemida) e os
inibidores da enzima conversora de angiotensina (iECA – como benazepril e enalapril), como
essa afecção pode apresentar comprometimento sistólico, é indicado o uso do Pimobendan
(inotrópico positivo; dose de 0,25 mg/kg a cada 12 horas), visto que é observado melhora na
expectativa e qualidade de vida (PELLEGRINO, 2020), já Bonagura (1997) obteve melhores
resultados no tratamento da ICC usando uma combinação de furosemida, digoxina e enalapril.
No presente relato, foi utilizado a furosemida para evitar as recorrências das manifestações
clínicas de ICC, e o pimobendan, pelo comprometimento sistólico. Em pacientes com arritimias
ventriculares e supraventriculares, é indicado o uso de atenolol (dose de 6,25 a 12,5 mg/kg/gato
BID; ou de 1 a 1,5 mg/kg/BID (PELLEGRINO, 2020). O tratamento proposto por Bonagura
(1997) para arritmias ventriculares frequentes e recorrentes ou taquicardia ventricular em gatos
com CRM pode ser utilizado propranolol (2,5-5,0 mg a cada 8 horas) ou procainamida (1/4 de
uma cápsula de 250 mg misturada na comida a cada 8 horas). A medicação utilizada no animal
em estudo foi o atenolol, tratamento citado por Pellegrino (2020).
O líquido pleural encaminhado para exames é sugestivo de exsudato asséptico
potencialmente característico de quilotórax, podendo estar relacionado com presença de
linfoma. Quilotórax é o acúmulo de líquido derivado dos vasos linfáticos no tórax, o líquido se
apresenta com coloração branco leitoso ou róseo, por causa da grande presença de triglicerídeos
(TADEU, 2017), como observado no líquido coletado, de coloração branco leitoso. Tem
34
diversas etiologias, podendo ser por doenças que causem ruptura ou compressão do ducto
torácico, como as ICCs, neoplasias mediastinais, traumatismos, dirofilariose e PIF (TADEU,
2017), sendo neste relato a possível causa do quilotórax a ICC, causada por cardiomiopatia de
fenótipo restritivo.
O prognóstico da CMR quando associada a ICC é desfavorável, a sobrevida em geral é
pequena, porém alguns gatos vivem bem por um ano após o diagnóstico (PELLEGRINO,
2020). A média da sobrevida é de 30 dias em pacientes sintomáticos, apresentando grande
variação, e em animais assintomáticos não se sabe certamente o tempo de evolução da doença
(PELLEGRINO, 2020).
4. CONCLUSÃO
As cardiomiopatias em felinos representam uma grande porcentagem na rotina clínica
destes animais, sendo importante a identificação das mesmas com exames complementares,
principalmente com a utilização do ecocardiograma. A cardiomiopatia restritiva em felinos é
uma doença pouco elucidada, devido à dificuldade no diagnóstico definitivo, porém é a segunda
cardiomiopatia mais comum em felinos, sendo uma doença de cunho importante dentro das
cardiomiopatias. O tratamento normalmente é paliativo, porém o prognóstico é ruim, sendo
uma doença de baixa sobrevida em felinos. Com isso, é importante o diagnóstico das
cardiomiopatias em geral, para realização do tratamento paliativo, com o aumento da sobrevida
do animal e qualidade de vida para o mesmo, sendo importante a realização de novos estudos a
respeito dessa doença em questão.
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