cidades criativas ed 01
DESCRIPTION
ÂTRANSCRIPT
CidadesCidadesCidadesR E V I S T AR E V I S T AR E V I S T A
CriativasCriativasCriativas
Mayara AraújoMayara AraújoMayara Araújode Conto em Contode Conto em Contode Conto em Conto
20 ANOS20 ANOSJOGANDO RPGJOGANDO RPG
20 ANOSJOGANDO RPG
PALAVRA PALAVRA DO PROFESSORDO PROFESSOR
PALAVRA DO PROFESSOR
ARTE PRA QUE?ARTE PRA QUE?ARTE PRA QUE?
ARTIGOARTIGOARTIGOBLOGBLOGEXPERIÊNCIAEXPERIÊNCIADE UMA ATRIZDE UMA ATRIZ
BLOGEXPERIÊNCIADE UMA ATRIZ
ED. 011ª QUINZENA
FEV 2014
02
Edit
or
ial
Nasceu uma indiazinha linda, e a mãe e o pai
tupis espantaram-se:
- Como é branquinha esta criança!
Chamaram-na de Mani.
Comia pouco e pouco bebia.
Mani parecia esconder um mistério.
Uma bela manhã, Mani não se levantou da rede.
O Pajé deu ervas e bebidas à menina.
Mani sorria, muito doente, mas sem dores.
E sorrindo Mani morreu.
Os pais enterraram-na dentro da própria oca e
regaram a sua cova com água, como era costume
dos índios tupis, mas também com muitas
lágrimas de saudade.
Um dia, perceberam que do túmulo de Mani
rompia uma plantinha verde e viçosa.
A plantinha desconhecida crescia depressa.
Poucas luas se passaram,
e ela estava alta, com um caule forte que até
fazia a terra rachar ao redor.
- Vamos cavar? - comentou a mãe de Mani.
Cavaram um pouco e, à flor da terra, viram umas
raízes grossas e morenas, quase da cor dos
curumins, nome que dão aos indiozinhos.
Mas, sob a casquinha marrom, lá estava a polpa
branquinha, quase da cor de Mani.
- Vamos chamá-la de Mani-oca. - resolveram os
índios.
Transformaram a planta em alimento.
E até hoje, entre os índios do norte e do centro
do Brasil, este é um alimento muito importante.
E em todo o Brasil (e não só!), quem não gosta
da Mandioca?
No Brasil, a mandioca possui vários nomes
(variam de região para região), como, por
exemplo, aipim, macaxeira, maniva, castelinha,
mandioca-mansa, entre outros.
MANI
Diretor Executivo:
Armando Bueno
Editora de Arte:
Cecília Zanquini
Colaboradores:
Vagner Roberto da Silva
Juliana Bertoglia da Silva
Wellington Nascto
Conselho Editorial:
Antonio Carlos Junior
Armando Bueno
Cecília Zaquini
Marcello Barbosa
Wellington Nascto
Agradecimentos
Rodrigo Araújo
Rodrigo Luiz da Silva
Expediente CidadesREVISTA
Criativas
AGENCIA CIDADES CRIATIVAS CNPJ 012.940.142/0001-18
ANUNCIE9.6859.9570
3
que
m c
on
ta u
m c
on
to...
03
Exp
erien
cia de um
a a
triz
Em um grupo de teatro a
confiança é um elemento
fundamental ao relaciona-
mento. Afinal, como vivenciar
histórias e expor-nos perante
um público se, tampouco,
confiamos naqueles que
dividem o palco conosco?
“O cego e o condutor” foi o
exercício proposto para dar
confiabilidade à relação de
grupo: feito em dupla, os
cegos são encaminhados por
trilhas ou desafios coordena-
dos pelos condutores, e após
vivenciarem e guardarem em
sua memória - corporal ou não
- debatem e comentam sobre
as sensações percebidas.
Particularmente, agrada-me
do jogo a capacidade de
revelar-nos muito sobre a
essência humana. A mais
notória é se preferimos liderar
ou ser liderados, e as menos
perceptivas como o quanto
eu permito que o outro me
modifique. Tire-me do meu
"lugar comum".
Podemos ainda refletir até
que ponto realmente enxer-
gamos, pois, ao conduzir, será
que levamos em conta apenas
nossos anseios ou as reais
necessidades daquele que
conduzimos? Somos cegos
querendo guiar cegos?
O que queremos ao fazer uma
peça de teatro? Formar a
opinião? E como saber se
nossas ideias são as melho-
res? Existe um melhor?
Com este exercício temos a
oportunidade de perceber o
mundo com toda a minúcia
que nos proporciona enxergar
o que foi sempre existente,
p o r é m n ã o p e r c e b i d o .
Na relação de grupo as expe-
riências externas que cada um
trás e a convivência com
defeitos e qualidades do
outro fazem essencial a
construção da confiança.
Abaixo, trecho dos depoimen-
tos deixados pelos atores do
GEPETO que passaram por
esta experiência.
- Gosto muito desse tipo de
exercício (...) porém nesse dia
tive uma grande dificuldade
de me entregar, penso eu, que
isso ocorreu devido o medo
de me ferir, já que teria uma
apresentação no dia seguinte,
com isso não conseguir me
entregar total na condução.
Wellington Nascimento
- Acho importante evidenciar
minha experiência, que, pela
primeira vez, foi tão intensa
neste tipo de exercício. (...)
Entre rolar na grama, subir em
morros, sentir a diferença
entre um pisar na grama e no
cimento, sentir na pele a
sombra e o sol (...) Ufaaa!!! O
que mais me impressionou e
hipnotizou foi abraçar uma
árvore! (...) De repente não
ver nos faz enxergar o mundo
realmente como ele é, viven-
ciar cada milésimo de segun-
do de maneira tão feliz que
nunca seria capaz de buscar a
felicidade, ela esta lá! (...)
Mayara Araújo
Profª Cecília Zanquini
Graduada em Artes Cênicas
pela Faculdade Paulista de
Artes - FPA, é Diretora da Cia
GEPETO de Teatro e atual-
mente faz Pós Graduação
Especialização em Gestão
Cultural: cultura, desenvolvi-
mento e mercado (Latu
Sensu) pelo SENAC.
Editora do blog
ceciliazanquini.blogspot.-
com.br
CONFIANÇACONFIANÇACONFIANÇAceciliazanquini.blogspot.com.br
Por Cecilia Zanquini
04
Pa
lav
ra
do
Pr
ofe
sso
r
Era 1994. Meu pai chega em
casa com uma caixa grande na
mão. Ele me diz com uma cara
preocupada: "Eu vi esse jogo
em uma loja, tomara que você
e seu irmão gostem. Feliz
aniversário!". Abri o embrulho
curioso e na tampa da caixa
t inha o desenho de um
Dragão! Foi aí que tudo come-
çou. Nesse mês de Janeiro fez
20 anos que jogo RPG.
Comecei com o Dungeons and
Dragons da Grow. Meu pai
comprou o jogo pensando que
seria um tipo de "banco
imobiliário". Ele sabia que eu e
meu irmão adorávamos jogos
e estava preocupado se
gostaríamos daquele jogo
"diferente".
Até hoje agradeço a ele pela
iniciativa. Lembro minha
dificuldade em entender o
sistema de regras, um pouco
indigesto para um garoto de
10 anos. Mas a idéia de jogar
"Caverna do Dragão" com
meus amigos e meu irmão foi
ma is forte . Passava as
manhãs de Sábado desenhan-
do castelos e campos de
batalha no verso das cartoli-
nas dos meus trabalhos
escolares. Eram domingos
recheados de elfos, anões,
duendes, ogres, orcs e dra-
gões. O exercício de imagi-
nar/construir que o RPG
proporciona incentivou muito
a minha leitura, procurar
jogadores e montar grupos
ajudou na minha convivência
com as pessoas e selecionar
minhas amizades, a mensa-
gem que a fantasia heróica
transmite em relação a princí-
pios como honra e virtude
ajudaram a criar minha visão
do mundo.
Até hoje defendo o hobby
como uma diversão lúdica e
saudável, onde podemos
construir amizades duradou-
ras e contar estórias, mesmo
quando vivemos em um
mundo onde a imaginação é
substituída pela tecnologia
eletrônica de um videogame
onde você pouco decide os
rumos da estória. Agradeço
aos meus pais pelo presente.
Ao meu irmão por me acom-
panhar jogando até hoje, com
seus herois de bom coração e
cheios de coragem.
Aos meus amigos de Arujá
que insistiram em querer jogar
quando me mudei. Talvez sem
eles, teria parado de jogar a
muito tempo. Não teria visto
os vampiros insanos e druidas
misteriosos que saíram de sua
fértil imaginação. Não teria
dado risadas a tarde toda em
uma pracinha perto de casa
jogando Street Fighter SEM
VIDEOGAME, apenas com
dados. Obrigado a todos os
meus jovens colegas do
antigo “Parceiros do Futuro”
que, mesmo quando fomos
EXPULSOS DE UMA ESCOLA
POR LEVAR LIVROS PARA
ELA, ficaram fieis a seus
pr inc íp ios , cont inuaram
jogando e são meus grandes
amigos até hoje. São cente-
nas de pessoas.
Centenas de estórias conta-
das e Histórias de vida ligadas
por um Hobby. Obrigado a
todos vocês pelos anos de
aventuras, no RPG e na vida.
Profº Vagner Roberto da Silva
Graduado em História pela
UNG e Pós graduado em
Gestão Educacional na UMC,
atua como professor da Rede
Pública na Escola Maria Isabel
Nevez Bastos.
20 ANOS JOGANDO RPG20 ANOS JOGANDO RPG20 ANOS JOGANDO RPGUM DEPOIMENTOUM DEPOIMENTOUM DEPOIMENTOPor Vagner Roberto
cidadescriativas
ar
tigo
Até o surgimento da fotogra-
fia, os artistas estavam
presos a representações da
vida cotidiana da sociedade
em que estavam inseridos.
Desde a época das cavernas a
Arte era usada para catalogar
ou ensinar sobre a vida, a
religião e os costumes dessas
sociedades, o artista estava
impedido de se expressar, de
sentir e de até, por um bom
tempo, assinar a obra que
produzia.
A máquina fotográfica liber-
tou esses artistas e eles
viveram uma revolução na
produção de suas obras,
começaram a falar do mundo,
de como eles sentiam, viam e
viviam esse novo mundo.
Questionando a sociedade em
que estavam inser idos ,
procurando inferir no mundo o
seu próprio mundo e assim
muito deles foram incompre-
endidos e até hoje é comum
escutarmos a pergunta 'mas o
que esse artista quis dizer
com essa obra? ' Realmente
algo muitas vezes impossível
de se responder, dado que
não vivemos na mesma época
que muitos artistas que
estudamos em nossas escolas
públicas. Mas e os artistas
contemporâneos? Também
muitas vezes não os entende-
mos, por quê? Simples!
Porque não estamos acostu-
mados a apreciar obras de
arte, apesar da Arte estar
ligada diretamente as nossas
vidas, vivemos sem nos dar
conta de quanto ela é impor-
tante, e estamos mais acos-
tumados a obras que já vem
tudo explicadinho, não nos faz
pensar, refletir sobre o por
q u e d i s s o o u d a q u i l o .
Prefer imos c inemas em
shopping centers a museus e
bibliotecas, e assim estamos
criando uma geração que não
pensa em Arte como algo
importante em sua formação.
Durante as minhas aulas na
Educação de Jovens e
Adultos, é comum ouvir meus
alunos dizendo não gostarem
de arte por não saberem
desenhar, e que estão na
escola para aprender a ler e a
escrever. E como dizem meus
pequenininhos, Arte não é só
desenhar, é ver o mundo com
outros olhos, é estar disponí-
vel para sentir esse mundo
como se fosse a primeira vez
e, assim poder criar lingua-
gens visuais, corporais,
sonoras, sinestésicas conver-
sando com esse universo do
Criar, do imaginar, das cores e
sons, que nos fazem desejar
um mundo melhor.
Quando você, leitor, visitar
uma exposição em um museu
ou qualquer outro espaço, ou
ver fotografias de obras em
revistas e jornais, não se
pergunte o que esse artista
quis dizer com essa ou aquela
obra ou objeto artístico, e sim
o que você, enquanto leitor de
Arte, pensa sobre a obra em
questão, o que você sente e o
que essa obra diz pra você.
Profª Juliana Bertoglia Silva
Graduada em Artes pelo Centro
Universitário Metropolitano de
São Paulo- UNIFIG; Pós- graduada
em Gestão Educacional - Latu
Sensu pela Universidade de Mogi
das Cruzes - UMC; Extensão
Univers itár ia em Música e
M o v i m e n t o , e e m J o g o s
Cooperat ivos pe lo Centro
Universitário do Vale do Paraíba -
CEVAP; Atualmente é Professora
da Rede Pública Municipal de
Santa Isabel - SP
CidadesREVISTA
Criativas
ANUNCIE 9.6859.957005
ARTEARTEARTEPRA QUE? Por Juliana Bertoglia Silva
06
eSP
ECIA
L
DE CONTO EM CONTO...
A R E V I S T A C I D A D E S
CRIATIVAS traz nesta edição
um entrevista com Mayara
Araújo, 20 anos, moradora de
Arujá – SP. Musicista e Atriz
da Cia GEPETO de Teatro,
esteve presente no Festival
I n t e r n a c i o n a l A r t e e n
Resistencia em Medellin-
Colombia, com a Cia Teatral
GATO e foi 1ª Flautista
Orquestra Juvenil da EMESP -
Tom Jobim. Em breve embar-
ca para Pelotas – RS em uma
nova fase de sua vida para
estudar Bacharel em Música –
Flauta Transversal.
CIDADES CRIATIVAS - O que
fez você buscar a realização
do sonho de estudar em uma
federal?
MAYARA ARAÚJO - Minha
mãe sempre zelou pelos meus
estudos. Com isso, realizei
meu ensino fundamental em
escolas públicas e o médio em
um dos melhores colégios
particulares da cidade de
Arujá (na minha opinião, o
melhor!), hoje vejo esta
última como base fundamen-
tal na minha formação desde
educacional até de cidadã.
Infelizmente, o ensino público
é absurdamente defasado e
foi um buraco na minha
formação e no ensino médio
pude resgatar o que foi
perdido (com muitas recupe-
rações rs). Uma vez que vi o
esforço da minha família, vi a
necessidade de retribuir da
maneira mais positiva possível
e, como dizia minha professo-
ra de história, o ensino superi-
or público é o único retorno
bem investido dos nossos
impostos. Com todo o apoio
educacional, base familiar e
esforço de parentes, amigos e
professores, vêem que não
poderia ter sido diferente.
CC - Como você descobriu
esta inclinação artística?
MA - Desde muito nova tenho
uma paixão muito grande por
música e teatro em especial.
Já quis ser cantora e ir à
p rogramas de ca louros
(recentemente descobri que
minha mãe não me levou
quando criança por eu ser
desafinada, rs), e atriz de
novela porque eram as mani-
festações artísticas veicula-
das na grande mídia e, portan-
to, as que tive mais acesso
quando pequena. Por gostar
muito, me envolvi na escola e
comunidade com peças e
cursos de teatro e música ao
longo do meu crescimento.
Estudei teatro, piano, violão,
Atual formação da Cia Gepeto de TeatroCecilia Zanquini, Kaio Lima, Wellington Nascto Mayara Araujo
MAYARA ARAÚJOMAYARA ARAÚJOMAYARA ARAÚJO
escola e comunidade com
peças e cursos de teatro e
música ao longo do meu
crescimento. Estudei teatro,
piano, violão, percussão (sem
ter tido resultados impressio-
nantes) e flauta transversal
que é, hoje, meu foco profissi-
onal.
CC - Fale um pouco de seu
trabalho.
MA - Apesar de ter passado
por variadas experiências
artísticas, há três anos encon-
trei o que, hoje, é minha
paixão e foco de profissional -
A flauta transversal – minha
afinidade com o instrumento
foi tão grande que, desde o
início, tive um desenvolvimen-
to razoavelmente rápido
(claro, fruto de horas de
prática!) e com isso, toquei
desde o meu início na Banda
Sinfônica Municipal de Arujá
tendo passado, depois de
uma certa qualidade técnica
mínima necessário ao instru-
mento, pela Banda Sinfônica
Mun i c i pa l de I t apev i e
Orquestra Sinfônica Juvenil da
EMESP. Neste último ano tive
a oportunidade de participar
d e u m F l a s h m o b n a
Pinacoteca do Estado realiza-
do pela Santa Marcelina
Cultura em parceria com
m ú s i c o s d o C N S M D P -
Conservatoire national supéri-
eur de musique et de danse de
Paris. Atualmente faço parte
desde a formação inicial como
atriz e sonoplasta da Cia
GEPETO – Grupo de Estudos e
Pesquisas de Teatro. No
grupo participei do processo
cr iat ivo do espetáculo-
contação “Quem conta um
conto aumenta um ponto”, no
qual atuo e compus as inter-
venções sonoras e uma
música. Felizmente a parceria
com o grupo é muito sólida e,
mesmo com a minha mudança
para o sul, continuarei contri-
buindo com composições
através de ensaios online. O
grupo tem muitos projetos
em vias de realização e,
apesar de não como atriz,
minha participação permane-
cerá ativa até que eu volte
com mais bagagem e conheci-
mento para contribuir e
crescer ao lado dele cada vez
mais.
CC - Quais são seus planos
para o futuro:
MA - Sei que a faculdade vai
me abrir um leque de opções.
O plano agora é me esforçar
muito na faculdade e sei que
real izações profissionais
serão fruto de todo o estudo.
A longo prazo pretendo seguir
carreira concertista tocando
em orquestras e outras
formações musicais. Mas
também me interesso pela
área acadêmica e de composi-
ção para cena. O GEPETO é
também minha menina dos
olhos, o grupo tem uma base
de formação acadêmica dos
membros muito forte, com
muita harmonia e vontade de
trabalhar. Por isso acredito
muito na qualidade do traba-
lho e pretendo acrescentar
meus conhecimentos e, quem
sabe, levar o GEPETO para
trabalhar no sul.
07
CIA GEPETORECOMPENSARECOMPENSAUMA VIAGEMUMA VIAGEM
RECOMPENSAUMA VIAGEM