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Centro Universitário Hermínio Ometto UNIARARAS MARCIA DURAN DE PAULA CORREIA CORRELAÇÃO DO MÉTODO ESTRUTURAL DE BJÖRK COM O PADRÃO FACIAL ARARAS/SP DEZEMBRO/2005

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Centro Universitário Hermínio Ometto

UNIARARAS

MARCIA DURAN DE PAULA CORREIA

CORRELAÇÃO DO MÉTODO ESTRUTURAL DE BJÖRK COM O

PADRÃO FACIAL

ARARAS/SP

DEZEMBRO/2005

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1

Centro Universitário Hermínio Ometto

UNIARARAS

MARCIA DURAN DE PAULA CORREIA

CIRURGIÃ DENTISTA

[email protected]

CORRELAÇÃO DO MÉTODO ESTRUTURAL DE BJÖRK COM O

PADRÃO FACIAL

Dissertação apresentada ao Centro

Universitário Hermínio Ometto –

UNIARARAS, para obtenção do Título

de Mestre em Odontologia, Área de

Concentração em Ortodontia.

Orientadora: Prof. Dra. Gisela André

Paganini.

e-mail: [email protected]

Co-Orientadora: Profa. Dra. Heloísa

C. Valdrighi

e-mail: [email protected]

ARARAS/SP

DEZEMBRO/2005

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FOLHA DE APROVAÇÃO

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3

DEDICATÓRIA

A Deus, pelo dom da vida e

pelas vitórias alcançadas.

Aos meus pais , Manoel e

Hélia, meus maiores incentivadores,

pelo grande amor e apoio

incondicional.

Aos meus irmãos , Marilúcia,

Lúcia Maria, Heliane e Márcio, pelo

amor e incentivo.

Ao meu marido , Júlio César,

pelo amor que nos une e fortalece.

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AGRADECIMENTOS

À Sra. Duse Rüegger Ometto - Presidente do Conselho.

Ao Centro Universitário Hermínio Ometto - UNIARARAS, representado pela

Magnífica Reitora Prof ª Drª Miriam Magalhães Oliveira Levada.

Ao Prof. Dr. Marcelo A. M. Esquisatto Pró-Reitor de Pós-Graduação e

Pesquisa.

Ao coordenador do curso de Pós-Graduação em Ortodontia, Prof. Dr. Mário

Vedovello Filho, pela oportunidade e dedicação.

À minha Orientadora Prof. Dra. Gisela André Paganini e Co-Orientadora Profa.

Dra. Heloísa C. Valdrighi, pelo apoio e incentivo.

A todos os professores, pelos conhecimentos transmitidos com tanta dedicação

e carinho.

Aos colegas, pela amizade, pelo quanto aprendemos uns com os outros e pela

saudade que fica após estes anos de convívio.

Aos funcionários, que sempre com muita dedicação e carinho realizam suas

funções para nos auxiliar no nosso aprendizado.

Aos pacientes, pela confiança e oportunidade possibilitando adquirirmos a

experiência necessária ao nosso aprendizado.

Àqueles que, de alguma maneira, com artigos ou incentivo, contribuíram para a

realização deste trabalho.

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5

“Não me deixe rezar para ser

protegido contra os perigos, mas para ser

destemido ao enfrentá-los.

Não me deixe pedir para amenizar a

minha dor, mas a coragem de conquistá-la.

Não me deixe procurar por aliados no

campo de batalha da vida, mas por minha

própria força.

Não me deixe suplicar de medo, aflito

para ser salvo, mas para ter esperança na

paciência de ganhar minha liberdade.

Permita-me não ser covarde, sentindo

sua clemência apenas no meu êxito: mas

permita-me sentir sua mão, no meu

fracasso”.

(Rabindranath Tagore)

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RESUMO

O Método Estrutural de BJÖRK utiliza-se de observações morfológicas

mandibulares realizadas em uma telerradiografia lateral, baseado no princípio

de que a anatomia craniofacial seria definida precocemente através de

características estruturais, de algumas estruturas determinadas por BJÖRK,

que não sofreriam alteração significante durante a fase de crescimento.

Sabendo-se que a classificação do padrão facial é de fundamental importância

no diagnóstico e planejamento do tratamento, bem como no prognóstico do

caso objetivou-se neste trabalho, verificar a confiabilidade do Método Estrutural

de BJÖRK na predição do Padrão Facial e, também, avaliar qual estrutura do

Método Estrutural de BJÖRK que se apresenta mais fidedigna. Foram

utilizadas radiográficas laterais cefalométricas, de 48 indivíduos sendo 16

braquifacial, 16 dolicofacial e 16 mesofacial, determinados pelas medidas

cefalométricas FMA, SNGoMe e Eixo Y, com idade entre 12 e 25 anos, não

tratados ortodônticamente, maloclusão de classe I de ANGLE. Com base nos

dados avaliados foi possível concluir que o Método Estrutural de BJÖRK é um

método confiável para predizer o Padrão Facial. O método se apresenta mais

confiável nos casos de indivíduos braquifacial e dolicofacial. Nos indivíduos

mesofaciais a correlação diminui mostrando que o método tem maior

correlação com o Padrão Facial nos casos extremos. As estruturas de BJÖRK

consideradas as mais fidedignas foram o ângulo goníaco e altura corpo

mandibular ao nível da sínfise e dos molares.

Palavras-chaves: Método Estrutural de BJÖRK / Padrão Facial.

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ABSTRACT

BJÖRK's Structural Method is used of observations morphologic

mandibles accomplished in a lateral cephalograms, based on the principle that

the anatomy craniofacial would be defined prematurely through structural

characteristics, of some certain structures for BJÖRK, that they won't suffer

significant alteration during the growth phase. Being known that the

classification of the facial pattern is of fundamental importance in the diagnosis

and planning of the treatment, as well as in the prognostic of the case, it was

aimed at in this work, to verify the reliability of BJÖRK's Structural Method in the

prediction of the Facial Pattern and, also, to evaluate what structure of BJÖRK's

Structural Method came more trustworthy. Profile radiographs of 48 subjects

were used, being 16 braquifacial, 16 dolicofacial and 16 mesofacial, certain for

the cephalometrics measures FMA, SNGoMe and Eixo Y, with age between 12

and 25 years, no treated ortodonticaly, class I ANGLE’s maloclussion. Based in

the appraised data was possible to conclude that BJÖRK's Structural Method is

a reliable method to predict the Facial Pattern. The method comes more reliable

in the cases of braquifacial and dolicofacial subjects. In the mesofaciais

subjects the correlation reduces showing that the method has larger correlation

with the Facial Pattern in the extreme cases. BJÖRK's structures considered

the most trustworthy were the gonial ANGLE and height of mandibular’s body

at the level of the simphysis and the molars.

Key Words: BJÖRK’s Estructural Method / Facial Pattern

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Desenho anatômico, pontos de referência, linhas, eixos, planos e

grandezas cefalométricas angulares.................................................................34

Figura 2 - Estruturas utilizadas na análise de BJÖRK.......................................36

Quadro 1 - Ficha individual para determinação da tendência de crescimento

pelo Método Estrutural de BJÖRK.....................................................................37

Quadro 2 - Ficha para determinação da estrutura de BJÖRK mais

confiável.............................................................................................................38

Gráfico 1 - Distribuição de Freqüência do Padrão Facial segundo coincidência

ou não com o Método Estrutural de BJÖRK......................................................39

Gráfico 2 - Percentual de coincidência das estruturas de BJÖRK com o Padrão

Facial, de acordo com a tabela 2.......................................................................41

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição de Freqüência do Padrão Facial segundo coincidência

ou não com o Método Estrutural de BJÖRK......................................................39

Tabela 2 - Estruturas mais fidedignas com o Padrão facial para a Análise de

BJÖRK...............................................................................................................40

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SUMÁRIO

Resumo................................................................................................................6

Abstract................................................................................................................7

Lista de Ilustrações..............................................................................................8

Lista de Tabelas...................................................................................................9

1. Introdução......................................................................................................11

2. Objetivos........................................................................................................13

3. Revisão da Literatura.....................................................................................14

4. Material e Métodos........................................................................................29

4.1 Traçado do desenho anatômico........................................................30

4.2 Determinação dos pontos de referência...........................................32

4.3 Traçados de planos e linhas.............................................................32

4.4 Grandezas cefalométricas angulares................................................33

4.5 Determinação do Padrão Facial........................................................34

4.6 Determinação da maloclusão de Classe I de ANGLE......................35

4.7 Determinação do Método Estrutural de BJÖRK...............................35

4.8 Determinação da estrutura BJÖRK mais confiável...........................37

4.9 Método estatístico.............................................................................38

5. Resultados.....................................................................................................39

5.1 Análise Estatística.............................................................................39

6. Discussão......................................................................................................42

7. Conclusões....................................................................................................44

Referências Bibliográficas.................................................................................45

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1. INTRODUÇÃO

A classificação do padrão facial do indivíduo é de fundamental

importância no diagnóstico e planejamento do tratamento, bem como no

prognóstico do caso.

Com a introdução da cefalometria radiográfica por BROADBENT, nos

Estados Unidos e HOFHRATH, na Alemanha (1931) deu início a uma nova

época na Ortodontia, dando ensejo à possibilidade de se medir com relativa

precisão as diversas grandezas cefalométricas de interesse ortodôntico. O

advento do Cefalostato inspirou um grande número de estudos do

desenvolvimento da dentição e do crescimento da face.

O estudo do crescimento facial em humanos com a ajuda de implantes

metálicos revelou informações relevantes, especialmente referentes ao

crescimento vertical da face e o modo de irrupção dos dentes (BJÖRK, 1955).

Desde o início do estudo pelo método de implantes foi possível observar locais

de crescimento e reabsorção nos maxilares, individualmente, e examinar

variações individuais em direção e intensidade. Isto se aplicava,

particularmente, à relação vertical dos maxilares (BJÖRK, 1969).

Certas estruturas internas da mandíbula mantinham uma relação

constante com os implantes, suas posições em relação ao osso adjacente não

eram afetadas pelo remodelamento associado ao crescimento. Foi sugerido

então que, para propósitos clínicos, na ausência dos implantes, um método de

superposição poderia ser baseado nessas estruturas naturais de referência, as

quais ficaram conhecidas como estruturas de BJÖRK. O crescimento da

mandíbula teria um efeito considerável na relação intermaxilares e a direção do

crescimento mandibular poderia influenciar tanto o plano de tratamento quanto

os resultados do tratamento (BJÖRK, 1963).

O complexo processo de rotação mandibular foi avaliado para verificar o

que ocorria durante o crescimento no desenvolvimento normal e anormal da

mandíbula. O osso do corpo da mandíbula e o tecido mole que o envolvia, a

matriz, eram considerados como sistemas independentes capazes de rotações

independentes. Verificou-se que o tratamento ortodôntico influenciava os

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componentes da rotação mandibular e assim induzia mudança no

remodelamento da mandíbula (BJÖRK; SKIELLER, 1983).

O método estrutural de predição de crescimento introduzido por BJÖRK

(1963) foi avaliado e o estudo confirmou que as características estruturais

introduzidas por BJÖRK seriam capazes de mostrar a rotação mandibular de

crescimento. O método deveria ser usado primariamente para determinar se

alguns sinais típicos de rotação anterior ou posterior estariam presentes. Se

não, o caso provavelmente seguiria a média de direção de crescimento (ARI-

VIRO; WISTH, 1983).

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2. OBJETIVOS

Os objetivos deste estudo foram:

• Verificar a confiabilidade do Método Estrutural de BJÖRK na

determinação do Padrão Facial;

• Avaliar qual estrutura do método estrutural de BJÖRK se apresenta mais

fidedigna.

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3. REVISÃO DA LITERATURA

ANGLE (1899) classificou as maloclusões unicamente em seu aspecto

dentário. Relacionou os dentes superiores com os inferiores, no sentido

póstero-anterior e estabeleceu a relação dos primeiros molares permanentes

como “chave da oclusão”. Ele não considerou as posições transversais.

ANGLE classificou a oclusão normal como sendo molares e caninos em Classe

I, incisivos em relação normal, sem ressalte, sobrepasse e apinhamento. A

Classe I teria o primeiro molar superior ocluindo, com sua cúspide mésio-

vestibular, no sulco principal da face vestibular do primeiro molar inferior. A

oclusão seria normal para os primeiros molares. A maloclusão poderia se

apresentar em outros dentes.

BROADBENT (1931) realizou um grande avanço dentro da Ortodontia

pela aplicação de métodos cefalométricos, onde se marcava e media as

mudanças no osso em relação ao resto da cabeça. As incertezas das técnicas

utilizadas na época levaram o autor a procurar meios de se obter marcadores

craniométricos em crianças vivas que fossem tão precisos quanto àqueles

feitos com um craniostato medindo crânios secos. O cefalograma revelou áreas

na base craniana que não apresentavam mudanças entre certas idades. Estas

áreas ofereceram uma base mais estável para o traçado e proporcionaram um

método mais preciso medir as mudanças nos dentes, nos maxilares e na face.

Introduzindo a cefalometria radiográfica BROADBENT iniciou uma nova época

na Ortodontia, dando ensejo à possibilidade de se medir com relativa precisão

as diversas grandezas cefalométricas de interesse ortodôntico. Utilizando o

Cefalostato, de sua própria concepção, ele inspirou um grande número de

estudos do desenvolvimento da dentição e crescimento da face.

HOFRATH (1931), simultâneamente a BROADBENT, publicou na

Alemanha um trabalho considerado clássico na literatura mundial. Utilizou um

cefalostato de Korkhaus ao qual introduziu modificações e descreveu

minuciosamente a sua técnica radiográfica e análises cefalométricas.

BRODIE (1941) relatou que desde a primeira análise radiográfica de

perfil ficou evidente que a forma da face se mantinha constante durante o

crescimento, até mesmo em casos de crescimento craniofacial patológico.

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BUSHRA (1948) relatou que um estudo das variações e relações de

componentes do esqueleto craniofacial poderia fornecer uma base fundamental

para o diagnóstico e prognóstico ortodôntico. Salientou ainda que, enquanto

sua investigação não mostrou que nenhum plano, ângulo ou relação seria

invariável o bastante para ser usada como um guia infalível de diagnóstico, as

tendências verificadas poderiam ser de grande ajuda para estabilizar uma base

de tentativa na análise e prognóstico das maloclusões.

BJÖRK (1951), com o propósito de esclarecer alguns problemas

relacionados com o desenvolvimento da oclusão e sua relação com o

crescimento facial individual, estudou telerradiografias de perfil de 150

indivíduos com 20 anos de idade e que já haviam sido examinados aos 12

anos. Ele relatou que grandes mudanças ocorriam nas estruturas faciais

durante o período de crescimento e que estas teriam grande influência na

oclusão. Salientou ainda que, seria muito importante, do ponto de vista clínico,

ser capazes de julgar o tipo de crescimento para cada indivíduo e que isto

deveria ser entendido e levado em conta quando fossemos planejar o

tratamento ortodôntico.

BJÖRK (1955), o crescimento vertical e horizontal da mandíbula variava

com a direção do crescimento no côndilo. O componente vertical do

crescimento condilar e o abaixamento da fossa craniana medial e, portanto, do

osso temporal, determinavam a extensão do abaixamento mandibular no

padrão facial. Citou ainda que o crescimento da base do crânio exercesse uma

forte influência no posicionamento dos maxilares e na oclusão dos dentes.

WERNER (1955) realizou um estudo da posição dos maxilares em

relação à base do crânio com o propósito de obter um padrão para avaliar as

teleradiografias laterais dos alunos da Royal School of Dentistry, em

Estocolmo, analisando 31 indivíduos com oclusão normal. A comparação dos

resultados encontrados com os de DOWNS e RIEDEL mostrou que os valores

obtidos diferiam pouco em relação aos valores de RIEDEL e mais dos valores

de DOWNS concluindo assim que haveria uma grande variação dentro dos

limites de normalidade.

BJÖRK (1963), por meio de um estudo radiográfico longitudinal em 110

crianças dinamarquesas utilizando o método de inserção de implantes

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metálicos nos maxilares relatou variações no padrão de crescimento

mandibular.

De acordo com MÜLLER (1963), as proporções morfológicas da face

média seriam de particular interesse para o ortodontista porque as proporções

morfológicas determinariam a arcada dentária superior bem como a relação

entre o maxilar superior e o inferior. Primeiramente existiria a influência dentro

da própria face média e, secundariamente, da base craniana. Após a análise

de teleradiografias laterais de 541 indivíduos com oclusão normal e anomalias.

O autor concluiu que existia influência entre o crescimento e desenvolvimento

da face média e a morfologia da região oral.

SASSOUNI; NANDA (1964) relataram que o equilíbrio facial seria uma

preocupação cardeal para os especialistas da área de saúde, não somente

porque muitos órgãos vitais localizavam-se nesta área, mas também, devido ao

valor social da face. Artistas, dentistas, físicos e antropólogos teriam estudado

a face de diversos ângulos. Ortodontistas, empregando técnicas

cefalométricas, teriam investigado a relação entre a oclusão dental e equilíbrio

esqueletal da face. Pesquisas e experiências clínicas mostraram a

interdependência das proporções faciais nas três dimensões do espaço. Ao

mesmo tempo em que o desenvolvimento de diversos aparelhos ortodônticos

tem permitido tratamentos diferenciais dos desvios dentofaciais nas três

dimensões.

SCHUDY (1965), com o propósito de avaliar a rotação da mandíbula

resultante do crescimento e suas implicações no tratamento ortodôntico,

estudou 62 indivíduos e concluiu que se o crescimento condilar for maior do

que o crescimento vertical na área do molar, a mandíbula teria rotação anti-

horária e o resultado seria uma mudança mais horizontal do mento e menos

aumento da altura facial. O extremo desta condição causaria uma mordida

profunda. Ao contrário, se o crescimento vertical na região do molar fosse

maior do que nos côndilos, a mandíbula teria uma rotação horária resultando

numa maior altura facial anterior e menos mudança horizontal no queixo. O

contrário desta condição causaria uma mordida aberta. Portanto, variações no

crescimento dos côndilos e na área dos molares seriam responsáveis pela

rotação do corpo da mandíbula.

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BJÖRK (1968), utilizando implantes metálicos para estudar o

crescimento facial em crianças em radiografias de perfil, notou que ocorria

variação no padrão de crescimento. A forma do arco basal e do ângulo

mandibular dependia da direção de crescimento nos côndilos, local onde se

observava a maioria do crescimento em comprimento da mandíbula. Na

maioria dos casos a reabsorção ocorria abaixo do ângulo da mandíbula,

variando em grau com a direção de crescimento condilar. Na maxila o

crescimento, em comprimento, ocorria nas suturas e acompanhava a aposição

periostal na tuberosidade maxilar. O crescimento em altura ocorria nas

articulações suturais dos processos frontais e zigomático e, por aposição

periostal na borda inferior do processo alveolar. O autor relatou ainda que tanto

o crescimento condilar quanto o sutural sofreriam influência pelo uso de forças

externas.

Segundo SASSOUNI (1969), existiriam dois tipos faciais básicos nas

desproporções verticais, a mordida aberta e a mordidas profundas esqueléticas

e dois tipos na desproporção ântero-posterior, a Classe II e Classe III

esqueléticas. A constituição de cada tipo esqueletal poderia ser devido a um

desequilíbrio na dimensão ou na posição. Quando fosse dimensional seria

descrito como “largo” ou “estreito”. Quando posicional, a direção do

desequilíbrio seria descrito como “anterior” ou “posterior”, “para baixo” ou “para

cima” e ”lateral”.

BJÖRK (1969) relatou que desde seu estudo realizado pelo método de

implantes, foi possível observar locais de crescimento e reabsorção nos

maxilares individualmente e examinar variações individuais em direção e

intensidade. Isto se aplicava, particularmente, à relação vertical dos maxilares.

Foi detectada considerável rotação mandibular durante o crescimento do que

podia ser observado pelos métodos convencionais. Segundo o autor, do ponto

de vista clínico, seria importante detectar tipos extremos de rotação mandibular

que ocorriam durante o crescimento. Sete sinais estruturais de extrema rotação

de crescimento seriam considerados, em relação à direção de crescimento

condilar. Nem todos eles seriam encontrados, mas quanto maior número

presente, mais fidedigna a predição seria. Os sete sinais estariam relacionados

às seguintes características: (1) inclinação da cabeça do côndilo, (2) curvatura

do canal mandibular, (3) forma da borda inferior da mandíbula, (4) inclinação da

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sínfise, (5) ângulo interincisal, (6) ângulos interpremolar ou intermolares, e (7)

altura facial anterior.

ODEGAARD (1970) estudou 25 indivíduos, que já possuíam implantes

metálicos. O objetivo do estudo foi de avaliar a relação entre a direção

crescimento condilar e o ângulo goníaco. Concluiu que a direção de

crescimento condilar , quando mensurada com a linha mandibular, variava com

o ângulo goníaco. A direção de crescimento condilar não dependeria das

seguintes variáveis SNB, SNPg, ML-SN e NSBa. Estas últimas variáveis

determinariam como a mandíbula se relacionaria com a anatomia craniana e

que, quando se fosse realizar uma predição de crescimento mandibular isto

deveria ser realizado com base na morfologia mandibular e não com a posição

da mandíbula no espaço. Relatou também, que a morfologia mandibular e sua

posição demonstravam grande variação, mesmo dentro dos grupos étnicos e

que isto seria de grande interesse para os ortodontistas. A predição de

crescimento mandibular seria, portanto, de grande importância para o plano de

tratamento.

ISAACSON et al. (1971), com o objetivo de avaliar variação extrema no

crescimento vertical facial associado com variações esqueletárias, examinaram

teleradiografias laterais de 60 indivíduos, sendo 20 deles com ângulo MP-SN

aumentado (maior que 38°), 20 diminuído (menor que 26°) e 20 normal (com

32°). Concluíram que ângulo MP-SN extremamente alto seria resultado de uma

pequena quantidade de crescimento condilar vertical e uma grande quantidade

de crescimento alveolar vertical e sutural produzindo rotação mandibular anti-

horária. O resultado deste padrão de crescimento seria aumento na altura facial

ântero-inferior e/ou diminuição na altura do ramo. Casos com ângulo MP-SN

extremamente diminuído seria resultado do padrão oposto de crescimento

diferencial e produziria efeitos opostos na altura facial. Portanto, padrão de

crescimento se manifestando extremo na rotação mandibular deveria,

logicamente, estar associado a variações extremas do ângulo MP-SN.

BJÖRK; SKIELLER (1972), visando avaliar a relação entre erupção

dentária e o desenvolvimento vertical da face com o auxílio de implantes

metálicos, estudaram 21 indivíduos com os mais variados tipos de oclusão, não

submetidos a tratamento ortodôntico. As radiografias foram realizadas próximo

ao período pubertário, podendo-se observar 3 tipos diferentes de rotação

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mandibular associadas ao crescimento e à erupção. Quando a relação incisal

era estável, a mandíbula deslocava-se para anterior, favorecendo o

desenvolvimento normal da dentição e da oclusão. No entanto, quando a

relação dos incisivos era instável, a rotação da mandíbula para anterior gerava

uma sobremordida profunda esquelética, pois o centro de rotação passava a

ser na região de pré-molares, diminuindo a altura facial ântero-inferior. Já a

rotação para posterior caracterizava-se por um centro de rotação localizado

entre os molares, resultando num deslocamento do mento para trás e para

baixo, com aumento da altura facial ântero-inferior.

HARVOLD; CHIERICI; VARGERVIK (1972), avaliando as mudanças na

altura facial inferior que eram utilizadas para descrever crescimento vertical da

mandíbula, relataram que, em alguns casos, um aumento máximo no

comprimento mandibular poderia ocorrer sem aumento na altura facial inferior,

enquanto que em outros casos um significativo aumento na altura facial inferior

poderia ocorrer com pouco ou nenhum aumento no comprimento mandibular.

Ele concluiu que a altura facial inferior e a posição do queixo seriam

governados pelo sistema muscular e subseqüente desenvolvimento da

oclusão, e não pelo aumento do comprimento mandibular.

WALKER (1972) relatou a importância do uso da computação como

meio de registrar, guardar, recuperar e analisar uma vasta coleção de

informações. Estes dados analisados poderiam, então, serem interpretados

pelos seus mecanismos biológicos, especialmente aqueles relacionados com a

morfologia e mudanças na morfologia (crescimento), e aplicados para síntese e

predição de eventos biológicos e clínicos. Em essência, isto significaria um

maior discernimento sobre o crescimento facial, melhorando o suporte para o

diagnóstico clínico aumentando assim a estabilidade na terapia ortodôntica.

POWELL; RAYSON (1976) procuraram avaliar a relação entre o perfil e

a aparência facial. Segundo os autores, a influência da ortodontia na aparência

dental seria direta enquanto que, a aparência facial seria, essencialmente, a

aparência dos tecidos moles da face, e seria influenciada indiretamente e

secundariamente pelo movimento dentário. Concluíram que as limitações de

um registro bidimensional da face não deveriam ser descartadas. A

telerradiografia lateral da face para avaliar, planejar e monitorar mudanças

seriam indispensáveis na ortodontia, entretanto, sua utilização na interpretação

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da aparência facial deveria ser vista com cautela e que isto não poderia ser

usado como um padrão estético.

ISAACSON et al. (1997), com o objetivo de entender como o

crescimento podia afetar a oclusão dental e o perfil facial, utilizaram o método

de sobreposição de traçados cefalométricos. A sobreposição foi orientada em

algumas estruturas, presumivelmente estáveis, para avaliar mudanças

ocorridas com o crescimento. Foi observado que a rotação mandibular

resultaria de diferentes incrementos de crescimento vertical entre o côndilo

mandibular e a fossa de um lado, e os processos das suturas-alveolares do

outro. A localização do centro de rotação determinaria o efeito que o

crescimento produziria na relação oclusal e no perfil. Quanto mais próximo da

cabeça estivesse o centro de rotação representaria um crescimento vertical

desproporcional e a grande possibilidade de crescimento vertical do côndilo

resultando em mudanças ântero-posteriores na oclusão dental e no perfil. Isto

ocorreria quando a desproporcionalidade entre o crescimento vertical condilar e

sutural-alveolar aumentasse. Se o crescimento vertical condilar fosse maior

ocorreria uma rotação para frente. Se a área sutural-alveolar fosse maior

ocorreria uma rotação para trás. Outro tipo de rotação associado com o centro

de rotação mais vertical retirado do plano oclusal, resultaria num centro mais

efetivo em converter crescimento vertical em mudanças ântero-posteriores na

oclusão e no perfil.

BJÖRK; SKIELLER (1977), utilizando o método de implantes metálicos

num estudo longitudinal, analisaram o crescimento da maxila nas três

dimensões do espaço por meio da análise de radiografias cefalométricas

frontais e laterais. Concluíram que o crescimento na sutura mediana era maior

posteriormente do que anteriormente, por meio do quais as duas metades da

maxila rotacionavam entre si no plano transversal e isto refletia no

desenvolvimento do arco dental.

KURODA; OHYAMA; SOMA (1979), em um estudo com implantes

metálicos, mostraram que havia também, rotação maxilar e mandibular para

trás em alguns indivíduos, embora na maioria dos casos ambos os ossos

rotacionassem para frente, na face, em relação à base craniana anterior.

TARANGER; HÄGG (1980) realizaram um estudo longitudinal com 212

crianças suecas, do nascimento à idade adulta, para determinar o início do pico

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de crescimento e a duração do crescimento em adolescentes. Na média, o

surto de crescimento puberal se iniciaria aos 10 anos nos indivíduos do gênero

feminino e aos 12,1 anos nos indivíduos do gênero masculino e terminaria aos

14,8 anos e 17,1 anos, respectivamente. Em ambos os gêneros a maior

velocidade de crescimento ocorreria dois anos após o início do pico (12 anos e

14,1 anos). O crescimento finalizaria aos 17,5 anos no gênero feminino e 19,2

anos no gênero masculino. A duração do surto não diferiria entre os gêneros,

mas o período pós-puberal seria significantemente mais longo no gênero

feminino. Os autores salientaram a importância destes dados no planejamento

do tratamento ortodôntico.

LUNDSTRÖM; WOODSIDE (1980) realizaram um estudo com objetivo

de investigar a direção de crescimento expressada no queixo e na face média e

seu significado na ortodontia. Utilizaram duas amostras de indivíduos, uma do

Burlington Growth Center (Toronto-CA) e outra do Center of Human Growth

(Ann Arbor-USA). Destes indivíduos 66,5% receberam algum tipo de

supervisão ou tratamento ortodôntico. A direção de crescimento do gnátio e do

subnasal foram medidas numa sobreposição da telerradiografia lateral da idade

de 6 anos para frente. O resultado mostrou uma diferença entre os gêneros

com um crescimento horizontal levemente maior no gênero masculino.

Somente 25-40% da variabilidade estava relacionada a fatores comuns a

ambos os ossos o qual determinava se o padrão de crescimento da face seria

horizontal ou vertical e que a direção de crescimento de cada osso seria mais

amplamente determinada por fatores independentes. A sobreposição de

traçados de todos os indivíduos utilizados na amostra de Burlington não

mostrou que o último incremento do crescimento mandibular seria horizontal.

Este incremento horizontal seria usualmente visto seguido do ortodôntico e

provavelmente representaria uma recuperação de uma rotação mandibular

para baixo e para trás criada durante o tratamento.

BJÖRK; SKIELLER (1983) realizaram este estudo com o objetivo de

examinar o complexo processo de rotação mandibular que ocorria durante o

crescimento, no desenvolvimento mandibular normal e anormal. O corpo

mandibular e o tecido mole que o recobre, a matriz, foram considerados tecidos

independentes capazes de rotações independentes. Ambas as rotações para

frente e para baixo foram divididas em três componentes: total rotation,

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referindo à rotação do corpo mandibular (linha de referência ou implante de

referência) relativa a base craniana anterior; matrix rotation, referindo à

rotação da matriz do tecido mole da mandíbula (linha tangenciando a borda

inferior da mandíbula) relativa à base craniana anterior; e intramatrix rotation,

referindo à rotação do corpo mandibular com sua matriz do tecido mole (ou a

diferença entre as linhas de referência) expressando a quantidade de

remodelamento na borda inferior da mandíbula. Analisada por amostras

longitudinais, a rotação total, que seria a soma da rotação da matriz e da

intramatriz, mostrou um constante aumento com a idade, para frente ou para

trás, dependendo do caso. A rotação da matriz, ao contrário, mostrou um

movimento de pêndulo, para frente ou para trás, no mesmo indivíduo durante o

desenvolvimento. A rotação intramatriz, como a rotação total, aumentava

constantemente durante o crescimento, mas com flutuações, contrapondo o

movimento de pêndulo da matriz.

ARI-VIRO; WISTH (1983) avaliaram o método estrutural de predição de

crescimento introduzido por BJÖRK (1963). Foram utilizados cefalogramas

laterais de 42 indivíduos, realizados antes e depois do período de crescimento

puberal, com um intervalo de quatro anos. A investigação confirmou que as

características estruturais introduzidas por BJÖRK seriam capazes de mostrar

a rotação mandibular de crescimento. Também mostrou que parecia não haver

correlação entre predição de crescimento estrutural e degrau de rotação de

crescimento em casos mostrando mudanças dentro da média. Relataram que o

método deveria ser usado primariamente para determinar se alguns sinais

típicos de rotação anterior ou posterior estariam presentes. Se não, o caso

provavelmente seguiria a média de direção de crescimento. Segundo os

autores, o tratamento ortodôntico usualmente envolveria a combinação de

movimento dentário e mudanças do crescimento facial. Estas mudanças

poderiam ser variações do crescimento natural ou poderiam ser induzidas pelo

tratamento. A direção do crescimento se seria ou não favorável, teria especial

importância em deformidades verticais e sagitais extremas.

SKIELLER; BJÖRK; LINDE-HANSEN (1984) objetivaram estimar a

possibilidade de predizer a direção e a quantidade de rotação mandibular de

crescimento com base no critério morfológico, avaliando para isto

telerradiografias de perfil na idade puberal. As telerradiografias de perfil foram

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sobrepostas em estruturas estáveis, na base craniana anterior e a linha sela-

násio (NSL). A amostra consistiu de 21 indivíduos nos quais a determinação da

rotação mandibular foi determinada por implantes metálicos durante um

período de 6 anos, da idade pré puberal até idade adulta. Um total de 44

variáveis morfológicas foram empregadas e os dados foram analisados pelo

método estatístico multivariado. As quatro variáveis as quais, em combinação,

deram o melhor prognóstico estimado (86%) de rotação mandibular neste

exemplo foram (1) a inclinação mandibular, representada por três alternativas-

(a) índice I, proporção entre altura facial posterior e anterior, (b) ângulo goníaco

inferior (GOL), (c) inclinação da borda inferior (NSL-ML1); (2) ângulo intermolar

(MOLs-MOLi); (3) forma da borda inferior (ML1-ML2); e (4) inclinação da sínfise

(CTL-NSL). A rotação mandibular observada neste estudo seria a rotação total,

por definição. As quatro características morfológicas em relação à predição de

rotação seriam indubitavelmente influenciadas por ambos os componentes de

rotação, matriz e intramatriz. A análise estatística foi baseada numa amostra

que incluía vários casos extremos. Em crianças com um padrão normal de

crescimento estas características estariam menos desenvolvidas. Porém, se

uma ou mais destas características fossem extremamente desenvolvidas, em

um caso individual, elas indicariam que uma rotação extrema de crescimento

da mandíbula estaria ocorrendo.

COOK; GRAVELY (1988), com o propósito de analisar os erros de

traçado associados com as estruturas utilizadas no método de sobreposição

mandibular de BJÖRK, utilizaram cinqüenta teleradiografias laterais.

Concluíram que o nível de erro horizontal era muito menor do que o vertical,

que as estruturas da linha média eram mais confiáveis do que as bilaterais e o

germe do terceiro molar eram mais confiáveis do que o canal dentário inferior.

Eles salientaram, também, que o traçado deveria ser sobreposto primeiramente

no contorno anterior da sínfise, para estabelecer a relação horizontal, já que

esta estrutura teria demonstrado ser a mais confiável de todas.

MILLER; KERR (1992), sem a vantagem dos implantes, mas com um

vasto material, objetivaram em seu estudo demonstrar todas as mudanças

morfológicas e espaciais ocorridas na mandíbula, dos 5 aos 20 anos de idade.

Eles utilizaram 42 radiografias cefalométricas (21 do gênero masculino e 21 do

gênero feminino). Foram realizadas diversas sobreposições nas idades de 5,

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10, 15 e 20 anos de idade, o que confirmou a teoria de BJÖRK; SKIELLER

(1983) com atenção à rotação mandibular e seus componentes. Relataram

que, em média, o crescimento mandibular entre 5 e 10 anos de idade era

aproximadamente igual ao que ocorria dos 10 aos 15 anos de idade, mas

reduzia muito dos 15 aos 20 anos de idade. Esta descoberta implicaria no

aumento dos casos onde o tratamento com aparelhos funcionais deveria iniciar

mais cedo. Também forneceu representações visuais do processo de

crescimento mandibular.

SNODELL; NANDA; CURRIER (1993) estudaram as mudanças

longitudinais em radiografias cefalométricas póstero-anterior de 25 indivíduos

do gênero feminino, dos 4 aos 25 anos de idade e 25 indivíduos do gênero

masculino, dos 4 aos 20 anos de idade e que apresentavam Classe I

esquelética. O crescimento no gênero masculino continuou mesmo após os 18

anos para todas as medidas esqueléticas, exceto para a largura maxilar. O

crescimento para os indivíduos do gênero feminino estava completo aos 17

anos para todas as medidas esqueléticas. Aos 6 anos de idade as medidas

transversais já apresentavam uma grande porcentagem do tamanho adulto

completado, do que as medidas verticais, para ambos os gêneros. As

diferenças entre os gêneros aos 6 anos eram principalmente nas larguras do

crânio, face e maxila. Na idade de 12 anos as diferenças eram na largura do

crânio, largura dos maxilares, e largura dos maxilares e mandibulares

intermolar (6-6). Havia diferença entre os gêneros na idade de 18 anos para

todas as variáveis, exceto para o comprimento nasal e o comprimento

mandibular intermolar.

BROADBENT (1994) relatou que a quantidade de desvio vertical poderia

variar, consideravelmente, entre os indivíduos de diferentes tipos faciais e,

também, variaria entre a região anterior e posterior do arco.

KARLSEN (1995) realizou um estudo longitudinal, do crescimento

craniofacial, em dois grupos de indivíduos do gênero masculino que

apresentavam ângulo MP-SN alto e baixo, com o propósito de revelar

diferenças entre os grupos nas mudanças dimensionais e descobrir se estas

diferenças estavam associadas com a diferença entre os grupos da rotação

mandibular de crescimento. As diferenças entre os grupos nas mudanças

dimensionais foram explicadas pela diferença na rotação da matriz do corpo

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mandibular, especialmente no período de 6 a 12 anos. No período dos 12 aos

15 anos, a rotação da matriz foi similar nos dois grupos e também foram as

mudanças dimensionais. Morfologicamente, as diferenças dimensionais entre

os grupos no período de 6 a 12 anos foram teoricamente compatíveis com o

fato de que a rotação mandibular foi claramente mais para frente no grupo de

ângulo baixo do que no de ângulo alto. Estatísticamente, variáveis

dimensionais com significativa diferença entre os grupos foram correlacionadas

com a rotação da matriz e, na maioria dos casos, não significativamente com a

rotação intramatriz.

KARLSEN (1997), com o propósito de examinar associações entre

crescimento craniofacial vertical e rotação mandibular de crescimento, avaliou

dois grupos de crianças com ângulo MP-SN alto e baixo onde estas crianças

foram acompanhadas longitudinalmente dos 6 aos 15 anos de idade.

Correlações entre variáveis dimensional e rotacional ocorreram em pares

diferentes de variáveis nos dois grupos e mudavam com a idade. Aumento na

altura facial posterior inferior distinguiu-se por ser consistentemente e

positivamente correlacionada com a rotação da matriz para frente

independente do plano mandibular, ângulo ou idade. O mesmo aumento se

aplicava na altura do ramo. O aumento na altura facial ântero-inferior estava,

surpreendentemente, fracamente correlacionado com a rotação mandibular,

mas fortemente e positivamente correlacionado com o aumento do

comprimento do corpo. Um maior desenvolvimento da altura facial anterior

inferior nos casos de ângulo alto ocorreu porque o degrau do plano mandibular

dirigiu o crescimento do corpo mais para baixo do que o normal e não porque a

mandíbula rotacionou para trás.

CABRERA; ENLOW apud CABRERA; CABRERA (1997) relataram que

nos indivíduos mesofaciais os vetores de crescimento e desenvolvimento facial

apresentavam-se em harmonia com a face, crescendo e desenvolvendo-se de

modo equilibrado para baixo e para frente. Nos indivíduos braquifaciais haveria

uma predominância dos vetores de crescimento e desenvolvimento da face

mais no sentido anterior que inferior, caracterizando uma predominância de

crescimento horizontal. Uma determinante possível para este vetor poderia ser

ditada pelo redirecionamento do seu padrão muscular que se apresentaria com

uma musculatura forte contendo o vetor vertical. Nos indivíduos dolicofaciais

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haveria uma predominância dos vetores de crescimento e desenvolvimento da

face, mais no sentido inferior que anterior, caracterizando uma predominância

de crescimento vertical. A pouca resistência no sentido vertical, promovida pela

musculatura, proporcionaria condições favoráveis à vetorização nesse sentido.

Segundo os autores, todo potencial de crescimento manifestaria-se sem alterar

o padrão facial, ou seja, o crescimento preservaria o padrão facial inicial.

CABRERA apud CABRERA; CABRERA (1997) relatou que a par da

possibilidade de diagnóstico clínico do biótipo facial, os estudos craniométricos

e especialmente as análises cefalométricas, teriam contribuído de maneira

expressiva para a evolução conceitual e mecânica da ortodontia. A simples

visualização de uma cefalometria lateral evocaria o diagnóstico do biotipo

facial, sem traçado cefalométrico e sem nenhuma grandeza cefalométrica. Isto

seria possível porque a morfologia mandibular teria uma estreita relação com o

biótipo facial. O autor acreditou que os conhecimentos morfodiferenciais

apresentados pelos distintos biótipos faciais seriam primordiais e quando

compreendidos tornar-se-iam indispensáveis como coadjuvantes das

interpretações das análises cefalométricas.

GREGORET (1999) afirmou que o biótipo facial seria o primeiro dado a

ser obtido do cefalograma resumido. Ele seria de suma importância, pois, em

conjunto com os dados de idade e gênero, identificaria o paciente, sugeriria um

esquema básico de tratamento, assinalaria as condutas mecânicas a serem

seguidas e alertaria sobre o uso de procedimentos que poderiam ser

prejudiciais para esse padrão. De acordo com o autor existiriam três padrões

faciais: dolicofacial (direção de crescimento vertical), mesofacial (crescimento

equilibrado) e braquifacial (direção de crescimento horizontal). Seria importante

levar em conta que a resposta à mecânica do tratamento estaria

indissoluvelmente ligada à tipologia do paciente. O indivíduo de padrão

dolicofacial apresentaria uma face longa e estreita com perfil convexo e

arcadas dentárias freqüentemente portadoras de apinhamentos, musculatura

hipotônica, ângulo do plano mandibular muito inclinado. No indivíduo

mesofacial a face freqüentemente apresentaria uma proporção entre os

diâmetros vertical e transversal, com maxilares e arcadas dentárias com

configuração semelhante. No indivíduo braquifacial teríamos face curta e larga

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com mandíbula forte e quadrada. O vetor de crescimento se dirigiria mais para

frente do que para baixo e favoreceria o prognóstico de tratamento.

PRATA et al. (2001) comparou o crescimento maxilar e mandibular entre

a fase do início e a fase do SCP (surto de crescimento puberal) e verificou

também se existiriam diferenças de crescimento entre os indivíduos do gênero

masculino e feminino. Foram utilizadas 93 radiografias carpais e 186

telerradiografias cefalométricas laterais, na faixa etária entre 7 anos e dois

meses a 13 anos e cinco meses. Estas radiografias foram divididas em dois

grupos de acordo com o gênero e ao período em que se encontravam na curva

de crescimento. O autor concluiu que não havia diferença significante para os

incrementos de cada medida cefalométrica linear estudada (CoA, CoGo, GoGn,

CoGn) entre os grupos I (início do SCP) e II (pico do SCP), em ambos os

gêneros, sugerindo um crescimento maxilo-mandibular linear durante a fase do

SCP. Salientou ainda que, o conhecimento do crescimento e desenvolvimento

facial seria importante para o diagnóstico, objetivo, planejamento e resultado do

tratamento ortodôntico.

HERDY et al. (2002) por meio de revisão de literatura investigaram

alterações no perfil facial decorrentes do crescimento. Verificaram que o tecido

mole que recobria o esqueleto craniofacial tinha espessura e taxa de

crescimento diferente, em especial na região dos lábios e mento, podendo

acompanhar ou não o tecido ósseo subjacente. O dimorfismo sexual começou

a ser notado a partir dos 10 anos a 12 anos, quando o crescimento do gênero

masculino, principalmente das medidas lineares foi responsável pela

diferenciação facial. O perfil mole se tornava mais convexo à medida que o

oposto ocorria com o perfil esquelético.

ALVES (2003) descreveu as características faciais das arcadas

dentárias da seguinte maneira: braquicefáfico, osso mais compacto, músculos

mais desenvolvidos e arcada ampla; dolicocefálico, osso menos compacto,

músculos menos desenvolvidos, arcada comprida e estreita; mesocefálico,

apresentaria características médias entre os dois anteriores. Face mais ou

menos ovalada e arcada normal.

ARNETT; GUNSON (2004) afirmaram que a mordida indicaria um

problema e a face indicaria como tratar a mordida. Os modelos, a análise

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cefalométrica e facial juntas deveriam fornecer as bases para o sucesso do

diagnóstico.

Segundo ZAMPIERI et al. (2005), a avaliação do crescimento da face

poderia ser baseada por meio de superposições de telerradiografias, obtidas

em estágios diferentes do desenvolvimento, considerando-se a coincidência

mais próxima de um número máximo de estruturas da base craniana, de

acordo com o que já havia sido relatado por BJÖRK.

MACHADO et al. (2001) relataram que as nossas faces influenciariam e

moldariam nossas características, personalidade e comportamento, devido ao

seu íntimo relacionamento com a estética facial, as alterações verticais da face

chamariam a atenção da cefalometria e da ortodontia.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

Para o presente trabalho foi selecionada uma amostra de 48

telerradiografias cefalométricas laterais de indivíduos leucodermas, com

maloclusão de Classe I de ANGLE, com idade entre 12 e 25 anos, de ambos

os gêneros, sem deformidades crânio-faciais, síndromes ou fissuras, não

submetidos a tratamento ortodôntico. As telerradiografias laterais foram

divididas em três grupos, segundo o padrão facial: 16 de padrão braquifacial,

16 de padrão dolicofacial e 16 de padrão mesofacial, determinadas por meio

das medidas: FMA, Eixo Y e SNGoMe. O material utilizado faz parte do arquivo

do setor Documentação Científica do Curso de Pós-Graduação em Ortodontia

do Centro Universitário Hermínio Ometto - UNIARARAS.

Foram excluídas as radiografias com pouco contraste, que dificultassem

a visualização dos pontos cefalométricos e das estruturas a serem traçadas.

Este estudo foi conduzido de acordo com os preceitos determinados

pela resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e pelo Código de Ética

Profissional Odontológico, segundo a resolução CFO 179/93 e submetido e

aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade São Leopoldo Mandic, sob o

protocolo n°05/051.

Critérios de inclusão:

� Indivíduos leucodermas;

� Ambos os gêneros;

� Idade entre 12 e 25 anos;

� Presença de dentadura permanente;

� Presença de todos os 1os molares permanentes;

� Indivíduos Mesofacial, Dolicofacial e Braquifacial;

� Não submetidos à tratamento ortodôntico;

� Sem deformidades craniofaciais, síndromes ou fissuras;

� Indivíduos com maloclusão de classe I de ANGLE.

� Indivíduos que não sofreram extração.

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Critérios de Exclusão:

� Indivíduos de outras etnias;

� Submetidos à tratamento ortodôntico;

� Menores de 12 e maiores de 25 anos;

� Indivíduos que apresentassem a perda de molares permanentes;

� Indivíduos com dentadura decídua ou mista;

� Indivíduos com deformidades crânio-faciais, síndromes ou fissuras;

� Indivíduos com outro tipo de maloclusão.

O traçado cefalométrico foi realizado pelo método manual, por um único

operador, sobre o papel “ultraphan” (Cephalometric Tracing Error-GAC) de

8”x10”, com lapiseira 0,3mm. Este procedimento foi realizado em ambiente

escuro com auxílio de negatoscópio. No cefalograma foi realizada a

demarcação dos pontos: Po, Or, S, Gn, N, Go e Me, para a obtenção das

linhas e planos utilizados no estudo da determinação do Padrão Facial,

segundo as grandezas cefalométricas: FMA, SNGoMe e Eixo “Y”.

Foram delimitadas, também, a sínfise, o côndilo, os planos mandibular e

oclusal, o longo eixo dos incisivos superior e inferior, o ângulo goníaco e o

canal mandibular para a avaliação do método estrutural de BJÖRK.

4.1 Traçado do desenho anatômico (fig. 1)

Foram traçadas as seguintes estruturas anatômicas:

Perfil tegumentar: inicia-se na altura do osso frontal, ao nível superior

da glabela, e se prolonga inferiormente até a mandíbula, completando o

contorno do mento. Deve ser representado por uma linha contínua e única.

Meato acústico externo: tem forma oval, com o longo eixo maior

oblíquo em cima e para frente, inclinando-se aproximadamente 45° sobre o

plano de Frankfurt, medindo de 8 a 10 mm. Encontra-se à frente do meato

acústico interno.

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Borda inferior das órbitas: demarcação da linha radiopaca dos limites

orbitários em seu contorno posterior e inferior. Contorno geral externo da

cavidade ocular.

Sela Túrcica: linha contínua que exibe o contorno anterior, inferior e

posterior da sela e processos clinóides anterior e posterior.

Perfil anterior do osso frontal e nariz: a demarcação dessas

estruturas inicia-se na metade inferior da glabela, interrompe-se na região da

sutura entre o osso frontal e os ossos nasais e prossegue inferiormente

contornando os limites dos ossos nasais em toda sua extensão.

Mandíbula: o desenho da sínfise mandibular é feito traçando-se a

cortical labial em toda sua extensão até atingir a cortical lingual, delineada da

mesma forma. A base da mandíbula é traçada do ponto mais inferior do

contorno do mento, continuando-se pelo limite inferior do corpo, em direção

posterior do ramo. O côndilo mandibular foi traçado nos seus limites externos e

cabeça do côndilo. Esses traçados, com exceção do contorno da sínfise, foram

feitos em uma ou duas linhas, conforme os dois lados estejam sobrepostos.

Canal mandibular: é traçado o canal mandibular na altura da curvatura

da mandíbula.

Incisivos superiores e inferiores: são desenhadas as imagens dos

dentes mais anteriores dos incisivos superior e inferior, delineando o contorno

anatômico da coroa e raiz desses dentes. As raízes são desenhadas tanto por

vestibular quanto por lingual, tendo como orientação o longo eixo do incisivo

considerado.

Molares: é realizado o desenho anatômico dos primeiros molares

permanentes, superiores e inferiores, em oclusão.

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4.2 Determinação dos pontos de referência (fig. 1)

Ponto Na (Násio): ponto mais anterior da linha de união do osso frontal

com os ossos próprios do nariz. É interessante relembrar que o traçado do

perfil anterior do osso frontal e o osso próprio do nariz é interrompido

exatamente neste ponto para facilitar sua visualização.

Ponto S (Sela): ponto central da sela túrcica.

Ponto Po (Pório): ponto mais superior do meato acústico.

Ponto Or (Orbital): ponto mais inferior sobre a borda externa da

cavidade orbitária.

Ponto Go (Gônio): formado pela intersecção da linha do ramo

mandibular e da linha do plano mandibular.

Ponto Me (Mentoniano): ponto localizado onde a curvatura anterior da

sínfise passa de côncava para convexa, ponto de confluência da margem

inferior da sínfise com a base mandibular.

Ponto Gn (Gnátio): ponto determinado pela bissetriz do ângulo formado

pela linha NP e pela linha da borda inferior do corpo da mandíbula (GoMe).

4.3 Traçados de Planos e Linhas (fig. 1)

Planos:

Plano horizontal de Frankfurt: plano horizontal que une os pontos

Pório e Orbital.

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33

Plano mandibular: liga os pontos Mentoniano e a borda mais inferior e

posterior da mandíbula. Tangente às bordas inferiores do corpo mandibular. O

traçado corta a folha de uma margem à outra.

Plano Oclusal: plano que passa entre o ponto oclusal médio da

superfície de intercuspidação dos últimos molares em oclusão e o ponto que se

encontra na margem incisal do incisivo inferior.

Linhas:

Linha S-N: linha do ponto Sela ao ponto Násio. O traçado corta a folha

de uma margem à outra, interrompendo-se na altura dos pontos S e N.

Linha Go-Me: união do ponto Gônio com Mentoniano.

Linha I - superior: longo eixo dos incisivos superiores.

Linha I - inferior: longo eixo dos incisivos inferiores.

Linha S-Gn: união do ponto S com o Gn.

4.4 Grandezas cefalométricas angulares (fig. 1)

Ângulo Plano Mandibular (FMA): intersecção do plano horizontal de

Frankfurt e plano mandibular.

Ângulo SNGoMe: ângulo formado pela linha SN e GoMe.

Ângulo interincisivos: ângulos formados pelo longo eixo dos incisivos

centrais superiores e inferiores.

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Eixo “Y” de crescimento: ângulo formado pela intersecção da linha

SGn com plano horizontal de Frankfurt.

Figura 1: Desenho anatômico, pontos de referência, linhas, eixos, planos e

grandezas cefalométricas angulares.

4.5 Determinação do Padrão Facial (ALVES, 2003)

Para determinação do padrão facial foram utilizadas as seguintes

grandezas cefalométricas:

• FMA - norma: 25° ( ± 4°)

• SnGoMe – norma: 32°

• Eixo “Y” (com plano horizontal de Frankfurt) – norma: 59°

Valores dentro da norma foram considerados padrão mesofacial;

maiores que a norma foram considerados padrão dolicofacial; valores menores

Plano mandibular

Linha SGn

Na

Go

Po Or

S

Gn

Linha SN

Plano horizontal de Frankfurt

Me

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35

que a norma foram considerados padrão braquifacial. Pelo menos duas

medidas deveriam determinar o Padrão Facial.

4.6 Determinação da maloclusão de Classe I, de ANGL E

(ANGLE, 1899).

ANGLE classificou as maloclusões unicamente em seu aspecto dentário.

Relacionou os dentes superiores com os inferiores, no sentido póstero-anterior

e estabeleceu a relação dos primeiros molares permanentes como “chave da

oclusão”. A Classe I foi determinada avaliando a posição dos 1° molares onde,

a cúspide mésio-vestibular do 1° molar superior est aria ocluindo no sulco

central vestibular do 1° molar inferior, de ambos o s lados. A maloclusão poderia

se apresentar em outros dentes.

4.7 Determinação do Método Estrutural de Björk (BJÖ RK, 1963)

Este método utiliza-se de observações morfológicas mandibulares

realizadas em uma telerradiografia lateral, baseado no princípio de que a

anatomia craniofacial seria definida precocemente através de características

estruturais, de algumas estruturas determinadas por BJÖRK, que não sofreriam

alteração significante durante a fase de crescimento (fig. 2). Estas

características seriam na sua maioria, do osso mandibular e, segundo BJÖRK,

ofereceriam as indicações do sentido de rotação mandibular durante o

crescimento. As características que determinassem tendência de crescimento

vertical da face seriam consideradas “desfavoráveis” e as características que

determinassem tendência de crescimento horizontal da face seriam

consideradas “favoráveis” (quadro 1). As estruturas, determinadas por BJÖRK,

seriam as seguintes:

• Forma e inclinação da sínfise mentoniana: longa e estreita padrão

“desfavorável”; curta e larga padrão “favorável”.

• Inclinação da cabeça da mandíbula: inclinada “desfavorável”;

verticalizada “favorável”.

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36

• Curvatura do canal mandibular e ângulo goníaco: ângulo aberto

“desfavorável”; ângulo fechado “favorável”.

• Ângulo interincisal: ângulo aberto “desfavorável”; ângulo fechado

“favorável”.

• Relação de alturas do corpo mandibular ao nível da sínfise e dos

molares: pouca altura (relativa) ao nível de molares “desfavorável”;

tendência ao paralelismo “favorável”.

• Borda inferior da mandíbula (chanfradura): borda côncava

“desfavorável”; borda reta ou convexa “favorável”.

Seria necessário esclarecer que todas as características “favoráveis”

poderiam aparecer num determinado caso. Entretanto, em outro caso

poderíamos ter algumas “desfavoráveis” e deveria ser considerado então o

predomínio das características, para uma definição do padrão de crescimento.

Caso haja número igual das duas características considera-se como padrão de

crescimento equilibrado. Outro aspecto importante é que as características são

marcas estruturais deixadas por um padrão de crescimento em determinado

sentido. Elas não se relacionam à magnitude de crescimento.

QUADRO 1- Ficha

Figura 2: Estruturas utilizadas na análise de BJÖRK.

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Quadro 1 - Ficha individual para determinação da t endência de

crescimento pelo Método Estrutural de BJÖRK.

MÉTODO ESTRUTURAL DE BJORK

Nome:------------- FAVORAVEL DESFAVORAVEL

Sínfise

Inclinação do côndilo

Ângulo goníaco

Ângulo interincisal

Planos mandibular e oclusal

Chanfradura

TENDÊNCIA DE CRESCIMENTO:

4.8 Determinação da estrutura de BJÖRK mais confiáv el

Para avaliar qual estrutura de BJÖRK seria a mais fidedigna agrupamos

todas as análises dos indivíduos que apresentaram correlação quanto ao

padrão facial e a análise pelo método estrutural de BJÖRK, portanto, foram

excluídos aquelas análises que não apresentaram correlação (15 indivíduos) e

os de padrão mesofacial (7 indivíduos), os primeiros por não ter correlação não

poderiam ser avaliados e os de padrão mesofacial porque apresentam médias

entre as estruturas da análise de BJÖRK, o que totalizou 26 indivíduos para

esta avaliação.

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38

Quadro 2: Ficha para determinação da estrutura de B jörk mais confiável.

4.9 Método estatístico (BUSSAB; MORETTIN, 2003; AN;

CUOGHI, 2004)

Como os objetivos deste trabalho de Dissertação focalizavam o estudo

da relação entre o Método Estrutural de BJÖRK e o Padrão Facial, a hipótese

estatística (ou Hipótese nula) foi definida por: o Método Estrutural de BJÖRK e

o Padrão Facial não estão relacionados. Essa hipótese foi verificada, quanto à

significância estatística, com o auxílio da estatística de Qui-quadrado ( 2χ ), ao

nível de significância de 0,05 e a regra de decisão foi determinada a partir de

p= P ( 2χ > 2

oχ ), probabilidade de estatística de 2χ seja maior do que o valor

observado ( 2oχ ) dessa estatística nos dados da amostra, do modo que se

segue: se p > 0,05 o valor 2oχ não foi significante e a hipótese sob teste não foi

rejeitada e, em caso contrário, se p < 0,05 o valor 2oχ foi significante e a

hipótese sob teste foi rejeitada.

NOME Sínfise Inclinação côndilo

Angulo goníaco

Angulo interincisal

planos Chanfradura

1

2

3

4

5

6

7

8

9

...

26

TOTAL

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39

5. RESULTADOS

5.1 Análise Estatística

Os dados obtidos experimentalmente permitiram realizar a construção

da tabela de contingência exposta a seguir (tabela1; gráfico 1).

Tabela 1: Distribuição de Freqüência do Padrão Faci al segundo

coincidência ou não com o Método Estrutural de BJÖR K.

Método de -------- Padrão Facial -------- BJÖRK Braquifacial Dolicofacial Mesofacial --- Total ---

Favorável 11 (68,75) 1 (6,25) 1 (6,25) 13 (27,08) Desfavorável 2 (12,5) 15 (93,75) 7 (43,75) 25 (52,08) Equilibrado 3 (18,74) 0 (0) 8 (50) 10 (20,84) Total 16 (33,3) 16 (33,3) 16 (33,4) 48 (100,0)

Freqüência Absoluta: fora dos parêntesis. Freqüência Percentual: dentro dos parêntesis.

Gráfico 1: Distribuição de Freqüência do Padrão Fac ial segundo

coincidência ou com o Método Estrutural de BJÖRK.

A aplicação do modelo estatístico que define a estatística de 2χ aos

dados da tabela 1 resultou no valor 32,9446χ2o = , que foi significante (p <

0102030405060708090

100

braq dolic meso

favoráveldesfavorávelequilibrado

%

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0,001) na distribuição dessa estatística com 4 graus de liberdade. Assim, a

amostra evidenciou subsídios para se rejeitar a hipótese, isto é, houve

evidência amostral para se afirmar que há correlação entre o Método Estrutural

de BJÖRK e o Padrão Facial.

Analisando-se o perfil do padrão facial frente ao método estrutural de

BJÖRK (tabela 1) verificou-se que no padrão Braquifacial, ocorreram 68,75%

de correlação com o Método Estrutural de BJÖRK e apenas 31,25% dos casos

avaliados não tiveram correlação. Evidenciando que a esse padrão houve uma

estreita relação do Padrão Facial com o Método Estrutural de BJÖRK. No

padrão Dolicofacial, ocorreram 93,75% de correlação com o Método Estrutural

de BJÖRK, correlação ainda maior que a anterior, e apenas 6,25% dos casos

avaliados não tiveram correlação. Evidenciando que a esse padrão também

houve uma estreita relação do Padrão Facial com o Método Estrutural de

BJÖRK. No padrão Mesofacial, ocorreram 50% de correlação com o Método

Estrutural de BJÖRK e 50% dos casos avaliados não tiveram correlação. Isto

nos leva a concluir que o Método Estrutural de BJÖRK tem maior coincidência

com o Padrão Facial nos casos extremos, indivíduo braquifacial e dolicofacial,

do que quando avaliamos médias, indivíduo mesofacial.

Na avaliação de qual estrutura de BJÖRK seria a mais fidedigna

obtivemos o seguinte resultado: inclinação do ângulo goníaco e relação das

alturas do corpo mandibular ao nível da sínfise e molares. Estavam presentes

em 25(96,15%) dos 26(100%) indivíduos avaliados para este item (tabela 2).

Na tabela 2 e no gráfico 2 apresentamos as estruturas de BJÖRK e a

média de prevalência com que elas ocorreram, de maneira acertada para a

coincidência do Padrão Facial no método de BJÖRK.

Tabela 2: Estruturas mais fidedignas com o Padrão f acial para a Análise

de BJÖRK.

Nome Sínfise Inclinação côndilo

Angulo goníaco

Angulo interincisal

Planos mand/oclusal

Chanfradura

Total (26)

21(80,76%) 20(76,92%) 25(96,15%) 12(46,15%) 25(96,15%) 22(84,61%)

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Gráfico 2: Percentual de coincidência das estrutura s de BJÖRK com o

Padrão Facial, de acordo com a tabela 2.

0

20

40

60

80

100

120

sínfise incl. côndilo âng. Goníaco âng.interinc. corpo mandib. chanfradura

%

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42

6. DISCUSSÃO

A Classificação do padrão facial do indivíduo é de fundamental

importância no diagnóstico e planejamento do tratamento, bem como no

prognóstico do caso.

A introdução da cefalometria radiográfica deu início a uma nova época

na Ortodontia. Com o advento do Cefalostato inspirou-se um grande número de

estudos do desenvolvimento da dentição e crescimento da face (BROADBENT,

1931; HOFRATH, 1931).

Experiências clínicas mostraram que o crescimento da mandíbula teria

um efeito considerável na relação intermaxilares e a direção de crescimento

mandibular poderia influenciar tanto o plano de tratamento quanto os

resultados deste (BJÖRK, 1963). Alguns autores verificaram que o tratamento

ortodôntico influenciava os componentes da rotação mandibular e assim

induzia mudança na remodelação mandibular. A direção de crescimento seria

favorável ou não, era especialmente importante em deformidades verticais e

sagitais extremas e que, portanto, a predição de crescimento mandibular

coloca-se com grande importância para o plano de tratamento. (MULLER,

1963; SCHUDY, 1965; BJÖRK, 1968; ODEGAARD, 1970; BJÖRK; SKIELLER,

1983; e ARI-VIRO; WISTH, 1983; MILLER; KERR, 1992; KARLSEN, 1995 e

1997; CABRERA apud CABRERA; CABRERA, 1997).

O estudo do crescimento facial em humanos com a ajuda de implantes

metálicos revelou informações relevantes, especialmente referentes ao

crescimento vertical da face e o modo de irrupção dos dentes. BJÖRK divulgou

que certas estruturas internas da mandíbula mantinham uma relação constante

com os implantes, suas posições em relação ao osso adjacente não eram

afetadas pelo remodelamento associado ao crescimento e sugeriu que, para

propósitos clínicos, na ausência dos implantes, um método de superposição

poderia ser baseado nessas estruturas naturais de referência, as quais ficaram

conhecidas como estruturas de BJÖRK. Do ponto de vista clínico seria

importante detectar tipos extremos de rotação mandibular que ocorriam durante

o crescimento. Sete sinais estruturais (estruturas de BJÖRK) de extrema

rotação de crescimento seriam considerados, em relação à direção de

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crescimento condilar. Nem todos eles seriam encontrados, mas quanto maior

número presente, mais fidedigna a predição seria (BJÖRK 1951, 1955, 1963 e

1969; ARI-VIRO; WISTH, 1983).

O conhecimento do crescimento e desenvolvimento facial seria

importante para o diagnóstico, objetivo, planejamento e resultado do tratamento

ortodôntico (PRATA et al. 2001). A mordida indicaria o problema e a face

mostraria como tratar a mordida. Os modelos, a análise cefalométrica e facial

juntas deveriam fornecer as bases para o sucesso do diagnóstico (ARNETT;

GUNSON, 2004).

Com a finalidade de avaliar a correlação existente entre o Método

Estrutural de BJÖRK e o Padrão Facial: mesofacial, dolicofacial e braquifacial,

avaliado cefalometricamente por meio das medidas FMA, SNGoME e Eixo Y,

conforme descrito no capítulo de material e métodos, e verificar qual estrutura

de BJÖRK seria a mais fidedigna, realizou-se o presente estudo. Os resultados

conforme apresentados (tabela 1 e gráfico 1), mostraram que existe uma

estreita correlação do Método Estrutural de BJÖRK com o Padrão Facial nos

indivíduos dolicofaciais (93,75%) e braquifaciais (68,75%) já nos indivíduos

mesofaciais esta correlação diminui (50%) mostrando que o Método Estrutural

de BJÖRK tem maior correlação com o Padrão Facial nos casos extremos,

indivíduos braquifaciais e dolicofaciais, do que quando avaliamos médias,

indivíduos mesofaciais. O que já havia sido confirmado por ARI-VIRO; WISTH

(1983). Na verificação de qual estrutura de BJÖRK seria a mais fidedigna o

ângulo goníaco e a altura do corpo mandibular ao nível da sínfise e dos

molares obtiveram o mesmo resultado, eles estavam presentes em 25

(96,15%) dos 26 indivíduos avaliados para este item (tabela 2; gráfico 2).

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7. CONCLUSÕES

Com base nos dados apresentados podemos concluir que:

• O Método Estrutural de BJÖRK é um método confiável para predizer o

Padrão Facial, entretanto se apresenta mais confiável nos casos de

indivíduos braquifacial e dolicofacial. Nos indivíduos mesofaciais a

correlação diminui mostrando que o método tem maior correlação com

o Padrão Facial nos casos extremos.

• As estruturas de BJÖRK consideradas as mais fidedignas foram o

ângulo goníaco e altura corpo mandibular ao nível da sínfise e dos

molares.

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