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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

1

Secretaria de Estado da Educação

Superintendência da Educação

Diretoria de Políticas e Programas Educacionais

Programa de Desenvolvimento Educacional

UNIDADE DIDÁTICA

Professor PDE: Angela Maria Oltramari

Área PDE: Educação Física

NRE: Dois Vizinhos

Professor Orientador IES: Profº. MS. Arestides Pereira da Silva Júnior

IES vinculada: Unioeste – Campus Marechal Cândido Rondon

MARECHAL CÂNDIDO RONDON 2010

2

UNIDADE DIDÁTICA

IMPORTÂNCIA E VALORIZAÇÃO DA PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICAS NA

ADOLESCÊNCIA

ANGELA MARIA OLTRAMARI

3

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA: UNIDADE DIDÁTICA

PROFESSORA PDE: Ângela Maria Oltramari.

ÁREA PDE: Educação Física.

NRE: Dois Vizinhos.

PROFESSOR ORIENTADOR IES: Arestides Pereira da Silva Júnior.

IES VINCULADA: Unioeste.

ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: Escola Estadual Cristo Redentor.

PÚBLICO OBJETO DA INTERVENÇÃO: Alunos da 7ª série “A” da Escola

Estadual Cristo Redentor de Nova Prata do Iguaçu.

TEMA DE ESTUDO: Saúde e Qualidade de Vida.

TÍTULO: Importância e valorização da prática de atividades físicas na

adolescência.

4

INTRODUÇÃO

A adolescência é o período que se prolonga, aproximadamente dos 12

anos até o final da segunda década de vida e que se caracteriza pela transição

entre a infância e a vida adulta (PAPALIA; OLDS, 2000).

Fierro (1995) acrescenta que a adolescência é um processo de

construção de temas fundamentais que irão permear a vida adulta, caracterizado

por diversas alterações no nível, físico, mental e social e pela aquisição de

características e competências que capacitem o sujeito a assumir os deveres e

papéis sociais do adulto.

De acordo com Cerqueira Filho (2009) a adolescência é uma etapa

relevante no desenvolvimento humano, com características muito singulares. Há

um desenvolvimento físico com fortes transformações internas e externas e

também, mudanças nos campos intelectual e afetivo.

É interessante apontar que a adolescência é um dos momentos mais

críticos para o interesse da prática de atividade física (FARINATTI, 1995). Nesta

fase a atividade física ganha importância para o bem-estar e a e a qualidade de

vida dos adolescentes.

Barbanti, (1994, p.25) considera a atividade física como “todo movimento

corporal produzido pela musculatura esquelética e que resulta em gasto

energético acima dos níveis de repouso”. Matsudo et al (2000) cita como

principais benefícios da prática da atividade física a melhoria na qualidade de vida

e saúde, especialmente, diminuição da gordura corporal, o incremento da força e

da massa muscular, da densidade óssea e da flexibilidade, o aumento do volume

sistólico, a melhora da sensibilidade à insulina e a diminuição da freqüência

cardíaca dentre outros.

A atividade física, pelo fato de comprometer um grande número de órgãos

e funções, eleva a capacidade funcional dos sistemas biológicos e psíquicos do

ser humano, produzindo adaptações fisiológicas e bioquímicas que fazem do

exercício um meio eficaz de medicina preventiva. (AZEVEDO, 2007).

5

Referente aos benefícios trazidos pelas atividades físicas ao lado

psicológico dos indivíduos Matsudo e Matsudo (2000, p. 26) afirmam que a

“atividade física atua na melhoria da auto-estima, do auto conceito, da imagem

corporal, das funções cognitivas e de socialização, na diminuição do estresse e

da ansiedade e na diminuição do consumo de medicamentos”.

Portanto, pode-se inferir que a prática de atividades físicas é uma

alternativa relevante para melhorar a qualidade de vida dos adolescentes

contribuindo para que eles tenham uma vida mais saudável, evitando-se as

doenças associadas ao sedentarismo.

Vale salientar que os estudos enfocando a temática da prática de

atividades físicas para a manutenção da saúde e qualidade de vida, tem

despertado o interesse dos profissionais da área da saúde, fazendo parte deste

contexto a Educação Física.

É no sentido de construção de tendências que possam instigar os

adolescentes à prática de atividade física que se insere o presente trabalho,

trazendo como proposta de pesquisa, a análise da importância da prática de

atividades físicas para a manutenção da saúde e qualidade de vida dos

adolescentes.

Percebendo a necessidade e importância da prática de atividades físicas

durante a adolescência, esta Unidade Didática tem como objetivo apresentar um

material de apoio aos professores de Educação Física para direcionarem suas

aulas estimulando os alunos da 7ª série do Ensino Fundamental a reconhecer a

importância da prática de atividades físicas regulares.

Este estudo justifica-se pela relevância da temática abordada e

necessidade de tornar a atividade física mais instigante e agradável aos

adolescentes na faixa etária de 12 a 14 anos. Infere-se que a adolescência é um

momento de transições e adaptações para o sujeito, e a prática de atividade física

contribui, sobremaneira, para a melhoria da qualidade de vida, no aspecto físico e

psíquico.

6

As atividades serão fundamentadas através dos referenciais teóricos e

possibilitarão aos professores e alunos uma reflexão sobre os benefícios da

prática de atividade física regular na adolescência.

Neste documento são abordados os seguintes itens da fundamentação

teórica: a importância da prática de atividades físicas para a saúde dos

adolescentes, sedentarismo e qualidade de vida, doenças associadas ao

sedentarismo, alimentação saudável e a atividade física como componente no

combate a obesidade. Para cada tópico são apresentadas sugestões de

atividades que poderão auxiliar a prática pedagógica dos professores de

Educação Física. Cabe destacar que a apresentação das atividades práticas

segue a seguinte estrutura: nome da atividade, objetivo(s), descrição

(desenvolvimento) e avaliação.

7

IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICAS PARA A SAÚDE DOS

ADOLESCENTES

Atividade física é toda e qualquer movimentação diária de um indivíduo,

seja na atuação profissional, nos afazeres domésticos, no lazer, nos trabalhos

manuais e outros, já exercício físico, é atividade física de forma orientada e

sistematizada, que vai propiciar ao indivíduo à melhora na condição para que ele

consiga desenvolver suas atividades diárias. (POGERE, 1998).

Pogere (1998, p. 63) acrescenta que “a prática de atividades físicas vem

sendo utilizada para atingir objetivos, como lazer, estética corporal, profilaxia

(prevenção), melhoria da aptidão geral”, em fim, para a saúde.

Quanto à atividade física relacionada à saúde, consideram-se como

adaptações fisiológicas, os ajustes que surgem como conseqüência de programas

de exercícios físicos que capacitam o organismo a responder de forma mais

eficiente em relação ao funcionamento orgânico (GUEDES; GUEDES, 1995).

Segundo Santarem (1997) os objetivos da que a prática regular de

atividade física são:

Aumentar a Taxa Metabólica Basal;

Aumentar a massa muscular e reduzir a massa adiposa;

Aumentar a densidade óssea;

Controlar e diminuir o peso corporal;

Aprimorar o estado funcional global do paciente;

Prevenir a perda da flexibilidade pelo movimento ativo e passivo;

Estimular a circulação periférica e central;

Prevenir a trombose;

Aumentar a sensibilidade à insulina;

Regular o nível de glicose sangüinea;

Diminuir o risco de doença coronariana;

8

Reduzir o nível de triglicerídios e cortisol;

Aumentar a auto-estima, o bem estar psicológico e a disposição para

atividade do cotidiano;

Diminuir o nível de colesterol DSL e aumentar o nível de colesterol

HDL;

Modificar os hábitos cotidianos objetivando melhor qualidade de vida.

Fonte: Arquivo da Autora

Segundo Costa (1997) a atividade física regula a redução do peso e altera

a composição do organismo, estimula o consumo calórico, aumenta a ventilação

pulmonar, diminui a pressão arterial, melhora da sensibilidade à insulina dentre

outros benefícios.

Um programa de atividade física orientado e elaborado segundo as

necessidades de cada indivíduo pode trazer melhora significativa na saúde global

do indivíduo, contribuindo para sua estética corporal e proporcionando um

aumento na qualidade e na expectativa de vida do indivíduo.

Neste mesmo contexto tem-se a opinião de Guedes e Guedes (1995),

afirmando que a prática de atividade física, além de promover a saúde, influencia

9

na reabilitação de determinadas doenças relacionadas ao aumento dos índices de

morbidade e da mortalidade. Os autores entendem que existe uma inter-relação

entre a atividade física, aptidão física e saúde, as quais se influenciam

mutuamente, à medida que a prática da atividade física influencia e é influenciada

pelos índices de aptidão física, as quais determinam e são determinados pelo

estado de saúde.

A atividade física, pelo fato de comprometer um grande número de órgãos

e funções, eleva a capacidade funcional dos sistemas biológicos e psíquicos do

ser humano, produzindo adaptações fisiológicas e bioquímicas que fazem do

exercício um meio eficaz de medicina preventiva.

Referente ao lado psicológico dos benefícios trazidos pelas atividades

físicas pode ser apresentado os estudos de Matsudo e Matsudo (2000, p. 26)

quando afirmam que a “atividade física atua na melhoria da auto-estima, do auto

conceito, da imagem corporal, das funções cognitivas e de socialização, na

diminuição do estresse e da ansiedade e na diminuição do consumo de

medicamentos”.

De acordo com Niemam (1999), a atividade física regular melhora o

equilíbrio psicológico e o humor, especialmente quando o exercício é regular e a

longo prazo e o humor é desfavorável no início.

A atividade física promove uma redução significativa no estado de

ansiedade e suas medidas fisiológicas correlacionadas. De acordo com

Petruzzello (1991 apud BECKER JR, 2004), examinando o estado de ansiedade

afirma que não há dúvida de que a atividade física é associada com uma redução

desta medida, de acordo com idade, sexo e modelo de saúde mental. Um

exercício aeróbico, por exemplo, é suficiente para reduzir a ansiedade dos

indivíduos ansiosos. Para produzir um efeito calmante exercício deve ser rítmica,

como caminhar, correr, saltar sobre obstáculos, ou de bicicleta, mantendo uma

duração de 50-30 minutos a uma intensidade de 30-60% do máximo permitido ao

sujeito.

Para um melhor aproveitamento do potencial do exercício físico na

melhoria da saúde psicológica, é preciso que os horários para prática sejam

10

agendados semanalmente. Com isso busca-se eliminar o desconforto causado

pelo processo de condicionamento e pela aprendizagem técnica da execução dos

movimentos, para que estes possam ser realizados de forma proficiente. Como

conseqüência, o exercício será realizado de forma mais relaxada e prazerosa,

uma vez que os movimentos estarão automatizados e sua execução não exigirá

níveis altos de atenção (SAMULSKI, 2002).

Para pessoas adultas, a atividade física será saudável também como

ação estimulante de todas as suas funções fisiológicas e neurológicas,

amenizando suas tensões nervosas, desenvolvendo suas potencialidades,

aumentando sua capacidade muscular, além de melhorar o seu convívio social.

Para os adolescentes, há evidências de que a atividade física traz

“benefícios associados à saúde esquelética (conteúdo mineral e densidade

óssea) e ao controle da pressão sangüínea e da obesidade” (TASSITANO et al,

2007, p. 55). Também, ressalta-se que a atividade física quando iniciada na

adolescência, torna-se mais estável ao longo da vida adulta.

Quanto às motivações que levam as pessoas à prática de atividade física,

de acordo com Cid (2009) os adolescentes revelam motivos semelhantes no

envolvimento na prática de atividade física como evidenciam os principais

resultados de alguns estudos realizados com jovens no âmbito das motivações

para a prática desportiva descritos no quadro 1:

11

AUTORES ANO AMOSTRA MOTIVOS MAIS IMPORTANTES

MOTIVOS MENOS IMPORTANTES

Serpa 1992 Jovens dos 10 aos 15 anos

Entrar em forma

Melhorar capacidades

Fazer amizades

Pretexto para sair de casa

Ser importante

Ter prestigio

Rego 1995 Jovens dos 10 aos 16 anos

Estar em forma

Fazer amizades

Divertimento

Pretexto para sair de casa

Ser conhecido

Ter prestigio

Dias 1995 Jovens dos 10 aos 14 anos

Trabalhar em equipe

Ter atenção

Estar em forma

Ser conhecido

Ter prestígio

Influencia dos pais

Raposo, Figueiredo e Granja

1996 Jovens dos 10 aos 21 anos

Estar em forma

Fazer amizades

Divertimento

Pretexto para sair de casa

Pereira 1997 Jovens de 10 a 20 anos

Estar em forma

Fazer amizades

Divertimento

Ser conhecido

Pretexto para sair de casa

Descarregar energias

Quadro 1 - Resumo de alguns estudos realizados com jovens sobre a motivação para a prática de atividade física (CID, 2009).

Como evidencia o quadro 1 existe um aspecto comum de razões que

determinam o envolvimento na prática de atividade física por parte dos jovens,

que seria o relacionamento com os amigos.

Após todas estas evidências científicas apresentadas neste tópico, que

comprovam a importância e benefícios que a prática regular de atividades físicas

poderá trazer ao adolescente e conseqüentemente a sua vida adulta, a seguir são

apresentadas sugestões de atividades para serem desenvolvidas com os

adolescentes.

Percebendo a necessidade e a importância da prática de atividades físicas

para a saúde, em pequenos grupos façam reflexões e relatem:

• Para você o que é ter saúde?

• O que devemos fazer para levar uma vida saudável?

• Você têm hábito de praticar atividades físicas? Quais?

O professor levará um texto atual sobre a importância e benefícios da prática

regular de atividades físicas. Com base neste texto, os alunos em grupos

12

deverão desenvolver uma campanha de conscientização na escola usando

cartazes, com slogans e panfletos para orientar os alunos na promoção da

prática de atividades físicas, o material será exposto e distribuído na escola.

Após reflexões sobre a importância da prática de atividades físicas, realizar

uma caminhada ecológica no parque municipal. (Atividade Prática)

• Objetivo: Motivar os alunos a praticarem caminhadas.

• Descrição: Realizar 5’ de alongamento antes , logo após orientar os

alunos a caminharem pelas calçadas, tomarem cuidados ao

atravessarem as ruas e permanecerem todos juntos.

• Avaliação: Envolvimento, cooperação.

Conhecendo melhor o corpo. (Atividade Prática)

• Objetivo: Conhecer melhor seu corpo.

• Descrição: Em duplas cada aluno com 2 metros de papel, um aluno

deitado sobre o papel, o outro contorna o corpo do colega com giz de

cera, daí o próprio complementa o desenho do seu corpo.

• Avaliação: Participação, envolvimento, cooperação

SEDENTARISMO E QUALIDADE DE VIDA

Na sociedade moderna, poucas pessoas realizam atividades físicas

constantes tanto nas suas horas de trabalho quanto na de lazer. Atualmente, a

“maioria das pessoas andam de carro ou ônibus ao invés de caminhar, andam de

elevador ao invés de usar escadas, e permanecem sentadas durante a maior

parte de seu tempo livre ao invés de praticarem alguma atividade física”

(MÔNICA, 2009, p. 1). Isso tudo contribui para a o sedentarismo.

O sedentarismo pode ser definido como a falta de atividade física regular.

A carência de atividade física não está ligada, especificamente, a não praticar

esportes (como futebol, judô, vôlei etc.), pois pessoas com atividades físicas

13

regulares, como limpar a casa, caminhar para o trabalho, realizar funções

profissionais que solicitam empenho físico, não são qualificados como

sedentários. O sedentarismo ocorre quando a pessoa gasta poucas calorias

diárias com atividades físicas. (BOAS ROSA, 2009).

Importante assinalar que o indivíduo considerado sedentário é aquele que

tem um estilo de vida com mínimo de atividade física, equivalente a um gasto

energético (trabalho+lazer+atividade domésticas + locomoção) inferior a 500 Kcal

por semana (NAHAS, 2001).

Strattner (2009) afirma que desde a pré-história, a civilização passou por

três grandes ondas de sedentarismo. A primeira marca mais de 10 mil anos, com

o nascimento da atividade agrícola desempenhada em território ou sede fixa, daí

o termo sedentário. A segunda onda ocorreu por volta de 1750, na Europa, com o

surgimento da máquina a vapor e a Revolução Industrial, que trocou

gradualmente o trabalho braçal pela mecanização das tarefas de produção. Já a

terceira iniciou a partir de 1950, com a eclosão da bomba atômica, baliza do início

da era tecnológica, que expandiu a mecanização de outras tarefas habituais

domésticas, de lazer, transporte e locomoção. Atualmente, o sedentarismo é

considerado como a doença do século, está associada ao comportamento

quotidiano decorrente dos confortos da vida moderna.

Inclusive, Oehlschlaeger et al (2010, p. 3) observam que a prevalência de

sedentarismo na adolescência é fator de risco para inúmeras doenças nessa fase

e o risco, com a idade, aumenta. Neste sentido, ressalta-se que a “prática regular

de atividade física apresenta uma relação inversa com risco de doenças crônico

degenerativas e tem um efeito positivo na qualidade de vida e em outras variáveis

psicológicas” e contribui para a melhoria na qualidade de vida.

A perspectiva de mudança do estilo de vida existente, para um modelo de

maior qualidade, diminuindo o sedentarismo, é uma busca permanente para a

maioria das pessoas. (RODRIGUES, 1994).

Neste sentido, o estilo de vida é definido por Nahas (2001, p. 19) como

sendo “um conjunto de ações habituais que refletem as atitudes, os valores e as

oportunidades na vida das pessoas”.O autor argumenta que o estilo de vida

14

passou a ser um dos aspectos decisivos da saúde e da qualidade de vida dos

indivíduos.

Gil e Feinstein (1994 apud NAHAS, 2001), definem qualidade de vida

como uma percepção individual relativa às condições de saúde e a outros

aspectos gerais da vida pessoal. É a inter-relação harmônica de diversos fatores

que adaptam e diferenciam o cotidiano do ser humano resultando em um conjunto

de acontecimentos, pessoas e situações.

Smith et al (apud FLEURY; ZANNON, 2004) considera a qualidade de

vida a partir de quatro grandes dimensões ou fatores:

Física: compreensão do indivíduo sobre sua condição física;

Psicológica: compreensão sobre sua condição afetiva e cognitiva;

Relacionamento social: visão própria do indivíduo sobre seus

relacionamentos sociais;

Ambiente: visão individual sobre aspectos relacionados ao ambiente

onde vive.

Para Nahas (2001), numa visão holística, a qualidade de vida é

caracterizada como as condições individuais e sócio-ambientais que cada ser

humano vive. Nessa acepção, a qualidade de vida é diretamente proporcional ao

status funcional, que é traduzido basicamente pela capacidade de desenvolver

atividades diárias.

Neste contexto, ressalta-se que a prática de atividades físicas é uma

alternativa relevante para melhorar a qualidade de vida e evitar as doenças

associadas ao sedentarismo.

De posse destes destas informações apresentadas sobre o sedentarismo e

sua influência sobre a qualidade de vida das pessoas, é hora de desenvolver

atividades sobre a temática com os alunos.

15

Muitas pessoas buscam uma melhor qualidade de vida, porém na sociedade

moderna pessoas se acomodam e a cada dia realizam menos atividades

físicas, em duplas façam questionamentos e reflitam com o grupo:

• O que você pensa sobre o sedentarismo?

Faça uma análise das atividades que você realiza no período de uma semana

e reflita sobre sua qualidade de vida, em relação ao ambiente, ao

relacionamento com as pessoas às atividades físicas e as suas condições

psicológicas:

Circuito de atividades físicas. (Atividade Prática)

• Objetivo: Valorizar a prática de atividades físicas.

• Descrição: Na sala explicar aos alunos como irá funcionar o circuito:

Numa turma de 36 alunos o circuito terá 9 estações com 4 alunos em

cada uma e poderá realizar cada atividade 4’ em cada estação. Cabe

aos alunos desenvolverem tal atividade até o sinal do apito e assim

trocarão de estação, passando por todas as estações. Marcar na

quadra as estações: 1ª Alongamento, 2ª polichinelo, 3ª pular corda

individual, 4ª girar o arco na cintura, 5ª pular carniça, 6ª abdominais, 7ª

flexão, 8ª Equilibrar bastão, 9ª carrinho de mão, finalizar com

alongamento.

• Avaliação: Através do envolvimento, participação, cooperação.

DOENÇAS ASSOCIADAS AO SEDENTARISMO

O sedentarismo é uma dos principais causas do aumento da incidência de

várias doenças, tais como hipertensão arterial, diabetes, depressão, obesidade

dentre outras (BARROS NETO, 2010).

A hipertensão arterial é “um fator de risco modificável, aumentando as

chances de infarto do miocárdio e, possivelmente, pode ser causada por:

16

obesidade, hereditariedade, álcool, alimentação (rica em sal), fumo, e

principalmente por estresse” (EDLIN; GOLANTY, 1992, p. 337).

A atividade física é recomendada como um dos meios para controle da

pressão arterial não só pela promoção da perda de peso, mas também, é tão

importante quanto, pela melhora da circulação periférica e orgânica, que através

dos movimentos de contração muscular nos órgãos e membros inferiores,

estimula o efeito bomba propulsora nos mesmos, auxiliando a circulação

sangüínea em retorno ao coração (SILVA, 2010).

Outra doença associada ao sedentarismo é a Diabetes, um distúrbio que

ocorre quando o organismo é incapaz de manter o nível de glicose no sangue

dentro dos limites normais. Conforme Carrol (1995), diabetes mellitus, é uma

doença caracterizada pela ausência do hormônio insulina, impedindo que o

organismo use a energia dos carboidratos.

A diabetes é uma doença crônica que se caracteriza, pelo aumento dos

níveis “de açúcar (glicose) no sangue e pela incapacidade do organismo em

transformar toda a glicose proveniente dos alimentos. À quantidade de glicose no

sangue chama-se glicemia”. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008).

O índice normal de glicemia se situa em jejum, entre 80 e 120 mg por 100

ml de sangue. Quando ultrapassar este índice aparece glicose na urina, acusando

diabetes. O exercício físico aumenta o consumo de energia, ajudando a baixar o

nível de glicemia. Ele é essencial ao diabético, pelo menos e vezes por semana,

durante aproximadamente uma hora ou 30 minutos por dia e deve ser feito de

acordo com as condições físicas de cada um, tendo o cuidado com a

hipoglicemia, que é a queda do nível de açúcar no sangue, principalmente o

diabético que usa medicamentos para baixar o nível de glicemia. (MINISTÉRIO

DA SAÚDE, 2008).

Outra doença conexa ao sedentarismo é a obesidade a qual é

considerada uma condição em que o sujeito apresenta ma quantidade excessiva

de gordura corporal. Atualmente a obesidade tem sido considerada como uma

doença crônica, capaz de provocar ou acelera o desenvolvimento de muitas

doenças que ocasionam a morte precoce. A obesidade acomete uma proporção

17

enorme de pessoas no mundo. No Brasil, 40% da população adulta tem excesso

de peso e grandes chances de se tornarem obesas (FOX; BOWERS, 1991).

Além destas doenças, pode-se citar o estresse e a depressão. Estresse é

a tensão mental ou emocional pela qual frequentemente passam as pessoas em

seu cotidiano. Se esta situação se prolongar por períodos longos, pode causar

sérios danos à saúde. O estresse pode ocasionar a depressão. Segundo Carrol

(1995) a depressão é mais do que tristeza, é uma sensação profunda de

desespero. Pode, também, ser vivenciada como um sentimento de vazio, ou

talvez sem nenhum sentimento, positivo ou negativo.

Cass (1999) inclui como sintoma da depressão: tristeza persistente,

ansiedade, ou humor “vazio”, pessimismo ou sentimentos de desesperança,

perda do interesse ou do prazer nas atividades habituai, insônia, acordar de

madrugada, ou sono excessivo, agitação, diminuição da energia, cansaço, ou

uma sensação de “lerdeza”, baixa da auto-estima, sentimentos de inutilidade, ou

de culpa excessiva ou inapropriada, dificuldades em se concentrar, em lembrar-se

de algo, ou em tomar decisões. Neste contexto, ressalta-se que a atividade física

é uma ferramenta no combate a depressão.

Segundo Weinberg (2001) pesquisas relacionadas à qualidade de vida

evidenciam a importância da atividade física na redução de sentimentos de

ansiedade e depressão. Em verdade, indivíduos que praticam atividade física

regularmente reduzem significantemente os sintomas depressivos.

Com base nestas doenças relacionadas com o sedentarismo

apresentadas nesta Unidade Didática procure desenvolver questionamentos e

atividades que permitam a melhor compreensão.

Realizar uma pesquisa na internet sobre as doenças existentes que são

causadas por influencia do sedentarismo.

Com base na pesquisa, realize uma discussão e debate sobre as doenças

através da apresentação de seminário (podendo ser em duplas, ou grupos

pequenos).

18

Os alunos deverão pesquisar na sua família pessoas que tenham uma doença

associada ao sedentarismo e apresentar em sala de aula.

Os alunos terão o papel de “multiplicadores do conhecimento”, ou seja, terão

que repassar as informações e conhecimentos apreendidos nas aulas de

Educação Física aos seus familiares, no sentido de prevenir as doenças do

sedentarismo.

Incentivar os alunos a procurarem um local de prática de atividades físicas e

realizar uma entrevista com a população sobre as doenças associadas ao

sedentarismo.

Em grupos fazer recortes de revistas, montar um painel com fotos de pessoas

com aspecto ativo e outro com as de aspecto sedentário.

Os alunos distribuídos em duplas deverão criar atividades/exercícios que

valorizem e estimulem a prática da atividade física regular.

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

Os hábitos alimentares são adquiridos desde os primeiros anos de vida, a

criança tende a imitar os hábitos dos adultos com quem convive diariamente,

vários fatores como a influência da família, necessidade econômica, costumes

religiosos e culturais são impostos ao indivíduo, que irá formar o seu próprio

hábito alimentar (BURTON, 1979).

A vida é mantida por alimentos e nutrientes que fornecem energia e

materiais essenciais para o crescimento e sobrevivência dos seres vivos, os

nutrientes tornam-se partes integrantes do organismo e contribuem para o seu

funcionamento. A dieta alimentar deve ser adequada e balanceada, respeitar as

variações individuais, preferências de paladar, hábitos alimentares,

disponibilidade de alimentos e condições socioeconômicas para a aquisição dos

mesmos. Pode ser considerada uma dieta adequada e balanceada aquela que

atinge todas as necessidades nutricionais de um indivíduo e deve incluir todos os

19

nutrientes em quantidades apropriadas e proporcionais uns aos outros (MAHAN;

SCOTT-STUMP, 2002).

Para garantir uma vida saudável, longevidade, disposição e melhor

aparência todo o indivíduo necessita de uma alimentação nutritiva, bem escolhida

e bem preparada (SÁ, 1989).

A alimentação saudável deve atender suas necessidades orgânicas em

seus valores quantitativos e qualitativos, promover o crescimento, aumento e

manutenção do peso e estatura do homem, assim como aptidões para atividades

de trabalho e disposição espiritual. O sucesso da alimentação depende do

cumprimento de normas básicas em relação ao indivíduo e ao alimento. Em

relação ao indivíduo deve atender as exigências nutricionais; adequação da

alimentação ao indivíduo; aceitabilidade dos alimentos, educação alimentar;

exclusão dos erros alimentares e capacidade de aquisição dos alimentos. Em

relação ao alimento diz respeito a disponibilidade de alimentos no mercado; o

aproveitamento deles na preparação e consumo; satisfazer os hábitos alimentares

de cada indivíduo e; adequar-se as leis da alimentação (EVANGELISTA, 2001).

Fonte: Arquivo da Autora

20

A alimentação saudável é uma grande aliada para se viver com qualidade

de vida. Cedra (2009) afirma que aquelas pessoas que tem preocupação com a

saúde não podem esquecer-se de esmerar-se nas escolhas dos alimentos. A

sociedade atual vivencia uma transição alimentar, onde passou a consumir mais

alimentos industrializados com conservantes, aromatizantes, agrotóxico e etc. em

detrimento dos naturais. No entanto, a matéria-prima para o nosso organismo

funcionar adequadamente são os nutrientes, que estão sendo deixados de lado

na alimentação moderna. É relevante uma quantidade adequada de vegetais e

frutas para ajudar o nosso corpo excretar tudo o que não presta. Mas hoje, são

minorias na mesa da população, o que faz aumentar o risco de contrair doenças.

As dietas saudáveis são aquelas que contêm quantidades de nutrientes

essenciais e calorias imprescindíveis para prevenir deficiências e abusos

nutricionais, fornecer equilíbrio correto entre carboidratos, lipídeos, proteínas,

vitaminas e minerais (MARTINS; ABREU, 1997). As proteínas, os carboidratos e

os lipídeos são macronutrientes responsáveis pela construção e manutenção do

organismo. Já os minerais e as vitaminas atuam no funcionamento normal do

corpo.

A maioria das pessoas tem dificuldades em definir o que venha a ser uma

alimentação saudável e equilibrada, quais as quantidades e tipos de alimentos a

serem consumidos. Por isso, diversos estudos foram desenvolvidos voltados a

melhor maneira de informar a população sobre dieta alimentar a ser seguida para

se ter uma alimentação saudável. Neste contexto, surgiu a Pirâmide Alimentar, a

qual serve para indicar a necessidade de se consumir alimentos variados, com

um número reduzido de gorduras saturadas e colesterol, ingestão de mais frutas,

verduras, legumes e grãos, bem como, o consumo moderada de açúcar, sal e

bebidas alcoólicas. Enfim, é necessário alcançar as necessidades calóricas e

nutricionais utilizando alimentos do cotidiano. (PIRÂMIDE ALIMENTAR, 2009).

Lembrando, que, os alimentos considerados saudáveis se caracterizam

por oferecer vários benefícios à saúde, além do seu valor nutritivo inerente à

composição química, proporcionando benefícios para a prevenção e tratamento

de doenças. Atualmente, sabe-se que os alimentos naturalmente já contem

substâncias químicas que demonstram ter outras funções específicas, promotoras

21

de saúde (NEUMANN; ABREU; TORRES, 2000). Assim, uma alimentação

saudável aliada a atividade física, contribui, sobremaneira, para saúde e a

qualidade de vida dos indivíduos.

Considerando que alimentação é um item fundamental para viver de

forma saudável, a seguir serão apresentadas sugestões de atividades a serem

desenvolvidas com os alunos nas aulas de Educação Física.

Para garantir uma vida saudável, longevidade, maior disposição e melhor

aparência todo indivíduo necessita de uma alimentação saudável faça uma

reflexão em grupos sobre os itens e exponha a turma:

• Você acha que ser magro é saudável?

• O que você pensa sobre pessoas que fazem dietas que privam de

certos nutrientes para adquirir um corpo perfeito?

• Para você o que é e como deve ser uma dieta saudável? Pesquise

quantas calorias diárias são necessárias para uma dieta saudável.

• Uma dieta saudável aliada à prática de atividades físicas traz benefícios

para o indivíduo. Cite alguns:

Gincana responde e passa (Atividade Prática)

• Objetivo: Orientar o aluno a adquirir hábitos alimentares saudáveis.

• Descrição: Dividir a turma em dois grupos, cada grupo ganhará uma

lista de perguntas para responder sobre hábitos alimentares saudáveis,

após responderem o questionário um aluno de cada grupo irá jogar par

ou ímpar para responder as atividades no grande grupo (conferindo as

questões), o que ganhar responde logo após passa a vez ao outro e

assim sucessivamente. Vence o grupo que obtiver mais acertos.

• Avaliação: Participação, envolvimento, cooperação.

Gincana das frutas:

• Objetivo: Conhecer através de pesquisa nomes de frutas e seus

principais nutrientes, expor em cartazes.

22

• Descrição: Após a pesquisa os alunos deverão expor em cartazes o

nome das frutas escolhidas e seus principais nutrientes. Logo cada

aluno escolhe apenas o nome de uma fruta e o professor escreve no

quadro cada uma. O professor falará: Fui ao mercado comprar maçã. O

aluno que escolheu maçã responde: maçã não tinha, tinha banana, e

assim sucessivamente. O aluno que demorar para responder ou errar

será tirado sua fruta do quadro. Vence o que permanecer até o final.

• Avaliação: Participação, envolvimento, cooperação.

ATIVIDADE FÍSICA COMO COMPONENTE NO COMBATE A OBESIDADE

A gordura corporal total consiste na gordura que é acumulada no tecido

adiposos incluindo tanto a gordura que se deposita embaixo da superfície da pele,

o que se denomina de gordura subcutânea, além da gordura essencial. Desse

modo, a gordura total é todo componente da adiposidade existente no organismo,

enquanto a gordura subcutânea é apenas uma parte desse componente, ou seja,

a gordura que se localiza nos tecidos subcutâneos. No caso da gordura

subcutânea é a espessura do tecido subcutâneo que se torna o referencial mais

indicado. (GUEDES; GUEDES, 1998).

De acordo com Simão (2004) existem fases que são determinantes no

aumento do número das células adiposas, são elas: o primeiro ano de vida e a

adolescência. Por isso, deve ser dispensada atenção especial a estas fases, para

o indivíduo não ficar acima do peso na fase adulta.

Neste sentido, vale destacar que um dos métodos que indica se um

adulto está acima do peso, se está obeso ou abaixo do peso considerado

saudável é o Índice de Massa Corporal (IMC). De acordo com Simão (2004, p. 89)

o IMC é um dos métodos mais aceitos e utilizados na prática para a determinação

da gordura corporal, lembrando que perde a confiabilidade quando empregado

em atletas com grande massa muscular. O IMC é calculado dividindo-se a massa

23

corporal (peso) pelo quadrado da estatura (kg/m²). Leite (1996, p. 18) classifica a

gordura corporal como apresentado a sequir:

- Baixo peso IMC IMC <20

- Normal IMC entre 20-24,9

- Obesidade leve ou grau I IMC entre 25-29,9

- Obesidade moderada ou grau II IMC entre 30-39,9

- Obesidade grave ou grau III IMC >40

Assim, de acordo com a Organização Mundial Da Saúde (1988), são

consideradas obesas pessoas adultas que possuem IMC - Índice de Massa

Corporal - maior do que 30 Kg/m².

No caso de adolescentes o uso do IMC tem limitações, pois estes

indivíduos estão em fase de crescimento e isso poderá levar a uma conclusão

incorreta sobre o seu verdadeiro estado, se utilizada a fórmula básica do IMC. Por

isso, segundo Fontes (2010) depois que o IMC é calculado para crianças e

adolescentes ele deve ser plotado no diagrama de IMC para idade de meninos ou

meninas para obter uma classificação percentil. O percentil indica a posição

relativa do IMC da criança ou adolescente em relação a outras crianças e

adolescentes do mesmo sexo e idade. O diagrama mostra as categorias de

classificação de peso para crianças e adolescentes1. Considera-se que os

adolescentes estão com risco de sobrepeso quando o índice de massa corporal

(IMC) for > P85 e < P95, e com sobrepeso quando o IMC > P95, devendo sempre

ser levado em consideração o sexo e a idade.

De acordo com Sigulem et al. ( 2000, p. 07) a obesidade pode ser

conceituada como uma condição de acúmulo excessivo de gordura no organismo.

De uma forma mais completa Guedes e Guedes (1998, p. 12) explicam e

diferenciam obesidade de sobrepeso. Apesar de serem dois termos distintos, eles

estão relacionados. O sobrepeso é o aumento excessivo do peso corporal total, o

1 Para análise dos resultados pode-se utilizar como parâmetro as dados expressos nas Tabelas 1

e 2 em anexo.

24

que pode ocorrer devido as modificações em apenas um de seus constituintes

(gordura, músculo, osso e água) ou em seu conjunto. Porém, a obesidade refere-

se ao aumento na quantidade generalizada ou localizada da gordura (do tecido

adiposo) em relação ao peso corporal, associando elevados riscos à saúde.

No mesmo sentido, segundo Mcardle e Katch (1996), o excesso de peso

é entendido como aquela condição onde o peso do indivíduo ultrapassa ao da

média da população, determinada segundo o sexo, a altura e o tipo de

compleição física. A obesidade é determinada como um acúmulo excessivo de

gordura corporal. Esses fatores desenvolvem-se frequentemente na infância e

uma vez instalado a obesidade a criança geralmente não consegue livrar-se deste

problema, a gordura excessiva também se desenvolve na fase adulta entre os 25

e os 44 anos sendo este o período de maior acúmulo de gordura.

A obesidade refere-se, assim, ao aumento na quantidade generalizada ou

localizada de gordura corporal em relação ao peso corporal, associado a elevados

riscos à saúde. Freqüentemente esse acúmulo de gordura promove um aumento

no peso corporal, o que justifica o fato de muitos indivíduos com sobrepeso

também serem obesos.

Com relação aos fatores associados a um aumento da gordura corporal

Ledoux (1985) cita as causas possíveis da obesidade como sendo de origem

genética, de origem hipotalâmica, de origem nervosa central (outra que não a

hipotalâmica), de origem endócrima, por pressões sociais e culturais, por

desequílibrios psicológico e pela inatividade física.

Para Burton (1979), a obesidade pode ser causada por uma ingestão

calórica elevada diante de uma saída constante de energia ou, ainda, por um

decréscimo no gasto energético diante de uma ingestão calórica constante, ou

ainda, por qualquer variação de ambos provocado por um excesso calórico. Uma

pessoa não precisa ingerir uma grande quantidade de alimentos para ter um

balanço calórico positivo; os requisitos calóricos individuais variam de pessoa

para pessoa, sendo possível, para uma pessoa de baixo índice metabólico,

pequena estrutura, de vida sedentária apresentar um balanço calórico positivo

com uma ingestão alimentar aparentemente moderada. O fato importante é que

25

pequeno acréscimo calórico por um período prolongado pode resultar em

acentuada obesidade.

Também, Nieman (1999), afirma que existem muitos perigos à saúde

associados à obesidade. Segundo o autor, a obesidade constitui um dos

problemas mais importantes do ponto de vista médico quanto do de saúde pública

de era atual. São exemplos de problemas que estão associados à obesidade:

- Dificuldade emocional;

- Aumento de osteoartrite;

- Aumento da incidência de hipertensão arterial;

- Aumento dos níveis de colesterol e de outras gorduras do sangue;

- Aumento do diabetes;

- Aumento de doença cardíaca;

- Aumento de morte prematura.

O tratamento da obesidade deve ser considerado como um projeto de

longo alcance. O objetivo imediato do tratamento é reverter o estado de excesso

calórico e conseguir um balanço calórico negativo. Uma deficiência calórica força

o organismo a metabolizar matérias endógenas, a fim de conseguir a energia

necessária para suas atividades vitais. (BURTON, 1979). Aliado a isso, o sucesso

do tratamento se dá através da atividade física.

Biazussi (2010) afirma que a prática regular de atividades físicas é um

relevante fator de controle e prevenção da obesidade. A atividade física auxilia no

autoconhecimento corporal, provoca alterações positivas na imagem corporal,

controlando o peso e reduzindo a obesidade. Acrescenta a autora que um

programa de atividade física é eficientemente mais favorecido quando engloba

conjuntamente exercícios aeróbios e anaeróbios, neste sentido, “um minimiza as

pequenas deficiências do outro (em relação ao metabolismo de gordura), e os

resultados são substancialmente melhores”. (p. 1)

A redução de gordura corporal é estimulada tanto nas atividades

aeróbicas quanto nas anaeróbicas, como, por exemplo, na musculação

(SANTARÉM, 1997).

26

Guedes e Guedes (1998) afirmam que quanto maior for quantidade de

gordura no organismo, maior será a quantia de energia requisitada para realizar

uma atividade física. Isto significa que os indivíduos mais obesos gastam mais

energia na realização de atividade física do que os menos obesos, ou seja

emagrecem com mais facilidade.

Fonte: Arquivo da Autora

Portanto, a atividade física é uma ferramenta importante na prevenção,

manutenção e perda de peso, pois além de acelerar o metabolismo e queimar

mais calorias do que em repouso, ainda mantém e/ou aumenta os tecidos magros

do corpo, exigindo assim, mais alimentos para si, evitando que o mesmo se

acumule em gordura. (SANTARÉM, 1997).

Vamos aos exercícios!!!

Com base no exposto nesta Unidade Didática procure desenvolver

questionamentos que possibilitem a compreensão da atividade física como

componente no combate a obesidade: Em grupos de dois ou mais reflita e

anote suas opiniões para em seguida apresentar ao grupo:

27

• A obesidade está sendo um problema de riscos à saúde. Quais

problemas são associados a ela? Como deve ser empregado um

tratamento adequado a ela?

• Que medidas devemos tomar para nos prevenir contra a obesidade?

• Calcule seu IMC e analise os resultados:

Em conjunto vamos elaborar uma lista com hábitos de vida saudáveis.

Em duplas, após estudo desta unidade didática elaborar um comercial para

TV, com objetivo incentivar as pessoas à aderirem à sua rotina a prática de

atividades físicas. Apresentar ao grupo.

Observar e analisar comerciais usados pela mídia que tentam influenciar as

pessoas na busca de um corpo sarado. Os alunos devem reescrever o

comercial citando data e fonte e também devem explicar os pontos que mais

chamaram a atenção no comercial.

Pesquisar na internet ou com familiares receitas consideradas mitos no

combate a obesidade: expor ao grupo e analisar o que é verdade ou mentira.

Gincana com mímicas relacionadas a hábitos saudáveis. (Atividade Prática)

• Objetivo: Através de mímicas, despertar o interesse do aluno a adquirir

hábitos saudáveis.

• Descrição: Dividir a turma em dois grupos: cada grupo envia um

componente do seu grupo no grupo oposto para pegar a tarefa; após

realizar a mímica, seu grupo terá 2’ para adivinhar a tarefa que ele

desenvolveu, e assim sucessivamente; cada vez que o grupo responder

corretamente marcará um ponto. Vence o grupo que marcar mais

pontos.

• Avaliação: Através da participação, envolvimento, cooperação.

Atividade: Teatro sobre hábitos de vida saudáveis e sedentários. (Atividade

Prática)

28

• Objetivos: Motivar sobre os benefícios e a importância da prática de

atividades físicas regulares e estabelecer normas para não se tornar

sedentário.

• Descrição: Dividir a turma em 4 grupos mistos, explicar aos alunos que

no roteiro do teatro deverá ter introdução, desenvolvimento e

conclusão, usando como tema o objetivo para que haja motivação e

que seja criativo. Após ensaios, apresentar a turma e a comunidade

escolar.

• Avaliação: Participação, envolvimento, cooperação.

Pernada esportiva envolvendo toda a escola. (Atividade Prática)

• Objetivo: Integrar a comunidade escolar através da prática de

atividades físicas.

• Descrição: A atividade deverá ser desenvolvida no campo. Cada turma

escolhe 4 alunos para correr, sendo 2 no sexo feminino e 2 no

masculino; a corrida será realizada por série e sexo. Terá um vencedor

de cada série tanto no masculino como no feminino, após os alunos

competirem os funcionários também participarão divididos por ordem de

sexo, masculino e feminino. A corrida será organizada em ordem, 1º

correm alunos de 5ª depois de 6ª depois de 7ª depois os de 8ª série.

Primeiro no feminino depois no masculino. Após aquecimento e

alongamento dá-se a partida. Vence os que chegarem a linha de

chegada primeiro.

• Avaliação: Participação, envolvimento, cooperação.

29

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33

ANEXOS

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Tabela 1 - Percentis de IMC para adolescentes – sexo feminino

Fonte: WHO (1995)

Tabela 2 - Percentis de IMC para adolescentes – sexo masculino

Fonte: WHO (1995)