do projeto polÍtico pedagÓgico ao plano de sala de aula… · dinâmico, norteador de todo o...
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DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO AO PLANO DE SALA DE AULA: UMA PROPOSTA DE PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO
Professora PDE: Lourdes Didone Balena
1
Orientadora IES: Profª. Ms Mariulce da Silva Lima Leineker2
Resumo
Este artigo fornece informações sobre a pesquisa e os resultados do projeto
de implementação realizado na escola em que atuo, com o objetivo de auxiliar a
escola pública a conhecer o processo de planejamento participativo em seus
diferentes níveis, suas dimensões na teoria e prática, para que o professor, em sua
ação pedagógica, possa planejar e aplicar com propriedade os objetivos propostos,
a fim de contribuir para aprendizagem escolar e social. Reconhecer o planejamento
como forma de organização de uma escola, fazer uma reflexão sobre planejamento
participativo e os fatores que dificultam a realização deste planejamento. Entender
que todos esses planos devem estar coerentes com o projeto-político-pedagógico.
Um momento que proporciona oportunidades de estudo e possibilita ao educador,
tornar-se um entendedor de que planejar é construir a realidade que se almeja,
contribuindo assim para uma sociedade mais justa e igualitária. O conhecimento e a
reflexão se deram através de pesquisa, leitura e análise de textos de Gandin, Cruz e
Vasconcellos. Foram proporcionados momentos de estudo e discussão sobre o
compromisso do educador. Apresentaram-se caminhos para realizar um
planejamento, assim como pré-requisitos que devem ser considerados no momento
de planejar.
Palavras Chave: Planejamento participativo; níveis de planejamento; organização.
1 Introdução
1 Docente da Escola Estadual Irmão Isidoro Dumont. E-mail: [email protected] 2 Docente da Universidade Estadual do Centro Oeste- UNICENTRO.Email: [email protected]
O artigo apresenta uma abordagem dos resultados observados durante o
decorrer das atividades elaboradas e aplicadas, sendo produzidas com orientação
do Professor Orientador da IES, UNICENTRO de Guarapuava, PR, com destaque a
fase de implementação do Projeto PDE, na Escola Estadual Irmão Isidoro Dumont –
EF, do município de Itapejara D’Oeste PR, NRE de Pato Branco, PR. É o resultado
final da participação do professor PDE no programa de estudo realizado no período
de dois anos em formação continuada. O objetivo é tornar público o resultado de um
trabalho de pesquisa realizado com o Plano Integrado de Formação Continuada
(PDE- 2010/2012).
A Educação Básica, na atualidade, precisa repensar à maneira de
organização nos espaços educativos. Este artigo apresenta um tema da pedagogia,
o planejamento escolar, sendo considerado por muitos pesquisadores um dos
pilares significativos para a aprendizagem no ambiente escolar. Este se consagrou
nos meios governamentais e acadêmicos na década de 60, com obrigatoriedade
para ministrar aulas nas instituições escolares.
Apesar dos avanços alcançados na educação nos últimos anos, o
planejamento ainda é uma questão polêmica. Pesquisas nos apresentam que com a
implantação do livro didático nas escolas públicas, o professor se deteve a essa
ferramenta, considerando-a básica para desenvolver sua ação educativa. Apesar
das DCEs de nosso estado apresentar o Planejamento Participativo, em que
professores, funcionários, alunos e comunidade devem ser os autores do processo,
sendo considerada como uma das formas de melhor planejar, traçar metas e
alcançar os objetivos necessários para elevar o nível de aprendizagem. A proposta
ainda apresenta muitas dificuldades para sua efetivação. Portanto, se defronta com
diversos obstáculos, nas instituições escolares, entre eles o escasso tempo para sua
elaboração, execução e avaliação. Nosso questionamento é: Como está nossa
instituição, a qual faço parte como professor pedagogo, em relação ao Planejamento
Escolar e o Plano de aula?
O Projeto Político Pedagógico da escola elaborado de forma participativa
prevê um ideal a ser alcançado, baseado na realidade escolar. Com o diagnóstico,
tem-se uma previsão da distância que a escola se encontra do ideal previsto. Sendo
assim, buscam-se as falhas e a origem das mesmas, os obstáculos para avançar e
os pontos de apoio. E, a partir destes dados, elabora-se uma proposta de trabalho
que inclui ações, atitudes, normas e rotinas, especificando através dos objetivos as
metas a serem previstas e alcançadas. A partir deste documento, elaboram-se os
demais planos da escola.
Desta forma, este artigo pretende contribuir no sentido de repensar o sentido
do planejamento na prática atual e colaborar com educadores, a fim de se
apropriarem do conhecimento e da importância da elaboração de um plano de aula.
Assim sendo, faz-se necessário processar propostas reflexivas e críticas para
aprofundar o conhecimento. Pois, sem dúvida, a responsabilidade profissional e
cidadã crescem se houver compreensão com base em referências teóricas, estas
seriam o alicerce da necessidade de planejamento.
2 Fundamentos teóricos
O planejamento escolar inicia com a construção do projeto político
pedagógico. É considerado pelas autoridades educacionais, o maior documento da
instituição escolar, sendo o norteador de todas as ações desenvolvidas nos
aspectos administrativo e pedagógico de uma instituição de ensino. Portanto,
justifica-se dedicar tempo a estudá-lo, para compreender sua estrutura, o significado
de cada marco, sua coerência com a teoria e a prática educativa desenvolvida na
instituição de ensino.
O termo projeto implica empreendimento, um plano, uma ideia que se deseja
concretizar. A expressão, político, justifica-se por envolver um grupo de pessoas,
neste caso professores, alunos, funcionários, pais, direção e comunidade.
Pedagógico diz respeito à forma, diretrizes e princípios que regem a ação educativa.
É um documento que situa a realidade para poder atuar com maior propriedade.
Apresenta um ideal a ser conquistado e a concepção pedagógica que será
trabalhada para encurtar a distância dos resultados que se deseja alcançar.
Acredita-se que faz sentido construir um plano que norteia as ações a serem
desenvolvidas no interior da escola, quando todos os envolvidos participam de sua
construção e, além disso, sintam-se comprometidos em vivenciá-lo.
2.1 Concepções do projeto político pedagógico
2.1.2 Marco situacional3
Este marco consiste em compreender a realidade vigente, compreendendo
todas as esferas onde se atua: município, estado, país e o mundo, fazendo uma
análise de como o aspecto social, econômico, político, cultural, religioso e
educacional repercutem na vida de cada um.
Segundo Gandin (2010, p.28) “A pergunta básica a ser respondida será:
como se apresenta o mundo em que estamos inseridos? Será uma descrição e um
julgamento”.
Ter este entendimento colabora no sentido de descrever e emitir um
julgamento da organização da sociedade. Dessa forma, haverá condições para
elaborar o ideal de educação, considerando a realidade atual, com suas limitações e
seus pontos de apoio e evidenciando os aspectos que o grupo acredita serem
importantes, para, enfim, buscar a concretização desse ideal.
2.1.3 Marco conceitual ou doutrinal4
As metas estipuladas devem ser claras. Para tanto, faz-se necessário
elaborar a utopia da forma mais completa possível, isto é, estipular todas as
características necessárias para uma educação eficiente e de qualidade. Não
deixando de levar em conta a realidade vigente, ou seja, que o ideal elaborado seja
possível de conquistar. Quanto a isto Gandin afirma:
Trata-se, portanto, de um marco, um ponto razoavelmente inamovível que serve como utopia, como força, como orientação. Não pode ser algo inteiramente alcançável, embora não possa se construir do teoricamente impossível para o homem (GANDIN, 2010 p 28).
3 De acordo com instrução Nº 007 / 2010 - SUED/SEED, o marco situacional tornou-se o diagnóstico do
estabelecimento de ensino 4 De acordo com instrução Nº 007 / 2010 - SUED/SEED o marco conceitual tornou-se os princípios didático-
pedagógicos.
E quanto à elaboração dos ideais previstos, é fundamental expressar quais
são de forma detalhada e para que servem. Estas escolhas devem ter
fundamentação teórica que as sustentem.
2.1.4 Marco Operacional ou Operativo5
No primeiro momento, faz-se necessário fazer uma análise referente ao que
é adequado para a instituição de ensino. O grupo que planeja deve considerar a
realidade existente e a realidade idealizada. Propor uma concepção pedagógica
coerente com a descrição de educação e adequada com os ideais de homem e de
sociedade, elaborados no marco conceitual. Nas palavras de Gandin:
Numa escola, por exemplo, designar um marco operativo significa propor (escolher ou compor) um tipo de educação, traçar linhas gerais de organização da escola (governo, participação...) definir enfoques prioridades que serão sublinhados no período do plano, tudo em coerência com o marco doutrinal e para realizar os ideais nele traçados (GANDIN, 2010, p. 30).
Portanto, um marco operacional implica em definir linhas gerais de como
será conduzido o processo educacional, elencando prioridades, destacando os
meios que serão utilizados e a tendência pedagógica a ser adotada para alcançar o
proposto.
2.1.5 Planejamento Participativo
Um planejamento é participativo quando os envolvidos, neste caso a
comunidade escolar, têm oportunidade e poder para contribuir na sua elaboração
através de seus conhecimentos, apresentando seus anseios e ideais a serem
buscados, independentemente das diferenças entre os mesmos. Segundo Gandin “A
construção em conjunto acontece quando o poder está com as pessoas,
independentemente dessas diferenças menores e fundamentadas na igualdade
5 De acordo com instrução Nº 007 / 2010 - SUED/SEED o marco operacional tornou-se o planejamento de ações
da escola.
entre as pessoas”. (GANDIN, 2010, p.57) Ele ainda acrescenta, mais adiante, que
para acontecer de fato um planejamento participativo se faz necessário o seguinte:
...construir um processo de planejamento em que todos, com seu saber próprio, com sua consciência, com sua adesão específica, organizam seus problemas, suas ideias, seus ideais, seu conhecimento da realidade, suas propostas e suas ações. Todos crescem juntos, transformam a realidade, criam o novo, em proveito de todos e com o trabalho coordenado. (GANDIN, 2010, P.57).
E esta missão será atingida, na medida em que a prática pedagógica for
compreendida como processo democrático. Referente a isso Saviani afirma:
A prática pedagógica contribui de modo específico, isto é, propriamente pedagógico, para a democratização da sociedade na medida em que se compreende como se coloca a questão da democracia relativamente à natureza própria do trabalho pedagógico. (SAVIANI, 2003 p. 79)
Sendo assim, é importante salientar que o processo pedagógico será
democrático se compreendemos como possibilidade no seu início e como concreto
no ponto de chegada.
2.1.6 Projeto Político Pedagógico: uma construção coletiva
O Projeto Político Pedagógico é um documento que norteia toda a ação
escolar, nele contempla seu modo de fazer, a estrutura organizacional, o currículo, o
calendário, os projetos a serem desenvolvidos, as formas de trabalho e o processo
de avaliação. O termo projeto implica empreendimento, um plano, uma ideia que se
deseja concretizar, já político justifica-se por envolver um grupo de pessoas, neste
caso professores, alunos, funcionários, pais, direção e comunidade. Pedagógico diz
respeito à forma, diretrizes e princípios que regem a ação educativa. Na palavra de
Veiga:
A escola é uma organização viva e dinâmica, que compartilha de uma totalidade social, e o seu projeto político-pedagógico deve ser também dinâmico, norteador de todo o movimento escolar – seu plano global, seu plano de ensino, seu plano em torno das disciplinas e, inclusive, seu plano de aula. Em fidelidade ao conceito de formação, os sujeitos envolvidos – gestores, pais, professores e alunos – traduzem o projeto político-pedagógico concretamente, visando à construção da formação humana. E a
finalidade das mediações de ordem escolar tem como parâmetro, ou deveria ter, a própria formação. (VEIGA, 2007, p. 34)
Acredita-se que faz sentido construir um plano que norteia as ações a serem
desenvolvidas no interior da escola, quando todos os envolvidos participam de sua
construção. E, além disso, sintam-se comprometidos em vivenciá-lo. Segundo
Santiago, “O projeto político-pedagógico deve ser entendido como totalidade
concreta (...) do diálogo entre professores, alunos, funcionários, pais, direção e
comunidade”. (SANTIAGO, 2007, p.68). Desta forma, existirá o vínculo entre os
envolvidos e responsabilidade em concretizar o elaborado, assim haverá maiores
probabilidades que o construído seja efetivado.
Portanto, todo planejamento a ser realizado no interior da escola será
coerente, quando for norteado pelo Projeto-Político-Pedagógico, pois o mesmo foi
construído a partir dos anseios da comunidade escolar, isto é, de forma coletiva,
através da representação das entidades que compõem a escola.
2.1.7 Planejamento pedagógico anual
Quando se fala em planejamento pedagógico anual, o que vem em mente
são formas, métodos, técnicas, objetivos que se pretendem atingir em um
determinado período, neste caso, o ano letivo. Vasconcellos (cita que: “planejar é
uma atividade que faz parte do ser humano”, mais adiante ele ressalta que: “planejar
é antecipar mentalmente uma ação a ser realizada e agir de acordo com o previsto;
é buscar fazer algo incrível, essencialmente humano: o real ser comandado pelo
ideal” (grifos do autor). 2010, (p.15 e 35).
Sobre essa perspectiva, entende-se que o planejamento requer uma
mudança, e como tal, toda mudança assusta, o medo do “novo”, não é um fato
aceitado pacificamente por todos. A escola não é diferente, existe uma rotina, e sair
dela requer esforços, vontade. Ao refletirmos e reelaboramos nosso pensamento
através da escrita, ampliamos e definimos com maior clareza nossos conceitos,
como afirma Zabalza:
Os diários contribuem de uma maneira notável para o estabelecimento dessa espécie de círculo de melhoria capaz de nos introduzir em uma dinâmica de revisão e enriquecimento de nossa atividade como professores.
Este círculo começa pelo desenvolvimento da consciência, continua pela obtenção de uma informação analítica e vai se sucedendo por meio de outra série de fases, a previsão da necessidade de mudanças, a experimentação das mudanças e a consolidação de um novo estilo pessoal de atuação. (ZABALZA, 2004, p. 11).
Pensando como Zabalza, quando refletimos e reelaboramos nosso
pensamento através da escrita, ampliamos e definimos com maior clareza nossos
conceitos. Este procedimento oportunizará uma tomada de decisão detalhada dos
componentes que gerou determinada situação, visto desta maneira estamos
analisando e não vivenciando determinada realidade. Sendo assim, haverá maiores
possibilidades para efetuar mudanças significativas, consolidando uma nova
percepção da realidade.
Portanto, um planejamento pedagógico anual requer definir o que
desejamos, com base na realidade que temos, até aonde queremos chegar, e como
faremos este caminho para diminuir esta distância. Significa diagnosticar, e a partir
do analisado atribuir um julgamento, isto é, tomar decisões referenciadas pelas
teorias visando melhores resultados de nossa prática educativa.
2.1.8 Resistências ao planejamento pedagógico anual
Percebemos cotidianamente professores indiferentes ao planejamento, e
quando o realizam o fazem como uma formalidade, para justificar seu trabalho junto
aos supervisores, e não para nortear de forma clara e coerente sua prática. É
preciso, contudo, que o profissional da educação não só reconheça a importância do
planejamento, mas também o efetive, conforme o texto:
Embora o planejamento, como processo mental de organização de trabalho, seja reconhecido como condição necessária para que a ação pedagógica possa ser esclarecida e efetiva no alcance dos resultados educacionais pretendidos, verifica-se frequentemente a resistência de profissionais de educação em assumir esta prática. (LUCK, 2010, p. 61)
Portanto, faz-se necessário o reconhecimento, pelos educadores, do
planejamento como um instrumento útil e eficaz, assumindo-o como ferramenta para
dinamizar, com maior eficiência e produtividade, sua prática pedagógica.
2.1.9 O plano de aula
O plano de sala de aula parte do referencial do plano global da escola prevê
um ideal a ser alcançado e de posse do diagnóstico, tem-se uma previsão da
distância que o grupo de educando encontra-se desse ideal previsto, sendo assim
busca-se as falhas e a origem das mesmas, os obstáculos para avançar e os
aspectos positivos. E a partir destes dados elabora-se uma proposta de trabalho que
vai desde ações, atitudes, normas, rotinas e o conhecimento que almejamos
construir. E ainda esclarecendo o nível de exigências dos exercícios e atividades
propostas.
Portanto devemos ter bem clara nossa proposta de trabalho, a fim de
analisarmos até onde nosso educando avançou, dificuldades e pontos de apoio. E a
partir destas análises, termos condições de refazer nosso planejamento. A tarefa
docente necessita, ainda que de maneira ampla, uma previsão do conteúdo e a
forma como será trabalhado. Gasparin recomenda: “que não sejam planejadas
aulas, mas unidades de conteúdo, ou seja, um conjunto de aulas”. (GASPARIN,
2009, p. 149).
Compreendemos que o planejamento em unidades de conteúdos oferece
condições para o educador ampliar sua visão metodológica, dando possibilidade de
trabalhar as diversas dimensões que o conteúdo requer. Trabalhando desta forma o
conteúdo desperta maior interesse para o educando tornando-o assim significativo.
Planejar vai além do aspecto técnico. Planejar implica muito mais. É um ato político.
O indispensável mesmo é ter clareza das necessidades e dos objetivos traçados e
ordená-los de modo a obter o máximo de resultado com o melhor uso de recursos,
visando à transformação social. Quando traçamos objetivos temos que ter em mente
o caminho que iremos percorrer para atingi-lo. A ação pedagógica é compreendida
como processo, portanto o aluno necessita passar por uma série de etapas a fim de
vivenciar e construir o conhecimento. Por isso, conforme Gasparin,
Todo o processo pedagógico envolvendo as ações do professor e dos alunos desenvolve-se por meio de técnicas específicas, para que o confronto dos conceitos científicos apresentados pelo professor com os conceitos cotidianos dos aprendestes gradativamente avance e sempre retome o aprendizado anterior, incorporando-o e superando-o, de tal forma que os conceitos cotidianos sejam transformados em científicos, a fim de que estes se tornem cotidianos.(GASPARIN, 2009, p.116)
Sendo assim, a construção do conhecimento acontece, quando
compreendemos seu processo, para tanto se faz necessário termos domínio da
teoria e discernirmos a prática que possibilita o sucesso na aprendizagem.
Segundo as Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do
Estado do Paraná, organizamos o conhecimento buscando o conhecimento das
diferentes áreas, elas não são independentes, se completam entre si, ampliando
assim a abordagem dos conteúdos de modo que uma depende da outra, buscando a
totalidade, numa prática pedagógica que considera as dimensões científica,
filosófica e artística do conhecimento.
É necessário saber que ao estudar um conteúdo ou tema o professor precisa
ir além de dominar o conhecimento de sua disciplina, necessita colocar na sua
prática diária a ampliação do conceito. Fazem-se necessário enfatizar para o aluno
os diferentes enfoques pertinentes aquele conteúdo, fazendo assim a transposição
para as diferentes áreas, que o mesmo se faz necessário para compreendê-lo e se
tornar conhecimento. E ainda no que diz respeito à aquisição do conhecimento
Libâneo diz:
A atividade teórica é o processo que, partindo da prática, leva a “aprender” a realidade objetiva para, em seguida, aplicar o conhecimento adquirido na prática social para transformá-la. A ênfase nos conhecimentos não visa, portanto o acúmulo de informações, mas uma reelaboração mental que se traduzirá em comportamentos práticos, numa nova perspectiva de ação sobre o mundo social. (LIBÂNEO, 1985, p. 76)
Concordando com Libâneo, a escolha adequada da metodologia dá maior
garantia na aquisição e reelaboração do conhecimento. Porém, muitas vezes têm-se
atitudes desvinculadas do real. Olha-se sem perceber se é possível transpor teoria à
prática e vice-versa. Fica-se na superficialidade quando não se tem clareza sobre o
caminho que se pode percorrer, isto é, a metodologia apropriada para trabalhar
aquele conteúdo. E ainda com respeito ao conceito de planejar, Gandin & Cruz
afirma: “Planejar é, de fato, definir o que queremos alcançar: verificar a que
distância, na prática, está do ideal e decidir o que se vai fazer para encurtar essa
distância”. (GANDIN & CRUZ, 2010, p.27).
Portanto, pode-se considerar planejar o processo pelo qual a pessoa que se
utiliza do mesmo possa ter condições de contribuir significativamente para a prática
educativa. Toda vez que se fizer um planejamento escolar se faz necessário ter
claros: a meta; o caminho a fazer, a fim de alcançar o ideal; e o programa que será
utilizado, de forma a viabilizar o proposto.
Planejar é nortear o trabalho pedagógico no momento de planejar, executar
e avaliar. E cabe ao professor pedagogo fazer essa mediação na organização do
trabalho do professor.
3. Realidade da Escola
A presente pesquisa foi realizada na Escola Estadual Irmão Isidoro Dumont
Ensino Fundamental, 6° a 9° ano , no município de Itapejara D’Oeste PR. Essa
escola caracteriza-se como uma escola confessional6 sob a tutela da congregação
Marista. Os Maristas iniciaram suas atividades nesse município em 1968, quando
aqui se instalaram em busca de vocações para a sua congregação. Inicialmente, era
escola particular, no entanto, em parceria com a Secretaria de Estado da Educação-
SEED transformou-se em 1997 em uma escola da rede pública de ensino. Portanto,
essa escola possui características da filosofia Marista.
Essa escola tem uma estrutura física que comporta o atendimento da
maioria dos alunos do município. Atualmente, a escola funciona nos três períodos,
manhã, tarde e noite, atendendo uma clientela de aproximadamente 700
(setecentos) alunos. Convém explicar que 30% dos alunos são moradores da zona
rural, e 70%, da zona urbana. São filhos de famílias de classe média baixa. Muitos
trabalham para auxiliar os pais.
Nesse estabelecimento atuam 50 docentes da rede pública de ensino, sendo
que a maioria é do regime estatutário. Quase todos os docentes possuem curso de
6 É uma escola em parceria com a mitra que tem suas raízes religiosas, pertence a filosofia Marista
(Padre Marcelino Champagnat).
especialização “Lato Sensu”. No que se refere ao atendimento didático-pedagógico,
a escola conta com cinco profissionais atuando na Direção e Equipe Pedagógica.
O município de Itapejara D’Oeste localiza-se na região sudoeste do Paraná,
com uma população de aproximadamente dez mil habitantes; a base da sua
economia e subsistência é a agricultura e pecuária com pequenas propriedades
agrícolas, predominando a agricultura familiar e algumas indústrias.
Na sequência, abordaremos o trabalho realizado acerca do projeto de
intervenção pedagógica na escola.
4. Características do Campo de Pesquisa
O texto a seguir tem a finalidade de apresentar os procedimentos
metodológicos que constituíram a pesquisa. Apresenta-se como um estudo de caso7
com abordagem qualitativa.
4.1 Análise e resultado dos conteúdos
Primeiramente o projeto foi apresentado em uma reunião pedagógica em
que estavam presentes: Direção, Equipe pedagógica e educadores da escola. A
mediação da Intervenção referente ao projeto de pesquisa se deu mediante a
elaboração de um caderno pedagógico. Para a aplicação foram realizados quatro
encontros no contra turno ao período de trabalho dos participantes, totalizando
16/horas.
A clientela participante na implementação foi composta de professores
pedagogos e professores de diferentes disciplinas, alguns iniciantes na carreira do
magistério e outros em final de carreira, da Escola Estadual Irmão Isidoro Dumont -
EF.
7 Um estudo de caso é “uma pesquisa empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro
do seu contexto real, consiste na observação de um contexto ou indivíduo, de uma fonte de documentos ou de um acontecimento específico.” (MERRIAM, 1988, apud BOGDAN e BIKLEN, 1994, p. 89).
Como primeira atividade foi apresentado um vídeo com um texto imagético
intitulado “O problema não é meu” em que os intérpretes não assumem a
responsabilidade pelos acontecimentos mostrados no vídeo, pois eles alegam que
estes não fazem parte de seus respectivos setores.
A partir desse vídeo, fez-se uma reflexão sobre a realidade de como é
apresentado o comprometimento das pessoas que participaram no vídeo, trazendo a
discussão à realidade social. Todos os membros participaram com discussões
calorosas em relação ao tema, concordando plenamente com a ideia, em que a
maioria das pessoas não assume as responsabilidades de algo que não é
exclusivamente seu trabalho. Após essa discussão a reflexão foi direcionada ao
ambiente de trabalho dos participantes do encontro, no caso, a escola.
Percebeu-se que são muitos os desafios a serem enfrentados em todas as
instituições de ensino, sendo que a nossa instituição não se difere das demais. O
planejar como determina a teoria é um desafio para muitos e ainda necessita ser
aprimorado no cotidiano da escola. De um modo geral o planejamento escolar não é
considerado um dos pilares significativos para a aprendizagem no ambiente escolar
como mostram os estudos. Chegando a conclusão de que todos precisam estar
comprometidos com a instituição e não apenas com seu setor de trabalho,
confirmando que a realidade do vídeo, também se faz presente na escola.
Após a discussão deu-se o estudo dos Marcos correspondentes ao Projeto
Político Pedagógico, (situacional, conceitual e operacional). Procuramos esclarecer
aos educadores sobre a construção destes, de acordo com a teoria de Gandin.
Os marcos foram apresentados em forma de cartazes, textos e pesquisa. Os
participantes, em sua maioria, afirmaram que a forma como foi exposto e a fonte de
consulta facilitaram para a compreensão de cada um, de forma clara e objetiva. Não
havendo necessidade de muita discussão. Porém, foi citado que a forma como foi
elaborado o Projeto Politico Pedagógico da escola não ficou claro, conforme a teoria
de Gandin.
No segundo encontro, levando em conta que, o Projeto Político Pedagógico
é uma construção coletiva de todos os integrantes da comunidade escolar, e sendo,
o principal documento da escola, norteador de todas as práticas educativas, foi
imprescindível dedicar o encontro para análise e estudo do Projeto Político
Pedagógico da escola.
Com auxílio de ferramentas tecnológicas como o Datashow, fez-se uma
explanação geral em forma de apresentação com slides do Projeto Político
Pedagógico da Escola Estadual Irmão Isidoro Dumont Ensino Fundamental. Em
seguida, os educadores foram divididos em três grupos, cada grupo estudou a
construção de um marco do Projeto Politico Pedagógico, a fim de compreender
como foi elaborado, e qual é sua coerência com a teoria estudada, identificando
pontos comuns e divergentes.
Após estudo, análise e a volta a plenária os grupos foram unânimes em
afirmar que os pontos comuns foram à presença dos marcos, porém os aspectos de
um estava presente no outro, não ficando claro a função de cada um, dificultando a
compreensão do seu significado. Percebeu-se ainda que há aspectos coerentes
como também incoerências além dos marcos.
Os educadores constataram que o PPP de nossa escola é complexo,
extenso e falta clareza na sua descrição, o que dificulta a compreensão. E
reforçaram afirmando o citado anteriormente, argumentando que a proposta teórica
de Gandin explicita de forma clara e direta as concepções. Sugeriram que seria
interessante retomar o PPP da nossa escola, tendo respaldo à linha teórica de
Gandin. Desta forma, ficaria mais sucinto e de melhor compreensão a todos os
educadores.
No terceiro encontro foi apresentado em forma de cartazes os conceitos e
textos teóricos, de cada nível de planejamento. ]Também foram apresentados slides
para ilustrar o tema estudado. Os participantes mostraram interesse no tema
proposto e trazia sua prática a tona, como o de que o planejamento anual não
colabora para viabilizar o trabalho de sala de aula, colocaram suas ansiedades e
insatisfações em relação ao planejamento. Afirmaram que o realizavam mais com
objetivo de cumprir uma exigência, mas que o mesmo não colaborava no sentido de
ajudar de forma eficaz no momento de executá-lo.
No transcorrer do estudo perceberam que existem outros níveis de
planejamento, mais específicos, com possibilidades de viabilizar a prática em sala
de aula. Compreendendo que o plano anual é apenas um nível de planejamento,
que dá uma ideia geral do caminho a ser percorrido.
No quarto encontro ao propor o estudo do plano de aula, foi trabalhado todos
os itens que compõe o plano (Referencial do Plano da Escola, Marco Operativo da
Disciplina, Diagnóstico, Necessidades e Programação: objetivos, estratégias,
normas e atividades permanentes), perceberam que para desenvolver um plano de
aula, conforme a teoria de Gandin, exige-se uma dedicação maior de pesquisa e
tempo para a sua construção.
Foram apresentadas atividades de propostas de prática, envolvendo ações,
atitudes, regras e rotinas, o objetivo era compreender a diferença de cada uma
delas. Em todas faltava o resultado a ser alcançado. A compreensão de cada
categoria colabora com o sentido de realizar o planejamento da aula. Se não houver
clareza na execução não haverá coerência com o caminho que estou propondo e o
caminho que devo chegar.
Ficou claro para os participantes que para realizar um plano de aula
coerente com a proposta apresentada no PPP, se faz necessário compreender
todos os níveis de planejamento.
9. Conclusão
Os quatro encontros foram de muito estudo, debate e registro, porém não
foram suficientes para sistematizar e aprofundar sobre a importância do tema em
estudo – Do Projeto Político Pedagógico ao Plano de Aula: Uma proposta de
planejamento participativo. Seriam necessários mais encontros de forma sistemática
no decorrer do ano letivo, pois o planejar é uma tarefa constante e deve ser
repensada conforme a sociedade vigente.
Quanto ao Projeto Político Pedagógico e os níveis de planejamento
estudados nesta pesquisa ajudou a compreender melhor o papel da instituição. A
importância de sua organização para alcançar as metas educacionais, pois sua
prática está muitas vezes dissociada da teoria da pluralidade, na organização da
proposta em que ameniza a exclusão social e oportuniza a todos um espaço
democrático, em que todos têm oportunidades iguais, como propõe o planejamento
participativo e democrático. Pois se esta prática ainda não está sendo efetivada
adequadamente, acredita-se que um dos fatores seja da prática vivida por muitos
anos na escola, a do autoritarismo em que o conhecimento era apenas uma
reprodução.
Apoderar-se de uma prática desafiadora após muitos anos de convivência
de práticas tradicionais baseadas em teorias tradicionais ainda é um desafio para
muitos educadores, sem distinção dos que estão no inicio ou final de carreira. Para
muitos a prática em sala de aula não leva em conta o que foi colocado no Projeto
Politico Pedagógico da escola.
Percebe-se que ainda há diferenças e muitas vezes contraditórias. O
planejamento de aula em muitos casos não apresenta vinculação com a realidade
educacional, socioeconômica, cultural e política de cada educando, o que define
uma sociedade mais justa e igualitária e com os objetivos almejados no Projeto
Político Pedagógico.
Apesar da abertura dada, a instituição ainda fica travada, pois ao mesmo
tempo em que dá oportunidades a instituição, em sua organização há pautas que
amarram e impossibilitam que se realize em seu interior iniciativas fundamentais
para que ocorra a mudança. Pode se citar como exemplo, a falta de tempo para
planejamento. Na parte pedagógica se faz necessário que sejam realizadas reuniões
periódicas com os educadores, a fim de analisar as propostas que vem sendo
desenvolvida no planejamento e se, preciso for reorganizar.
O desafio agora é superar limites. E de forma coletiva buscar vias para
efetivar um planejamento que contemple o ideal previsto no Projeto Político
Pedagógico de nossa escola.
10. Referências Bibliográficas
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 36 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
___________Pedagogia da Autonomia.36 ed.São Paulo: Paz e Terra,1996.
GANDIN, Danilo. Planejamento como prática educativa. 18 ed. São Paulo: Loyola, 2010.
_________, A prática do planejamento participativo. 17 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2010.
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