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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Gestão de Compras para o Setor de Vestuário
Tatiana Fernanda Ferreira
ORIENTADOR: Prof. Jorge Vieira
Rio de Janeiro 2016
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão de Varejo. Por: Tatiana Fernanda Ferreira
Gestão de Compras para o Setor de Vestuário
Rio de Janeiro 2016
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AGRADECIMENTOS
Aos amigos de curso, colegas de trabalho, que
ajudaram na persistência de um sonho.
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RESUMO
Comprar é uma habilidade altamente criativa, em parte devido ao
fato de o comprador de moda precisar estar sempre aberto ao cenário de
moda, em mudança continua, e ás demandas constantes do consumidor bem
informado dos dias de atuais.
O objetivo deste trabalho tem como enfoque a relação das
empresas de moda com o profissional de Compras. Visualizando o grande
potencial de lucratividade que o profissional demanda, e; quanto mais seu
preparo e visão forem ampliados; crescimento coorporativo alcançara.
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METODOLOGIA
De acordo com a metodologia de pesquisa aplicada; pesquisa
bibliográfica, com consulta a livros ;tornou-se possível a visualização de
importância do trabalho profissional de compras , bem como a o seu
envolvimento no processo de melhoria a ao fornecimento de mercadorias de
determinados nichos de mercado .
Com um mercado cada vez mais competitivo e clientes bem informados a
questão de Compras passou a ser um departamento mais estratégico ,
dinâmico e complexo, quais foram abordados no estudo.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
A Evolução do Processo de Compras 17
CAPÍTULO II
Importância da Gestão de Compras 09
CAPÍTULO III
Tecnologias que Auxiliam no Processo de Compras 24
CONCLUSÃO 34
BIBLIOGRAFIA 35
ÍNDICE 36
ÍNDICE DE FIGURAS 37
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INTRODUÇÃO
A evolução da cadeia competitiva do varejo, tem como papel
estratégico a Gestão de Compras e Suprimentos, refletindo diretamente nos
resultados do negócio. Neste contexto o presente trabalho tem por objetivo
analisar a efetividade da Gestão de Compras no setor do vestuário nacional,
bem como identificar as formas de trabalho, e otimização do trabalho dos
profissionais envolvidos na área.
Escolheu-se fazer o estudo no setor de confecções e vestuário pelo
fato ser um ramo tradicional, consolidado no ambiente nacional, que tem
importância na geração de empregos, na economia do País e por existir
carência de dados e estudos sobre o setor.
Será apresentada a definição do problema, juntamente com o tema,
o qual abrange o estudo da gestão de compras; seguindo da justificativa e
metodologia de pesquisa.
A Gestão de compras é uma atividade fundamental para o bom
gerenciamento das empresas e que influencia diretamente nos seus estoques
e no relacionamento com os clientes, estando também relacionada à
competitividade e ao sucesso da organização.
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CAPÍTULO I
Importância da Gestão de Compras
Ao longo dos anos, as organizações têm passado por diversas
fases em sua evolução, movimento este que ocorre dentro de um contexto
sociopolítico nas sociedades. De acordo com E. Porter¹, a cadeia de valores de
determinada empresa corresponde ao conjunto de atividades desta que,
somadas, gerarão valor aos seus clientes. Tais atividades incluem a concepção
dos produtos e serviços a serem comercializados, o planejamento de demanda,
produção e logística de entrega, venda , pós-vendas, entre outros. Além disso,
envolve atividades de suporte, como tecnologia de informação, recursos
humanos, Compras, entre outros.
O termo Compra pode ser definido como a aquisição de um bem ou de um direito, pelo qual se paga um estipulado preço. Bailyetal. (2000), define que a atividade de compras é um procedimento pelo qual as empresas determinam os itens a serem comprados, identificam e comparam os fornecedores disponíveis, negociam com as fontes de suprimentos, firmam contratos, elaboram ordens de compras e finalmente, recebem e pagam os bens e serviços adquiridos.
Independente de questões de formato o mais importante é o foco na
geração de valores sob a óptica competitiva; Porter (1996). Isso se demonstra
no preço que o cliente estará disposto apagar pelo produto ou serviço oferecido
e escolhido entre outros da concorrência, de acordo com presença de valor que
este poderá oferecer. A diferença entre preço pago e custos associados ás
atividades dessa cadeia de valores corresponde á margem auferida, ou seja,
quanto maior for á percepção de valor gerada ao cliente pela cadeia de valores
da empresa, maior será a margem. Assim, o fator preponderante para a
empresa se posicionar é a percepção de valor de valor a ser obtida, e não
apenas o custo.
______________
¹ Porter, M. E. Vantagem competitiva. Rio de Janeiro; Campus, 199
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A gestão de compras é a integração entre estratégias, processos e
estruturas organizacionais que definam relacionamentos com fornecedores de
tal forma que gere valor á organização, dependendo da perspectiva de geração
de valor na qual está inserida, seus objetivos pode ser:
- Econômicos: redução do custo total de aquisição, otimização de capital de
giro e aumento da produtividade (excelência operacional) dos processos de
aquisição.
- Competitivos: posicionamento competitivo de custos, geração de inovação via
integração com fornecedores, monitoramento de competidores por meio da
utilização de mecanismos de inteligência de mercado aplicada a fornecimento.
- Social e ambiental: gestão do risco com fornecedores, utilização de conceitos
de sustentabilidades em Compras, gestão do relacionamento com
fornecedores.
Para Mitsutani (2014), a Gestão de Compras esta inserida no
contexto da gestão da cadeia de suprimentos, e esta, por sua vez, na cadeia
de valores, uma vez que o relacionamento com fornecedores conta dos
processos de integração entre fornecedores , a empresa e seus clientes,
entretanto , a Gestão de Compras tem elementos estratégicos específicos para
geração de valor ao negócio.
Processualmente, entende-se Gestão de Compras em duas grandes
vertentes de processos: Processos-chave e os processos de suporte. O
primeiro envolve a aquisição dos bens e contratação de serviços necessários
para a operação da empresa ou organização. Normalmente, suas etapas têm
início a partir da definição da necessidade da aquisição, verificação de fontes
de fornecimento, licitação, negociação e a contratação dos fornecedores –
atividades- chaves de responsabilidade da estrutura organizacional.
Comum estender o processo-chave de Compras até a efetivação
dos pagamentos aos fornecedores, o objetivo é avaliar os impactos financeiros
da aquisição, particularmente sobre o capital de giro / contas a pagar. Esse
processo estendido, que vai da definição da necessidade de compra até o
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efetivo pagamento, é conhecido como procure-to-pay, ou “da compra ao
pagamento’’, conforme a Figura 1:
Entre os processos a gestão do risco de fornecedores, inteligência de
mercado aplicada á Compras, gestão do desempenho de fornecedores, entre
outros. A gestão de Compras é responsável pelo processo chave de compras e
pelos processos de suporte. Observa que o escopo de responsabilidades dos
gestores de Compras está inserido em um âmbito mais amplo da gestão de
suprimentos. Assim envolve outras estruturas organizacionais, como áreas de
logística, planejamento de demanda, gestão de estoques e matérias, entre
outros. Hierarquicamente, nem sempre a Gestão de compras está subordinada
a gestão da cadeia de suprimentos, ou seja, a estrutura pode estar vinculada á
gestão de operações, financeira ou, como tem se tornado cada vez mais
comum, presidência.
Processo Chave de Compras
Figura 1- Processo de Compras Fonte: Mitsutani(2014,pag. 31)
A aquisição de matérias primas, suprimentos e componentes,
representa fator decisivo na atividade de uma organização. As atividades
relacionadas a Compras envolvem uma série de fatores como seleção de
fornecedores, qualificação dos serviços, determinação de prazos de vendas,
previsão de preços, serviços e mudanças na demanda, entre outros. Já que
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grande parte do dinheiro de vendas é pago a fornecedores por materiais
comprados, reduções pequenas na aquisição dos materiais podem gerar
melhorias consideráveis nos lucros. Dessa forma, pode-se dizer que a gestão
de compras é de vital importância para o sucesso da empresa.
A evolução da função compras nas organizações mostra que é
fundamental a atenção a ser dada a este setor. Atualmente as empresas se
preocupam muito com o processo de compras, pois este sendo executado com
sucesso pode ser motivo de redução de custos. Neste sentido cabe aos
responsáveis por tal processo estarem atentos a preço, prazo, volume e
qualidade para se beneficiarem da execução eficaz deste processo (DIAS,
2005).
É necessário que os gerentes de Compras envolvam-se em várias
atividades como manter um banco de dados e seleção de fornecedores,
negociar contratos com os mesmos e agir como intermediário entre os
fornecedores e a empresa. Quando o relacionamento entre cliente e fornecedor
está em nível de confiança mútua, participação e fornecimento a qualidade
assegurada é atinginda, de acordo com Martins & Alt (2001), o comakership.
De maneira geral, a gestão de Compras é uma ferramenta fundamental para o
desempenho da empresa como um todo, tendo que ser analisada, estudada
estrategicamente e modificada, conforme a necessidade mercadológica. Diante
disso, a união de empresas com interesses comuns pode trazer ganhos
significativos na aquisição de materiais.
Segundo Arnold (1999) “a função compras é responsável pelo
estabelecimento do fluxo dos materiais na organização, pelo segmento junto ao
fornecedor, e pela agilidade da entrega.”.
Ao longo do tempo, a função compras passou a ser imprescindível
para a administração de recursos materiais de uma empresa. Saber comprar
de forma a beneficiar a organização é determinante não somente para a
competividade, mas também para a permanência da empresa no mercado.
Pequenas reduções no custo das aquisições podem refletir positivamente no
lucro da empresa. Para isso é fundamental manter um banco de dados de
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fornecedores atualizado, ter poder de negociação e estabelecer um
relacionamento baseado na confiança mútua entre o cliente e o fornecedor.
O objetivo das atividades de compras é obter e coordenar o fluxo
contínuo de suprimentos de modo a atender aos programas de produção;
comprar os materiais aos melhores preços, não fugindo aos parâmetros
qualitativos e quantitativos; e procurar as melhores condições para a empresa
(DIAS, 2005).
Martins e Alt (2001) ainda comentam que esses objetivos devem
estar alinhados aos objetivos estratégicos da empresa como um todo, visando
o melhor atendimento ao cliente externo e interno. Essa preocupação tem
tornado a função compras extremamente dinâmica, utilizando-se de
tecnologias cada vez mais sofisticadas e atuais como o EDI, a Internet e
cartões de crédito.
1.1.1. O Varejo de Moda
Segundo Schmid (2004), até o final do século XVIII, a comercialização
de vestuário no Brasil era de tal forma precária que as roupas eram herdadas
através das gerações. Foi somente com as iniciativas do Marquês de Pombal
que se iniciou uma campanha para o desenvolvimento de uma produção de
moda portuguesa no Brasil, viabilizada pela liberação da abertura de fábricas
de tecido e fabricação de roupas. No entanto, o que ocorreu foi uma efêmera
tentativa do setor, já que tratados com a Inglaterra deram isenção de impostos
para os tecidos ingleses exportados para Portugal, o que acabou,
temporariamente, com as pretensões de uma indústria local.
O processo de formação e consolidação da Indústria Têxtil no Brasil
foi lento, refletindo no desenvolvimento do varejo de vestuário. Stein (1979)
considera que o período de 1844 até 1913 corresponde à fase de implantação
da Indústria Têxtil nacional. De acordo com o autor, em 1864, o Brasil já tinha
uma razoável cultura de algodão, mão-de-obra abundante e um mercado
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consumidor em crescimento, fatores que influenciaram na evolução da
Indústria Têxtil e, consequentemente, do varejo da moda.
Dos anos 60 até a década atual, o varejo de moda no Brasil passou
por grandes mudanças, não somente no que diz respeito a tendências, mas
também no que concerne aos hábitos dos consumidores e à forma de atuação
dos varejistas, fruto tanto de alterações ocorridas na sociedade brasileira, como
de mudanças provocadas pelo avanço da tecnologia e a globalização dos
mercados.
De acordo com Schmid (2004), na década de 1960 possuía poucas
lojas ;as compras se localizavam nos grandes centros. É nesse período que se
inicia o processo de descentralização do comércio na cidade. A partir da
década de 1970 as pessoas não tinham mais tempo e paciência para procurar
costureiras e ficar provando roupas sob medida e, em função disso, a forma de
se vestir começou a mudar.
Nos anos 80, conta Schmid (2004), o mundo passou a adotar um
estilo mais executivo, nada parecido com a moda hippie que marcou a década
anterior. Principalmente o Rio de Janeiro passou a se inspirar na cidade de
Manhattan; as mulheres começaram a usar perfumes masculinos; as pessoas
passaram a cultuar o corpo; o tênis começou a fazer parte da moda; o
sportwear, os agasalhos e os moletons passaram a integrar a moda do dia-a-
dia.
De acordo com Fukushima e Muller (2008), antes do Plano Real, o
Brasil copiava os produtos criados na Europa e Estados Unidos com seis
meses de defasagem. Nesta época o mercado era fechado e o acesso à
informação, a produtos e a matérias-primas era limitado. Isso protegia uma
cadeia local lenta, com eficiência baixa e custo alto. Até então, para que
marcas e varejistas internacionais conseguissem operar no Brasil para
produção local ou desenvolvimento e compras no mercado interno era
necessário obter uma licença.
Com a abertura econômica e o Plano Real, na década de 1990, a
cadeia de moda brasileira foi um dos setores de bens de consumo mais
afetado. “Houve uma rápida entrada de matérias-primas, produtos e marcas,
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forçando a redução de custos, preços e melhoria em qualidade e grau de
atualidade nos produtos nacionais”. (FUKUSHIMA; MULLER, 2008, p. 108).
Os anos 90 foram marcados pelo fechamento de grandes redes de
varejo, como, por exemplo, as Casas Pernambucanas, a Sloper, a Sears, a
Casa José Silva, entre outras, em função do aumento geral da competitividade
no varejo. (FUKUSHIMA; MULLER, 2008). A partir daí, os empresários
começaram a perceber a necessidade da valorização do brand, ou seja, da
marca de um produto; o consumidor brasileiro passou, gradativamente, a ser
mais exigente; os shoppings centers apareceram com força no cenário e a
moda adquiriu um visual mais moderno e urbano.
Para Fukushima e Muller (2008), a moda brasileira, a partir dos anos
2000, desenvolveu uma dinâmica própria, misturando matérias-primas e
padrões de diversas coleções, conservando-se em linha com as tendências de
mercados mais experientes e, em algumas circunstâncias, adiantando-as.
Atualmente a moda brasileira vem desenvolvendo marcas e designers
reconhecidos por seu estilo próprio e sua individualidade, abrindo espaço para
incursões internacionais.
Quanto ao panorama geral, o varejo de moda no Brasil é pouco concentrado
(FUKUSHIMA; MULLER, 2008). Flávio Rocha, principal executivo do grupo
varejista Riachuelo/Guararapes e presidente do IDV, esclarece que as cinco
maiores empresas de vestuário (C&A, Pernambucanas, Riachuelo, Renner e
Marisa) detêm uma fatia de apenas 5% da receita total do setor.
No Brasil, além das grandes redes de lojas de departamentos, o setor de varejo
de vestuário é composto por pequenas empresas e varejistas locais. Embora
essas lojas possam carecer de escala, de uma rede ampla de fornecedores ou
de eficiência operacional, conseguem competir com as grandes lojas e garantir
a sua fatia de mercado. No entanto, “devido a sua falta de escala e fontes de
capital escassas, tais empresas varejistas estão geralmente mais expostas aos
reveses econômicos quando comparadas às grandes redes”. (MARISA, 2010).
De uma forma geral, as perspectivas para o varejo de moda no Brasil são muito
boas. De acordo com o Estadão (BRASIL..., 2009), um estudo da empresa de
consultoria internacional A.T. Kearney aponta o Brasil, pelo segundo ano
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consecutivo, como o mercado emergente mais atraente para varejistas de
vestuário, liderando o ranking, à frente da Romênia e da China.
O fato de, aproximadamente, 60% da população ter menos de 39 anos abre
possibilidades para o varejo de moda, pois, de acordo com a análise da
empresa Marisa (2010), os jovens são, geralmente, mais preocupados com a
moda, gastando um percentual expressivo de sua renda com roupas. “De
acordo com diversas pesquisas sobre o poder de consumo dos jovens, os
gastos com vestuário estão entre os três maiores gastos mensais em todas as
classes sociais analisadas dessa faixa da população”. (MARISA, 2010).
Setor do Vestuário no cenário brasileiro nem sempre são conhecidos
em toda sua extensão. São mais de 1milhão e trezentos mil trabalhadores
ocupados na produção anual de 6 bilhões de peças, trabalhadores que se
considerando os desdobramentos subsidiários na comercialização dos
produtos chegam a 4 milhões de pessoas, espalhadas pela rede de comércio e
varejo do Brasil .
Conforme justificativa deste trabalho, o setor de varejo de moda tem
sua cadeia de suprimentos como conjunto formado pelas empresas que
fabricam e distribuem bens e serviços aos consumidores. O tamanho e a
complexidade/ varejista varia de acordo com o nível de mercado e a construção
do produto. Conforme a fabricação de tecidos e a confecção de roupas se
transferiram dos países desenvolvidos do oeste para as nações em
desenvolvimento do leste , muitos lead-times(prazo de entregas) aumentaram.
Dependendo da construção envolvida no tipo de tecido e de roupa, um lead-
time de entrega pode ser de três semanas a seis meses.
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CAPÍTULO II
A Evolução do Processo de Compras
O papel de Compras modificou-se muito. Até a década de 70, as áreas de
compras estavam restritas a um papel operacional dentro das organizações. A
função básica de compras era: comprar materiais e serviços externos para
atender as necessidades dos usuários. Porém, com o passar do tempo e o
aumento do volume de transações, o departamento de compras limitou-se a
processar pedidos de compras. Grande número de fornecedores, alto número
de atividades que não agregavam valor e processos altamente padronizados
originaram um grande número de atividades burocráticas, que impediram a
existência de um pensamento estratégico sobre o negócio da empresa (Riggs
& Robbins, 2001).
A partir da década de 80, sob a influência da filosofia japonesa Just
in time, muitas empresas norte-americanas e brasileiras, começaram a adotar a
compra em pequenos lotes. A partir da década de 90, a globalização, a
reengenharia de atividades, o aumento da competição e a pressão para
redução de custos, fizeram com que a atenção das empresas fosse desviada
para a área de Compras. “A partir de agora, irá existir um grande benefício das
relações entre as empresas e seus fornecedores. Esta oportunidade será fonte
de vantagem competitiva e não pode mais ser negligenciada” (Drucker apud
Baily, 2000). Dentre os benefícios que contribuíram para o aumento da
importância da área de Compras a partir da década de 90, pode-se citar:
a) A reengenharia de processos - A reengenharia de processos fez com que as
abordagens interfuncionais superassem as antigas visões funcionais dentro da
organização. Esta abordagem fez com que a área de Compras tivesse foco no
processo interfuncional e não apenas na função isolada de compras (Baily et
al. (2000).
b) O fracasso das técnicas tradicionais de reduções de custos - As empresas
mediante a competição global buscaram meios de reduzir custos de mão de
obra, processos e materiais. A área de compras tentou reduzir custos através
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de árduas negociações com fornecedores e da adoção de práticas de
terceirização. O fracasso das práticas mais usadas de redução de custos
geraram a necessidade de obtenção de outras formas de extração de valor da
área de compras (Wright apud Moncza et al.,1998).
c) O fracasso das relações adversárias com fornecedores - O exemplo da
relação de colaboração com fornecedores das indústrias japonesas mostrou-se
mais adequado para o contexto atual, do que a tradicional abordagem de
adversários. As áreas de compras começaram a preocupar-se a entregar maior
valor para o cliente final (Laserte, 1998). Baily et al. (2000) acrescentam que o
grande avanço da tecnologia fez com que o conceito de compras fosse visto
como um processo contínuo que visava integrar os fornecedores aos
processos da organização. Deste modo, seria possível, adquirir vantagens
competitivas oriundas de reduções de custos, desenvolvimento tecnológico,
melhoria da qualidade e redução do tempo do ciclo de desenvolvimento dos
produtos. Laserte (1998) afirma que apesar da constatação da necessidade de
transformação, as mudanças ainda são lentas e o foco da área de compras
ainda reside em processos funcionais.
Conforme Baily (2000), a percepção de que a função compras não é
mais uma atividade rotineira de administração de “pedidos”, está mais
reconhecida. Neste novo cenário, a área de Compras passa a ter um papel pró-
ativo em contraste com o antigo papel reativo que desempenhava. Conforme
Riggs & Robbins (2001), “É preciso repensar o processo de compras,
substituindo o sistema moroso e antiquado por um processo gerencial simples
que crie valor em cada compra”.
De acordo com Brites (2006), em resultado de sua crescente
importância nas organizações, a função de Compras tem sido alvo de
constantes alterações nos últimos anos. O desenvolvimento de parcerias com
fornecedores e a sistematização dos processos de negociação apresentam
ótimas oportunidades de melhoria, bem como a execução dos processos
operacionais e a formação dos profissionais de compras. A importância da
função de Compras continuará a intensificar-se, verificando-se um maior foco
em atividades que promovam o aumento da eficiência operacional e a redução
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dos custos de compra, aumentando a contribuição para a criação de valor nas
organizações. É por esta razão que cada vez mais empresas promovem uma
maior colaboração, transparência e profissionalismo na relação com os clientes
internos, o desenvolvimento de relacionamentos ganha-ganha com
fornecedores, parcerias de longo-prazo e qualificação dos seus profissionais.
2.1. A Evolução de Compras na Cadeia do Vestuário
Para melhor entendimento do processo de compras no setor de
vestuário torna-se necessário observar as mudanças sociais e econômicas
onde um mercado orientado para o consumidor; requer mudanças na estrutura
de gerenciamento da indústria. O foco antes concentrado na eficiência de
produção, passou ao desenvolvimento de produtos e sourcing eficaz para
responder as rápidas mudanças nas necessidades do consumidor.
O diferencial competitivo esta na gestão empresarial, o markenting
tem de ser eficaz, com resposta rápida as necessidades dos clientes, os
estoques tem de ser mais reduzidos, o atendimento, diferenciado segundo os
canais de distribuição, os sistemas tem ser interligados com clientes e
fornecedores e a disputa entre grande e pequeno é substituída pela dicotomia
“mais veloz versus mais lento’’.
Durante décadas, o ciclo cresceu de duas coleções ao ano (verão e
inverno) para oito, especialmente nas empresas de moda mais prestigiadas. As
grandes companhias de moda no mundo planejam em torno de oito coleções
de moda ao ano: pré- outono, outono, festas, alto inverno, inverno, pré-
primavera, primavera, verão e alto verão. Obviamente, o período de venda para
cada uma delas é menor em relação a um numero maior de coleções no
mesmo período.
No Brasil, com o calendário diferente do hemisfério norte, o número
de coleções lançadas ao ano varia conforme o posicionamento da marca e sua
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distribuição. No atacado temos, sem dúvida, a maior frequência de
lançamentos chegando-se a edições semanais de novos modelos vendidos a
um grande numero de butiques e em pequenas quantidades.
Segundo Schimid (2004), nenhum varejo de moda pode ter sucesso
sem dar uma especial atenção á função de seleção de mercadorias,
suprimentos (Compras) e administração de estoques. Errar significa comprar
um estoque que não está perfeitamente alinhado ao perfil do consumidor. O
lojista, precisa atentar para os fatores de tamanho, cores, modelo, estampa,
preço, qualidade entre outros. Pois os consumidores estão atentos ás
tendências e por isso a montagem de mix de produtos deve ser atentamente
planejada. Caso haja erro na compra haverá imobilização de capital, atingindo
uma situação de insolvência caso não consiga liquidar seu estoque.A estrutura
atual das empresas do vestuário atende a exigência do que fazer, tornou-se
mais importante que quando fazer conforme mostra a figura :
Figura 2 - Estrutura organizacional na indústria de vestuário Fonte:Costa(2013, pag.65)
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Nas ultimas décadas, houve um franco desenvolvimento do que se
chama planejamento e gestão de categorias. Se por um lado se exige uma
grande dose de criatividade para se desenvolver o sortimento de uma marca,
com profissionais que exercitam seu perfil de designers e estilistas, por outro é
vital que se administre a área de produtos de forma sistemática, planejando as
três únicas variáveis que existem: vendas, estoques e margens, por categoria.
E, num segundo nível, as outras três variáveis do plano de sortimento,
variedade, profundidade, e preço médio de vendas.
O exercício de se reunir as três áreas envolvidas com o coração da
empresa varejista, produto ( design ou estilo, planejamento, e compras),
marketing e vendas, deveria ser, sempre, prioridade máxima da companhia.
São essas reuniões que definem o futuro no curto prazo da marca: se vai ter
um ótimo desempenho nas vendas, com que estoques e margens, e com que
crescimento.
Na análise das cadeias de vestuário verifica-se que um dos seus
principais fatores de contraste é o caminho escolhido, isto é, as opções
estratégicas efetuadas. A primeira questão que se coloca é: “O que é a
estratégia e para que ela serve?”. Para Hayes (2008), estratégia é uma palavra
de origem grega, que originalmente tinha uma aplicação estritamente militar.
No âmbito empresarial, as organizações têm como objetivo chegar a um
determinado destino. Para tal, há que definir um caminho que coloque em
prática o pensamento estratégico, permitindo alcançar os objetivos definidos.
Segundo Mintzberg (1987), a estratégia é necessária para reduzir a incerteza,
promover consistência, definir uma organização, ultrapassar a concorrência,
focar e envolver os indivíduos que colaboram na empresa e para definir uma
direção. A estratégia é a escolha do caminho para a criação de valor.
A representação de uma cadeia de suprimentos nesse modelo de negócios é
apresentada na Figura 3:
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Figura 3: Cadeia de Suprimentos
Fonte:Shaw (2014,pag.76)
A atividade de compras pode ser executada por profissionais de
diferentes áreas, porém estes devem ter conhecimento sobre o mercado de
moda, bom senso e jamais utilizar-se de benefícios adquiridos em razão de sua
função, isto pode prejudicar tanto a qualidade de seu trabalho bem como a
idoneidade nas negociações por parte da empresa (SILVA, 2014). Devido a
isso, a escolha correta do fornecedor pode beneficiar o fluxo de trabalho, assim
como permitir que o planejamento ocorra conforme previsto.
Como o atendimento das empresas depende de fornecedores
qualificados que cumpram suas necessidades, para a escolha desses é
necessário existir critérios de avaliação para compará-los e assim organizar um
perfil de todos. Faria e Vanalle (2006, p.3) identificam como critérios mais
utilizados “preço, qualidade, desempenho das entregas, flexibilidade, análise
financeira dos concorrentes, análise de critérios administrativos, análise de
competências essenciais, aspectos relativos a segurança e meio ambiente”. Na
visão dos autores, os critérios são variados e abrangentes.
Furtado (2005, p.49) afirma que “os principais critérios de seleção
de fornecedores, dentre tantos formalizados em publicações acadêmicas, são
qualidade, entrega, preço e serviço”. De acordo com o autor, os fornecedores,
podem ter pontos positivos e negativos a serem mensurados, por exemplo,
deter o melhor preço, porém a pior localização geográfica o que tornará os
custos de frete e a não entrega do item fora das expectativas previstas.
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Para a escolha do fornecedor deve-se levar em consideração que os
materiais estejam sendo ofertados a preço justo e que o mesmo cumprirá o
prazo de entrega com as quantidades corretas e boa qualidade (ARAÚJO,
1996). O desempenho nas entregas do fornecedor é averiguado pelo prazo
consumido por ele para finalizar a produção de uma encomenda e a
capacidade do mesmo em cumprir a entrega conforme contratado (FARIA e
VANALLE, 2006).
A empresa voltada para a confecção de peças do vestuário
apresenta constante mudança nos itens, a cada coleção são lançados novos
tecidos, estampas e aviamentos visando à inovação do produto e conquista de
mercado, o fornecedor de insumos escolhido deve ter flexibilidade e estar
preparado para a mudança de demanda do parceiro (TREPTOW, 2005). Em
suma, construir um bom relacionamento entre a empresa fornecedora e
compradora demanda tempo de manutenção, cuidado ao selecioná-los e
continuidade na parceria, pois durante esse tempo de contato ambas precisam
cumprir os deveres assumidos nas negociações comerciais da melhor maneira
possível.
A compra de moda; por ser um produto de consumidor mais
complexo, demanda da imprevisível, sendo as modas, tendências de rápida
mudança e frequência, tornando muitas vezes o excesso de estoque não
vendável, reduzindo a lucratividade geral. Desta mesma forma a sazonalidade
de tecidos, com clima, causam demanda rápida de produtos, tornando o nível
certo de oferta uma questão delicada. Por sua vez a complexidade do produto
com tipos diferentes de roupas para homens, mulheres, crianças; roupas
formais, esportivas e outros, requer maior observação e cuidado do
profissional.
Não sendo diferente de outros mercados, a moda observa a
equação de valor-qualidade – preço; os consumidores esperam realizar uma
boa compra. Muitos fatores levam o consumidor de moda a realização de uma
compra como na figura 4:
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Figura 4 :Enfoque de consumo
Fonte:Shaw (2014 ,pag.27)
REALIZAÇÃ
AUTOESTIMA
SOCIAL
SEGURANÇA
NECESSIDADE
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CAPÍTULO III
Tecnologias que Auxiliam no processo de Compras
No cenário empresarial, marcado por intensa competitividade, a
minimização de custos e a maior integração entre as empresas, devem ser
perseguidas e alcançadas, principalmente dentro do setor compras de uma
empresa. Setor esse que deixa cada vez mais para trás a visão geradora de
custos e não de lucros. Dentro desse setor, a busca pelo melhor produto pelo
menor custo é incansável, porém têm se buscado formas de negociação
automatizadas que proporcionem a empresa menor custo e maior agilidade no
processo produtivo.
3.1 EDI
Empresas fornecedoras vem se adequando a essa automatização,
utilizando tecnologias cada vez mais sofisticadas e atuais como o EDI
(Intercâmbio Eletrônico de Dados) e a Internet. O EDI, uma das formas de
compras que mais crescem atualmente, tem permitido a modificação na forma
de organização das empresas, obtendo melhorias na produtividade e na
eficiência dos agentes empresariais. A internet destaca-se pelo comércio entre
empresas (business to business) que permite a criação de um ambiente de
relacionamento e troca de informação entre parceiros de negócios, permite a
integração de empresas. Oferecendo as empresas grandes vantagens pelo seu
uso.
Essas novas tecnologias causam redução nos custos do pedido,
rapidez nas informações, fortalece o conceito de parceiro e reduz a burocracia
desse processo de compras.
Ressaltando a importância dessa automatização dentro da empresa, não
deixando de respeitar os objetivos básicos desse setor e sim os aperfeiçoando,
tornando-o cada vez mais eficiente e estreito nos relacionamentos empresa-
fornecedor.
26
Segundo Dias (1993) até alguns anos atrás, o controle dos
suprimentos era quase sempre atribuição secundária do gerente industrial ou
de níveis hierárquicos inferiores e foi somente quando algumas empresas
começaram a parar por falta de estoque de determinados produtos básicos que
se reconheceu a importância de planejar e controlar o fluxo de materiais.
Essa função, segundo Martins (2006), deixa cada vez mais para trás
a visão preconceituosa de que era uma atividade burocrática e repetitiva, um
centro de despesas não um centro de lucro. Com a reestruturação pela qual
passaram as empresas nos últimos anos, evolução da tecnologia e novos
relacionamentos com os fornecedores, crescem cada vez mais a importância
das pessoas que trabalham nesta área, que tem por finalidade suprir as
necessidades de materiais ou serviços, planejá-las quantitativamente e
satisfazê-la no momento certo com as quantidades corretas, verificar se
recebeu efetivamente o que foi comprado e providenciar armazenamento.
Portanto, comprar bem, negociar corretamente é fundamental para custos
reduzidos do processo operacional e manter-se operante nos mercados.
De acordo com Dias (1993), a área de compras em empresas
tradicionais vem a cada ano sofrendo reformulações na sua estrutura. Em sua
sistemática são introduzidas alterações com várias características básicas para
poder comprar melhor e encorajar novos e eficientes fornecedores. De tempos
em tempos esse sistema vem sendo aperfeiçoado, acompanhando a evolução
e progresso do mundo dos negócios, mas os elementos básicos permanecem
os mesmos.
Entre esses elementos podemos destacar:
a) sistema de compra a três cotações: tem por finalidade partir de um número
mínimo de cotação para encorajar novos competidores. A pré-seleção dos
concorrentes qualificados evita o dispêndio de tempo com um grande
número de fornecedores, dos quais boa parte não teria condições para fazer
um bom negócio;
b) sistema de preço objetivo: o conhecimento prévio do preço justo,além de
ajudar nas decisões do comprador, proporciona uma verificação dupla no
sistema de cotação. E garante o comprador uma base para as
27
argumentações nas discussões de aumentos de preço e nas negociações
de distribuição da porcentagem;
c) duas ou mais aprovações: no mínimo duas pessoas estão envolvidas em
cada decisão da escolha do fornecedor. Isto estabelece uma defesa dos
interesses da empresa pela garantia de um melhor julgamento, sujeito a um
assessoramento ou supervisão.
Segundo Martins (2006), no sistema tradicional o que havia era uma
função de compras, isto é uma negociação baseada em preço, prazo e
qualidade. A burocracia resultante seguia um procedimento que data do início
do século, integrando apenas o uso mais recente de recursos da computação.
Os objetivos de compras devem estar alinhados aos objetivos estratégicos da
empresa como um todo, visando melhor atendimento ao cliente interno e
externo.
Essa preocupação tem tornado a função compras extremamente
dinâmica, utilizando-se de tecnologias cada vez mais sofisticadas e atuais
como o EDI (Intercâmbio eletrônico de dados) e a Internet.
Uma variedade de forças está mudando o modo como as empresas compram
seus insumos e serviços. O gestor de compras tem urgência em buscar
oportunidades e monitorar essas forças porque estão realmente reformulando o
modo como empresas compram produtos e serviços.
De acordo com Pozo (2007), atualmente, o setor de compras tem um
aliado de enorme importância para desenvolver os pedidos junto aos
fornecedores, o Intercâmbio eletrônico de dados (EDI).
Uma das formas de compras que mais cresce atualmente, segundo
Martins(2006), é o EDI. Por meio da utilização de um computador acoplado a
um modem e a uma linha telefônica e com um Software especifico para a
comunicação e tradução dos documentos eletrônicos, o computador do cliente
é ligado diretamente ao computador do fornecedor. As ordens ou pedidos de
compra, como também outros documentos padronizados, são enviados sem
utilização de papel. No entanto, cabe destacar que o EDI ocorre apenas
quando há a troca de informações relativas a um documento comercial, em
formato previamente especificado, entre computadores de dois ou mais
parceiros. Destaca-se também que essa tecnologia necessita de um formato
28
genérico a ser adotado pelas empresas e seus parceiros de negócios;
tecnicamente, o EDI envolve padrões tais como o ASC X12 e o EDIFACT.
O EDI tem permitido a modificação na forma de organização das
empresas com respeito aos diferentes processos produtivos, obtendo
melhorias na produtividade e na eficiência dos agentes empresariais, podendo
também diminuir os custos de produção de uma simples operação, por
coordenar atividades de produção entre empresas distintas. Esta forma de
comunicação, oferece algumas vantagens, cujos impactos costumam ser
maiores do ponto de vista estratégicos em detrimento do operacional.
Essa tecnologia melhora a eficiência operacional da organização, em razão de
possibilitar uma rápida transferência de dados entre empresas e provocar a
diminuição dos custos relacionados com papéis, mão-de-obra e outros custos
operacionais. Além disso confere vantagens estratégicas, como destacou
Pozo(2007):
a) redução nos custos do pedido;
b) rapidez nas informações;
c) segurança e precisão no fluxo de informação;
d) facilidade de ter os pedidos na empresa;
e) fortalece o conceito de parceiro.
Segundo Pozo (2007), este sistema permite que a relação existente entre
fornecedor e cliente seja de ganha-ganha, com uma parceria firmada a longo
prazo e permitindo que o processo de compra seja totalmente automatizado
com enorme redução de custos, maior eficiência, redução no erros e
desperdícios e melhor atendimento ao cliente. Muitas empresas fornecedoras
de produtos chegam a ponto de controlar os estoques do cliente, e fazem a
reposição do produto automaticamente, conforme acordos estabelecidos
previamente. O êxito na utilização do EDI está associado à consistência da sua
aplicação com as estratégicas tecnológicas e de negócios da empresa. Para
tanto, torna-se necessário que seus usuários passam a aceitá-lo e
comprometam-se com os resultados a serem atingidos, buscando, além do
domínio de sua aplicação, um claro entendimento dos seus objetivos.
Dentre as contribuições que tiveram impactos medianos, destacam-
se o aumento da confiabilidade no sistema de entrega de produtos, a redução
29
do prazo de entrega do produto/serviço ao cliente e a privacidade no uso da
informação. A transferência eletrônica de dados (EDI), tem crescido a um ritmo
alucinante, no mundo inteiro. O número de utilizadores, aumenta
exponencialmente de ano para ano e cada vez mais as empresas investem
neste tipo de tecnologia.
3.2 Internet
De acordo com Martins (2006), torna-se cada vez mais difundido
entre nós a utilização da internet como veículo de transação comercial. Basta
estar ligado a um provedor e tem-se todo www (World Wide Web) ao nosso
alcance, vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. A internet possui
um papel significativo em muitas cadeias de suprimento e atualmente as
empresas estão adotando esse veículo para conduzirem uma ampla gama de
transações de cadeia de suprimentos, que segundo Chopra e Meindl
(2006). Como veículo de comércio ganha cada dia mais adeptos, pois
apresenta uma série de vantagens em relação ao EDI, segundo Martins (2006):
a) investimento inicial em tecnologia é bem mais baixo;
b) atinge praticamente a todos na cadeia de suprimentos;
c) pode operar praticamente em tempo real;
d) maior flexibilidade nos tipos de transações.
Esse comércio praticado por fornecedores e clientes empresariais, ou seja
empresa para empresa é conhecido como business to business (B2B), seu
conceito pode ser definido como a substituição dos processos físicos que
envolvem as transações comerciais por processo eletrônicos. A partir daí,
surge portais que são plataformas tecnológicas com base na internet onde
compradores e fornecedores se encontram e transacionam em tempo real.
Essas plataformas são compostas por um mercado horizontal (onde são
transacionados produtos e serviços não relacionados diretamente com a
atividade operacional da empresa) e por um mercado vertical (específicos para
um determinado setor de atividade) que se cruzam entre si, ou seja as
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empresas podem pertencer simultaneamente a um mercado vertical e ao
mercado horizontal.
O B2B permite a criação de um ambiente de relacionamento e troca
de informação entre os parceiros de negócios, permite a integração de
empresas em uma comunidade de negócios. As estratégias do B2B, para
atuação na Internet, podem envolver home pages isoladas, shoppings virtuais,
voltados apenas para cliente empresariais, e portais próprios ou
independentes. Quanto aos portais próprios, a estratégia de algumas empresas
envolve, inclusive, a criação de diferentes portais. Um deles pode estar voltado
para um grupo de grandes fornecedores selecionados; outros para
fornecedores comuns, onde as compras podem ser feitas eletronicamente, e
ainda portais exclusivos para os clientes, acessados por senhas, onde é
possível acompanhar as requisições efetuadas, desde a produção até o
embarque. Os portais independentes são as empresas intermediárias. Existem
horizontais, que agregam várias indústrias, e são, geralmente empresas com
sistemas de gestão de transações via internet. Os intermediários verticais, por
sua vez, são focados em uma indústria especifica. O papel dos intermediários
tende a ser ampliado, no sentido de agregar serviços, como os portais voltados
para o B2B, que oferecem diversas soluções para as empresas, inclusive,
relativas à logística, um outro serviço agregado se refere à garantia da
segurança das transações, por meio de monitoramento e cuidadosa seleção
dos participantes. Os portais podem ser, inclusive, desenvolvidos em diversos
idiomas, para facilitar o acesso de empresas de outros países.
Segundo Luiz Carlos Gimenez (2000), as principais vantagens do uso do B2B
pelas empresas principalmente pelo setor compras são:
a) ampliação dos canais de vendas;
b) aumento da competitividade;
c) redução de custos em todos os processos realizados com auxilio da
Internet;
d) disponibilidade de operação 24horas;
e) rapidez na realização dos processos;
f) redução da incidência de erro nos processos;
g) agilização da integração com fornecedores;
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h) redução de circulação física de documentos; e
i) diminuição do ciclo de compras.
Quanto aos parceiros de negócios, a internet está trazendo, para as empresas
mudanças irreversíveis, afetando principalmente, as seguintes atividades;
afirma Luiz Carlos Gimenez (2000)
a) automação dos processos de relacionamento entre parceiros;
b) compra de matérias-primas, insumos, etc;
c) gerenciamento eletrônico de documentos;
d) gerenciamento de estoque de parceiro;
e) gerenciamento da armazenagem do parceiro;
f) oferecimento de pacotes integrados de serviços, como a agregação de
suporte financeiro, projeção de demanda;
g) acionamento dos sistemas de produção;
h) atendimento direto ao cliente; e
i) oferecimento de serviços de pós- venda.
A compra de suprimentos é uma das principais atividades afetadas
pelo B2B, a partir da automação da gestão da cadeia de suprimento e a
redução do ciclo operacional de compra e venda, com a troca rápida de
informações. Os novos processos já estão acarretando mudanças no
funcionamento dos departamentos de compras, e, acredita-se que em poucos
anos quase todas as compras de corporações estarão sendo feitas pela Web,
devendo-se ressaltar as compras diferenciadas, entre itens não específicos e
específicos. Quanto mais empresas aderirem a este sistema, maiores os seus
benefícios. Com esse sistema, há grande pressão sobre a cadeia de
suprimentos, criando-se oportunidades para redução significativa de custos, e
ampliando-se o leque de possíveis compradores e supridores. A tendência,
assim, é a diminuição da dependência em relação a determinados
fornecedores.
Conforme Luiz Carlos Gimenez (2000), de uma maneira geral, pode-
se falar que há uma redução de custos em todo o processo, incluindo a
burocracia, pois com o B2B, reduzem-se:
a) as visitas;
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b) as trocas de documentos; e
c) os intermediários.
A automatização do processo envolve as mais diversas fases, conforme:
a) processo de seleção;
b) processo de aprovação das compras;
c) negociação de preço e de prazo; e
d) preenchimento de pedidos.
Outras vantagens de compras, utilizando o B2B, referem-se à:
a) otimização do processo;
b) redução de estoques;
c) informações mais disponíveis;
d) o cliente pode acompanhar em que etapa da produção está seu pedido; e
e) a equipe de venda pode atuar como consultora dos clientes.
Com todas essas facilidades, criam-se incentivos para a especialização e a
desintegração vertical das empresas.
O comprador de moda por sua faz uso dessa tecnologia para superar
os obstáculos de comunicação e os longos lead-times em busca de uma
reposição mais rápida de uma compreensão do consumidor mais abrangente e
de uma facilidade em executar as tarefas associadas ao seu trabalho.
“A nova tecnologia de informação ...a internet e o e-maeil...praticamente eliminaram os custos das comunicações físicas.” Peter Drucker
Por meio do uso de vários protocolos de comunicação, que permitem a
comunicação de voz e funções multimídias, o comprador consegue
informações em tempo real para trabalhar as necessidades de sua função. Tais
como:
-Visualizar, fazer um pedido e se comunicar com fabricantes de uma maneira
bem mais eficiente.
-Pesquisar tendências por meio de sites das mídias sociais, das agencias de
previsão de tendência e /ou dos periódicos on-line.
-Obter as vendas de produtos em tempo real por meio de sistemas que
conectam os departamentos de compras ás lojas.
33
-Capturar informações sobre o consumidor a serem usadas em compras de
linha das futuras estações .
- Disponibilizar ás equipes das lojas informações importantes que podem
acusar um impacto, tanto negativo como positivo, nas vendas de um produto
específico.
Muitos aplicativos para smartphones apresentam a capacidade de ler , o que é
conhecido como código de resposta rápida, oi QR (do inglês , quick response).
O uso desse código possibilita o comprador trabalhar equipes de marketing na
promoção de produtos sazonais e um público. As equipes de compras podem
rastrear as vendas e fazer a reposição mais rápida, além de medir quais
produtos são mais lucrativos e quais tem venda mais lenta, ajudando também
a entender melhor a população demográfica de consumidores.
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CONCLUSÃO
Conclui-se que o papel da área de compras por meio da figura do
comprador engloba fatores como negociação, seleção de fornecedores,
conhecimento da cadeia produtiva e redução dos custos, tanto financeiros
quanto na manutenção enxuta dos estoques. Por fim, constatou-se que o setor
de compras é essencial para manter índices de insumos disponíveis para o
momento adequado da produção e contribui com a permanência do produto
final no mercado.
O estudo apresentado possibilitou a compreensão sobre o
desenvolvimento de um produto e como o processo de compras está inserido
neste contexto, percebe-se que para a entrada e permanência de um produto
do vestuário no mercado é fundamental que a empresa atenda a objetivos
metodológicos e que os setores afetos a cada etapa do processo produtivo
concretizem suas atividades com excelência.
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BIBLIOGRAFIA CHOPRA e MEINDL. Gerenciamento da cadeia de suprimentos. São Paulo:
EditoraPearson, 2006
DIAS. Administração de materiais. Uma abordagem logística. São Paulo: Atlas,
1993
MARTINS. Administração de materiais e recursos patrimoniais. São Paulo: Saraiva
2006
POZO. Administração de recursos materiais e patrimoniais.São Paulo: Atlas,2007
SHAW,David. A compra profissional de moda. 1ª ed. São Paulo, editora
Gustavo G. 2014
COSTA, Eduardo Ferreira. Comprador de Moda .2ª ed. -São Paulo, editora
Senac, 2013
Mitsutani,Claudio. Compras Estratégicas. 1ª ed. - São Paulo: Saraiva , 2014
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 01 AGRADECIMENTOS 02 DEDICATÓRIA 03 RESUMO 04 METODOLOGIA 05 SUMÁRIO 06 INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I A Importância da Gestão de Compras 09 1.1. AO Varejo de Moda 13 CAPÍTULO II A Evolução do Processo de Compras 17 2.1. Evolução de Compras na Cadeia do Vestuário 19 CAPÍTULO III Tecnologias que Auxiliam no Processo de Compras 25 3.1. EDI 25 3.2. Internet 29 CONCLUSÃO 34 BIBLIOGRAFIA 35 ÍNDICE 36 ÍNDICE DE FIGURAS 37