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Introdução à filosofia

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GUIA DE ESTUDOS DE FILOSOFIA

GUIA DE ESTUDOS DE FILOSOFIAProf.: Cludio Silva

Introduo

A origem da filosofiaPHILO = amizade

SOPHIA = sabedoria

... a sabedoria pertence aos deuses , mas os homens podem desej-la, tornando-se filsofos ( ( Pitgoras Sc V a.C. )

... O filsofo movido pelo desejo de observar, contemplar, julgar e avaliar pelo desejo de saber

A filosofia gregabusca de um conhecimento racional, lgico e sistemtico da realidade natural e humana;

busca da origem e causas do mundo e suas transformaes;

busca da origem e causas das aes humanas;

busca da origem do prprio pensamento

Mito e FilosofiaO que um Mito?Narrativa sobre a origem de alguma coisaOrigem da palavra MITO:do grego MYTHOS =mytheyo(narrar) +mytheo(designar)

VERDADE= - poeta - enviado dos deuses- revelao divina

Como o mito narra a origem do mundo e de tudo o que nele existe?1) decorrncia de relaes sexuais entre foras divinas pessoais2) Por rivalidade ou uma aliana entre os deuses que faz surgir alguma coisa no mundo3) Por recompensas ou castigos que os deuses do a quem os desobedece ou aquem os obedece.

GENEALOGIAS:Cosmogonias:Gonia(nascimento)+Cosmos(mundo organizado)eteogonias:Gonia+Theos(seres divinos)

A FILOSOFIA, percebendo as contradies e limitaes dos mitos, foi reformulando e racionalizando as narrativasmticas, transformando-as numa outra coisa, numa explicao nova e diferente. (M. Chau)

DIFERENAS ENTRE FILOSOFIA E MITO1) MITO:- fixa a narrativa no passadoFILOSOFIA: se preocupa em explicar como e porque,no passado, no presente e no futuro2) MITO:- narra a origem atravs de genealogiase rivalidades ou alianas entre foras divinas sobrenaturais e personalizadas (Urano, Ponto e Gaia);

FILOSOFIA:- explica a produo natural das coisas por elementos e causas naturaise impessoais ( cu, mar e terra).

3) MITO: - no se importa com contradies, com o fabulosoe o incompreensvel- autoridade: confiana religiosa no narradorFILOSOFIA: - no admite contradies, fabulao e coisas incompreensveis;- exige explicao coerente, lgicae racional;autoridade: vem da razo, que a

mesma em todos os seres humanos, e no da pessoa do filsofo

O MITO HOJEAs manifestaes mticas hoje so formas de encarnaes dos desejos inconscientes humanos

So criados mitos pararesponder a esses desejos, os quais a razo no pode preencher adequadamente.

Tambm, pode-se encontrar manifestaes que so herana do passado mtico da humanidade

Exemplos de manifestaes mticas:Aquelas que so inventadas pelos desejos inconscientesque existem em todos . Ex.: a vontade inconsciente de que o bem vena o mal.

Aquelas que so encarnaes do nosso desejo de segurana. Ex.: os heris nas histrias em quadrinhos so gerados pela nossa vontade de proteo ideal e imaginria.

Aquelas personagens que so encarnaes de tudo aquilo que gostaramos de ser. Os meios de comunicao mexem com esse imaginrio das pessoas, apresentando artistas e esportistas como sendo fortes, saudveis, com uma profisso de sucesso, ricos.

Aquelas que foram herdadas por ns pelos primitivos, como o caso dos rituais de passagem: festas de formatura, de ano novo, os bailes de 15 anos ( apresentam, em quase tudo, semelhanas com os rituais primitivos de passagem).

Sugesto de leitura:Convite filosofia- Marilena Chau - Unidade 1. A Filosofia pgs 19 a 56 - Ed. tica

1 Eixo Temtico: Problemas ticos e polticos na FilosofiaProblema poltico:Estado, sociedade e poder

Questes de referncia:A questo da democracia.

A questo da constituio da cidadania.

A questo do jusnaturalismo e contratualismo.

A questo do poder

Autores de referncia:Aristteles, Hobbes, Locke, Rousseau, Maquiavel e Habermas

PolticaO analfabeto polticoO pior a analfabeto o analfabetopoltico.Ele no ouve, no fala, no participa dos acontecimentos polticos.Ele no sabe que o custo de vida, o preo do feijo, do peixe, da farinha,do aluguel, do sapato e do remdio dependem das decises polticas.O analfabeto poltico to burro que se orgulha e estufa o peito, dizendo que odeia poltica.No sabe o imbecil que da sua ignorncia poltica nascem a prostituta, o menor abandonado, o assaltante e o pior de todos os bandidos, que o poltico vigarista, pilantra, corrupto. E lacaio dasempresas nacionais e multinacionais.Bertolt Brecht

1. Uma reflexo sobre poltica e democraciaPodemos falar de poltica como a arte de governar, de gerir os destinos da cidade; alis , etmologicamente poltica vem de polis (cidade).Apalavra democracia vem do grego demos (povo) ekratia,dekrtos( governo, poder, autoridade). Historicamente, consideramos os atenienses o primeiro povo a elaborar o ideal democrtico, dando ao cidado a capacidade de decidir os destinos da polis ( cidade - estado grega). Povo habituado ao discurso , encontra nagora(praa pblica) o espao social para o debate e o exerccio da persuaso. (*Vrios eram excludos do direito cidadania e poucos detinham efetivamente o poder.)Grifo nosso.O ideal democrtico reaparece na histria , com roupas diferentes, ora no liberalismo, ora exaltado na utopia rousseauniana, ora nos ideais socialistas e anarquistas.Nunca foi possvel evitar que , em nome da democracia, conceito abstrato, valores que na verdade pertenciam a uma classe apenas fossem considerados universais. A Revoluo Francesa se fez sob o lema Igualdade, Liberdade,Fraternidade, e sabemos que foi uma revoluo que visava interesses burgueses e no populares.No mundo contemporneo, tantoos EUA como a URSS se consideram governos democrticos.Se a poltica significa o que se refere ao poder, na democracia, onde o lugar do poder?

A personalizao do poderO que caracteriza os governos no democrticos que o poder investido numa pessoa que pretende exerc-lo durante toda a sua vida, como se dele fosse proprietrio. O fara do Egito, o csar romano, o rei cristo medieval, em virtude de privilgios , se apropriam do poder, identificando-o com o seu prprio corpo. a pessoa do prncipeque se torna o intermedirio entre os homens e Deus, ou o intrprete humano da suprema Razo.Identificado com determinada pessoa ou grupo, o poder personalizado um poder de fato, e no de direito, pois no legitimado pelo consentimento da maioria,mas depende do prestgio e da fora dos que o possuem. Trata-se de uma usurpao do poder , que perde o seu lugar pblico quando incorporado na figura do prncipe.Que tipo de unidade decorre desse poder? Como no se funda na expresso da maioria, eleprecisa estar sempre vigiando e controlando o surgimento de divergncias que podero abal-lo. Busca ento a uniformizao das crenas , das opinies, dos costumes, evitando o pensamento divergente e destruindo a oposio.Eis a o risco do totalitarismo,quando o poder incorporado ao partido nico, representado por um homem todo- poderoso. O filsofo poltico contemporneo Claude Lefort diz que o escritor sovitico dissidente Soljenitsin costumava se referir a Stlin como sendo o Egocrata ( que significa o poder personalizado; etimologicamente, poder do eu). O Egocrata o ser todo poderoso que faz apagar a distino entre a esfera do Estado e a da sociedade civil: o partido, onipresente, se incumbe de difundir a ideologia dominante por todos os setores de atividades ,a todos unificando, o que permite a reproduo das relaes sociais conforme o modelo geral.

A institucionalizao do poderA Idade Moderna promove uma profunda mudana na maneira de pensar medieval, que era predominantementereligiosa. Ocorre a secularizao da conscincia , ou seja, o abandono das explicaes religiosas, para se usar o recurso da razo. Essa transformao se verifica nas artes, nas cincias, na poltica. tese de que todo poder emana de Deus , se contrape aorigem social do pacto feito pelo consentimento dos homens. A legitimao do poder se encontra no prprio homem que o institui.Para ilustrar o carter divino do poder no pensamento medieval, veja-seJean Bodin( 1530 1596): jurista e filsofo francs, que defendeu , em sua obra A Repblica, o conceito do soberano perptuo e absoluto, cuja autoridade representava a vontade de Deus. Assim, todo aquele que no se submetesse autoridade do rei deveria ser consideradao um inimigo da ordem pblica e do progresso social. Segundo Bodin, o rei deveria possuir um poder supremo sobre oEstado, respeitando , apenas, o direito de propriedade dos sditos. ( COTRIM, 1987, p 134)Com a emergncia da burguesia no panorama poltico,d-se a criao do Estado como organismo distinto da sociedade civil. Em outras palavras, na Idade Mdia, o poder poltico pertencia ao senhor feudal, dono de terras, e era transmitido como herana juntamente com seus bens; com as revolues burguesas, essas duas esferas dissociam-se: o poder no herdado, mas conquistado pelo voto. Assim, separa-se o pblico do privado. O esprito da democracia est em descobrir o valor da coisa pblica, separada dos interesses particulares.Desse modo, ocorre a institucionalizao do poder, que no mais se identifica com aquele que o detm, pois este mero depositrio da soberania popular. O poder se torna um poder de direito, e sua legitimidade repousa, no no privilgio, no no uso da violncia, mas do mandato popular.O sdito, na verdade, torna-se cidado, j que participa da comunidade cvica. No havendo privilgios, todos so iguais e tm os mesmos direitos e deveres.Isto se torna possvel pela criao de instituies baseadas na pluralidade de opinies e na elaborao de leis para orientar a ao dos cidados, garantindo seu direitos e evitando o arbtrio. A institucionalizao implica a elaborao de uma Constituio , que a lei magna.Portanto, o poder torna-se legtimos porque emana do povo e se faz em conformidade com a lei.Retomando a pergunta Onde o lugar do poder na democracia? respondemos que o lugar do vazio, ou seja, o poder com o qual ningum pode se identificar e que ser exercido transitoriamente por quem for escolhido para tal.No entanto, como j dissemos, a democracia burguesa se mostrou deficiente no exerccio desse ideal, pois redundou em uma forma elitista, privilegiando os segmentos da sociedade que possuem propriedades e excluindo do acesso ao poder a grande maioriaCom a ajuda daideologia, as classes privilegiadas dissimulam a diviso e mostram a sociedade como una, harmnica e igualitria. Asseguram , assim, a tranqilidade e o progresso. Entretanto, a outra parte da sociedade se acha reduzida ao silncio e incapacidade de pensar a sua prpria condio.Como seria a verdadeira democracia?Segundo Marilena Chau, as trs caractersticas da democracia so as idias deconflito, abertura e rotatividade.O conflito:se a democracia supe o pensamento divergente, isto , osmltiplos discursos, ela tem de admitir um heterogeneidade essencial. Ento, o conflito inevitvel. A palavra conflito sempre teve sentido pejorativo, de algo que devesse ser evitado a qualquer custo. Ao contrrio, divergir inerente a uma sociedade pluralista. O que a sociedade democrtica deve fazer com o conflito trabalh-lo, de modo que, a partir da discusso, do confronto, os prprios homens encontrem a possibilidade de super-lo.

A abertura:significa que na democracia a informao circula livremente, e a cultura no privilgio de poucos.

A rotatividade:significa tornar o poder na democracia realmente o lugar vazio por excelncia , sem o privilgio de um grupo ou classe. permitir que todos os setores da sociedade possam ser legitimamenterepresentados.

A fragilidade da democraciaA construo da democracia uma tarefa difcil, devido incompletude essencial da democracia. No havendo modelos a seguir, a democracia se autoproduz no seu percurso, e a rdua tarefa em que todos se empenham est sujeita aos riscos dos enganos e dos desvios. Por isso, a democracia frgil e no h como evitar o que faz parte da sua prpria natureza.O principal risco a emergncia do totalitarismo, representado nos grupos que sucumbem seduo doabsoluto e desejam restabelecer a ordem e a hierarquia.A condio do fortalecimento da democracia encontra-se na politizao das pessoas, que devem deixar o hbito ( ou vcio? ) da cidadania passiva, do individualismo, para se tornarem maisparticipantes e conscientes da coisa pblica.

Questes para reflexo:Qual a mensagem do poema O analfabeto poltico?

Qual a etimologia das palavras poltica e democracia?

O que significa a personalizao do poder?

O que significa s separao entrea sociedade poltica e a sociedade civil?

Por que a burguesia no representa ainda o ideal democrtico?

Quais so as trs caractersticas da democracia?

Em que consiste a fragilidade da democracia e que significa cidadania passiva?

Sugesto de leitura ARANHA & MARTINS.Filosofando: introduo filosofia. So Paulo: Moderna,1986.(captulo 18 a 27 - pgs 206 a 299)

Democracia e cidadania

Se at hoje temos nos contentado com a democracia representativa, no h como deixar de sonhar com mecanismos tpicos da democracia direta que possibilitem a presena mais constante do povo nas decises de interesse coletivo.Na Constituio brasileira de 1988 foi introduzida a iniciativa popular de projetos de leis, atravs de manifestao do eleitorado, mediante porcentagem mnima estipulada conforme o caso. Essa forma de atuao ainda ser regulamentada e devem ser enfrentadas dificuldades as mais diversas parao exerccio efetivo.Mas alguns poderiam argumentar: para participar enquanto cidado pleno preciso que haja politizao, caso contrrio haver apatia ou manipulao. Da o desafio: quem educa o cidado?Cidadania se aprende no exerccio mesmo da cidadania. Embora a escola seja aliada importante, no nela fundamentalmente que se d a aprendizagem, pois h o risco da ideologia e do discurso vazio, quando o ensino no acompanhadode fato pela ampliao dos espaos de atuao poltica do cidado na sociedade.A participao popular se intensifica com as j referidas organizaes sadas da sociedade civil. Essas organizaes, ao colocarem seus representantes em confronto com o poder constitudo, tornam-se verdadeiras escolas de cidadania. O importante do processo que, ao lado dos outros poderes, como o poder oficial do municpio, do estado e federal, e o poder das elites econmicas, desenvolve-se o poder alternativo. Ou seja, o esforo coletivo na defesa de interesses comuns transforma a populao amorfa, inexpressiva e despolitizada em comunidade verdadeira.Na luta contra a tirania e o poder arbitrrio, nem as regras da moral, nem apenas as leis impediro o abuso do poder. Na verdade, como j dizia Montesquieu, s o poder controla o poder.Sugesto de leituraARANHA & MARTINS.Temas de Filosofia. So Paulo: Moderna,1992.(cap. 13 )

As teorias contratualistas

Nossculos XVII e XVIIIa principal preocupao da filosofia poltica o fundamento racional do poder soberano. Ou seja, o que se procura no resolver a questo da justia, nem justificar o poder pela interveno divina, mas colocar o problema da legitimidade do poder. por isso que filsofos to diferentes como Hobbes, Locke e Rousseau tm idntico propsito: investigar a origem doEstado. No propriamente a origem no tempo, mas o princpio,a razo de serdo Estado. Todos partem da hiptese do homem em estadode natureza, isto , antes de qualquer sociabilidade, e, portanto, dono exclusivo de si e dos seus poderes. Procuram ento compreender o que justifica abandonar o estado de natureza para constituir o Estado, mediante o contrato. Tambm discutem o tipo de soberania resultante do pacto feito entre os homens.Hobbes, advertindo que o homem natural vive em guerra com seus semelhantes, conclui que a nica maneira de garantir a paz consiste na delegao de um poder absoluto ao soberano.-ThomasHobbes( 1558-1679): filsofo ingls, escreveu o livro Leviat( o ttulo refere-se ao monstro bblico, citado no livro de J, que governava o caos primitivo), no qual compara o Estado a um monstro todo-poderoso, especialmente criado para acabar com a anarquia da sociedade primitiva. SegundoHobbes, nas sociedades primitivas o homem era o lobo do prprio homem, vivendo em constantes guerras e matanas, cada qual procurando garantir sua prpria sobrevivncia. S havia uma soluo para dar fim brutalidade: entregar o poder a um s homem, que seria o rei, para que ele governasse todos os demais, eliminando a desordem e dando segurana a todos . ( COTRIM, 1987, p. 134)Locke, como arauto do liberalismo, critica o absolutismo.John Locke( 1632 1704) : filsofo ingls, considerado por muitos como o Pai do Iluminismo. Sua principal obra oEnsaio sobre o entendimento humano,em que afirma que nossa mente uma tbula rasa, sem nenhuma idia. Tudo o que adquirimos devido e experincia. Para ele, nossas primeiras idias vm mente atravs dos sentidos. Depois, combinando e associando as primeiras idias simples, a mente forma idias cada vez mais complexas. Em resumo, todo o conhecimento humano chega nossa mente atravs dos sentidos e, depois, desenvolve-se pelo esforo da razo. Em termos polticos,Locke condenou o absolutismo monrquico, revelando sua grande preocupao em proteger a liberdade individual do cidado. ( COTRIM, 1987, p.140) Para ele, o consentimento dos homens ao aceitarem o poder do corpo poltico institudo no retira seu direito de insurreio , caso haja necessidade de limitar o poder do governante. Alm disso, o Parlamento se fortalece enquanto legtimo canal de representao da sociedade, e deve ter fora suficiente para controlar os excessos do Executivo.Rousseauvai mais longe ainda, atribuindo a soberania ao povo incorporado, isto ao povo enquanto corpo coletivo, capaz de decidir o que melhor para o todo social. Com isso desenvolve a concepo radical da democracia direta, em que o cidado ativo, participante, fazendo ele prprio as leis nas assemblias pblicas.Jean-Jacques Rousseau(1712-1778) nasceu em Genebra na Suca, transferindo-se para a Frana em 1742, onde escreveu suas grandes obras. Entre elas podemos destacar O contrato social, na qual exps a tese de que o soberano deveria conduzir o Estado segundo a vontade geral de seu povo, sempre tendo em vista o atendimento do bem comum. Somente esse Estado, de bases democrticas, teria condies de oferecer a todos os cidados um regime de igualdadejurdica. Em outra de suas importantes obras, o Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens,Rousseauglorificou os valores da vida natural e atacou a corrupo, a avareza e os vcios da sociedade civilizada. Fez inmeros elogios liberdade que desfrutava o selvagem, na pureza do seu estado natural, contrapondo-se falsidade e ao artificialismo do homem civilizado.Rousseau tornou-se clebre como defensor da pequena burguesia e inspirador dos ideais que estiveram presentes na Revoluo Francesa. ( COTRIM, 1987, p. 141). Rousseau, na verdade, antecipa algumas das crticas que no sculo seguinte os socialistas faro ao liberalismo. Denuncia a propriedade como uma das causas da origem da desigualdade e, ao desenvolver os conceitos de vontade geral e cidadania ativa, rejeita o elitismo da tradio burguesa do seu tempo.Apesar das diferenas , o que existe em comum nas teorias contratualistas a nfase no carter racional e laico ( no-religiosos) da origem do poder. o prprio homem que d o consentimento para a instaurao do poder, reafirmando assim o valor absoluto do indivduo e do cidado.

Alm disso,as teorias contratualistas se baseiam em uma concepo individualista da sociedade, o que tpico do pensamento liberal. A sociedade compreendida como a somatria dos indivduos, e o Estado tem por fim garantir que os interesses particulares possam coexistir em harmonia. Esta concepo ser criticada pelas teorias socialistas.Sugesto de leituraARANHA &MARTINS.Temas de Filosofia. So Paulo: Moderna,1992. ( cap. 14 )

ticaProblema tico: Liberdade, emancipao e dever.A questo da justia

A questo da liberdade e autonomia.

Autores de referncia: Plato, Aristteles, Rousseau, Kant,Spinoza e Habermas

tica

rea da Filosofia que estuda os valores morais. Reflete sobre o bem e o mal, o que certo ou errado, e procura responder , por exemplo, se os fins justificam os meios ou os meios justificam os fins.A partir deScrates( 469 399 a . C. ), a Filosofia, que antes estudava a natureza, passa a se ocupar de problemas relativos ao valor da vida, ou seja, das virtudes. O primeiro a organizar essas questes o filsofogrego Aristteles( 384 322 a . C.). Em sua obra , entre outros pontos, destacam-se os estudos da relao entre a tica individual e a social, e entre a vida terica e a prtica. Ele tambm classifica as virtudes. A justia , a amizade e os valores morais derivam dos costumes e servem para promover a ordempoltica. A sabedoria e a prudncia esto vinculadas inteligncia ou razo.NaIdade Mdia, predomina atica cristbaseada no amor ao prximo, que incorpora as noes gregas de que a felicidade um objetivo do homem e a prtica do bem constitui ummeio de atingi-la. Os filsofos cristos partem do pressuposto de que a natureza humana tem um destino predeterminado e de que Deus o princpio da felicidade e da virtude.Entre aidade Mdia e a modernidade, o italianoNicolau Maquiavel( 1469 1527) apresenta-se como o Colombo do novo mundo moral e provoca uma revoluo na tica. Nega as concepes grega e crist de virtude e busca seu modelo moral na virilidade dos antigos romanos. Para ele, a tica crist efeminada.Maquiavelinfluencia oinglsThomas Hobbes(1588 1679) e o holands Benedito Spinoza ( 1632 1677), pensadores modernos extremamente realistas no que se refere tica.Nossculos XVIII e XIX, o francs Jean Jacques Rousseau( 1712 1778) e os alemes Emmanuel Kant ( 1724 1804) eFriedrich Hegel(1770 1831) so os principais filsofos que discutem tica. SegundoRousseau, o homem bom por natureza e seu esprito pode sofrer um aprimoramento quase ilimitado. ParaKant,tica a obrigao de agir segundo regras universais com as quais todos concordam. O reconhecimento dos outros homens o principal motivador da conduta individual.Hegeltransforma a tica em uma Filosofia do Direito. Ele a divide em tica subjetiva ou pessoal, e tica objetiva, ou social. A primeira uma conscincia de devere a segunda formada pelos costumes, leis e normas de uma sociedade. O Estado, para Hegel , rene esses dois aspectos numa totalidade tica.NaFilosofia contempornea, os princpios do liberalismo influenciam o conceito de tica, que ganha traos de moral utilitria. Os indivduos devem buscar a felicidade e, para isso, fazer as melhores escolhas entre as alternativas existentes. Para o filsofo ingls Bertrand Russel ( 1872 1970) , a tica subjetiva. No contm afirmaes verdadeiras ou falsas. a expresso dos desejos de um grupo. Mas Russel diz que o homem deve reprimir certos desejos e reforar outros se pretende atingir a felicidade ou o equilbrio

A questo da justiaSe o direito constitui a ordem da comunidade, compete justia salvaguardar e restabelecer essa ordem, na medida em que as circunstncias existentes no formem uma ordenao verdadeira e acertada daquela, ou seja uma ordenao que garanta a realizao do bemcomum. Dentro de uma ordem existente, devem tomar-se em considerao, primeiramente , as normas que visam a comunidade ( o bem comum) ou leis, sobre as quais repousa a dita ordem: justia geraloulegal( inexatamente chamada tambmsocial). Relativamente aos membros da comunidade, tem de ser protegida a repartio de nus e obrigaes, bem como a de honras e vantagens, de acordo m com sua situao, aptides e capacidades:justia distributiva.Por sua vez, os membros da comunidade tm de defender reciprocamente o que de direito compete a cada um. Uma aplicao capital deste princpio consiste em proteger a equivalncia de prestao e contraprestao, por conseguinte, a proteo daigualdade de valor no trato econmico; da, a designao desta justia como justia geral, mencionada em primeiro lugar, inclumos as duas ltimas sob o rtulo de justias particulares.De fato, a ordem existente nunca inteiramente aquela que deveria ser; para ser pura e perfeita expresso do direito e, desse modo, ordem, no sentido prenhe da palavra, precisaria de ser continuamente retocada e adaptada s situaes reais que se vo modificando: normas, que um tempo foram a expresso de um pensamento jurdico, podem, variadas as circunstncias, deixar de Ter sentido, tornar-se nocivas comunidade e altamente ilegais. O beneficirio empenhar-se em mant-las como seu direito escrito; o prejudicado ser inclinado a quebrant-las, por meio da violncia, como injustas. comunidade s interessa um desenvolvimento orgnico: o esforo nesse sentido e a boa vontade para lev-lo a cabo constituem a justia em ordem ao bem comum (justia social),assim denominada, porque cria de novo, em cada momento, a verdadeira ordem da comunidade e protege de modo permanente o bem comum (Nell Breuning , in BRUGGER,Dicionrio de Filosofia,So Paulo: EPU, 1973)

LIBERDADEA democracia deve assegurar liberdade a seus cidados. Liberdade poltica, de organizao e de trabalho so aspectos freqentemente lembrados da vida democrtica.Platoadverte que o Estado (ele usa a palavracidade) democrtico, corre o risco de, embriagado pela nsia de liberdade, erigir governantes sempre mais frouxos,que no tenham coragem ou princpios para conter o relaxamento crescente. Afirma que na democracia o mesmo esprito anrquico penetra osdomiclios privados: "o pai se acostuma a igualar-se com os filhos e a tem-los, e os filhos a igualar-se com os pais e no lhes ter respeito nem temor algum... Jovens e velhos, todos se equiparam; os rapazes rivalizam com seus maiores em palavras e aes; e estes condescendem com eles, mostrando-se cheios de bom humor e jocosidade, para imit-los e no parecerem casmurros e autoritrios".Fala ainda da igualdade dos sexos, da confuso entre cidados e estrangeiros, e termina com uma frase antolgica: "ascadelas valem tanto quanto as suas donas, e os cavalos e os asnos andam s soltas, como importantes personagens, empurrando pelos caminhos a quem no lhes cede o passo; e por toda a parte se v a mesma pletora de liberdade".Embora Plato tenha escrito emsentido simblico, no se pode deixar de pensar nos inmeros institutos de beleza canina espalhados pelas cidades contemporneas, ao lado de milhes de pessoas que no tm o que comer. nas profundezas de cada corao e no recndito das conscincias quenasce a verdadeira restaurao da ordem poltica."Quando numa cidade so honrados a riqueza e os ricos, a virtude e os virtuosos tornam-se alvo de desdm".Considerando a cadeia inquebrantvel dos acontecimentos naturais, possvel dizer quea liberdade nada menos que uma iluso ( Immanuel Kant,Crtica da Razo Pura).Diz Aristtelesque livre aquele que tem em si mesmo o princpio para agir ou no agir, isto , aquele que causa interna de sua ao ouda deciso de agir ou no agir. A liberdade concebida como o poder pleno e incondicional da vontade para determinar a si mesma ou para ser autodeterminada . pensada, tambm como a ausncia de constrangimentos externos e internos, isto , como uma capacidade que no encontra obstculos para se realizar, nem forada por coisa alguma para agir. Trata-se da espontaneidade plena do agente, que d a si mesmo os motivos e os fins de sua ao, sem serconstrangido ou forado por nada e por ningum.Assim, na concepo aristotlica, a liberdade o princpio para escolher entre alternativas possveis, realizando-se como deciso e ato voluntrio. Contrariamente ao necessrio ou necessidade , sob a qual o agente sofre a ao de uma causa externa que o obriga a agir sempre de uma determinada maneira, no ato voluntrio livre o agente causa de si , isto , causa integral de sua ao. Sem dvida, poder-se-ia dizer que a vontade livre determinada pela razo ou pela inteligncia e, nesse caso, seria preciso admitir que no causa de si ou incondicionada, mas que causada pelo raciocnio ou pelo pensamento.

Sugesto de leituraFonte: Convite Filosofia, de Marilena Chau Ed. ticaUnidade 8 captulo 6 A Liberdade- pg. 357ss

Vivenciando a Liberdade

No mbito das experincias cotidianas, o conceito de liberdade tem sido entendido como:possibilidade de autodeterminao; possibilidade de escolha; ato voluntrio; espontaneidade; ausncia de interferncia; .... outrasDesde cedo, o homem se habitua a conceber todas as coisas sob a forma de oposio expressa no sim e no no: movimentos direita e esquerda; desejo e averso; afirmao e negao; semelhana e diferena. A noo de diversidade sob a forma de alternativa dos contrrios , o primeiro elemento constitutivo da idia de liberdade.Porque o ser humano capaz de raciocinar, compreender, julgar e discernir, o homem tambm capaz de perceber a diversidade , a pluralidade, a alternativa de contrrios e se posicionar fazendo escolhas e opes livres. Porque o ser humano no apenas faz o que quer, mas, acima de tudo, pode efetivar a realizao de metas e fins estabelecidos, caracteriza-se como um ser livre. Livre porque possui, em determinado grau e medida, possibilidades objetivasde concretizar escolhas motivadas.Porque o ser humano, como ser racional, tem poder de escolha, capacidade de autodeterminao ou autocausalidade, orienta e organiza suas aes de forma autnoma e independente: jamais realiza qualquer atividade sem prvio acordo interior, o que expressa sua independncia e sua condio de homem livre. Porque o ser humano pode agir independentemente de coaes exteriores, bem como de determinao interior, ele se caracteriza como um ser livre.Essas afirmaes conduzem a um tema correlato ao da liberdade: o livre-arbtrio.O homem tem capacidade de discernimento, o que lhe possibilita fazer escolhas voluntrias, autnomas e independentes de qualquerpresso interna ou externa.A noo de livre arbtrio foi objeto de debates calorosos durante parte da Idade Mdia e nos sculos XVI e XVII, especialmente ao suscitar a questo da declarada incompatibilidade entre a onipotncia divina e a liberdade humana

Liberdade e determinismoA liberdade tem tido muitos adversrios na histria, h um verdadeiro temor liberdade. H uma srie de conceitos que vm a ser a negao da liberdade; podemos cham-los, em conjunto, determinismo. Um dos pontos centrais do problema da liberdade humana consiste no esclarecimento da compatibilidade entre liberdade e determinismo.Entende-se por determinismo uma doutrina segundo a qual toda e qualquer ao resultado de uma causa ou grupo de causas, sendo por estas determinada e condicionada. Cr-se na universalidade do princpio causal e, conseqentemente, na determinao necessria das aes humanas pelos seus motivos.Inegavelmente, a existncia humana transcorre dentro de um contexto previamente determinado, tanto do ponto de vista dos condicionamentos naturais ( elementos do meio ambiente, como gua, terra, fauna, flora, etc.) como dos condicionamentos culturais ( instituies, cincias, tcnicas, etc.)O filsofo holands de origem judaica, Spinoza, afirma:Deve-se notar que, embora a alma humana seja determinada pelas coisas exteriores para afirmar ou negar , no determinada a ponto de ser constrangida por elas, mas permanece sempre livre, pois nenhuma coisa tem o poder de destruir a essncia dela. Portanto, aquilo que afirma e nega, afirma e nega livremente. [...] Se, depois disso, algum perguntar: por que a alma quer isto e no aquilo?, responderemos: porque a alma uma coisa pensante, isto uma coisa que por sua natureza tem o poder de querer e no querer, de afirmar e de negar, pois isto ser uma coisa pensante.Na verdade, no h contradio entre liberdade e determinismo, mas possvel o estabelecimento de uma relao de complementaridade entre ambos os conceitos.Liberdade , antes de tudo, autodeterminao. Liberdade s tem sentido positivo por seupoder de determinao. O homem princpio determinante, que recebe os influxos de determinaes externas e internas, mas capaz de lhes dar uma nova dimenso e um novo valor que decorre de sua ao pessoal. Ele assim causa original. Ele fonte de iniciativa. Ele determina pelo que aceita e pelo que impeO problema da liberdade humana no se reduz , portanto, apenas a uma possibilidade de escolha entre objetos ou objetivos que so apresentadosao homem numa dada situao. Ele pode reelaborar tais dados por uma projeo que vem de si mesmo, bem como se dimensiona por um processo de continuada criao. E nesse ponto que se decide a sua liberdade.O grande desafio para aqueles que desejam encarar de frente o problema da liberdade humana consiste em aprender a conviver com as coaes , as determinaes , as necessidades presentes a todo momento no decorrer da existncia concreta e super-las pela capacidade criadora e inteligente de orden-las e submet-las a uma direo determinada, privilgio exclusivo do ser humano como nico ser vivo racional.Sugesto de leitura:Fonte: Um outro olhar , de Sonia Maria Ribeiro de Souza-Editora FTD - Captulo 11 Liberdade- h limites para o ser humano?

Voc quer ser um (a) vencedor (a)?Ento , reflita,Voc j imaginou como a vida seria aborrecida se apenas a lgica prevalecesse? O filho do pobre seria sempre pobre, e o do rico, sempre rico . Mas no o que normalmente acontece. A delcia da vida seu mistrio, que apronta uma surpresa lgica todos os dias, que destri as previses dos analistas mais competentes, que faz com que aquele aluno desprezado pelos professores , se torne um Einstein.Lembre-se: o futuro resultado, o futuro a colheita do que voc plantou e est plantando. Sucesso no passado no garantia de vitrias no futuro. Ento, o que vai acontecer daqui a dez anos ser conseqncia de algo que voc est fazendo hoje.O futuro vai sendo construdo a cada deciso que voc toma na vida. Todos os dias estamos dizendo sim ou no s oportunidades da vida, s situaes que se apresentam. a qualidade do sim e do no que voc diz hoje que definir como ser sua vida amanh.Algumas pessoas esto sendo capazes de construir um amanh em que sucesso e felicidade estaro integrados como uma fora nica.Competncia, planejamento, determinao, esprito de equipe e amor so qualidades essenciais para seu uma pessoa de sucesso.Lute por seus sonhos , voc no estar sozinho..A nica forma de cada um dens realizar seus sonhos trabalhar para que eles se concretizem. enfrentando as dificuldades que voc fica forte. superando seus limites que voc cresce. resolvendo problemas que voc desenvolve a maturidade. desfiando os perigos que voc descobre a coragem. Arrisque e descobrir como as pessoas crescem quando exigem mais de si prprias.Ser responsvel pela prpria vida , principalmente, ser responsvel pelos resultados: parar de acusar os outros, de reclamar, de dar desculpas. admitir:Estou obtendo esses resultados porque os produzi. Esses resultados so compatveis com as minhas aes.Perceba isso e passe imediatamente a trabalhar para assumir a responsabilidade por voc prprio.Consegui esse resultado porque essa a minha capacidade e vou melhorar meus resultados medida que ampliar minha capacidade.Corte as desculpas. Quanto mais utilizamos desculpas para nossos fracassos, mais elas roubam a energia que temos para transformar nossa vida.Pare de acusar seus pais. Eles deram a voc o que acharam ser o melhor. Voc cresceu: d agora a voc o que acha que precisa.Lembre-se: voc est colhendo os resultados que plantou. No anda dando certo? Pois mude!V atrs do resultado que voc quer. Ver que delcia viver das prprias vitrias.Todo sonho tem um preo. E um dos segredos do sucesso estar disposto a pagar esse preo. Pague vista.Voc ficar mais tranqilo para realiza-lo. preciso acabar com a fantasia de que as vitrias caem do cu!

Ao sucesso,Prof. Cludio Silva

(texto adaptado fonte: SHINYASHIKI, Roberto.Os donos do futuro. Ed. Infinito: SoPaulo, 2000)