folha humanitária - julho 2011

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Sem floresta e sem comida D Desde que a proposta de um Novo Código Flo- restal entrou na pauta do Congresso Nacional, o tema vem despertando polêmicas: de um lado os setores ligados à produ- ção agrícola e de outro os defensores das questões ambientais. Mas afinal, aumentar a produção de alimentos pode mesmo ameaçar as florestas tropicais? Além de alimentos, ainda são consideradas ameaças: a produção de biocombus- tíveis, plantio de árvores destinadas à fabricação de madeira e pasto para gado. Mas esta discussão no Brasil parece se limi- tar apenas no aspecto político, enquanto que o aspecto técnico fica em segundo plano. Segundo o engenheiro ambiental Luis Eduardo Nunes, a produção de alimentos não deveria comprome- ter a preservação das florestas, mas no Brasil, tal fato se mostra inevi- tável devido à carência de fiscalização e cultura de impunidade dos pro- dutores rurais. Em sua opinião, é mesmo neces- sária uma reformulação do Código Florestal, pois é uma lei defasada, que já vem sendo alterada ao longo de sua existência, através de medidas pro- visórias e leis comple- mentares. “Porém para alterá-la, demanda-se bastante estudo e discus- sões detalhadas sobre o assunto, o que não tem sido feito, devido às pres- sões políticas”, ressalta Eduardo. “O projeto de lei, em minha opinião, é um retrocesso da legis- lação ambiental no país e caso aprovado pela presidenta, poderá afetar o combate ao desma- tamento, processo que até então vinha sendo feito de forma efetiva em nosso país.” disparou Eduardo. Para Rita Souza, representante da ONG SOS Mata Atlântica, no Brasil estão transforman- do as florestas em carne bovina para exportação. E dispara “as propostas O desmatamento e as queimadas comprometem a fertilidade do solo e, consequentemente, a produção agrícola do novo código bene- ficiam apenas os par- lamentares mais ricos Leia nesta edição: Pág. 3 - História de Henry Dunant (3ª parte) - Atenção! Novos cursos Pág. 4 - Entrevista com Rosa Maria, presidente da OAB-VR Pág. 5 - Artigos • Um “BRICS” ao novo cenário econômico mundial • O fim do Império? Pág. 9 - Um brinde à amizade Pág. 11 - Notícias do CICV Foto: divulgação/www.achetudoeregiao.com.br que estão em Brasília e os seus financiadores. Planta-se soja para o gado comer e depois exporta-se a carne”, afir- mou Rita. O engenheiro ambiental Eduardo ainda ressalta que a falta de vegetação nativa dimi- nui substancialmente a produção de água, o que em segundo momento pode tornar as produções agrícolas onerosas e em alguns casos inviáveis. Segundo Rita, “as flo- restas da Ásia-Pacífico são as que se encontram em maior risco, sendo que cinco estão entre as 10 florestas mais ameaçadas do planeta, e a Mata Atlân- tica é a quinta desta lista”. Leia mais na página 9 Distribuição dirigida: Volta Redonda, Resende, Piraí, Pinheiral e Mendes - Julho 2011 - Ano I - Nº 03 Informativo da Cruz Vermelha Brasileira de Volta Redonda-RJ

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Impresso da Cruz Vermelha de Volta Redonda - RJ

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Sem floresta e sem comida

DDesde que a proposta

de um Novo Código Flo-restal entrou na pauta do Congresso Nacional, o tema vem despertando polêmicas: de um lado os setores ligados à produ-ção agrícola e de outro os defensores das questões ambientais.

Mas afinal, aumentar a produção de alimentos pode mesmo ameaçar as florestas tropicais? Além de alimentos, ainda são consideradas ameaças: a produção de biocombus-tíveis, plantio de árvores destinadas à fabricação de madeira e pasto para gado.

Mas esta discussão no Brasil parece se limi-tar apenas no aspecto político, enquanto que o aspecto técnico fica em segundo plano. Segundo o engenheiro ambiental Luis Eduardo Nunes, a produção de alimentos não deveria comprome-ter a preservação das florestas, mas no Brasil, tal fato se mostra inevi-tável devido à carência de fiscalização e cultura de impunidade dos pro-dutores rurais. Em sua

opinião, é mesmo neces-sária uma reformulação do Código Florestal, pois é uma lei defasada, que já vem sendo alterada ao longo de sua existência, através de medidas pro-visórias e leis comple-mentares. “Porém para alterá-la, demanda-se bastante estudo e discus-sões detalhadas sobre o assunto, o que não tem sido feito, devido às pres-sões políticas”, ressalta Eduardo. “O projeto de lei, em minha opinião, é

um retrocesso da legis-lação ambiental no país e caso aprovado pela presidenta, poderá afetar o combate ao desma-tamento, processo que até então vinha sendo feito de forma efetiva em nosso país.” disparou Eduardo.

Para Rita Souza, representante da ONG SOS Mata Atlântica, no Brasil estão transforman-do as florestas em carne bovina para exportação. E dispara “as propostas

O desmatamento e as queimadas comprometem a fertilidade do solo e, consequentemente, a produção agrícola

do novo código bene-ficiam apenas os par-lamentares mais ricos

Leia nesta edição:

Pág. 3 - História de Henry Dunant (3ª parte) - Atenção! Novos cursosPág. 4 - Entrevista com Rosa Maria, presidente da OAB-VRPág. 5 - Artigos • Um “BRICS” ao novo cenário econômico mundial • O fim do Império?Pág. 9 - Um brinde à amizadePág. 11 - Notícias do CICV

Foto: divulgação/www.achetudoeregiao.com.br

que estão em Brasília e os seus financiadores. Planta-se soja para o gado comer e depois exporta-se a carne”, afir-mou Rita. O engenheiro ambiental Eduardo ainda ressalta que a falta de vegetação nativa dimi-nui substancialmente a produção de água, o que em segundo momento pode tornar as produções agrícolas onerosas e em alguns casos inviáveis.

Segundo Rita, “as flo-restas da Ásia-Pacífico são as que se encontram em maior risco, sendo que cinco estão entre as 10 florestas mais ameaçadas do planeta, e a Mata Atlân-tica é a quinta desta lista”.

Leia mais na página 9

Distribuição dirigida: Volta Redonda, Resende, Piraí, Pinheiral e Mendes - Julho 2011 - Ano I - Nº 03Informativo da Cruz Vermelha Brasileira de Volta Redonda-RJ

2 - www.cruzvermelhavr.org.br | [email protected] JULHO 2011

Agradecemos a to-dos que colaboraram com a Campanha do Agasalho promovida pelo Botequim Colarinho Branco, realizada no dia 2 de julho, arrecadan-do 218 AGASALHOS e COBERTORES. O objetivo do evento foi aquecer o inverno das famílias em estado de vulnerabilidade social.

Em nome da Cruz Ver-melha e principalmente das famílias que serão beneficiadas

Leonardo (centro), proprietário do Colarinho Branco, fazendo a entrega dos donativos

Palavrado Presidente

Chope Social

Atendimento Psicossocial para crianças e

adultos nas seguintes especialidades:

Cruz Vermelha de Volta Redonda - 28 anos

Este mês é especial para nós da Cruz Vermelha de Volta Redon-da. Estamos completando no dia 13 de julho 28 anos de serviços presta-dos à comunidade. Ao longo destes anos, nossa instituição tornou-se uma referência de trabalho huma-nitário, conquistando credibilidade e respeito. Crescemos fisicamente, ampliando nossa sede, com o objetivo de atender a demanda de atividades, projetos e campanhas, que também foram crescendo na medida em que a população foi reconhecendo o potencial e a seriedade da instituição.

Hoje temos dois programas: um de empréstimo de aparelhos

Presidente: Luís Henrique Veloso Malta Vice-Presidente: Angela Maria Moura Brasil Tolomelli Diretor Tesoureiro: Paulo Pereira TiburcioDiretor Tesoureiro Adjunto: Francisco Severino

EXPEDIENTE

Luís Henrique Veloso MaltaPresidente da Cruz Vermelha

de Volta Redonda

Psicologia, Fonoaudiologia,Fisioterapia, Psicopedagogia,

Parapsicologia.Informações: (24) 3076-2500

ramal: 218,Setor de Assistência Social.

Atenção! Colabore com a

Campanha do Agasalho Doe cobertores,

agasalhos e roupasde cama.

Contato para sugestão de matérias:Jornalista Responsável: Carla Beatriz de Souza Tiburcio MTB/DRT 17923/88 Assessoria de Comunicação SocialTel: 3076-2500 – ramal: 206 - E-mail: [email protected].: Rua 40, nº 13 - Vila Santa Cecília - Volta Redonda - RJ

Agência Por Aqui - [email protected] Geral: Diego Campos RaffideDiretor de Arte: Eduardo AvilaWeb Developer: Marcus Jordan

Anuncie no jornal Folha Humanitá[email protected]ão: Gráfica Diário do Vale Tiragem: 4 mil exemplaresColaboradores: Flávio Tolomelli | Diego Batista | Danilo Spinola Caruso | Thiago Blanc

com os donativos, agradece-mos a Leonardo Coutinho, pela iniciativa criativa de oferecer um chope a cada agasalho doado.

ortopédicos e outro de atendimento psicossocial, voltados para a po-pulação vulnerável, atendida pelo nosso Setor de Assistência Social. Desenvolvemos várias campa-nhas durante o ano que já fazem parte do calendário de atividades. Ampliamos o Setor de Ensino e o Setor de Voluntariado. Em breve vamos melhorar nossa infraestru-tura para acomodar os donativos que recebemos da população, que prontamente colabora em épocas de desastres.

São quase três décadas adequando-se à realidade e ao contexto social. E assim esperamos continuar.

Colabore com a campanha do agasalho. Um abraço a todos.

Foto: Fabíola Gomes

- 3www.cruzvermelhavr.org.br | [email protected] 2011

Atenção! Novos Cursos

Os últimosanos de Dunant

HiStória De uma iDeia

Adedicação ao tra-balho humanitário fez Dunant des-cuidar-se de seus

negócios. Abriu falência e perdeu a sua respeitável posição de cidadão de Ge-nebra. Caído em desgraça na sua cidade natal, exilou--se em Paris, onde, conser-vando a fé nos seus ideais, lutou com todas as suas forças por causas nobres, muitas das quais vingarão anos após a sua morte.

Esquecido, pobre e en-fermo foi internado num hos-pital em Heiden, Suiça, onde permaneceu nos restantes dezoito anos de sua vida. A sua solidão só foi quebra-da, em 1895, com a visita

ocasional de um jornalista chamado Baumberger, que, emocionado com a sua his-tória, publicou um artigo que alterou a atitude do mundo para com Dunant e lhe deu um novo alento, ajudando-o a esquecer a humilhação que sofrera.

Em 1901, Dunant foi agraciado com o primeiro Prêmio Nobel da Paz em re-conhecendo pelo seu valor. Morreu no dia 30 de outubro de 1910, com oitenta e dois anos de idade, e o prêmio que recebera ainda esta-va intacto e destinado, por testamento, ao pagamento de suas dívidas e a obras filantrópicas.

Atualmente a Cruz Ver-

melha é a maior instituição de ajuda humanitária do mundo, estando em mais de 190 países, sendo o símbolo mais reconhecido entre os povos.

Nosso trabalho não se baseia só em calamidades, temos um grande leque de atuação no que se diz respeito à prevenção de doenças e de desastres, isso faz com que as ideias e os princípios de Dunant estejam mais vivos do que nunca. Milhões de volun-tários trabalham incansa-velmente para diminuir o sofrimento humano aonde quer que ele se verifique. “Tutti Fratelli (Somos todos irmãos)”, dizia Dunant.

Diego BatistaResponsável pelo Setor de

Voluntariado da Filial de Volta [email protected]

Foto: Divulgação

3ª Parte

Cruz Vermelha de Volta Redonda 28 anos!EStão InCluíDoS noS VAloRES: InSCRIção, APoStIlA E CERtIFICADo AoS APRoVADoS.

Curso de PrimeirosSocorrosCarga horária: 40 horasHorário: sábado de 8h30 às 17hInvestimento: R$80,00+ 1Kg de alimento

Cuidador de IdososCarga horária: 60 horasHorário: sábado de 9h às 16hInvestimento: R$120,00+ 1Kg de alimento

Resgate Carga horária: 60 horasHorário: sábado de 8h30 às 17hInvestimento: R$130,00+ 1Kg de alimentoPré-requisito: ter o certificadodo curso de primeiros socorros.

Aplicação de InjetáveisCarga horária: 12 horasHorário: sábado de 8h30 às 17h domingo: de 8h às 12h

Investimento: R$100,00+ 1Kg de alimento Público alvo: profissionais daárea de saúde.

técnicas de CurativosCarga horária: 16 horasHorário: sábado de 9h às 17hInvestimento: R$70,00+ 1Kg de alimento

Berçarista/Babá/Baby Sister Curso básico de cuidado e assis-tência ao bebê e à criança de zero a 6 anos. Carga horária: 32 horas (cinco sábados com aulas teóricas e práticas). Horário: 12h às 17hInvestimento: R$200,00 + 1Kg de alimento - Pré-requisitos: maior de 18 anos, Ensino Médio completo.Para inscrição: Cópias do RG, CPF e do certificado de conclusãodo Ensino Médio.

4 - www.cruzvermelhavr.org.br | [email protected] JULHO 2011

“a OaB traz para si o problema, mostra para o cidadão que a justiça existe”

Ro s a M a r i a d e Souza Fonseca é presidente da 5ª Subseção da

Ordem dos Advogados do Brasil de Volta Redonda e nesta entrevista mostra a importância do papel da instituição na defesa do cidadão e da justiça. Refor-ça também o que já é uma marca da OAB, a promoção do debate das questões so-ciais, à luz do embasamento jurídico. Confira.

Folha Humanitária - Como organização não governamental, qual é o papel da oAB na garantia de direitos do cidadão?

Promover a cidada-nia. Nossa ação é uma prerrogativa constitucional, ou seja, está na Constitui-ção Federal. Temos que defender as leis, fiscalizar, somos também promotores

Rosa Maria de Souza Fonseca

A opinião da OAB sempre teve força, principalmente

nas questões políticas

Mas o nosso posicio-namento é também observar as questões jurídicas, o em-basamento na lei. Também ouvir a sociedade e colocar na balança o que pode ser bom e o que pode ser ruim. Agir de maneira sensata, visando o bem estar social.

As mudanças sociais são constantes e a atuali-zação das leis também deve acompanhar essa evolução. No caso do Estatuto da Criança e do Adolescente, por exemplo, é necessário reformular as punições, como daqui a alguns anos teremos que rever o Estatu-to do Idoso. Se não acolhe-mos as mudanças ficamos retrógados.

FH - A senhora con-corda que o eleitor ainda precisa capacitar-se para eleger seus representan-tes? De que forma isso pode acontecer?

Através da informação. Ele (o eleitor) tem que saber que o “assistencialismo” praticado pelos políticos é crime. As pessoas precisam observar o dia a dia das assembléias, do Congres-so, das câmaras. Mas há muito desinteresse. Mas há também muita descrença. É tanta notícia ruim que as pessoas ficam inertes. Precisamos sim de um legis-lativo mais qualificado.

FH - Como a oAB pode ser uma ferramenta

de defesa do cidadão?A OAB traz para si

o problema, mostra que a justiça existe, que existe um órgão forte que o cidadão pode procurar.

FH - A justiça tem caminhado para criar me-canismos que agilizem os processos e decisões. Essa é uma tendência que irá mudar esse cenário de justiça lenta?

Há sim uma tendência de melhora. A OAB está capacitando os profissionais para que chegue a todos o procedimento eletrônico (processos on-line, certifi-cação digital). O Conselho Nacional de Justiça também está reestruturando bem o judiciário, cobrando uma li-nha de conduta mais célere, buscando dar mais eficácia e agilidade aos processos.

FH - Considerações finais:

Agradeço a oportu-nidade e quero dizer que uma parceria com a Cruz Vermelha só poderá tra-zer inúmeros benefícios sociais, pois o cidadão em geral, anda muito carente de cuidados. Em nome da OAB de Volta Redonda firmamos um marco gran-dioso para que possamos, de fo rma un ida, ten tar transformar as carências em modelos de assistên-cias efet ivas, com bom senso e honestidade.

de ações humanitárias. Por exemplo, através da comis-são de direitos humanos, verificamos como está a situação humanitária na Casa de Custódia, se há su-perlotação, rever processos, oferecer acompanhamento aos advogados.

Como órgão de clas-se, defende o profissional. Como instituição, também promove campanhas soli-dárias.

FH - Como a senhora avalia a influência do po-sicionamento da oAB em relação a vários temas,

alguns deles bastante polêmicos, como a união civil de homossexuais; o sistema de cotas para o acesso à educação e ao mercado profissional, en-tre outros embasados em estatutos (como do idoso e o da criança e adoles-cente)?

A op in ião da OAB sempre teve força, prin-cipalmente nas questões políticas. Ao longo da sua atuação fortaleceu a mo-bil ização popular, como no caso do impechman de Color, entre outras.

Foto: Divulgação

- 5www.cruzvermelhavr.org.br | [email protected] 2011

Por Thiago BlancGerente Regionalda Caixa Econômica Federal

Sul [email protected]

um “BriCS”ao novo cenário econômico mundial

O Fim DO imPÉriO?

A sigla BRIC (Brasil, Rús-sia, Índia e China) foi criada em 2001 por Jim O'Neil, economista-chefe da Gold-man Sachs, grande banco de investimento, para deno-minar esse grupo de países em situação semelhante, forte crescimento interno e maior participação no merca-do mundial. A partir de 2006, com reuniões de chanceleres dos quatro países, os BRIC's se tornaram um grupo que

trabalha coletivamente, bus-cando posicionamento unifi-cado frente às questões de comércio externo. O grupo se fortaleceu em 2011 com a entrada da África do Sul, agora se chamando BRICS.

Desde a década de 90 podemos presenciar uma configuração cada vez mais multipolar, e não mais bipo-lar (capitalismo X comunis-mo, EUA X URSS), com a inserção de novos jogadores

no cenário mundial. Com esta nova conjectura países antes considerados "atra-sados" tiveram o consumo ampliado, tendo assim uma necessidade de uma maior produção de comida, com-modities, energia, etc.; para atender essa crescente de-manda. Fato que se coloca a prova mediante a atual crise que atormenta o mercado norte-americano e europeu desde 2008.

Quando a União So-viética deu seus últimos suspiros, os think tankers

conservadores dos EUA es-fregaram as mãos. Era como se uma nova “corrida para o oeste” tivesse começado, dessa vez em nível mun-dial. Em lugar de apaches e sioux, estariam todos que se opusessem ao capita-lismo neoliberal totalmente desregulado, amparado por instituições financeiras inter-nacionais e pela assustadora máquina de guerra dos EUA.

Duas décadas, diversas crises e algumas guerras depois, o cenário é bem diferente. O domínio incon-testável dos EUA, que até

bem pouco tempo definia a geopolítica mundial, dá si-nais de esgotamento político e econômico. Áreas anterior-mente sob estrita hegemonia estadunidense – como a América Latina e o Oriente Médio – fogem ao controle de Washington, seja por meio de revoluções, levantes populares ou governos não automaticamente alinhados. Paralelamente, a economia vive um período insólito, em que os países centrais se especializam cada vez mais na produção de bens imateriais ou financeiros, ao passo que a produção real de mercadorias se desloca para países emergentes. Neste processo, mesmo a

histórica liderança tecno-lógica ocidental é cada vez mais ameaçada pelo desen-volvimento das potências do Oriente.

Estaríamos diante do declínio definitivo do Impé-rio Americano? A resposta a esta pergunta precisa levar em consideração uma sinistra especificidade de nossos tempos: no caso do atual império, a crise político-econômica não vem acompanhada de uma deca-dência militar.

Pensemos no Império Romano. Que destino te-riam os povos “bárbaros” se Roma, em seus últimos momentos, tivesse legiões suficientes para esmagá-los?

Os membros do BRICS participarão cada vez mais ativamente da discussão de temas da agenda global e desfrutarão maior taxa de crescimento nos próximos anos, mesmo que persista

uma recessão dos países desenvolvidos, o que torna mais evidente que o cenário esta mudando e o que um dia foi chamado de periferia agora assume grande impor-tância na economia global.

Por Danilo Spinola [email protected]

Professor de História do Instituto Federal de Educação e Ciência e Tecnologia do RJ, mestre em História pela

Universidade Federal Fluminense

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um brinde à amizade!

a tecnologia no campo pode gerar uma produção sustentável de alimentos

“A maior riqueza nada custa: servir”

“O mais sólido dos impé-rios cairá diante do nada”

As frases acima, de cujos autores não me lembro os nomes, são daquelas que le-mos, nos chamam a atenção e nos fazem pensar.

Quantas vezes temos a chance de servir ao próximo e não o fazemos alegando

algum compromisso que, em relação ao benefício que o próximo receberia, são nada, ou quase nada. Uma palavra de apoio nada custa, um gesto não aleija ninguém, por maior que seja.

Por mais saudável que seja, o ser humano (e os ani-mais) podem sucumbir pela ação de um vírus, criatura ínfima no tamanho, grande

na capacidade de destruição. Tomemos como exemplo o vírus HIV. Um pequeno descuido e lá se vai à saúde e, consequentemente a vida.

As duas frases, sozinhas, já nos dizem muito. Juntas, nos lembram que fortunas nada são, se o dono do im-pério não olhar para os que o cercam. O império será dilapidado, cairá diante des-

se nada que é o egoísmo, a insensibilidade, a arrogância.

Podemos construir o maior dos impérios, a ami-zade. Mas, basta um gesto, uma palavra, para que o castelo desmorone. Não podemos nos deixar levar pelos “pequenos vírus” que destroem sem piedade as grandes amizades. Brinde-mos a elas.

A•R•G•U•M•E•N•T•O•S

Flávio TolomelliSecretário Geral da Cruz

Vermelha de Volta [email protected]

Od e s m a t a m e n -to mais lento e a maior consciência sobre o valor das

árvores podem chegar tarde demais para salvar as maiores florestas tropicais do planeta. Segundo Duncan Poore, ex--diretor da União Mundial para a Conservação da Natureza e coautor de um estudo sobre o assunto, “o ponto fundamental é que conservar florestas não é tão lucrativo como usá-las para outras coisas. Quando se avalia o aumento do consumo na China, India, essa é uma perspectiva muito alarmante”. O documento ressalta ainda que para redução do desma-tamento e da consequente emissão de gases (REDD), pode fazer com que valha mais a pena preservar as árvores do que cortá-las.

Segundo prevê a FAO

(Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), até 2050 o mundo terá que aumentar a produção de alimentos em 70% , mas apenas 20% disso será resultado de aumento da terra plantada, e 80% será resultado de ganhos de pro-dutividade. A solução virá da tecnologia e da produção de alimentos de maneira susten-tável, sem avançar sobre as florestas e áreas de preser-vação ambiental.

Em entrevista a um site, José Graziano, ex-ministro de Segurança Alimentar e Combate à Fome, afirma que a falta de informação, de capacitação e de recursos financeiros é um fator que aju-da a explicar a falta de acesso às tecnologias modernas e sustentáveis. “Uma produção agrícola ambientalmente sus-

tentável também é cada vez mais importante diante dos efeitos cada vez mais visíveis da mudança climática”, disse.

As futuras gerações fica-rão agradecidas se o mundo

escolher produzir alimentos com tecnologias adequadas, com sustentabilidade, preser-vando a biodiversidade. Caso contrário, em um futuro não muito distante o mundo poderá

ficar sem água, sem solo fértil para o plantio e sem floresta.

Foto: Hosam Faysal/IFRC

Voluntários sírios do Crescente Vermelho e as comunidades locaisna plantação de 37.500 árvores em duas áreas desertas

Fontes: http://henriquembranco.blogspot.com/2011/06/fome-o-grande-paradoxo-na-america.html -

G1.globo.com ( texto de Felipe Augusto Dias - Engenheiro Agrônomo - Doutor em Geografia Física) - http://www.terra.

com.br/portal - http://www.achetudoeregiao.com.br/ATR/desmatamento_amazonica.htm

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Segurança alimentar é mais

que aumentara produção

Um microscópio foi colocado para os moradores visualizarem as larvas do mosquito

Visitas nos domicílios, reco-nhecimento e eliminação de larvas do mosquito Aedes aegypti e distri-buição de panfletos fizeram parte da campanha contra a Dengue realizada na comunidade de Pa-rada de Lucas, no Rio de Janeiro, em 18 de maio. Organizada pelo Comitê Internacional da Cruz Ver-melha (CICV), a campanha contou com a participação de agentes da Divisão de Vigilância em Saúde (DVS) da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil (SMSDC) do Rio de Janeiro e de agentes mirins da ONG Transformação e de referências comunitárias. Além disso, teve o apoio da Associação de Moradores e do Grupo Cultural Afroreagge. Os participantes visita-

ram locais identificados como os de maior infestação na comunidade e montaram inclusive um laboratório com microscópio, possibilitando a visualização das larvas do mosquito pelos moradores. A ação ainda

não acabou. Os agentes continu-am atuando na comunidade para combater a Dengue, doença que já causou 95 mortes no Estado do Rio de Janeiro de 2 de janeiro até 4 de junho, segundo a SMSDC.

Para Bekele Geleta, secretário geral da Federação Internacional da Cruz Vermelha (FICV), segurança alimentar é mais que aumentar a produção. Se-gundo ele, não é só quantidade, mas, principalmente, qualidade suficiente que propicie os nutrientes necessários, para prover saúde e criar pessoas saudáveis. Para ele, muitas vezes a chamada “crise de alimentos” não é realmente uma “crise”, mas um fenômeno duradouro, que é parte de um amplo problema humanitário, que para ser superado é preciso de investimentos a longo prazo e o envolvimento dos governos.

Fonte: www.ifrc.org

Campanha contra a Dengue levainformação à Parada de Lucas

n o t í C I A S

Foto: Divulgação/CICV