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FREGUESIA DE PAIO MENDES “Non nobis Domine, non nobis, sed nomini Tuo da Gloriam” (Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao Teu nome Glorifique) – Salmo 115: 1 – Divisa dos TEMPLÁRIOS. Um Cavaleiro Templário é na verdade um cavaleiro destemido. Protegido de todos os lados, a sua Alma está protegida pela armadura da Verdade, tal como o seu corpo está protegido pela armadura de aço. Por conseguinte, está duplamente armado, e por tal não tem de temer nem demónios,

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Descrição e História da Freguesia de Paio Mendes

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REGIO CENTRO

FREGUESIA DE PAIO MENDES

Non nobis Domine, non nobis, sed nomini Tuo da Gloriam

(No a ns, Senhor, no a ns, mas ao Teu nome Glorifique) Salmo 115: 1 Divisa dos TEMPLRIOS.

Um Cavaleiro Templrio na verdade um cavaleiro destemido. Protegido de todos os lados, a sua Alma est protegida pela armadura da Verdade, tal como o seu corpo est protegido pela armadura de ao. Por conseguinte, est duplamente armado, e por tal no tem de temer nem demnios, nem homens. - Bernardo de Clairvaux, "De Laude Novae Militae"Paio Mendes

Paio Mendes, o arcebispo Paio Mendes, para alm de uma extraordinria personagem histrica de Portugal, viu o seu nome colocado a uma das aldeias histricas portuguesas.

No ser por acaso que tal aldeia ter levado o seu nome.

Merece um estudo aprofundado da personagem e da aldeia.

No correr destas viagens pela Histria voltamos, agora, s origens, ao tempo em que tudo comeou. O que nos leva a considerar uma noo que no est muito divulgada entre ns: a noo dos Fundadores.

Reproduo fac-similada da Confirmao do Couto de Braga por Dom Afonso Henriques, primeiro Rei de Portugal, ao Arcebispo Paio Mendes, em 1128, com traduo em portugus no verso. Este documento tambm conhecido por Acta de Fundao de Portugal.

(Reproduo do Documento de Doao do Couto de BragaReproduo fac-similada da Confirmao do Couto de Braga por Dom Afonso Henriques, primeiro Rei de Portugal, ao Arcebispo Paio Mendes, em 1128, com traduo em portugus no verso. Este documento tambm conhecido por "Acta de Fundao de Portugal".)

De facto, tendemos a considerar o primeiro rei, D. Afonso Henriques, como o quase-nico arteso da independncia nesta crnica, ocupar-me-ei de um s desses fundadores, um dos mais esquecidos e ausentes da memria popular: trata-se de Paio (isto : Pelgio ou Pelayo) Mendes, que foi arcebispo de Braga entre 1118 e 1137.

Segundo uma tradio histrica muito aceite, embora no totalmente comprovada, D. Paio Mendes pertencia poderosa casa da Maia e era irmo de dois outros fundadores: Soeiro Mendes da Maia e Gonalo Mendes da Maia, que ficou conhecido como o Lidador. Para o caso que nos ocupa, no importante saber se pertencia casa da Maia ou casa de Sousa; o que importa o apoio que deu a D. Afonso Henriques e a provvel influncia que exerceu junto do infante alis, o Prof. Torcato Sousa Soares defendeu como hiptese quase certa que foi Paio Mendes, e no Egas Moniz, o aio de Afonso Henriques, hiptese que justificou com argumentos bastante convincentes.

De qualquer modo, o certo que a aco deste homem se revelou decisiva em dois aspectos, sendo que o primeiro foi a sua luta constante contra Diogo Gelmires, arcebispo de Compostela. De facto, pode-se dizer que a luta pela emancipao da terra portucalense, foi (no s mas tambm) o verdadeiro duelo travado entre Compostela e Braga no campo da organizao eclesistica, da disputa pelas ss sufragneas de cada arquidiocese. Dada a importncia da Igreja, um tal conflito no podia deixar de ter reflexos polticos, mesmo porque os arcebispos tambm eram potentados militares. Ora, a verdade que D. Paio Mendes se mostrou particularmente dinmico na defesa de Braga contra as investidas de Compostela.

O segundo aspecto foi, como referido acima, a adeso do arcebispo ao movimento autonomista de Afonso Henriques e talvez mesmo que, em lugar de adeso, se deva dizer inspirao. Note-se que, quando D. Teresa, que se travou de razes com Paio Mendes, o exilou, este foi para Zamora e levou consigo o jovem infante portucalense. Pois bem: como sabido, foi justamente nessa ocasio, em Zamora, que Afonso Henriques se armou a si prprio cavaleiro, o que correspondia a dar um passo simblico na direco de uma coroa real, pois s os reis se armavam cavaleiros a si mesmos. E D. Paio Mendes estava presente; difcil no pensar que aquele acto poltico se deve sua influncia, mais at do que nica iniciativa do ento muito jovem infante.

Foi isto em 1122 ou 1125. E em 1128 travava-se a batalha de So Mamede, que deu o poder a Afonso Henriques. Ao lado do infante, estavam Egas Moniz, estavam os Sousas, estavam os da Maia estava D. Paio Mendes, muito possivelmente, um dos grandes promotores da revolta contra D. Teresa e a faco galega.

Sem dvida que, na nossa Galeria dos Fundadores, temos de incluir este quase esquecido arcebispo de Braga.

- Os Fundadores

Aldeia de Paio Mendes

(Aldeia Histrica)

Aldeia situada a oeste da margem direita do Zzere, foi fundada por Paio Mendes (arcebispo), membro da Ordem do Templo.

Com a extino da Ordem, passa em 1319 para as mos da Ordem de Cristo.

REGIOCENTROSUB REGIOMEDIO TEJODISTRITOSANTAREMCIDADEFERREIRA DE ZEREREFREGUESIAPAIO MENDESBraso

Escudo equipolado de azul e ouro, estando estes pontos carregados, o do chefe de uma cruz da Ordem de Cristo, de vermelho aberta de prata, os dos flancos de dois corvos de negro postos em cortesia e o do contrachefe de um pinheiro manso, arrancado de verde. Coroa mural de prata de trs torres. Listel branco, com a legenda a negro, em maisculas: PAIO MENDES

Bandeira:

Branca. Cordo e borlas de prata e azul. Haste e lana de ouroSelo:Nos termos da Lei, com a legenda: Junta de Freguesia de Paio Mendes - Ferreira do Zzere.Histria

Esta freguesia deve o nome ao fundador da primitiva povoao que fazia parte do Distrito do Castelo de Ceras, doado por D. Afonso Henriques aos Templrios.

D. Afonso Henriques

Quando aps a extino da Ordem, se fez diviso das comendas, todos os lugares que actualmente constituem a freguesia faziam parte de Dornes.

A instituio da freguesia ocorreu j na segunda metade do sculo XVI e com a data de 2 de Janeiro de 1582 existe uma carta passada aos moradores de Paio Mendes, permitindo-lhes que tivessem carniceiro que matasse gado ao mesmo preo do de Dornes. O assento mais antigo da freguesia data de 1592 e a Casa Infantado possua aqui vastos terrenos.

A igreja paroquial foi construda em 1617 mas ao longo dos tempos foi sujeita a diversas reformas que alteraram o prospecto primitivo. Guarda uma preciosa Cruz Processional, de prata, renascentista, com ornatos gravados no estilo da poca, a bola, decorada com cabeas de anjo e os remates da haste e braos, torneados delicadamente.

A Igreja de So Vicente de Paio Mendes

AIgreja de So Vicentelocaliza-se no centro do lugar do Castelo, na freguesia de Paio Mendes. O templo remonta muito provavelmente ao ano de 1518, de acordo com a data inscrita num antigo portal, hoje desaparecido, e de que nos d notcia o tombo de 1607 da Vila de Dornes. De acordo com o referido documento, a capela-mor tinha 12 cvados de comprimento e outros 12 de largura, sendo forra a tbuas de castanho; dela se passava para a sacristia, guarnecida de armrios de castanho.

Por sua vez, o corpo da igreja tinha de comprimento 36 cvados e de largura 18, era coberto de telha v e estava por lajear. Na empena da parede da porta principal possua um campanrio com o seu pequeno sino de metal. Para alm disso, pelo interior, mais concretamente no altar de So Francisco, existia a seguinte inscrio, hoje desaparecida, reveladora do nome dum instituidor da capela vinculada: Sepultura de Manoel Vas e de sua mulher Maria Mendes e de seus descendentes. De acordo com as Memrias Paroquiais de 1758, por essa mesma altura a Igreja de Paio Mendes possua cinco altares: de S. Vicente, de Nossa Senhora do Rozario, do Espirito Santo, do Senhor Jezus e de S. Francisco; no tem naves nem irmandades.

Actualmente, o templo j pouco preserva do seu traado arquitectnico original pois, ao longo dos sculos, foi sendo sucessivamente remodelado por vrias campanhas construtivas, uma das mais importantes desenvolvida no ano de 1617 e cuja datao aparece inscrita num dosesboos de Alfredo Keilreferentes a esta igreja. Aos dias de hoje chegou uma estrutura ecltica, de clara inspirao maneirista, sobretudo na disposio dos espaos e volumes, cuja organizao obedece tradicional planimetria longitudinal de nave nica. A frontaria, semelhana da maioria das igrejas paroquiais estudadas, constituda por um simples portal rectangular, a que se sobrepe uma janela. Termina a fachada num empena triangular, encimada pela cruz de Cristo, mas interrompida do lado esquerdo pelo volume avanado de uma torre sineira, constituda por um nico registo superior onde se rasgam quatro campanrios. Acede-se a esta torre, provida de cobertura piramidal, por um lano de escadas que se desenvolve na suafachada nascente.

Quanto a outras massas salientes do corpo central, refiram-se as duas salas de sacristia que, aps cada um dos respectivos portais laterais, se destacam nas fachadas norte e sul do templo, ambas dotadas de cobertura em telhado de uma nica gua, enquanto que na nave essa cobertura de duas guas. Pelointerior, iluminado por duas janelas rectangulares em cada uma das laterais, o pavimento recoberto a mosaico cermico, existindo um passadio central lajeado que se desenvolve desde a entrada principal at capela-mor. Acede-se a este espao por meio de um arco cruzeiro de volta perfeita; no entanto, a cantaria interrompida ao nvel da chave do arco sugere que a cobertura da nave central ter descido. Esta constituda por trs planos, no madeirados, enquanto que na capela-mor abobadada.

Como em qualquer igreja paroquial, tambm na matriz de So Vicente de Paio Mendes existem vrios altares, consagrados a diferentes oragos, e que se dispersam pelas laterais, arco cruzeiro e capela-mor do templo. Assim sendo, e ao nvel das laterais, existem dois altares, colocados frente a frente, e que se aproximam na sua organizao retabular. Ambos so constitudos por um nicho central que se rasga na parede de adossamento, emoldurado por um arco de volta perfeita executado em cantaria. No altar da lateral sul, este arco ainda enquadrado por um friso entablado que se ergue sobre duas pilastras. Outro factor de aproximao diz respeito ao revestimento azulejar que preenche o frontispcio de ambos os altares, e que se apresenta como uma continuidade do silhar aplicado aos muros interiores do templo: trata-se de um tapete de produo industrial, executado nos tons de azul e branco, e que obedece a um mdulo de repetio de 2X2/2 unidades; por sua vez, no altar da lateral sul, o revestimento azulejar estende-se por todo o nicho central.

Relativamente ao culto prestado em cada um deste altares, o da parede lateral norte consagrado aCristo Crucificado, imagem de vulto talhada em madeira posteriormente policromada, que se sobrepe a uma pintura executada a leo sobre tbua. A composio refere-se ao Suplcio das Almas no Purgatrio que, dirigindo os olhares para Jesus, mas tambm para Nossa Senhora e So Miguel que o ladeiam, aguardam a sua Salvao. Numa cartela localizada no limite inferior da composio encontra-se uma data referente ao ano de 1629, a par de uma inscrio cujo significado no perceptvel. Quanto ao altar da parede lateral norte, este consagrado aSo Francisco de Assise Santssima Trindade(0.770m altura), tratando-se esta ltima imagem de uma obra esculpida em pedra e datada do sculo XVI, sendo, por essa razo, coetnea da poca de fundao do templo.J no arco cruzeiro localizam-se outros dois altares, ambos executados em talha policromada, sendo o do lado do Evangelho consagrado aNossa Senhora com o Menino, imagem de roca de grandes dimenses, enquanto que no do lado da Epstola cultuado oSagrado Corao de Jesus.

Noretbulo-mor, executado em talha dourada e policromada, apenas figura uma recente imagem de So Vicente, j que os padroeiros originais - So Vicente e So Sebastio, obras datadas do sculo XVI - foram furtados no ano de 2005. A imagem primitiva de So Vicente era esculpida em pedra e media 1m de altura. O espao da capela-mor ainda decorado, ao nvel da abbada, por uma pintura mural alusiva ao padroeiro. Por fim, devem ainda de ser referidas duas obras de cantaria que se encontram no interior deste templo.

A primeira, localizada na parede lateral norte, diz respeito a umplpito, cujo clice cilndrico parte de um colunelo provido de anel que serve de p; a segunda encontra-se na sala de sacristia sul, e consiste num pequeno lavatrio renascentista que apresenta talhada, de forma bastante rude, a imagem de um querubim. De acordo com o Inventrio Artstico de Portugal, integra o esplio deste templo um Cruz Processional (1.020m altura) de prata do sculo XVI, com ornamentos gravados no estilo da poca, a bola ou n decorada com cabeas de anjo e os remates da haste e braos torneados delicadamente; porm, a imagem de Cristo que est aposta na Cruz moderna.

As Capelinhas de Paio Mendes

A povoao de Paio Mendes deve a sua fundao ao mestre da Ordem do Templo com o mesmo nome que aqui veio a instituir uma fortificao, provavelmente na sequncia do movimento de Reconquista deste territrio s foras muulmanas. Desta fortificao preservou-se a memria na referncia ao lugar do Castelo, ainda hoje existente prximo da sede de freguesia. Pela sua importncia estratgica, o povoado rapidamente foi convertido em comenda e manteve-se na posse dos Templrios at ao ano de 1312, passando depois para a Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo aps o reordenamento administrativo da regio. Integrada na comenda-mr de Nossa Senhora do Pranto de Dornes, a fundao da freguesia de Paio Mendes ocorreria somente na segunda metade do sculo XVI (c. 1567), mas manteve-se administrativamente subordinada Vila de Dornes para alm desta data, sendo integrada ao Concelho de Ferreira do Zzere somente no ano de 1836.

Actualmente, a Freguesia de Paio Mendes constituda pelos lugares de Aldeia, Alqueido, Casal da Cruz, Castelo, Costa, Courelas, Encharia, Ereira, Freixial, Fundo Darva, Galeguia, Geric, Lameirancha, Lameiras, Levada, Outeiro da Frazoeira, Paio Mendes, Pau Mau, Porto Cho, Relvas, Salo de Cima, Soutos da Ereira, Vale de Lameiras, Vale Perro e Vales, distribudos por uma rea de aproximadamente 9,13 km e na qual habitam cerca de 547 habitantes. semelhana do que tem vindo a ser analisado nas crnicas precedentes, tambm a expresso do culto religioso foi igualmente intensa nesta freguesia pelo que, a par da igreja paroquial de So Vicente, disseminaram-se por alguns dos povoados de Paio Mendes as caractersticas capelas de expresso popular.

Na prpria sede de freguesia encontramos o primeiro exemplar, a Capela dedicada aSanto Antnio, culto frequente no nosso Concelho. A construo original remontaria muito provavelmente ao sculo XVII, mas os danos causados pela passagem do tempo justificariam a sua sucessiva remodelao. No obstante, o esquema rstico primitivo manter-se-ia na simplicidade construtiva do pequeno templo.

Outras provas de ancestralidade fornece-nos o altar-mor, no qual se onstenta a imagem padroeira deSanto Antnio com o Menino. A, enquadrado por um belssimo nicho maneirista, que ainda conserva vestgios de policromia, mantm-se a seguinte inscrio: Esta obra se fez em 1618.

Prximo, uma belssimapia de gua bentatalhada em forma de alcachofra remete-nos para a arte manuelina; trata-se muito provavelmente de um antigo elemento decorativo reminescente da construo original.

Igualmente remota aCapela de Nossa Senhora da Conceiodo lugar da Ereira, a qual referida pelo Dr. Bartolomeu de Macedo Malheiro nas Notcias das Igrejas do Bispado de Coimbra (1726). De acordo com o cronista, o templo ter sido institudo por Manoel Dias e seu filho, o Padre Livio Dias Ribeyro e a cuja fazenda delle se obrigava a renda pelos herdeyros da dita cappella. Do ponto de vista arquitectnico trata-se de um pequeno templo reabilitado, de planta longitudinal e nave nica, sendo a frontaria simplesmente constituda por uma porta enquadrada de janela e culo. Do lado direito da empena ergue-se um campanrio, em cuja cantaria do arco foram esculpidos motivos de inspirao barroca.

J pelointerior, e contrariamente ao que vulgar, a cobertura da nave central em abbada de caixotes, enquanto que na capela-mor esta de um s plano, igualmente no madeirado. Por sua vez, o pavimento apresenta-se recoberto a mosaico cermico em toda a extenso do templo. Acede-se capela-mor por meio de um arco cruzeiro de volta perfeita, encontrando-se neste espao a imagem de Nossa Senhora da Conceio, preservada no interior de um nicho que se rasga na parede frontal

Interessante no que se refere ao seu enquadramento aCapela de So Luis das Courelas. Este templo, apesar de se encontrar adossado Quinta das Courelas (construo particular integrada no casario do lugar com o mesmo nome), citado na documentao mais antiga como pertencente ao povo e, de facto, a entrada principal volta-se para a via pblica, apesar de toda a construo sugerir que faz parte integrante de um conjunto edificado de maiores dimenses. A capela data provavelmente do ano de 1628, de acordo com uma data existente na verga do portal e, actualmente, nela no se pratica regularmente o culto. Do ponto de vista arquitectnico trata-se de um pequeno templo aldeo, de planta longitudinal e nave nica, dotado de uma cobertura em telhado de duas guas e na juno das quais se ergue, pelo lado da frontaria, uma Cruz de Cristo. A fachada principal constituda por uma porta rectangular, antecedida por um lano de trs degraus, rasgando-se do lado esquerdo da entrada um culo polilobado.

As dvidas relativamente s questes de propriedade intensificam-se quando abordamos o caso daCapela de Nossa Senhora do Amparo, templo actualmente integrado no complexo edificado da Quinta da Eira. Sabe-se que, primitivamente, a capela pertenceria ao povo e assim o refere o Dr. Bartolomeu de Macedo Malheiro em 1726; porm, as Memrias Paroquiais de 1758 citam j o referido templo como pertencente a Jacinta Camelo de Carvalho, que o ter comprado ao Bispado de Coimbra. Mais tarde, em 1936, o imvel mandado reconstruir pelo Dr. Eduardo Augusto da Silva Neves, mas apenas em 1938 reabriria ao culto. Da construo original, datada do ano de 1629, manteve-se a singeleza do traado longitudinal de nave nica, dotado de cobertura em telhado de duas guas. A frontaria simplesmente constituda por uma porta rectangular, ladeada por duas janelas quadradas e encimada por culo. Do lado direito da empena ergue-se um pequeno campanrio, sob o qual foi aplicado um relgio de sol de espelho recortado e assente em msula.

Igualmente reconstruda foi aCapela de Santo Antoda Quinta do Cerquito, antiga propriedade dos comendadores de Dornes que a detinham os seus aposentos. De acordo com um tombo da Vila de Dornes datado de 1504, por esta altura a herdade era constituda por um assentamento de casas em que se se incluam a habitao do comendador, celeiro, covas de po, adega, casas onde se alojavam os azeites, estrebaria, curral e vrios anexos. Em torno destas dependncias desenvolvia-se um amplo circuito de terras de semeadura, vinhas, olivais, pomares e a grande Mata e Souto da Ordem de Cristo. Por sua vez, junto das dependncias habitacionais, localizava-se ainda uma ermida de invocao a Santo Anto, a qual havia sido mandada erigir por D. Isabel de Sousa, irm do importante comendador-mr de Dornes, Dom Frei Gonalo de Sousa. Mais tarde, num tombo de 1753, inventariou-se o esplio da referida ermida, do qual se destacava a grande imagem esculpida em pedra calcria do ermida So Anto, que nessa altura figurava sobre a mesa de altar. Ainda hoje esta escultura subsiste junto da entrada do templo, ainda que bastante mutilada.

A partir das fundaes reminiscentes optou-se pela reconstruo da capela, tendo por base umantigo esboo a carvoda autoria de Alfredo Keil. Actualmente, esta apresenta-se como um pequeno edifcio de planta quadrada, de p direito pouco elevado e cobertura em telhado de suas guas, sendo a fachada principal constituda por uma porta, janela e culo e rematada por uma platibanda semicircular. A mesma sorte no teve a Capela de So Francisco Xavier, outrora existente no lugar do Outeiro, e da qual no se puderam salvaguardar as respectivas fundaes, permanecendo actualmente incgnito o seu concreto local de instituio. No obstante, o Doutor Bartolomeu de Macedo Malheiro adianta-nos algumas informaes a respeito deste templo, ao referir que este havia sido mandado fazer pelo Capito Antnio Carvalho Garcia, embora pertencesse aos moradores do lugar da Ereira.

O Templrios e a Terra de GraalTomar

Escrito por um triunvirato: Eugnio Azevedo, natural de Tomar, Prof. Antnio Sustelo e Prof. Jos Sequeira.A Ordem dos Templrios, cavaleiros do Templo, devotados defesa dos lugares santos da Palestina, foi fundada em 1119 por Hugo de Payens e mais oito cavaleiros companheiros de Godofredo de Bulhes, totalizando o nmero de nove : entre os quais Godofredo de Saint Omer e o portugus Arnaldo da Rocha.

Nove anos depois, em 1128, a Ordem dos Templrios foi confirmada pelo Papa a pedido de S. Bernardo de Claraval, que lhe redigiu as regras que foram aprovadas no Concilio de Troyes no mesmo ano e lhe inculcou o seu esprito, tendo para tal escrito um livro em louvor dos Templrios.

Esta foi a nica Ordem fundada, no com o intuito de auxiliar peregrinos e doentes, mas sim para combater de imediato os infiis. Nos seus documentos oficiais designam-se com Fratres militiae Templi ou Pauperes commilitones Christi Templique Salomonis O rei de Jerusalm Balduno II oferece-lhes para a sua sede uma ala do seu palcio situado na Mesquita El-Aksa, construda no lugar onde se situara o antigo Templo de Salomo, de onde tiraram o nome.

A Ordem compreendia quatro classes : Os cavaleiros, os escudeiros, os irmos leigos e os capeles e sacerdotes (chefes militares, sargentos, soldados, clrigos). Juravam consagrar a sua vida ao servio de Deus, defender no temporal a f crist e os lugares santos e combater os seus inimigos, fazendo votos de pobreza, obedincia e castidade.

O santo abade Bernardo de Claraval descreve-os como monges cavaleiros de Deus vivendo numa sociedade frugal, sem mulheres, sem filhos, sem terem nada de prprio. Nunca esto ociosos, nem espalhados fora das suas casas ; quando no esto em campanha contra os infiis, reparam as vestes, armas e os arreios dos cavalos, ou esto ocupados em exerccios piedosos. Detestam os jogos, no se permitem caar e banham-se raras vezes; andam negligentemente vestidos com a cara queimada pelo sol.

Para o combate armam-se por dentro de f e por fora de ferro, sem qualquer espcie de ornato e tendo as armas como nico enfeite. Toda a sua confiana est no deus dos exrcitos e, combatendo pela sua causa procuram uma vitria certa ou uma morte santa e honrosa.

OS TEMPLRIOS DA PALESTINA E CHIPRE VO PARA A PENNSULA IBRICAEnquanto viveram na Palestina, houve sempre uma rivalidade entre os Templrios e os Hospitalrios, que no poucas vezes se traduziu em lutas armadas que muito enfraqueceram as posies crists na Terra Santa. Aps a queda de S. Joo de Acra em 1291 ambas as Ordens transferiram-se para Chipre que Ricardo Corao de Leo tinha dado ao rei de Jerusalm. Essa rivalidade prolongou-se at extino da Ordem dos Templrios pelo Papa Clemente V a instncias do rei de Frana Filipe o belo. Mas enquanto os Cavaleiros do Hospital se conservavam no Mediterrneo Oriental, os Templrios, na linha da sua misso universal expandiram as suas implantaes no Ocidente da Europa. Os seus templos constituam verdadeiras fortalezas, inexpugnveis, que subsistem ainda hoje em Portugal.

PORTUGAL PAS TEMPLRIOFoi principalmente na Pennsula Hispnica, e em particular em Portugal, nas campanhas de reconquista contra os mouros, que os Templrios mantiveram a sua aco de luta pela propagao da f crist. Como em Frana e na Inglaterra no tinham as mesmas condies dedicaram-se sobretudo actividade financeira, o que os tornou odiosamente vtimas da inveja dos grandes senhores feudais e mesmo de reis. Para tal, contornavam as disposies da igreja que proibiam os cristos de exercer tal actividade.

Foram at banqueiros do Papa, de reis, de prncipes e de particulares. O seu grande poderio financeiro p-los mais tarde em conflito com a maioria dos soberanos, ao pretenderem estes defender os seus interesses e dos seus vassalos, que com jactncia cobiavam as suas riquezas, denunciavam publicamente s mais altas instncias eclesisticas, a duvidosa origem lcita dos bens dos Templrios. Por assim dizer, eram um estado dentro doutro estado, que originavam muitas vezes graves perturbaes de prosperidade econmica no entender dos ditos soberanos.

Os Templrios na Pennsula Ibrica tiveram uma actuao benemrita que foi reconhecida e recompensada pelos reis com benefcios importantes. Estavam isentos de impostos e da jurisdio episcopal como os censos eclesisticos gerais. Ao contrrio do que ocorria em Frana e na Inglaterra, na Pennsula Ibrica os reis concediam-lhes privilgios e doaes de territrios muitos dos quais situados nas fronteiras, de preferncia em zona de combate e de vanguarda crist contra os mouros.

O NOBRE CRUZADO BORGONHS HENRIQUE FUNDA A DINASTIA TEMPLRIA DO CONDADO PORTUGALENSIS Sabe-se que os condes borgonheses D. Henrique e D. Raimundo chegaram Pennsula Ibrica nos finais do sculo XI a convite de Afonso VI de Leo e Castela, como fronteiros e em esprito de cruzada para o auxiliar na defesa e na reconquista contra os almorvidas.

O Conde D. Henrique, 4 filho de Henrique de Borgonha, bisneto de Roberto I de Frana, irmo dos duques Hugo e Eudes de Borgonha, e sobrinho-neto de S. Hugo, abade de Cluny, foi no seu tempo na Pennsula um dos representantes mais activos do esprito europeu da poca.

natural que os reis de Frana quisessem que os duques de Borgonha concretizassem a sua vassalagem, e como em teoria eram sujeitos da coroa, fruam de uma independncia que no era vista com bons olhos pelos reis de Frana.

Revelada a expanso do Catarismo no Languedoc que se estendeu pela Borgonha, Provena, e por Arago, os borgonheses viram-se envolvidos nas campanhas albigenses.

D. Henrique, como cruzado foi atrado por zonas de combate contra os infiis e quis ligar Terra Santa a sua posio de fronteiro do Ocidente.

Tendo acompanhado o seu primo Raimundo na Cruzada contra os sarracenos, visita na Pennsula Ibrica a sua tia a rainha Constana de Leo, tendo sido convidado pelo rei leons Afonso VI a ajud-lo no combate aos infiis no condado Portugalensis Portus-Calixis o mesmo que Porto Graal ou Portugal, nome proveniente do Clice sagrado, um dos smbolos pleocristos particularmente venerado pelos Ctaros e pelos Cavaleiros Templrios.

Para compensar D. Henrique dos servios prestados na sua luta contra os mouros, o rei Afonso VI, no ano de 1095 d-lhe em casamento a sua filha D. Tareja, oferecendo como dote o fronteiro condado Portugalensis, integrado nos estados do rei de Leo, no que restava da antiga Lusitnia. Este condado surge em meados do sculo IX abrangendo ao norte o Alto Minho, para o oriente a hoje provncia de Trs-os-Montes, Douro, e Coimbra. O distrito de Coimbra abrangia o Douro, Mondego, at ao Tejo ; no ano de 1097 D. Henrique dominava o territrio do Minho a Santarm.

Os sucessos militares ocorridos na primavera de 1095 moveram Afonso VI a acentuar mais a separao do condado portugalensis dos outros territrios peninsulares, sem a qual era mais difcil continuar a fazer a guerra na fronteira com os sarracenos.

Segundo o testemunho da Crnica Lusitana, muitos franceses tinham passado os Pirinus para participar na batalha de Zalaca, e ainda depois desta.

Nada indica que o Conde D. Henrique tivesse abraado a doutrina ctara, mas decerto como Bolonhs perfilharia as razes da luta do Languedoc contra as hordas capetianas, e condenaria as medidas repressivas tomadas pela Cria Romana. Foi cruzado e em Jerusalm contactara com os Templrios a quem tinham sido revelados os princpios da religio dualista, com origem na antiga doutrina de Zoroastro.

A primeira referncia a D. Henrique de 1072, (Chartes de Cluny) e em 1082 num documento de Molesme considerado puer. Na data do seu casamento em 1095 andaria pelos seus 30 anos de idade, pelo que se conclui que deveria ter nascido em 1065. Usava o manto de Cruzado pelo que se supe ter estado na Terra Santa, e entre estas duas datas que se distingue na fronteira sudoeste da Pennsula Ibrica contra os almorvidas. Formou a sua corte de fidalgos, artistas e sbios predominantemente borgonhesca e provenal, que continuou durante a dinastia de seu filho o rei Afonso Henriques.

Ao casar a sua filha Tareja (Teresa) com Henrique, Afonso VI no se limitou a entregar-lhe governo do condado portugalensis, com a qual j frequentemente se confunde o distrito coimbrense e o de Santarm debaixo desse nome comum. As propriedades regalengas, isto , do patrimnio do rei e da coroa, passaram a ser possudas como bens prprios e hereditrios da coroa. a estes bens que parece que se refere a clebre passagem da crnica de Afonso VII falando de Tareja dedit maritatam Enrico camiti, et dotavit eam magnifice dans portugralesem terra juce heriditaria .

Note-se a coincidncia de algumas datas significativas :

1115 Fundao por D. Hugo, Conde de Troyes, do Mosteiro de Claraval, de que o Primeiro Abade foi S. Bernardo de Claraval.

1119 Fundao da Ordem dos Templrios ou Ordem da Cavalaria do Templo de Salomo por Hugo de Payens.

1124 No dia do seu aniversario natalcio, dia consagrado ao Esprito Santo, D. Afonso Henriques, tendo envergado ele prprio as suas vestes de guerreiro, como era atributo das pessoas reais, foi armado cavaleiro ao p do altar da igreja de S. Salvador, em Zamora.

1126 Primeira doao aos Templrios em Portugal : Fonte Arcada.

1128 Doao aos Templrios, tambm por D. Teresa, do Castelo de Soure e das terras entre Leiria e Coimbra. Confirmao da Ordem dos Templrios no Concilio de Troyes.

1128 Vitria do Infante D. Afonso Henriques sobre a sua me na batalha de So Mamede.

1131 Redaco definitiva, por S. Bernardo de Claraval, da Regra Templrios.

1140 Vitoria de D. Afonso Henriques sobre os mouros na batalha de Ourique.

1143 Reconhecimento do ttulo de Rex, usado por D. Afonso Henriques, com o apoio do Papa Eugnio III, que fora discpulo de Bernardo de Claraval. O Mosteiro de S. Joo de Tarouca passa obedincia de Claraval, seguido dos Mosteiros de Lafes, Salzedas, Sever, Fies, S. Pedro das guias.

1147 Conquista, por D. Afonso Henriques, de Santarm e de Lisboa. Cedncia aos Templrios das possesses e dos rendimentos das igrejas de Santarm.

1153 Fundao do Convento de Santa Maria de Alcobaa, que passa a ser a cabea e o centro espiritual e intelectual dos Cisterciences em Portugal, sob a jurisdio de Claraval.

1157- Concesso aos Templrios, por D. Afonso Henriques, de privilgios extraordinrios: inviolabilidade de propriedades e de pessoas; iseno de tributo e de servios; iseno de portagens; iseno de pagamento do dzimo dos terrenos que eles prprios cultivavam ou mandavam cultivar sua custa ; os Templrios no podiam ser capturados, nem se lhe podia exigir penalidades por crimes cometidos, sendo os pleitos decididos pele sentena de homens bons .

1158 Tomada de Alccer do Sal. Gualdim Pais investido 6 Mestre dos Templrios portugueses.

1159 Doao aos Templrios do vasto territrio de Cras.

1160 Construo, neste territrio, do Castelo de Tomar, com a sua igreja e Charola, projeco arquitectnica da Cruz Templria, a Cruz das oito beatitudes.

1185 Morte de Gualdim Pais, o Mestre que mais consolidou os domnios Templrios em Portugal, os quais possuam nessa altura os Castelos de Tomar, Almourol, Zzere, Pombal, Idanha-a- Velha, Cras, Cardiga, Sousa e Monsanto, entre outros, alm de muitas propriedades em Lisboa, Sintra, Santarm, Leiria, vora e Beja.

Este sincronismo de datas indica perfeitamente a realidade histrica : durante a soberania do Conde D. Henrique o territrio est sujeito ao Mosteiro de Cluny ; depois de D. Afonso Henriques com o apoio moral e religioso dos Cisterciences e com o auxlio decisivo dos Templrios que se faz a conquista, a ocupao e a cristianizao do territrio portugus.

A independncia de Portugal pois marcada e qualificada pela convergncia da aliana borgonhesa lusitana e do esprito cristo, segundo o ideal Cistercience e Templrio, sob o magistrio de S. Bernardo de Claraval.

no tringulo Guimares / Braga, Tomar e Alcobaa que assenta a nova nao europeia. O 1 rei de Portugal um cavaleiro templrio, o que explica a sua total identificao com a Ordem. Portugal ser a ponta de lana afiada contra o Islo ao mesmo tempo que o espao exemplar de um pais missionado.

Um reino cristo concebido e espiritualmente organizado, desde a origem, segundo os princpios do cristianismo trinitarista, tico, cruzado e apostlico de idealidade cavalheiresca, mariana e bernardina.

Nesse sentido, a grande nave despojada de Alcobaa e a charola octogonal do Convento de Cristo em Tomar simbolizam visivelmente a dupla consagrao das palavras de Cristo a D. Afonso Henriques antes da batalha de Ourique, que constituem uma revelao premonitria de toda a vocao da histria de Portugal.

O mpeto cruzado e templrio de D. Afonso Henriques, no s conduziria conquista total do territrio portugus, como levaria a Cruz de Cristo aos confins da frica, ndia, ao Extremo Oriente e s Amricas:

Porque eu sou o fundador e o distribuidor dos imprios do mundo, e em ti , e a tua gerao, quero fundar para mim um reino, para cuja indstria ser meu nome notificado a gentes estranhas. Frei Bernardo de Brito, na Crnica de CisterO SANJOANISMO, O TEMPLARISMO, E O GRAALISMO CONCESSES E POSSESSESNesse tempo verificava-se um elo espiritual entre o Sanjoanismo (doutrina do Evangelho de S. Joo), o Templarismo e o Graalismo; ou seja, a devoo ao Esprito Santo (Divino Parcleto) e a S. Bernardo de Claraval. A prpria arquitectura do Convento de Tomar reflecte-nos essa mesma confluncia do Templo de Salomo, do Mosteiro de Caraval, e da Demanda do Santo Graal.

Roma sempre suspeitou de desvios da ortodoxia por parte dos nobres cavaleiros portugalensis que considerava Terra dos Templrios (Tempreiros) apesar desta ter sido extinta no resto da Europa, e ter-se prolongado no seio da Ordem de Cristo.

Assim, a Cria Romana criou durante sculos dificuldades e decises injustas na arbitragem de pleitos ao reino de Portugal. E durante sculos at ao ltimo rei portugus, desde o filho bastardo do rei Afonso Henriques que foi Gro-Mestre no da Ordem do Templo mas da religio de So Joo conforme se indica na lpide do seu tmulo na Igreja de So Joo do Alporo em Santarm, imbuda na devoo ao Esprito Santo, passando pelos rei D. Dinis e Isabel que foram os repropulsores do culto do Esprito Santo.

O Conde D. Henrique nunca deixou de fazer viagens Sria e Terra Santa em Cruzadas. E como Cruzado morreu em 1112, na terra que tinha libertado dos infiis. Seu filho, D. Afonso Henriques escolheria a Cruz de Cristo das Cruzadas de seu pai e templria como smbolos do escudo de armas que imortalizou na bandeira portuguesa.

Aps a morte de D. Henrique a sua viva D. Tareja concede Ordem do Templo por foral de 1128 os castelos de Soure e Alpreade, e tambm a terra deserta e despovoada, entre Coimbra e Leiria.

Afonso Henriques 1 rei de Portugal na sua Cruzada Ibrica para expulsar os mouros da Pennsula e alargar o seu territrio, f-lo muita vez com os cavaleiros da Ordem do Templo e o seu Mestre Gualdim Pais.

Em 1153 o rei D. Afonso funda o Mosteiro de Alcobaa para a Ordem de Cister, que ele chamara a Portugal com o apoio do prprio So Bernardo de Claraval, estando presente um dos seus militantes Pedro Henrique, filho do Conde D. Henrique e meio irmo de D. Afonso.

Em 1159 em recompensa pelos seus feitos de armas -lhes dado pelo rei o castelo de Cra ; em 1160 os Templrios conquistam para o reino a cidade de Tomar, entregando-lhes as terras do rio Nabo que os mouros chamaram Tomah, onde Mestre Gualdim Pais viria a construir 10 anos mais tarde num morro sobranceiro ao rio Nabo, o castelo para a sede da Ordem, e mais um tero de todo o territrio que pudessem conquistar a sul do Tejo ; mais as possesses e os castelos de Castro-Marim, Almourol e Pombal.

Na Frana, os Templrios assentaram em Paris, e como as finanas do Estado francs se tivessem esgotado, o rei para resolver o seu problema econmico, sobrecarregava o povo de impostos. Dessa maneira comearam a odiar o monarca e a manifestar admirao pela Ordem dos Templrios cujo poder de compra enriquecia mercadores e artfices cristos e judeus, e em cujas terras frteis empregavam braos de muitas famlias rurais.

O TEMPLO DE CRISTO E O GRAALSe na sua primeira fase a aco templria em Portugal foi principalmente de combate, no apoio a D. Afonso Henriques e na luta contra os mouros, ter sido a partir de 1160, com a construo do Castelo e da Igreja de Tomar, que iniciou a sua fase por assim dizer espiritual.

Gualdim Pais era um velho companheiro de D. Afonso Henriques, que aos 21 anos tomara parte na batalha de Ourique, onde foi armado cavaleiro. Pouco depois, partiu como cruzado para a Palestina, onde permaneceu cinco anos e onde se distinguiu em vrias batalhas. Foi na Palestina que ingressou na Ordem do Templo, sendo de crer que os seus feitos e a sua personalidade o tenham elevado at mais alta hierarquia. A foi certamente iniciado na doutrina joanina da Ordem, tendo a compreendido que a aco dos monges cavaleiros de Deus visava muito mais do que a defesa fsica dos lugares santos.

Ao regressar a Portugal, est compenetrado da misso que lhe cabe, se que dela no foi conscientemente incumbido. Em 1158 foi investido no cargo de 6 Mestre da Ordem Templria portuguesa.

Pouco depois, a 1 de Maro de 1160, D. Gualdim Pais lana os fundamentos do Castelo de Tomar, que ser a Sede dos Templrios.

O templo que foi construdo no tem, na sua forma, tradio conhecida em Portugal. um templo octogonal, tendo no interior uma capela igualmente octogonal, quase circular pela disposio dos pilares, no centro da qual est o altar.

Havia primitivamente uma nica porta, que dava directamente para o Convento, sendo a nica serventia dos cavaleiros.

Tal como outras igrejas templrias, teve por modelo a igreja do Santo Sepulcro de Jerusalm.

As colunas que sustentam a cobertura, marcando o espao da capela interior so encimados por capiteis de inspirao orientalista ou fitomrfica, tendo um deles, hoje voltado para a nave aberta por D. Manuel I, a cruz templria gravada e realada a vermelho.

Nas cerimnias litrgicas ou quando em orao, os templrios dispunham-se em circulo, segundo o arqutipo dos cavaleiros da Tvola Redonda, buscadores do Graal.

A charola de Tomar forma como que um circulo, sendo o central, o do altar, da mesa ou da tvola, em redor do qual se alinhavam os cavaleiros; uma tvola redonda.

Tendo em conta a relativa exiguidade da igreja, constituda por dois octgonos concntricos, tendendo circulatura, facilmente se reconhece estarmos em presena de um templo que no foi concebido para multides, mas para um pequeno nmero de cavaleiros-monges admitidos na Ordem, ou seja, um templo inicitico. Esta disposio reforava as ideias de eleio, de escolha e de misso essenciais vivncia destes cavaleiros que, como os do rei Artur deixam os seus pas, parentes, esposas e filhos para seguir a Ordem.

Como se sabe, nos romances da Demanda do Santo Graal, os templrios so os guardies do Graal, que usavam uma cruz vermelha sobre uma tnica branca ou uma veste branca com uma cruz vermelha ao peito.

O Graal o clice com o sangue de Cristo que foi trazido para a Europa por Jos de Arimatia.

Cavaleiros do Graal que segundo as narrativas da poca ( ciclo de Robert de Boron e Wolfram von Eschenbach ) procuravam lugares e domiclios desconhecidos para guardar o Santo Graal, navegando em barcos de velas brancas com uma cruz vermelha que prenunciam as futuras caravelas portuguesas, com a Cruz de Cristo.

A EXCOMUNHO DE FILIPE IV O BELO PELO PAPA BONIFACIO VIII, E O APOIO DOS TEMPLRIOS AUTORIDADE PAPAL EST NA ORIGEM DA SUA DISSOLUCO.Neste perodo, o rei de Frana Filipe IV o belo entrou em conflito com o Papa Bonifcio VIII que decidiu excomung-lo, tendo o rei francs reagido com a convocao dos Estados Gerais na qual se decretou em 1302 que a Coroa francesa no reconhecia a autoridade do Papa. Sucedeu-lhe Bento XI, logo falecido em 1304, sendo o trono papal ocupado por Clemente V.

Os Templrios tinham apoiado o Papa Bonifcio e esta atitude exacerbou de tal modo Filipe IV que vendo simultaneamente extinguir-se o prazo para a solvncia da sua enorme dvida que tinha para com os templrios, e desejoso de se apoderar das suas imensas riquezas, aproveitou todas as lendas que se tinham acumulado contra eles, acentuou mais a campanha extremamente violenta que nos fins do sculo XIII tinha desencadeado contra a Ordem do Templo, decidiu aniquilar a Ordem que reunindo com o Bispo de Bolonha e concertando uma clusula secreta que seria imposta a Clemente V que o rei tinha conseguido pr no trono Papal.

Foram acusados de numerosos crimes; lesa-majestade, usura, heresia, costumes depravados etc.

provvel que a sua longa estncia no Prximo Oriente tivesse tido alguma influncia na pureza da sua f, mas a acusaes divulgadas e instigadas por Filipe o belo fizeram que o Papa, de conivncia com o rei, decidisse extinguir a Ordem no Conclio de Viena do Delfinado (1311).

Mas a principal razo da perseguio de que foram objecto reside no poder que os Templrios tinham. Poder politico e financeiro.

Ao nvel poltico os Templrios tinham um plano de governo mundial, atravs de uma federao de Estados autnomos, sob a direco de dois chefes supremos, um espiritual, o Papa, o outro poltico, o Imperador. Tendo ao seu servio a Milcia do Templo.

Este plano far-se-ia sobre a reconciliao e a cooperao das trs religies monotestas herdeiras da tradio bblica : cristos, muulmanos e judeus.

Esta concepo ecumnica revela-se, por exemplo, nas enigmticas relaes dos Templrios com os ismaelitas da Palestina, em especial com a organizao secreta dos Assaci, chefiados pelo Sheik el Djebel, o Velho da Montanha e sobretudo pela existncia de Sinagogas judaicas em reas de influncia templria, sendo a o seu culto protegido, como o caso da Sinagoga de Tomar, uma das poucas conservadas e intactas em Portugal.

Estes factos constaram das acusaes de Filipe o Belo e de Clemente V, muito embora o seu significado houvesse sido para tal intencionalmente deturpado.

A ATITUDE DOS REIS PENINSULARES, SOBRETUDO A DO REI DE PORTUGAL NA PROTECCO DOS MEMBROS DA ORDEMAvisados os reis da Pennsula para irem a esse conclio, alguns deles se fizeram representar, menos o rei de Portugal, que fez saber que nunca tivera motivos de queixa dos Templrios, e graas a eles combatera os infiis alargando e prosperando o Pas.

Para evitar que fossem perseguidos, e ao mesmo tempo como o Papa pretendia dispor dos bens da Ordem por esta lhe estar directamente subordinada, os reis de Portugal, Castela e Arago, para obstar sua alienao, alegaram que esses bens tenham sido outorgados com o intuito de favorecer a sua aco missionria. Por esse motivo desaparecendo a Ordem, desaparecia a causa da doao devendo os bens regressar Coroa.

Seja como for, parece demonstrado que o Papa acreditou, nomeando comisses de inqurito, cujas concluses no foram definitivas, mas que levaram extino da Ordem. Da conclui-se a atroz cumplicidade do Papa com Filipe IV, que doravante tinha condies de foro jurdico-eclesistico para prender, julgar e condenar fogueira o Gro-Mestre Jacques Molay e todos os Cavaleiros que se encontravam em Frana.

Filipe o belo pouco tempo viveu aps a sentena condenatria dos Templrios e teve uma morte atroz, transportando atravs de geraes a maldio que o Gro-Mestre lhe lanou quando morria na fogueira.

O rei francs no conseguiu eliminar a Ordem do Templo porque com a vinda dos templrios franceses para o seu PortoGraal a Ordem tornou-se mais forte, desenvolveu-se, expandiu-se pelos 4 cantos do mundo deixando a sua presena na arquitectura, nas cincias, nas artes, e com os seus cdigos foi missionriamente implantada em todos os continentes do mundo.

OPERACO DE FACHADA NA ORDEM DO TEMPLO REALIZADA PELO REI D. DINISIGREJAS CIRCULARES E OCTOGONAIS QUE OS TEMPLRIOS PORTUGUESES CAVALEIROS DA ORDEM DE CRISTO IMPLANTARAM NO MUNDOCom a metamorfose dos Cavaleiros do Templo em Cavaleiros da Ordem de Cristo o estandarte albi-negro dos Templrios, que o acusador francs Guillaume de Nogaret malignamente denunciara como smbolo dualista do Reino da Luz e do reino das Trevas, Deus e Bafom, substituda pela cruz vermelha sempre de identificao templria com a qual os portugueses levariam a mensagem na descoberta do mundo.

Como notrio e histrico, o rei portugus D. Dinis cuja casa real e base da nobreza,assim como grande parte da populao eram formados por Templrios, ctaros, e judeus, (os qual os havia at na Ordem) que desde a fundao da nacionalidade vieram com o conde D. Henrique, popularam e constituram a maior parte da regio, mudou-lhes o nome para Cavaleiros da Ordem de Cristo evitando assim a perseguio s componentes templrias-ctaras judias da Ordem. A Ordem continuou atravs dos sculos levando a Cruz de Cristo de um outro Henrique Infante, Gro-Mestre da Ordem (Templria) de Cristo por entre terras e mares desconhecidos, evangelizando, gentes na infncia da civilizao, guerreando o Islo, e levando messinicamente o Esprito Santo mensageiro a toda a parte, desenvolvendo e colocando Portog(ra)al no cume das naes, casta de valores fundidos no universo.

No acesso Ordem entravam os que tivessem ganho Gentileza condio primordial para ser Cavaleiro. Nas Ordenaes Afonsinas mandadas reunir por D. Afonso V, definia-se a entrada para a Ordem de Cavalaria, o 1 grau da nobreza dizendo esta Gentileza vem de trs maneiras: a primeira por linhagem, (origem familiar) ; a segunda por Saber ; a terceira por bondade ; bons costumes e habilidade.

O saber e a habilidade levaram tambm muitos judeus conversos Gentileza e Cavalaria do mar (cavaleiros navegadores).

Na primeira igreja do Castelo de Tomar encontra-se a rotunda poligonal, o mais belo espcime de arte sria de todo o Ocidente. Em Newport (USA) depara-se uma torre com 8 arcos (templria) de construo do sculo XV, levada e construda pelos portugueses, nomeadamente o navegador Miguel Crte-real, Cavaleiro da Ordem de Cristo (versus do Templo) com a mensagem arquitectural cristo-templria anloga Charola do Convento de Tomar ou Altar-mor. A parte extrema redonda, e a parte interna octogonal com 8 arcos e foi construda semelhana do Santo Sepulcro em Jerusalm.

Os Templrios portugueses inspirados nas igrejas circulares e octogonais que viram no Prximo Oriente durante as cruzadas, nomeadamente o Santo Sepulcro, lugar onde Cristo morreu, construram 7 castelos no mesmo estilo : Almourol, Idanha, Monsanto, Pombal, Zzere, Cra, Castro-Marim, e Tomar.

O castelo de Tomar o prottipo das rotundas octogonais portuguesas com 8 arcos. Tem uma parte exterior circular que termina em torre de vigia. Durante o perodo dos descobrimentos os portugueses usaram o mesmo mtodo para construir mais de 150 castelos e igrejas na frica, na sia e no Brasil. Nenhum pas da Europa construiu em tantas terras distantes mais igrejas e castelos com torres circulares e octogonais do que Portugal. De facto a bandeira portuguesa a nica no mundo que tem castelos. E os arcos templrios destes castelos assemelham-se ao de Newport nos EUA.

Como os Templrios contavam a Ordem em 4 graus.Como os Templrios juravam manter segredo absoluto de tudo quanto viam e ouviam. Como os Templrios eram igualmente ajuramentados. Com D. Joo II intensificar-se-ia a divisa templria Sigillum Militum Christi Poltica de Sigilo.

Sbios, navegadores, e descobridores, e muitos outros foram irmos da Ordem de Cristo. Mas no s a cavaleiros e marinheiros era permitido pertencer Ordem. Tambm se achavam ligados a ela, matemticos, cartgrafos e mdicos, e entre eles havia-os de ascendncia judaica.

Pela histria, pela arqueologia, pela epigrafia, e gentica, cincias exactas, prova-se que tesouros, do que restou, e particularmente o Santo Graal, que velado atravs do Tempo encontra-se sigilosamente guardado na terra Portusgalensis, nome proveniente do Clice Sagrado que o acolheu : Portus Calixis o mesmo que Porto Graal.

Graal que, segundo a memria colectiva das gentes portuguesas, ter sido guardado algures no Altar-mor do Convento de Cristo de Tomar.

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Os Cavaleiros Templrios, a milcia de Cristo.

Acima, cavaleiros das vrias ordens templrias.Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomo, assim denominaram- se originalmente os Templrios, Ordem Militar fundada no ano de 1119, em Jerusalm, para proteger os peregrinos e os lugares sagrados da Terra Santa. Os bravos guerreiros tiveram sua base afincada bem no corao do inimigo islmico, visto que o seu quartel-general, uma concesso do rei Balduno II, situava-se num prdio ao lado da Mesquita de Al-aqsa, ocupando uma parte superior do que restara do Templo de Salomo.

Compondo uma sntese entre a sincera f dos monges e o destemor dos soldados de elite, consagraram- se como a mais poderosa e valente organizao militar da poca das Cruzadas: a tropa de choque de Deus. Prestigio que lhes rendeu, depois de se transferirem para a Europa, em 1291, serem os depositrios fiis dos bens dos cristos ricos. Justamente por isso, pela cobia que despertaram, que pereceram nas mos do rei da Frana em 1307.

O desastre dos Templrios

Acima, o cavaleiro templrio.

NEKAN, ADONAI !!! CHOL-BEGOAL! !! PAPA CLEMENTE CAVALEIRO GUILHERME DE NOGARET REI FILIPE: INTIMO-OS A COMPARECER PERANTE AO TRIBUNAL DE DEUS DENTRO DE UM ANO PARA RECEBEREM O JUSTO CASTIGO. MALDITOS! MALDITOS! TODOS MALDITOS AT A DCIMA TERCEIRA GERAO DE VOSSAS RAAS!!! Foram essas as derradeiras palavras que Jacques de Monay, o 22 e ltimo Gro-Mestre da Ordem dos Templrios, proferiu antes das chamas lhe levarem a vida. Acesa a fogueira no pelourinho nos fundos da catedral de Notre-Dame em Paris, ele ali expiou ao anoitecer do dia 18 de maro de 1314, imprecando contra o Papa, o Guarda-selos do rei, e o prprio soberano da Frana. E tinha toda a razo em lanar o antema contra os trs. Sete anos antes, um srdido conluio entre o rei Filipe IV, o belo, e o Papa Clemente V, tendo o fiel Nogaret como executor, selara-lhe o destino.

At ento a ordem dos monges guerreiros de manto branco e cruz vermelha fora um colosso militar e financeiro. Na noite do dia 12 para 13 de outubro de 1307, as suas instalaes, por todas as partes do reino, viram-se invadidas pelos oficiais de Filipe IV. Inclusive seus edifcios em Paris, denominados Ville Neuve du Temple.

Para suprema infmia dos cavaleiros aprisionados, seus ltimos dirigentes, alm de terem perdido tudo, foram arrastados aos tribunais reais denunciados por Nogaret, o jurista do rei, pelas prticas de heresia e de pederastia.

Num processo forjado, nos quais os procedimentos inquisitoriais foram aplicados com a mxima crueldade possvel, acusaram-nos de serem adoradores pagos do diablico Baphomet, de cuspirem na cruz, de negarem os sacramentos e de se entregarem a licenas sexuais uns com os outros. Arrancaram-lhes as confisses por meio de terrveis torturas e outros tormentos, quando, em meio aos urros de dor, com as carnes dilaceradas e queimadas pelo largo uso que os inquisidores fizeram do strappado e do braseiro, concordaram em dizer aos seus supliciadores o que eles queriam ouvir.

Filipe, o belo, atiado pelas intrigas de um traidor, um ex-cavaleiro chamado Esquiseu de Floyran, o Judas dos Templrios, no se conformara em desmantelar- lhes as instalaes e confiscar-lhes os valores, quis tambm desonr-los para sempre. Por isso, acusou-os de sodomitas. Denncia estendida a De Monay e a outros 140 cavaleiros postos a ferros (54 deles expiram pelo fogo).

O declnio das Cruzadas Acima, o Templo de Paris.

At poucos anos antes da catstrofe, a Ordem dos Templrios era a mais prestigiada das trs milcias de Cristo formadas ao tempo em que Jerusalm ainda se encontrava sob o controle direto dos prncipes cristos. Depois da expulso deles da Terra Santa, por ocasio da queda de So Joo dAcre frente os muulmanos, em 1291, os Cavaleiros Hospitalrios confinaram-se na ilha de Chipre, e, mais tarde, na Ilha de Malta, enquanto que os Cavaleiros Teutnicos, de volta Alemanha, mobilizaram- se na conquista das terras de poloneses pagos.Os Templrios, todavia, viram-se geograficamente mais favorecidos, pois se hospedaram em Paris, quase no corao da Europa de ento.

As sedes deles, mais numerosas na Frana (um total de 704 conventos e prelazias), espalhavam-se pela Inglaterra, Alemanha, Itlia, Espanha e Portugal. As suas propriedades totais somavam h mais de nove mil tipos diferentes. Devendo obedincia apenas ao papa, sempre ausente ou distante, na prtica usufruam a mais completa autonomia em relao aos reinos, bispados e baronatos que os acolhiam. Um monge templrio somente obedecia ao seu superior hierrquico: o gro-mestre ou o dom prior.

A Hierarquia da Ordem dos Cavaleiros Templrios

Gro-mestreO Gro-mestre era a autoridade suprema da Ordem dos Cavaleiros Templrios, e respondia apenas perante o Papa. O cargo era vitalcio, mas muitas vezes encurtado por mortes em batalha, o que mostrava que estava longe de ser um cargo puramente administrativo. Enquanto cada territrio tinha o seu prprio Mestre, o Gro-mestre estava acima de todos os Mestres. Supervisionava as operaes militares e era o responsvel pelas relaes diplomticas e econmicas da Ordem.

O Gro-mestre tinha ao seu dispor, como parte do seu squito pessoal: 4 cavalos, um irmo capelo, um escrivo com trs cavalos, um sargento com dois cavalos, um criado pessoal com um cavalo, um ferreiro, um escriba sarraceno, um turcopolo um cozinheiro, dois soldados a p, um turcomano e dois cavaleiros como seus companheiros.

SenescalO Senescal (s vezes chamado Grande Comandante) era o brao direito do Gro-mestre, o que em termos modernos equivaleria a vice-presidente. O Senescal actuava como conselheiro do Gro-mestre, e era responsvel por grande parte dos processos administrativos. Ao lado do Gro-mestre, o Senescal supervisionava o governo das oito provncias Templrias tradicionais: Aplia, Arago, Esccia, Frana, Hungria, Inglaterra, Poitiers e Portugal.

MarechalO Marechal da Ordem era o Templrio responsvel pela guerra e tudo o que se relacionasse com ela. Neste sentido, o Marechal podia ser visto como a segunda figura mais importante da Ordem, aps o Gro-mestre. Supervisionava os cavalos e armamentos, e era consultado pelos Mestres antes de se definir uma aco militar. O seu squito pessoal era constitudo por dois escudeiros, um turcomano, um turcopolo e um sargento. Tinha ainda quatro cavalos ao seu dispor.

Sub-marechalO Sub-marechal era o primeiro oficial sob comando do Marechal. Era o responsvel pela infantaria, o equipamento, e mantimentos. Em batalha carregava o estandarte da Ordem.

Porta-estandarteO Porta-estandarte (tambm chamado Confanonier) era um dos Sargentos, e comandava os escudeiros em batalha, pelos quais era o responsvel. Era ele que os disciplinava e fiscalizava, sendo nesse sentido o ltimo responsvel pelos cavalos. Apesar do seu ttulo nunca carregava consigo o estandarte da Ordem.

DrapierO Drapier era o responsvel pelo vesturio e mantos dos Templrios, e fiscalizava que todos usavam indumentria condizente, e tinham um comportamento apropriado. Apesar de parecer um cargo menor, a Regra dos Templrios considerava-o apenas inferior em hierarquia ao Gro-mestre e ao Marechal. O Drapier contava no seu squito com dois escudeiros, um nmero de alfaiates, e um irmo responsvel pelos animais de carga. Tal como o Marechal tinha quatro cavalos ao seu dispor.

Comandantes das Terras (Jerusalm, Antioquia e Tripoli)Estes oficiais Templrios funcionavam como prefeitos ou autarcas. Obedeciam aos Mestre provinciais e geriam as casas, castelos e propriedades dos Templrios. O seu squito pessoal era constitudo por dois escudeiros, dois soldados a p, um sargento, um dicono e um escriba sarraceno. Como o Marechal e o Drapier, tinha quatro cavalos ao seu dispor, e um palafrm (cavalo ceremonial).

Comandantes de cavaleiros, casas e propriedadesEstes templrios estavam sob os Comandantes das Terras, e eram os responsveis pelo dia a dia dos vrios terrenos sob a sua responsabilidade. Eram geralmente cavaleiros, mas se nenhum cavaleiro residia na regio a posio podia ser atribuda a um Sargento. Se o Comandante era um Cavaleiro era-lhe permitido quatro cavalos, mas se era um Sargento, apenas dois.

Mestres ProvinciaisOs Mestres Provinciais governavam as provncias ocidentais, do mesmo modo que os Comandantes das Terras o faziam na Palestina. A sua principal funo era a de recolha de fundos e recrutamento de homens.

CavaleirosO grosso do contingente militar dos Templrios era constitudo pelos Cavaleiros e Sargentos. Ambas as classes lutavam lado a lado em batalha, mas os Cavaleiros eram considerados superiores, por serem de nascimento nobre. Especialmente treinados na arte da guerra, eram os soldados mais temidos do seu tempo. Usavam o manto branco com uma cruz vermelha, que a imagem mais conhecida da Ordem. Cada Cavaleiro dispunha de um escudeiro e trs cavalos.

SargentosOs Sargentos no tinham nascimento nobre, pelo que tinham grau inferior aos dos Cavaleiros. Usavam um manto preto ou cinzento, possuam um cavalo e no tinham escudeiros. Em batalha comportavam-se do mesmo modo que os Cavaleiros e usavam o mesmo tipo de armamento.

EscudeirosOs Escudeiros eram jovens que davam assistncia aos cavaleiros, desde polir-lhes as armas, a tratar-lhe dos cavalos. Inicialmente era uma posio contratada, mais tarde passou a ser vista como um teste na passagem ao grau de Cavaleiro.

TurcopolierO Turcopolier era um militar contratado. Comandava a cavalaria ligeira e os Sargentos em batalha.

TurcopolosOs Turcopolos eram tropas locais que lutavam ao lado dos Templrios. O seu nome advm de serem contratados para alm dos territrios dos turcos. Eram habitualmente arqueiros a cavalo, o seu grau era semelhante ao dos Sargentos.

Irmos ancios ou doentesTemplrios j no activos, mas ainda membros da Ordem.

CapelesSer irmo Capelo era uma das posies mais importantes na hierarquia dos Templrios. Tinham funo de sacerdotes no interior da Ordem, de ouvir confisses e dar absolvio pelos pecados. De facto os Templrios estavam proibidos de se confessar noutro lugar, a menos que tivessem autorizao papal. Tal mantinha a espiritualidade dos Templrios independente do resto da Igreja, j que no respondiam perante clrigos ou bispos locais, mas sim apenas ao papa.

Servos laicosAlm dos guerreiros Templrios havia toda uma categoria de servos laicos, desde os que cuidavam dos animais, a pedreiros, carpinteiros que construam e reparavam as instalaes, ferreiros, pessoal administrativo responsvel pela escrita, tesouraria, etc. A regra da Ordem estabelecia quantos servos cada Templrio podia ter. Ultrapassar esse nmero era pecado de orgulho.

Autoria: Matheus Martins de Almeida e Miranda (1000faces)(Baseado em http://blog.templarhistory.com)