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FÓRUM DE DISCUSSÃO: QUANDO A PRESENÇA SOCIAL E A INTERAÇÃO SOBREPÕEM ÀS DISTÂNCIAS
Joelma de Medeiros Ramos1 (UCB Virtual)
Resumo
Este artigo apresenta o resultado da pesquisa exploratória realizada com o público-alvo de alunos e professores-tutores de cursos realizados a distância de diferentes instituições de ensino e capitais brasileiras. O objetivo do estudo foi identificar a relevância da presença social para a efetividade da interação através do fórum de discussão, e como a atuação do professor-tutor poderia interferir positivamente ou negativamente na qualidade do debate, na evasão e no processo de aprendizagem através deste espaço de comunicação assíncrona existente no ambiente virtual de aprendizagem (AVA). O resultado da pesquisa mostrou como as distâncias físicas, geográficas e temporais podem ser atenuadas na EAD através do empenho e técnicas pedagógicas a serem utilizadas pelo professor-tutor no curso realizado nesta modalidade de ensino; como também a participação ativa deste profissional durante os debates realizados nos fóruns de discussões, seja para dirimir dúvidas, mediar ou acompanhar a evolução e necessidade de cada aluno em suas aprendizagens, continuará sendo relevante para que os alunos sintam-se acolhidos e apoiados no ambiente virtual, evitando assim a evasão e promovendo a aprendizagem colaborativa.
Palavras-chave: Aprendizagem. Fórum de discussão. Interação. Presença social. Abstract This article presents the results of exploratory research with the target audience of students and teachers-tutors of the courses taken away from different educational institutions and capitals. The aim of the study was to identify the relevance of social presence for the effectiveness of the interaction through the forum, and how the role of the teacher-tutor could interfere positively or negatively on the quality of the debate, the avoidance and learning process through this space asynchronous communication existing in a virtual learning environment (VLE). The research result showed how the physical distances, geography and time can be alleviated through the EAD commitment and pedagogical
1 Pedagoga pós-graduada em Educação a Distância
Universidade Católica de Brasília (UCB Virtual) – Polo Recife – Pernambuco - Brasil – 2013 [email protected]
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techniques to be used by the teacher-tutor course held in this type of education, as well as the active participation of this person during discussions in discussion forums, is to dispel doubts, mediate and monitor the progress and needs of each student in their learning, continue to be relevant so that students feel welcomed and supported in the virtual environment, thus avoiding evasion and promoting collaborative learning . Keywords: Learning. Discussion forum. Interaction. Social presence.
INTRODUÇÃO
Este trabalho teve como objeto de estudo o Fórum de Discussão – ferramenta
interativa bastante usual nos Ambientes Virtuais de Aprendizagens (AVA), cujo foco
é possibilitar o espaço para comunicação interativa assíncrona entre professores-
tutores e alunos, ao longo das atividades propostas. E como neste espaço é
fundamental a participação desses atores, optamos analisar através de pesquisa
bibliográfica e exploratória, a relevância da presença social para a efetividade da
interação no fórum de discussão e de que forma a atuação desses docentes podem
interferir, positiva ou negativamente, na qualidade do debate, na evasão, no
processo de aprendizagem dos estudantes e na distância transacional. Afinal, são
os jovens que buscam na modalidade a distância um meio de formação pessoal,
profissional e acadêmica através de cursos livres (77,2% de alunos matriculados) ou
de nível superior (75% de alunos matriculados), conforme Censo EAD-BR 2011, o
qual mostra que há mais de 2,7 milhões de estudantes matriculados nesta
modalidade, segundo pesquisa realizada e divulgada pela ABED (Associação
Brasileira de Ensino a Distância).
Ademais, consideramos que o adequado ou inadequado uso desta ferramenta
é um tema instigante e desafiador para qualquer gestor ou professor-tutor de
cursos na modalidade a distância atualmente, haja vista que o foco central é a
qualidade do processo de ensino e aprendizagem através do ambiente virtual; e
para isso dependerá o desempenho de cada profissional envolvido. Outro fator
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atual que ainda é preocupante na EAD, diz respeito a evasão dos alunos. Por isso
esta pesquisa tentou apontar estratégias que poderão dirimir alguns percalços e
possíveis distâncias no ambiente virtual de aprendizagem, como também ressaltar
a importância da presença social para construção coletiva de conhecimento.
A educação a distância é uma modalidade de ensino que tem saltado aos
olhos de muitos jovens que buscam uma forma prática e com baixo custo para
investimento em cursos de atualização profissional. E como esse público
comumente faz uso das mídias sociais para se manter atualizado e também
conectado com as informações diárias; logo entendemos como essa realidade
também muda a cultura do ensino e da aprendizagem na educação a distância, pois
embora a sala de aula seja virtual, as relações pessoais podem ser mantidas através
dos diversos meios de comunicação, tais como: chat, email, fórum de discussão,
entre outros recursos; quebrando assim o paradigma de que este caminho de
desenvolvimento e aprendizagem será solitário. É neste viés que entra em cena o
Fórum de Discussão - ferramenta de comunicação interativa assíncrona que pode
amenizar essas distâncias físicas, geográficas, sociais e temporais.
Afinal, ao considerarmos que a interação só acontece a partir do
comportamento que estabelecemos com as pessoas, logo podemos imaginar o
quanto a presença social torna-se primordial na EAD. Por isso, algumas questões
são recorrentes: como a efetividade desta interação acontece entre os
participantes que fazem uso do fórum de discussão? De que forma a atuação dos
professores-tutores pode contribuir para o processo de aprendizagem dos
estudantes? Qual a importância da presença social para a aprendizagem no
ambiente virtual?
Foi a partir desse contexto que surgiu o interesse em pesquisar a temática,
com base em estudos acadêmicos publicados em periódicos disponibilizados na
Web, como também em livros cujos autores serão mencionados neste artigo, a
saber: BEHRENS (2005), BELLONI (1999), BICALHO (2012), CORTELAZZO (2009),
FILATRO (2009), KENSKI (2003), MATTAR (2007), MORAN (1998), MOORE (2002),
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PETERS (2001), entre outros. Foram os estudos desses autores que influenciaram
nas articulações das ideias a serem expostas ao longo dos sete tópicos que
compõem este artigo, onde iremos tratar de assuntos como: a nova modalidade de
educação: a virtual; a nova sala de aula: o ambiente virtual de aprendizagem
(AVA); o novo espaço de socialização e interação: o fórum de discussão; o papel do
professor-tutor; o sujeito da aprendizagem: o aluno virtual; a relevância da
presença social no ambiente virtual de aprendizagem; e as influências da distância
transacional na aprendizagem.
ENTRA EM CENA UMA NOVA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO: A VIRTUAL
Embora a educação a distância seja uma prática ainda recente no Brasil (a nível
mundial), essa modalidade teve os seus precursores ainda no séc. VIII a.C através
das primeiras cartas (epístolas) escritas pelo Apóstolo São Paulo, onde os seus
ensinamentos eram levados aos cristãos e demais discípulos residentes em cidades
e países longínquos. Vemos, portanto, que a EAD não é uma prática recente,
inclusive, alguns pesquisadores têm classificado as várias formas e gerações da
EAD, pois embora haja uma unanimidade, essa modalidade só tem a se modificar
e crescer. Contudo, Mattar (2007) faz uma referência propagada por Moore e
Kearsley (2007) quando eles fazem a classificação de pelo menos cinco gerações
da EAD, são elas: a primeira geração que atuava com ensino por correspondência;
a segunda geração que fazia uso do rádio e da televisão; a terceira geração com a
abordagem sistêmica (incluindo as Universidades Abertas); a quarta geração
através da teleconferência e por fim, a quinta geração (nossa geração) com a
utilização do computador e da internet.
Já no panorama geral e oficial, a educação na modalidade a distância teve
início no ano de 1965 no Alaska (Estados Unidos), onde aulas foram oferecidas via
satélite para a formação continuada dos professores na University of Alaska e na
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University of Havali. No Brasil, foi a partir da década de 70 que esta nova
modalidade de ensino ganhou espaço através de aulas via satélite oferecidos por
empresas privadas e não-governamentais para curso de supletivo, no modelo de
tele-educação, com aulas via satélite complementadas por materiais impressos.
E a partir daí esta modalidade tem ganhado novos adeptos através do
ensino pelo computador conectado à internet, seja em instituições privadas e
públicas, como também centros acadêmicos, os quais têm investido em cursos
livres profissionalizantes, graduações e pós-graduações Lato Sensu, que planejam
suas ações de educação com o percentual de aulas presenciais e também virtuais;
conforme regulamento instituído pelo Ministério da Educação, com base no
Decreto 5.622, datado em 19 de dezembro de 2005.
Contudo, vale ressaltar que ainda não há regulamentação da CAPES
(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) para cursos
Stricto Sensu (mestrado e doutorado) a distância. Vemos, portanto, que essa
modalidade tem desbravado fronteiras, haja vista que não apenas no Brasil, como
também em países estrangeiros, tem-se obtido êxitos através da EAD, a exemplo
da Coréia, da África do Sul, da Noruega, do Paquistão, na Turquia e no mundo
árabe. Isso comprova que a educação rompe fronteiras, principalmente agora com
a globalização, onde as mudanças sociais e a busca pelo conhecimento são
constantes, e o avanço tecnológico só vem agregar. Contudo, Belloni destaca que
as tecnologias não são boas (ou más) em si, podem trazer grandes contribuições para a educação, se forem usadas adequadamente ou apenas fornecer um revestimento moderno a um ensino antigo e inadequado. (BELLONI, 1999, p. 104)
Embora ainda haja controvérsias e preconceitos sobre a qualidade dos
cursos oferecidos a distância, como forma de garantir diploma fácil, rápido e sem
muitas exigências; podemos considerar que ela é um instrumento para
universalização do ensino e obtenção, atualização, construção e disseminação do
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conhecimento com qualidade e com custo acessível para o público que não precisa
se preocupar com deslocamento para os centros urbanos e acadêmicos.
E, quando este ambiente virtual torna-se acolhedor e propício para troca de
informações, sem dúvida que o aprendizado e a motivação de cada aluno
participante serão acentuados, conforme afirma Filatro (2008, p. 107) “a interação
diz respeito ao comportamento das pessoas em relação a outras pessoas e aos
sistemas. Ela está ligada à ação recíproca pela qual indivíduos e objetos se
influenciam mutuamente”. Assim, podemos considerar que será a qualidade desta
interação que influenciará a colaboração, a efetividade, a aprendizagem dos alunos
e o nível de distância transacional no fórum de discussão.
A NOVA SALA DE AULA: O AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM
(AVA)
As mudanças sociais na atualidade têm modificado a concepção de ensinar
e aprender, seja na modalidade presencial ou virtual. Isso porque não devemos
nos limitar ao ensino formal com aulas expositivas, alunos assentados em cadeiras
enfileiradas e com leitura muitas vezes solitária dos livros didáticos. Afinal, a
educação ocorre em diversos contextos sociais (escolas, universidades, ONG,
empresas, família, igreja, entre outros), em diferentes faixas etárias (crianças,
jovens, adultos) e nos diferentes níveis culturais e econômicos.
É a partir dessas mudanças que entra em cena a modalidade de educação a
distância, que tem como aliados o computador, o tablet ou o celular conectados à
internet para disseminar conhecimentos através das mídias sociais (twitter, blog,
facebook, wikis, microblogs, entre outros), dos sites ou das aulas em vídeo. Tudo
isso de forma dinâmica, ágil, flexível e inclusiva. Afinal, a educação rompe
barreiras geográficas, físicas, culturais, sociais e econômicas, tudo isso para
conectar as pessoas, permitindo que essas aprendam e ensinem sem
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necessariamente estarem presentes no mesmo espaço físico através de uma sala de
aula, por exemplo. Bastam usar os recursos tecnológicos a favor do conhecimento,
conforme ressalta Samoramo,
a tecnologia é um meio, um caminho para se atingir um objetivo. Nesse caso a meta é levar o conhecimento ao maior número de pessoas a um custo menor do que seria em um processo tradicional – vantagem quantitativa – e também com vantagens qualitativas, tendo seu
conteúdo sempre atualizado, dinâmico, interativo e de acordo com as necessidades de seu público-alvo. (SAMORAMO, 2007, p. 30)
Na EAD a sala de aula é conhecida como AVA (ambiente virtual de
aprendizagem), o qual é diagramado utilizando-se da convergência entre exibição
de texto, áudio, vídeo, atividades síncronas e assíncronas, como também por
alguns recursos de comunicação, como email, chat, fórum de discussão, blog ou
alguma mídia social de cunho educacional. Tudo isso para favorecer a interação e a
aprendizagem colaborativa entre os participantes.
O NOVO ESPAÇO DE SOCIALIZAÇÃO E INTERAÇÃO: O FÓRUM DE
DISCUSSÃO
Dentre as ferramentas disponíveis nos ambientes virtuais de aprendizagem
(AVA), o fórum de discussão é, e certamente continuará sendo, o espaço virtual
de comunicação assíncrona mais usual na educação a distância, que tem como
finalidade agrupar pessoas através do processo de interação pessoal e pedagógico,
a fim de que estas interajam e compartilhem ideias, contribuições teóricas e
práticas sobre determinado conteúdo.
Afinal, nossa aprendizagem deve acontecer ao longo de toda a vida, através
das trocas estabelecidas entre os pares, seja no modelo presencial, seja no
virtual, corroborando assim com as recomendações de Delors expostas no relatório
da UNESCO concernentes aos quatro pilares da educação para o século 21. Na
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opinião deste autor, a aprendizagem deve acontecer nas esferas do conhecer, do
fazer, do viver e do ser. Portanto,
a educação deve organizar-se em torno de quatro aprendizagens fundamentais que, ao longo de toda a vida, serão de algum modo para cada indivíduo, os pilares do conhecimento: aprender a conhecer, isto é adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; finalmente aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes. É claro que estas quatro vias do saber constituem apenas uma, dado que existem entre elas múltiplos pontos de contato, de relacionamento e de permuta. (DELORS, 1998, p. 90)
Desta feita, acreditamos que a atuação do professor-tutor no processo de
mediação nos fóruns de discussões em cursos a distância interfere diretamente no
processo de aprendizagem dos estudantes, na qualidade do debate, na distância
transacional e nos níveis de evasão que se podem observar. Afinal, o cenário atual
da educação diante das tecnologias, revela um ponto em que todos os educadores
certamente hão de concordar: que o professor não pode se revestir com a
armadura de detentor do conhecimento, mas deverá desenvolver diariamente a
habilidade de ser um mediador da aprendizagem, frente às tecnologias que
surgem e acabam por fazer parte da cultura social e acadêmica.
O PROFESSOR-TUTOR NA EAD
Quando imaginamos uma sala de aula, logo vem à mente a figura do
professor, não é mesmo? Assim como no modelo presencial, no virtual esse
profissional é de total relevância, afinal, ele será o responsável por mediar à
aprendizagem dos alunos, como também ser o elo de ligação entre alunos e
instituição de ensino promotora do curso. Na EAD o professor também é conhecido
como tutor ou apenas professor-tutor, isso porque suas atribuições podem ser
diferenciadas conforme contrato de trabalho de cada um. Contudo, deve-se
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atentar para as recomendações dos Referenciais de Qualidade para a Educação
Superior a Distância
o tutor deve ser compreendido como um dos sujeitos que participa ativamente na prática pedagógica. Suas atividades desenvolvidas a distancia e/ou presencialmente devem contribuir para o desenvolvimento dos processos de ensino e de aprendizagem e para o acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico. (BRASIL, 2007, p. 21)
Geralmente o professor na EAD é o responsável pelo planejamento, revisão e
atualização do conteúdo, o qual atua de forma multidisciplinar com outros
profissionais das áreas de designer instrucional, psicologia, pedagogia e
diagramação, a fim de produzir e publicar as aulas, visando atender às
necessidades de aprendizagem de cada aluno, bem como a proposta pedagógica do
curso.
Já o tutor pode atuar de forma integrada com esse professor conteudista e
também com a equipe multidisciplinar, buscando manter o contato humano com os
alunos, mediando o processo de aprendizagem de cada um, promovendo a
integração da turma, estimulando e acompanhando a participação, bem como nas
correções das atividades entregues.
Mas, como em toda regra há exceções, na EAD também não é diferente, pois
o professor conteudista também poderá desenvolver o papel de tutor. Tudo
dependerá do contrato de trabalho acordado entre ambas as partes: contratante e
contratado. Ou seja, as atribuições podem estar relacionadas para o mesmo
profissional, fazendo com que ele seja a ponte de ligação entre aluno, conteúdo e
instituição de ensino. Para Garcia Aretio (1994 apud Kenski), o tutor é definido
como
assessor, conselheiro, animador que motiva a aprendizagem e esclarece e resolve as dúvidas e problemas surgidos nos estudos dos alunos e, em alguns casos, avalia a aprendizagem. Para esse autor, as funções da tutoria em cursos a distância se classificam em: função de orientação (centrada fundamentalmente no âmbito da afetividade, das atitudes e emoções), função acadêmica (focaliza o âmbito cognitivo) e função de
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colaboração e nexo (do tutor para com a instituição central e com os professores responsáveis pelas disciplinas do curso). (KENSKI, 2007, p. 59).
Engane-se, portanto, quem pensa que por se tratar de uma educação no
modelo virtual, não haja necessidade deste docente. Pelo contrário, sua atuação
eficaz será pontual para que o processo de ensino e aprendizagem seja positivo.
Por isso é imprescindível que este profissional tenha as competências (C.H.A) que
são os conhecimentos, as habilidades e as atitudes que competem a qualquer
profissional; mas por se tratar da área de educação, é recomendado acrescentar às
competências pedagógicas, técnicas e gerenciais, pois dependendo do contexto de
trabalho, ele tanto poderá elaborar, atualizar, complementar e corrigir conteúdos,
quanto mediar o processo de ensino-aprendizagem junto aos alunos.
O ALUNO VIRTUAL
Neste universo da educação virtual é importante lembrarmos que o público
geralmente é formado por jovens e adultos que buscam nesta modalidade de
ensino uma oportunidade de obter conhecimento de forma prática, flexível,
acessível e de qualidade. Portanto, faz-se necessário que sejam observados os
princípios da Andragogia – ciência que estuda como os adultos aprendem – a qual
enfatiza que o currículo precisa ser planejado de acordo com o perfil deste
público, haja vista que ele tem interesse, acervo de conhecimento pessoal,
familiar, cultural e social que precisam ser reconhecidos, evidenciados e
compartilhados com os demais, conforme ressalta Knowles,
o ensino autoritário, exames que boicotam idéias originais, fórmulas pedagógicas rígidas - nada disso tem lugar na educação de adultos (...) Grupos reduzidos de adultos que desejam manter sua mente jovem e vigorosa, que começam a aprender ao confrontarem suas experiência
antes de recorrer a textos e fatos secundários, que são conduzidos na discussão por professores, os quais também são buscadores de sabedoria, e não de oráculos; isso constitui o cenário para a educação de adultos, a busca moderna para o sentido da vida. (KNOWLES, 2009, p. 42)
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O aluno, por sua vez, saiu do papel de receptor, para tornar-se agora sujeito
da sua própria aprendizagem, que tem mais autonomia e faz uso da sua inteligência
para aprender de forma coletiva, seja através do contato com outras pessoas ou
uso dos vários recursos comunicacionais existentes nas mídias sociais (chat, email,
fórum, blog, facebook, entre outros).
E diante desse contexto onde os avanços tecnológicos estão em voga e
acentuados na educação a distância, observa-se uma mudança de comportamento
no aluno de um curso virtual, haja vista que além da busca do conhecimento, ele
também avalia se este ambiente de estudo será convidativo, estimulante,
acolhedor, desafiador, colaborativo e propício a novas aprendizagens; seja através
dos conteúdos expostos, das formas de comunicação existentes, pelas trocas de
experiências entre alunos e professores, como também se este conjunto de fatores
atendem às suas características de aprendizagens ou estilos de aprendizagens.
A PRESENÇA SOCIAL E A INTERAÇÃO NO AMBIENTE VIRTUAL DE
APRENDIZAGEM
Estudos já publicados na Web mostram que o conceito do termo presença
social começou a ser definido por Short et al. (1976 apud Matarazzo 2007, p. 47),
para demonstrar a percepção do outro através da comunicação mediada por
recursos tecnológicos e as relações interpessoais estabelecidas entre as pessoas
através destes artifícios. Já Garisson e Anderson (2003 apud Matarazzo 2007, p. 48)
definem a presença social como sendo habilidades dos alunos ao se projetarem
social e emocionalmente em comunidade virtual. Por certo que este contato físico
e de proximidade é muito peculiar das nossas relações pessoais no âmbito
presencial, principalmente entre professores e alunos, o que por vezes possibilita
aprendizagens efetivas, conforme estudos publicados por Chih-Hsiung Tu (2002
apud Crato, 2008, p.38) ao verificar que
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a presença social influencia positivamente a interação, sugerindo que o contexto social, ou seja, as características dos participantes e as suas
percepções, o tipo de comunicação online (linguagem usada), e a interação (as atividades) são elementos importantes para se construir e estabelecer a presença social e o sentido de comunidades entre os participantes. (TU 2002 apud CRATO, 2008, p.38)
É justamente essa necessidade de estabelecermos contato físico com as
pessoas, que nos faz refletir como essas distâncias podem ser atenuadas na
educação na modalidade a distância através de um ambiente acolhedor, de
proximidade e que permitam às pessoas promoverem relações interpessoais mesmo
que seja de forma virtual. Afinal, o social influenciará na forma individual de cada
um construir conhecimentos – o que na educação a distância é fator primordial “a
aprendizagem colaborativa” – o que já se tornou hábito para milhares de pessoas
que fazem uso diário das mídias sociais, principalmente as de cunho educacional.
Inclusive, Sérgio ressalta que
a construção de ideias pessoais e de uma compreensão própria de determinado conceito, vai ocorrer se existe a possibilidade de as partilhar e de debate num contexto social. Nos fóruns de discussão, é precisamente o que se observa, a aprendizagem ocorrer a partir de um trabalho colaborativo e social entre os participantes. (SERGIO, 2007, p.45)
Podemos considerar que estamos na era dos interconectados. Isso porque é
crescente a quantidade de pessoas que a cada dia estão plugadas nas redes sociais
e que se mantém atualizadas com as notícias que circulam velozmente na rede.
Logo, é importante que o ambiente virtual de aprendizagem possibilite essas trocas
entre os alunos através do fórum de discussão ou outro recurso de comunicação,
conforme ressalta Lisboa e Coutinho,
a presença social, diz respeito à criação de um ambiente favorável, de tal forma que os participantes sintam-se confortáveis e seguros para expressarem as suas ideias. Ela é fundamental numa comunidade porque prepara os membros a desenvolverem a capacidade de expressar suas opiniões, pontos de vista e, acima de tudo, respeitar a diversidade de opiniões existentes no grupo. Deste modo, ela torna-se um apoio de
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grande importância para que a presença cognitiva se efetive, uma vez que prepara os indivíduos para aprenderem de forma colaborativa, para discutirem ideias com argumentos sólidos e dentro dos princípios éticos, favorecendo assim, a reflexão crítica, e por fim, a aprendizagem (LISBOA; COUTINHO, 2004, p.9).
É neste cenário que entra em cena os Ambientes Virtuais de Aprendizagens
na Web 2.0, com a diversidade de recursos comunicacionais que neles podem
existir; tudo isso para tornar um ambiente de "sala de aula" mais próximo um dos
outros, despertando nas pessoas o sentimento de pertencimento, colaboração,
aceitação, através da linguagem não verbal, com o uso de símbolos, como o smaile,
por exemplo – figura muito usual para demonstrar o estado emocional pessoal ao
redigir uma mensagem no chat, no email ou no fórum de discussão. Ou seja, é uma
forma de aproximar as pessoas, mesmo que de forma virtual, conforme ressalta
Machado (2005, p. 4) “a presença social refere-se à projeção individual dos
participantes enquanto sujeitos tanto nos seus aspectos emocionais quanto
sociais”.
A DISTÂNCIA TRANSACIONAL E A APRENDIZAGEM
Com o atual avanço da tecnologia, temos a sensação de que o conceito de
“estar perto e distante” é muito relativo; tendo em vista o uso constante dos
meios de comunicação através das mídias sociais (chat, skype, telefone, email,
facebook, twitter, entre outros) que possibilitam as pessoas estabelecerem
relações interpessoais e trocarem informações sem se preocuparem com a
distância física, geográfica ou temporal.
A impressão que temos é que o globo terra está menor, no sentido de que
não há barreiras e distâncias que possam separar às pessoas das mudanças globais;
do acesso rápido às informações, da possibilidade de construção pessoal e coletiva
de conhecimento, do acesso aos diversos meios de comunicação e, das relações
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interpessoais, que podem ser estabelecidas presencialmente ou virtualmente. Isso
é muito bom para a educação, pois como afirmam Maia e Mattar
a distância transacional não interessa a distancia física entre professor e aluno, ou mesmo entre alunos, mas sim as relações pedagógicas e psicológicas que se estabelecem na EaD. Portanto, independentemente da distancia espacial ou temporal, os professores e os alunos podem estar mais ou menos distantes em EaD, do ponto de vista transacional. (MAIA; MATTAR, 2007, p. 15)
Mas afinal, o que é distância transacional? De acordo com artigo publicado
por Moore (1993), somos sabedores de que o conceito de distância transacional foi
originado através de Dewey e Bentley (1949) e posteriormente exposto por Boyd e
Apps (1980), cujos autores indicaram que a distância “denota a interação entre o
ambiente, os indivíduos e os padrões de comportamento numa dada situação”.
Moore continua sua explicação ao afirmar que na educação a distância essa
transação ocorre devido a separação entre alunos e professores, e que na opinião
dele essa separação
afeta profundamente tanto o ensino quanto a aprendizagem. Com a separação surge um espaço psicológico comunicacional a ser transposto, um espaço de potenciais mal-entendidos entre as intervenções do instrutor e as do aluno. Este espaço psicológico e comunicacional é a distância transacional. (MOORE, 1993, p. 2)
Logo, entendemos que essa possível dificuldade pode ser transposta através
da eficácia do trabalho do professor-tutor ao mediar e facilitar o processo de
ensino-aprendizagem dos alunos, bem como através de ações bem articuladas ao
serem implementadas na criação do curso, com os recursos comunicacionais a
serem utilizados no ambiente virtual de aprendizagem, assim como a qualidade do
material de estudo, conforme ressalta Gunawardena & Zittle (1997 apud Crato
2008)
professores e estudantes envolvidos nas comunidades de aprendizagem online desenvolvem um conjunto de comportamentos de proximidade que são inerentes à cultura online, que no entanto podem ser
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estimulados e treinados por exemplo em sessões inicias de apresentação e socialização, mas também através de protocolos de interação especifica, adotando técnicas de moderação particulares (como por exemplo reconhecer ideias, sumariar, citar ideias de outros, e outras ações. (CRATO, 2008, p.67)
Então, a distância transacional é um mal para a educação a distância? De
acordo com o que lemos, essa transação pode ser facilmente percebida na educação online, contudo, ela ocorre em qualquer nível da educação, até mesmo na presencial, haja vista que se trata de um efeito psicológico, e não meramente físico. Para Peters, por exemplo, o aumento da transação pode ser eficaz para a autonomia do aluno
em certos casos pode, inclusive, ser desejável uma distância transacional grande ou até mesmo extremamente grande, porque ela constitui uma premissa importante para o estudo autônomo, ao qual se atribui um alto valor justamente no ensino a distância. [...] A distância transacional é uma função de três grandezas, que mudam de uma situação para outra, em parte inclusive, são antagônicas ou até mesmo excludentes. (PETERS, 2001, p. 65).
Moore (1993) destaca pelo menos três variáveis que influenciam a distância
transacional: o diálogo, a estrutura e a autonomia do aluno. Ou seja, essa
transação depende do contexto dialógico e da percepção psicológica de cada um
com o material de estudo, o nível de relacionamento com os demais colegas e
tutor, bem como o desabrochar de sua autonomia frente à sua aprendizagem.
METODOLOGIA
Diante dos objetivos propostos para esse trabalho, optou-se por iniciar o
percurso metodológico com a pesquisa bibliográfica, a fim de que esta fornecesse
bases para o desenvolvimento do referencial teórico sobre o estudo do fórum de
discussão e a relação entre a efetividade da interação e a presença social nos
cursos a distância. Posteriormente desenvolvemos uma pesquisa exploratória, de
caráter qualitativo, por meio da aplicação de questionários eletrônicos para o
público-alvo de alunos e professores-tutores de diferentes instituições de ensino e
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regiões do Brasil. Elaboramos então um questionário para cada público, contendo
15 questões com itens abertos e fechados, os quais ficaram expostos para os
respondentes no período de 15 dias através do site de pesquisa gratuita
disponibilizado pelo Google Docs.
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA
A referida pesquisa envolveu uma amostra de 23 alunos e 29 professores-
tutores que estudam ou atuam como docentes em cursos superiores nos segmentos
privado, público e federal em instituições de ensino de diferentes cidades
brasileiras. Os dados mostraram que para ambos os públicos de respondentes
houve o predomínio do sexo feminino: 78% no grupo de alunos e 66% no grupo de
professores, tendo a idade média de 42 anos em ambos os públicos.
As perguntas foram elaboradas para ambos os públicos contendo os mesmos
objetivos: identificar a importância da interação no ambiente virtual de
aprendizagem; assiduidade pessoal e também do professor-tutor durante o fórum
de discussão; fatores que influenciavam positivamente ou negativamente a
participação no fórum ou continuidade no curso realizado a distância; importância
da interação para a aprendizagem colaborativa; planejamento para participação;
estratégias adotadas pelo tutor para dirimir a evasão e meio de comunicação
utilizado pelo tutor para estimular a interação; conforme demonstrativos de
respostas:
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RESULTADO DA PESQUISA COM 23 ALUNOS
Você sente a presença dos colegas e tutor na sala de
aula virtual?
4%4%
36%
26%
30%Nunca
Raramente
Algumas vezes
Muitas vezes
Sempre
Considerando que a presença social é imprescindível para que haja
interação e aprendizagem, perguntamos aos alunos se eles sentiam a presença
virtual dos colegas e também tutor na sala de aula virtual. E 36% dos alunos
responderam que sentem essa presença social algumas vezes; enquanto que
apenas 4% afirmaram que nunca sentem essa presença.
Como tem sido a sua participação nos fóruns de
discussão?
4%13%
78%
4% Restrita à elaboração de trabalho
em grupo
Apenas como “ouvinte”, sem
postagens
Com interação nos debates
coletivos
Participo apenas para sanar
dúvidas com o professor-tutor
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Um dos objetivos do estudo foi identificar qual a finalidade dos alunos ao
participarem do fórum de discussão. E uma agradável constatação foi saber que
78% dos respondentes afirmaram acessar o fórum para interação durante os
debates coletivos. Logo, entendemos como esta ferramenta é propícia para
promover a integração interpessoal, a troca de experiências entre os pares e a
aprendizagem colaborativa através do ambiente virtual.
Quais fatores contribuem para que você participe dos
fóruns de discussões?
16%14%
22%
23%
23%
A qualidade dos debates
A interação/proximidade dos
colegas
A oportunidade de emitir
opinião e trocar experiências
A intervenção do professor-
tutor
A obrigatoriedade para
avaliação do curso
Perguntamos também para os alunos quais seriam os fatores para que eles
participassem das atividades no fórum de discussão. Nesta questão eles poderiam
escolher mais de uma resposta. Obtivemos, portanto, os percentuais de 23% para
duas das cinco alternativas apresentadas para os alunos, os quais afirmaram que a
participação está atrelada a qualidade dos debates, e a oportunidade de emitir
opiniões e trocar experiências com os colegas.
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Quais fatores podem favorecer
a sua evasão no curso?
13%
16%
14%
17%
5%
5%
6%14%
Falta de interação no fórum de discussão
Dificuldade para participar dos fóruns e
realizar as atividades
Dificuldade para gerenciar o tempo
necessário para participar do curso
Problemas pessoais
Falta de participação do professor-tutor
Dificuldade em estabelecer relacionamento
interpessoal virtualmente
Inibição em expressar a opinião pessoal no
ambiente virtual de aprendizagem
Inexperiência em utilizar os recursos virtuais
(chat, email, fórum) para expressar a opinião
pessoal de forma eletrônica
Ao considerar que a evasão de alunos é um assunto ainda preocupante para
muitos tutores e gestores de cursos realizados a distância, perguntamos aos alunos
quais fatores poderiam influenciar a sua desistência (evasão) durante o curso
ministrado nesta modalidade. Nesta questão os alunos poderiam escolher mais de
uma opção. E o percentual de 17% dos alunos afirmaram que um dos motivos
estaria atrelado a falta de participação do tutor durante o fórum de discussão.
Enquanto que 16% relacionaram esta possível desistência à dificuldade pessoal
para administrar o tempo para realização das atividades e aproveitamento do
curso.
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RESULTADO DA PESQUISA COM 29 PROFESSORES-TUTORES
Quais os meios de comunicação mais propícios para
interação na EAD?
14%
37%29%
16%Chat
Fórum de discussão
Conferência
E sabendo que a interação faz parte das relações sociais, perguntamos aos
professores-tutores quais os meios de comunicação mais propícios para a
interação interpessoal no curso realizado a distância. Nesta questão o público
poderia escolher mais de uma opção. E 37% dos respondentes afirmaram ser o
fórum de discussão o espaço destinado para essas trocas entre os pares. Já 29%
dos respondentes escolheram o email como forma interativa na EAD.
Com qual frequência você acessa o fórum de
discussão?
10%
7%
48%
31%
Uma vez por dia
Duas vezes por dia
Até duas vezes por
semana
Pelo menos três vezes
na semana
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Outro fator relevante sobre a atuação do docente da EAD está relacionado
à quantidade de intervenções que este profissional faz semanalmente no fórum de
discussão: 48% responderam que esta ação acontece pelo menos duas vezes ao
dia. Esse resultado é muito bom, pois ratifica o compromisso que o docente deve
ter ao acompanhar o desenrolar do debate para o tema proposto neste espaço
virtual, como também sinaliza o quanto este profissional está atento à
aprendizagem, à qualidade do debate e a construção coletiva de conhecimento.
Quais são as estratégias mais adequadas para o tutor mediar
o fórum de discussão?
32%
13% 25%
26%
Quando ele inicia e mantém
contato, realizando o
acompanhamento sistemático da
discussão
Quando ajuda o aluno a lidar
com obstáculos e a alcançar os
seus objetivos de aprendizagem
Quando serve de elo de ligação
entre os alunos e a instituição de
ensino
Quando atua como facilitador da
aprendizagem ao propor
reflexões ou levanta
questionamentos sobre
determinado assunto ainda
desconhecido/obscuro
E quais estratégias mais adequadas para o tutor fazer uso ao mediar os
debates durante o fórum de discussão? Nesta questão eles poderiam escolher mais
de uma alternativa: 32% afirmaram que uma das estratégias é quando o
profissional atua como facilitador da aprendizagem ao lançar mão de questões
que atendam a assuntos ainda obscuros entre os participantes, já 26% afirmaram
que outra estratégia é quando o docente inicia e mantém contato com os alunos
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durante o desenrolar de toda a discussão, realizando assim um acompanhamento
sistemático e pontual da aprendizagem individual e em grupo.
Quais meios de comunicação você utiliza pra manter contato com
estudantes ausentes ou pouco participativos no fórum?
3%
3%
17%
40%
29%
E-mail pessoal
Telefone
SMS
Mensagem no ambiente virtual
Não faz contato com os alunos
ausentes ou pouco participativos
E como presença social e participação são imprescindíveis no curso
realizado a distância, perguntamos aos professores-tutores quais meios de
comunicação eles utilizavam para manter contato com alunos ausentes ou pouco
participativos nos fóruns de discussão. Nesta questão eles poderiam escolher mais
de uma alternativa. E 40% afirmaram fazer uso das mensagens eletrônicas
postadas no próprio ambiente virtual do curso; enquanto que 29% afirmaram fazer
uso do contato pessoal por email. Isso denota a preocupação que cada profissional
tem diante de possíveis ameaças de evasão.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das respostas obtidas a partir da pesquisa realizada com os alunos,
consideramos que os resultados atenderam totalmente a hipótese da pesquisa:
“acreditamos que a atuação do professor-tutor no processo de mediação de fóruns
de discussão em cursos a distância interfere diretamente no processo de
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aprendizagem dos estudantes, na qualidade do debate, na distância transacional e
nos níveis de evasão que se pode observar”.
De igual modo os resultados obtidos com a pesquisa realizada com os
tutores também atenderam os objetivos propostos: “Identificar os fatores que
contribuem para a efetividade da interação entre os participantes em um fórum
de discussão. Avaliar se a regularidade ou não da presença social do tutor e dos
alunos influenciam na efetividade dos debates. Verificar quais estratégias
pedagógicas e comportamentais adotadas pelo professor-tutor podem influenciar
positivamente ou negativamente no processo de aprendizagem dos estudantes”.
Ademais, observamos como as distâncias físicas, geográficas e temporais
podem ser atenuadas na EAD através do empenho e técnicas pedagógicas a serem
utilizadas pelo professor-tutor no curso realizado nesta modalidade de ensino;
como também a participação ativa deste profissional durante os debates realizados
nos fóruns de discussões, seja para dirimir dúvidas, seja para acompanhar a
evolução e necessidade de cada aluno em suas aprendizagens, continuará sendo
relevante para que os alunos sintam-se acolhidos e apoiados no ambiente virtual,
evitando assim a evasão.
Desta feita, consideramos que o presente estudo contribuiu no campo
científico para que outros sejam realizados com abordagens qualitativas e também
experimentais; trazendo enfoques sobre: Como avaliar a efetividade da
aprendizagem colaborativa no fórum de discussão? Quais são os conhecimentos, as
habilidades e as atitudes que competem a tutoria para que esta atue como
facilitador da aprendizagem? Quais fatores influenciam a evasão e como atenuá-
las? Como atender os diferentes estilos de aprendizagens do alunado na EAD? Quais
técnicas pedagógicas o tutor pode lançar mão nos AVA’s, tornando efetiva a
aprendizagem? Como tornar efetivas as interações e a qualidades dos debates no
fórum de discussão? Qual a relação entre atuação do tutor e a distância
transacional e como estas podem ser dirimidas na EAD? E como identificar a
presença social através do AVA?
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Por certo de que serão estudos como este e outros mais amplos que irão
contribuir para que pesquisas e aperfeiçoamentos sejam implantados e divulgados,
possibilitando aos alunos, aos gestores e aos professores-tutores, melhorias
significativas no campo do saber nesta era da conectividade, onde a educação a
distância está em voga.
REFERÊNCIAS
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