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Fundamentos de Sociologia Aplicada às Organizações

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Introdução à Sociologia

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Fundamentos de Sociologia Aplicada às Organizações

Material teórico

Responsável pelo Conteúdo:

Prof. Kátia Pellicci Cembrone Prof. Alexandre Augusto Giorgio

Introdução à Sociologia

Introdução à Sociologia

O presente conteúdo foi elaborado com a intenção de alcançar dois objetivos: o primeiro, fornecer a base teórica e metodológica das principais teorias sociológicas que se empenham em explicar as estruturas, os processos e os fenômenos sociais; o segundo objetivo consiste em propor uma discussão para o aprofundamento das questões que serão levantadas, com o intuito de possibilitar a compreensão da realidade social em que vivemos, para nortear a nossa prática social de cidadãos conscientes, críticos e politicamente comprometidos com a transformação social.

Atenção

Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar

as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.

Fonte:http://historia_demografica.tripod.com/pesquisadores/images/tarsila-operarios.gif. Acessado em 08 de Janeiro de 2013.

Segundo Karl Marx, “Os filósofos se limitaram a interpretar o mundo de diferentes maneiras; o que importa é transformá-lo”. Esta idéia introduz o pensamento sociológico partindo do pressuposto de que através do estudo do comportamento humano e os processos que interligam o indivíduo em associações, grupos e instituições, pode-se não só explicar os fenômenos e as transformações sociais, mas buscar soluções e alternativas transformadoras para alcançar uma sociedade mais justa e menos desigual.

Vamos iniciar o estudo introdutório à sociologia, buscando a compreensão de sua importância analisando a evolução histórica dessa ciência.

Contextualização

Os filósofos se limitaram

a interpretar o mundo

de diferentes maneiras; o que

importa é transformá-lo.

KARL Marx

1. A Construção do Conhecimento em Sociologia: 1.1. Senso Comum

A primeira modalidade de conhecimento que devemos considerar nas Ciências Sociais é o senso comum. Trata-se de um conhecimento popular distinto do código culturalmente dominante e refere-se a um conjunto de opiniões, recomendações, conselhos, práticas e normas relativas à vida individual e coletiva numa sociedade. Portanto, o senso comum diz respeito a princípios normativos populares - conhecimento convencional que se fundamenta na tradição, nos costumes e vivências cotidianas.

O saber adquirido pelo senso comum orienta as ações pessoais e coletivas da imensa massa da população, tanto daqueles excluídos dos benefícios sociais e do conhecimento científico dominante, quanto as classes sociais mais favorecidas, isso porque podemos localizar repertórios geradores de sensos comuns até mesmo nas letras, nos veículos de imprensa (TV, rádio, jornais, revistas, internet etc.) e nos “formadores de opinião”, desde articulistas políticos até pretensos intelectuais. Deve-se, portanto, a esse conhecimento popular, ao bom senso e ao senso comum, a garantia e as condições mínimas de vida com critério, inteligência, discernimento e reflexão prévia diante dos problemas cotidianos.

Mais do que simples costumes e tradições, a vida e a prática popular têm demonstrado que, embora limitado, o bom senso, o conhecimento popular, o senso comum asseguraram e continuam assegurando as condições de vida tanto em sociedades simples quanto em sociedades complexas. São notáveis, por exemplo, os conhecimentos e práticas desenvolvidos por povos indígenas: conhecimentos, domínios e práticas cobiçados pelas multinacionais, principalmente em questões medicinais. Reconhecendo que o senso comum é um saber qualitativamente diferenciado do saber científico e acadêmico, devemos nos colocar, contudo, na disposição de reconhecer os méritos que necessitam ser atribuídos ao senso comum que muito têm acrescentado à construção de novos saberes para a vida humana em sociedade.

Material Teórico

Mesmo assim, não se trata de negar, no cotidiano, o bom senso, o conhecimento popular, pois dele depende a vida de milhões de pessoas sobre a Terra, desde aqueles que não tiveram e continuam não tendo acesso à escola de qualidade e à convivência social mínima, até aqueles que se julgam “portadores de verdades absolutas”.

1.2. Senso Crítico

O senso crítico depende do harmonioso crescimento de duas dimensões da

consciência: a reflexão sobre si e a atenção sobre o mundo. Se apenas uma delas progride, há uma deformação, um abalo no desenvolvimento do senso crítico.

Suponhamos, por exemplo, o crescimento só da consciência do outro. Essa atenção unilateral ao mundo, sem a reflexão sobre si mesmo, conduziria à perda da identidade pessoal, à exaltação dos objetos externos, ao alheamento. Por outro lado, imaginemos o crescimento só da consciência de si. Essa reflexão em torno do eu, sem atenção sobre o mundo, conduziria ao isolamento, ao fechamento interior, ao labirinto narcisista.

O escritor alemão Wolfgang Goethe (1749-1832) dizia que o homem só conhece o mundo dentro de si se toma consciência de si mesmo dentro do mundo. Assim, o desenvolvimento da conscientização humana depende da superação do isolamento e do alheamento. Trata-se de um processo dialético, que se move do eu ao mundo e do mundo ao eu; do fazer ao saber; do saber ao refazer, e assim por diante.

1.3. Conhecimento Científico O progresso científico, de modo geral, é produto da atividade humana, por meio da

qual o Homem, compreendendo o que o cerca, passa a desenvolver novas descobertas. E, por relacionar-se com o mundo de diferentes formas de vida, o Homem utiliza-se de diversos meios de conhecimento, por intermédio dos quais transforma o meio em que vive, trazendo contribuições para a sociedade.

O conhecimento científico procura alcançar a verdade objetiva dos fatos (objetos) e existe porque o ser humano tem necessidade de aprimorar-se constantemente e buscar explicações sobre a realidade, a natureza das coisas e o comportamento das pessoas.

Pela percepção sensorial (aquilo que percebemos por meio de nossos sentidos), o ser humano adquire crenças particulares, recebe informações sobre os sentimentos e as motivações das pessoas, recebe normas e definições do mundo através dos pais, dos professores, dos escritores, formando uma visão sobre o mundo. No entanto, é necessário desenvolver um espírito crítico a partir da necessidade de obtenção de conhecimentos mais seguros que os fornecidos por outros meios.

A ciência foi desenvolvida primordialmente a partir de necessidades humanas, que prescindiriam da compreensão sobre os motivos e formas pelas quais uma gama variada de fenômenos ocorreriam. Há várias formas de se explicar o mesmo tipo de ocorrência (a chuva, por exemplo): se disséssemos que “chove porque Deus quer”, estaríamos recorrendo a uma explicação religiosa; se disséssemos que “São Pedro está lavando o céu”, estaríamos utilizando da mitologia; quando recorremos à meteorologia, estamos utilizando a ciência.

O que difere a ciência de outros tipos de conhecimento é o seu grau empírico, ou seja, a qualidade do conhecimento que produz tem o status de “prova”, que permite o estabelecimento de leis gerais que explicam a mais variada gama de ocorrências. Por sua vez, a “prova” só é possível de ser obtida pela ciência porque utiliza criteriosos processos de investigação, envolvendo rigorosa metodologia de coleta e análise de dados, bem como procedimentos de experimentação, que resultam no conhecimento científico, desenvolvido primordialmente no séc. XVIII com a consolidação do método experimental, e difundido no séc. XIX, com sua ampliação para diversas áreas de conhecimento.

Ciência significa Conhecimento; mas, no sentido que buscamos aqui, não se trata de qualquer tipo de conhecimento, senão aquele que persegue suas respostas utilizando rigorosos procedimentos metodológicos. Pode ser:

Classificação de Eva Maria Lakatos. LAKATOS, E. M; MARCONI, M. A. Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 1982. P. 27.

2. Formação das Ciências Humanas e Sociais

Sobre a classificação das ciências, nos interessa estudar a formação das Ciências Humanas e Sociais que se caracterizam a partir dos seguintes critérios:

• O humano como objeto de investigação; • Percebe-se que o Homem é diferente das coisas naturais e precisa ser estudado de

forma distinta. Esta investigação filosófico-científica se realizou de três formas diferentes, divididas em períodos:

Com o avanço do conhecimento, tornou-se necessária uma divisão das Ciências Sociais em diversas disciplinas como:

Sociologia

estuda as relações sociais e as formas de associação, considerando as interações que ocorrem na vida em sociedade. A sociologia abrange o estudo dos grupos sociais; da divisão da sociedade em camadas; da mobilidade social, dos processos de cooperação, competição e conflitos em sociedade; etc.

Economia

estuda as atividades humanas ligadas à produção, circulação, distribuição e consumo de bens e serviços. Estuda a distribuição de renda num país, a política salarial, a produtividade de uma empresa, etc.

Antropologia

estuda as semelhanças e diferenças culturais entre os vários agrupamentos humanos, a origem e a transformação das culturas. Estuda os tipos de organização familiar, as religiões, o casamento, etc.

Política

estuda a distribuição de poder na sociedade, bem como a formação e o desenvolvimento das diversas formas de governo.

A Sociologia é uma ciência em construção que, desde seu início, procurou explicar as

estruturas e os processos sociais, políticos, econômicos e culturais da sociedade moderna.

Trata-se de uma ciência que se formou no decurso da consolidação do Estado Liberal Burguês. Isto nos ajuda a compreender que também ela não está ilesa das contradições que caracterizam a moderna sociedade capitalista, marcada pela desigual e injusta distribuição de renda. Pelo fato de vivermos em uma sociedade altamente complexa em sua forma de organização, em seus diferentes níveis de funcionamento e em seus avançados meios de comunicação, adquirimos muitas noções básicas que podem nos ajudar a compreender os acontecimentos sociais. Contudo, somente quando estudamos criticamente as questões teóricas e metodológicas das diferentes teorias sociológicas, nos apropriamos das ferramentas necessárias e próprias para a compreensão da organização social e da vida humana em sociedade.

3. A Transformação das Sociedades a Partir dos Modos de Produção

A sociedade passou por diversos processos de transformação a partir da produção de bens e serviços, como estes foram e são utilizados e distribuídos. É chamado também de sistema econômico.

Assim, numa determinada época, uma sociedade tem uma certa maneira de se organizar para produzir e distribuir sua produção.

O modo de produção de uma sociedade é formado por suas forças produtivas e pelas relações existentes nessa sociedade. Assim:

Modo de Produção = Forças Produtivas + Relações de Produção

Cada modo de produção pode ter existido em lugares e épocas diferentes definindo os

principais tipos de sociedades.

3.1. Tipos de modos de produção:

• Comunismo primitivo – os homens se unem para enfrentar os desafios da natureza. • Modo de produção patriarcal – domesticação de animais, uso da agricultura, instituição

da família, autoridade do pai. • Modo de produção escravista – aumento da produção, propriedade privada e surge a

primeira forma de exploração do Homem, a partir da distinção primordial: proprietários dos meios de produção X proprietários apenas de sua força de trabalho.

• Modo de produção feudal – o servo trabalha um tempo para si e outro para o senhor feudal pagando impostos pelo uso do solo, da água e de ferramentas.

• Modo de produção capitalista – relação entre o burguês, que detêm o capital e do proletário que nada possui a não ser sua força de trabalho.

4. O desenvolvimento da Sociologia

Podemos entender a Sociologia como uma das manifestações do pensamento moderno. As transformações que levaram ao desenvolvimento do pensamento científico tornaram possível que ele passasse a cobrir, com a Sociologia, uma nova área do conhecimento ainda não incorporada ao saber científico, ou seja, o mundo social. Se desenvolve posteriormente à constituição das ciências formais, naturais e de diversas outras ciências sociais.

O seu desenvolvimento ocorreu inicialmente num contexto histórico específico, que coincide com os derradeiros momentos de desagregação da sociedade feudal, a partir do séc. XV, e da consolidação da civilização capitalista em meados do século XVIII. As transformações econômicas, políticas e culturais que se aceleraram a partir dessa época colocaram problemas inéditos para os homens que experimentavam as mudanças que ocorriam no Ocidente europeu. A tripla revolução que este século testemunhou - a industrial (inglesa), a francesa e a revolução filosófica (alemã) - constituía os distintos lados de um mesmo processo, ou seja, a instalação definitiva da sociedade capitalista e a consolidação do mundo burguês.

A Revolução Industrial e a Revolução Francesa, respectivamente uma revolução econômica e uma política, foram movimentos revolucionários que implantaram o processo liberal que deu sustentação ao desenvolvimento do modo de produção capitalista e ao Estado Burguês no mundo ocidental. Desenvolveu-se e consolidou-se, no decorrer do tempo subseqüente, o capitalismo que assegurou as condições de produção e reprodução do Mundo Moderno. A Sociologia nasceu, portanto, de mãos dadas com a modernidade. Como diz o sociólogo brasileiro Octávio Ianni1:

1 IANNI, Octávio. A Sociologia e o Mundo Moderno. Aula Inaugural. UNICAMP, Campinas, IFCH, março-1988, pág. 8.

“Mais do que isso, o Mundo Moderno depende da Sociologia para ser explicado, para compreender-se. Talvez se possa dizer que sem ela esse Mundo seria mais confuso, incógnito” (IANNI, 1988: 8).

O Mundo Moderno ganha corpo com as revoluções burguesas no Ocidente. Historicamente e com ele ficaram estabelecidas as forças produtivas e as relações sociais capitalistas de produção. Trata-se de uma época em que a originalidade e as contradições do Estado burguês se encarregavam de construir e fortalecer os alicerces da atual sociedade. De lá para cá, foi sendo aprimorada a construção das estruturas da economia e do Estado, das tecnologias, dos atores e dos sujeitos sociais que asseguraram a originalidade do capitalismo: uma sociedade que produz mais valia ou trabalho não pago; uma sociedade que vai se tornando cada vez mais complexa; uma sociedade que concentra, de um lado, os meios de produção e a riqueza nas mãos de poucos e, de outro lado, cria uma imensa massa original e diferenciada de trabalhadores que deverão vender sua própria força de trabalho para se manterem vivos, para reproduzirem trabalhadores novos que continuarão a produzir, de forma cada vez mais sofisticada, a magia da mercadoria.

Segundo o teólogo brasileiro Leonardo Boff2, em uma de suas críticas ao modelo atual da sociedade em que vivemos:

“... o núcleo desta sociedade não está construído sobre a vida, o bem comum, a participação e a solidariedade entre os humanos. O seu eixo estruturador está na economia de corte capitalista. Ela é um conjunto de poderes e instrumentos de criação de riqueza - e aqui vem a sua característica básica – mediante a depredação da natureza e a exploração dos seres humanos. A economia é a economia do crescimento ilimitado, no tempo mais rápido possível, com o mínimo de investimento e a máxima rentabilidade. Quem conseguir se manter nessa dinâmica e obedecer a essa lógica acumulará e será rico, mesmo à custa de um permanente processo de exploração” (BOFF, 1999: 42).

Portanto, o Mundo Moderno é o resultado de um grande processo. Processo que inclui sujeitos, objetivos ou resultados esperados, tempo, lugar, recursos, relações, reciclagem, avaliações, planejamentos, replanejamentos que irão produzir fenômenos sociais complexos, construídos e aprimorados pelos homens em suas relações de classes sociais. Como veremos, para os pensadores positivistas, a grosso modo, as ocorrências ou fenômenos sociais são coisas produzidas pelos homens em sociedade.

2 BOFF, Leonardo. Ética da Vida. Editora Letraviva, Brasília, 1999, pág. 42.

5. Comte e Durkheim

5.1. Augusto Comte (1798-1857) é tradicionalmente considerado o pai da Sociologia. Foi ele quem pela primeira vez usou essa palavra, em 1839, no seu curso de filosofia positiva. Físico francês, nascido e criado no bojo da Revolução Francesa, revolução liberal burguesa que derrotou, a um só tempo, as críticas teóricas dos “pensadores socialistas” e as expressivas lutas e resistências do operariado, consolidando o Estado Liberal Capitalista no ocidente.

A formação do físico Comte permite-nos compreender seu empenho intelectual no sentido de estudar a sociedade nos mesmos moldes e padrões da Física: ciência natural, de cunho exato, cujo objeto, ou fenômeno estudado é regido por leis naturais. Daí, a preocupação de Comte com a “máxima objetividade teórico-metodológica” ao conduzir seu estudo da sociedade; explicando-se seu empenho e “reação positivista”, principalmente contra as doutrinas e pensadores socialistas que criticavam em suas análises sobre a sociedade capitalista.

Comprometido com o Estado nacional, liberal capitalista, que se consolidava em nome do “progresso”, Comte preocupava-se, contudo, com a devassa da guilhotina nos “estratos médios” da sociedade francesa, criando, segundo ele, um “desequilíbrio social” que ameaçava o “desenvolvimento natural” e o “progresso social”. Resulta, dessas razões, seu comprometimento com o “espírito científico”, único capaz de situar as pessoas no intrincado e complexo mundo dos comportamentos sociais e das relações dos homens em sociedade, para restabelecer a pretendida “ordem e equilíbrio social”. Entende-se porque seu estudo denominava-se, inicialmente, Física Social, mais tarde, Sociologia.

Contribuição Crítica ao Positivismo Comtiano

Na Sociologia, é próprio do teórico “positivista mecanicista” procurar a compreensão e explicação da sociedade por meio da analogia mecânica. É verdade que não se trata de identificar a sociedade como uma máquina complexa, mas procurar na comparação, na similitude com a máquina compreender e explicar a organização interna e o funcionamento da sociedade. Comte recorreu ao relógio como analogia explicativa: um todo complexo com unidade de organização e de funcionamento. O todo é mais importante do que as partes; as partes só podem ser explicadas em função do todo.

Utilizando-se da analogia mecânica, Comte, em última instância, reconheceu que a sociedade, que a complexidade das relações e da vida social, não podem ser conhecidas e explicadas em si mesmas, mas somente a partir de algo que “a retrate”, nesse caso uma máquina.

Uma das limitações cruciais do positivismo comtiano consiste na idéia de evolução, também mecanicista, da sociedade. Todas as sociedades, diz Comte, partem da estaca zero e atingem o cume da organização social, do saber, da tecnologia etc., por um processo natural, regido por leis naturais.

A história comprovou e tem comprovado que essa tese não se sustenta. A tese da igualdade e identidade do Homem também está colocada. Nos termos propostos pelo autor, fica difícil sustentar que o homem e a mulher se fazem no processo social, no processo histórico. No pensamento comtiano, um índio, uma criancinha da favela, um garotinho de classe média, outro da elite são pessoas sócio e historicamente iguais. O que dizer deste ponto de vista?

Estas e outras afirmações positivistas comtianas incidem num “erro teórico-metodológico”, ao admitir e defender que os fatos e os fenômenos sociais são coisas da mesma natureza que a Física, Biologia, Química e, enquanto tal, são regidas por leis naturais, e que somente nesta “condição objetiva” devem ser estudadas.

5.2. Émile Durkheim (1858 – 1917), nascido na França, é tido e aceito pelos estudiosos das Ciências Sociais como um dos principais fundadores da teoria sociológica. São inúmeras as contribuições e tentativas de Durkheim para superar o que já havia sido produzido sobre o estudo das sociedades até a sua época. Influenciado pelas conturbações de seu tempo, causadas pelas Revoluções Francesa e Industrial, a idéia central de seu pensamento é a de que a humanidade avançaria para o aperfeiçoamento por meio da força do progresso, princípio herdado da filosofia iluminista.

Durkheim desenvolveu um método de investigação dos acontecimentos sociais e estabeleceu um objeto de estudo: os fatos sociais. Ele desejava que a Sociologia, como as outras ciências, tivesse um objeto específico que pudesse ser observado e explicado e que a distinguisse das demais3.

Fatos Sociais

Um exemplo simples nos ajuda a entender o conceito de fato social, segundo Durkheim. Se um aluno chegasse à escola vestido com roupa de praia, certamente ficaria numa situação muito desconfortável: os colegas ririam dele, o professor lhe daria uma enorme bronca e provavelmente o diretor o mandaria de volta para que vestisse uma roupa adequada.

Existe um modo de vestir que é comum, que todos seguem. Isso não é estabelecido pelo indivíduo. Quando ele entrou no grupo, já existia tal norma e, quando ele sair, a norma provavelmente permanecerá. Quer a pessoa goste, quer não, vê-se obrigada a seguir o costume geral. Se não o seguir sofrerá uma punição. O modo de vestir é um fato social. São fatos sociais também a língua, o sistema monetário, a religião, as leis e uma infinidade de outros fenômenos do mesmo tipo.

3 DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. São Paulo, Ed. Martin Claret, 2002.

Para Durkheim, os fatos sociais são as maneiras de agir, de pensar e de sentir exteriores ao indivíduo e dotadas de um poder coercitivo sobre este, formando assim a consciência coletiva (ou senso comum) que é a soma de todas as consciências sociais, ou seja, é criada a partir de como a sociedade percebe a si mesma e ao mundo. Define:

”Fato social é toda maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior: ou então, que é geral do âmbito de uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo uma existência própria, independente das suas manifestações individuais” (2002:65).

Em virtude dessas características, para Durkheim os fatos sociais podem ser estudados objetivamente, como “coisas”. Da mesma maneira que a Biologia e a Física estudam os fatos da natureza, a Sociologia pode fazer o mesmo com os fatos sociais.

6. Outros Importantes Pensadores que Influenciaram o Pensamento Sociológico e que Serão Estudados mais Adiante Karl Marx (1818-1883) nascido na Alemanha – Visão histórica, ideia principal: determinação do modo de produção de mercadorias a partir da força de trabalho.

Max Weber (1864-1920) nasceu na Alemanha – Visão culturalista, ideia principal: extrema valorização do trabalho para acumulo de riquezas. Define tipos de dominação: carismática, legal e patriarcal. Burocracia. Ação e ação social.

7. Modelos Sócio-econômicos e de regimes autoritários Capitalismo: defende os interesses da burguesia, divisão em classes sociais, meios de produção e propriedade privada.

Socialismo: resolução de problemas sociais, reação contra o individualismo, subordina o indivíduo ao interesse e às necessidades do grupo.

Mais informações acerca do tema “Introdução à Sociologia” podem ser encontradas nos textos abaixo:

MARTINS, C. B. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 2000. VIANA, Nildo. Introdução à Sociologia. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. Resenha disponível em: http://www.espacoacademico.com.br/062/62res_pinto.htm. PINTO FERREIRA, S. J. (Organizador). Novas perspectivas para as Ciências Sociais no Brasil. Disponível on-line em: http://www.rumoatolerancia.fflch.usp.br/node/1725.

Além dos textos você também pode complementar seus conhecimentos assistindo a alguns vídeos e filmes sobre o assunto:

Videos:

• O que é Sociologia. Acesso: http://www.youtube.com/watch?v=4tLRDjza0qQ.

• Ilha das Flores. Acesse em: http://www.youtube.com/watch?v=0V8eBvVzOqk.

Filmes:

• A Ilha do Dr. Moreau (1977, EUA, direção: Don Taylor).

• O nome da Rosa (1980, EUA, direção: Jean Jacques Annaud).

Material Complementar

BOFF, Leonardo. Ética da Vida. Brasília: Letraviva, 1999, pág. 42. COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2000. DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. São Paulo: Ed. Martin Claret, 2002. FACHIN, Odília. Fundamentos de Metodologia. São Paulo: Saraiva, 2006. IANNI, Octávio. A Sociologia e o Mundo Moderno. Aula Inaugural. UNICAMP, Campinas, IFCH, março-1988, pág. 8. LAKATOS, E. M; MARCONI, M. A. Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 1982. P. 27. MATTAR, João. Metodologia Científica na era da Informática. São Paulo: Saraiva, 2005. OLIVEIRA, P. S. Introdução à Sociologia. São Paulo: Atlas, 2003.

Referências

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Anotações