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Redes Sociais e Capital Social by Amélia Mungoi, Ana Toscano, Aparecida Torres e Renata Duarte is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial 4.0 Internacional License. REDES SOCIAIS E CAPITAL SOCIAL Unidade Curricular Psicologia da Comunicação Online 2014/2015 Docentes: António Quintas Mendes | Elena Maria Mallmann Mestrandos: Amélia Mungoi | Ana Toscano | Aparecida Torres | Renata Duarte Este artigo é uma readaptação e reutilização e é realizado a partir do artigo dos mestrandos do curso de Mestrado em Pedagogia do eLearning 7ª Edição da Universidade Aberta, Gorete Brás, Gilda Macedo, Ana Melão e Paula Peru, da mesma unidade curricular, junto do docente responsável Professor Doutor António Quintas Mendes e da colaboração da investigadora Professora Doutora Edméa Santos.

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Redes Sociais e Capital Social by Amélia Mungoi, Ana Toscano, Aparecida Torres e Renata Duarte is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial 4.0 Internacional License.

REDES SOCIAIS E CAPITAL SOCIAL

Unidade Curricular

Psicologia da Comunicação Online

2014/2015

Docentes: António Quintas Mendes | Elena Maria Mallmann

Mestrandos: Amélia Mungoi | Ana Toscano | Aparecida Torres | Renata Duarte

Este artigo é uma readaptação e reutilização e é realizado a partir do artigo dos mestrandos do curso de

Mestrado em Pedagogia do eLearning – 7ª Edição da Universidade Aberta, Gorete Brás, Gilda Macedo,

Ana Melão e Paula Peru, da mesma unidade curricular, junto do docente responsável Professor Doutor

António Quintas Mendes e da colaboração da investigadora Professora Doutora Edméa Santos.

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Resumo

O presente artigo trata a temática do capítulo cinco do livro Netsmart de Howard Rheingold. Este autor, ao falar

da importância das redes, explica o processo de formação das ligações de comunicação com as respetivas

potencialidades. É neste contexto que introduz o fenómeno de mundo pequeno, que constitui a união de nós com

vista a formação dos supernós, fazendo assim crescer a rede de comunicação. Nesta visão do autor, são

comparados os potenciais de comunicação entre os meios como rádio/televisão e as redes sociais. O resultado

desta comparação aponta para um maior poder da última, uma vez que têm a capacidade de agregar centenas de

pessoas ligadas em grupos diferentes, grandes ou pequenos no mesmo instante. Por este motivo as redes sociais

vão ganhando espaço de grande relevo no campo comercial. A partir do conceito da tripla revolução, o

autor esclarece o que denomina individualismo na rede, ou seja pessoas se ligam em qualquer lugar através

dos dispositivos móveis. Sobre a formação de capital social , Rheingold traz um histórico desse

conceito elaborado por alguns pesquisadores sociais e a partir dessas ideias , esclarece que o capital social é de

fundamental importância para a reciprocidade na rede e para o crescimento pessoal do utilizador. Aprender na

rede digital está intimamente relacionado à cooperação e interatividade, logo faz sentido procurarmos

estabelecer ligações relevantes para o nosso processo cognitivo, construindo uma PLN (Personal Learning

Network). Neste artigo descrevemos, segundo Howard Rheingold, quais os procedimentos a adotar para a

elaboração de uma PLN, assim como abordamos a relação que esta tem com a teoria do conectivismo de

Siemens. Uma das ferramentas de grande potencialidade que o autor destaca é a rede social Facebook, contudo

há que aprender a manuseá-la corretamente para conseguir potenciar o nosso capital social, de outro modo,

corremos o risco do efeito contrário ao pretendido, acabando por transmitir informações que em nada nos vão

ajudar.

Palavras-chave: Capital Social, Facebook, Reciprocidade, Redes Sociais.

1. Introdução

Desde sempre que o ser humano tem necessidade de estabelecer relações para partilhar ideias,

experiencias de vida, emoções… caracterizando-se como um ser social.

Com a galopante evolução tecnológica e a adoção pelo Homem das novas tecnologias, tornámo-nos

capazes de elevar o patamar da comunicação, permitindo estabelecer interações em qualquer parte e a

qualquer hora - comunicação global.

Iniciámos a comunicação móvel com a utilização de pagers, telemóveis, e chegámos à atualidade com

o acesso ao mundo virtual na palma das nossas mãos. Com a chegada dos smartphones, dos tablets,

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entre outros equipamentos tecnológicos, que nos permitem estar ligados permanentemente ao

ciberespaço, a comunicação mediada pela máquina tornou-se uma realidade da qual partilhamos

diáriamente.

As redes sociais são plataformas onde os utilizadores partilham informações a todos os níveis. Contudo

há que perceber o que é uma rede social na sua verdadeira essência.

Para definir a rede social é preciso entender as ligações existentes entre os membros da rede. Essas

ligações, denominadas “nós”, definem as relações mais estreitas e sólidas ou redes mais flácidas com

ligações distantes. Cada membro de uma rede pode estar ligado a outras redes permitindo ligações

secundárias, terciárias e assim sucessivamente. Quem é amigo de quem? Quem é amigo do amigo do

outro? Quais são as redes utilizadas: virtual ou real? De que forma os espaços de convivência são

utilizados pelos seus utilizadores?

Apresentaremos, a seguir, as ideias descritas no capítulo cinco do livro “Net Smart” do professor e

pesquisador Roward Rheingold, no qual ele discute acerca da temática: O Individuo Conectado, as

Redes Sociais e o Capital Social.

Pensamos e expressamo-nos de acordo com crenças e convicções. Vivemos e convivemos em grupo

onde por vezes existe uma heterogeneidade cultural. Entender essa diferença e manter esses

relacionamentos pode ser fator de enriquecimento da nossa teia social, isto é, aumentar o nosso capital

social como esclarece Rheingold (2012).

O autor apresenta uma discussão longa acerca da importância das redes e a formação do capital social,

além de orientar para o uso consciente das redes sociais virtuais. Num primeiro momento Rheingold

traz uma metáfora formulada pelo Dr. Nicholas Chistakis acerca da formação de redes sociais.

Segundo Chistakis (2010), podemos imaginar os átomos de carbono. Os mesmos átomos podem fazer

ligações mais fracas formando o grafite que é macio e escuro ou formar o diamante que é duro e

brilhante, dependendo dos arranjos e força das ligações. Assim são os membros de um grupo.

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O resultado depende da forma como são feitas as ligações. Tanto o grafite como o diamante são

formados pelos mesmos átomos de carbono e só podemos ver essa diferença analisando as propriedades

do resultado e não dos elementos individualmente. É o conjunto que faz a diferença, ou seja, os laços

existentes entre os indivíduos.

É nesse sentido que vamos tecer uma discussão sobre as relações sociais que se estabelecem tanto no

mundo real como no mundo virtual. O advento da internet trouxe-nos novos desafios e novas

necessidades o que nos leva a uma constante adaptação.

2. A importância das redes - O mundo pequeno

As propriedades individuais de cada ser, contribuem para a construção de novas propriedades quando

as partes se juntam para formar o todo, por isso quando falamos de sociedade, o todo torna-se maior

que as partes.

Já aconteceu certamente conhecer um estranho numa festa e acabar por descobrir que é amigo de um

antigo amigo de escola ou colega de futebol de um colega do trabalho.

Rheingold (2012) descreve o mundo pequeno a partir da pesquisa do psicólogo social Stanley Milgram

que em 1967 concluiu que a expressão “é um mundo pequeno” não é apenas um cliché. Para isso,

Milgram escolheu 300 indivíduos no Omaha e Wichita e cada um tinha que tentar fazer chegar uma

carta sabendo apenas o nome do destinatário e a indicação da cidade Boston. Os indivíduos tinham que

tentar fazer chegar a carta enviando-a para a pessoa que pensavam estar mais próxima do destinatário,

cada pessoa da cadeia tinha que escrever o seu nome no envelope. Parecia uma tarefa impossível. Mas,

em resultado 64 cartas chegaram ao destinatário e tinham passado em média por 5.5 pessoas.

O número seis é apenas um exemplo, mas a verdade é que as cadeias de relações têm sempre um

número pequeno. É o fenómeno que Rheingold (2012:192) designa de “pequeno mundo”.

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Como mostra Rheingold (2012), vários investigadores abordaram o tema e deram valiosos contributos

como Watts e Strogatz que estudaram o comprimento das ligações. Lazlo comparou as redes sociais

com as redes metabólicas, redes de colaboração científica e as redes ecológicas. Leskovec e Horvitz

estudaram a rede de comunicações digital Microsoft chegando a um resultado aproximado do de

Milgram 6.6.

A partir do momento em que passou a existir o cidadão digital as ligações das redes encurtaram. Cada

cidadão digital tornou-se num nó da comunicação digital. Nós com poucas ligações e supernós com

milhões de ligações. Portanto, a partir de um nó geram-se as diversas ligações que permitem a formação

dos chamados supernós e assim vai se formando uma rede de comunicação. Rheingold (2012) descreve

o processo da extensão da rede de comunicação na formação do pequeno mundo.

Vamos imaginar um círculo com vários nós, ligados intercaladamente até formarmos uma rede muito

agregada de ligações onde a comunicação entre alguns indivíduos ainda tem que percorrer ligações

extensas, bastando-nos criar ligações aleatórias entre os membros para transformar a rede numa small-

world network, permitindo que os indivíduos comuniquem com nós mais distantes percorrendo um

caminho mais curto na rede.

Os nós que existem em maior número beneficiam com o aumento da acessibilidade a outros nós que

não se encontram na sua vizinhança, aumentando a sua capacidade de troca de informação na rede. Os

supernós, que existem em menor quantidade, têm um número de links muito superior aos dos nós mais

comuns, gerando um maior volume de tráfego de informação. Por fim surgem também nós cujo valor

é conseguir ligar redes distintas e que de outra forma não iriam interagir.

Podemos então verificar que a internet está interligada por um grande número de nós de baixo grau e

poucos supernós.

Observa-se a seguinte situação: Num gráfico de distribuição normal verificamos que existe um número

médio de nós com um número médio de links. Como quando medimos os membros de uma turma, a

maioria estará nos valores médios de altura.

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Na distribuição do poder verificamos que o menor número de nós é o detentor do maior número de

links, logo maior tráfego implica maior poder, o que significa que ocorre uma condensanção de

ligações.

A liberdade que cada nó tem na rede para se conectar com outros nós influência a rede. Quem tem

poder para comunicar com quem?

Os tipos de ligação e a potencialidade de tais ligações foram analisadas conforme a evolução das

tecnologias de comunicação e a forma de utilizar esses meios.

Sarnoff, precussor da rádio e da televisão já dizia que o poder da comunicação estava na quantidade

de ligações entre a emissora e os recetores.

Criada por David Sarnoff, pioneiro de comunicação da NBC e fundador da RCA. a lei de Sarnoff, expressa para relacionar

o valor de uma estação de rádio e seu número de ouvintes. É uma típica métrica da radiodifusão: Uma única voz enviada

a milhões de pessoas. Ou seja, uma rede com 100 ouvintes é 10 vezes mais valiosa que uma com 10 ouvintes.

(PASSOS, 2011)

Para Sarnoff apud Rheingold (2012), o valor da rede aumenta aritmeticamente com o número de

recetores. Para exemplificar, imaginemos uma emissora de rádio ou TV com potência de alcançar um

raio de 10 km. Nesse espaço há um grande número de recetores. Em cada residência que estiver um

aparelho ligado, já soma mais um à rede. Isso explica o valor aritmético da rede.

Já para Metcalfe criador da Ethernet, citado por Rheingold (2012), o valor da rede era resultado da

multiplicação de nós por eles próprios determinando o número de ligações. Ou seja, o número de nós

elevado ao quadrado.

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A Lei de Metcalfe pode ser descrita da seguinte forma: “O valor da rede cresce com o quadrado dos seus usuários”.

Quando duplicamos o tamanho da rede, quadruplicamos o número potencial de conexões. [...] Ser a única pessoa no

mundo capaz de enviar e-mails não é uma proposta incrivelmente empolgante, mas, quando você passa a poder enviar e-

mails, cada novo usuário significa que há mais alguém com quem você pode trocar mensagens.

(SHIRKY, 2012: 255)

De igual modo, David Reed, o arquiteto da internet, observou que muitas redes também serviam de

plataformas de formação de grupos, o que aumentava muito o valor destas redes. Consequentemente,

as pessoas já não se limitavam a estabelecer ligações somente entre elas, passando a criar novos grupos

que até então não existiam. Desta forma consegue-se potencializar o crescimento da rede atingindo um

aumento exponencial. Esse pensamento levou à formulação da Lei de Reed que consiste em elevar

exponencialmente o nó pelo valor de números de ligações na rede.

A Lei de Reed se baseia também no potencial de comunicação: a vasta maioria de subgrupos possíveis que nunca se forma

realmente. o número de redes de 1 milhão de pessoas que teoricamente poderiam existir na internet é incalculável, mas

quase nenhuma delas surgirá de fato, porque não há muita coisa que uma rede de 1 milhão de pessoas possa fazer. A

maior parte da ação da Lei de Reed vem da formação de grupos em escala humana - dezenas, centenas, por vezes milhares

de pessoas, não milhões ou bilhões. Como no caso da Lei de Metcalfe, o crescimento da população em rede aumenta o

número de grupos em potencial, mas o valor resultante da Lei de Reed cresce muito mais depressa do que o da Lei de

Metcalfe, porque há muito mais grupos em potencial do que pares em potencial.

(SHIRKY, 2012: 256)

A rede vê assim o seu poder crescer exponencialmente. Depende então de cada rede o tipo de poder

que pretende criar. Se Sarnoff estava mais ligado à televisão já a internet e em especial as redes sociais,

agora querem se ligar mais à lei de Reed e ver o seu valor a crescer exponencialmente.

Na lei do poder os nós que existem em pequena quantidade também são aqueles menos comuns e que

acabam por agregar o público com os mesmos interesses, criando redes únicas.

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Ao juntar grupos com interesses especiais e seguindo a lei da formação das redes de grupos, a escala

da internet cresceu, assim como o seu valor e uso, transações comerciais que antes se faziam fora da

internet, tornaram-na o seu campo de competição. Os conteúdos tornam-se reis e é segundo o seu valor

que se captam utilizadores. Na lei GNF (Group Forming Networks) o valor da rede é construído em

conjunto pelos membros que a frequentam.

Segundo Castells apud Rheingold (2012), a melhor forma de designar a sociedade atual é “sociedade

em rede” e não “sociedade da informação”. Para este autor a sociedade em rede está a transformar a

sociedade de sete aspetos nomeadamente:

1. Transição da informação – a informação transita de forma global e praticamente

instantânea - globalização;

2. Competição das redes – as redes competem entre si pelo controlo das burocracias;

3. Surgimento das novas redes - trata-se das redes civis e políticas que surgem devido

a situações de crise;

4. Reconstrução da sociedade civil – os ativistas estão a reconstruir a sociedade civil a

nível local e global;

5. Redefinição da sociedade – as redes individuais e comunidades virtuais estão a

redefinir a sociedade;

6. Os média – espaço público do nosso tempo – ocupa todas as áreas sociais;

7. Na sociedade em rede o poder continua a ser uma força estruturante que lhe dá uma

forma e direção. Mas este poder não existe em instituições ou corporações mas sim

nas redes.

Deste modo, as redes já não são simples, rígidas ou estritamente ligadas às elites do poder como

noutros momentos da história e a possibilidade de estarmos sempre presentes, a ubiquidade da rede,

está a redesenhar a forma como fazemos tudo hoje.

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As forças invisíveis da rede modificam os comportamentos do público. Entender estas forças tornou-

se vital, para compreender as transformações que estão a decorrer e que nos envolvem. Estes

fenómenos influenciam a forma como recebemos e distribuímos a informação.

3. Análise social das redes digitais

O Homem enquanto ser social encontra-se ligado através dos mídea, formando uma rede de

comunicação global. As ferramentas utilizadas desenvolvem parcerias, unem experiências, expressam

criatividade e fornecem ajuda entre os utilizadores.

Segundo Rheingold (2012), são as redes de ligações complexas que ligam pessoas a outras pessoas,

documentos, locais, conceitos e outros objetos. Existem agora novas ferramentas capazes de recolher,

analisar, visualizar e vislumbrar as coleções das ligações formadas por bilhões de mensagens, links,

posts, edições, fotos e vídeos, análises e críticas.

Os meios sociais surgiram como uma plataforma ampla para a interação humana. Mas os laços

invisíveis que nos unem estão cada vez mais possíveis de ser interpretados pelas máquinas. Surgiu uma

nova oportunidade para mapear as relações sociais com um detalhe e numa escala nunca antes vista. A

estrutura complexa que emergiu da rede pode ser agora estudada e analisada por programas e mapas

gráficos que ajudam a desenvolver as ciências de análise das redes digitais captando a forma e as

encruzilhadas de uma paisagem de nós e ligações. Estes mapas permitem-nos orientar em novas

paisagens que antes eram desconhecidas.

Apesar da SNA (Social Network Analysis) anteceder a rede, tornou-se uma ferramenta poderosa de

exploração da sociabilidade online. Os nós e ligações estudados pela SNA representam parentescos,

amizades, mera convivência, transações financeiras, relações sexuais ou hierarquias de prestígio, assim

as ligações que ligam dois nós podem ser amplas. Atualmente existem ferramentas que nos permitem

desenhar diagramas das nossas relações do Facebook.

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Desta forma as redes podem ser analisadas de diversas formas. A força das ligações é apenas uma das

vertentes. No sistema social, a nossa centralidade (a forma como nos ligamos com os diferentes nós

que fazem parte da rede) pode ser mais benéfica que a quantidade das ligações que mantemos.

Imaginemos que nos encontramos no desenvolvimento de um projeto cientifico, é mais vantajosa uma

posição central onde podemos aceder a toda a informação, mas numa situação de epidemia os

indivíduos que se encontram no centro têm uma maior probabilidade de contágio enquanto ocupar uma

posição na orla da rede é mais vantajosa diminuindo a probabilidade de ficarmos doentes.

Outro termo importante para a SNA é ponte, que descreve a posição na rede que permite a uma pessoa

ligar duas redes distintas, a pessoa/ponte assim como as redes podem beneficiar destas ligações.

Segundo Rheingoold (2012), Marc A. Smith criou o jargão “Capital social, capital de conhecimento e

comunhão”, para explicar o porquê dos cibernautas despenderem tempo, informação e ajuda entre si.

Uma explicação concisa que perdurou.

Deste modo, o capital social constitui-se em um conjunto de de um determinado grupo, obtido através da comunhão dos

recursos individuais, que pode ser usufruido por todos os membros do grupo, e que está baseado na reciprocidade. (...)

Portanto, para que se estude o capital social dessas redes, é preciso estudar não apenas suas relações, mas igualmente, o

conteúdo que provém delas.

(RECUERO, 2005: 4).

De acordo com Rheingold (2012), Mark Granovetter investigador da Universidade de Stanford

escreveu o artigo “A força das ligações fracas”. Para ele a força das ligações é uma combinação do

tempo, envolvimento emocional, de intimidade e das ajudas reciprocas que caracterizam a ligação.

Assim, ligações fortes implicam que as pessoas que as formam sejam parecidas e não existe uma grande

variedade de informação entre elas.

Em redes altamente agrupadas e onde a afinidade entre os membros é muito alta, todos tendem receber

as mesmas notícias, partilhar as mesmas opiniões e procurar a mesma informação. Granovetter

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descobriu que as ligações fracas podem ser importantes na procura de nova informação e na simulação

de inovações. Ele demonstrou que seriam mais úteis por exemplo, para alguém que procura trabalho.

Granovetter também sublinhou a importância das ligações ausentes, ligações que já existiram e com as

quais perdemos contacto. Os nossos antigos vizinhos, colegas de carteira ou trabalho assumiram um

papel importante na sociedade em rede e o Facebook foi a grande plataforma de mudança. Os média

online permitiram manter os laços latentes a um baixo custo, o que pode ser uma bênção ou uma praga.

Rheingold (2012), ao descrever a sua conversa com o pesquisador Marc A. Smith, transmite-nos a ideia

de que os tecelões modernos da rede, sublinham a importância de manter um misto de ligações fortes

e fracas e ativar os laços latentes. Smith, atualmente consultor independente na aplicação de SNA,

adverte “Sê uma ponte”, numa rede, como na vida real, a característica mais valiosa é a localização.

Onde nos encontramos na rede, em relação aos outros? Quem e quais os grupos que estão ligados ou

que podem ajudar a ligar? Se olharmos para um gráfico da rede podemos observar que a pessoa que

mantém mais ligações nem sempre é a mais poderosa. Não nos devemos fixar no número de ligações,

mas sim na qualidade e na variedade do nosso portfolio dessas ligações. Vale a pena ligarmo-nos a

pessoas menos importantes e menos ligadas se são diferentes das pessoas que normalmente habitam a

nossa rede.

John Hagel e Brown por meio da organização MITRE, desenvolveram uma pesquisa utilizando blogs

e fóruns para discutir a questão “Quem sabe quem sabe o quê?” e chegou à conclusão que as

ferramentas permitiram que alguns se tornassem brokers entre diferentes grupos, empresários da rede

que aumentavam o potencial das redes oferendo-lhes contactos que aumentavam a sua capacidade de

realização de objetivos.

Smith continuando a sua conversa com Rheingold, esclarece que a centralidade autovetor é um termo

para nerds da SNA, mas que faz todo o sentido para as listas de links que surge quando pesquisamos

no Google. Todos reconhecem que nem todos os links são importantes mas que um eixo com muitas

ligações permite-nos adquirir ligações por proximidade. Tornarmo-nos numa fonte de confiança

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repetidamente fortalece as nossas ligações a um supernó onde as pessoas se ligam e utilizam,

beneficiando desta forma por partilharem essas ligações. Temos que nos tornar contribuintes,

alimentando a partilha, para aumentarmos o poder de atenção no supernó.

Está a vida online a desgastar ou a enriquecer a nossa existência?

Alguns teóricos da análise política da influência dos média como Michel Foucault, Theodor Adorno e

Max Horkheimer, Jean Braudillard entre outros, defendem que a criação da ilusão dos média convém

ao sistema de controlo capitalista, pelo que devemos estar atentos, sempre que consultamos o “mar de

informação” (Lévy,1998) existente na web.

Desta forma, que tipo de valor pode ser criado e destruído pelas ligações fracas e fortes das redes

digitais? Wellman, do NetLab da Universidade de Toronto, um ativo utilizador dos média digitais

reconhece que todas as nossas atividades na web, lazer ou trabalho estão relacionadas com os sistemas

politico, económico e social que nos envolvem. As pesquisas do seu grupo puseram em dúvida as

teorias que advogavam a alienação provocada pelas relações mediadas por computador.

Dos pequenos grupos, onde todos se conhecem pessoalmente e partilham relações pessoais fortes,

evoluiu-se para um individualismo em rede, dando lugar aos grupos grandes e dispersos onde os

membros não se conhecem entre si e as relações são vagas e limitadas.

“Reconhecendo que o ser humano receia, ao longo da história, o desconhecido, aponta as nossas

exitações relativamente a estes novos espaços” (Wellman, 1997 apud Recuero, 2005). Ele refere a Web

como uma forma de ligar pessoas, organizações e conhecimento. Existem instituições sociais que não

devem ser estudadas em isolamento mas integradas no nosso dia-a-dia. As redes digitais permitem criar

grupos de solidariedade e retomar relações perdidas. Já a internet, aliada a ferramentas que auxiliam a

navegação nestas complexas e fragmentadas sociedades em rede, permite o aumento do capital social.

A tradicional organização de vizinhança está a deslocar-se para comunidades dispersas

geograficamente que se encontram no meio digital. Numa rede digital individualista, para além de

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depender da comunidade física e do seu capital social próximo, os indivíduos procuram fora dela,

pessoas e recursos para diferentes situações a que a sua comunidade próxima não consegue responder.

A tecnologia colocou o individuo no centro, retirando o tradicional papel do meio e do grupo. Requer

um grande esforço para uma adaptação de sucesso a um mundo em permanente movimento, onde as

regras e habilidades mudam rapidamente os interesses comerciais, restringindo a liberdade na rede.

Assim o conhecimento que detemos sobre a rede onde nos movimentamos é essencial para a integração

ou alienação dentro dela.

4. Individualismo na rede

Rheingold (2012), apresenta uma pesquisa acerca do individualismo na rede realizada em 2003 por

pesquisadores de diferentes universidades como Toronto, Massachusetts, Catalonia e Tokyo. Esses

pesquisadores investigaram o comportamento das pessoas a partir da introdução da internet nas suas

vidas tanto no trabalho, em casa como nas ações políticas e comunitárias. Percebeu-se então que as

pessoas não deixaram os seus compromissos, apenas modificaram a forma de atuar. Não é mais preciso

estar em grupo para falar com o grupo. Cada utilizador da rede é o ponto a ser solicitado no momento

em que o outro procura a sua interação. Assim sendo podemos estar em qualquer lugar, até mesmo na

rua, para estarmos em rede.

Desta forma, Rheingold (2012) desenvolve seu discurso, falando-nos que o individualismo da rede é a

base da comunidade, a pessoa, em vez da família ou grupo, é a unidade primária da conectividade.

Lembremo-nos dos primeiros anos da existência dos telemóveis a questão colocada durante a conversa

era “Onde estás?”, porque pela primeira vez a pessoa com quem estávamos a falar podia estar em

qualquer local a comunicar connosco. A tecnologia mudou o centro da comunidade para o indivíduo.

Frequentamos lugares online, mas também somos o centro nas redes do Facebook ou Twitter.

Surge assim a tripla revolução, como lhe chamam Rainie e Wellman com a ascensão da internet pessoal

e uso dos aparelhos móveis; dispersão rápida da informação e meios de comunicação e mudança dos

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grupos para redes digitais. Esta última mudança deve-se ao facto das sociedades nas redes serem mais

permeáveis a vários tipos de interações, podendo ligar com diversas redes ao mesmo tempo tornando

a hierarquização menos explícita. Essa mudança de grupo não exclui a convivência social, apenas

modifica o espaço ocupado pelos membros da rede.

A Web deixou de ser um sítio especial e passou a ser parte da nossa atividade. Rainie e Wellman (2013)

citado por Rheingold (2012), apresentam então uma descrição do tipo de pessoa que vai prosperar nas

redes sociais, onde o individualismo tem um papel importante:

● Todos aqueles que de forma autónoma promovem a sua rede construindo uma marca pessoal.

● Aqueles com uma grande e diversificada rede digital, com diversidades de laços (fortes e

fracos). Quando a pessoa que possui uma grande e diversificada rede necessita de resolver

um problema surge sempre algum tipo de ajuda.

● Aqueles que conseguem funcionar eficientemente em contextos diferentes ou colapsados,

conhecendo e respeitando as normas e culturas dos diferentes grupos. (Neste contexto,

Rheingold (2012) aconselha que a primeira regra para participação on-line é conhecer as

normas sociais que regem as redes online de forma a conseguir participar nelas).

● Aqueles que possuem níveis de confiança e capital social mais elevados. Ser confiável e

manter os contatos ativos, interagindo e respondendo aos seguidores produz reciprocidade.

● Aqueles que sabem gerir os seus limites. Tem que existir um entendimento do que se quer

tornar público e quais os públicos a que pretendemos que a informação chegue.

● Aqueles que gostam, usam entusiasticamente e são ágeis com a tecnologia. São as pessoas

alfabetizadas em média, que localizam as informações, avaliam a sua qualidade e sabem

remixá-las.

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● Aqueles que sabem gerir o seu tempo, especialmente os multi-taskers. As pessoas que têm

atenção ao navegar e não se perdem no oceano de informações que não o levam ao objetivo

pretendido.

5. Capital Social

Considera-se, aqui, capital social como sendo o valor atribuído às relações nas redes sociais que

promovem reciprocidade. Segundo Rheingold (2012), “em todas as sociedades, dilemas de ação

coletiva dificultam as tentativas de cooperar em benefício mútuo.” Neste contexto, o autor revela que

as alternativas encontradas têm sido a formação de cooperativas, associações de cooperação voluntária,

só que para isso é preciso capital social.

O capital social, neste caso, é formado por pessoas que confiam no projeto do outro e por isso dão o

seu apoio, num compromisso de reciprocidade.

Nas redes sociais também o termo capital social desponta levando em conta que as relações da rede

offline se completam e formam o capital social online. A norma para manter esse capital social é manter

ativas as relações. Rheingold (2012) cita o conselho de Wellman numa palestra numa escola de serviço

público - Clinton quando ele diz que uma das normas da formação e comunicação em redes digitais é

que o critério mais importante para obter ajuda é ajudar alguém. Para Rheingold (2012) “é um dever

melhorar a qualidade dos discursos nos meios de comunicação social.” Nesse sentido o autor esclarece

que responder a emails, assim como responder a questões de estranhos em fóruns e outros tipos de

comportamentos que nos fazem perder tempo, são formas de participação online e a forma de

comportamento numa sociedade de redes digitais.

Na sua vida quotidiana os indivíduos estabelecem várias relações interpessoais. Formam famílias, estabelecem amizades

e companheirismo, juntam-se em grupos de afinidade cultural, religiosa, política ou outra, criam organizações e empresas.

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Estas ligações podem ser descritas como redes sociais. As redes sociais são um dos elementos mais importantes do capital

social.

(ALMEIDA, 2011)

O capital social, as redes sociais digitais de confiança e as normas de reciprocidade permitem que os

promotores destes grupos consigam realizar coisas que de outra forma lhes teria sido impossível

concretizar. “Capital social também é fundamental para o poder das redes sociais onde indivíduos e

grupos podem cultivar, crescer e se beneficiar disso” (Rheingold, 2012).

Para entender melhor o conceito de “capital social” nos ancoramos no histórico apresentado por

Rheingold. Segundo o autor, “o termo tem uma longa história, aparentemente por volta de 1916”,

porém o autor faz uma trajetória em estudos publicados e conceitos apresentados por alguns autores.

O primeiro deles, na década de 1970, o teórico Pierre Bourdieu que o descreveu como sendo o conjunto

dos recursos disponíveis a uma pessoa e que resultam das relações sociais duradoras. Nos anos 90 o

sociologista James Coleman descreveu o valor do capital social que serve para organizar ou

marginalizar grupos, como uma forma de cumprir necessidades na ausência de capital económico.

Também nos anos 90 os sociólogos Wellman e Scot Wortley consideraram o capital social como os

laços e apoio social (mas os laços são insuficientes para conseguir favores, apoio e informação, como

vieram a descobrir estes dois investigadores). Em 2000 Putnam popularizou o conceito de capital social

como a medida de coesão social.

Rheingold (2012) combina essas quatro definições para descrever o capital social na vida online. Nesse

sentido, o autor esclarece que “capital social emerge nas interações dos grupos e redes de

relacionamentos, não do comportamento isolado de qualquer indivíduo.” Assim sendo, ele reforça que

o capital social são os recursos individuais que surgem das relações sociais sustentáveis, assim como,

a capacidade de uma comunidade desenvolver uma atividade comum. As duas chaves que formam as

redes de pessoas são a confiança entre elas e as normas de partilha que encorajam dar sem por vezes

receber.

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Conforme afirma Rheingold (2012), para descrever o capital social, o sociólogo Putnam e a sua equipe

desenvolveram uma pesquisa sobre os cidadãos italianos na década de 1970 e descobriram que o Norte

da Itália era mais desenvolvido do que o Sul. As pesquisas evidenciaram que as condições socio-

históricas do país contribuíram para a formação dos tipos de sociedades existentes. A explicação para

o fato é de que o sul foi dominado por um sistema feudal enquanto no norte havia muitas associações

voluntárias.

Putnam conclui que “em comunidades cívicas, os cidadãos estão ligados por relações horizontais de

reciprocidade, ao invés de relações verticais de autoridade e dependência.”(Rheingold, 2012).

Rheingold (2012) esclarece que as “redes sociais permitem confiança e que ao contrário do capital

financeiro, a confiança aumenta com a utilização e empobrece se não utilizada. O capital social é um

bem público, não é propriedade de nenhum indivíduo que beneficia dele.” O autor reforça que a

cooperação deve ser aplicada de forma leve (logo gratuita) por meio de normas menos formais, mas

que sejam tão poderosas quanto as leis que regulam comportamentos sociais.

Sobre as regras, Putnam e sua equipe, citado por Rheingold (2012) diz que geralmente as normas são

aplicadas pelo medo de quebrar tabus e pela vergonha (represálias por quebrar leis que não estão

escritas) e a reciprocidade é descrita nos seus estudos, como mais uma norma para a formação de capital

social, mantendo a rede viva. ”O envolvimento cívico aumentam de valor para os desertores que se

arriscam a perder benefícios futuros.” (Rheingoold, 2012)

Percebe-se que o capital social, redes cívicas, reciprocidade e engajamento não é feito de qualquer

maneira. Rheingold (2012) aconselha que devemos tomar cuidado com a nossa reputação e qualidade

das informações divulgadas na rede social. Devemos sempre responder, fazer um favor a quem nos

pede, porém devemos também detetar a fonte das informações e não proliferar “porcarias” na rede. O

autor acrescenta que é preciso confiar nas pessoas de forma moderada. Além desses pontos, o autor

lembra-nos que redes diversificadas, com indivíduos diferentes, permitem transações mais ricas de

conhecimento e capital social.

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Rheigonld (2012) chama-nos atenção para a questão das redes agrupadas esclarecendo que essas são

úteis para criar um ambiente de partilha e confiança. Contudo não devem ser as únicas a fazer parte do

nosso portfólio pois acabam por criar ilhas. Acrescenta ainda, que tal como existem diferentes tipos de

forças nas ligações (forte, fracas e latentes), também existem vários tipos de capital social:

Bonding social capital – pessoas que partilham o mesmo contexto e investem fortemente

nas suas relações. Este tipo de relação aumenta os sentimentos de solidariedade.

Bridging social capital – relações mais fracas entre pessoas, mas que continuam ter mais

em comum que com outras. Este tipo de relação ajuda a sair das suas ilhas e trazer

informação e a espalhá-la por novas redes.

Linking social capital – junta pessoas de contextos e interesses distintos, são o tipo de

ligações necessários no desenvolvimento do small world networks.

De acordo com o estudo de Burt e citado por Rheingold (2012), a capacidade de juntar duas redes

distintas e de preencher vazios estruturais é uma vantagem competitiva no mundo das redes digitais,

denominada de broker.

O estudo intitulado “Origens sociais de boas ideias”, revela que existem quatro diferentes tipos de

brokers:

Pessoas que transferem informações sobre interesses e dificuldades entre grupos.

Pessoas que ensinam técnicas de uma rede para outra, a partir de experiências adquiridas.

Pessoas que conectam redes que aparentemente não tinham nada em comum.

Pessoas que juntam e sintetizam informação de redes aparentemente desconectadas.

Se compararmos as redes geradas pelas sociedades que frequentam as cidades, verificamos que numa

cidade de grandes dimensões é possível surgirem relações entre um maior número de pessoas distintas

permitindo níveis mais elevados de inovação, “não é o que conheces mas quem conheces”.

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Nos estudos de Turner sobre cultura digital aparece um novo contexto denominado empreendedorismo

de rede. Rheingold (2012) aborda uma entrevista com o pesquisador em que ele afirma que os espaços

de encontro para os empresários tanto podem ser espaços on-line ou espaços físicos reais emergindo

desta forma os empresários de rede. Isso acontece com a inserção de diversos grupos nas diversas redes

sociais.

Ainda sobre capital social, Rheingold esclarece que vários cientistas sociais avisam que o uso do termo

capital pode levar a enganos pois nem sempre as relações sociais têm sido utilitaristas e que não pode

ser unicamente aplicado aos que prosperaram uma vez que são os que estão na base da pirâmide social

que mais beneficiam da colaboração das redes digitais. O capital social é uma ferramenta útil mas

nunca deve ser a única.

Diante dos múltiplos significados imputados ao termo e das inúmeras comparações e equivalências ao qual ele é

submetido, a pertinência da “sobrevivência” e da continuidade da utilização do conceito de capital social parece apontar

para a necessidade de maior refinamento e definição de um significado específico para o termo. Sem isso, o capital social

se reduziria a um termo intercambiável com vários outros, o que dificultaria sua compreensão – uma vez que comportaria

os mais diversos significados – e, em último caso, o tornaria dispensável, uma vez que não traria novos ganhos analíticos.

(FIALHO, 2008: 81)

É necessário então olhar de forma mais produtiva e atenta as redes digitais. Ter o cuidado de manter

relacionamentos seguros e produtivos.

Faça um vídeo skype com sua filha quando ela estiver distante, mas pouse o telemóvel e olhe -a nos olhos quando ela

estiver perto, junte -se à conversa de bairro para falar sobre a cerca do jardim, veja suas redes de forma mais produtiva

com uso de ‘lentes”, mantenha sempre em mente que você não está a vendo toda e vivendo através de canais on-line,

portanto não pode nunca caracterizar famílias e comunidades apenas pelos benefícios da rede.

(RHEINGOLD, 2012)

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Assim sendo, as redes sociais do mundo físico real e online se complementam e em todas elas devemos

agir com ética e segurança para ter uma vida social de qualidade.

6. Afinar e alimentar a nossa rede pessoal de aprendizagem

As alterações que surgiram no seculo XXI trouxeram novos conceitos na arte de aprender e ensinar.

Surgem assim novas realidades introduzidas pelo desenvolvimento tecnológico e social.

Aprender na rede digital está intimamente ligado à cooperação, interatividade, mutualidade e

envolvimento social.

O PLN (Personal Learning Network) é um conceito recente, que fundamenta-se a partir da teoria do

Conectivísmo de Siemens. A teoria consiste na pedagogia baseada na rede em que a aprendizagem é

feita através da ligação do individuo por meio de pontos de ligação (nós) permitindo a partilha de

conteúdos e facilitando a interação. Desta forma torna-se possível a produção de conhecimento através

dessas mesmas ligações que foram estabelecidas. (Downes, 2012; Siemens, 2012; Morrison, 2013).

Connectivism is the integration of principles explored by chaos, network, and complexity and self-organization theories.

Learning is a process that occurs within nebulous environments of shifting core elements – not entirely under the control

of the individual. Learning (defined as actionable knowledge) can reside outside of ourselves (within an organization or

a database), is focused on connecting specialized information sets, and the connections that enable us to learn more are

more important than our current state of knowing.

(SIEMENS, 2004)

É crucial estabelecer uma rede de relações que permitam uma orientação no processo de procura de

informação. É através dessa rede de relações que se consegue atingir o objetivo, que é precisamente, a

melhoria da aprendizagem mútua, através de feedback, ideias, documentação e novos contactos.

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A nossa PLN acaba por ser uma curadoria das pessoas com quem queremos aprender e uma rede digital

onde aprendemos juntos.

No desenvolvimento da PLN temos que começar por procurar, utilizando palavras-chave, pesquisando

blogs, fóruns, colecionando links, wikis, etc. Só depois começamos a ter uma perceção do que nos pode

ser útil ou não.

Segundo Howard Rheingold (2012), podemos resumir a formação de uma PLN em oito processos:

1. Explorar várias plataformas de “social media” como blogs, Twitter, Facebook, etc.

2. Pesquisar depois de explorar, para procurar na web blogs e especialistas da área de interesse.

3. Seguir indivíduos que partilham o mesmo interesse e quando receber informação verificar

o porquê de estarmos a segui-lo, se é útil e vale a pena manter esse contacto.

4. Sintonizar, cuidadosamente as pessoas que queremos seguir, libertando-nos das que não

vale a pena perder tempo, assim como dar atenção àqueles que nos ensinam, inspiram ou

divertem.

5. Alimentar os que nos seguem e os que seguimos, fornecendo informações que achamos que

lhes pode ser útil.

6. Envolver os que segue e os que o seguem, sendo educado nos pedidos de atenção,

comentando os blogs, agradecendo os contactos daqueles que podem ser úteis para si e para

todos os que seguem a sua rede assim como fornecer informações que podem ajudar as redes.

7. Inquirir, colocando questões que envolvam as pessoas com quem mantém contacto e que

podem ser úteis para os que o seguem.

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8. Responder às questões que lhe são colocadas demonstrando desta forma educação,

mostrando interesse em contribuir no desenvolvimento das redes. Devemos contribuir

sempre, mesmo que não haja um benefício imediato ou futuro.

Desta forma, ao experimentarmos e colaborarmos com os outros, mesmo que seja apenas por

diversão, acabamos por criar a nossa PLN e ajudamos a desenvolver as dos outros, contribuído para

um maior enriquecimento da rede. “As well-tuned, well-fed PLN can be astonishingly, magically,

precisely, and promptly useful.” (Rheingold, 2012: 229).

As PLNs são descritas como uma forma de adquirir conhecimento baseada na informalidade,

proporcionando a aprendizagem com base em relações e interações estabelecidas através da rede

mundial – Internet. O incentivo é a aprendizagem e não a interação que dela advém, embora este

também seja importante. O ambiente de aprendizagem é totalmente autónomo, e o conhecimento é

construído através do conhecimento social, assim como da criação de uma rede de contactos.

7. Encarando os factos do Facebook

São enumeras as redes sociais a que podemos recorrer, contudo existe uma em particular que Howard

Rheingold evidencia em particular no seu livro NetSmart.

Um dos fenómenos da cibercultura é sem dúvida o fenómeno do Facebook. Para Lévy, filósofo francês

que aprofundou a sua visão no fenómeno da cibercultura, a necessidade de experimentar novas formas

de comunicação coletiva, de forma diferente da que já conhecíamos, levou à criação do ciberespaço

onde a magia da partilha e disseminação da informação acontece de forma coletiva e global.

O Facebook, sendo parte integral deste ciberespaço e adotado pela cibercultura atual, é nos dias de hoje

a rede social mais utilizada do mundo, contando já com mais de um bilião de cibernautas.

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A mediação digital remodela certas atividades cognitivas fundamentais que envolvem a linguagem, a sensibilidade, o

conhecimento e a imaginação inventiva. A escrita, a leitura, a escuta, o jogo e o aprendizado, reestruturados por

dispositivos técnicos inéditos, estão ingressando em novas configurações sociais.

(LÉVY, 1998:17)

Rheingold (1993), também partilha da mesma visão. Para ele, foi através do advento da CMC

(Comunicação Mediada por Computador) tal como da sua influência na sociedade, que as pessoas

procuraram para além de outras formas de estabelecer relações, formar comunidades, originando as tão

conhecidas comunidades virtuais. “As comunidades virtuais são agregados sociais que surgem da Rede

(Internet), quando uma quantidade suficiente de gente leva adiante essas discussões públicas durante

um tempo suficiente, com suficientes sentimentos humanos, para formar redes de relações pessoais no

espaço cibernético (ciberespaço).” (Rheingold, 1993).

O Facebook é um site e uma rede social que foi lançada em fevereiro de 2004 que permite, após efetuar

o registo, criar um perfil pessoal, adicionar outros utilizadores como amigos e trocar mensagens,

incluindo notificações automáticas após a atualização do seu perfil. Esta rede social permite também

participar em grupos de interesse comum de outros utilizadores, organizados por escola, trabalho ou

faculdade, ou outras características, e categorizar os seus amigos em listas como "as pessoas do

trabalho" ou "amigos chegados".

É uma ferramenta que nos dias que correm está muito enraizada na nossa cibercultura. Contudo, até

que ponto é que os seus utilizadores a utilizam corretamente?

Se soubermos utilizar as potencialidades desta rede social, podemos melhorar o nosso capital social

assim como o dos nossos amigos.

Muitos são os que adotam uma correta utilização do Facebook e com isso conseguem rentabilizar esta

ferramenta, promovendo-se positivamente aos olhos de quem os segue nesta rede social. Contudo, se

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não soubermos utiliza-la arriscamo-nos a transmitir informações que em nada nos vai ajudar quer na

vida privada quer em contexto do mercado de trabalho. É importante analisar se a informação que se

disponibiliza em rede é relevante para nós ou não, no sentido de dar mais valor áquilo que são os nossos

interesses pessoais e profissionais.

If you know what you’re doing with Facebook, you can increase your social capital and that of your friends. You can

build a digital portfolio that will help you obtain jobs and promotions. You can market your start-up or cause. You can

plot revolution. If you don’t know what you are doing with Facebook, you will stream private information about your

behavior to corporate, law enforcement and intelligence agencies, credit bureaus, your ex-spouse, your nosy neighbors,

or the creepy coworker…

(RHEINGOLD, 2012: 231)

A primeira grande controvérsia do Facebook foi a questão da privacidade e como pode afetar a nossa

vida. Se esta ferramenta nos pode ser útil devemos ter noção de como a podemos utilizar e até que

ponto nos pode utilizar.

Quando compomos a nossa biografia devemos ter em atenção aquilo que queremos que os nossos

amigos saibam, assim como todos aqueles que com eles se relacionam. Para filtrarmos esta informação

devemos saber utilizar as definições de privacidade, realizando escolhas de forma consciente nos

menus e submenus nas definições de privacidade a que temos acesso.

Outra medida a ter em conta ao acedermos ao Facebook através do portátil ou smartphone, em locais

públicos, através de wi-fi, passa por ativar o https de modo a proteger a ligação encriptando desta forma

dados importantes como por exemplo as credenciais de acesso – login e password.

Para além das medidas referidas anteriormente, devemos pensar duas vezes antes de utilizar o humor

e ironia nos nossos posts ou perfis, uma vez que podem levar a interpretações dúbias, assim como ter

a noção de que tudo o que colocamos online provavelmente nunca vai desaparecer.

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O Facebook está também carregado de perigos sociais e políticos e a Facebook Inc não está preparada

para informar os seus utilizadores destes perigos, por isso é da responsabilidade de cada um ser

consciente na utilização desta rede.

Scrutinize your profile through the eyes of an identity thief. You might be comfortable letting your friends know your

whereabouts, phone number, and mother’s maiden name, but do you want your friend’s friend’s crack dealer to know

that much about you too?

(RHEINGOLD, 2012: 233)

Uma das sugestões de Rheingold na sua obra NetSmart passa por desativar a conta do Facebook quando

estamos ausentes. Desta forma impedimos que coloquem mensagens no nosso mural, pesquisem a

nossa informação ou nos contactem. A nossa consciência sobre os limites e normas dos amigos, redes

digitais e grupos aumenta o nosso controlo social, no entanto devemos ter consciência que esse controlo

é limitado e pode ser alterado a qualquer momento.

É muito tarde para parar essa vigilância tecnológica e as violações de privacidade promovida pelos governos e por

iniciativas comerciais. O melhor que podemos fazer é educar as pessoas de forma que elas possam tomar as providências

necessárias para proteger suas privacidades.

(RHEINGOLD, 2012)

Na entrevista que o autor deu à revista online Link no Papel, Howard Rheingold refere essencialmente

que temos de olhar para a forma como utilizamos as tecnologias, tendo em conta os variadíssimos

perigos que advêm de uma má utilização, ou de uma utilização inconsciente das mesmas.

Segundo o autor de NetSmart, são quatro as propriedades únicas das redes digitais públicas que levam

a três mudanças de dinâmica:

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● Persistência – o que dizes permanece;

● Replicabilidade – é possível copiar/colar de um local para o outro;

● Escalabilidade – só porque algo é tornado público não quer dizer que vai ser lido por todos;

● Pesquisa – todas as pessoas tornaram-se alvo de pesquisa.

Estas quatro propriedades dão forma a três dinâmicas diferentes:

● Audiências invisíveis – nem sempre conseguem ter a noção de quem está do outro lado e como

vai ou se consegue interpretar o assunto que estou a apresentar.

● Colisões de contexto – a audiência que está do outro lado não tem necessariamente o mesmo

background, vêm muitas vezes de contextos sociais muito diferentes por isso devemos ter

cuidado com o choque cultural que pode formar.

● Convergência do privado e público – o espaço público e privado nas redes digitais não tem

uma fronteira física, cabe-nos controlar esse espaço dominando as ferramentas que utilizamos.

Estas dinâmicas têm significado social e implicações culturais pelo que alteram radicalmente a forma

como as pessoas apresentam a sua identidade aos que as rodeiam. Também introduzem novas estruturas

nas interações sociais e complicam a dinâmica do poder e liberdade. Contudo tomar consciência dos

riscos que corremos ao navegar nestes espaços permite-nos aprender a navegar num mundo complexo

que está em constante mudança. Enquanto os adultos entram em pânico os adolescentes têm aprendido

e desenvolvido mecanismos de defesa.

O Facebook tem um historial de alterar as suas regras de privacidade e algoritmos frequentemente, e

normalmente não nos informa como essas alterações podem mudar a nossa vida social. O mundo digital

pode ser útil e perigoso principalmente porque nenhum de nós o pode controlar. Fazemos escolhas a

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todo o momento e por isso necessitamos de estar alerta para as consequências pessoais das nossas

decisões que podem influenciar as nossas redes digitais.

O pensamento de que o nosso comportamento social é visto por apenas um conjunto de pessoas tem

que mudar, porque tudo aquilo que fazemos online pode ser testemunhado por quem desconhecemos.

Com a partilha de vídeos, a utilização dos smart-phones e as camaras de vigilância que estão um pouco

por todo o lado, temos que ter consciência que tudo o que fazemos de forma privada pode-se tornar

público de um momento para o outro.

Ao disponibilizarmos informação a alguém estamos a disponibilizar essa informação a toda a rede.

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