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Curso de
Geodiversidade e Geoconservação
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Módulo 2 – Patrimônio Geológico e Geoconservação
Antonio Liccardo PPG Gestão Territorial - UEPG
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Conceitos
• Definições e abrangência
• Geossítios, geotopos, Sítios de Interesse Geológico...
• Tipos de patrimônio geológico
• Patrimônio de mineração (?) e Patrimônio arqueológico (?)
• Principais usos
• Geoconservação
• Estratégias
Relação entre os conceitos www. geocultura.net
• Herança, legado... Algo de valor a ser deixado aos descendentes
• Do latim patrimonium (patri, pai + monium, recebido)
• Patrimônio natural refere-se a um bem natural que, dado seu valor econômico ou paisagístico, merece ser protegido pela sociedade. Envolve conceitos culturais.
• O que é patrimônio geológico?
• Patrimônio geológico é natural ou cultural?
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O que é patrimônio?
Legado – aquilo que recebemos e aquilo que devemos deixar aos descendentes
The World Heritage Convention The most significant feature of the 1972 World Heritage Convention is that it links together in a single document the concepts of nature conservation and the preservation of cultural properties. The Convention recognizes the way in which people interact with nature, and the fundamental need to preserve the balance between the two.
Geossítio - ocorrência de um ou mais elementos da geodiversidade (aflorante devido a resultado da ação de processos naturais ou por intervenção humana), bem delimitado geograficamente e que apresente valor singular do ponto de vista científico, didático, cultural, turístico ou outro.
Patrimônio Geológico - compreende o conjunto de geossítios (ou sitios geológicos) inventariados e caracterizados em uma dada área ou região.
Patrimônio geológico não é sinônimo de geodiversidade
O patrimônio geológico corresponde apenas ao que pode ser considerado “topo da geodiversidade”.
O patrimônio geológico é o conjunto de pontos notáveis da geodiversidade.
Brilha, 2005
O patrimônio geológico não é renovável e, uma vez destruído, parte da memória do planeta é perdida.
Geomorfológico Paleontológico Mineralógico Petrológico Tectônico Estratigráfico Hidrogeológico Espeleológico Pedológico
Patrimônio Geológico
Patrimônio Mineiro ou de Mineração – Arqueologia Industrial
Patrimônio Arqueológico
“Patrimônio Geológico Construído” - Geodiversidade no Patrimônio Construído
Geomorfológico - Geoformas
Paisagem do ponto de vista patrimonial. Modificado de Grandgirard (1997b).
La Portada – Antofagasta - Chile Atacama – Calama - Chile
A geomorfologia está diretamente correlacionada ao conceito de paisagem, e o
patrimônio geomorfológico envolve muitos componentes em sua definição
Pináculos da Capadócia - Turquia Relevos de exceção em Ischigualasto - Argentina
Cadeia de montanhas característica – Alpes - Europa
Geomorfológico - Geoformas
Paleontológico
Afloramento de trilobitas gigantes – Geoparque
Arouca, Portugal
Camadas fossilíferas são ótimos indicadores estratigráficos, que podem trazer informações ambientais
e temporais, alé de datação relativa
O estudo de fósseis em laboratório pode revelar novas espécies e novos entendimentos sobre o passado
Refere-se não somente aos fósseis, mas também
aos sítios fossilíferos
Paleontológico
Fósseis de estromatólitos, Quebec - Canadá
Icnofósseis de São Luiz do Purunã - Paraná Fósseis de pterossauros em arenito – Cruzeiro do Oeste, PR
Mesosaurus brasilensis – Fm Irati – Acervo Museu Copenhagen
Patrimônio móvel ou ex situ Patrimônio fixo ou in situ
Mineralógico
Topázio Imperial – Ouro Preto - MG
Brasilianita – Linópolis - MG Neodímio-lantanita – Curitiba - PR
Esmeraldas de Itabira - MG Turmalina Paraíba – S.J. da Batalha - PB
Quartzo rutilado – Novo Horizonte - BA
Kunzita – Araçuaí - MG
Ametista – Ametista do Sul, RS
Mineralógico
Água marinha aluvionar - ES
Capela revestida com cristais de água marinha - Ceará
Cabochão de quartzo rosa com efeito de asterismo - ES
Cristal de quartzo - MG
Gemas e cristais de água marinha - MG
Petrológico Petrologia , do grego petros (rocha) + logos (conhecimento), é o ramo da geologia que trata da origem, ocorrência, estrutura e história das rochas, que podem ser ígneas, sedimentares ou metamórficas.
Formação de geiseritos em El Tatio, Chile
Sienito Tunas - Paraná Afloramento de diamictito da Formação Iapó – Salto São Jorge, Paraná
Petrológico
Granito azul Macaúbas - Bahia
Granito orbicular – Caldera - Chile
Brecha de impacto – Coronel Vivida - Paraná
Pegmatito com turmalina – Solonópole - Ceará
Tectônico ramo da geologia que estuda as estruturas da crosta, em particular as forças e movimentos ocorridos numa dada região e que deram origem a tais estruturas. Relaciona-se diretamente com a geologia estrutural, mas a tectônica estuda estruturas em escala muito maior.
Falha de San Andreas -EUA
Quebrada de Las Conchas - Argentina
Siccar Point – Escócia
Tectônico
Cafayate - Argentina Valle de la Luna – Atacama - Chile
Paleta del pintor – Quebrada de Humauaca - Argentina Cuesta del Obispo – Cachi - Argentina
Dobras e falhas são a expressão mais comum deste tipo de patrimônio
Estratigráfico É o ramo da geologia que estuda os estratos ou camadas de rochas, buscando determinar os processos e eventos que as formaram. Basicamente segue o princípio da sobreposição das camadas.
Arthur’s Seat – Edimburg – Escócia Afloramentos descritos por James Hutton, pai da geologia moderna.
Contato geológico que levou à teoria do impacto de meteoro há 65 milhões de anos.
Coluna estratigráfica do Grand Canyon.
Estratigráfico No Brasil, talvez a coluna estratigráfica mais famosa seja a Coluna White, que apontou a estruturação da Bacia do Paraná, estudada na Serra do Rio do Rastro, em Santa Catarina
Hidrogeológico
Badab-e Surt, Irã, é um terraço composto por degraus de travertino. São formações criadas ao longo de milhares de anos, por água corrente de duas fontes termais minerais resfriadas, com depósitos de carbonatos na encosta da montanha.
For thousands of years, Huacachina, Peru, otherwise known as the ‘oasis of Americas’ – there is only one – has been a beacon of green, hidden deep amid hundreds of miles of barren desert.
En Gedi, Israel, is the largest oasis along the western shore of the Dead Sea. The springs here have allowed nearly continuous inhabitation of the site since the Chalcolithic period. The area was allotted to the tribe of Judah, and was famous in the time of Solomon (Josh 15:62).
In April 2000, a popular struggle against water privatization in Cochabamba, Bolivia’s third largest city, ignited a chain of events that profoundly altered the nation’s political landscape.
Aquíferos e recursos hídricos são naturalmente importantes, mas sua relação com a sociedade o torna um patrimônio especialmente crítico a ser preservado
Hidrogeológico
Entre as surgências de água, as fontes
termais são mais raras e apresentam
grande complexidade nas relações
geológicas.
El Tatyo – San Pedro de Atacama - Chile El Tatyo – San Pedro de Atacama - Chile
Laguna Miscanti – San Pedro de Atacama - Chile
Espeleológico
Poço Azul – Nova Redenção - BA
Gruta dos Brejões - BA
Gruta dos Brejões - BA
Gruta dos Brejões - BA
Ambientes cavernícolas estão entre os mais frágeis da geodiversidade
Espeleológico
Caverna Santana – Petar - SP Gruta Rei do Mato - MG
Gruta Maquiné - MG
Pedológico
Terra Preta de Índio desperta interesse da ciência internacional
Estruturas de terra escavadas no solo e formadas por valetas e muretas que representam figuras geométricas de diferentes formas. Foram encontradas na região sudoeste da Amazônia ocidental (Acre). As pesquisas arqueológicas nestas áreas, ainda que esparsas, dão conta de informações importantes sobre o manejo da paisagem amazônica por grupos indígenas que habitaram a região e sugerem um novo paradigma sobre o modelo de ocupação da Amazônia por densas sociedades pré-coloniais.
Numa altitude de 1.500 metros e cobrindo uma área de 11.000 km2, os Terraços de Arroz de Banaue existem há pelo menos 2.000 anos. São considerados pelos Filipinos como a Oitava Maravilha do Mundo. O local foi declarado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.
Solos férteis são fundamentais para o homem e para a biodiversidade. Além do aspecto produtivo, são um patrimônio também no sentido cultural em relação ao seu uso.
Pedológico Solos agriculturáveis são conquistados a duras penas por muitas culturas. Um dos desafios da alimentação no espaço é o cultivo de vegetais.
Patrimônio de Mineração
Antigas minas de mercúrio na Europa – Idrija e Almadén
Mina de Passagem e extração de ouro em Minas Gerais
Mina de Brejuí em Currais Novos, RN – extração de scheelita
A história de mineração revela a geodiversidade escondida e as relações do homem com os seus valores.
Patrimônio de Mineração
Parque Tanguá - Curitiba
Lençóis, Bahia – extração de diamantes
Antiga olaria - Curitiba
Antiga cava de areia- Curitiba
Antigo garimpo de diamantes - Mucugê
Patrimônio Arqueológico
Uma das vertentes sobre a arqueologia é a do estudo de ECOFATOS, BIOFATOS E ARTEFATOS. (Funari, 1988)
Ecofatos – evidências ambientais de culturas anteriores Biofatos – vestígios de plantas e animais. Artefatos – produtos do engenho humano que produzem transformações sobre a materialidade física (fixas ou móveis – ruínas ou instrumentos e cerâmicas)
Geodiversidade
Pinturas rupestres dos Campos Gerais - PR
Patrimônio Arqueológico
O sítio das Itacoatiaras do Rio Ingá (PB) congrega o mais representativo conjunto conhecido desse tipo de gravura no Brasil, que se notabiliza pelo uso quase exclusivo de representações não figurativas na composição de grandes painéis de arte rupestre, exprimindo o gênio criativo de um grupo humano que se apropriou de padrões estéticos abstratos como forma de expressão, e possivelmente, de conceitos simbólico-religiosos, diferentemente de outras culturas que, em sua maioria, utilizaram-se de representações antropomórficas e zoomórficas.
Pintura rupestre “restaurada” com massa plástica no Salto Santa Rosa, Tibagi, Paraná
Geoconservação
• Legislação
• Estratégias
• Inventariação, valoração
• Monitoramento
• Aspectos políticos
• Conservação de natureza e ordenamento territorial
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Marco na proteção do patrimônio geológico
DECLARAÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS À MEMÓRIA DA TERRA
1 - Assim como cada vida humana é considerada única, não é chegado o tempo de reconhecer também a condição única da Terra? 2 - A Terra, nossa Mãe, é base e suporte de nossas vidas. Somos todos ligados à Terra. A Terra é o elo de união entre todos nós. 3 - A Terra, com quatro bilhões e meio de anos de idade, é o berço da Vida, da renovação e das metamorfoses de todos seres vivos. Seu longo processo de evolução, seu lento amadurecimento, deu forma ao ambiente no qual vivemos. 4 - Nossa história e a história da Terra estão intimamente entrelaçadas. As origens de uma são as origens de outra. A história da Terra é nossa história, o futuro da Terra será nosso futuro. 5 - A face da Terra, a sua feição, são o ambiente do Homem. O ambiente de hoje é diferente do ambiente de ontem e será diferente também no futuro. O Homem não é senão um dos momentos da Terra. Não é uma finalidade, é uma condição efêmera e transitória. 6 - Da mesma forma como uma velha árvore registra em seu tronco a memória de seu crescimento e de sua vida, assim também a Terra guarda a memória do seu passado... Uma memória gravada em níveis profundos ou superficiais. Nas rochas, nos fósseis e nas paisagens, a Terra preserva uma memória passível de ser lida e decifrada. 7 - Atualmente, o Homem sabe proteger sua memória: seu patrimônio cultural. O ser humano sempre se preocupou com a preservação da memória, do patrimônio cultural. Apenas agora começou a proteger seu patrimônio natural, o ambiente imediato. É chegado o tempo de aprender a proteger o passado da Terra e, por meio dessa proteção, aprender a conhecê-lo. Esta memória antecede a memória humana. É um novo patrimônio: o patrimônio geológico, um livro escrito muito antes de nosso aparecimento sobre o Planeta. 8 - O Homem e a Terra compartilham uma mesma herança, um patrimônio comum. Cada ser humano e cada governo não são senão meros usufrutuários e depositários deste patrimônio. Todos os seres humanos devem compreender que a menor depredação do patrimônio geológico é uma mutilação que conduz a sua destruição, a uma perda irremediável. Todas as formas do desenvolvimento devem respeitar e levar em conta o valor e a singularidade deste patrimônio. 9 - Os participantes do 1° Simpósio Internacional sobre a Proteção do Patrimônio Geológico, composto por mais de uma centena de especialistas de trinta diferentes nações, solicitam com urgência, a todas as autoridades nacionais e internacionais que considerem e protejam o patrimônio geológico, por meio de todas as necessárias medidas legais, financeiras e organizacionais. (Texto elaborado a 13 de junho de 1991 em Digne-Les-Bains, França, durante o Primeiro Simpósio Internacional sobre a Proteção do Patrimônio Geológico). Tradução: Carlos Fernando de Moura Delphim
“A geoconservação visa a preservação da diversidade natural (ou geodiversidade) de significativos aspectos e processos geológicos (substrato), geomorfológicos (formas de paisagem) e de solo, pela manutenção da evolução natural desses aspectos e processos”
Sharples, 2002
Burek & Prosser, 2008
Geoconservação
A conservação de elementos representativos da geodiversidade é denominada Geoconservação e tem implicações diretas em todo o meio ambiente. A geoconservação reconhece que no processo de conservação da natureza, o componente abiótico é tão importante quanto o biótico. Conservar a geodiversidade de significativos aspectos e processos geológicos, geomorfológico e de solo, mantendo a evolução natural destes aspectos e processos (Patrimônio Geológico)
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Os principais objetivos da geoconservação são: 1.conservar e assegurar a manutenção da geodiversidade; 2.proteger e manter a integridade dos locais com relevância em termos de geoconservação; 3.minimizar os impactos adversos dos locais importantes em termos de geoconservação; 4.interpretar a geodiversidade para os visitantes de áreas protegidas; 5.contribuir para a manutenção da biodiversidade e dos processos ecológicos dependentes da geodiversidade.
- Pela aplicação de leis que já existem;
- Por meio da criação de leis/programas específicos para o patrimônio geológico
- Por ações específicas em casos isolados;
- Pela sensibilização do público sobre a importância deste patrimônio.
A geoconservação pode acontecer por vários mecanismos:
É preciso uma estratégia para o planejamento territorial que envolva geoconservação!
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Os monumentos. – Obras arquitetônicas, de escultura ou de pintura monumentais, elementos de estruturas de caráter arqueológico, inscrições, grutas e grupos de elementos com valor universal excepcional do ponto de vista da história, da arte ou da ciência; Os conjuntos. – Grupos de construções isoladas ou reunidos que, em virtude da sua arquitetura, unidade ou integração na paisagem têm valor universal excepcional do ponto de vista da história, da arte ou da ciência; Os locais de interesse. – Obras do homem, ou obras conjugadas do homem e da natureza, e as zonas, incluindo os locais de interesse arqueológico, com um valor universal excepcional do ponto de vista histórico, estético, etnológico ou antropológico.
A Convenção de 1972 para a Proteção do Patrimônio Mundial Cultural e Natural constitui um dos instrumentos mais importantes na conceituação e criação de um patrimônio de valor universal e considera: No Artigo 1, como PATRIMÔNIO CULTURAL:
ARTIGO 2.º Para fins da presente Convenção serão considerados como PATRIMÔNIO NATURAL: Os monumentos naturais constituídos por formações físicas e biológicas ou por grupos de tais formações com valor universal excepcional do ponto de vista estético ou científico; As formações geológicas e fisiográficas e as zonas estritamente delimitadas que constituem habitat de espécies animais e vegetais ameaçadas, com valor universal excepcional do ponto de vista da ciência ou da conservação; Os locais de interesse naturais ou zonas naturais estritamente delimitadas, com valor universal excepcional do ponto de vista a ciência, conservação ou beleza natural.
O IPHAN instituiu o Decreto-lei n. 25 de 30 de novembro de 1937, onde o patrimônio
natural é equiparado ao patrimônio histórico e artístico nacional, tornando-os passíveis
de tombamento com o objetivo de conservar sua feição excepcional.
§ 2º Equiparam-se aos bens a que se refere o presente artigo e são também sujeitos a
tombamento os monumentos naturais, bem como os sítios de paisagens que importe conservar e
proteger feição notável com que tenha sido dotado pela natureza ou agenciados pela indústria
humana.
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A Constituição Federal de 1988 revitalizou e ampliou o conceito de patrimônio estabelecido pelo Decreto-lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, substituindo a nominação Patrimônio Histórico e Artístico, por Patrimônio Cultural
O artigo 216 da Constituição conceitua patrimônio cultural como os bens “de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.
Principais usos do patrimônio geológico: Científico Didático Cultural Econômico (Geoturismo) Para Brilha (2005), ainda é importante inserir o Patrimônio Geológico na: i) Políticas e ações de conservação da natureza; ii) Instrumentos de planejamento e ordenamento do território; iii) Estrutura curricular dos diversos graus de ensino; e iv) Estratégias de turismo de natureza.
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Educação formal e não formal
Desafios para a geoconservação no Brasil
- Patrimônio Natural x Patrimônio Cultural ? - Patrimônio Natural x Mineração ? - Patrimônio Natural x Agronegócio ? - Patrimônio Natural x Expansão Urbana ? - Valor econômico x outros valores? - Valor cultural x outros valores? - Geodiversidade x Biodiversidade ? - Patrimônio Geológico x Geologia ? - Patrimônio Natural x Paleontologia ?
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• UNESCO – esfera internacional
• IPHAN – esfera nacional
• ICMBio – esfera nacional
• Ministério Público – esferas nacional, estadual e municipal
• Órgãos estaduais – Ex. IAP, CEPHA,...
Órgãos que atuam na proteção de patrimônio cultural-natural
Constituição de 1988 Título VIII - Da Ordem Social, Seção II, que versa sobre a Cultura: Art. 216 - “Constituem patrimônio cultural brasileiro, os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:” ... “ V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.”
Constituição de 1942 O art. 1. do decreto-lei n. 4146/42 assim dispõe: Art.1º - Os depósitos fossilíferos são propriedade da Nação, e, como tais, a extração de espécimes fósseis depende de autorização prévia e fiscalização do Departamento Nacional da Produção Mineral, do Ministério da Agricultura. Parágrafo único - Independem dessa autorização e fiscalização as explorações de depósitos fossilíferos feitas por museus nacionais e estaduais, e estabelecimentos oficiais congêneres, devendo, nesse caso, haver prévia comunicação ao Departamento Nacional da Produção Mineral.
A quem compete a geoconservação de sítios paleontológicos?
Recurso mineral Recurso cultural
O valor cultural x valor econômico ou funcional
Desafios para a geoconservação www. geocultura.net
Desafios culturais para a geoconservação É aceitável o comprometimento de fósseis, pinturas rupestres ou paisagens para a geração de petróleo, cimento ou areia?
Tombamentos e medidas de proteção
- Sítios urbanos
- Sítios arqueológicos
- Sítios paleontológicos
- Sítios geológicos
- Unidades de Conservação
Em 2015 está em andamento o processo de tombamento da Escarpa Devoniana junto ao CEPHA, proposto por pesquisadores da UEPG
-Estrias glaciais de Witmarsum -Icnofósseis de São Luiz do Purunã -Cratera de Impacto de Coronel Vivida -Sítio paleontológico de Cruzeiro do Oeste
BASE NO VALOR CULTURAL
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Estratégias
1. utilização sustentável dos recursos geológicos; 2. introdução do conhecimento geológico nos instrumentos de ordenamento das áreas protegidas; 3. levantamento dos locais de interesses geológico, geomorfológico e paleontológico ou arqueológico que ocorram no interior das áreas protegidas; 4. integração da política de conservação da natureza e do princípio da utilização sustentável dos recursos geológicos na política de ordenamento do território e nas diferentes políticas setoriais - sustentabilidade; 5.projetos de educação ambiental em matéria de conservação da natureza, em escalas Federal, Estadual e Municipal
Estratégias
Inventariação
Avaliação Quantitativa
Classificação
Conservação
Valorização e Divulgação
Monitoramento adaptado de Brilha (2005) e Lima (2008)
Estratégias
Inventariação
Comissão Brasileira dos Sítios Geológicos e Paleobiológicos - SIGEP, já existe desde 1997. O ProGEO na Europa disponibiliza uma ficha para cadastramento de geossítios.
http://sigep.cprm.gov.br/
Avaliação Quantitativa
A - Características Intrínsecas A1 - Abundância/Raridade A2 - Extensão A3 - Grau de conhecimento científico A4 - Representatividade na ilustração de modelos, processos ou unidades geológicas (local tipo) A5 - Diversidade de elementos de interesse A6 - Localidade-tipo A7 - Associação com elementos culturais A8 - Associação com elementos naturais A9 - Estado de conservação
C - Necessidade de Proteção C1 - Ameaças atuais ou potenciais C2 - Situação atual C3 - Interesse para exploração mineral C4 - Valor dos terrenos C5 - Regime de propriedade C6 - Fragilidade
B - Uso Potencial B1 - Possibilidade de realizar as atividades propostas B2 - Condições de Observação B3 - Possibilidade de coleta de materiais B4 - Acessibilidade B5 - Proximidade de povoações B6 - População a ser beneficiada com a utilização/divulgação do geossítio B7 - Condições socioeconômicas
Critérios para quantificação dos geossítios propostos
pelo sistema GEOSIT – CPRM – (Baseado em
metodologia de Brilha (2005) e Pereira & Brilha
(2008)
Atribui-se valores de 1 a 5
http://www.cprm.gov.br/geoecoturismo/geoparques/morrodochapeu/metodologia.html
Classificação
Critérios de relevância dos geossítios: a) Geossítios de relevância internacional: A1; A3; A9 simultaneamente maior ou igual a 4 e A6; B1; B2 igual a 5 b) Geossítios de relevância nacional: A1; A6; A9; B1; B2 simultaneamente maior ou igual a 3 e A3 maior ou igual a 4 Quantificação específica = (2A + B + 1.5C) / 3 c) Geossítios de relevância regional: Não obedecem aos critérios referidos acima Quantificação geral = (A + B + C) / 3
http://www.cprm.gov.br/geoecoturismo/geoparques/morrodochapeu/metodologia.html
Conservação
Descoberta de fósseis em Uberaba foram ponto de partida para adoção de medidas públicas de geoconservação .
Planejamento de estruturas de visitação tende a “educar” visitantes para a preservação e sustentabilidade
Estrias glaciais de Witmarsum - PR
Eventualmente são necessárias intervenções especiais para a preservação das feições principais.
Conservação
Parque Serra da Capivara - Piauí Parque Estadual de Vila Velha - PR
Valorização e Divulgação
Painéis geoturísticos implantados no Paraná pela MINEROPAR
Geoparques e projetos educativos.
Monitoramento
Reunião icnofósseis - 2011
Reunião icnofósseis - 2015
A evolução na proteção dos icnofósseis de São Luiz do Purunã só ocorreu pelo monitoramento, denúncias e diálogo
Manobras de máquinas - 2011 Passagem de alunos de geologia- 2011
Instalação de painel e cerca - 2011
• Brilha, J. 2005. Patrimônio Geológico e Geoconservação: a Conservação da Natureza na sua Vertente Geológica. Palimage Editores, 190p.
• Burek, C.V. & Prosser, C.D. 2008. The History of Geoconservation. Geological Society of London, Special Publication no 300, 312p.
• Borba, A.W. (2011) Geodiversidade e geopatrimônio como bases para estratégias de geoconservação: revisão de conceitos, metodologias de avaliação e aplicabilidade ao contexto do Estado do Rio Grande do Sul. Pesquisas em Geociências, vol. 38(1), p. 3-13. Disponível em: http://www.pesquisasemgeociencias.ufrgs.br/3801/01-3801.pdf
• Digne (1991) Declaração Internacional do Direito à Memória da Terra, disponível em: http://sigep.cprm.gov.br/destaques/Declaracao_Internacional_Direitos_a_Memoria_da_Terra.pdf
• FONSECA, M. H. A. da. Estabelecimento de critérios e parâmetros para a valoração do patrimônio geológico português: aplicação prática ao patrimônio geológico do Parque Nacional de Sintra-Cascais. 2009, 166f. Dissertação de Mestrado em Ordenamento Territorial e Planejamento Ambiental. Faculdade de Ciências e Tecnologia. Universidade Nova de Lisboa. Portugal, 2009.
• Henriques, M.H., Pena dos Reis, R., Brilha, J.B.R. & Mota, T. (2011) Geoconservation as an emerging geoscience. Geoheritage, DOI 10.1007/s12371-011-0039-8, publicado on-line em 21/4/2011.
• Mansur, K. & Erthal, F., 2003. Preservação do Patrimônio Natural – Desdobramentos do Projeto Caminhos Geológicos do RJ. Anais do 8º Simpósio de Geologia do Sudeste – Águas de São Pedro- SP.
• Nascimento, M.A.L.; Ruchkys, Ú.A.; Mantesso Neto, V. 2008. Geodiversidade, Geoconservação e Geoturismo: trinômio importante para proteção do patrimônio geológico. Sociedade Brasileira de Geologia, 82p.
• PEREIRA, P. J. da S. Patrimônio geomorfológico: conceptualização, valiação e divulgação. Aplicação ao Parque Nacional de Montesinho. 2006, 395f. Tese de Doutorado em Ciências – Geologia. Universidade do Minho. Portugal, 2006.
• PEREIRA, R.G.F. de A. Geoconservação e desenvolvimento sustentável na Chapada Diamantina (Bahia-Brasil). 2010. 317f. Tese de Doutorado em Ciências - Geologia. Universidade do Minho. Portugal, 2010.
• Schobbenhaus, C.; Campos, D.A.; Queiroz, E.T.; Winge, M.; Berbert-Born, M.L.C. 2002. Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil. 1a Ed., Brasília. DNPM/CPRM. Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos (SIGEP), v. 01, 554p.
• SHARPLES, C. Concepts and principles of geoconservation. Published electronically on the Tasmanin Parks & Wildlife Service web site. 3. ed. Set, 2002
• Winge, M.; Schobbenhaus, C.; Souza, C.R.G.; Fernandes, A.C.S.; Queiroz, E.T.; Berbert-Born, M.L.C.; Campos, D.A. 2009. Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil. 1a Ed., Brasília. CPRM. Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos (SIGEP), v. 02, 515p. Sites, Periódicos e Anais de Congressos e Simpósios.
Bibliografia