geodiversidade sp

Upload: jujusp008

Post on 04-Nov-2015

69 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Geodiversidade SP

TRANSCRIPT

  • GEODIVERSIDADE DO

    ESTADO DE SO PAULO

    PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASILLEVANTAMENTO DA GEODIVERSIDADE

    2010

    capa_letter_sao_paulo.indd 1capa_letter_sao_paulo.indd 1 19/1/2011 09:56:5919/1/2011 09:56:59

  • GEODIVERSIDADE DO ESTADO DE SO PAULO

    PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASILLEvAntAMEntO DA GEODIvERSIDADE

  • CASA CIvIL DA PRESIDnCIA DA REPBLICAMinistra-Chefe Dilma Rousseff

    MInIStRIO DE MInAS E EnERGIA

    SECREtARIA DE GEOLOGIA, MInERAO E tRAnSFORMAO MInERAL

    MInIStRO DE EStADOEdison Lobo

    SECREtRIO ExECutIvOMrcio Pereira Zimmermann

    SECREtRIO DE GEOLOGIA, MInERAO E tRAnSFORMAO MInERALCludio Scliar

    CPRM SERvIO GEOLGICO DO BRASIL

    COnSELHO DE ADMInIStRAO

    Presidente Giles Carriconde Azevedo

    vice-PresidenteAgamenon Sergio Lucas Dantas

    ConselheirosBenjamim Bley de Brito NevesCludio ScliarLuiz Gonzaga BaioJarbas Raimundo de Aldano Matos

    DIREtORIA ExECutIvA

    Diretor-PresidenteAgamenon Sergio Lucas Dantas

    Diretor de Hidrologia e Gesto territorialJos Ribeiro Mendes

    Diretor de Geologia e Recursos MineraisManoel Barretto da Rocha Neto

    Diretor de Relaes Institucionais e DesenvolvimentoFernando Pereira de Carvalho

    Diretor de Administrao e FinanasEduardo Santa Helena da Silva

    SuPERIntEnDnCIA REGIOnAL DE SO PAuLO

    SuperintendenteJos Carlos Garcia Ferreira

    Gerncia de Hidrologia e Gesto territorialArmando Teruo Takahashi

    Superviso de Gesto territorialAntonio Theodorovicz

  • MInIStRIO DE MInAS E EnERGIASECREtARIA DE GEOLOGIA, MInERAO E tRAnSFORMAO MInERAL

    CPRM - SERvIO GEOLGICO DO BRASIL

    GEODIVERSIDADE DO ESTADO DE SO PAULO

    PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASILLEvAntAMEntO DA GEODIvERSIDADE

    ORGANIZAO

    Carlos Augusto Brasil Peixoto

    So Paulo, Brasil

    2010

  • CRDItOS tCnICOS

    LEvAntAMEntO DA GEODIvERSIDADE DO EStADO DE SO PAuLO

    COORDEnAO nACIOnAL

    Departamento de Gesto territorialCassio Roberto da Silva

    Coordenao de Geoprocessamento e da Base de Dados de GeodiversidadeMaria Anglica Barreto RamosMaria Adelaide Mansini Maia

    Coordenao RegionalAntonio Theodorovicz

    Execuo tcnicaCarlos Augusto Brasil Peixoto

    Organizao do Livro Geodiversidade do Estado de So PauloCarlos Augusto Brasil Peixoto

    Sistema de Informao Geogrfica e Leiaute do MapaCarlos Augusto Brasil PeixotoMarina das Graas Perin

    Apoio banco de dados, SIG e desenvolvimento da base geodiversidade Diviso de Geoprocessamento (DIGEOP)Joo Henrique GonalvesAntnio Rabello SampaioLeonardo Brando ArajoElias Bernard da Silva do Esprito SantoPatricia Duringer JacquesGabriela Figueiredo de Castro Simo

    Colaborao Edgar ShinzatoJorge PimentelLo Teixeira Marcelo Eduardo Dantas Mnica Mazzini PerrottaNelize Lima dos Santos (estagiria)Regina Clia Gimenez ArmestoRoylane BarbosaValter Jos Marques

    Reviso LingusticaAndr Luis de Oliveira Mendona

    Projeto Grfico/Editorao/MultimdiaDepartamento de Relaes Institucionais (DERID)Diviso de Marketing e Divulgao (DIMARK)(padro capa/embalagem)Ernesto von SperlingJos Marcio Henriques SoaresTrao Leal Comunicao

    Departamento de Apoio tcnico (DEPAt)Diviso de Editorao (DIEDIG) (projeto de editorao/diagramao)Valter de Alvarenga BarradasAndria Amado ContinentinoAgmar Alves Lopes

    (superviso de editorao)Andria Amado Continentino

    Superintendncia Regional de Manaus (SuREG-MA)Gerncia de Relaes Institucionais e Desenvolvimento (GERIDE)(projeto de multimdia)Maria Tereza da Costa DiasAldenir Justino de Oliveira

    Superintendncia Regional de So Paulo (SuREG-SP)Gerncia de Relaes Institucionais e Desenvolvimento (GERIDE)(editorao e multimdia)Marina das Graas Perin

    Este produto pode ser encontrado em www.cprm.gov.br e [email protected]

    Peixoto, Carlos Augusto Brasil. Geodiversidade do estado de So Paulo/ Organizao Carlos Augusto Brasil Peixoto. So Paulo: CPRM, 2010. 176 p.; 30 cm + 1 DVD-ROM

    Programa Geologia do Brasil. Levantamento da Geodiversidade. 1. Geodiversidade Brasil So Paulo. 2. Meio ambiente

    Brasil So Paulo. 3. Planejamento territorial Brasil So Paulo. 4. Geologia ambiental Brasil SoPaulo. I. Ttulo.

    CDD 551.098161

    FOTOS DA CAPA:1. Potencial turstico: vista parcial da estncia hidromineral guas de Lindia.2. Agricultura: uso da tcnica de terraceamento nas propriedades rurais da regio de Franca. 3. Recursos hdricos: Lago da represa Caconde no rio Pardo (municpio de Caconde).4. Obras de engenharia: tnel na rodovia SP-123 km 31, municpio de Pindamonhangaba.

  • Uma das realizaes mais marcantes da atual gesto do Servio Geolgico do Brasil, em estreita sintonia com a Secretaria de Geologia, Minerao e Transformao Mineral do Ministrio de Minas e Energia (SGM/MME), tem sido a consolidao do conceito de geodiversidade e, consequentemente, do desenvolvimento de mtodos e tecnologia para gerao de um produto de altssimo valor agregado, que rompe o estigma de uso exclusivo das informaes geolgicas por empresas de minerao.

    A primeira etapa no caminho dessa consolidao foi a elaborao do Mapa Geodiversidade do Brasil (escala 1:2.500.000), que sintetiza os grandes geossistemas formadores do territrio nacional. Alm de oferecer sociedade uma ferramenta cientfica indita de macroplanejamento do ordenamento territorial, o projeto subsidiou tanto a formao de uma cultura interna com relao aos levantamentos da geodiversidade quanto os aperfeioamentos metodolgicos.

    A receptividade ao Mapa Geodiversidade do Brasil, inclusive no exterior, mostrando o acerto da iniciativa, incentivou-nos a dar prosseguimento empreitada, desta feita

    passando aos mapas de geodiversidade estaduais, considerando que nos ltimos cinco anos o Servio Geolgico atualizou a geologia e gerou sistemas de informaes geogrficas de vrios estados brasileiros.

    nesse esforo que se insere o LEVANTAMENTO DA GEODIVERSIDADE DO ESTADO DE SO PAULO aqui apresentado. Trata-se de um produto concebido para oferecer aos diversos segmentos da sociedade paulista uma traduo do conhecimento geolgico-cientfico estadual, com vistas a sua aplicao ao uso adequado do territrio. Destina-se a um pblico-alvo variado, desde empresas mineradoras tradicionais, passando pela comunidade acadmica, gestores pblicos da rea de ordenamento territorial e gesto ambiental, organizaes no-governamentais at a sociedade civil.

    Dotado de uma linguagem de compreenso universal, tendo em vista seu carter multiuso, o produto compartimenta o territrio paulista em unidades geolgico-ambientais, destacando suas limitaes e potencialidades, considerando-se a constituio litolgica da supraestrutura e da infraestrutura geolgica. So abordadas, tambm: caractersticas geotcnicas; coberturas de solos; migrao, acumulao e disponibilidade de recursos hdricos; vulnerabilidades e capacidades de suporte implantao de diversas atividades antrpicas dependentes dos fatores geolgicos; disponibilidade de recursos minerais essenciais ao desenvolvimento social e econmico do estado. Nesse particular, em funo de fatores estratgicos, so propostas reas de Relevante Interesse Mineral (ARIMs), constituindo-se em valioso subsdio s tomadas de deciso conscientes sobre o uso do territrio.

    O Mapa Geodiversidade do Estado de So Paulo foi gerado a partir dos SIGs do Mapa Geolgico do Estado de So Paulo (2006) e do Mapa Geodiversidade do Brasil (2006), escala 1:2.500.000, bem como de informaes agregadas obtidas por meio de trabalho de campo, consulta bibliogrfica e dados de instituies pblicas e de pesquisa.

    As informaes tcnicas produzidas pelo levantamento da Geodiversidade do Estado de So Paulo na forma de mapa, SIG e texto explicativo encontram-se disponveis no portal da CPRM/SGB () para pesquisa e download, por meio do GeoBank, o sistema de bancos de dados geolgicos corporativo da Empresa, e em formato impresso e digital (DVD-ROM), para distribuio ao pblico em geral.

    APR

    ES

    EN

    TA

    O

  • Com este lanamento, o Servio Geolgico do Brasil d mais um passo fundamental, no sentido de firmar os mapas de geodiversidade como produtos obrigatrios de agregao de valor aos mapas geolgicos, na certeza de conferir s informaes geolgicas uma inusitada dimenso social, que, em muito, transcende sua reconhecida dimenso econmica. E, como tal, permite maior insero dos temas geolgicos nas polticas pblicas governamentais, a bem da melhoria da qualidade de vida da populao brasileira.

    Agamenon Sergio Lucas Dantas Diretor-Presidente

    CPRM/Servio Geolgico do Brasil

  • 1. IntRODuO ................................................................................... 09Pedro A. dos Santos Pfaltzgraff, Carlos Augusto Brasil Peixoto

    2. MEtODOLOGIA E EStRutuRAO DA BASE DE DADOS EM SIStEMA DE InFORMAO GEOGRFICA ...................................... 15 Maria Anglica B. Ramos, Marcelo E. Dantas, Antnio Theodorovicz, Valter J. Marques, Vitrio O. Filho, Maria Adelaide M. Maia, Pedro A. S. Pfaltzgraff

    3. GEODIvERSIDADE: ADEQuABILIDADES/POtEnCIALIDADES E LIMItAES FREntE AO uSO E OCuPAO .................................. 31Carlos Augusto Brasil Peixoto

    4. COnCLuSES E RECOMEnDAES ................................................ 137 Carlos Augusto Brasil Peixoto

    APnDICES

    I . unIDADES GEOLGICO-AMBIEntAIS DO tERRItRIO BRASILEIRO

    II . BIBLIOtECA DE RELEvO DO tERRItRIO BRASILEIRO

    nOtA SOBRE OS AutORES

    SU

    M

    RIO

  • 1INTRODUO Pedro Augusto dos Santos Pfaltzgraff ([email protected])Carlos Augusto Brasil Peixoto ([email protected])

    CPRM Servio Geolgico do Brasil

    SUMRIO

    Geodiversidade ................................................................................................... 11

    Aplicaes ............................................................................................................ 12

    Referncias .......................................................................................................... 13

  • INTRODUO

    11

    GEODIVERSIDADE

    O planeta Terra se comporta como um sistema vivo, por meio de um conjunto de grandes engrenagens que se movimenta, que se modifica, acolhe e sustenta uma im-ensidade de seres vivos em sua superfcie. A sua vida se expressa pelo movimento do planeta no entorno do Sol e de seu eixo de rotao, assim como por seu movimento interno por meio das correntes de conveco que se desenvolvem abaixo da crosta terrestre. Em decorrncia, tem-se, em superfcie, a deriva dos continentes, vulces e terremotos, alm do movimento dos ventos e diversos agentes climticos que atuam na modelagem das paisagens.

    Embora seja o sustentculo para o desenvolvimento da vida na superfcie terrestre, o substrato tem recebido menos ateno e estudo que os seres que se assentam sobre ele. Partindo dessa afirmao, so mais antigos e conhecidos o termo e o conceito de biodiversidade que os referentes a geodiversidade.

    O termo geodiversidade foi empregado pela primeira vez em 1993, na Conferncia de Malvern (Reino Unido) sobre Conservao Geolgica e Paisagstica. Inicialmente, o vocbulo foi aplicado para gesto de reas de proteo ambiental, como contraponto a biodiversidade, j que havia necessidade de um termo que englobasse os elemen-tos no-biticos do meio natural (SERRANO e RUIZ FLAO, 2007). Todavia, essa expresso havia sido empregada, na dcada de 1940, pelo gegrafo argentino Federico Alberto Daus, para diferenciar reas da superfcie terrestre, com uma conotao de Geografia Cultural (ROJAS citado por SERRANO e RUIZ FLAO, 2007, p. 81).

    Em 1997, Eberhard (citado por SILVA et al, 2008a, p. 12) definiu geodiversidade como a diversidade natural entre aspectos geolgicos, do relevo e dos solos.

    O primeiro livro dedicado exclusivamente temtica da geodiversidade foi lanado em 2004. Trata-se da obra de Murray Gray (professor do Departamento de Geografia da Universidade de Londres) intitulada Geodiversity: Valuying and Conserving Abiotic Nature. Sua definio de geodi-versidade bastante similar de Eberhard.

    Owen et al. (2005), em seu livro Gloucestershire Cotswolds: Geodiversity Audit & Local Geodiversity Action Plan, consideram que:

    Geodiversidade a variao natural (diversidade) da geologia (rochas minerais, fsseis, estruturas), geomor-fologia (formas e processos) e solos. Essa variedade de ambientes geolgicos, fenmenos e processos faz com que essas rochas, minerais, fsseis e solos sejam o substrato para a vida na Terra. Isso inclui suas relaes, propriedades, interpretaes e sistemas que se inter-relacionam com a paisagem, as pessoas e culturas.

    Galopim de Carvalho (2007), em seu artigo Na-tureza: Biodiversidade e Geodiversidade, assume esta definio:

    Biodiversidade uma forma de dizer, numa s pala-vra, diversidade biolgica, ou seja, o conjunto dos seres

    vivos. , para muitos, a parte mais visvel da natureza, mas no , seguramente, a mais importante. Outra parte, com idntica importncia, a geodiversidade, sendo esta entendida como o conjunto das rochas, dos minerais e das suas expresses no subsolo e nas paisagens. No meu tempo de escola ainda se aprendia que a natureza abar-cava trs reinos: o reino animal, o reino vegetal e o reino mineral. A biodiversidade abrange os dois primeiros e a geodiversidade, o terceiro.

    Geodiversidade, para Brilha et al. (2008), a variedade de ambientes geolgicos, fenmenos e processos activos que do origem a paisagens, rochas, minerais, fsseis, solos e outros depsitos superficiais que so o suporte para a vida na Terra.

    No Brasil, os conceitos de geodiversidade se desen-volveram praticamente de forma simultnea ao pensamen-to internacional, entretanto, com foco direcionado para o planejamento territorial, embora os estudos voltados para geoconservao no sejam desconsiderados (SILVA et al., 2008a).

    Na opinio de Veiga (2002), a geodiversidade ex-pressa as particularidades do meio fsico, abrangendo rochas, relevo, clima, solos e guas, subterrneas e superficiais.

    A Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais/Servio Geolgico do Brasil (CPRM/SGB) define geodiversidade como:

    O estudo da natureza abitica (meio fsico) constituda por uma variedade de ambientes, composio, fenmenos e processos geolgicos que do origem s paisagens, rochas, minerais, guas, fsseis, solos, clima e outros depsitos superficiais que propiciam o desenvolvimento da vida na Terra, tendo como valores intrnsecos a cultura, o esttico, o econmico, o cientfico, o educativo e o turstico (CPRM, 2006).

    J autores como Xavier da Silva e Carvalho Filho (cita-dos por SILVA et al., 2008a, p. 12) apresentam definies diferentes da maioria dos autores nacionais e internacio-nais, definindo geodiversidade a partir da variabilidade das caractersticas ambientais de uma determinada rea geogrfica.

    Embora os conceitos de geodiversidade sejam menos conhecidos do grande pblico que os de biodiversidade, esta dependente daquela, conforme afirmam Silva et al. (2008a, p. 12):

    A biodiversidade est assentada sobre a geodiversidade e, por conseguinte, dependente direta desta, pois as rochas, quando intemperizadas, juntamente com o relevo e o clima, contribuem para a formao dos solos, disponi-bilizando, assim, nutrientes e micronutrientes, os quais so absorvidos pelas plantas, sustentando e desenvolvendo a vida no planeta Terra. Em sntese, pode-se considerar que o conceito de geodiversidade abrange a poro abitica do geossistema (o qual constitudo pelo trip que envolve a anlise integrada de fatores abiticos, biticos e antrpicos) (Figura 1.1).

  • GEODIVERSIDADE DO EStADO DE SO pAulO

    12

    APLICAES

    O conhecimento da geodiversidade nos leva a identi-ficar, de maneira melhor, as aptides e restries de uso do meio fsico de uma rea, bem como os impactos advindos de seu uso inadequado. Alm disso, ampliam-se as pos-sibilidades de melhor conhecer os recursos minerais, os riscos geolgicos e as paisagens naturais inerentes a uma determinada regio composta por tipos especficos de rochas, relevo, solos e clima. Dessa forma, obtm-se um diagnstico do meio fsico e de sua capacidade de suporte para subsidiar atividades produtivas sustentveis.

    Exemplos prticos da importncia do conheci-mento da geodiversidade de uma regio para subsidiar o aproveitamento e a gesto do meio fsico so ilustrados a seguir.

    Em determinada regio, formada por rochas gneas e metamrficas, relevo montanhoso, solos pouco espessos, prxima a cidades com grande expanso urbana, como So Paulo, o que seria possvel fazer para promover o seu aproveitamento econmico (Figura 1.3)?

    O conhecimento da geodiversidade da regio impli-caria o conhecimento de suas rochas, portanto, nesse caso especfico, os tipos rochosos mostrariam aptides para aproveitamento como agregados para a construo civil, em uma rea intensamente urbanizada e com forte demanda de mercado, devido ao reaquecimento da indstria da construo civil.

    O relevo montanhoso e a fina espessura do solo seriam outros fatores para auxiliar no desenvolvimento dessa atividade, levando-se em conta que esses tipos de solo e relevo mostram que a rea seria pouco propcia, ou com restries, instalao de atividades agrcolas, por exemplo.

    Em outro exemplo, tem-se uma rea plana (plancie de inundao de um rio), cujo terreno constitudo por areias e argilas, com possvel presena de turfas e argilas moles. Nessa situao, os espessos pacotes de areia viabilizam a explotao desse material para a construo civil; as argilas moles e turfas, alm da suscetibilidade a inundaes peridi-cas, tornam a rea inadequada para ocupao urbana ou industrial; e a presena de solos mais frteis torna a rea propcia agricultura de ciclo curto.

    Observa-se, entretanto, que justamente em vrzeas e plancies de inundao que se instalou a maior parte das cidades no Brasil, cuja populao sofre periodicamente os danos das cheias dos rios.

    Em So Paulo, temos exemplos de grandes bairros como o Jardim Pantanal periodicamente inundados

    Figura 1.1 Relao de interdependncia entre os meios fsico, bitico e a sociedade.

    Disponibilidade e Adequada Utilizao dos Recursos Hdricos

    GEODIVERSIDADE

    Sade

    Meio Ambiente

    Educao

    Instrumento de Planejamento, Gesto e Ordenamento Territorial

    Obras de Engenharia Evoluo da Terra e da Vida

    Polticas Pblicas

    Mudanas ClimticasAgricultura

    Preveno de Desastres NaturaisGeoconservao e Geoturismo

    Levantamento Geolgico e Pesquisa Mineral

    Figura 1.2 Principais aplicaes da geodiversidade.Fonte: Silva et al. (2008b, p. 182).

    Figura 1.3 - Pedreira em franca produtividade para uso direto na sempre crescente indstria da construo civil

    (distrito de Perus, municpio de So Paulo).Fotografia: Projeto TAV, 2009.

    Meio Bitico SociedadesHumanas

    Meio Fsico(Geodiversidade)

    Relao entre sistemas

    Frente de Lavra

  • INTRODUO

    13

    durante a poca de cheia dos rios e em cujas reas in-undveis crescem as invases e construes irregulares (Figuras 1.4 e 1.5).

    O uso e o manejo inadequados do solo so fatores importantes na instalao de processos erosivos que levam crescente formao de sulcos, ravinas e voorocas.

    O conhecimento e a considerao das caractersticas dos materiais geolgicos formadores do substrato de uma regio auxiliam na indicao das aptides e restries de uso desses solos e subsolos, como tambm apontam al-guma forma de preveno ou, pelo menos, de mitigao da instalao de tais processos erosivos (Figura 1.6).

    Importantes projetos nacionais na rea de infraestrutura j se utilizam do conhecimento sobre a geodiversidade da rea proposta para sua implantao. Como exemplo, o le-vantamento ao longo do trajeto planejado para as ferrovias Transnordestina, Este-Oeste e Norte-Sul, em que o conheci-mento das caractersticas da geodiversidade da regio se faz importante para escolha no s dos mtodos construtivos do empreendimento, como tambm para o aproveitamento econmico das regies no entorno desses projetos.

    Convm ressaltar que o conhecimento da geodiver-sidade implica o conhecimento do meio fsico no tocante s suas limitaes e potencialidades, possibilitando a planejadores e administradores melhor viso do tipo de aproveitamento e do uso mais adequado para determinada rea ou regio.

    REFERNCIAS

    BRILHA, J.; PEREIRA, D.; PEREIRA, P. Geodiversidade: valores e usos. Braga: Universidade do Minho, 2008.

    CPRM. Mapa geodiversidade do Brasil. Escala 1:2.500.000. Legenda expandida. Braslia: CPRM, 2006. 68 p. CD-ROM.

    GALOPIM DE CARVALHO, A. M. Natureza: biodiversidade e geodiversidade. [S.l.: s.n.], 2007. Disponvel em: . Acesso em: 25 jan. 2010.

    Figura 1.4 Vista parcial do Jardim Pantanal, So Paulo (SP) (jan. 2010).

    Disponvel em: ; acesso em 18 fev. 2010.

    Figura 1.5 Vista area do Jardim Pantanal, So Paulo (SP) (jan. 2010).

    Disponvel em: ; acesso em 29 nov. 2010.

    Figura 1.6 O talude em solo mostra grandes feies erosivas do tipo ravinas e sulcos, que so de difcil controle e estabilizao

    (So Miguel do Arcanjo, SP).

  • GEODIVERSIDADE DO EStADO DE SO pAulO

    14

    GRAY, M. Geodiversity: valuying and conserving abiotic nature. New York: John Wiley & Sons, 2004. 434 p.

    OWEN, D.; PRICE, W.; REID, C. Gloucestershire cotswolds: geodiversity audit & local geodiversity action plan. Gloucester: Gloucestershire Geoconservation Trust, 2005.

    SERRANO CAADAS, E.; RUIZ FLAO, P. Geodiversidad: concepto, evaluacin y aplicacin territorial: el caso de Tiermes-Caracena (Soria). Boletn de la Asociacin de Gegrafos Espaoles, La Rioja, n. 45, p. 79-98, 2007.

    SILVA, C. R. da; RAMOS, M. A. B.; PEDREIRA, A. J.; DANTAS, M. E. Comeo de tudo. In: SILVA, C. R. da (Ed.). Geodiversidade do Brasil: conhecer o passado, para entender o presente e prever o futuro. Rio de Janeiro: CPRM, 2008a. 264 p. il. p. 11-20.

    SILVA, C. R. da; MARQUES, V. J.; DANTAS, M. E.; SHINZATO, E. Aplicaes mltiplas do conhecimento da geodiversidade. In: SILVA, C. R. da (Ed.). Geodiversidade do Brasil: conhecer o passado, para entender o presente e prever o futuro. Rio de Janeiro: CPRM, 2008b. 264 p. il. p. 181-202.

    XAVIER DA SILVA, J.; CARVALHO FILHO, L. M. ndice de geodiversidade da restinga da Marambaia (RJ): um exemplo do geoprocessamento aplicado geografia fsica. Revista de Geografia, Recife: DCG/UFPE, v. 1, p. 57-64, 2001.

    VEIGA, T. A geodiversidade do cerrado. [S.l.: s.n.], 2002. Disponvel em: . Acesso em: 25 jan. 2010.

  • 2METODOLOGIA E ESTRUTURAO DA BASE DE DADOS EM SISTEMA DE INFORMAO GEOGRFICAMaria Anglica Barreto Ramos ([email protected])Marcelo Eduardo Dantas ([email protected])Antnio Theodorovicz ([email protected])Valter Jos Marques ([email protected])Vitrio Orlandi Filho ([email protected])Maria Adelaide Mansini Maia ([email protected])Pedro Augusto dos Santos Pfaltzgraff ([email protected])

    CPRM Servio Geolgico do Brasil Consultor

    SUMRIO

    Introduo ........................................................................................................... 17

    Procedimentos metodolgicos ............................................................................. 17

    Definio dos domnios e unidades geolgico-ambientais ................................... 17

    Atributos da geologia .......................................................................................... 18

    Deformao ...................................................................................................... 18

    Tectnica: dobramentos ................................................................................. 18

    Tectnica: fraturamento (juntas e falhas)/cisalhamento ................................. 18

    Estruturas .......................................................................................................... 18

    Resistncia ao intemperismo fsico .................................................................... 18

    Resistncia ao intemperismo qumico ............................................................... 18

    Grau de coerncia ............................................................................................. 19

    Caractersticas do manto de alterao potencial (solo residual) ........................ 19

    Porosidade primria .......................................................................................... 20

  • Caracterstica da unidade lito-hidrogeolgica ................................................... 21

    Atributos do relevo .............................................................................................. 21

    Modelo digital de terreno shutlle radar topography mission (SRTM) ................. 21

    Mosaico geocover 2000 ....................................................................................... 23

    Anlise da drenagem............................................................................................ 23

    Kit de dados digitais ............................................................................................. 23

    Trabalhando com o kit de dados digitais ........................................................... 25

    Estruturao da base de dados: geobank ............................................................. 26

    Atributos dos campos do arquivo das unidades geolgico-ambientais: dicionrio de dados .......................................................... 27

    Referncias ........................................................................................................... 28

  • METODOLOGIA E ESTRUTURAO DA BASE DE DADOS EM SISTEMA DE INFORMAO GEOGRFICA

    17

    INTRODUO

    Neste captulo so apresentadas as diversas etapas que envolveram o tratamento digital dos dados no de-senvolvimento do SIG Mapa Geodiversidade do Estado de So Paulo, do Programa Geologia do Brasil (PGB) da CPRM/SGB, integrante do Programa de Acelerao do Crescimento (PAC 2009), que tem como objetivo a gerao de produtos voltados para o ordenamento territorial e o planejamento dos setores mineral, transportes, agricultura, turismo e meio ambiente.

    As informaes produzidas esto alojadas no GeoBank (sistema de bancos de dados geolgicos corporativo da CPRM/SGB), a partir das informaes geolgicas multiescalares contidas em suas bases Litoestratigrafia e Recursos Minerais, alm da utilizao de sensores como o Modelo Digital de Terreno SRTM (Shuttle Radar Topography Mission), do Mosaico GeoCover 2000 e das informaes de estruturas e drenagem (SCHOBBENHAUS et al., 2004; RAMOS et al., 2005; THEODOROVICZ et al., 1994, 2001, 2002, 2005; TRAININI e ORLANDI, 200; TRAININI et al., 1998, 2001).

    Do mesmo modo que na elaborao do Mapa Geodiversidade do Brasil (escala 1:2.500.000), tambm foram utilizadas, para o Mapa Geodiversidade do Estado de So Paulo, informaes temticas de infraestrutura, recursos minerais, unidades de conservao, terras indgenas e reas de proteo integral e de desenvolvimento sustentvel estaduais e federais, dados da rede hidrolgica e de gua subterrnea, reas oneradas pela minerao, gasodutos e oleodutos, dados paleontolgicos, geotursticos e paleontolgicos.

    PROCEDIMENTOS METODOLGICOS

    Assim como para o Mapa Geodiversidade do Brasil e do SIG Geodiversidade ao Milionsimo, os levantamentos estaduais foram elaborados seguindo as orientaes contidas em roteiro metodolgico preparado para essa fase, apoiados em kits digitais personalizados para cada estado, que contm todo o material digital (imagens, arquivos vetoriais etc.) necessrio ao bom desempenho da tarefa.

    A sistemtica de trabalho adotada permitiu a continuao da organizao dos dados na Base Geodi-versidade inserida no GeoBank, desde a fase do recorte ao milionsimo at os estaduais e, sucessivamente, em escalas de maior detalhe (em trabalhos futuros), de forma a possibilitar a conexo dos dados vetoriais aos dados alfanumricos. Em uma primeira fase, com auxlio dos elementos-chave descritos nas tabelas dos dados vetoriais, possvel vincular facilmente mapas digitais ao GeoBank, como na montagem de SIGs, em que as tabelas das shapefiles (arquivos vetoriais) so produtos da consulta sistemtica ao banco de dados.

    DEFINIO DOS DOMNIOS E UNIDADES GEOLGICO-AMBIENTAIS

    O estabelecimento de domnios geolgico-ambientais e suas subdivises para o estado de So Paulo se insere nos critrios adotados para a definio dos domnios e unidades geolgico-ambientais do Brasil, com o objetivo de se agrupar conjuntos estratigrficos de comportamento se-melhante frente ao uso e ocupao dos terrenos. Da mesma forma, o resultado obtido no foi um mapa geolgico ou tectnico, mas sim um novo produto, denominado Mapa Geodiversidade do Estado de So Paulo, no qual foram inseridas informaes de cunho ambiental, muito embora a matria-prima para as anlises e agrupamentos tenha sido proveniente das informaes contidas nas bases de dados de Litoestratigrafia e Recursos Minerais do GeoBank, bem como na larga experincia em mapeamento e em projetos de ordenamento e gesto do territrio dos profissionais da CPRM/SGB.

    Em alguns casos foram agrupadas, em um mesmo domnio, unidades estratigrficas com idades diferentes, desde que a elas se aplicasse um conjunto de critrios clas-sificatrios, como: posicionamento tectnico, nvel crustal, classe da rocha (gnea, sedimentar ou metamrfica), grau de coeso, textura, composio, tipos e graus de deformao, expressividade do corpo rochoso, tipos de metamorfismo, expresso geomorfolgica ou litotipos especiais. Se, por um lado, agruparam-se, por exemplo, quartzitos friveis e arenitos friveis, por outro foram separadas formaes sedimentares muito semelhantes em sua composio, es-trutura e textura, quando a geometria do corpo rochoso apontava no sentido da importncia em distinguir uma situao de extensa cobertura de uma situao de pacote restrito, limitado em riftes.

    O principal objetivo para tal compartimentao atender a uma ampla gama de usos e usurios interes-sados em conhecer as implicaes ambientais decorrentes do embasamento geolgico. Para a elaborao do Mapa Geodiversidade do Brasil (escala 1:2.500.000), analisaram-se somente as implicaes ambientais provenientes de caractersticas fsico-qumicas, geomtricas e genticas dos corpos rochosos. Na escala 1:1.000.000, do recorte ao milionsimo e dos estados, foram selecionados atribu-tos aplicveis ao planejamento e dos compartimentos de relevo, reservando-se para as escalas de maior detalhe o cruzamento com informaes sobre clima, solo e vegetao.

    Como a Base Geodiversidade fruto da reclassificao das unidades litoestratigrficas contidas na Base multiesca-lar Litoestratigrafia, compondo conjuntos estratigrficos de comportamento semelhante frente ao uso e ocupao, atualmente essa base possui a estruturao em domnios e unidades geolgico-ambientais apresentada no Apndice I (Unidades Geolgico-Ambientais do Territrio Brasileiro). Tal estruturao dinmica e, na medida do detalhamento das escalas, novos domnios e unidades podem ser inseridos.

  • GEODIVERSIDADE DO EStADO DE SO pAulO

    18

    ATRIBUTOS DA GEOLOGIA

    Desde a etapa do recorte ao milionsimo, para melhor caracterizar as unidades geolgico-ambientais, foram selecionados atributos da geologia que permitem uma srie de interpretaes na anlise ambiental, os quais so descritos a seguir.

    Deformao

    Relacionada dinmica interna do planeta. Procede-se interpretao a partir da ambincia tectnica, litolgica e anlise de estruturas refletidas nos sistemas de relevo e drenagem.

    Tectnica: dobramentos

    - Ausente: sedimentos inconsolidados (aluvies, dunas, terraos etc.).- No-dobrada: sequncias sedimentares, vulcanossedimen-tares e rochas gneas no-dobradas e no-metamorfizadas.- Pouco a moderadamente dobrada: a exemplo das sequncias sedimentares ou vulcanossedimentares do tipo Bambu, por exemplo.- Intensamente dobrada: a exemplo das sequncias sedimentares ou vulcanossedimentares complexa e inten-samente dobradas (por exemplo, grupos Aungui, Minas, dentre outros) e das rochas granito-gnaisse migmatticas.

    Tectnica: fraturamento (juntas e falhas)/cisalhamento

    - No-fraturada: caso das coberturas sedimentares in-consolidadas.- Pouco a moderadamente fraturada: sequncias sedimentares moderadamente consolidadas, a exemplo da Formao Barreiras.- Intensamente fraturada: caso das coberturas prote-rozoicas e vulcnicas mesozoicas (ex.: Bacia do Paran).- Zonas de cisalhamento: caso das faixas de concentrao de deformao dctil (cintures de deformao).

    Estruturas

    De acordo com Oliveira e Brito (1998), as rochas podem apresentar as seguintes caractersticas reolgicas (comportamento frente a esforos mecnicos):- Isotrpica: aplica-se quando as propriedades das rochas so constantes, independentemente da direo observada.- Anisotrpica: as propriedades variam de acordo com a direo considerada.

    As bibliotecas para o atributo Estruturas so:- Isotrpica- Anisotrpica Indefinida- Anisotrpica Estratificada- Anisotrpica Estratificada/Biognica

    - Anisotrpica Macia/Vesicular- Anisotrpica Macia/Acamadada- Anisotrpica Macia/Laminada- Anisotrpica Acamadada- Anisotrpica Acamadada/Filitosa- Anisotrpica Acamadada/Xistosa- Anisotrpica Xistosa/Macia- Anisotrpica Filitosa/Xistosa- Anisotrpica Acamadamento Magmtico- Anisotrpica Gnissica- Anisotrpica Bandada- Anisotrpica Concrecional- Anisotrpica Concrecional/Nodular- Anisotrpica Biognica- Anisotrpica com Estruturas de Dissoluo- Anisotrpica com Estruturas de Colapso

    Resistncia ao Intemperismo Fsico

    Procede-se deduo a partir da anlise da com-posio mineral da rocha ou das rochas que sustentam a unidade geolgico-ambiental.

    Se for apenas um tipo de litologia que sustenta a unidade geolgico-ambiental ou se forem complexos plutnicos de vrias litologias, so definidas as seguintes classificaes para esse atributo:- Baixa: rochas ricas em minerais ferromagnesianos, are-nitos, siltitos, metassedimentos argilosos, rochas gneas ricas em micas, calcrios, lateritas, rochas gneas bsico-ultrabsico-alcalinas efusivas.- Moderada a alta: ortoquartzitos, arenitos silicificados, leucogranitos e outras rochas pobres em micas e em minerais ferromagnesianos, formaes ferrferas, quartzitos e arenitos impuros.- No se aplica: sedimentos inconsolidados.

    Se forem vrias litologias que sustentam a unidade geolgico-ambiental, a classificao ser:- Baixa a moderada na vertical: caso de coberturas pouco a moderadamente consolidadas.- Baixa a alta na vertical: unidades em que o substrato rochoso formado por empilhamento de camadas hori-zontalizadas, no-dobradas, de litologias de composio mineral e com grau de consolidao muito diferentes, como as intercalaes irregulares de calcrios, arenitos, siltitos, argilitos etc.- Baixa a alta na horizontal e na vertical: sequncias sedimentares e vulcanossedimentares dobradas e compostas de vrias litologias; rochas gnissico-migmatticas e outras que se caracterizam por apresentar grande heterogeneidade composicional, textural e deformacional lateral e vertical.

    Resistncia ao Intemperismo Qumico

    Procede-se deduo a partir da anlise da com-posio mineral da rocha ou das rochas que sustentam a unidade geolgico-ambiental.

  • METODOLOGIA E ESTRUTURAO DA BASE DE DADOS EM SISTEMA DE INFORMAO GEOGRFICA

    19

    Se for s um tipo de litologia que sustenta a unidade geolgico-ambiental ou se forem complexos plutnicos de vrias litologias, so definidas as seguintes classificaes para esse atributo:- Baixa: calcrios, rochas bsicas, ultrabsicas, alcalinas etc.- Moderada a alta: ortoquartzitos, leucogranitos e outras rochas pobres em micas e em minerais ferromagnesianos, quartzitos e arenitos impuros, granitos ricos em minerais ferromagnesianos e micceos etc.- No se aplica: aluvies.

    Entretanto, se forem vrias litologias que sustentam a unidade geolgico-ambiental, a classificao ser:- Baixa a moderada na vertical: unidades em que o substrato rochoso formado por empilhamento de camadas horizontalizadas, no-dobradas, de composio mineral e grau de consolidao semelhantes a ligeiramente diferentes e mesma composio mineralgica. - Baixa a alta na vertical: unidades em que o substrato rochoso formado por empilhamento de camadas hori-zontalizadas, no-dobradas, de litologias de composio mineral e grau de consolidao muito diferentes, como as intercalaes irregulares de calcrios, arenitos, siltitos, argilitos etc. - Baixa a alta na horizontal e na vertical: sequncias sedimentares e vulcanossedimentares dobradas e compostas de vrias litologias; rochas gnissico-migmatticas e outras que se caracterizam por apresentar grande heterogeneidade composicional, textural e deformacional lateral e vertical.

    Grau de Coerncia

    Refere-se resistncia ao corte e penetrao. Mesmo em se tratando de uma nica litologia, deve-se prever a combinao dos vrios tipos de grau de coerncia, a exemplo dos arenitos e siltitos (Figura 2.1). Para o caso de complexos plutnicos com vrias litologias, todas podem ser enquadradas em um nico grau de coerncia.

    As classificaes utilizadas neste atributo so:- Muito brandas- Brandas- Mdias- Duras- Muito brandas a durasEntretanto, se forem vrias litologias, esta ser a

    classificao:- Varivel na horizontal- Varivel na vertical- Varivel na horizontal e vertical- No se aplica.

    Caractersticas do Manto de Alterao Potencial (Solo Residual)

    Procede-se deduo a partir da anlise da com-posio mineral das rochas. Por exemplo, independente-mente de outras variveis que influenciam as caractersticas

    Figura 2.1 Resistncia compresso uniaxial e classes de alterao para diferentes tipos de rochas.Fonte: Modificado de Vaz (1996).

  • GEODIVERSIDADE DO EStADO DE SO pAulO

    20

    do solo, como clima, relevo e evoluo do solo, o manto de alterao de um basalto ser argiloso e, o de um granito, argilo-sltico-arenoso.- Predominantemente arenoso: substrato rochoso sustentado por espessos e amplos pacotes de rochas predominantemente arenoquartzosas.- Predominantemente argiloso: predominncia de rochas que se alteram para argilominerais, a exemplo de derrames baslticos, complexos bsico-ultrabsico-alcalinos, terrenos em que predominam rochas calcrias etc.- Predominantemente argilossiltoso: siltitos, folhelhos, filitos e xistos.- Predominantemente argilo-sltico-arenoso: rochas granitoides e gnissico-migmatticas ortoderivadas.

    Tabela 2.1 Tabela de porosidade total dos diversos materiais rochosos.

    Material Porosidade Total% mPorosidade Eficaz

    % meObs.

    Tipo Descrio MdiaNormal Extraordinria

    Mdia Mx. Mn.Mx. Mn Mx. Mn

    Rochas macias

    Granito 0,3 4 0,2 9 0,05

  • METODOLOGIA E ESTRUTURAO DA BASE DE DADOS EM SISTEMA DE INFORMAO GEOGRFICA

    21

    Caso seja apenas um tipo de litologia que sustenta a unidade geolgico-ambiental, observar o campo Descrio, da Tabela 2.1. Entretanto, se forem complexos plutnicos de vrias litologias, a porosidade baixa.- Baixa: 0 a 15%- Moderada: de 15 a 30%- Alta: >30%

    Para os casos em que vrias litologias sustentam a unidade geolgico-ambiental, observar o campo Tipo, da Tabela 2.1.Varivel (0 a >30%): a exemplo das unidades em que o substrato rochoso formado por um empilhamento ir-regular de camadas horizontalizadas porosas e no-porosas.

    Caracterstica da Unidade Lito-Hidrogeolgica

    So utilizadas as seguintes classificaes:- Granular: dunas, depsitos sedimentares inconsolidados, plancies aluviais, coberturas sedimentares etc.- Fissural- Granular/fissural- Crstico- No se aplica

    ATRIBUTOS DO RELEVO

    Com o objetivo de conferir uma informao geo-morfolgica clara e aplicada ao mapeamento da geodi-versidade do territrio brasileiro e dos estados federativos em escalas de anlise muito reduzidas (1:500.000 a 1:1.000.000), procurou-se identificar os grandes conjun-tos morfolgicos passveis de serem delimitados em tal tipo de escala, sem muitas preocupaes quanto gnese e evoluo morfodinmica das unidades em anlise, as-sim como aos processos geomorfolgicos atuantes. Tais avaliaes e controvrsias, de mbito exclusivamente geomorfolgico, seriam de pouca valia para atender aos propsitos deste estudo. Portanto, termos como: depresso, crista, patamar, plat, cuesta, hog-back, pediplano, peneplanos, etchplano, escarpa, serra e macio, dentre tantos outros, foram englobados em um reduzido nmero de conjuntos morfolgicos.

    Portanto, esta proposta difere, substancialmente, das metodologias de mapeamento geomorfolgico pre-sentes na literatura, tais como: a anlise integrada entre a compartimentao morfolgica dos terrenos, a estrutura subsuperficial dos terrenos e a fisiologia da paisagem, proposta por AbSaber (1969); as abordagens descritivas em base morfomtrica, como as elaboradas por Barbosa et al. (1977), para o Projeto RadamBrasil, e Ponano et al. (1979) e Ross e Moroz (1996) para o Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo (IPT); as abordagens sistmicas, com base na compartimentao topogrfica em bacias de drenagem (MEIS et al., 1982); ou

    a reconstituio de superfcies regionais de aplainamento (LATRUBESSE et al., 1998).

    O mapeamento de padres de relevo , essencial-mente, uma anlise morfolgica do relevo com base em fotointerpretao da textura e rugosidade dos terrenos a partir de diversos sensores remotos.

    Nesse sentido, de fundamental importncia es-clarecer que no se pretendeu produzir um mapa geo-morfolgico, mas um mapeamento dos padres de relevo em consonncia com os objetivos e as necessidades de um mapeamento da geodiversidade do territrio nacional em escala continental.

    Com esse enfoque, foram selecionados 28 padres de relevo para os terrenos existentes no territrio bra-sileiro (Tabela 2.2), levando-se, essencialmente, em considerao:- Parmetros morfolgicos e morfomtricos que pu-dessem ser avaliados pelo instrumental tecnolgico disponvel nos kits digitais (imagens LandSat GeoCover e Modelo Digital de Terreno (MDT) e Relevo Sombreado (SRTM); mapa de classes de hipsometria; mapa de classes de declividade).- Reinterpretao das informaes existentes nos mapas geomorfolgicos produzidos por instituies diversas, em especial os mapas desenvolvidos no mbito do Projeto RadamBrasil, em escala 1:1.000.000.- Execuo de uma srie de perfis de campo, com o objetivo de aferir a classificao executada.

    Para cada um dos atributos de relevo, com suas respectivas bibliotecas, h uma legenda explicativa (Apndice II Biblioteca de Relevo do Territrio Brasileiro) que agrupa caractersticas morfolgicas e morfomtricas gerais, assim como informaes muito elementares e generalizadas quanto sua gnese e vulnerabilidade frente aos processos geomorfolgicos (intempricos, erosivos e deposicionais).

    Evidentemente, considerando-se a vastido e a enorme geodiversidade do territrio brasileiro, assim como seu conjunto diversificado de paisagens bioclimticas e condicionantes geolgico-geomorfolgicas singulares, as informaes de amplitude de relevo e declividade, dentre outras, devem ser reconhecidas como valores-padro, no aplicveis indiscriminadamente a todas as regies. No se descartam sugestes de ajuste e aprimoramento da Tabela 2.2 e do Apndice II apresentados nesse modelo, as quais sero benvindas.

    MODELO DIGITAL DE TERRENO SHUTLLE RADAR TOPOGRAPHY MISSION (SRTM)

    A utilizao do Modelo Digital de Terreno ou Modelo Digital de Elevao ou Modelo Numrico de Terreno, no contexto do Mapa Geodiversidade do Estado de So Paulo, justifica-se por sua grande utilidade em estudos de anlise ambiental.

  • GEODIVERSIDADE DO EStADO DE SO pAulO

    22

    Um Modelo Digital de Terreno (MDT) um modelo contnuo da superfcie terrestre, ao nvel do solo, repre-sentado por uma malha digital de matriz cartogrfica encadeada, ou raster, onde cada clula da malha retm um valor de elevao (altitude) do terreno. Assim, a utilizao do MDT em estudos geoambientais se torna imprescindvel, uma vez que esse modelo tem a vantagem de fornecer uma viso tridimensional do terreno e suas inter-relaes com as formas de relevo e da drenagem e seus padres de forma direta. Isso permite a deter-minao do grau de dissecao do relevo, informando tambm o grau de declividade e altimetria, o que auxilia grandemente na anlise ambiental, como, por exemplo, na determinao de reas de proteo permanente, pro-jetos de estradas e barragens, trabalhos de mapeamento de vegetao etc.

    A escolha do Shuttle Radar Topography Mission (SRTM) [misso espacial liderada pela NASA, em parceria com as agncias espaciais da Alemanha (DLR) e Itlia (ASI), realizada durante 11 dias do ms de fevereiro de 2000, visando gerao de um modelo digital de elevao quase global] foi devida ao fato de os MDTs disponibilizados por esse sensor j se encontrarem disponveis para toda a Am-rica do Sul, com resoluo espacial de aproximadamente 90 x 90 m, apresentando alta acurcia e confiabilidade, alm da gratuidade (CCRS, 2004 citado por BARROS et al., 2004).

    Durante a realizao dos trabalhos de levantamento da geodiversidade do territrio brasileiro, apesar de todos os pontos positivos apresentados, os dados SRTM, em algumas regies, acusaram problemas, tais como: valores esprios (positivos e negativos) nas proximidades do mar

    Tabela 2.2 Atributos e biblioteca de padres de relevo do territrio brasileiro.

    Smbolo Tipo de Relevo Declividade(graus)Amplitude

    Topogrfica (m)

    R1a Plancies Fluviais ou Fluviolacustres 0 a 3 zero

    R1b1 Terraos Fluviais 0 a 3 2 a 20

    R1b2 Terraos Marinhos 0 a 3 2 a 20

    R1b3 Terraos Lagunares 0 a 3 2 a 20

    R1c1 Vertentes recobertas por depsitos de encosta 5 a 45 Varivel

    R1c2 Leques Aluviais 0 a 3 2 a 20

    R1d Plancies Fluviomarinhas 0o (plano) zero

    R1e Plancies Costeiras 0 a 5 2 a 20

    R1f1 Campos de Dunas 3 a 30 2 a 40

    R1f2 Campos de Loess 0 a 5o 2 a 20

    R1g Recifes 0 zero

    R2a1 Tabuleiros 0 a 3 20 a 50

    R2a2 Tabuleiros Dissecados 0 a 3 20 a 50

    R2b1 Baixos Plats 0 a 5 0 a 20

    R2b2 Baixos Plats Dissecados 0 a 5 20 a 50

    R2b3 Planaltos 0 a 5 20 a 50

    R2c Chapadas e Plats 0 a 5 0 a 20

    R3a1 Superfcies Aplainadas Conservadas 0 a 5 0 a 10

    R3a2 Superfcies Aplainadas Degradadas 0 a 5 10 a 30

    R3b Inselbergs 25 a 60 50 a 500

    R4a1 Domnio de Colinas Amplas e Suaves 3 a 10 20 a 50

    R4a2 Domnio de Colinas Dissecadas e Morros Baixos 5 a 20 30 a 80

    R4a3 Domos em Estrutura Elevada 3 a 10 50 a 200

    R4b Domnio de Morros e de Serras Baixas 15 a 35 80 a 200

    R4c Domnio Montanhoso 25 a 60 300 a 2000

    R4d Escarpas Serranas 25 a 60 300 a 2000

    R4e Degraus Estruturais e Rebordos Erosivos 10 a 45 50 a 200

    R4f Vales Encaixados 10 a 45 100 a 300

  • METODOLOGIA E ESTRUTURAO DA BASE DE DADOS EM SISTEMA DE INFORMAO GEOGRFICA

    23

    e reas onde no so encontrados valores. Tais problemas so descritos em diversos trabalhos do SRTM (BARROS et al., 2004), sendo que essas reas recebem o valor -32768, indicando que no h dado disponvel.

    A literatura do tema apresenta diversas possi-bilidades de correo desses problemas, desde sub-stituio de tais reas por dados oriundos de outros produtos o GTOPO30 aparece como proposta para substituio em diversos textos ao uso de programas que objetivam diminuir tais incorrees por meio de edio de dados (BARROS et al., 2004). Neste estudo, foi utilizado o software ENVI 4.1 para solucionar o citado problema.

    MOSAICO GEOCOVER 2000

    A justif icativa para a uti l izao do Mosaico GeoCover 2000 o fato de este se constituir em um mosaico ortorretificado de imagens ETM+ do sensor LandSat 7, resultante do sharpening das bandas 7, 4, 2 e 8. Esse processamento realiza a transformao RGB-IHS (canais de cores RGB-IHS / vermelho, verde e azul Matiz, Saturao e Intensidade), utilizando as bandas 7, 4 e 2 com resoluo espacial de 30 m e, posteriormente, a transformao IHS-RGB utilizando a banda 8 na Intensidade (I) para aproveitar a resoluo espacial de 15 m. Tal procedimento junta as caracters-ticas espaciais da imagem com resoluo de 15 m s caractersticas espectrais das imagens com resoluo de 30 m, resultando em uma imagem mais aguada. As imagens do Mosaico GeoCover LandSat 7 foram coletadas no perodo de 1999/2000 e apresentam resoluo espacial de 14,25 m.

    Alm da exatido cartogrfica, o Mosaico GeoCover possui outras vantagens, como: facilidade de aquisio dos dados sem nus, ncora de posicionamento, boa acurcia e abrangncia mundial, o que, juntamente com o MDT, torna-o imprescindvel aos estudos de anlise ambiental (ALBUQUERQUE et al., 2005; CREPANI e MEDEIROS, 2005).

    ANLISE DA DRENAGEM

    Segundo Guerra e Cunha (2001), o reconhecimento, a localizao e a quantificao das drenagens de uma determinada regio so de fundamental importncia ao entendimento dos processos geomorfolgicos que governam as transformaes do relevo sob as mais diversas condies climticas e geolgicas. Nesse sen-tido, a utilizao das informaes espaciais extradas do traado e da forma das drenagens indispensvel

    na anlise geolgico-ambiental, uma vez que so res-postas/resultados das caractersticas ligadas a aspectos geolgicos, estruturais e a processos geomorfolgicos, os quais atuam como agentes modeladores da paisagem e das formas de relevo.

    Dessa forma, a integrao de atributos ligados s re-des de drenagem como tipos de canais de escoamento, hierarquia da rede fluvial e configurao dos padres de drenagem a outros temas trouxe respostas a vrias questes relacionadas ao comportamento dos diferentes ambientes geolgicos e climticos locais, processos flu-viais dominantes e disposio de camadas geolgicas, dentre outros.

    KIT DE DADOS DIGITAIS

    Na fase de execuo dos mapas de geodiversidade estaduais, o kit de dados digitais constou, de acordo com o disponvel para cada estado, dos seguintes temas:- Geodiversidade: arquivo dos domnios e unidades geolgico-ambientais- Estruturas: arquivo das estruturas geolgicas- Planimetria: cidades, vilas, povoados, rodovias etc.- reas Restritivas: reas de parques estaduais e federais, terras indgenas, estaes ecolgicas etc.- Hidrografia: drenagens bifilar e unifilar- Bacias Hidrogrficas: recorte das bacias e sub-bacias de drenagem- Altimetria: curvas de nvel espaadas de 100 m- Campos de leo: campos de leo e gs- Gasodutos e Oleodutos: arquivos de gasodutos, refi-narias etc.- Pontos Geotursticos: stios geolgicos, paleontolgicos etc.- Quilombolas: reas de quilombolas- Recursos Minerais: dados de recursos minerais- Assentamento: arquivo das reas de assentamento agrcola- reas de Desertificao: arquivo das reas de deserti-ficao- Paleontologia: dados de paleontologia- Poos: dados de poos cadastrados pelo Sistema de Informaes de guas Subterrneas (SIAGAS) criado pela CPRM/SGB- MDT_SRTM: arquivo Grid pelo recorte do estado- Declividade: arquivo Grid pelo recorte do estado- GeoCover: arquivo Grid pelo recorte do estado- Simbologias ESRI: fontes e arquivos *style (arquivo de cores e simbologias utilizadas pelo programa ArcGis).

    As figuras 2.2 a 2.4 ilustram parte dos dados do kit digital para o Mapa Geodiversidade do Estado de So Paulo.

  • GEODIVERSIDADE DO EStADO DE SO pAulO

    24

    Figura 2.2 - Exemplo de dados do kit digital para o estado de So Paulo: unidades geolgico-ambientais versus infraestrutura, recursos minerais e reas de proteo ambiental.

    Figura 2.3 - Exemplo de dados do kit digital para o estado de So Paulo: unidades geolgico-ambientais versus relevo sombreado (MDT_SRTM).

  • METODOLOGIA E ESTRUTURAO DA BASE DE DADOS EM SISTEMA DE INFORMAO GEOGRFICA

    25

    Figura 2.4 Exemplo de dados do kit digital para o estado de So Paulo: modelo digital de elevao (SRTM) versus drenagem bifilar.

    Os procedimentos de tratamento digital e proces-samento das imagens geotiff e MrSid (SRTM e GeoCover, respectivamente), dos Grids (declividade e hipsom-trico), bem como dos recortes e reclass dos arquivos vetoriais (litologia, planimetria, curvas de nvel, recursos minerais etc.) contidos no kit digital foram realizados em ambiente SIG, utilizando os softwares ArcGis9 e ENVI 4.4.

    Trabalhando com o Kit de Dados Digitais

    Na metodologia adotada, a unidade geolgico-ambiental, fruto da reclassificao das unidades ge-olgicas (reclass), a unidade fundamental de anlise, na qual foram agregadas todas as informaes da geologia possveis de serem obtidas a partir dos produ-tos gerados pela atualizao da cartografia geolgica dos estados, pelo SRTM, mosaico GeoCover 2000 e drenagem.

    Com a utilizao dos dados digitais contidos em cada DVD-ROM foram estruturados, para cada folha ou mapa estadual, um Projeto.mxd (conjunto de shapes e leiaute) organizado no software ArcGis9.

    No diretrio de trabalho havia um arquivo shape-file, denominado geodiversidade_estado.shp, que correspondia ao arquivo da geologia onde deveria ser aplicada a reclassificao da geodiversidade.

    Aps a implantao dos domnios e unidades geolgico-ambientais, procedia-se ao preenchimento dos parmetros da geologia e, posteriormente, ao preenchimento dos campos com os atributos do relevo.

    As informaes do relevo serviram para melhor caracterizar a unidade geolgico-ambiental e tambm para subdividi-la. Porm, essa subdiviso, em sua maior parte, alcanou o nvel de polgonos individuais.

    Quando houve necessidade de subdiviso do polgono, ou seja, quando as variaes fisiogrficas eram muito contrastantes, evidenciando comportamentos hidrolgicos e erosivos muito distintos, esse procedimento foi realizado. Nessa etapa, considerou-se o relevo como um atributo para subdividir a unidade, propiciando novas dedues na anlise ambiental.

    Assim, a nova unidade geolgico-ambiental resultou da interao da unidade geolgico-ambiental com o relevo.

    Finalizado o trabalho de implementao dos parmetros da geologia e do relevo pela equipe responsvel, o material foi enviado para a Coordenao de Geoprocessamento, que procedeu auditagem do arquivo digital da geodiversidade para retirada de polgonos esprios, superposio e vazios, gerados durante o processo de edio. Paralelamente, iniciou-se a carga dos dados na Base Geodiversidade APLICATIVO GEODIV (VISUAL BASIC) com posterior migrao dos dados para o GeoBank.

  • GEODIVERSIDADE DO EStADO DE SO pAulO

    26

    ambientais cadastradas, filtrando, para cada uma delas, as letras-smbolos das unidades litoestratigrficas (Base Litoestratigrafia) (Figura 2.5).

    Posteriormente, de acordo com a escala adotada, o usurio cadastra todos os atributos da geologia de interesse para o planejamento (Figura 2.6).

    Na ltima tela, o usurio cadastra os compartimentos de relevo (Figura 2.7).

    Figura 2.5 Tela de cadastro das unidades geolgico-ambientais para os mapas estaduais de geodiversidade (aplicativo GEODIV).

    Figura 2.6 Tela de cadastro dos atributos da geologia (aplicativo GEODIV).

    Figura 2.7 Tela de cadastro dos atributos do relevo (aplicativo GEODIV).

    ESTRUTURAO DA BASE DE DADOS: GEOBANK

    A implantao dos projetos de levantamento da geodi-versidade do Brasil teve como objetivo principal oferecer aos diversos segmentos da sociedade brasileira uma traduo do conhecimento geolgico-cientfco, com vistas a sua aplicao ao uso adequado para o ordenamento territorial e planejamento dos setores mineral, transportes, agricultura, turismo e meio ambiente, tendo como base as informaes geolgicas presentes no SIG da Carta Geolgica do Brasil ao Milionsimo (CPRM, 2004).

    Com essa premissa, a Coordenao de Geoproces-samento da Geodiversidade, aps uma srie de reunies com as Coordenaes Temticas e com as equipes locais da CPRM/SGB, estabeleceu normas e procedimentos bsicos a serem utilizados nas diversas atividades dos levantamentos estaduais, com destaque para:- Definio dos domnios e unidades geolgico-ambientais com base em parmetros geolgicos de interesse na anlise ambi-ental, em escalas 1:2.500.000, 1:1.000.00 e mapas estaduais.- A partir da escala 1:1.000.000, criao de atributos geolgicos aplicveis ao planejamento e informaes dos compartimentos do relevo.- Acuidade cartogrfica compatvel com as escalas adotadas.- Estruturao de um modelo conceitual de base para o plane-jamento, com dados padronizados por meio de bibliotecas.- Elaborao da legenda para compor os leiautes dos mapas de geodiversidade estaduais.- Criao de um aplicativo de entrada de dados local desen-volvido em Visual Basic 6.0 Aplicativo GEODIV.- Implementao do modelo de dados no GeoBank (Oracle) e migrao dos dados do Aplicativo GEODIV para a Base Geodiversidade.- Entrada de dados de acordo com a escala e fase (mapas estaduais).- Montagem de SIGs.- Disponibilizao dos mapas na Internet, por meio do mdulo Web Map do GeoBank (), onde o usurio tem acesso a informaes rela-cionadas s unidades geolgico-ambientais (Base Geo-diversidade) e suas respectivas unidades litolgicas (Base Litoestratigrafia).

    A necessidade de prover o SIG Geodiversidade com tabelas de atributos referentes s unidades geolgico-ambientais, dotadas de informaes para o planejamento, implicou a modelagem de uma Base Geodiversidade, intrinsecamente relacionada Base Litoestratigrafia, uma vez que as unidades geolgico-ambientais so produto de reclassificao das unidades litoestratigrficas.

    Esse modelo de dados foi implantado em um aplicativo de entrada de dados local desenvolvido em Visual Basic 6.0, denominado GEODIV. O modelo do aplicativo apresenta seis telas de entrada de dados armazenados em trs tabelas de dados e 16 tabelas de bibliotecas. A primeira tela recupera, por escala e fase, todas as unidades geolgico-

  • METODOLOGIA E ESTRUTURAO DA BASE DE DADOS EM SISTEMA DE INFORMAO GEOGRFICA

    27

    Todos os dados foram preenchidos pela equipe da Coordenao de Geoprocessamento e inseridos no aplicativo que possibilita o armazenamento das informaes no GeoBank (Oracle), formando, assim, a Base Geodiversidade (Figura 2.8).

    O mdulo da Base Geodiversidade, suportado por bibliotecas, recupera, tambm por escala e por fase (quadrcula ao milionsimo, mapas estaduais), todas as informaes das unidades geolgico-ambientais, permitindo a organizao dos dados no GeoBank de forma a possibilitar a conexo dos dados vetoriais com os dados alfanumricos. Em uma primeira fase, com auxlio dos elementos-chave descritos nas tabelas, possvel vincular, facilmente, mapas digitais ao GeoBank, como na montagem de SIGs, em que as tabelas so produtos da consulta sistemtica ao banco de dados.

    Figura 2.8 Fluxograma simplificado da base Geodiversidade (GeoBank).

    Outra importante ferramenta de visualizao dos mapas geoambientais o mdulo Web Map do GeoBank, onde o usurio tem acesso a informaes relacionadas s unidades geolgico-ambientais (Base Geodiversidade) e suas respectivas unidades litolgicas (Base Litoestratigrafia), podendo recuperar as informaes dos atributos relacionados geologia e ao relevo diretamente no mapa (Figura 2.9).

    ATRIBUTOS DOS CAMPOS DO ARQUIVO DAS UNIDADES GEOLGICO-AMBIENTAIS: DICIONRIO DE DADOS

    So descritos, a seguir, os atributos dos campos que constam no arquivo shapefile da unidade geolgico-ambiental.COD_DOM (CDIGO DO DOMNIO GEOLGICO-AMBIENTAL) Sigla dos domnios geolgico-ambientais.

    Figura 2.9 Mdulo Web Map de visualizao dos arquivos vetoriais/base de dados (GeoBank).

  • GEODIVERSIDADE DO EStADO DE SO pAulO

    28

    DOM_GEO (DESCRIO DO DOMNIO GEOLGICO-AMBIENTAL) Reclassificao da geologia pelos grandes domnios geolgicos.COD_UNIGEO (CDIGO DA UNIDADE GEOLGICO-AMBIENTAL) Sigla da unidade geolgico-ambiental.UNIGEO (DESCRIO DA UNIDADE GEOLGICO-AMBIENTAL) As unidades geolgico-ambientais foram agrupadas com caractersticas semelhantes do ponto de vista da resposta ambiental a partir da subdiviso dos domnios geolgico-ambientais e por critrios-chaves descritos anteriormente.DEF_TEC (DEFORMAO TECTNICA/DOBRAMENTOS) Relacionado rocha ou ao grupo de rochas que compe a unidade geolgico-ambiental.CIS_FRAT (TECTNICA FRATURAMENTO/CISALHAMENTO) Relacionado rocha ou ao grupo de rochas que compe a unidade geolgico-ambiental.ASPECTO (ASPECTOS TEXTURAIS E ESTRUTURAIS) Relacionado s rochas gneas e/ou metamrficas que compem a unidade geolgico-ambiental.INTEMP_F (RESISTNCIA AO INTEMPERISMO FSICO) Relacionado rocha ou ao grupo de rochas ss que compe a unidade geolgico-ambiental.INTEMP_Q (RESISTNCIA AO INTEMPERISMO QUMICO) Relacionado rocha ou ao grupo de rochas ss que compe a unidade geolgico-ambiental.GR_COER (GRAU DE COERNCIA DA(S) ROCHA(S) FRESCA(S)) Relacionado rocha ou ao grupo de rochas que compe a unidade geolgico-ambiental.TEXTURA (TEXTURA DO MANTO DE ALTERAO) Relacionado ao padro textural de alterao da rocha ou ao grupo de rochas que compe a unidade geolgico-ambiental.PORO_PRI (POROSIDADE PRIMRIA) Relacionado porosidade primria da rocha ou do grupo de rochas que compe a unidade geolgico-ambiental.AQUFERO (TIPO DE AQUFERO) Relacionado ao tipo de aqufero que compe a unidade geolgico-ambiental.COD_REL (CDIGO DOS COMPARTIMENTOS DO RELEVO) Siglas para a diviso dos macrocompartimentos de relevo.RELEVO (MACROCOMPARTIMENTOS DO RELEVO) Descrio dos macrocompartimentos de relevo.GEO_REL (CDIGO DA UNIDADE GEOLGICO-AMBIENTAL + CDIGO DO RELEVO) Sigla da nova unidade geolgico-ambiental, fruto da composio da unidade geolgica com o relevo. Na escala 1:1.000.000, o campo indexador, que liga a tabela aos polgonos do mapa e ao banco de dados ( formada pelo campo COD_UNIGEO + COD_REL).OBS (CAMPO DE OBSERVAES) Campo-texto onde so descritas todas as observaes consideradas relevantes na anlise da unidade geolgico-ambiental.

    REFERNCIAS

    ABSABER, A. N. Um conceito de geomorfologia a servio das pesquisas sobre o quaternrio. Geomorfologia, So Paulo, n. 18, p. 1-23, 1969.

    ALBUQUERQUE, P. C. G.; SANTOS, C. C.; MEDEIROS, J. S. Avaliao de mosaicos com imagens LandSat TM para utilizao em documentos cartogrficos em escalas menores que 1/50.000. So Jos dos Campos: INPE, 2005. Disponvel em: . Acesso em: 21 dez. 2009.BARBOSA, G. V.; FRANCO, E. M. S.; MOREIRA, M. M. A. Mapas geomorfolgicos elaborados a partir do sensor radar. Notcia Geomorfolgica, Campinas, v. 17, n. 33, p. 137-152, jun. 1977.

    BARROS, R. S. et al. Avaliao do modelo digital de elevao da SRTM na ortorretificao de imagens Spot 4. Estudo de caso: Angra dos Reis RJ. In: SIMPSIO EM CINCIAS GEODSICAS E TECNOLOGIA DA GEOINFORMAO, 1., 2004, Recife. Anais Recife: UFPE, 2004. CD-ROM.

    BERGER, A. Geoindicators: what are they and how are they being used? In: INTERNATIONAL GEOLOGICAL CONGRESS, 32., 2004, Florence. Abstracts Florence, Italy: IUGS, 2004. v. 2, abs. 209-1, p. 972.

    BIZZI, L. A. et al. Geologia, tectnica e recursos minerais do Brasil: texto, mapas e SIG. Braslia: CPRM, 2003. 674 p. il. DVD-ROM anexo.

    CCRS. Natural resources Canada, 2004. Disponvel em: . Acesso em: 21 dez. 2009.

    CPRM. Geologia e recursos minerais do estado do Amazonas: Sistema de Informaes Geogrficas (SIG). Escala 1: 1:000.000. Rio de Janeiro: CPRM, 2006. CD-ROM. Programa Geologia do Brasil: integrao, atualizao e difuso de dados da geologia do Brasil. Mapas geolgicos estaduais.

    CPRM. Instrues e procedimentos de padronizao no tratamento digital de dados para projetos de mapeamento da CPRM: manual de padronizao. Rio de Janeiro: CPRM, 2005. v. 2.

    CPRM. Carta geolgica do Brasil ao milionsimo: sistema de informaes geogrficas (SIG). Braslia: CPRM, 2004. 41 CD-ROMs. Programa Geologia do Brasil.

  • METODOLOGIA E ESTRUTURAO DA BASE DE DADOS EM SISTEMA DE INFORMAO GEOGRFICA

    29

    CPRM. Mapa geoambiental & mapa de domnios geoambientais/zonas homlogas [da] bacia do rio Gravata: escala 1:100.000. Porto Alegre: CPRM, 1998. 2 mapas. Programa PR-GUABA.

    CREPANI, E.; MEDEIROS, J. S. Imagens CBERS + imagens SRTM + mosaicos GeoCover Landsat. Ambiente Spring e TerraView: sensoriamento remoto e geoprocessamento gratuitos aplicados ao desenvolvimento sustentvel. In: SIMPSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 12., 2005, Goinia. Anais So Jos dos Campos: INPE, 2005. 1CD-ROM.

    CREPANI, E.; MEDEIROS, J. S. Imagens fotogrficas derivadas de MNT do projeto SRTM para fotointerpretao na geologia, geomorfologia e pedologia. So Jos dos Campos: INPE, 2004.

    CROSTA, A. P. Processamento digital de imagens de sensoriamento remoto. Campinas: UNICAMP, 1992. 170p.

    CUSTODIO, E.; LLAMAS, M. R. Hidrologia subterrnea. 2 ed. Corrigida. Barceleno: Omega, 1983. Tomo I. 1157 p. il.

    DINIZ, N. C.; DANTAS, A.; SCLIAR, C. Contribuio poltica pblica de mapeamento geoambiental no mbito do levantamento geolgico. In: OFICINA INTERNACIONAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL E MINEIRO: subsdios ao mapeamento geoambiental, no contexto do LGB e do patrimnio geomineiro, 2005, Rio de Janeiro. Anais Rio de Janeiro: CPRM, 2005.

    GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. (Org.). Geomorfologia: uma atualizao de bases e conceitos. 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.

    LATRUBESSE, E.; RODRIGUES, S.; MAMEDE, L. Sistema de classificao e mapeamento geomorfolgico: uma nova proposta. GEOSUL, Florianpolis, v. 14, n. 27, p. 682-687, 1998.

    LIMA, M. I. C. Anlise de drenagem e seu significado geolgico-geomorfolgico. Belm: [s.n.], 2006. CD-ROM.

    MEIS, M. R. M.; MIRANDA, L. H. G; FERNANDES, N. F. Desnivelamento de altitude como parmetros para a compartimentao do relevo: bacia do mdio-baixo Paraba do Sul. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 32., 1982. Anais... Salvador: SGB, 1982, v. 4, p. 1459-1503.

    OLIVEIRA, A. M. S.; BRITO, S. N. A. (Ed.). Geologia de engenharia. So Paulo: ABGE, 1998. 587 p.

    PONANO, W. L.; CARNEIRO, C. D. R.; ALMEIDA M. A.; PIRES NETO, A. G.; ALMEIDA, F. F. M. O conceito de sistemas de relevo aplicado ao mapeamento geomorfolgico do estado de So Paulo. In: SIMPSIO REGIONAL DE GEOLOGIA, 2., 1979, Rio Claro. Atas... Rio Claro: SBG/NS, 1979, v. 2, p. 253-262.

    RAMOS, M. A. B. et al. Procedimentos no tratamento digital de dados para o projeto SIG geologia ambiental do Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 43., 2006, Aracaju. Anais... Aracaju: SBG, 2006. 1 CD-ROM.

    RAMOS, M. A. B. et al. Proposta para determinao de atributos do meio fsico relacionados ss unidades geolgicas, aplicado anlise geoambiental. In: OFICINA INTERNACIONAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL E MINEIRO: subsdios ao mapeamento geoambiental, no contexto do LGB e do patrimnio geomineiro, 2005, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: CPRM, 2005.

    RODRIGUES, C.; COLTRINARI, L. Geoindicators of urbanization effects in humid tropicalenvironment: So Paulo (Brazil) metropolitan area. In: INTERNATIONAL GEOLOGICAL CONGRESS, 32nd, 2004, Florence. Abstracts Florence, Italy: IUGS, 2004, v. 2, abs. 209-27, p. 976.

    ROSS, J. L. S.; MOROZ, I. C. Mapa geomorfolgico do estado de So Paulo. Revista do Departamento de Geografia da FFLCH/USP, So Paulo, v. 10, p. 41-59, 1996.

    THEODOROVICZ, A. et al. Projeto paisagens geoqumicas e geoambientais do vale do Ribeira. So Paulo: CPRM/UNICAMP/FAPESP, 2005.

    THEODOROVICZ, A.; THEODOROVICZ, A. M. de G.; CANTARINO, S. de C. Estudos geoambientais e geoqumicos das bacias hidrogrficas dos rios Mogi-Guau e Pardo. So Paulo: CPRM, 2002. 1 CD-ROM.

    THEODOROVICZ, A.; THEODOROVICZ, M. G.; CANTARINO, S. C. Projeto Mogi-Guau/Pardo: atlas geoambiental das bacias hidrogrficas dos rios Mogi-Guau e Pardo SP: subsdios para o planejamento territorial e gesto ambiental. So Paulo: CPRM, 2000. il. color.

    THEODOROVICZ, A. et al. Projeto mdio Pardo. So Paulo: CPRM, 2001.

  • GEODIVERSIDADE DO EStADO DE SO pAulO

    30

    THEODOROVICZ, A.; THEODOROVICZ, A. M. de G.; CANTARINO, S. da C. Projeto Curitiba: informaes bsicas sobre o meio fsico subsdios para o planejamento territorial. Curitiba: CPRM, 1994. 109 p. 1 mapa, escala 1:100.000, color.

    TRAININI D. R. et al. Carta geoambiental da regio hidrogrfica do Guaba. Porto Alegre: CPRM/FEPAM/PR-GUABA, 2001.

    TRAININI, D.R.; ORLANDI FILHO, V. Mapa geoambiental de Braslia e entorno: ZEE-RIDE. Porto Alegre: CPRM/EMBRAPA/Consrcio ZEE Brasil/Ministrio da Integrao, 2003.

    VAZ, L. F. Classificao gentica dos solos e dos horizontes de alterao de rocha em regies tropicais. Revista Solos e Rochas, v. 19, n. 2, p. 117-136, 1996.

  • 3GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E LIMITAES FRENTE AO USO E OCUPAOCarlos Augusto Brasil Peixoto ([email protected])

    CPRM Servio Geolgico do Brasil

    SUMRIO

    Introduo ........................................................................................................... 33

    Domnio dos sedimentos cenozoicos inconsolidados ou pouco consolidados depositados em meio aquoso (DC) ................................................. 35

    Domnio dos sedimentos indiferenciados cenozoicos relacionados ao retrabalhamento de outras rochas, geralmente associados a superfcies de aplainamento (DCSR) ...................................................................................... 42

    Domnio dos sedimentos cenozoicos semiconsolidados fluviais (DCF) .................. 46

    Domnio dos sedimentos cenozoicos pouco a moderadamente consolidados, associados a pequenas bacias continentais do tipo rift (DCMR) .................................................................................................... 50

    Domnio das coberturas sedimentares e vulcanossedimentares mesozoicas e paleozoicas, pouco a moderadamente consolidadas, associadas a grandes e profundas bacias sedimentares do tipo sinclise (ambientes deposicionais: continental, marinho, desrtico, glacial e vulcnico) (DSVMP) ................................................................................ 56

    Domnio do vulcanismo fissural mesozoico do tipo plateau (DVM) ...................... 71

    Domnio dos complexos alcalinos intrusivos e extrusivos, diferenciados do tercirio, mesozoico e proterozoico (DCA) ................................ 78

    Domnio das sequncias sedimentares proterozoicas dobradas, metamorfizadas de baixo a mdio grau (DSP2) .................................................... 83

    Domnio das sequncias vulcanossedimentares proterozoicas dobradas, metamorfizadas de baixo a alto grau (DSVP2) ..................................... 93

  • Domnio dos corpos mfico-ultramficos (sutes komatiiticas, sutes toleticas, complexos bandados), bsicas e ultrabsicas alcalinas e vulcanismo associado (DCMU) .......................................................... 102

    Domnio dos complexos granitoides no-deformados (DCGR1) ......................... 107

    Domnio dos complexos granitoides deformados (DCGR2) ................................ 113

    Domnio dos complexos granitoides intensamente deformados: ortognaisses (DCGR3) ......................................................................................... 122

    Domnio dos complexos granito-gnaisse migmattico e granulitos (DCGMGL) ...................................................................................... 127

    Referncias ......................................................................................................... 136

  • GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E LIMITAES FRENTE AO USO E OCUPAO

    33

    INTRODUO

    O Levantamento da Geodiversidade do Estado de So Paulo, desenvolvido na escala 1:750:000, apresenta a superfcie territorial do estado 248.209,426 km2 com-partimentada em 14 domnios, que, por sua vez, foram subdivididos em 50 unidades geolgico-ambientais.

    Na descrio de cada domnio e de suas unidades formadoras sero abordados os elementos de definio e as reas de ocorrncia do domnio, exemplos de litologias formadoras de cada unidade geolgico-ambiental, formas de relevo e suas caractersticas.

    As etapas de trabalhos de campo, consulta biblio-grafia especializada e edio do memorial fotogrfico sub-sidiaram a anlise tcnica e a interpretao para descrever as potencialidades, adequabilidades e limitaes especficas de cada unidade geolgico-ambiental.

    As descries dos domnios ambientais foram ilus-tradas com mapas, quadros e fotografias legendadas, apresentando a localizao espacial das unidades, dados de relevo e potencial mineral, sendo que as imagens registram

    os aspectos ambientais relevantes que foram observados nos trabalhos de campo.

    Em cada domnio mais especificamente em suas uni-dades sero analisadas as caractersticas, adequabilidades e limitaes frente ao uso e ocupao referentes aos temas obras de engenharia, agricultura, recursos hdricos super-ficiais e subterrneos, locao de fontes poluidoras, assim como sero dadas informaes sobre potencial mineral, aspectos ambientais e potencial turstico.

    Em cada tema sero descritas, primeiramente, as adequabilidades e limitaes comuns a todo o domnio e, em seguida, as adequabilidades e limitaes especficas (intrnsecas) de cada unidade geolgico-ambiental.

    No Quadro 3.1 so apresentados os quantitativos de rea de cada domnio e de suas unidades gelogico-ambientais e o percentual de ocorrncia em relao rea territorial total do estado de So Paulo.

    A distribuio espacial dos 14 domnios ambientais e das 50 unidades geolgico-ambientais apresentada, respectivamente, nas figuras 3.1 e 3.2, enquanto na Figura 3.3 so mostradas as 13 formas de relevo que ocorrem no estado de So Paulo.

    COD_DOM

    reaCOD_UNIGEO

    reaKm2 % Km2 %

    DC 8.940 3,6

    DCa 6.000 2,4

    DCmc 1.040 0,42

    DCm 1.900 0,78

    DCSR 6.200 2,5 DCSR 6.200 2,5

    DCF 230 0,1 DCFa 230 0,1

    DCMR 2.530 1DCMRa 2.400 0,95

    DCMRcsa 130 0,05

    DSVMP 140.434 56,6

    DSVMPa 580 0,23

    DSVMPae 5.700 2,3

    DSVMPasaf 35.000 14,10

    DSVMPsaa 202 0,08

    DSVMPaef 91.200 36,74

    DSVMPsaacv 2.000 0,8

    DSVMPsaca 4.650 1,9

    DSVMPsabc 1.102 0,45

    DVM 33.500 13,5 DVMb 33.500 13,5

    DCA 516 0,2

    DCAin 40 0,01

    DCAtbr 104 0,02

    DCAsbalc 7 0,008

    DCAalc 400 0,16

    DCAganc 5 0,002

    COD_DOM

    reaCOD_UNIGEO

    reaKm2 % Km2 %

    DSP2 4.081 1,7

    DSP2mqmtc 1.800 0,75DSP2mqsafmg 261 0,1

    DSP2msa 530 0,2DSP2sag 890 0,4

    DSP2mcsaa 600 0,25

    DSVP2 11.675 4,7

    DSVP2 790 0,3DSVP2q 550 0,2DSVP2x 8.700 3,5

    DSVP2csa 1.015 0,4DSVP2gratv 470 0,2

    DSVP2bu 150 0,1

    DCMU 40 0,02 DCMUbu 40 0,02

    DCGR1 2.246 1

    DCGR1palc 780 0,4DCGR1alc 740 0,3DCGR1salc 150 0,1DCGR1pal 341 0,1DCGR1in 235 0,1

    DCGR2 14.040 5,7

    DCGR2alc 40 0,1DCGR2salc 9.500 3,8DCGR2pal 3.000 1,2DCGR2in 1.500 0,6

    DCGR3 2.050 0,9DCGR3ch 1.100 0,5

    DCGR3salc 950 0,4

    DCGMGL 21.510 8,5

    DCGMGLmo 4.000 1,7DCGMGgnp 10.000 4DCGMGLmgi 500 0,2DCGMGLgli 10 0,01

    DCGMGLgno 5.000 2,0DCGMGLgni 1.500 0,6

    rea Total do Estado de So Paulo 248.209,426 km

    Quadro 3.1 - Quantitativo de rea e percentual para cada domnio e suas unidades geolgico-ambientais

  • GEODIVERSIDADE DO EStADO DE SO pAulO

    34

    Figura 3.1 - Distribuio espacial dos domnios geolgico-ambientais no estado de So Paulo.

    Figura 3.2 - Distribuio espacial das unidades geolgico-ambientais no estado de So Paulo.

  • GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E LIMITAES FRENTE AO USO E OCUPAO

    35

    DOMNIO DOS SEDIMENTOS CENOZOICOS INCONSOLIDADOS OU POUCO CONSOLIDADOS DEPOSITADOS EM MEIO AQUOSO (DC)

    Elementos de Definio e rea de Ocorrncia

    O domnio dos sedimentos cenozoicos incon-solidados ou pouco consolidados, depositados em meio aquoso (DC), ocorre em uma rea de 8.940 km2, significando 3,6% do territrio total do estado de So Paulo.

    As regies em que predomina o domnio DC tm o substrato formado por pacotes pouco espessos de sedimentos inconsolidados, representados por vrios tipos de silte, argilas, areias e cascalho, gerados no atual ciclo de eroso e em vrios tipos de ambientes deposicionais (marinho, misto e fluvial/lacustre).

    Com tal variedade de ambientes de sedimentao, compartimentou-se o domnio DC em trs unidades geolgico-ambientais, que apresentam as seguintes reas: DCa 6.000 km2; DCmc 1.040 km2; DCm 1.900 km2 (Figura 3.4).

    Caractersticas das Unidades Geolgico-Ambientais

    As unidades geolgico-ambientais que compem o domnio DC apresentam as seguintes caractersticas geolgicas:- DCa: Ambiente de plancie aluvionar recente, constitudo por sedimentos inconsolidados e de espessura varivel. Da base para o topo formado por cascalho, areia e argila. Exemplo: Unidade Depsitos Aluvionares.- DCmc: Ambiente marinho costeiro, com predomnio de sedimentos arenosos. Exemplo: Unidade Depsitos Litor-neos Indiferenciados.- DCm: Ambiente misto (marinho/continental), formado por intercalaes irregulares de sedimentos arenosos, argilosos, ricos em matria orgnica (mangues). Exemplo: Formao Cananeia.

    Formas de Relevo

    A geomorfologia apresenta-se favorvel a que os solos sejam do tipo transportado e com caractersticas extrema-mente variadas, assim como so influenciados pelas lito-logias existentes nas regies altas do entorno (Figura 3.5).

    Figura 3.3 - Distribuio espacial das formas de relevos que ocorrem no estado de So Paulo.

  • GEODIVERSIDADE DO EStADO DE SO pAulO

    36

    Figura 3.4 - Distribuio espacial das unidades geolgico-ambientais formadoras do domnio DC no estado de So Paulo.

    Figura 3.5 - Formas de relevos predominantes nas reas de ocorrncia das unidades geolgico-ambientais do domnio DC.

  • GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E LIMITAES FRENTE AO USO E OCUPAO

    37

    Nas reas em que o relevo plano ou quase plano e com declividades prximas a zero, os escoamentos super-ficial e subsuperficial mostram-se lentos. Em funo desse tipo de relevo, o lenol fretico aflorante ou se situa prximo superfcie, com o sistema de drenagem apre-sentando como caractersticas padres mais concentradores que dispersores das guas superficiais.

    As formas de relevo associadas que ocorrem em cada unidade geolgico-ambiental e respectivas declividades e amplitudes so apresentadas no Quadro 3.2.

    Caractersticas, Adequabilidades e Limitaes Frente ao Uso e Ocupao

    Obras de engenharia

    AdequabilidadesO domnio DC mostra forte potencial para minerao

    de areia, argila e cascalho. Em toda a sua extenso, predominam solos e sedimentos inconsolidados de baixa resistncia ao corte e penetrao. Devido gnese de formao dessas litologias, as camadas se apresentam horizontalizadas e com boa homogeneidade geomecnica e hidrulica lateral.

    LimitaesO domnio dos sedimentos cenozoicos incon-

    solidados ou pouco consolidados depositado em meio aquoso tem substrato formado por sedimentos com baixo grau de consolidao, com predomnio de solos moles, ocorrendo em muitos setores das unidades a saturao de gua. Tais solos tm baixa capacidade de suporte.

    As obras apoiadas nessas litologias sedimentares es-taro sujeitas a problemas estruturais, como trincas, racha-

    COD_UNI_GEO COD_REL Relevo Declividade (grau) AmplitudeTopogrfica(m)

    DCa

    R1a Plancies fluviais ou fluviolacustres 0 a 3 0

    R1b Terraos fluviais 0 a 3 2 a 20

    R1e Plancies costeiras 0 a 5 2 a 20

    DCmcR1d Plancies fluviomarinhas 0 0

    R1e Plancies costeiras 0 a 5 2 a 20

    DCm

    R1b Terraos fluviais 0 a 3 2 a 20

    R1d Plancies fluviomarinhas 0 0

    R1e Plancies costeiras 0 a 5 2 a 20

    Quadro 3.2 - Unidades geolgico-ambientais e formas de relevo associadas.

    duras e inclinaes. Nos setores em que o relevo favorece a concentrao de gua, podem ocorrer fenmenos do tipo corrida de lama e detritos associados a intervenes por obras civis sem critrio tcnico.

    O substrato do domnio formado por uma sucesso de camadas de sedimentos de caractersticas geotcnicas diferentes, que mudam bruscamente de um tipo para outro, constituindo-se em descontinuidades geomecnicas que favorecem as desestabilizaes e os processos erosivos em obras de terraplanagem que gerem reas escavadas.

    Nessas regies, as declividades so muito baixas e os escoamentos superficial e subsuperficial mostram-se lentos; assim, em muitos locais a gua se acumula durante os perodos chuvosos, ocasionando inundaes e enchentes.

    Na regio da Baixada Santista e Litoral Norte, dutos instalados (leo e gs) podem apresentar problemas de deficincia de fluxo, rompimento e entupimentos, devido eroso, a deslizamentos ou movimentao dos solos.

    A execuo de obras virias nessa regio poder interferir de forma negativa no escoamento natural das guas superficiais, que mostra baixa velocidade de fluxo.

    Assim, intervenes em reas baixas e planas devem ser projetadas sobre aterros altos, com instalao de densas obras de drenagens, ou sobre viadutos. Entretanto, tais solues de engenharia implicam custos significativos para execuo da obra.

    H, na regio do domnio DC, grande potencial para formao de enchentes de longa durao, pois os sistemas de drenagem esto em franco e acelerado processo de assoreamento causado por uma srie de fatores, como: ocupao territorial com loteamentos, abertura de grandes reas para agricultura e supresso vegetal excessiva nas reas de preservao permanente (APPs).

  • GEODIVERSIDADE DO EStADO DE SO pAulO

    38

    Esses ambientes deposicionais so favorveis existncia de reas com grandes concentraes de matria orgnica, passveis de liberar gs metano. Esse gs, altamente inflamvel e voltil, pode ocasionar infiltrao, caso tubulaes de obras sejam enterradas prximas ou sobre as camadas de matria orgnica (por exemplo, em sistemas de esgotos e drenagens).

    O metano tambm apresenta o risco de provocar incndios e exploses em reas urbanizadas, alm de afetar a sade: quando inalado, o gs pode causar asfixia, parada cardaca, inconscincia e at mesmo danos no sistema nervoso central.

    Outro aspecto negativo do metano que ele participa da formao do efeito estufa, colaborando, dessa forma, para o aquecimento global.

    As reas desse domnio so limitadas para inter-venes de engenharia, tais como obras de escavaes, instalao de dutos ou de rede de esgoto. Existe o risco de, na fase de escavao, essas reas sofrerem alagamentos rpidos e as obras ficarem mergulhadas na gua. Em reas com solos ricos em matria orgnica, a corroso poder danificar as estruturas instaladas, como, por exemplo, dutos.

    Limitaes especficasA unidade geolgico-ambiental DCa corresponde s

    plancies aluviais e ocorre, geralmente, s margens dos rios.Na unidade DCmc, h predomnio de areias incon-

    solidadas de diversas granulometrias, depositadas junto linha de costa, que esto expostas influncia da ao erosiva das ondas e aos efeitos da mar, com registros de ocorrncia na regio de Bertioga.

    Essa unidade ocorre ao longo do litoral, mas na poro sul que esto as maiores reas de ocorrncia, principalmente no municpio de Ilha Comprida.

    A unidade DCm constituda quase que exclusiva-mente de areia frivel, muito fina, excessivamente erosiva e sujeita ao fenmeno de liquefao, tipo areia movedia, que pode dificultar a trafegabilidade em certas reas de ocorrncia, como na regio de Iguape.

    Essa unidade ocorre em quase todo o litoral, en-tretanto, com maior exposio na regio sul, como nos municpios de Cananeia, Iguape e Perube.

    No litoral sul, ocorrem reas bem preservadas de mangues formados por intercalaes irregulares de areia muito fina a fina, silte, argila e matria orgnica com teores relativamente baixos. So tipos de solos limitados para qualquer tipo de ocupao urbana ou viria.

    A acelerada expanso urbana na regio de Ilha Comprida causa problemas ambientais, como a gerao de resduos slidos e lquidos sem forma adequada de deposio e a escassez na disponibilidade de recursos hdricos superficiais e subterrneos (Figura 3.6).

    Em contrapartida, a rea de mangue no municpio de Cananeia est bem preservada e serve de proteo contra a eroso e o assoreamento (Figura 3.7).

    Agricultura

    LimitaesO padro de relevo predominante no domnio

    DC mostra-se favorvel a que, em pocas de chuvas intensas, ocorra acmulo de gua nas cotas baixas e nas reas planas. Nessas regies, h setores onde se registra baixa drenagem, devido composio textural do solo, o que favorece a formao de reas midas.

    A associao de fatores do meio fsico como relevo, solo e hidrologia proporciona a formao de lagoas indicativas de que o lenol fretico est aflorante ou situado a baixas profundidades. Tal condio hidro-geolgica limita o uso dessas reas para uso urbano ou agrcola.

    Essas reas, em se tratando de agricultura, mostram-se inadequadas ao plantio de espcies de razes profun-das, pois estas podem apodrecer ou ter dificuldade de crescimento.

    Figura 3.6 - Vista parcial da regio de Ilha Comprida, em que ocorre acelerada expanso urbana.

    Figura 3.7 - rea de mangue preservada, s margens do rio Ribeira de Iguape.

  • GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E LIMITAES FRENTE AO USO E OCUPAO

    39

    A questo do clima, com predomnio de chuva, limita a mecanizao e o uso de defensivos agrcolas, pois as mquinas podem sofrer dificuldades para operar. Tambm h grande possibilidade de ocorrer contami-nao do lenol fretico e das drenagens superficiais pelo excesso de pluviosidade lixiviando os produtos qumicos utilizados.

    Uma soluo para melhorar a drenabilidade do solo existente nesse domnio a abertura de profundas valas, porm, tal procedimento interfere negativamente na dinmica das guas superficiais e subterrneas, que tem como impacto indireto influenciar, em longo prazo, a regularidade da umidade do ar do microclima da regio.

    A umidade dos solos mantm-se alta na maior parte do ano nessas regies de relevo plano. Tal caracterstica favorece a proliferao de fungos, bactrias e insetos. Algumas dessas espcies so consideradas pragas e/ou causadoras de doenas.

    Ha predomnio de solos com teor elevado de matria orgnica; por isso, bastante cidos, necessitando de cor-reo continuada com calcrio dolomtico, ou seja, a ca-lagem uma pratica eficiente para a correo da acidez.

    Adequabilidades especficasA unidade DCa tem o relevo predominantemente

    plano, apresentando baixa densidade de canais de drenagem e baixo potencial de eroso hdrica.

    Ocorrem nessa unidade terrenos favorveis existncia de muitas manchas de solos com a fertilidade natural periodicamente renovada pela enchente dos rios.

    Os solos ricos em matria orgnica so bastante porosos, com boa fertilidade natural e alta capacidade de reter e fixar nutrientes. So solos que respondem bem adubao e correo por apresentarem boas caractersticas fsico-qumicas para o desenvolvimento das lavouras.

    A regio de Mogi das Cruzes apresenta extensas reas planas com plantao de hortalias, devido quali-dade dos solos formados sobre depsitos aluvionares das margens do rio Tiet (Figuras 3.8 e 3.9).

    As unidades DCmc e DCm tm padro de relevo variando de plano a suave ondulado, com declividade de valores entre 0 a 5 e amplitudes de 0 a 20 m, apre-sentando baixa densidade de canais de drenagem. Tais caractersticas classificam essas regies como de baixs-simo potencial de eroso hdrica laminar.

    Nas pocas de seca, os solos existentes nessas regies podem ser manejados com mquinas e imple-mentos agrcolas mecanizados e de grande porte.

    Limitaes especficasNa unidade DCa, observa-se alto potencial de

    alagamentos, inundaes e enchentes cclicas de longa durao nas reas prximas s margens de rios, riachos, crregos e lagoas.

    H maior possibilidade de assoreamento devido s prticas agrcolas inadequadas e supresso de mata ciliar que ocorre nas margens do rio do Peixe, no mu-nicpio de Dracena (Figura 3.10).

    Figura 3.8 - Regio plana, com rico solo orgnico de origem aluvionar, utilizado para plantao de hortalias.

    Figura 3.9 - Extensas reas planas em preparao para o cultivo de hortalias e frutas.

    Figura 3.10 - Assoreamento do rio do Peixe, por prticas agrcolas inadequadas.

  • GEODIVERSIDADE DO EStADO DE SO pAulO

    40

    Nas unidades DCmc e DCm, h predomnio de cobertura arenoquartzosa que se mostra bastante frivel e erosiva. Tais coberturas so excessivamente permeveis e de capacidade hdrica muito baixa, perdendo gua de forma rpida.

    Os solos so cidos, de fertilidade natural reduzida e com baixa capacidade de reter e fixar nutrientes; consequentemente, a adubao no aumenta a produ-tividade agrcola.

    Nas duas unidades, as reas localizadas prximas linha de costa podem apresentar solos com problemas de salinidade elevada.

    Recursos hdricos e fontes poluidoras

    AdequabilidadesO domnio DC apresenta bom potencial para

    aproveitamento de gua subterrnea, pela facilidade de perfurao e escavao, em investigaes de baixo custo e em menor tempo.

    Os aquferos porosos so encontrados em locais onde a posio do nvel dgua pouca profunda, com bombeamento de baixo recalque.

    Os aquferos esto situados em reas muito fa-vorveis recarga, devido proximidade de rios, riachos e lagos e grande capacidade de infiltrao, onde a porosidade e a pe